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Tese Lidia Nazaré - UFF

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Posteriormente, observei que Pretre vem do francês e significa padre. 61 O que<br />

me fez pensar nos Jesuítas do Brasil. E padre vem do Latim e significa pater “pai”. O<br />

que me fez pensar no colonizador, que nos trouxe a língua portuguesa, como um meio, a<br />

partir do qual, a palavra redentora do “Pai” seria conhecida pelos indígenas. Então<br />

língua e religião estiveram lado a lado no processo de colonização do Brasil. Esses<br />

códigos substituíram os do autóctone, marginalizando-os. O elemento estranho que<br />

atraiu meu olhar está no âmbito da língua. Neste caso sua presença ali coloca toda a<br />

língua do pai sob ameaça.<br />

Nas escrituras sagradas, Simão, um galileu, recebeu de Jesus, o nome “pedra”<br />

em virtude de sua fé inabalável. Esta fé foi o reconhecimento de Jesus como o filho de<br />

Deus, ou seja, como “Pedra angular”. “Sobre esta “pedra” da fé – de Simão - foi<br />

alicerçada a Igreja de Jesus. Simão, pescador de peixes, tornou-se pescador de homens e<br />

a “pedra” da Igreja de Jesus. Diante destes aspectos, quero ligar o nome “Pretre” de<br />

“Marcel Pretre” a “padre”, a “pai” e, principalmente a “pétreo” 62 . Como é ele que<br />

nomeia, classifica, este “pai” faz alusão ao colonizador europeu, que se arroga o papel<br />

de cientista. Assim, ora o texto faz alusão ao jesuíta, ora ao colonizador. O título social<br />

com o qual ele é identificado “espírito científico”, explica melhor.<br />

61 Prêtre vem do francês e significa padre. Contudo em “Pretre” de “Marcell Pretre” não há o acento<br />

gráfico. Isso poderia me fazer desmanchar a relação que estabeleci. Mas ela tem razão de ser porque o<br />

som de “Prêtre” quando lido em Português dispensa o acento, já que este som deve ser pronunciado com a<br />

primeria vogal aberta (prétre). Na língua portuguesa este acento não é necessário.<br />

62 Entre a crença e a descrença, Jesus Cristo entrou para a História da Igreja Católica como o filho de<br />

Deus. Ele trouxe para um povo subjugado pela cultura romana a palavra redentora. Esta palavra prometia<br />

a liberdade deste povo, porque era capaz de revelar-lhes a verdade. “Conhecereis a verdade e ela vos<br />

libertará”. Essa verdade era divulgada a partir de suas parábolas. Uma forma de comunicação muito<br />

parecida com as alegorias, porque em seu corpus, os sentidos migram de tal forma que diferentes esferas<br />

do real são iluminadas por elas. O pensamento é beneficiado pelo uso deste tipo de discurso, que, como se<br />

vê, não reivindica o poder de representar. A verdade brota da reflexão que esta palavra viabiliza. Desta<br />

reflexão esvai-se o medo. “Do medo o homem está livre quando é capaz de refletir”. Quem conhece a<br />

palavra de Deus tem consciência disso. Inibir a faculdade de pensar é negar ao homem o acesso à verdade<br />

libertadora, para mantê-lo subjugado a fim de dominá-lo. Na sociedade capitalista o dinheiro foi<br />

transformado em fonte de identidade. É pelo “ter” que o homem passa a “ser” e é o “ter” que faz dejeto<br />

do ser. Todos padecem do mesmo dilema, mas uns padecem bem mais. A palavra conotada e<br />

estereotipada, contrária à palavra alegórica das parábolas, é a “estrela” deste sistema. É ela que impede a<br />

ação do pensamento.<br />

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