13.04.2013 Views

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

Tese Lidia Nazaré - UFF

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

onisciente neutro e comenta ao modo do narrador onisciente intruso. Vê-se então que<br />

narrar é diferente de comentar. “‘Narrar, ensinar, até descrever`, dá-nos as coisas na<br />

própria presença dela, ‘representa-as`” (BLANCHOT, 1987, p. 32).<br />

Neste caso a linguagem conserva a sua marca designativa, o seu caráter<br />

autoritário, representativo que embora não represente nada, dá-nos a ilusão que pode<br />

fazê-lo. No segundo caso, esse poder se esvai porque a linguagem assume a sua<br />

limitação, adquirindo um tom que aceita o comentário e se alguma autoridade lhe é<br />

conferida é porque o leitor assim o deseja e não porque ela o reivindica. O comentário<br />

está mais próximo do ponto de vista e elucida sobre o matiz ideológico e/ou contra-<br />

ideológico no texto. Gostaria de aproximá-lo da “fala essencial” de Blanchot (1987),<br />

fala esta que “é sempre alusiva, sugestiva, evocativa” (BLANCHOT, 1987, p. 32),<br />

muito parecida com o pensamento. Este, afirma o crítico,<br />

é fala pura. Tem que se reconhecer nele a língua suprema, aquela cuja extrema<br />

variedade de línguas apenas nos permite reavaliar a deficiência: ‘Sendo pensar escrever<br />

sem acessórios, nem murmúrios, mas a fala imortal ainda tácita, a diversidade, na terra<br />

dos idiomas impede que se profiram palavras que, caso contrário, graças a uma única<br />

matriz, seriam a própria concretização material da verdade` (BLANCHOT, 1987, p. 32).<br />

No conto em questão, o narrador ocupa esses dois posicionamentos, ou seja<br />

conta uma informação que leu no jornal, do modo como ela se deu e, ao longo deste<br />

contar, vai emitindo juízo de valor sobre o fato referido de modo muito sutil. Ele opta<br />

pelo comentário. Assim o narrador apresenta a personagem da seguinte maneira: “o<br />

explorador francês Marcel Pretre, caçador e homem do mundo”, em que os nomes<br />

“explorador”, “caçador e homem do mundo” deixa ver o juízo de valor que ele faz do<br />

“francês Marcel Pretre” justificado ao longo da narrativa.<br />

122

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!