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Tese Lidia Nazaré - UFF

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Em seus estudos sobre o nome próprio proustiano Roland Barthes (2004a) faz<br />

considerações que utilizo aqui. Para ele o nome em Marcel Proust,<br />

e realmente catalisável; 70 pode-se preenchê-lo, dilatá-lo, tapar os interstícios de seu<br />

arcabouço sêmico com uma infinidade de acréscimos. Essa dilatação sêmica de um<br />

nome próprio pode ser definida de outro jeito: cada nome contém várias ‘cenas`<br />

surgidas inicialmente de maneira descontínua, errática, mas que só pedem para se<br />

federar e para formar assim uma pequena narrativa, pois contar nunca é mais do que<br />

interligar, por processo metonímico, um número reduzido de unidade plenas. Balbec<br />

(nome a que se refere a obra de Marcel Proust) encerra assim não apenas várias cenas,<br />

mas também o movimento que pode juntá-las em um mesmo sintagma narrativo<br />

(BARTHES, 2004a, p.151).<br />

É possível dizer que todo o conto saiu desses nomes assim como a Busca de<br />

Proust. Mas é preciso entender ainda que a ambigüidade deste nome “Pretre” que<br />

lembra pétreo é muito bem trabalhada. Ora é valorizada pela marca primeira que<br />

identifica, ora é renegada por este mesmo motivo que aponta a dedo para a ciência. De<br />

forma que podemos afirmar que diluir o nome – referente inicial - no texto e terminar o<br />

texto com o nome próprio “Marcel Pretre” pode ser interpretado, à luz do que observei.<br />

Como:<br />

1. Negação de lugares culturais prontos. O narrador que é também um focalizador<br />

julga “Marcel Pretre” a partir de sua ação e não a partir de seu nome – título. Esta ação é<br />

propagada ao longo do conto a partir da repetição e vai domesticando o pensamento do<br />

leitor. Negar este lugar demarcado na linguagem para o nome – título - e, mais que isso,<br />

profanar este lugar com um substantivo derivado de um adjetivo, ou seja um substantivo<br />

que já foi alterado, de “segunda mão”, é uma forma de desestabilizar lugares culturais<br />

prontos, como afirma Lúcia Helena (2006) sobre os textos de Clarice Lispector, forjados<br />

pelo poder de representação da linguagem.<br />

70 Grifo do autor.<br />

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