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Tese Lidia Nazaré - UFF

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fato, foi na tentativa de acessar algum sentido para a linguagem gestual da mulher e da<br />

fala des-articulada do macaco africano que me detive no detalhe do esvaziamento do<br />

sentido da palavra instrumental e reconheci nela a palavra adâmica de ambos os<br />

escritores. Neste aspecto da engenharia textual foi o texto de Clarice Lispector que<br />

iluminou e de Franz Kafka.<br />

Assim a relação existente entre os textos de Clarice Lispector e Franz Kafka com<br />

o título/tema deste estudo é o fato de que, em ambos os contos, os nomes atribuídos às<br />

duas personagens principais foram utilizados de forma que as converteram na<br />

alteridade.<br />

O texto crítico de Silviano Santiago também iluminou o tema do conto de<br />

Clarice Lispector. Isso porque no referido texto, o crítico desenvolve um estudo sobre o<br />

modo como os códigos religioso e lingüístico foram impostos aos índios brasileiros<br />

pelos colonizadores e pelos jesuítas. No início houve resistência, que a História oficial<br />

calou.<br />

Por isso observo que o conto de Clarice Lispector pode ser entendido como uma<br />

alegoria do processo de colonização dos nossos índios. Isso de acordo com a leitura que<br />

Silviano Santiago faz deste processo no referido texto. Quero dedicar um espaço maior<br />

para este texto de Silviano Santiago, a fim de explicar sua relação com o título/tema e<br />

com os contos que venho abordando.<br />

2. A arte de colonizar<br />

No artigo em questão Silviano Santiago afirma que a imposição dos códigos<br />

lingüístico e religioso aos índios brasileiros, foi mediada pela arte teatral. Inicialmente<br />

os diálogos eram traduzidos do Português para o tupi-guarani e as cenas eram montadas<br />

a fim de tocar o emocional. O quadro vivo do martírio de São Sebastião, com o corpo<br />

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