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limites” (LF, p.78). Mas tal sensação não é suficiente para dissuadi-lo de sua tarefa de<br />
ordenar o mundo, a partir da linguagem classificatória dos seus elementos. Afinal, é a<br />
França que classifica, afirma Antero de Quental 78 .<br />
Após a apresentação dessas duas focalizações distintas, o narrador alega que o<br />
francês “apelidou-a” “Pequena Flor”. Todavia, quando a focalização é deixada a critério<br />
do francês, a partir do discurso direto, o que vemos é um expediente mais categórico<br />
que o simples ato de apelidar.<br />
Foi pois, assim que o explorador descobriu, toda, em pé e a seus pés, a coisa humana<br />
menor que existe. Seu coração bateu porque esmeralda nenhuma é tão rara. Nem os<br />
ensinamentos dos sábios da Índia são tão raros. Nem o homem mais rico do mundo já<br />
pôs olhos sobre tanta estranha graça. Ali estava uma mulher que a gulodice do mais fino<br />
sonho jamais pudera imaginar. Foi então que o explorador disse timidamente e com uma<br />
delicadeza de sentimentos de que sua esposa jamais o julgaria capaz:<br />
_ Você é Pequena Flor (LF, 79).<br />
Ambas as focalizações são feitas de forma subjetiva, é por meio delas que o<br />
leitor percebe e participa do sentimento humano que acomete narrador e explorador<br />
diante da singularidade da alteridade. E a forma como ambos registram tais sentimentos<br />
tem a intenção de suscitar no leitor as mesmas sensações que ambos experimentaram.<br />
As focalizações continuam distintas. Um comentando, outro designando. A do narrador<br />
é expressiva, explora os sons sibilantes de certos fonemas que nos remetem aos sons<br />
animais. Noto que a própria expressão “sons animais”, utilizada pelo narrador, para<br />
indicar uma das linguagens dos “likoualas”, já significa, por similaridade, o “silvo” das<br />
serpentes. Essa expressividade alude também à singularidade da mulher. Todos os<br />
signos utilizados evocam o seu lugar original. Ele procura situá-la historicamente,<br />
identificá-la.<br />
A cena em que ela apareceu inicialmente é descrita assim: “entre mosquitos e<br />
árvores mornas de umidade, entre as folhas ricas do verde mais preguiçoso” (LF, p.77).<br />
78 Cf. Cap.III<br />
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