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Os travessões que estabelecem os limites, dentro do quais, encontram-se as<br />
caixas, podem ser entendidos como o texto representativo, a escrita fora de si, que vem<br />
sendo questionado, mas que será também o suporte do questionamento. As caixas que<br />
vão perdendo seus limites, até se converterem num ponto mínimo de quarenta e cinco<br />
centímetros, podem ser entendidas como a mímesis da produção, que, articulada à outra,<br />
escrita em si, provocará reação no leitor. Revelar limitações, “reatualizar” sentidos da<br />
verdade, da identidade ocultada pela beleza aparente da mímesis da representação,<br />
provocar reações. Eis o que faculta, o que “tematiza” este análogo, esta exemplificação<br />
do mundo, que é a mímesis da produção de Clarice Lispector.<br />
O narrador/focalizador conduz o olhar do leitor até a cena onde se passa o<br />
encontro de “Marcel Pretre” com a mulher africana e comenta/narra Marcel Pretre<br />
“defrontou-se com uma mulher de quarenta e cinco centímetros, madura, negra, calada.<br />
‘Escura como macaco’, informaria ele à imprensa e que vivia no topo de uma árvore<br />
com seu pequeno concumbino” (LF, p.77).<br />
Aqui ambos focalizam o ser a partir do primeiro contato. Buscam a objetividade.<br />
Desejam identificá-la. Observo que ambas as focalizações são distintas, de forma que o<br />
leitor tem duas idéias sobre a mulher. O narrador focaliza-a de forma natural, direta,<br />
neste caso ele preserva sua natureza. “Marcel Pretre” estabelece a comparação imediata<br />
entre ela e o macaco. O que é mulher para o primeiro é macaco para o segundo. Sua<br />
focalização é a do pensamento esclarecido que “só reconhece como ser e acontecer o<br />
que se deixa captar pela unidade. Seu ideal é o sistema do qual se pode deduzir toda<br />
coisa” (HORKHEIMER & ADORNO, 2006, p.136). Por isso, enquanto “explorador”,<br />
acredita que o “real-mente” 77 . Diante dele estava “a coisa humana menor que existe”,<br />
“na certa, apenas por não ser louco, é que sua alma não desvairou nem perdeu os<br />
77 Cf. Cap.IV<br />
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