13.04.2013 Views

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Mas por que esta rasura? Continuará este verbo nesta condição inerte ou o seu<br />

sentido migrará para outra palavra que o narrador acha mais exata para nomear a ação<br />

dele?<br />

Como já disse este verbo “descobriu” está intimamente relacionado com uma<br />

ação questionável praticada por “Marcel Pretre” a que o narrador já teve acesso. Trata-<br />

se da manipulação da identidade de uma mulher a que ele se arrogou o direito de<br />

nomear pelo fato de se considerar o seu descobridor. Se o referido verbo continuar<br />

naquela condição de sopro, a ação de “Marcel Pretre” está sendo recusada e o verbo<br />

“descobriu”, no seu esvaziamento, significa a recusa do texto ao ato de escrever a fim<br />

de “ser salvo do risco de ser sempre recuperado” (BARTHES, 2006, p.32), já que a<br />

construção da alteridade acontece por quem ocupa o lugar de descobridor na História.<br />

De fato, é nos compêndios de História que este verbo acomoda-se com mais segurança.<br />

Recusá-lo, significa também, por um processo metonímico, recusar o discurso da<br />

História que o ampara ou ainda o discurso do “Pai”.<br />

Se isso ocorrer precisamos compreender que o advérbio realmente, de<br />

“descobriu realmente” além de asseverar o que foi dito anteriormente, como analisamos,<br />

deve ainda atravessar deste seu caráter instrumental para outro literal. Assim devemos<br />

entender que “Marcel Pretre” não “descobriu” que o “real-mente”.<br />

Posteriormente contará o narrador que “Marcel Pretre” “defrontou-se com uma<br />

mulher de quarenta e cinco centímetros” (LF, p.77) e, noutro ponto “foi, pois, assim que<br />

o explorador descobriu, toda, em pé e a seus pés, a coisa humana menor que existe”<br />

(LF, p.79). O verbo “descobriu” nesta cena aparece com aquele sentido<br />

institucionalizado a que me referi, acima. Esta cena que sucede a anterior na forma<br />

textual já era do conhecimento do narrador antes daquele “descobriu realmente”.<br />

143

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!