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Tese Lidia Nazaré - UFF

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econhecer o objeto a partir de sua percepção. Trata de iluminar o objeto e não reduzi-lo<br />

ao nome.<br />

A comparação do explorador é perversa, porque induz o pensamento a um<br />

determinado fim. O pensamento já não pode ser pensado. A fixidez da forma lingüística<br />

não permite outra forma de apreensão do diferente. A tendência é a generalização e,<br />

como já percebemos, a exclusão daqueles que não conseguem acessar a tão controlada e<br />

reduzida cadeia de símbolos. A razão deveria encaminhar o reconhecimento da mulher a<br />

partir da sua singularidade, a partir de sua diferença. Ela deveria ser identificada assim,<br />

mas esta impossibilidade de identificação abalaria a capacidade do pensamento racional<br />

de organizar o mundo. O diferente, o metafísico presente no mito e na religião gera<br />

insegurança e foi para acabar com esta insegurança que a Europa iluminou-se.<br />

Em nome desta segurança o mundo precisa enquadrar-se, o diferente não pode<br />

ser mantido, aceito e valorizado como tal o seu lugar é o “teatro de variedades”. Por este<br />

tipo de raciocínio conduz-se o pensamento, da forma mais conveniente e a mais objetiva<br />

possível a um determinado fim e então “sentindo necessidade imediata de ordem, e de<br />

dar nome ao que existe, apelidou-a de Pequena Flor. E, para conseguir classificá-la entre<br />

as realidades reconhecíveis, logo passou a colher dados a seu respeito (...) _ Você é<br />

Pequena Flor” (LF, p. 78), e informaria à imprensa “‘Escura como macaco’” (LF, p.77).<br />

A primeira atitude do explorador para domar a natureza, o incompreensível, o ilimitado,<br />

o excedente, o sagrado foi desmistificá-lo através da linguagem “[d]o medo o homem<br />

presume estar livre quando não há nada mais de desconhecido” (HORKHEIMER &<br />

ADORNO, 2006, p. 26), e o que para ele era grotesco, num primeiro momento, irracional,<br />

inumano, ele encobriu com a beleza aparente da linguagem representativa “Você é<br />

Pequena Flor”, a fim de patenteá-la. A linguagem aqui foi utilizada para forjar a<br />

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