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Este nome próprio entra no rol dos nomes adâmicos buscado por Walter<br />
Benjamin, o nome que conserva ainda o frescor da identidade primeira, que liga o ser à<br />
sua origem, à sua história. Nome próprio que não pode ser manipulado por conter uma<br />
marca específica que dá pertencimento ao homem. Nome pétreo, como sugere os<br />
fonemas do nome “Pretre”, neste trabalho de “motivação fonética” (BARTHES, 2004a,<br />
p. 197) em que Clarice Lispector procura “copiar” 64 no nome da personagem aquilo que<br />
a personagem é.<br />
Mas ele é bem mais que isso, é também um “caçador”, “explorador”, “homem<br />
do mundo” o que somado ao pétreo aponta para um homem da ciência, para um “ser<br />
informado”, que faz circular uma descoberta que ele fez na mídia. Neste caso “Pretre”<br />
faz alusão a esses dois personagens que estiveram presentes no processo de colonização<br />
do Brasil: o jesuíta e o colonizador.<br />
Desta forma precisamos compreender que “[t]ambém o nome próprio é um<br />
signo, e não, bem entendido, um simples índice que designaria sem significar, como<br />
quer a concepção corrente de Peirce a Russel” (BARTHES, 2004a, p.148). Se fosse um<br />
índice designativo ele poderia sofrer alterações devido à arbitrariedade que o ligaria ao<br />
ser nomeado, contudo, resguardando em si o nome de família que o liga à sua origem,<br />
esta alteração não acontece. Conforme Adorno e Horkheimer (2006)<br />
64 Grifo de Barthes.<br />
os prenomes, que são resíduos arcaicos, foram modernizados; ou bem mediante<br />
uma estilização que os transformou em marcas publicitárias – para os astros de<br />
cinema, os sobrenomes também são prenomes - , ou bem mediante uma<br />
padronização coletiva. Em compensação, parece antiquado o nome burguês, o<br />
nome de família, que, ao contrário das marcas comerciais, individualiza o<br />
portador relacionando-o à sua própria história (ADORNO & HORKHEIMER,<br />
2006, p. 136).<br />
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