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A partir do século XVII, todo o domínio do<br />
signo se distribui entre o certo e o provável;<br />
quer dizer que já não poderia haver sinais<br />
desconhecidos, nem marcas mudas. Não<br />
que os homens estejam de posse de todos os<br />
signos possíveis. Mas é que o signo só<br />
surge a partir do momento em que é<br />
conhecida a possibilidade de uma relação<br />
de substituição entre dois elementos já<br />
conhecidos. O signo não espera<br />
silenciosamente a vinda daquele que pode<br />
reconhecê-lo, nunca se constitui senão por<br />
um ato de conhecimento.<br />
Michel Foucault. 43<br />
A natureza é, em si mesma, um tecido<br />
ininterrupto de palavras e de marcas, de<br />
narrativas e de caracteres, de discursos e de<br />
formas. Quando se tem de fazer a história<br />
de um animal, inútil e impossível é escolher<br />
entre o ofício de naturalista e o de<br />
compilador: o que é preciso é recolher,<br />
numa única e mesma forma do saber; tudo o<br />
que foi visto e ouvido, tudo o que foi<br />
contado pela natureza ou pelos homens,<br />
pela linguagem do mundo, das tradições ou<br />
dos poetas.<br />
Michel Foucault 44<br />
1. O “teatro de variedades” da palavra racionalizada<br />
43 As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas, 1966, p.87.<br />
44 As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas, 1966, p.63-4.