AULA 0 – A ELASTICIDADE E SUAS APLICAÇÕES Muitos de vocês ...
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CURSOS ON-LINE <strong>–</strong> ECONOMIA I <strong>–</strong> PROFESSOR MOZART FOSCHETE<br />
Bom dia,<br />
<strong>AULA</strong> 0 <strong>–</strong> A <strong>ELASTICIDADE</strong> E <strong>SUAS</strong> <strong>APLICAÇÕES</strong><br />
<strong>Muitos</strong> <strong>de</strong> <strong>vocês</strong>, pelo Brasil afora, que há pouco iniciaram sua<br />
preparação para concursos, certamente não conhecem Mozart<br />
Foschete. Por isso, vou lhes dar algumas informações úteis a<br />
meu respeito: Fiz mestrado em Economia na Inglaterra e, ao<br />
chegar <strong>de</strong> lá, no início dos anos 80, além <strong>de</strong> trabalhar como<br />
economista do IPEA-Brasília, fui professor do Departamento<br />
<strong>de</strong> Economia da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília por 14 anos. Nos<br />
anos 90, larguei a UnB e passei a ministrar aulas <strong>de</strong> Economia<br />
em cursos preparatórios, em Brasília, preparando candidatos<br />
para o concurso <strong>de</strong> Analista do Banco Central e especialmente<br />
para os candidatos ao cargo <strong>de</strong> Auditor da Receita Fe<strong>de</strong>ral,<br />
pois até o ano <strong>de</strong> 1994 o concurso era unificado e Economia<br />
era cobrada <strong>de</strong> todos os candidatos. Sem querer me gabar<br />
muito, eu era, nos anos 90, o professor <strong>de</strong> Economia mais<br />
conhecido e o mais procurado para lecionar esta matéria. Os<br />
convites para lecionar Economia partiam <strong>de</strong> todos os pontos:<br />
lecionei cursos intensivos <strong>de</strong> Economia no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul,<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro, no Espírito Santo, no Amazonas, na<br />
Paraíba, em Goiás e outros mais. Evi<strong>de</strong>ntemente, e por mais<br />
que me esforçasse, eu não conseguia aten<strong>de</strong>r toda esta<br />
<strong>de</strong>manda. Para ajudar meus alunos e os candidatos em geral<br />
a enten<strong>de</strong>r esta matéria aparentemente complicada, publiquei<br />
vários livros <strong>de</strong> Economia (Manual <strong>de</strong> Economia,<br />
Macroeconomia, Relações Econômicas Internacionais, e<br />
outros).<br />
No final dos anos 90, no entanto, com a Economia sendo<br />
retirada <strong>de</strong> muitos concursos públicos <strong>de</strong> nível superior,<br />
resolvi dar uma “parada” em minhas aulas <strong>de</strong> “cursinhos”.<br />
Além <strong>de</strong> me <strong>de</strong>dicar a outros projetos profissionais e pessoais,<br />
voltei a lecionar Economia em uma Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> minha terra<br />
natal, em Minas.<br />
Agora, no entanto, como me parece certo que o próximo<br />
concurso <strong>de</strong> Auditor será novamente unificado, há gran<strong>de</strong><br />
expectativa <strong>de</strong> que a Economia seja disciplina obrigatória para<br />
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todos os candidatos, e para todas as áreas, com peso<br />
significativo, tal como era antes. E se isso se confirmar, como<br />
acredito, muitos candidatos terão que <strong>de</strong>dicar bom tempo <strong>de</strong><br />
sua preparação a essa disciplina, principalmente aqueles que<br />
nunca a estudaram, pois os programas da Esaf sempre<br />
exigem tópicos complexos da teoria econômica, acreditem,<br />
em nível <strong>de</strong> mestrado ou até mesmo <strong>de</strong> doutorado (quem já<br />
fez concurso do Banco Central sabe disso).<br />
Em meio a essa expectativa, surgiu o convite do Vicente, meu<br />
ex-aluno no ano <strong>de</strong> 1996, quando se preparava para o antigo<br />
AFTN, para a agente realizar esse projeto aqui no site.<br />
Achei ótima a idéia <strong>de</strong>le e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então me pus a trabalhar<br />
nesse projeto. Embora não tenhamos ainda em mãos o<br />
programa que será exigido pela Esaf para o concurso do<br />
AFRF, a gente que é do ramo tem uma expectativa razoável<br />
do que po<strong>de</strong> vir a ser exigido <strong>de</strong> Economia naquele concurso,<br />
pois não há muito como fugir dos programas exigidos em<br />
outros concursos semelhantes. Assim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> muito pensar<br />
a respeito, <strong>de</strong>cidimos oferecer dois cursos distintos: Economia<br />
I e Economia II.<br />
O Curso <strong>de</strong> ECONOMIA I será oferecido nos próximos dias,<br />
antes da publicação do edital <strong>de</strong> Auditor da Receita Fe<strong>de</strong>ral.<br />
Nele, tratarei <strong>de</strong>s<strong>de</strong> tópicos introdutórios da disciplina (para<br />
habilitar aqueles não iniciados em Economia a enten<strong>de</strong>r o<br />
resto do curso) até tópicos intermediários e mais avançados<br />
<strong>de</strong> macroeconomia <strong>–</strong> que é, ao que supomos, a matéria em<br />
que o programa <strong>de</strong>verá se assentar. Assim, por exemplo,<br />
além daqueles tópicos introdutórios, estudaremos os<br />
conceitos básicos da contabilida<strong>de</strong> nacional, o mo<strong>de</strong>lo teórico<br />
clássico e o mo<strong>de</strong>lo keynesiano <strong>–</strong> que, por sinal, sempre tem<br />
sido objeto <strong>de</strong> questões <strong>de</strong> provas <strong>–</strong> o sistema financeiro<br />
nacional, o balanço <strong>de</strong> pagamentos e o sistema cambial, o<br />
chamado sistema IS-LM e a atuação das políticas monetária e<br />
fiscal.<br />
Todos esses se constituem em tópicos indispensáveis para a<br />
realização <strong>de</strong> qualquer concurso que envolva a<br />
macroeconomia. Certamente o curso <strong>de</strong> ECONOMIA I não<br />
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cobrirá todo o programa <strong>de</strong> Auditor da Receita, mas, qualquer<br />
que seja o conteúdo que venha a ser cobrado pela Esaf, os<br />
pontos estudados certamente estarão contemplados nesse<br />
programa. E, a<strong>de</strong>mais, ainda que supostamente o edital não<br />
cubra todos os tópicos estudados, serão eles indispensáveis<br />
para a compreensão dos tópicos mais avançados do edital.<br />
Não se estuda o efeito combinado das políticas monetáriafiscal-cambial<br />
sobre a economia <strong>de</strong> um país <strong>–</strong> um tópico dito<br />
mais avançado <strong>–</strong> sem que se tenha, por exemplo, o<br />
conhecimento do que seja elasticida<strong>de</strong> <strong>–</strong> conceito este que já<br />
é objeto <strong>de</strong> nossa primeira aula, dita <strong>de</strong>monstrativa. Também<br />
não se po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r tópicos como “mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> escolha<br />
intertemporal” e “restrições orçamentárias”, sem ter<br />
conhecimento <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> nacional e <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los<br />
keynesianos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação da renda.<br />
O Curso <strong>de</strong> ECONOMIA II será oferecido assim que tivermos<br />
conhecimento do programa do concurso ou assim que for<br />
publicado o edital da Esaf. O nosso Curso <strong>de</strong> Economia II,<br />
então, será um complemento <strong>de</strong> nosso curso <strong>de</strong> Economia I,<br />
cobrindo todos os pontos faltantes cobrados no edital <strong>de</strong><br />
Auditor da Receita Fe<strong>de</strong>ral.<br />
É importante salientar que o curso <strong>de</strong> ECONOMIA I é<br />
imprescindível para qualquer concurso que cobre a disciplina<br />
Economia. Já o curso <strong>de</strong> ECONOMIA II será voltado<br />
especificamente para o concurso <strong>de</strong> Auditor da Receita<br />
Fe<strong>de</strong>ral, on<strong>de</strong>, com dissemos, complementaremos os pontos<br />
faltantes do curso <strong>de</strong> ECONOMIA I.<br />
Sejam, então, bem-vindos ao estudo da Economia! Procurarei<br />
tratar dos diferentes pontos da maneira mais didática<br />
possível, como eu sempre fiz em sala <strong>de</strong> aula, enriquecidos<br />
com exemplos do nosso dia-a-dia. Todo mundo vive a<br />
economia no seu cotidiano, seja na compra <strong>de</strong> um carro, na<br />
realização <strong>de</strong> um investimento em moeda estrangeira, ou na<br />
compra do arroz-feijão-tomate para o almoço do dia. A sua<br />
empregada doméstica pratica economia quando substitui a<br />
carne <strong>de</strong> vaca ou <strong>de</strong> porco pelo peixe, em virtu<strong>de</strong> da alta<br />
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abusiva do preço da carne. Ou o morango pelo caqui, no<br />
período da entressafra. É isso que vamos estudar.<br />
Dito isso, passemos à nossa primeira aula <strong>de</strong> Economia I.<br />
Neste nosso primeiro encontro vamos tratar <strong>de</strong> um dos temas<br />
mais importantes da teoria econômica e que se aplica a qualquer<br />
assunto econômico: a elasticida<strong>de</strong>. Embora seja um conceito<br />
comumente usado no estudo das variações que ocorrem na <strong>de</strong>manda<br />
<strong>de</strong> um produto quando seu preço varia, ela aparece também no estudo<br />
os efeitos da taxa <strong>de</strong> câmbio sobre as exportações e importações <strong>de</strong> um<br />
país, no efeito da taxa <strong>de</strong> juros sobre o nível da poupança e do<br />
investimento, enfim em praticamente todos os temas econômicos.<br />
Mas, o que vem a ser elasticida<strong>de</strong>? Qual a sua aplicação e<br />
utilida<strong>de</strong>?<br />
1. O conceito <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong><br />
Na teoria econômica, o termo elasticida<strong>de</strong> significa sensibilida<strong>de</strong>. Na<br />
realida<strong>de</strong>, a elasticida<strong>de</strong> mostra quão sensíveis são os consumidores <strong>de</strong><br />
um produto X (ou seus produtores), quando o seu preço sofre uma<br />
variação para mais ou para menos. Em outras palavras, a elasticida<strong>de</strong><br />
serve para medir a reação <strong>–</strong> gran<strong>de</strong> ou pequena <strong>–</strong> <strong>de</strong>sses consumidores<br />
(ou <strong>de</strong> seus produtores) diante <strong>de</strong> uma variação do preço do produto X.<br />
Neste caso, teríamos a chamada elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda (ou, no<br />
caso dos produtores, a elasticida<strong>de</strong>-preço da oferta) por este produto. O<br />
mesmo raciocínio po<strong>de</strong>ria ser aplicado em relação a uma variação na<br />
renda real dos consumidores. Neste caso, estaríamos medindo o quanto<br />
a <strong>de</strong>manda pelo bem X é sensível a uma variação na renda dos<br />
consumidores <strong>–</strong> e teríamos, então, a chamada elasticida<strong>de</strong>-renda. Mas,<br />
não vamos misturar as coisas: Vamos, primeiro, nos fixar no conceito <strong>de</strong><br />
elasticida<strong>de</strong>-preço. Depois analisaremos a questão da elasticida<strong>de</strong>renda.<br />
2. A elasticida<strong>de</strong>-preço (Ep) da <strong>de</strong>manda<br />
É fácil constatar que as pessoas reagem com intensida<strong>de</strong> diferente<br />
diante <strong>de</strong> variações dos preços dos diferentes produtos. Se o sal sobe <strong>de</strong><br />
preço, as pessoas não vão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> comprá-lo por causa disso e,<br />
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provavelmente, nem vão reduzir a quantida<strong>de</strong> que costumam comprar<br />
<strong>de</strong>sse produto <strong>–</strong> já que o sal é essencial para elas. Também e por razões<br />
diferentes, as pessoas não <strong>de</strong>vem reagir muito a um aumento no preço<br />
<strong>de</strong> uma bala e, aqui, isso se explicaria pelo fato <strong>de</strong> que o preço da bala<br />
é muito baixo e não afeta o bolso do consumidor. Sabe-se, também,<br />
que as pessoas não reagem muito a um aumento do preço da gasolina <strong>–</strong><br />
e, neste caso, isso se <strong>de</strong>ve provavelmente ao fato <strong>de</strong> que a gasolina,<br />
sendo essencial para quem tem carro, não tem um substituto e o jeito é<br />
arcar com este aumento. De outra parte, porém, se produtos como<br />
automóveis, ou passagens aéreas e outros, subirem <strong>de</strong> preço, é<br />
bastante provável que sua <strong>de</strong>manda se reduza significativamente.<br />
Com esses exemplos, po<strong>de</strong>mos ver que a reação das pessoas a uma<br />
variação do preço <strong>de</strong> um produto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito do tipo <strong>de</strong> produto. Em<br />
alguns casos, a reação po<strong>de</strong> ser muito gran<strong>de</strong>, em outros pequena e em<br />
uns poucos casos nem reação há. E note-se que é importante <strong>–</strong> para os<br />
produtores/ven<strong>de</strong>dores, principalmente <strong>–</strong> saber se o consumidor do<br />
produto X reage muito ou pouco a um variação <strong>–</strong> aumento ou redução <strong>–</strong><br />
do seu preço, pois isso vai ajudar o produtor a estabelecer um preço<br />
“ótimo” para seu produto <strong>–</strong> ou seja, um preço on<strong>de</strong> sua receita po<strong>de</strong> ser<br />
máxima. E para conhecer a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda pelo produto<br />
X é preciso calculá-la. E é o que vamos fazer a seguir.<br />
3. Calculando a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda<br />
Suponha-se o seguinte comportamento da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> dois bens X e Y:<br />
Demanda <strong>de</strong> X Demanda <strong>de</strong> Y<br />
Px Qdx Py Qdy<br />
1º instante 10 100 20 80<br />
2º instante 12 60 24 76<br />
Note-se que, entre o primeiro e o segundo instante, o preço <strong>de</strong><br />
ambos os produtos subiu 20%. No entanto, é fácil verificar que a reação<br />
do consumidor <strong>–</strong> medida pelas quantida<strong>de</strong>s adquiridas (Qd) - foi<br />
bastante diferente nos dois casos. Enquanto no caso do produto X, a<br />
<strong>de</strong>manda se reduziu 40% (caindo <strong>de</strong> 100 para 60), no caso do produto Y<br />
a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada só se reduziu 5% (caindo apenas 4 unida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 80).<br />
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Diante <strong>de</strong>sse exemplo, po<strong>de</strong>-se concluir que a <strong>de</strong>manda do<br />
consumidor pelo produto X é mais sensível a uma variação do preço do<br />
que a do produto Y. Esta sensibilida<strong>de</strong> <strong>–</strong> maior ou menor <strong>–</strong> po<strong>de</strong> ser<br />
medida pelo chamado<br />
coeficiente <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda (Ep) - que me<strong>de</strong> a<br />
variação percentual na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> um produto em<br />
conseqüência <strong>de</strong> uma variação percentual em seu preço.<br />
Veja que se trata <strong>de</strong> variações percentuais na quantida<strong>de</strong> e no preço e<br />
não variações absolutas. Isso porque variações absolutas não nos dizem<br />
nada. Um aumento <strong>de</strong> R$ 100,00 (isto é, uma variação absoluta) no<br />
preço <strong>de</strong> um carro não significa quase nada, ao passo que uma variação<br />
<strong>de</strong> R$ 10,00 no preço do quilo <strong>de</strong> feijão po<strong>de</strong>rá até <strong>de</strong>rrubar o Ministro<br />
da Agricultura.<br />
Matematicamente, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é <strong>de</strong>finida pela<br />
fórmula:<br />
Ep =<br />
Variação percentual na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada<br />
Variação percentual no preço<br />
O numerador <strong>de</strong>sta fração <strong>–</strong> ou seja, a variação percentual na<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada, é dada por:<br />
e o <strong>de</strong>nominador <strong>–</strong> isto é, a variação percentual no preço, é dada por:<br />
Assim, temos:<br />
ΔQ<br />
, on<strong>de</strong>ΔQ<br />
= Q2<br />
− Q<br />
Q<br />
ΔP<br />
, on<strong>de</strong>ΔP<br />
= P2<br />
− P1<br />
P<br />
ΔQ<br />
Δ%<br />
Q Q<br />
Ep = =<br />
Δ%<br />
P ΔP<br />
P<br />
No exemplo numérico acima, nós teríamos no caso do bem X:<br />
40%<br />
Epx = = 2<br />
20%<br />
E, no caso do bem Y:<br />
1<br />
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5%<br />
Epy =<br />
20%<br />
= 0,25 1<br />
Uma questão que se coloca é a seguinte: para o cálculo da elasticida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>ve-se tomar o preço (P) e a quantida<strong>de</strong> (Q) originais ou o novo preço<br />
e a nova quantida<strong>de</strong>? Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da convenção.<br />
Suponha um produto com uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda como ilustrado na<br />
Figura 1. No ponto A, temos que, ao preço (P) <strong>de</strong> R$ 10,00 a unida<strong>de</strong>, a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada (Q) é <strong>de</strong> 100 unida<strong>de</strong>s; no ponto B, ao preço <strong>de</strong><br />
R$ 6,00, a Q é <strong>de</strong> 180 unida<strong>de</strong>s.<br />
Figura 1<br />
Agora, suponha que o preço caia <strong>de</strong> R$ 10,00 (preço inicial) para R$<br />
6,00 (novo preço) e, em conseqüência, a Qd aumente <strong>de</strong> 100 unida<strong>de</strong>s<br />
(inicial) para 180 (nova quantida<strong>de</strong>).<br />
Como calcular a elasticida<strong>de</strong> no arco AB?<br />
A solução no caso é tomarmos a quantida<strong>de</strong> média (ou,<br />
preço médio (ou,<br />
10 + 6<br />
), e teríamos:<br />
2<br />
100 + 180<br />
2<br />
) e o<br />
1 Note-se que, na realida<strong>de</strong>, o valor encontrado seria um número negativo, já que as variações da <strong>de</strong>manda<br />
(40% e 5%) são negativas. Mas, para efeito <strong>de</strong> interpretação da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda, o que importa<br />
é o valor absoluto <strong>de</strong>sta.<br />
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E<br />
p<br />
ΔQ<br />
80<br />
Qm ( é dio)<br />
= =<br />
140 80 8 640 (2)<br />
= × = = 114 ,<br />
ΔP<br />
4 140 4 560<br />
Pm ( é dio)<br />
8<br />
Alternativamente, ao invés <strong>de</strong> tomarmos o P e o Q médios, nós<br />
po<strong>de</strong>ríamos usar o P e Q originais (mas aí estaríamos medindo a<br />
elasticida<strong>de</strong> no ponto A), ou então, po<strong>de</strong>ríamos usar o P e o Q novos<br />
(mas aí estaríamos medindo a elasticida<strong>de</strong> no ponto B).<br />
A elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda no ponto A será, então:<br />
E p<br />
ΔQ<br />
80<br />
=<br />
Q<br />
ΔP<br />
100 80 10 800<br />
= = × =<br />
4 100 4 400<br />
P 10<br />
0 =<br />
0<br />
2,<br />
0<br />
e a elasticida<strong>de</strong>-preço no ponto B será:<br />
ΔQ<br />
80<br />
Q1<br />
Ep<br />
= =<br />
180 80 6 480<br />
= x = =<br />
ΔP<br />
4 180 4 720<br />
P1<br />
6<br />
067 ,<br />
Por convenção, utiliza-se mais comumente a primeira fórmula, isto é,<br />
tomam-se a quantida<strong>de</strong> e o preço médios, quando se tratar do cálculo<br />
da elasticida<strong>de</strong>-preço no arco A-B (isto é, no intervalo entre os pontos A<br />
e B).<br />
4. Classificação da elasticida<strong>de</strong> e receita total<br />
Como dissemos no início, o conceito <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> tem muitas<br />
aplicações úteis. Conhecendo-se a elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um produto, po<strong>de</strong>mos<br />
saber se a receita total (P x Q) irá ou não aumentar diante <strong>de</strong> uma<br />
queda ou <strong>de</strong> um aumento nos preços. Tudo vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da intensida<strong>de</strong><br />
da reação dos consumidores diante <strong>de</strong> variações nos preços.<br />
Há três situações possíveis:<br />
1ª - A variação percentual na quantida<strong>de</strong> é maior que a variação<br />
percentual no preço, ou seja, na fórmula da elasticida<strong>de</strong>, o numerador é<br />
(1) Na realida<strong>de</strong>, normalmente, o valor da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é negativo porque um aumento do preço (efeito positivo)<br />
provoca uma queda na <strong>de</strong>manda (efeito negativo) e vice-versa. Mas nós esquecemos o sinal e consi<strong>de</strong>ramos o valor absoluto da<br />
elasticida<strong>de</strong>.<br />
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maior que o <strong>de</strong>nominador e, então, em termos absolutos, isto é,<br />
<strong>de</strong>sprezando-se o sinal (que, no caso da <strong>de</strong>manda é sempre negativo) a<br />
Ep > 1. Nesse caso, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>ste produto <strong>de</strong>nomina-se elástica<br />
em relação a seu preço.<br />
2ª - A variação percentual na quantida<strong>de</strong> é igual à variação percentual<br />
no preço: então, em termos absolutos, Ep = 1 e a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>ste bem<br />
apresenta elasticida<strong>de</strong> unitária em relação ao seu preço.<br />
3ª - A variação percentual na quantida<strong>de</strong> é menor que a variação<br />
percentual no preço: então, Ep < 1 e a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>nomina-se<br />
inelástica a preço.<br />
Adicionalmente, há ainda dois casos, um tanto raros, é verda<strong>de</strong>, a<br />
consi<strong>de</strong>rar:<br />
a) quando a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é inteiramente horizontal ao nível <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado preço e, nesta hipótese, temos uma <strong>de</strong>manda<br />
infinitamente elástica a preço;<br />
b) quando a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é inteiramente vertical <strong>–</strong> o que<br />
<strong>de</strong>monstra que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada é insensível a variações no<br />
preço do produto e, nesta hipótese, temos uma <strong>de</strong>manda totalmente<br />
inelástica a preço.<br />
Elasticida<strong>de</strong>-preço X receita dos produtores<br />
E agora vem a pergunta: qual a importância ou utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se saber se<br />
a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um produto é elástica ou inelástica? A resposta é<br />
simples: é a magnitu<strong>de</strong> da elasticida<strong>de</strong>-preço que vai orientar o<br />
produtor/ven<strong>de</strong>dor se ele <strong>de</strong>ve aumentar ou reduzir seu preço para<br />
aumentar sua receita. Se o valor numérico da elasticida<strong>de</strong>-preço é alto <strong>–</strong><br />
isto é, maior que 1, em valor absoluto, e, portanto, a <strong>de</strong>manda é<br />
elástica -, significa que os consumidores reagem muito a variações <strong>de</strong><br />
preços do produto <strong>–</strong> ou, em outras palavras, se o preço aumentar um<br />
pouco, os consumidores reduzirão muito sua <strong>de</strong>manda daquele produto.<br />
O inverso também é verda<strong>de</strong>iro: se ele reduzir um pouco seu preço,<br />
suas vendas <strong>de</strong>verão aumentar muito. O mesmo raciocínio vale para o<br />
caso em que o valor numérico da elasticida<strong>de</strong>-preço seja pequeno - isto<br />
é, menor que 1 em valor absoluto, sendo, portanto, a <strong>de</strong>manda<br />
inelástica.<br />
Assim entendido, po<strong>de</strong>mos tirar as seguintes conclusões relativamente<br />
aos efeitos <strong>de</strong> variações <strong>de</strong> preços sobre a receita total do ven<strong>de</strong>dor:<br />
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i) - Se o produto tem uma <strong>de</strong>manda elástica, um aumento <strong>de</strong> P<br />
provocará uma queda na receita total porque a redução percentual da<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada será maior que o aumento percentual <strong>de</strong> preços.<br />
Nesse caso, o produtor <strong>de</strong>ve baixar o preço para aumentar a receita.<br />
Isso ocorre porque a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada aumentará<br />
percentualmente mais que a perda percentual <strong>de</strong> preços.<br />
ii) - Se a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é unitária, a receita total não<br />
se alterará com aumentos ou reduções <strong>de</strong> preços. Isso porque, se o<br />
produtor aumentar o preço em 10%, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada cairá<br />
10%; se ele reduzir o preço em 10%, a quantida<strong>de</strong> aumentará 10%, e<br />
assim por diante.<br />
iii) - Se o produto for inelástico, uma queda <strong>de</strong> preços provocará uma<br />
queda <strong>de</strong> receita total porque a redução percentual <strong>de</strong> P não será<br />
compensada pelo aumento percentual da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada. Nesse<br />
caso, o produtor <strong>de</strong>ve aumentar o preço para aumentar sua receita<br />
total, já que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada cairá percentualmente menos que<br />
o aumento percentual nos preços.<br />
6. Fatores que influenciam a magnitu<strong>de</strong> da elasticida<strong>de</strong>-preço<br />
Mas, afinal <strong>de</strong> contas, o que leva um produto a ter uma <strong>de</strong>manda<br />
elástica ou inelástica? Ou como i<strong>de</strong>ntificar, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer<br />
cálculos, um produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda elástica ou inelástica?<br />
Embora rigorosamente só se possa afirmar que a <strong>de</strong>manda do produto X<br />
é elástica ou não em relação a variações em seu preço a partir <strong>de</strong> uma<br />
pesquisa específica, os produtos possuem certas características que nos<br />
permitem concluir a priori se eles são mais ou menos elásticos a<br />
variações em seu preço 3 , a saber:<br />
i) Essencialida<strong>de</strong> do produto <strong>–</strong> parece claro que quanto maior o<br />
grau <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> essencialida<strong>de</strong> do produto para o consumidor,<br />
menos elástica (ou seja, mais inelástica) ten<strong>de</strong> a ser sua <strong>de</strong>manda. De<br />
fato, se o produto é essencial para o consumidor, aumentos em seu<br />
preço reduzirão pouco ou quase nada suas compras. Da mesma forma,<br />
reduções <strong>de</strong> preço <strong>de</strong>sses produtos não <strong>de</strong>verão provocar aumentos em<br />
sua compras, pois o consumidor ten<strong>de</strong> a comprar um certa quantida<strong>de</strong> <strong>–</strong><br />
digamos, fixa <strong>–</strong> dos mesmos. É o que ocorre, geralmente, com os bens<br />
<strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong>, como alimentos, serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou <strong>de</strong><br />
educação <strong>–</strong> que sabidamente têm <strong>de</strong>manda inelástica a preço. De outra<br />
3<br />
Essas características foram apontadas pioneiramente pelo famoso economista inglês Alfred Marshall (1842-<br />
1924) em seus Principles of Economics.<br />
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parte, produtos supérfluos, para o consumidor, como jóias e perfumes,<br />
ten<strong>de</strong>m a ter <strong>de</strong>manda elástica a preço.<br />
ii) Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substitutos <strong>–</strong> também parece inquestionável a<br />
afirmação <strong>de</strong> que, se o produto tiver muitos substitutos próximos, um<br />
aumento <strong>de</strong> seu preço <strong>de</strong>ve estimular o consumidor a mudar <strong>de</strong><br />
produto, reduzindo, portanto, a <strong>de</strong>manda daquele cujo preço se elevou<br />
(se o preço do Palio se elevar, o consumidor ten<strong>de</strong>rá a substitui-lo por<br />
Gol 1000, ou por Fiesta, etc). Ou seja, quanto mais substitutos houver<br />
para um produto X, mais elástica a preço será sua <strong>de</strong>manda.<br />
Obviamente, o contrário ocorre na hipótese <strong>de</strong> o produto não ter<br />
substitutos próximos (como é o caso do sal). Nesta hipótese, mesmo<br />
ocorrendo um aumento do preço do produto, o consumidor ten<strong>de</strong>rá a<br />
continuar adquirindo a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> antes, por simples falta <strong>de</strong><br />
opção <strong>–</strong> o que torna sua <strong>de</strong>manda inelástica a preço.<br />
iii) Peso no orçamento do consumidor <strong>–</strong> quanto menor for o preço<br />
do produto, menos ele pesará no bolso do consumidor, como é o caso<br />
da caixa <strong>de</strong> fósforos. Assim, aumentos no preço <strong>de</strong> um produto<br />
“barato”, ten<strong>de</strong>m a não alterar a <strong>de</strong>manda daquele produto, como seria<br />
o caso se o preço da caixa <strong>de</strong> fósforos passasse <strong>de</strong> 20 centavos para 30<br />
centavos (um aumento <strong>de</strong> 50%!). Nesta hipótese, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sses<br />
produtos ditos “baratos” ten<strong>de</strong> a ser inelástica a preço, ocorrendo o<br />
contrário no caso dos produtos mais caros, como carros, passagens<br />
aéreas, etc.<br />
iv) Nível <strong>de</strong> preço <strong>–</strong> este é um aspecto pouco abordado pelos livrostextos<br />
<strong>de</strong> Economia, mas a verda<strong>de</strong> <strong>–</strong> facilmente comprovável <strong>–</strong> é que<br />
se o preço do produto estiver na parte superior da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda,<br />
mais elástica ten<strong>de</strong> a ser sua <strong>de</strong>manda, ocorrendo o contrário se o preço<br />
estiver na parte inferior da curva 4 .<br />
7. Elasticida<strong>de</strong> da oferta<br />
O conceito da elasticida<strong>de</strong> também se aplica no caso da oferta, para<br />
medirmos a reação dos produtores às variações <strong>de</strong> preço. Em síntese,<br />
po<strong>de</strong>mos assim <strong>de</strong>finir a elasticida<strong>de</strong>-preço da oferta:<br />
4 Isso é certamente verda<strong>de</strong> no caso <strong>de</strong> uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda retilínea, negativamente inclinada, e é<br />
geralmente válido para a <strong>de</strong>manda expressa por uma curva propriamente dita.<br />
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A “elasticida<strong>de</strong>-preço da oferta me<strong>de</strong> a variação percentual na<br />
quantida<strong>de</strong> ofertada <strong>de</strong> uma mercadoria em conseqüência <strong>de</strong> uma dada<br />
variação percentual em seu preço”.<br />
A exemplo da elasticida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>manda, po<strong>de</strong>mos obter diferentes<br />
valores para a elasticida<strong>de</strong> da oferta conforme utilizemos o preço e a<br />
quantida<strong>de</strong> originais ou novos. Também aqui, por convenção, é<br />
preferível utilizarmos P e Q médios, sendo a fórmula <strong>de</strong> cálculo dada<br />
por:<br />
Ep =<br />
Variação percentual na quantida<strong>de</strong> ofertada<br />
Variação percentual no preço<br />
ΔQ<br />
Δ%<br />
Q Qmédio ( )<br />
ou, E p = =<br />
Δ%<br />
P ΔP<br />
Pmédio ( )<br />
Tomando por exemplo a curva <strong>de</strong> oferta da Figura 2, suponha que, ao<br />
preço inicial <strong>de</strong> R$ 10,00 por quilo, os produtores estarão dispostos a<br />
ven<strong>de</strong>r 200kg <strong>de</strong> arroz; se o preço se elevar para R$ 15,00, a oferta<br />
crescerá para 280kg. Vamos calcular a elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta curva <strong>de</strong><br />
oferta no arco AB.<br />
Figura 2<br />
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Δ%<br />
Q 80<br />
Qm ( édio)<br />
E p = =<br />
Δ%<br />
P<br />
240 80 12, 5 1000<br />
= × = = 083 ,<br />
5 240 5 1200<br />
Pmédio ( ) 12, 5<br />
Depen<strong>de</strong>ndo do número que se obtém, após este cálculo, a elasticida<strong>de</strong>preço<br />
da oferta também será classificada como:<br />
i) elástica , se o coeficiente encontrado for maior que 1,0;<br />
ii) unitária, se o coeficiente encontrado for igual a 1,0;<br />
iii) inelástica, se o coeficiente encontrado for menor que 1,0,<br />
valendo lembrar que, como os preços e quantida<strong>de</strong>s ofertadas variam<br />
na mesma direção, o coeficiente da elasticida<strong>de</strong>-preço da oferta terá<br />
sempre um sinal positivo.<br />
8. Elasticida<strong>de</strong>-preço-cruzada<br />
Diferentemente da elasticida<strong>de</strong>-preço anterior, esta elasticida<strong>de</strong>-preçocruzada<br />
me<strong>de</strong> a sensibilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>manda do bem X a variações nos<br />
preços do bem Y. Matematicamente, é medida pela razão entre as<br />
variações percentuais da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> um bem X e as<br />
variações percentuais <strong>de</strong> preço do bem Y. Ou:<br />
Qx<br />
E xy =<br />
P<br />
Δ%<br />
Δ%<br />
y<br />
Esta razão po<strong>de</strong> assumir valores negativos e positivos ou, ainda, ser<br />
igual a zero.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado for < 0, isto é, negativo, os dois bens são<br />
complementares.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado for > 0, isto é, positivo, os dois bens são substitutos ou<br />
sucedâneos.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado for = 0, os dois bens não guardam qualquer<br />
relação <strong>de</strong> consumo entre si.<br />
Exemplo:<br />
Suponha que X seja manteiga e Y seja margarina (dois produtos<br />
tipicamente substitutos).<br />
Se o preço <strong>de</strong> Y subir (+), a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> manteiga <strong>de</strong>ve<br />
aumentar ( + ). Logo, dividindo-se um valor positivo por outro positivo,<br />
o resultado será um valor positivo e, portanto os bens são substitutos.<br />
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Analise a hipótese <strong>de</strong> X = pneu e Y = carro. O que <strong>de</strong>ve ocorrer, caso o<br />
preço do carro aumente (ceteris paribrus)?<br />
9. Elasticida<strong>de</strong>-renda<br />
A elasticida<strong>de</strong>-renda (Er) me<strong>de</strong> a razão entre a variação percentual da<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> um bem X e a variação percentual da renda<br />
real do consumidor. Ou:<br />
E<br />
Δ%<br />
Qx<br />
r =<br />
Δ%<br />
R<br />
Depen<strong>de</strong>ndo do valor do coeficiente da elasticida<strong>de</strong>-renda obtido, o bem<br />
será classificado em bem inferior, ou bem normal ou bem superior.<br />
Assim, por exemplo, suponha que a renda dos consumidores tenha se<br />
elevado, num certo período <strong>de</strong> R$ 1.000,00 para R$ 1.300,00, em<br />
conseqüência, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada dos bens A, B, C e D, se<br />
alteraram <strong>de</strong> Qd0 para Qd1, conforme a tabela a seguir:<br />
Bens Qd0 Qd1<br />
A 20 18<br />
B 25 30<br />
C 30 78<br />
D 10 15<br />
E 40 40<br />
Utilizando a fórmula acima, po<strong>de</strong>mos calcular a elasticida<strong>de</strong>-renda<br />
para os cinco bens acima, assim:<br />
i)<br />
−10%<br />
Er (bem A) = = - 0,33<br />
30%<br />
ii)<br />
20 %<br />
Er (bem B) = = 0,66<br />
30%<br />
30 %<br />
iii) Er (bem C) = = 1,0<br />
30%<br />
50 %<br />
iv) Er (bem D) = = 1,67<br />
30%<br />
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0%<br />
v) Er (bem E) = = 0<br />
30%<br />
Observe-se que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada do bem A diminuiu<br />
quando a renda aumentou. Quando se verifica esta relação inversa entre<br />
variação na renda do consumidor e a conseqüente variação no consumo<br />
<strong>de</strong> um bem, este bem é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> bem inferior <strong>–</strong> como é o caso do<br />
bem A. Em conseqüência, o coeficiente da elasticida<strong>de</strong>-renda dos bens<br />
inferiores é negativo, refletindo o fato <strong>de</strong> que, no caso <strong>de</strong>sses bens, o<br />
seu consumo cai quando a renda cresce.<br />
No caso do bem B, verificamos que o seu consumo cresceu quando<br />
a renda cresceu, embora tenha crescido proporcionalmente menos que o<br />
crescimento da renda <strong>–</strong> o que forneceu um coeficiente da elasticida<strong>de</strong>renda<br />
positivo, porém menor que 1, ou seja, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse bem<br />
inelástica a renda. Estes bens são <strong>de</strong>nominados bens normais <strong>–</strong> que<br />
são aqueles cuja <strong>de</strong>manda ten<strong>de</strong> a acompanhar a direção da variação<br />
renda. Se a renda cai, o seu consumo também cai; se a renda cresce, o<br />
seu consumo também cresce, ainda que não na mesma intensida<strong>de</strong>.<br />
No caso do bem C, o aumento do consumo se <strong>de</strong>u na mesma<br />
intensida<strong>de</strong> do aumento na renda (ambos cresceram 30%), e por isso, o<br />
coeficiente da elasticida<strong>de</strong>-renda foi positivo, igual a 1, ou seja, a<br />
elasticida<strong>de</strong>-renda é unitária. Estes bens também são classificados<br />
como bens normais.<br />
No caso do bem D, o consumo cresceu proporcionalmente mais<br />
que o crescimento na renda, dando um coeficiente <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>-renda<br />
positivo maior que 1 <strong>–</strong> ou seja, a elasticida<strong>de</strong>-renda neste caso é<br />
elástica. Estes bens são <strong>de</strong>nominados bens superiores.<br />
Por fim, temos o caso do bem E, cujo consumo não se alterou em<br />
<strong>de</strong>corrência do aumento da renda, fornecendo um coeficiente <strong>de</strong><br />
elasticida<strong>de</strong>-renda igual a 0. Esses bens anelásticos a renda são também<br />
consi<strong>de</strong>rados bens normais, geralmente se aplicando ao caso dos bens<br />
<strong>de</strong> consumo saciado (alimentos básicos, por exemplo).<br />
Em síntese, em relação à elasticida<strong>de</strong>-renda, temos as seguintes<br />
conclusões:<br />
<strong>–</strong> Se o resultado <strong>de</strong>sta razão for positivo maior que 1,0, o produto é<br />
dito “bem superior”.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado situar-se entre 0 e 1,0 o bem é normal.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado for menor que 0, isto é, negativo, o produto é<br />
chamado <strong>de</strong> “bem inferior”.<br />
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10. Escassez, Tabelamento e Incidência Tributária<br />
10.1 Escassez e exce<strong>de</strong>nte <strong>–</strong> tabelamento<br />
Muitas vezes, o governo se vê obrigado a intervir no mercado através do<br />
controle <strong>de</strong> preços ou tabelamento, com o objetivo <strong>de</strong> proteger os<br />
consumidores. Isso ocorre sempre que um país atravessa um período <strong>de</strong><br />
aceleração inflacionária, ou quando o governo percebe a ação ou<br />
comportamento <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> empresas <strong>–</strong> os oligopólios <strong>–</strong> que tentam<br />
tirar proveito <strong>de</strong> seu “po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mercado” reajustando abusivamente<br />
seus preços.<br />
Ao perceber que os preços que vigorarão no mercado serão muito<br />
elevados, o governo resolve intervir, fixando um preço máximo para a<br />
venda do produto <strong>–</strong> e que será, necessariamente, menor do que o preço<br />
que vigoraria no mercado.<br />
No Brasil, essa prática foi muito comum nos anos 80 e 90 do século<br />
passado, como mostraram as experiências do Plano Cruzado, em 1986;<br />
do Plano Bresser, em 1987; do Plano Verão (Mailson), em 1989 e do<br />
Plano Collor II (ou Zélia), em 1991. Esses foram momentos bem<br />
marcantes <strong>de</strong> “congelamentos” <strong>de</strong> preços que, no fundo, se traduzem<br />
em verda<strong>de</strong>iros tabelamentos. Afora esses momentos, existiam, ainda,<br />
os controles permanentes <strong>de</strong> preços pela SUNAB, CIP, “Câmaras<br />
Setoriais”, etc.<br />
Não importa a forma, nem o órgão, nem o porquê do controle ou do<br />
tabelamento <strong>de</strong> preços. O que importa, do ponto <strong>de</strong> vista da análise<br />
econômica, é conhecer as conseqüências <strong>de</strong>sse tabelamento.<br />
Para tanto, vamos partir da Figura 3:<br />
Figura 3<br />
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O governo resolve tabelar o preço <strong>de</strong> x ao nível <strong>de</strong> P1 . Pelo mercado, o<br />
preço <strong>de</strong> equilíbrio seria Pe . Ao nível <strong>de</strong> P1 a QD é maior que Qs surgindo um exce<strong>de</strong>nte da <strong>de</strong>manda sobre a oferta igual a QD - QS .<br />
Esse exce<strong>de</strong>nte forçaria o preço a subir até Pe <strong>–</strong> o que é impedido pelo<br />
congelamento. Com isso, surge uma <strong>de</strong>manda insatisfeita (igual a QD <strong>–</strong><br />
Qs ), existindo diversas soluções para o problema, a saber:<br />
(i) Aparecem as filas: Toda vez que, num mercado, houver excesso<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, surgirão filas, seja nas bilheterias dos teatros, seja à porta<br />
dos açougues, seja nos balcões das lojas, sendo que somente os que<br />
chegarem primeiro serão atendidos.<br />
(ii) Surgem as vendas preferenciais: Quando a <strong>de</strong>manda para um<br />
concerto musical é maior que o número <strong>de</strong> bilhetes, muitas vendas são<br />
feitas “por <strong>de</strong>baixo do pano”. Os promotores do espetáculo reservam<br />
uma parte dos ingressos para convidados ilustres, para políticos ou para<br />
fregueses mais regulares.<br />
(iii) Surge o mercado negro: Sabendo que vai faltar ingresso, para<br />
burlar o tabelamento, reduzem a quantida<strong>de</strong> contida no próprio produto,<br />
ven<strong>de</strong>ndo-o, porém, ao preço tabelado. Assim, por exemplo, o rolo <strong>de</strong><br />
papel higiênico, antes com 45 metros, passa a 40 metros, o quilo <strong>de</strong><br />
carne passa a ter 900 gramas, o sabonete já não faz tanta espuma<br />
como anteriormente, etc.<br />
Como se vê, o controle ou congelamento <strong>de</strong> preços, ainda que seja um<br />
instrumento útil para estancar temporariamente um processo inflacionário,<br />
provoca sempre outras distorções no mercado.<br />
10.2 Incidência tributária<br />
Qual será o efeito da imposição, pelo governo, <strong>de</strong> um imposto sobre a<br />
venda <strong>de</strong> uma mercadoria? Quem pagará este imposto? O leitor menos<br />
atento respon<strong>de</strong>rá que o imposto será pago pelo consumidor. No<br />
entanto, isso po<strong>de</strong> ou não ser verda<strong>de</strong>. Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá das<br />
elasticida<strong>de</strong>s da <strong>de</strong>manda e da oferta. Mas, antes <strong>de</strong> mais nada, é<br />
preciso distinguir dois tipos <strong>de</strong> impostos: (i) o imposto específico <strong>–</strong> que<br />
é um valor fixo que inci<strong>de</strong> sobre o preço <strong>de</strong> venda, digamos, R$ 10,00;<br />
e (ii) o imposto ad valorem <strong>–</strong> que é um percentual que recai sobre o<br />
valor da venda, digamos, 15%.. Analisemos os dois casos:<br />
a) Imposto específico<br />
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O primeiro efeito do lançamento <strong>de</strong> um imposto específico é o<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva da oferta, igual, verticalmente, ao montante do<br />
imposto.<br />
Isso se explica pelo fato <strong>de</strong> que a curva <strong>de</strong> oferta representa as<br />
quantida<strong>de</strong>s que serão oferecidas pelo produtor em relação aos preços<br />
praticados no mercado. Para qualquer preço P <strong>de</strong> mercado, o produtor<br />
subtrai o imposto T, ficando com a diferença. Ou seja, o produtor<br />
receberá o valor P que será dado por:<br />
2<br />
P 2 = P 1 - T<br />
O que ocorrerá com o preço e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio? A resposta<br />
está ilustrada na Figura 4. A <strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> um imposto específico<br />
<strong>de</strong>sloca, como já foi dito, a curva <strong>de</strong> oferta para a esquerda. O novo<br />
ponto <strong>de</strong> equilíbrio se dá on<strong>de</strong> a nova curva <strong>de</strong> oferta (S1 ) corta a curva<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda. Antes, P e Q eram, respectivamente, o preço e a<br />
0 0<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio. Agora, o equilíbrio se dá em P e Q . Do preço<br />
1 1<br />
P o ven<strong>de</strong>dor receberá apenas P (= P - T). Como P é menor que P ,<br />
1 2 1 2 0<br />
a oferta do produtor cai para Q .<br />
1<br />
Figura 4<br />
Neste exemplo, sobre quem recai efetivamente o imposto?<br />
Po<strong>de</strong>-se dividir o montante do imposto (= P - P ) em duas parcelas, a<br />
1 2<br />
saber:<br />
(i) P = P <strong>–</strong> P que correspon<strong>de</strong> ao aumento do preço <strong>de</strong> equilíbrio <strong>–</strong><br />
1 1 0<br />
e, por conseqüência, representa a parcela do imposto a ser paga pelo<br />
consumidor.<br />
(ii) P = P <strong>–</strong> P que correspon<strong>de</strong> à redução no preço recebido pelo<br />
2 0 2<br />
produtor <strong>–</strong> e que, por conseqüência, representa a parcela a ser paga<br />
pelo produtor.<br />
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Qual das duas parcelas é a maior? Isto irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da elasticida<strong>de</strong> da<br />
<strong>de</strong>manda e da oferta.<br />
Observemos a Figura 5, on<strong>de</strong> são apresentadas duas curvas <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda. Dx e Dy , sendo Dx mais elástica (mais “<strong>de</strong>itada”) que Dy .<br />
Ambas as curvas cruzam, inicialmente, a curva <strong>de</strong> oferta S no mesmo<br />
0<br />
ponto, <strong>de</strong>finindo o preço e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio inicial em P e Q .<br />
0 0<br />
Com a <strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> um imposto específico, T, a curva <strong>de</strong> oferta se<br />
<strong>de</strong>sloca para S . O novo preço <strong>de</strong> equilíbrio se dará no ponto on<strong>de</strong> as<br />
1<br />
duas curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda cruzam com nova curva <strong>de</strong> oferta (S ). No<br />
1<br />
caso do produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda Dy , o novo preço será P e a quantida<strong>de</strong><br />
2<br />
transacionada será Q . Já para o produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda D<br />
2 x (mais<br />
elástica), o preço será P (menor que P ) e a quantida<strong>de</strong> transacional<br />
1 2<br />
será Q .<br />
1<br />
Figura 5<br />
Lembre-se que o aumento do preço pós-imposto representa a parcela<br />
do imposto repassada ao consumidor. No caso presente, o repasse<br />
maior ocorreu no produto Dy (menos elástico). Isto se explica pelo fato<br />
<strong>de</strong> que um produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda inelástica implica que os consumidores<br />
não reagem muito às variações <strong>de</strong> preços. Se isto é fato, o produtor<br />
repassará o máximo do imposto ao preço, sabendo que os consumidores<br />
não reduzirão muito suas compras do produto.<br />
b) Imposto ad valorem<br />
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Trata-se <strong>de</strong> um imposto que inci<strong>de</strong> sobre o valor da venda,<br />
representando, no caso, um percentual da receita do ven<strong>de</strong>dor (ou<br />
produtor). Assim, por exemplo, se o imposto (t%) for 20%, o produtor<br />
receberá efetivamente apenas 80% do preço <strong>de</strong> mercado, isto é,<br />
receberá P * , que será dado por:<br />
P * = (1 <strong>–</strong> t%)P<br />
Qual será o efeito da <strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> um imposto ad valorem?<br />
Graficamente, a curva <strong>de</strong> oferta se tornará mais vertical, sendo o<br />
coeficiente angular da nova curva <strong>de</strong> oferta (S ) dado pela taxa do<br />
1<br />
imposto, como mostra a Figura 6.<br />
Figura 6 Figura 7<br />
Pela Figura 7, com o <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> oferta, tanto o preço<br />
como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio se alteram <strong>de</strong> P e Q para P e Q ,<br />
0 0 1 1<br />
respectivamente.<br />
Tal como no caso do imposto específico, aqui, também, o montante do<br />
imposto será dividido em duas parcelas:<br />
ΔP1 = P1 − P0,<br />
que será paga pelo consumidor e<br />
ΔP2 = P0 − P2,<br />
que será paga pelo produtor.<br />
10.3 Política <strong>de</strong> preços mínimos<br />
Com o objetivo <strong>de</strong> proteger os agricultores das flutuações climáticas<br />
que, necessariamente, afetam sua colheita e, daí, alteram os preços <strong>de</strong><br />
mercado, o governo adota a chamada “política <strong>de</strong> preços mínimos” ou<br />
“garantia <strong>de</strong> preços mínimos”.<br />
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Tal política se justifica pelo fato <strong>de</strong> que se houver uma boa safra,<br />
digamos, <strong>de</strong> milho, sua oferta será gran<strong>de</strong> e, em conseqüência, seus<br />
preços serão baixos, po<strong>de</strong>ndo, inclusive, ficar abaixo dos custos <strong>de</strong><br />
produção. Sendo a <strong>de</strong>manda por produtos agrícolas geralmente<br />
inelástica, com uma baixa <strong>de</strong> preços, a receita dos produtores se<br />
reduzirá. Com isso, os produtores não terão qualquer estímulo para<br />
plantar milho no próximo ano, quando, então, haverá escassez do<br />
produto e conseqüente aumento <strong>de</strong> preços.<br />
Para evitar essas flutuações e os prejuízos para os produtores e para os<br />
consumidores, o governo interfere no mercado fixando “preços<br />
mínimos” que garantam uma remuneração compensatória aos<br />
produtores. Este “preço mínimo <strong>de</strong> garantia” só será usado pelo<br />
produtor se, por excesso <strong>de</strong> oferta, “o preço <strong>de</strong> mercado” se situar<br />
abaixo do preço <strong>de</strong> garantia.<br />
Para enten<strong>de</strong>r as conseqüências da adoção <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> preços <strong>de</strong><br />
garantia, consi<strong>de</strong>remos a Figura 8 que, hipoteticamente, reflete o<br />
mercado <strong>de</strong> milho, on<strong>de</strong> S é a oferta, D é a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, Pe é o<br />
preço <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>terminado pelas forças <strong>de</strong> mercado (oferta e<br />
<strong>de</strong>manda) e Pm é o preço mínimo fixado pelo governo.<br />
Figura 8<br />
Como o Pm é maior que o preço <strong>de</strong> mercado (Pe ), a receita garantida<br />
aos produtores será OPm x OQs (ou igual à área OPmCQsO). Se não<br />
houvesse o preço <strong>de</strong> garantia, a receita dos produtores seria dada pelo<br />
preço <strong>de</strong> mercado multiplicado pela quantida<strong>de</strong> vendida, ou, OPe x<br />
OQs , que, obviamente, seria menor que a anterior, já que Pe < Pm .<br />
Para garantir aos produtores a receita <strong>de</strong>finida pelo preço mínimo, o<br />
governo dispõe <strong>de</strong> duas alternativas:<br />
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i) fixa o preço em Pm e compra o exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> milho, ou seja, BQs ao<br />
preço <strong>de</strong> Pm ; ou<br />
ii) <strong>de</strong>ixa que o milho seja vendido ao preço <strong>de</strong> mercado, Pe , e conce<strong>de</strong> a<br />
cada agricultor um subsídio, em dinheiro, igual a Pm - Pe para cada<br />
saca vendida.<br />
A questão, então, é: qual dos dois programas é mais caro para o<br />
governo? Antes <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r, vale lembrar que, em qualquer<br />
alternativa, a receita dos produtores será dada pelo retângulo<br />
OP m ACO.<br />
Se o governo optar pelo primeiro programa, isto é, comprar o<br />
exce<strong>de</strong>nte, a <strong>de</strong>spesa dos consumidores (DC) será dada por OPm x OB<br />
(= OPmABO) e, conseqüentemente, a <strong>de</strong>spesa do governo (DG) será<br />
OPm x BQs (= BACQsB). Observando que quanto maior a parcela paga pelos consumidores,<br />
menor será a <strong>de</strong>spesa do governo, e consi<strong>de</strong>rando que a <strong>de</strong>manda por<br />
milho tem alta probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser inelástica, a <strong>de</strong>spesa dos<br />
consumidores será maior no primeiro programa, compra do exce<strong>de</strong>nte<br />
pelo governo. Isto porque, quando a <strong>de</strong>manda é inelástica, um aumento<br />
do preço do produto <strong>de</strong> Pe para Pm eleva a receita do ven<strong>de</strong>dor (isto é,<br />
aumenta a <strong>de</strong>spesa dos consumidores). Se esta é aumentada, significa<br />
que a do governo diminui. (Observe-se que não se consi<strong>de</strong>ram, aqui, os<br />
custos <strong>de</strong> armazenamento, nem as eventuais receitas que o governo<br />
terá, mais tar<strong>de</strong>, com a venda <strong>de</strong> seu estoque).<br />
11. Algumas conclusões-resumo <strong>de</strong>sta nossa primeira aula<br />
Apren<strong>de</strong>mos, hoje, então, o que é a elasticida<strong>de</strong> nos seus diversos<br />
conceitos <strong>–</strong> elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda e da oferta, a elasticida<strong>de</strong>renda<br />
e a elasticida<strong>de</strong>-preço-cruzada. Apren<strong>de</strong>mos, também, como<br />
calculá-la e como interpretar os resultados encontrados. Fomos mais<br />
além, analisando casos específicos <strong>de</strong> sua aplicação, como no caso <strong>de</strong><br />
políticas governamentais <strong>de</strong> tabelamento <strong>de</strong> preços, no caso da<br />
incidência e do ônus do imposto sobre os consumidores (e,<br />
eventualmente, sobre os produtores) e no caso das políticas <strong>de</strong><br />
garantidas <strong>de</strong> abastecimento postas em prática pelo Governo.<br />
Nas nossas próximas aulas, veremos outras aplicações <strong>de</strong>ste importante<br />
conceito econômico, principalmente quando abordarmos a questão dos<br />
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investimentos, da poupança, do mercado monetário e do comércio<br />
exterior e do balanço <strong>de</strong> pagamentos.<br />
Uma boa sorte para você, um abraço e até nosso próximo encontro!<br />
______________<br />
Exercícios <strong>de</strong> fixação:<br />
I) Exercícios resolvidos:<br />
1. A elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda do produto A é <strong>–</strong>0,1. Se o preço <strong>de</strong>sse<br />
produto aumentar em 2%, quanto <strong>de</strong>verá diminuir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada?<br />
Solução: Utilizando a fórmula <strong>de</strong> cálculo da elasticida<strong>de</strong>-preço e fazendo as<br />
<strong>de</strong>vidas substituições pelos números dados pelo problema, tem-se:<br />
Δ% Qd Δ%<br />
Qd<br />
Ep = = = −0,<br />
1<br />
Δ%<br />
P − 2%<br />
Efetuando a conta acima, tem-se que a variação percentual da quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mandada (Δ%Qd) é igual a <strong>–</strong>2%. Ou seja, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong>verá<br />
cair 2%.<br />
2. A elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um bem é <strong>–</strong>1,8 e a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mandada ao preço <strong>de</strong> mercado é <strong>de</strong> 5.000 unida<strong>de</strong>s. Caso o preço do bem<br />
sofra uma redução <strong>de</strong> 5%, qual <strong>de</strong>verá ser a nova quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada?<br />
Solução: Novamente, vamos utilizar a fórmula da elasticida<strong>de</strong>-preço, com as<br />
<strong>de</strong>vidas substituições:<br />
Δ% Qd Δ%<br />
Qd<br />
Ep = = = −1,<br />
8<br />
Δ%<br />
P − 5%<br />
Ou seja, Δ%Qd = -5% x -1,8 = 9%; assim, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada teria<br />
aumentado em 9%, ou em 450 unida<strong>de</strong>s (9% <strong>de</strong> 5.000 unida<strong>de</strong>s).<br />
Deste modo, a nova quantida<strong>de</strong> passará a ser: 5.450.<br />
3. Sabe-se que a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um bem X qualquer é elástica a preço. Assim, se<br />
o preço <strong>de</strong>sse bem aumentar, tudo o mais permanecendo constante, o gasto<br />
total do consumidor <strong>de</strong>ste bem <strong>de</strong>ve aumentar, cair ou permanecer<br />
constante?<br />
Solução: Para que a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um bem seja elástica a preço, é necessário que<br />
a Δ%Qd > Δ%P. Esta é a condição para que o resultado seja maior que 1 (em<br />
valor absoluto). Ora, se um aumento, digamos, <strong>de</strong> 10% no preço do produto<br />
provocar, digamos, uma queda na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> 20% (logo Δ%Qd<br />
> Δ%P), a <strong>de</strong>spesa ou gasto total do consumidor <strong>de</strong>ve cair.<br />
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4. Suponha-se a seguinte função <strong>de</strong>manda linear:<br />
Qdx = 600 <strong>–</strong> 5Px<br />
Esta equação fornece uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda representada por um linha reta tal<br />
como representado no seguinte gráfico abaixo.<br />
Pe<strong>de</strong>-se: calcule a elasticida<strong>de</strong>-preço nas seguintes hipóteses:<br />
i) P = 90; ii) P = 60; e, P = 30.<br />
120<br />
90<br />
60<br />
30<br />
0 150 300 450 600<br />
Solução: O ponto médio correspon<strong>de</strong> ao preço <strong>de</strong> 60 (igual à média entre zero e 120) e à<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 300 (média entre zero e 600).<br />
i) Vamos calcular a Ep correspon<strong>de</strong>nte ao preço <strong>de</strong> 60, utilizando como referência para o<br />
cálculo o preço <strong>de</strong> 120 (que reduz a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada para zero). Temos:<br />
Px Qd<br />
60 300<br />
120 0<br />
Δ%<br />
Qd 100%<br />
Ep = = = 1<br />
Δ%<br />
P 100%<br />
ii) Agora, vamos calcular a Ep para o preço <strong>de</strong> 30. A este preço, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada é<br />
450 (Qd= 600 - 5 . 30 = 450). Assim, vamos calcular a Ep caso o preço suba <strong>de</strong> 30 para 60:<br />
Px Qd<br />
30 450<br />
60 300<br />
P ΔQ<br />
30 150 4500<br />
Ep= . = . = = 0,<br />
33<br />
Q ΔP<br />
450 30 13500<br />
iii) Consi<strong>de</strong>rando, agora, uma queda do preço <strong>de</strong> 90 (on<strong>de</strong> a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada é 150)<br />
para 60, temos:<br />
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Px Qd<br />
90 150<br />
60 300<br />
90 150<br />
Ep = . = 3<br />
150 30<br />
Dos cálculos acima, po<strong>de</strong>-se concluir que uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda representada por uma<br />
linha reta tem elasticida<strong>de</strong> unitária no seu ponto médio, sendo elástica aos preços acima do<br />
ponto médio e inelástica aos preços abaixo do ponto médio.<br />
5. Numa indústria em concorrência perfeita, a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> um produto qualquer é<br />
<strong>de</strong>finida por Qs = 600P <strong>–</strong> 1000, na ausência <strong>de</strong> impostos, enquanto a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é<br />
<strong>de</strong>finida por Qd = 4500 <strong>–</strong> 400P. Suponha, então, que o Governo lance um imposto<br />
específico T = 1,00 sobre este produto.<br />
Calcule a quantida<strong>de</strong> transacionada <strong>de</strong> equilíbrio (Qe) e o preço <strong>de</strong> equilíbrio (Pe) antes e<br />
<strong>de</strong>pois do imposto.<br />
Solução: Em equilíbrio, a quantida<strong>de</strong> ofertada (Qs) é igual à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada (Qd),<br />
ou Qs = Qd<br />
Substituindo nesta igualda<strong>de</strong>, os valores <strong>de</strong> Qs e <strong>de</strong> Qd, temos:<br />
600P <strong>–</strong> 1000 = 4500 <strong>–</strong> 400P<br />
ou, 1000P = 5500<br />
e, P = 5,50<br />
Para acharmos a quantida<strong>de</strong> transacionada <strong>de</strong> equilíbrio, substituímos o valor encontrado<br />
para P nas duas equações dadas pelo problema, assim:<br />
Qs = 600 x 5,50 <strong>–</strong> 1000 = 2.300<br />
Qd = 4500 <strong>–</strong> 400 x 5,50 = 2.300<br />
Logo, antes do imposto a quantida<strong>de</strong> transacionada <strong>de</strong> equilíbrio é 2.300 e o preço <strong>de</strong><br />
equilíbrio é 5,50.<br />
Vamos agora calcular a quantida<strong>de</strong> e o preço <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>pois do imposto (T = 1):<br />
Antes <strong>de</strong> fazermos as <strong>de</strong>vidas substituições, é bom lembrar que, agora, qualquer que seja o<br />
preço <strong>de</strong> venda do produto, para o produtor o preço será um real a menos, já que ele tem <strong>de</strong><br />
recolher para o governo este imposto. Assim, se ele ven<strong>de</strong>r o produto por 5,00, para ele é<br />
4,00; se ele ven<strong>de</strong>r por 7,00, para ele é 6,00. Quanto ao consumidor, o preço que ele paga é<br />
sempre o preço que estiver no mercado. Se o preço for 5,00, para ele é mesmo 5,00; se o<br />
preço for 7,00, ele pagará este preço, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> ter ou não um imposto<br />
embutido no preço.<br />
Assim, o imposto só vai afetar a equação da oferta. Para sabermos qual a quantida<strong>de</strong><br />
ofertada, após o imposto, temos <strong>de</strong> retirar do preço (P) o imposto, ficando assim a equação<br />
da oferta:<br />
Qs = 600(P-1) <strong>–</strong> 1000<br />
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A equação da <strong>de</strong>manda, como foi dito, não é afetada, já que, para o consumidor, o preço P é<br />
<strong>de</strong> fato o preço que ele paga.<br />
Assim, igualando as duas equações, teremos:<br />
600(P-1) <strong>–</strong> 1000 = 4500 <strong>–</strong> 400P<br />
ou, 600P <strong>–</strong> 600 - 1000 = 4500 <strong>–</strong> 400P<br />
1000P = 6100<br />
e, P = 6,10<br />
Ou seja, o imposto <strong>de</strong> 1,00 elevou o preço <strong>de</strong> 5,50 para 6,10. A este novo preço a<br />
quantida<strong>de</strong> ofertada será:<br />
Qs = 600 x (6,10 <strong>–</strong> 1) <strong>–</strong> 1000 = 2.060<br />
e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada será:<br />
Qd = 4500 <strong>–</strong> 400 x 6,10 = 2.060.<br />
Assim, o efeito do imposto foi elevar o preço para o consumidor (<strong>de</strong> 5,50 para 6,10) <strong>–</strong> o que<br />
fez a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada cair <strong>–</strong> e reduzir o preço recebido pelo produtor (6,10 <strong>–</strong> 1,00 =<br />
5,10) <strong>–</strong> o que fez, também, a quantida<strong>de</strong> ofertada cair.<br />
II <strong>–</strong> Exercícios propostos (veja gabarito ao final)<br />
Múltpla escolha: Assinale a alternativa que respon<strong>de</strong> a proposição:<br />
1. Se a receita total se eleva quando o preço se reduz, po<strong>de</strong>-se dizer, então, que a <strong>de</strong>manda<br />
é:<br />
a) inelástica;<br />
b) tem elasticida<strong>de</strong> unitária;<br />
c) vertical;<br />
d) elástica;<br />
e) horizontal.<br />
2. A <strong>de</strong>manda por um produto é mais elástica:<br />
a) quanto maior for o nº <strong>de</strong> bens substitutos disponíveis;<br />
b) quanto menor for a proporção da renda do consumidor <strong>de</strong>spendida no produto;<br />
c) quanto menor for o período <strong>de</strong> tempo consi<strong>de</strong>rado;<br />
d) quanto mais essencial for o produto;<br />
e) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> preferência do mercado.<br />
3. A elasticida<strong>de</strong>-cruzada da procura <strong>de</strong> um bem X em relação ao preço do bem Y é <strong>–</strong> 1,5.<br />
A partir <strong>de</strong>sta informação po<strong>de</strong>-se concluir que o bem X é:<br />
a) substituto do bem Y, com <strong>de</strong>manda elástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
b) complementar ao bem Y, com <strong>de</strong>manda elástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
c) substituto do bem Y, com <strong>de</strong>manda inelástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
d) complementar do Y, com <strong>de</strong>manda inelástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
e) os dois bens não estão relacionados no consumo.<br />
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4. A proporção da renda gasta na aquisição <strong>de</strong> carne cresce à medida que aumenta a renda<br />
do indivíduo (mantidos constantes os preços). Logo, a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura da<br />
carne é, para ele:<br />
a) zero;<br />
b) negativa;<br />
c) menor que 1;<br />
d) maior que 1.<br />
5. A elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda do bem X é 0,5. Daí, po<strong>de</strong>-se concluir que:<br />
a) um aumento no preço <strong>de</strong> X <strong>de</strong>ve provocar um aumento na sua <strong>de</strong>manda em<br />
proporção maior que a redução do preço;<br />
b) uma redução do preço <strong>de</strong> X <strong>de</strong>ve aumentar a <strong>de</strong>manda em proporção maior que a<br />
redução do preço;<br />
c) uma redução do preço <strong>de</strong> X provoca um aumento da <strong>de</strong>manda em proporção<br />
menor que a redução no preço;<br />
d) é impossível afirmar qualquer coisa sem conhecer o mercado do bem.<br />
6. Num mercado em concorrência perfeita, na ausência <strong>de</strong> imposto, a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado produto é dada por Qs = 600P <strong>–</strong> 900 e a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é dada por Qd<br />
= 3500 - 200P. O governo, então, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> <strong>de</strong>cretar um imposto específico T = 2. Neste<br />
caso, os preços <strong>de</strong> equilíbrio, antes e após o imposto, são, respectivamente:<br />
a) 5,50 e 6,20;<br />
b) 6,75 e 5,50;<br />
c) 5,50 e 7,00;<br />
d) 5,50 e 6,75;<br />
e) 7,00 e 5,50.<br />
7. O governo lança um imposto específico (T) sobre <strong>de</strong>terminado produto fabricado em<br />
regime <strong>de</strong> concorrência perfeita. Po<strong>de</strong>-se garantir que, a curto prazo, o ônus do<br />
imposto:<br />
a) incidirá totalmente sobre o consumidor;<br />
b) recairá inteiramente sobre o produtor;<br />
c) será dividido entre produtores e consumidores, conforme o po<strong>de</strong>r político <strong>de</strong> cada<br />
grupo;<br />
d) será dividido entre dois grupos (produtores e consumidores), <strong>de</strong> acordo com as<br />
elasticida<strong>de</strong>s-preço da oferta e da <strong>de</strong>manda;<br />
e) nada po<strong>de</strong> ser afirmado a priori, sem se conhecer o produto.<br />
8. A carga paga pelos consumidores, por um imposto unitário, arrecadado dos produtores<br />
será:<br />
a) maior quanto mais elástica for a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
b) maior quanto mais inelástica for a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
c) maior quanto mais inelástica for a curva <strong>de</strong> oferta;<br />
d) maior quanto menor o controle do Governo sobre o mercado;<br />
e) sempre maior que a carga paga pelos produtores.<br />
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9. A proporção da renda gasta na aquisição do bem X cresce à medida que aumenta a renda<br />
real dos indivíduos. A partir <strong>de</strong>sta afirmativa, po<strong>de</strong>-se concluir que:<br />
a) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura <strong>de</strong>ste bem é menor que 1 e X é um bem inferior;<br />
b) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura é igual a 1 e o bem é normal;<br />
c) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura é maior que 1 e o bem é normal;<br />
d) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura é negativa e o bem é inferior;<br />
e) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura é maior que 1 e X é um bem superior.<br />
10. A elasticida<strong>de</strong> cruzada da <strong>de</strong>manda do bem X em relação ao preço do bem Y é <strong>–</strong> 0,5. A<br />
partir <strong>de</strong>sta informação, po<strong>de</strong>-se concluir que o bem X é:<br />
a) substituto bruto do item Y, com <strong>de</strong>manda elástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
b) complementar do bem Y, com <strong>de</strong>manda inelástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
c) substituto bruto do bem Y, com <strong>de</strong>manda inelástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
d) complementar bruto do bem Y, com <strong>de</strong>manda elástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
e) complementar do bem Y, com elasticida<strong>de</strong> unitária em relação ao preço <strong>de</strong> Y.<br />
11. Se a elasticida<strong>de</strong>-arco da procura por carne for igual a <strong>–</strong>2 e se o preço do quilo passar<br />
<strong>de</strong> R$ 9,00 para R$ 11,00, a queda percentual na quantida<strong>de</strong> procurada será <strong>de</strong>:<br />
a) 20%;<br />
b) 50%;<br />
c) 30%;<br />
d) 25%;<br />
e) 40%.<br />
12. (Questão da prova do concurso para Auditor do Tesouro Municipal <strong>–</strong>Recife-2003)<br />
Consi<strong>de</strong>rando uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda representada por uma linha reta, é correto afirmar:<br />
a) no ponto médio da “curva” <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é zero;<br />
b) o valor absoluto da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é igual a 1 e constante em todos<br />
os pontos da “curva” <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
c) o valor absoluto da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é maior que 1 para todos os<br />
pontos da “curva” <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
d) a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda varia ao longo da “curva” <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
e) quando P = 0, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é igual a 1.<br />
13. (Questão da prova <strong>de</strong> Analista <strong>de</strong> Planejamento e Orçamento <strong>–</strong> MPOG <strong>–</strong> 2003)<br />
Consi<strong>de</strong>rando uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por um <strong>de</strong>terminado bem, po<strong>de</strong>-se afirmar que:<br />
a) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do formato da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é<br />
constante ao longo da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, qualquer que sejam os preços e<br />
quantida<strong>de</strong>s;<br />
b) na versão linear da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é 1 quando<br />
Q = zero;<br />
c) na versão linear da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é zero<br />
quando p = zero;<br />
d) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do formato da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong> nunca po<strong>de</strong> ter o seu<br />
valor absoluto inferior à unida<strong>de</strong>;<br />
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e) não é possível calcular o valor da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda ao longo <strong>de</strong> uma<br />
curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda linear.<br />
14. (Questão da prova TCU <strong>–</strong>Analista <strong>de</strong> Finanças e Controle Externo <strong>–</strong> 2000) Sobre a<br />
incidência <strong>de</strong> um imposto sobre a venda <strong>de</strong> uma mercadoria específica é correto afirmar<br />
que:<br />
a) em um mercado concorrencial aumentará os preços se a <strong>de</strong>manda for inelástica e a<br />
oferta elástica;<br />
b) haverá aumento <strong>de</strong> preço <strong>de</strong> preço se a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda for totalmente elástica e o<br />
mercado for concorrencial;<br />
c) implicará um aumento <strong>de</strong> preços apenas em mercados oligopolizados;<br />
d) não provocará aumento nos preços em mercados concorrenciais, po<strong>de</strong>ndo provocalo<br />
em mercados oligopolizados, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das elasticida<strong>de</strong>s da oferta e da<br />
<strong>de</strong>manda;<br />
e) não provocará aumento <strong>de</strong> preços se a <strong>de</strong>manda for inelástica e o mercado<br />
concorrencial.<br />
____________________<br />
Gabarito dos exercícios propostos:<br />
1. d 2. a 3. b 4. d 5. c<br />
6. c 7. d 8. b 9. e 10. b<br />
11. e 12. d 13. c 14. d<br />
_____________________<br />
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<strong>AULA</strong> 1: INTRODUZINDO A ECONOMIA<br />
Nessa nossa primeira aula, nós vamos<br />
apresentar alguns conceitos básicos e<br />
específicos da Economia, que serão muito<br />
importantes para o nosso aprendizado dos<br />
tópicos que veremos mais adiante, <strong>de</strong> nível<br />
intermediário e até mais avançados da teoria<br />
econômica. Para aqueles que já estudaram<br />
Economia ou que já são iniciados nesta<br />
disciplina, este tópico será útil como revisão<br />
daqueles conceitos. 1<br />
1.1. Mas, afinal, <strong>de</strong> que trata a Economia?<br />
Durante toda a nossa vida somos afetados pelas<br />
condições econômicas da comunida<strong>de</strong> em que vivemos. As<br />
roupas que vestimos, os alimentos que comemos, a escola<br />
que freqüentamos, o salário que recebemos, os problemas do<br />
<strong>de</strong>semprego e da inflação, são todos fatores ligados<br />
diretamente às condições econômicas. Você certamente já se<br />
fez uma série <strong>de</strong> perguntas relacionas à condição econômica<br />
dos países e das pessoas e para as quais nunca encontrou<br />
respostas satisfatórias. São perguntas do tipo: -Por que<br />
existem umas poucas economias ditas <strong>de</strong>senvolvidas<br />
enquanto em um elevado número <strong>de</strong> países as condições <strong>de</strong><br />
vida ainda são bastante precárias? Por que algumas pessoas<br />
são ricas, enquanto muitas ainda enfrentam o problema <strong>de</strong><br />
não ter moradia nem alimentação a<strong>de</strong>quada? Por que<br />
algumas pessoas recebem altos salários, enquanto outras<br />
ganham apenas o suficiente para a sua sobrevivência? Por<br />
que existe tanto <strong>de</strong>semprego? Por que há períodos em que os<br />
preços sobem persistentemente, enquanto, em outros, os<br />
1 As eventuais notas explicativas que apareceriam em notas <strong>de</strong> rodapé foram jogadas para o final do texto.<br />
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1
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preços permanecem relativamente estáveis? Por que o Brasil<br />
e outros países têm uma dívida externa tão elevada e,<br />
aparentemente, são incapazes <strong>de</strong> pagá-la?<br />
O estudo da Economia objetiva a compreensão <strong>de</strong> todos<br />
esses problemas, fornecendo respostas a essas e a diversas<br />
outras questões. A ciência econômica po<strong>de</strong> nos proporcionar<br />
um melhor entendimento <strong>de</strong> como funciona o sistema sócioeconômico<br />
que nos cerca, e o que po<strong>de</strong> ser feito para<br />
prevenir, corrigir ou pelo menos aliviar problemas como a<br />
pobreza, o <strong>de</strong>semprego e a inflação.<br />
Em geral, os estudantes, ao iniciarem seu estudo, querem<br />
uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Economia. Existem diversas como, por<br />
exemplo:<br />
.<br />
“A economia é o estudo da maneira pela qual os homens utilizam<br />
recursos produtivos para produzir mercadorias e serviços para satisfazer<br />
as necessida<strong>de</strong>s dos membros da socieda<strong>de</strong>.”<br />
Agora um outro ponto importante a registrar: você já<br />
percebeu o quanto as pessoas são insaciáveis? De uma forma<br />
geral, quanto mais elas têm, mais elas querem, concorda? Se<br />
conseguem um primeiro emprego para ganharem R$ 500,<br />
ficam fora <strong>de</strong> si <strong>de</strong> contentes. Passados, porém, os primeiros<br />
dias ou meses, o encanto do primeiro emprego acaba e a<br />
pessoa passa a procurar ou a se preparar para um emprego<br />
melhor, que pague mais. E quando conseguem este emprego<br />
melhor, a coisa não pára aí. A pessoa continua cada vez<br />
querendo mais e melhor. O mesmo ocorre quando a gente<br />
compra o primeiro carro que, na maioria dos casos, não é lá<br />
essas coisas! Passada a euforia inicial, a gente já está<br />
pensando em adquirir um outro mais novo e mais vistoso. E<br />
assim vai.<br />
Tudo isso leva-nos à conclusão <strong>de</strong> que as necessida<strong>de</strong>s<br />
humanas são ilimitadas. De um modo geral, quando as<br />
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2
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necessida<strong>de</strong>s básicas (alimentação, moradia, vestuário) são<br />
atendidas, o indivíduo passa a sentir outras necessida<strong>de</strong>s,<br />
como educação, lazer, melhoria <strong>de</strong> seu padrão <strong>de</strong> vida <strong>–</strong><br />
melhor casa, melhores roupas, um automóvel mais novo, e<br />
assim por diante. Uma vez atendidas plenamente as<br />
necessida<strong>de</strong>s ditas materiais, o indivíduo passa a ter outro<br />
tipo <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>: a estima dos amigos, o reconhecimento<br />
e aceitação <strong>de</strong> seu grupo social, necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> status e<br />
coisas do gênero.<br />
Para satisfazer a maior quantida<strong>de</strong> possível <strong>de</strong>ssas<br />
necessida<strong>de</strong>s, a socieda<strong>de</strong> conta com recursos como terra,<br />
mão-<strong>de</strong>-obra, máquinas, equipamentos, conhecimentos<br />
técnicos e muitos outros. Esses recursos, no entanto, são<br />
bastante limitados e, portanto, nem todas as necessida<strong>de</strong>s<br />
po<strong>de</strong>m ser simultaneamente satisfeitas.<br />
As escassez <strong>de</strong> recursos, então, torna-se o problema<br />
fundamental <strong>de</strong> cada socieda<strong>de</strong>. Como resultado, a socieda<strong>de</strong>,<br />
através do instrumental analítico fornecido pela ciência<br />
econômica <strong>–</strong> princípios, teorias, mo<strong>de</strong>los -, procura usar os<br />
recursos escassos tão eficientemente quanto possível, a fim<br />
<strong>de</strong> produzir o máximo <strong>de</strong> bens e serviços que <strong>de</strong>seja. O<br />
campo <strong>de</strong> atuação da Economia seria, assim, o estudo da<br />
escassez e a administração eficiente dos recursos. Eficiência,<br />
aqui, significa reduzir o <strong>de</strong>sperdício ao mínimo. Em outras<br />
palavras, po<strong>de</strong>-se dizer que...<br />
...uma economia estará produzindo da forma mais eficiente possível<br />
quando não po<strong>de</strong> aumentar a produção <strong>de</strong> um bem sem reduzir a produção<br />
Observe-se que, se não houvesse escassez, quer dizer, se<br />
todos os recursos fossem abundantemente disponíveis, não<br />
haveria necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estudar economia.<br />
1.2 Alguns conceitos econômicos básicos<br />
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Antes <strong>de</strong> entrarmos na teoria econômica propriamente<br />
dita, é interessante que sejam conceituados alguns termos<br />
econômicos que serão bastante usados ao longo do texto e<br />
cujo conhecimento é essencial para uma melhor compreensão<br />
do assunto. Assim, temos:<br />
Bens e serviços <strong>–</strong> são o resultado do processo<br />
produtivo. Bens são as coisas concretas, tangíveis, como<br />
roupas, televisores, sapatos, canetas, etc; serviços são coisas<br />
intangíveis, como transporte, educação, saú<strong>de</strong>, intermediação<br />
financeira, comunicações, etc.<br />
Fatores <strong>de</strong> produção - este é um termo típico do<br />
“economês”. Fatores <strong>de</strong> produção são todos os recursos<br />
utilizados na produção dos bens e serviços para a satisfação<br />
<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong>sejos do homem. Englobam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />
recursos naturais não-renováveis, como terra e água, até<br />
máquinas, equipamentos, recursos humanos, galpões,<br />
conhecimento técnico, capacida<strong>de</strong> empresarial, e muitos<br />
outros.<br />
Convenientemente, todos esses recursos produtivos são<br />
classificados, <strong>de</strong> uma forma simplificada, em três categorias:<br />
a) Terra <strong>–</strong> compreen<strong>de</strong>ndo todos os recursos naturais<br />
não-renováveis, como terra, água e ar.<br />
b) Trabalho <strong>–</strong> correspon<strong>de</strong>ndo aos recursos físicos,<br />
mentais e intelectuais do homem, aplicados na produção.<br />
c) Capital <strong>–</strong> englobando todos os recursos “produzidos”<br />
para serem utilizados na produção <strong>de</strong> outros bens, incluindo<br />
aí, principalmente, máquinas, equipamentos e prédios.<br />
Os bens, por sua vez, po<strong>de</strong>m ser classificados <strong>de</strong><br />
diversas formas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> sua natureza, da quantida<strong>de</strong><br />
disponível, <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>stino, <strong>de</strong> quem os consome, da fase em<br />
que se encontra no processo produtivo etc. Assim, temos:<br />
-Bens livres <strong>–</strong> são aqueles que, apesar <strong>de</strong> serem limitados<br />
em quantida<strong>de</strong>, existem em relativa abundância. O uso <strong>de</strong><br />
parte <strong>de</strong>sses bens, por alguém, não afeta ou reduz seu<br />
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consumo por outra pessoa. São exemplos <strong>de</strong> bens livres o ar,<br />
a água do mar, etc. Por existirem em abundância, não têm<br />
preço, não caracterizando um problema econômico.<br />
-Bens econômicos <strong>–</strong> são aqueles bens relativamente<br />
escassos, não sendo suficientes para aten<strong>de</strong>r a todos. Como<br />
tal, têm um valor (preço) <strong>de</strong> mercado.<br />
-Bens intermediários <strong>–</strong> são bens que ainda vão sofrer<br />
algum tipo <strong>de</strong> transformação, não estando, portanto,<br />
disponíveis para o consumidor. Como exemplos, po<strong>de</strong>m ser<br />
citados o couro (que ainda vai entrar na fabricação do<br />
sapato), a ma<strong>de</strong>ira (que vai virar móvel), o tecido (que vai<br />
ser usado na produção <strong>de</strong> roupas), etc.<br />
-Bens finais <strong>–</strong> são os bens já disponíveis para o<br />
consumidor, seja nas lojas, seja nas padarias ou nos<br />
supermercados.<br />
Um aspecto importante a registrar é que o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> um<br />
bem é que o caracteriza como bem intermediário ou bem<br />
final. Assim, por exemplo, a farinha <strong>de</strong> trigo tanto po<strong>de</strong> ser<br />
um como outro. A farinha que está na padaria para a<br />
fabricação <strong>de</strong> pães é um bem intermediário; já a farinha <strong>de</strong><br />
trigo vendida no varejo, nas mercearias e supermercados, é<br />
um bem final, pois está ali disponível para o consumidor<br />
comprá-la. E se você adquirir um farol para seu carro numa<br />
loja <strong>de</strong> auto-peças, você classificaria este farol como bem<br />
intermediário ou como bem final? 2<br />
-Bens <strong>de</strong> consumo <strong>–</strong> são os bens <strong>de</strong>stinados à satisfação<br />
<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s pessoais, como, por exemplo, arroz, roupas,<br />
automóveis.<br />
Os bens <strong>de</strong> consumo se classificam em três tipos: os bens<br />
<strong>de</strong> consumo não-duráveis <strong>–</strong> que são aqueles que se esgotam<br />
<strong>de</strong> imediato, no ato <strong>de</strong> sua utilização pelo consumidor, como é<br />
o caso <strong>de</strong> alimentos e bebidas; <strong>–</strong> os bens <strong>de</strong> consumo<br />
duráveis <strong>–</strong> que são aqueles que têm uma vida útil, não se<br />
2 Você acertou se respon<strong>de</strong>u que o farol é, nesse caso, um bem final, pois foi adquirido por um consumidor.<br />
Se tivesse sido adquirido por um fabricante <strong>de</strong> carros, seria consi<strong>de</strong>rado um bem intermediário.<br />
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esgotando <strong>de</strong> imediato com o seu uso, como, por exemplo, os<br />
automóveis e os eletrodomésticos; <strong>–</strong> e, por fim, existem<br />
aqueles bens que, a rigor, não se enquadram nem no<br />
primeiro grupo nem no segundo, e que são, por isso mesmo,<br />
chamados <strong>de</strong> bens semi-duráveis <strong>–</strong> como são exemplos o<br />
vidro, a roupa e calçados.<br />
Você seria capaz <strong>de</strong> citar pelo menos mais um exemplo <strong>de</strong><br />
cada um <strong>de</strong>sses tipos <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo?<br />
Mas, continuemos com nossa classificação <strong>de</strong> bens:<br />
-Bens <strong>de</strong> capital <strong>–</strong> são os bens produzidos para serem<br />
utilizados na produção <strong>de</strong> outros bens, não se <strong>de</strong>stinando ao<br />
consumo final dos indivíduos, como é o caso das máquinas e<br />
equipamentos, <strong>de</strong> prédios e galpões.<br />
-Bens complementares <strong>–</strong> são bens consumidos<br />
conjuntamente, isto é, o consumo do bem X leva ao consumo<br />
do bem Y, como, por exemplo, carro e pneu, pão e manteiga.<br />
Quais mais?<br />
-Bens substitutos <strong>–</strong> são bens consumidos <strong>de</strong> forma<br />
concorrente, isto é, o consumo do bem X exclui o consumo do<br />
bem Y, sendo exemplo clássico a manteiga e a margarina, ou<br />
dois carros <strong>de</strong> um mesmo padrão, porém <strong>de</strong> marcas<br />
diferentes. Esses bens são também chamados na teoria<br />
econômica <strong>de</strong> bens sucedâneos ou bens concorrentes.<br />
A variação na renda real e o consumo <strong>de</strong> bens<br />
Existe ainda uma outra classificação <strong>de</strong> bens quando nós<br />
associamos o seu consumo a uma variação da renda real do<br />
consumidor 3 . Assim, por exemplo, há alguns bens cujo<br />
3 Veja que estamos falando <strong>de</strong> renda “real” e não simplesmente <strong>de</strong> renda. O conceito <strong>de</strong> renda real está<br />
relacionado com os preços dos produtos. Assim, por exemplo, se, num período qualquer, os preços sobem<br />
15% e o seu salário cresce, também, 15%, você não está nem melhor, nem pior do que antes. Sua renda<br />
“nominal’ cresceu 15%, mas sua renda real permaneceu do mesmo jeito. Agora, se os preços subiram 15% e<br />
seu salário cresceu 25%, você está melhor agora, pois po<strong>de</strong> comprar mais bens agora do que antes, já que sua<br />
renda nominal cresceu mais que a inflação. Ou seja, sua renda real, agora, está maior que antes. Pelo mesmo<br />
raciocínio, se os preços subiram 15% e seu salário só foi corrigido em 8%, no período, houve, então, uma<br />
queda em sua renda real e você ficou mais pobre.<br />
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consumo cai quando a renda real do consumidor aumenta e<br />
vice-versa. Estes bens são chamados <strong>de</strong> bens inferiores; há<br />
outros bens cujo consumo aumenta quando a renda real<br />
aumenta e vice-versa, ainda que não seja na mesma<br />
proporção. Estes bens são <strong>de</strong>nominados bens normais. Há,<br />
ainda, um terceiro tipo <strong>de</strong> bem cujo consumo cresce<br />
proporcionalmente mais que o crescimento da renda real do<br />
consumidor (e vice-versa). A estes geralmente se dá o nome<br />
<strong>de</strong> bens superiores.<br />
E o que são bens públicos e bens privados?<br />
Ah, já ia me esquecendo <strong>de</strong> falar <strong>de</strong>sses dois tipos <strong>de</strong><br />
bens <strong>–</strong> muito importantes, principalmente para quem vai<br />
estudar finanças públicas. Então vamos lá:<br />
Bens públicos são aqueles bens cujo consumidor não é<br />
individualmente i<strong>de</strong>ntificado nem a quantida<strong>de</strong> consumida é<br />
<strong>de</strong>terminada. Mais ainda, o consumo <strong>de</strong>ste bem por alguém<br />
não exclui a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outrem consumi-lo na mesma<br />
intensida<strong>de</strong>. O exemplo típico é a segurança nacional, o<br />
serviço <strong>de</strong> polícia e <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> bombeiros. Uma vez<br />
oferecidos esses serviços, todos, querendo ou não, se<br />
beneficiam <strong>de</strong>les. Como não se sabe quem consumiu o bem<br />
ou serviço e nem quanto foi consumido por cada um, não há<br />
como cobrar do indivíduo por seu consumo. Nesse caso, o<br />
setor privado não tem nenhum interesse em oferecer esse<br />
bem ou serviço, cabendo ao Estado fornecê-lo, cobrando,<br />
para tanto, um imposto <strong>de</strong> todos.<br />
Já bens privados, ao contrário, são aqueles cujo<br />
consumidor e a quantida<strong>de</strong> por ele consumida são conhecidos.<br />
Nesse caso, o benefício e a satisfação do consumo se esgotam<br />
no próprio consumidor e, portanto, cabe a ele pagar pelo<br />
mesmo. Como, nesse caso, são conhecidos tanto o<br />
consumidor como a quantida<strong>de</strong> que ele adquiriu, fica fácil<br />
cobrar <strong>de</strong>le por este consumo. Assim sendo, o setor privado<br />
terá interesse em fornecer esse bem ou serviço. É o caso <strong>de</strong><br />
automóveis, roupas, calçados e eletrodomésticos.<br />
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Há, ainda, um terceiro tipo <strong>de</strong> bem cujo consumidor é<br />
i<strong>de</strong>ntificado, mas o benefício <strong>de</strong>corrente do seu consumo<br />
extrapola o consumidor individual, terminando por atingir,<br />
direta ou indiretamente, toda a socieda<strong>de</strong>. É o caso da<br />
educação e da saú<strong>de</strong>. Por esse motivo, esses bens po<strong>de</strong>m ser<br />
oferecidos tanto pelo setor privado, como pelo Estado,<br />
atuando ambos <strong>de</strong> forma complementar. A esses bens<br />
costuma-se dar o nome <strong>de</strong> bens semipúblicos ou meritórios.<br />
1.3. Consumo X investimento<br />
Dois conceitos que, também, <strong>de</strong>vem ser introduzidos<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> já são o consumo e o investimento. Ambos são gastos,<br />
porém <strong>de</strong> natureza diferente. Consumo refere-se aos gastos<br />
ou <strong>de</strong>spesas com bens e serviços que satisfazem<br />
necessida<strong>de</strong>s pessoais, como são os gastos com alimentação,<br />
automóveis, saú<strong>de</strong>, vestuário e lazer. Já investimento referese<br />
às <strong>de</strong>spesas voltadas para a ampliação da capacida<strong>de</strong><br />
produtiva da economia. Exemplos típicos <strong>de</strong> gastos <strong>de</strong><br />
investimento seriam a construção <strong>de</strong> uma hidroelétrica, a<br />
construção ou ampliação <strong>de</strong> uma fábrica, a aquisição <strong>de</strong> novas<br />
máquinas e equipamentos por uma firma, etc.<br />
Relacionada ao investimento está a poupança <strong>–</strong> que po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>finida como a parte da renda dos indivíduos ou das<br />
empresas que não é gasta. É importante frisar que sem<br />
poupança não há investimento. Alguém na economia tem <strong>de</strong><br />
poupar, isto é, sacrificar consumo, para que haja recursos que<br />
financiem o investimento.<br />
De outra parte, cumpre <strong>de</strong>stacar que, em termos<br />
econômicos, nem sempre o que se constitui ou se <strong>de</strong>nomina<br />
<strong>de</strong> investimento para um indivíduo o será para a economia.<br />
Assim, por exemplo, se você adquire um lote, isso po<strong>de</strong> se<br />
constituir num “bom investimento” para você mas, é preciso<br />
consi<strong>de</strong>rar que esta operação em nada alterou a economia, já<br />
que sua capacida<strong>de</strong> produtiva continua a mesma. Assim,<br />
economicamente falando, esta aquisição <strong>de</strong> um lote que, para<br />
você, po<strong>de</strong> ter sido um bom negócio ou um “bom<br />
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investimento”, não se constitui em investimento para a<br />
economia. Da mesma forma, uma aplicação individual em<br />
ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> poupança ou em <strong>de</strong>pósito bancário a prazo, com<br />
ganho <strong>de</strong> juros, ainda que comumente seja chamada <strong>de</strong><br />
“investimento”, não passa <strong>de</strong> uma poupança que,<br />
posteriormente, po<strong>de</strong>rá ou não dar origem a novos<br />
investimentos, isto é, a gastos que ampliem a capacida<strong>de</strong><br />
produtiva <strong>de</strong> uma empresa ou do país.<br />
1.4. Microeconomia versus Macroeconomia<br />
A Economia é estudada em dois campos ou níveis<br />
distintos: <strong>de</strong> um lado, temos a microeconomia que estuda o<br />
comportamento econômico dos agentes econômicos como os<br />
consumidores, os proprietários dos recursos produtivos e as<br />
empresas produtoras; também estuda a <strong>de</strong>terminação e as<br />
variações dos preços dos recursos produtivos <strong>–</strong> como já visto,<br />
chamados <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> produção - e dos bens e serviços<br />
tomados cada um <strong>de</strong> per si. À microeconomia cabe, ainda, o<br />
estudo da produção da firma e dos diversos tipos <strong>de</strong><br />
mercados - concorrência perfeita e oligopólio, por exemplo -<br />
on<strong>de</strong> atuam os ofertantes e <strong>de</strong>mandantes <strong>de</strong> bens e serviços.<br />
Assim, quando se falar na <strong>de</strong>manda e na oferta <strong>de</strong> sal, ou <strong>de</strong><br />
carros, <strong>de</strong> roupas, <strong>de</strong> passagens aéreas, etc, estamos falando<br />
<strong>de</strong> microeconomia.<br />
De outra parte, temos a macroeconomia - que trata da<br />
ativida<strong>de</strong> econômica em nível agregado. À macroeconomia<br />
cabe o estudo do nível da produção total <strong>de</strong> um país, da<br />
renda nacional, da produção industrial ou da produção<br />
agrícola como um todo. A<strong>de</strong>mais, a macroeconomia está<br />
preocupada com a <strong>de</strong>terminação do nível <strong>de</strong> emprego e do<br />
nível geral <strong>de</strong> preços.<br />
Assim, o estudo da produção <strong>de</strong> uma firma <strong>–</strong> por maior<br />
que ela seja - situa-se no campo da microeconomia, enquanto<br />
o estudo do setor industrial é um tópico da macroeconomia.<br />
Da mesma forma, se você estuda a ativida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong><br />
uma fazenda, você está <strong>de</strong>ntro da microeconomia; já o<br />
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estudo da agricultura como um todo pertence à<br />
macroeconomia.<br />
A rigor, o interesse pelo estudo e <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
mo<strong>de</strong>rna Macroeconomia ocorreu a partir da Gran<strong>de</strong><br />
Depressão do início dos anos trinta, tendo recebido impulso<br />
especial com a publicação da Teoria Geral do Emprego, do<br />
Juro e da Moeda, <strong>de</strong> John Maynard Keynes, em 1936. Des<strong>de</strong><br />
então, os estudos macroeconômicos estão voltados para a<br />
compreensão das causas das gran<strong>de</strong>s flutuações no nível do<br />
produto global e do emprego e na proposição <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong><br />
prevenção contra aquelas flutuações <strong>de</strong> forma que a ativida<strong>de</strong><br />
econômica opere sempre próxima do pleno emprego.<br />
Importante consi<strong>de</strong>rar que o estudo da macroeconomia<br />
po<strong>de</strong> ser enfocado no curto e no longo prazos. No curto prazo,<br />
a análise está voltada para a <strong>de</strong>terminação do nível <strong>de</strong><br />
produção efetiva, em um dado período, e na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />
medidas <strong>de</strong> política econômica que po<strong>de</strong>m ser adotadas para<br />
elevar esta produção caso esteja abaixo do nível do produto<br />
potencial da economia - <strong>de</strong>finido este pelo pleno emprego dos<br />
fatores <strong>de</strong> produção.<br />
No longo prazo, o enfoque macroeconômico está centrado<br />
na Teoria do Crescimento, on<strong>de</strong> são analisados os fatores que<br />
<strong>de</strong>terminam o nível e a taxa <strong>de</strong> crescimento da economia.<br />
Trata-se, na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um tópico mais avançado da<br />
macroeconomia e que, como tal, só será abordado por nós no<br />
curso <strong>de</strong> Economia II.<br />
1.5. O sistema econômico: agentes e fluxos<br />
Uma <strong>de</strong>scrição do sistema econômico como um todo <strong>de</strong>ve<br />
consi<strong>de</strong>rar, <strong>de</strong> um lado, os tipos <strong>de</strong> agentes econômicos que<br />
nele atuam e, <strong>de</strong> outro, os fluxos por ele gerados. Se<br />
consi<strong>de</strong>rarmos, por simplificação, uma economia fechada, isto<br />
é, sem relações econômicas com outros países (sem<br />
exportações e importações, por exemplo), po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar<br />
os seguintes agentes que atuam no sistema econômico:<br />
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. As unida<strong>de</strong>s familiares<br />
. As empresas.<br />
. O governo.<br />
No sistema econômico, às unida<strong>de</strong>s familiares cabe o<br />
papel <strong>de</strong> fornecer os recursos produtivos às empresas<br />
(recursos naturais, mão-<strong>de</strong>-obra, capital, capacida<strong>de</strong><br />
empresarial, etc.), recebendo, em troca, uma remuneração <strong>–</strong><br />
isto é, uma renda - que, num momento seguinte, será voltada<br />
para adquirir das empresas bens e serviços <strong>de</strong> que<br />
necessitam.<br />
As empresas, por seu turno, <strong>de</strong>mandam das unida<strong>de</strong>s<br />
familiares os recursos produtivos <strong>de</strong> que precisam,<br />
remunerando-as com uma renda (salários, aluguéis, juros e<br />
lucros), enquanto ofertam para as mesmas os bens e serviços<br />
que produzem.<br />
Ao governo cabe o papel principal <strong>de</strong> regulador da<br />
ativida<strong>de</strong> econômica e <strong>de</strong> provedor dos chamados “bens<br />
públicos”- dos quais são exemplos, como já vimos, a<br />
segurança nacional, o serviço <strong>de</strong> polícia, a administração da<br />
justiça - além <strong>de</strong> garantir o fornecimento dos chamados “bens<br />
meritórios”, como educação e saú<strong>de</strong>. Para o <strong>de</strong>sempenho<br />
<strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, o governo arrecada impostos dos agentes<br />
econômicos como, por exemplo, o imposto <strong>de</strong> renda (IR) e o<br />
imposto sobre produtos industrializados (IPI).<br />
Num mo<strong>de</strong>lo mais completo, teríamos <strong>de</strong> incluir um<br />
quarto agente econômico, <strong>de</strong>nominado comumente <strong>de</strong> resto<br />
do mundo, que respon<strong>de</strong> pelas importações e exportações <strong>de</strong><br />
bens e serviços do país.<br />
O funcionamento rotineiro do sistema econômico é melhor<br />
retratado através do fluxo circular da ativida<strong>de</strong> econômica,<br />
conforme ilustrado na Figura 1.1. A rigor, é possível<br />
i<strong>de</strong>ntificar naquela figura quatro fluxos do sistema econômico,<br />
bastante distintos. Um primeiro fluxo po<strong>de</strong> ser visto na parte<br />
inferior da Figura 1.1., constituído dos fatores <strong>de</strong> produção -<br />
que fluem das famílias para as empresas; um segundo, se<br />
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constitui do fluxo <strong>de</strong> renda - correspon<strong>de</strong>ndo aos pagamentos<br />
pelas empresas aos proprietários dos fatores <strong>de</strong> produção<br />
utilizados, e que são traduzidos nos salários, aluguéis, juros e<br />
lucros. Na parte superior da Figura 1.1., temos mais dois<br />
fluxos: um seria o dos bens e serviços ofertados pelas<br />
empresas às unida<strong>de</strong>s familiares, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong><br />
produtos; o outro é caracterizado pelos pagamentos das<br />
famílias às empresas pela compra daqueles bens e serviços.<br />
Pela sua natureza, esses quatro fluxos costumam ser<br />
unificados em dois fluxos distintos:<br />
i) fluxos reais <strong>–</strong> assim consi<strong>de</strong>rados o fluxo <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong><br />
produção e o fluxo <strong>de</strong> produtos; e,<br />
ii) fluxos monetários <strong>–</strong> correspon<strong>de</strong>ndo ao fluxo <strong>de</strong><br />
renda e ao fluxo <strong>de</strong> pagamentos, pelas famílias, dos bens e<br />
serviços fornecidos pelas empresas.<br />
Figura 1.1<br />
Pagamentos pelos bens e serviços <strong>de</strong> consumo<br />
Bens e serviços <strong>de</strong> consumo<br />
Famílias Empresas<br />
Fatores produtivos - trabalho, terra e capital<br />
Salários, or<strong>de</strong>nados, aluguéis, juros e lucros<br />
É importante ressaltar que, se excluirmos o governo, o<br />
preço dos produtos ofertados no mercado pelas empresas<br />
correspon<strong>de</strong> exatamente ao custo <strong>de</strong> produção (lembrando<br />
que, do ponto <strong>de</strong> vista econômico, os lucros, como qualquer<br />
outro tipo <strong>de</strong> renda, fazem parte dos custos). Em outras<br />
palavras, não havendo governo, o valor global dos produtos<br />
ofertados é igual, por <strong>de</strong>finição, à soma <strong>de</strong> todos os salários,<br />
juros, aluguéis e lucros pagos ao longo <strong>de</strong> todo o processo<br />
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produtivo, em todas as suas etapas 4 . Havendo governo, o<br />
valor dos produtos no mercado será acrescido dos impostos<br />
indiretos (basicamente, o imposto sobre produtos<br />
industrializados <strong>–</strong> IPI -, o imposto sobre a circulação <strong>de</strong><br />
mercadorias e serviços <strong>–</strong> ICMS - e o imposto sobre serviços <strong>–</strong><br />
ISS), <strong>de</strong>duzindo-se os subsídios governamentais.<br />
Note-se que, para que o sistema funcione em equilíbrio 5 ,<br />
é necessário que todos os bens e serviços produzidos sejam<br />
vendidos. Como o valor da renda gerada no processo<br />
produtivo é igual ao valor dos produtos ofertados, isso<br />
significa que, para que a economia funcione <strong>de</strong> forma<br />
equilibrada, é necessário que todos gastem a renda que<br />
receberam das empresas, ou se nem todos gastarem, é<br />
necessário que alguém gaste no lugar <strong>de</strong>les.<br />
1.6. Vazamentos e injeções<br />
Ocorre, no entanto, que existem diversos obstáculos que,<br />
a princípio, impe<strong>de</strong>m que toda a renda auferida pelos<br />
indivíduos retorne às empresas sob a forma <strong>de</strong> compra <strong>de</strong><br />
bens e serviços. Esses obstáculos <strong>–</strong> chamados <strong>de</strong><br />
vazamentos <strong>–</strong> são a poupança (S), os impostos (T) e as<br />
importações (M). Esses três obstáculos reduzem seus gastos,<br />
concorrendo para “sobrar” produtos nas prateleiras das lojas.<br />
E por que isso acontece? É fácil explicar: suponha que você<br />
recebe um salário <strong>de</strong> R$2000,00. Para que a economia<br />
funcione bem, isto é, equilibradamente, você <strong>de</strong>veria gastar<br />
todo este seu salário (já que o valor da renda total é igual,<br />
por <strong>de</strong>finição, ao valor total dos produtos). Mas, aí vem o<br />
governo e lhe tira, na fonte, R$200,00 a título <strong>de</strong> imposto <strong>de</strong><br />
renda (sem falar na contribuição previ<strong>de</strong>nciária <strong>–</strong> que também<br />
4 Deve ser lembrado que as matérias <strong>–</strong>primas se constituem em custos para uma firma isolada. Porém, quando<br />
analisada a economia, no agregado, o valor das matérias-primas compradas por uma firma correspon<strong>de</strong> aos<br />
salários, juros, aluguéis e lucros pagos na etapa anterior e que, portanto, já foram computados como custos da<br />
firma que as produziu. Assim, no agregado, as matérias-primas <strong>de</strong>saparecem. Este ponto ficará claro mais<br />
adiante, no Capítulo <strong>de</strong> “contabilida<strong>de</strong> nacional”.<br />
5 “Equilíbrio”, em economia, significa igualda<strong>de</strong> entre a oferta e a <strong>de</strong>manda, seja a nível global, <strong>de</strong> toda a<br />
economia, seja a nível <strong>de</strong> um produto específico, como calçados, café, automóveis, etc.<br />
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não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um imposto!). Assim, mesmo que você<br />
queira gastar todo o seu salário comprando produtos, você só<br />
po<strong>de</strong>rá comprar R$1800,00 <strong>–</strong> que é o que lhe sobrou <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> retirado o IR. Mas, além disso, você ainda resolve fazer<br />
uma poupançazinha mensal <strong>de</strong>, digamos, R$150,00 para,<br />
mais à frente - quem sabe? <strong>–</strong> comprar um carrinho usado. Ao<br />
tomar esta <strong>de</strong>cisão, você estará <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> gastar mais<br />
R$150,00 na compra <strong>de</strong> produtos. Nessas alturas, você já<br />
reduziu suas compras em R$350,00. E <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo isso,<br />
você (ou outra pessoa) ainda <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> importar um<br />
microcomputador dos Estados Unidos. Mas, com que dinheiro<br />
você vai pagar esta importação? Certamente, com parte <strong>de</strong><br />
seu salário. Digamos que você gaste R$100,00 por mês com<br />
esta importação. Ora, o dinheiro que você gasta comprando<br />
bens do exterior faz reduzir o seu dinheiro disponível para<br />
gastar aqui <strong>de</strong>ntro. No final, somando estas três parcelas,<br />
você <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> gastar, isto é, <strong>de</strong> comprar bens e serviços<br />
<strong>de</strong>ntro do País, R$450,00! A esse seus “não-gastos” se dá o<br />
nome <strong>de</strong> vazamentos. Assim, dos R$2000,00 <strong>de</strong> seu salário,<br />
você só terá comprado R$1550,00 em mercadorias e serviços.<br />
Se nada for feito para compensar aqueles vazamentos,<br />
muitas empresas não terão como ven<strong>de</strong>r todos os bens e<br />
serviços que produziram e, em conseqüência, certamente<br />
ten<strong>de</strong>rão a reduzir sua produção no próximo período <strong>–</strong> o que<br />
po<strong>de</strong>rá se traduzir em crise econômica com <strong>de</strong>semprego.<br />
Para evitar que tal aconteça, é necessário criar<br />
mecanismos ou gastos compensatórios para cada vazamento.<br />
Esses gastos - chamados <strong>de</strong> injeções <strong>–</strong> são constituídos dos<br />
investimentos (I) <strong>–</strong> que compensam a poupança -, dos gastos<br />
do governo (G) <strong>–</strong> que <strong>de</strong>vem equivaler ao montante<br />
arrecadado sob a forma <strong>de</strong> impostos -, e as exportações (X) <strong>–</strong><br />
que <strong>de</strong>vem, na medida do possível, ser iguais ao valor das<br />
importações, para que o setor externo fique equilibrado.<br />
Ocorre, no entanto, que os agentes econômicos que<br />
poupam <strong>–</strong> isto é, as pessoas <strong>–</strong> não guardam qualquer relação<br />
com os agentes econômicos que fazem investimentos <strong>–</strong> isto é,<br />
as empresas. A<strong>de</strong>mais, a motivação para poupar é diferente<br />
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da motivação para investir. Assim, é perfeitamente plausível<br />
que, em <strong>de</strong>terminado ano ou período, o valor das poupanças<br />
seja diferente do valor dos investimentos, po<strong>de</strong>ndo um ser<br />
maior que o outro. Da mesma forma, o governo tanto po<strong>de</strong><br />
manter seu orçamento equilibrado, como po<strong>de</strong> gastar mais do<br />
que arrecada sob a forma <strong>de</strong> impostos (ou até gastar<br />
menos!!!). Também é bastante possível que o valor das<br />
exportações ora seja maior, ora seja menor que o valor das<br />
importações.<br />
Resumindo: o valor total das injeções tanto po<strong>de</strong> ser<br />
maior, como po<strong>de</strong> ser menor, como po<strong>de</strong> até ser igual ao<br />
valor das injeções. Obviamente, cada uma <strong>de</strong>ssas situações<br />
traz conseqüências diferentes para a economia do país, como<br />
veremos a seguir.<br />
1.7. Situações <strong>de</strong> equilíbrio e <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio<br />
macroeconômico<br />
Antes <strong>de</strong> analisarmos essas três hipóteses, é importante<br />
introduzir o conceito <strong>de</strong> “equilíbrio” em Economia. Equilíbrio<br />
refere-se a uma situação <strong>de</strong> mercado que, uma vez atingido,<br />
ten<strong>de</strong> a persistir. O equilíbrio <strong>de</strong> mercado ocorre quando a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> um produto é igual à quantida<strong>de</strong><br />
ofertada <strong>de</strong>sse produto. O equilíbrio po<strong>de</strong> se dar tanto a nível<br />
<strong>de</strong> um produto ou serviço tomado isoladamente, como a nível<br />
da economia como um todo. Assim, tanto se po<strong>de</strong> dizer que o<br />
mercado <strong>de</strong> automóveis está em equilíbrio, como se po<strong>de</strong><br />
dizer que a economia brasileira está em equilíbrio. Da mesma<br />
forma, po<strong>de</strong>-se também dizer que o mercado tal e tal está em<br />
<strong>de</strong>sequilíbrio <strong>–</strong> o que ocorre quando a <strong>de</strong>manda é maior ou<br />
menor que a oferta naquele mercado.<br />
Com esse conceito <strong>de</strong> equilíbrio em mente, vejamos as<br />
três situações que uma economia po<strong>de</strong> enfrentar quando se<br />
compara o valor das injeções com o valor dos vazamentos:<br />
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Suponha, em primeiro lugar, que as injeções sejam<br />
menores que os vazamentos. Isso quer dizer que ou os<br />
empresários não estão confiantes no <strong>de</strong>sempenho da<br />
economia nos próximos anos e, como tal, não estão dispostos<br />
a fazer muitos investimentos (ampliarem suas fábricas, ou<br />
criar novas indústrias) e, portanto, está sobrando poupança<br />
nos bancos, ou o país está exportando menos do que<br />
importando ou, apenas para raciocinar, o governo está<br />
gastando menos do que está arrecadando (será isso<br />
possível?!!!). Não importa qual seja a razão, mas se os<br />
vazamentos são maiores que as injeções, isso significa que<br />
está havendo menos compras do que <strong>de</strong>veria haver. Em<br />
termos econômicos, isto quer dizer que a <strong>de</strong>manda agregada<br />
está fraca, menor do que a oferta agregada <strong>de</strong> bens e<br />
serviços.<br />
Se assim é, qual <strong>de</strong>ve ser a conseqüência disso para a<br />
economia como um todo? Você certamente já <strong>de</strong>duziu o que<br />
<strong>de</strong>verá acontecer a partir daí: os empresários, percebendo<br />
que seus produtos não estão sendo todos vendidos, e que<br />
está havendo uma formação in<strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> estoques nas<br />
empresas, começam a reduzir a produção. E reduzir produção<br />
significa reduzir o nível <strong>de</strong> emprego e, numa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />
conseqüências, a redução do emprego implicará queda da<br />
renda das pessoas, que implicará um menor consumo, etc. A<br />
economia entra, assim, num círculo vicioso <strong>de</strong> recessão, com<br />
baixo nível <strong>de</strong> emprego-renda-consumo. Esta é a<br />
conseqüência mais direta <strong>de</strong> uma situação on<strong>de</strong> as injeções <strong>–</strong><br />
isto é, os gastos agregados <strong>–</strong> são menores que os<br />
vazamentos (que são os não-gastos), a nível<br />
macroeconômico.<br />
Vejamos, agora, a situação em que as injeções são<br />
maiores do que os vazamentos. Isso quer dizer que está<br />
havendo um volume <strong>de</strong> compras muito gran<strong>de</strong> na economia.<br />
Os empresários estão otimistas com o futuro da economia e<br />
estão fazendo muitos gastos <strong>de</strong> investimentos; o governo<br />
<strong>de</strong>ve, também, estar gastando mais do que arrecada em<br />
impostos e, também, po<strong>de</strong> ser que as exportações estão<br />
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acima das importações. Nesta situação, os lojistas, vendo que<br />
seus estoques estão acabando, fazem mais e mais pedidos às<br />
fábricas, obrigando estas a aumentarem a produção. O<br />
resultado disso é certamente mais crescimento econômico<br />
com mais geração <strong>de</strong> emprego. Depen<strong>de</strong>ndo da resposta mais<br />
ou menos rápida do setor produtivo, a pressão das compras<br />
em excesso po<strong>de</strong> (e <strong>de</strong>ve) pressionar os preços para cima,<br />
dando início a um processo inflacionário. Num primeiro<br />
momento, haverá crescimento econômico com inflação. Mas,<br />
com o passar do tempo, os agentes econômicos começam a<br />
perceber que a inflação está lhes causando perdas e mais<br />
perdas reais e, em conseqüência, passam a exigir correções<br />
compensatórias <strong>de</strong> salários, surgem mecanismos automáticos<br />
<strong>de</strong> correções <strong>de</strong> aluguéis e dos valores <strong>de</strong> contratos <strong>de</strong><br />
fornecedores, as taxas <strong>de</strong> juros se elevam para cobrir as<br />
taxas <strong>de</strong> inflação. Entra-se, então, no chamado círculo vicioso<br />
da inflação assim <strong>de</strong>scrito: a inflação gera correções <strong>de</strong><br />
salários e <strong>de</strong> outras rendas que geram mais inflação e que<br />
gera mais correções, e assim por diante. O final <strong>de</strong>ste<br />
processo é a conhecida espiral inflacionária <strong>de</strong> difícil controle<br />
e que acaba por paralisar a ativida<strong>de</strong> produtiva, entrando o<br />
país, novamente, na estagnação econômica. Ou, como se diz<br />
no jargão econômico, na estagflação, caracterizada pelo pior<br />
dos dois mundos: estagnação com inflação!<br />
Temos, por fim, a terceira situação, que é aquela em que<br />
o valor total das injeções se iguala com o valor total dos<br />
vazamentos, ou, em termos econômicos, trata-se <strong>de</strong> uma<br />
situação em que a chamada oferta agregada <strong>de</strong> bens e<br />
serviços é igual à chamada <strong>de</strong>manda agregada por esses<br />
produtos. Nesta situação, tudo o que se <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> comprar<br />
por causa da poupança, dos impostos arrecadados pelo<br />
governo e das importações foi exatamente compensado pelos<br />
gastos <strong>de</strong> investimentos, do governo e <strong>de</strong> exportações. Não<br />
sobra nem falta produto. Nesta hipótese, po<strong>de</strong>-se, então,<br />
afirmar que o sistema econômico estará em uma situação <strong>de</strong><br />
equilíbrio estável <strong>–</strong> uma situação em que a economia cresce a<br />
taxas mo<strong>de</strong>radas <strong>–</strong> digamos, entre 3% e 5%, - sem pressões<br />
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inflacionárias. Seria esta a situação “i<strong>de</strong>al” da economia <strong>–</strong> que<br />
é o que geralmente acontece com as economias<br />
<strong>de</strong>senvolvidas, como a Alemanha, a França, os Estados<br />
Unidos, o Canadá e outros.<br />
1.8. Outros conceitos econômicos relevantes<br />
Existem, ainda, alguns outros conceitos econômicos<br />
bastante relevantes e que certamente ajudarão você a<br />
enten<strong>de</strong>r melhor os tópicos macroeconômicos que estaremos<br />
<strong>de</strong>senvolvendo em aulas mais à frente. Senão, vejamos:<br />
i) Variáveis fluxo e variáveis-estoque<br />
Existem dois tipos <strong>de</strong> variáveis econômicas: as variáveisfluxo<br />
e as variáveis-estoque.<br />
As variáveis-fluxos são aquelas que são medidas em um<br />
<strong>de</strong>terminado período, tais como ano, trimestre, mês, semana,<br />
etc., po<strong>de</strong>ndo ser citados os seguintes exemplos:<br />
.salários pagos num <strong>de</strong>terminado mês;<br />
.exportações e importações no trimestre;<br />
.lucro das empresas no quadrimestre;<br />
.consumo <strong>de</strong> bens e serviços no ano;<br />
.o número <strong>de</strong> nascimentos e óbitos na semana;<br />
.a variação dos preços no semestre.<br />
Já as variáveis-estoque são aquelas medidas em uma<br />
<strong>de</strong>terminada data, sendo exemplos:<br />
.O estoque <strong>de</strong> mercadorias numa loja;<br />
.o capital investido numa fábrica;<br />
.a dívida externa do país;<br />
.o estoque <strong>de</strong> capital do país;<br />
.a dívida interna do governo;<br />
.a população <strong>de</strong> um país;<br />
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.a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda em circulação no país;<br />
Deve ficar claro que existe uma inter-relação entre as<br />
variáveis-fluxo e as variáveis estoque, como po<strong>de</strong> ser visto no<br />
exemplo <strong>de</strong> uma torneira que esteja <strong>de</strong>spejando água<br />
(variável-fluxo) num reservatório. O volume <strong>de</strong> água que<br />
existe em <strong>de</strong>terminado momento no reservatório é uma<br />
variável-estoque, mas este volume é afetado a cada momento<br />
pela vazão <strong>de</strong> água da torneira. Em outros termos, a variávelestoque<br />
(nível da água no reservatório) é influenciada pelo<br />
valor da variável-fluxo (que é a vazão da água da torneira).<br />
A mesma coisa se passa em Economia. A dívida externa<br />
<strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado país <strong>–</strong> que, em qualquer momento, é uma<br />
variável-estoque <strong>–</strong> é influenciado entre um momento e outro<br />
pelos fluxos <strong>de</strong> empréstimos e <strong>de</strong> amortizações feitas no<br />
período. Da mesma forma, existe, hoje ou agora, um estoque<br />
<strong>de</strong> automóveis no país ou numa cida<strong>de</strong>, mas com contínua<br />
produção <strong>de</strong> carros (fluxo), aquele estoque vai se alterando<br />
com o passar dos dias, dos meses ou do ano.<br />
ii) Mercados<br />
Todos temos na cabeça um quase perfeito conhecimento<br />
do que seja mercado. Mas, se você pergunta a um seu colega<br />
o que ele enten<strong>de</strong> por “mercado”, é quase certo que ele vai<br />
gaguejar, dissimular, tentar explicar, mas no fundo não vai<br />
saber <strong>de</strong>finir o que seja esta palavra. Então, vamos lá, tentar<br />
clarear a cabeça <strong>de</strong> seu amigo:<br />
Mercado é lugar no qual compradores e ven<strong>de</strong>dores se<br />
encontram para comprar ou ven<strong>de</strong>r bens, serviços e recursos.<br />
Existe um mercado para cada bem ou serviço, como também<br />
existe o mercado para um país como um todo. Você tanto<br />
houve falar no mercado <strong>de</strong> automóveis ou no mercado <strong>de</strong><br />
feijão, como no mercado brasileiro <strong>de</strong> café, <strong>de</strong> trabalho, etc.<br />
E, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do número <strong>de</strong> agentes que atuam em<br />
<strong>de</strong>terminado mercado <strong>–</strong> quantos compradores e ofertadores<br />
existem do produto <strong>–</strong> este mercado receberá uma<br />
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<strong>de</strong>nominação diferente (como monopólio, oligopólio, etc),<br />
mas isso será visto com mais <strong>de</strong>talhes na próxima aula.<br />
iii) Função<br />
Por fim, um outro termo que aparece muito nos textos<br />
<strong>de</strong> economia é “função”. Uma função nada mais é que uma<br />
relação matemática entre os valores <strong>de</strong> duas ou mais<br />
variáveis. A função mostra como o valor <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />
variável <strong>–</strong> chamada “variável <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte” <strong>–</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ou<br />
varia com o valor <strong>de</strong> uma ou mais variáveis - chamadas<br />
“in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes”. Assim, por exemplo, a função-<strong>de</strong>manda <strong>de</strong><br />
um produto no mercado mostra a relação entre a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> um produto num período e o preço <strong>de</strong>ste<br />
produto (mantendo o valor das <strong>de</strong>mais variáveis constante!).<br />
À medida que variamos os preços <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado produto,<br />
vão variando também as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mandadas <strong>de</strong>sse<br />
produto.<br />
Você seria capaz <strong>de</strong> lembrar <strong>de</strong> alguma outra função, em<br />
Economia? Se não se lembra, dê uma olhada nos exemplos<br />
que aparecem na “nota <strong>de</strong> rodapé” abaixo 6 .<br />
1.9. Resumindo esta nossa primeira aula<br />
Em resumo, esta nossa primeira aula serviu para<br />
introduzir aqueles não iniciados em Economia ao mundo<br />
maravilhoso <strong>de</strong>sta Ciência. Para aqueles que já têm uma certa<br />
base na disciplina, esta aula <strong>de</strong>ve ter sido útil para relembrar<br />
conceitos básicos que nos serão bastante úteis quando<br />
começarmos a estudar a Macroeconomia, já a partir da<br />
terceira aula.<br />
Hoje, nós vimos os diversos conceitos <strong>de</strong> bens, o<br />
conceito e a diferença <strong>de</strong> consumo e investimento, revisamos<br />
6 São inúmeros os exemplos <strong>de</strong> “função” na teoria econômica, como a função consumo (C = bYd), a função<br />
poupança (S = sYd), a função oferta (Qs = fP); a função investimento (I = i r), e tantos outros.<br />
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o funcionamento do sistema econômico <strong>–</strong> seus fluxos e<br />
agentes <strong>–</strong> e, por fim, analisamos o conceito <strong>de</strong> “equilíbrio”<br />
econômico, enfocando as situações <strong>de</strong> equilíbrio e<br />
<strong>de</strong>sequilíbrio macroeconômico e suas conseqüências para o<br />
nível <strong>de</strong> emprego, <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> produto.<br />
Na nossa próxima aula <strong>–</strong> a 2ª <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> 12 aulas -<br />
nós continuaremos introduzindo alguns conceitos econômicos<br />
básicos, quando vamos estudar os tipos <strong>de</strong> mercado<br />
existentes e a lei da oferta e da procura. Até nossa próxima<br />
aula, mas, antes, dê uma olhada nos exercícios <strong>de</strong> revisão do<br />
que foi visto até aqui.<br />
Uma boa sorte para você, um abraço e até nosso<br />
próximo encontro!<br />
_________________________<br />
Exercícios <strong>de</strong> revisão:<br />
1. Complete:<br />
I - Só a limitação física não produz escassez; o ar e a água do mar são limitados em<br />
quantida<strong>de</strong>, mas não caracterizam um problema econômico, porque, em<br />
circunstâncias normais, não são _________________, porque___________________<br />
II - Economia e escassez estão tão interligados que um bem escasso é chamado <strong>de</strong><br />
___________________________, e um bem que não é escasso é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong><br />
_____________________.<br />
III -Os recursos que entram no processo produtivo são chamados <strong>de</strong><br />
____________________. Já o resultado do processo <strong>de</strong> produção é chamado <strong>de</strong><br />
__________________________.<br />
IV - Classifique os itens abaixo (terra, trabalho ou capital):<br />
1. Terra usada para uma barragem ____________________<br />
2. Terra usada numa horta _____________________<br />
3. Um triturador <strong>de</strong> milho _________________________<br />
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4. Uma bate<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> bolo _______________________<br />
5. Os serviços <strong>de</strong> uma empregada doméstica _____________<br />
6. A água usada por engarrafador <strong>de</strong> cerveja ______________<br />
V - Na terminologia econômica, os meios (ou fatores <strong>de</strong> produção) produzidos são<br />
chamados <strong>de</strong> _________________________.<br />
VI - Recordando, faça a distinção entre:<br />
- Bens e serviços;<br />
- Bens <strong>de</strong> consumo e bens <strong>de</strong> capital;<br />
- Poupança e investimento.<br />
2. Com relação ao fluxo circular da ativida<strong>de</strong> econômica, para que o sistema econômico<br />
funcione em equilíbrio, é necessário e suficiente que:<br />
a) S = I;<br />
b) G = T e S = I;<br />
c) S = I e X = M;<br />
d) G = S, T = M e X = I;<br />
e) S = I, T = G e X = M.<br />
3. Com relação, ainda, ao ciclo da ativida<strong>de</strong> econômica, marque C (certo) ou E (errado)<br />
sentenças abaixo.<br />
a) ( ) A oferta <strong>de</strong> bens e serviços é tipicamente um fluxo real.<br />
b) ( ) O sistema econômico conta com dois mercados distintos: um <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong><br />
produção e outro <strong>de</strong> bens e serviços.<br />
c) ( ) O sistema econômico estará em equilíbrio se, e somente se, o total <strong>de</strong> poupança<br />
for igual ao total <strong>de</strong> investimentos.<br />
d) ( ) As empresas, as unida<strong>de</strong>s familiares e o governo são os agentes econômicos do<br />
sistema.<br />
e) ( ) O sistema econômico só estará em equilíbrio se todas as rendas geradas no<br />
processo produtivo forem gastas.<br />
f) ( ) A poupança se constitui numa “injeção” do fluxo monetário.<br />
g) ( ) As unida<strong>de</strong>s familiares são os agentes <strong>de</strong>mandantes tanto dos fatores <strong>de</strong> produção<br />
como dos bens e serviços.<br />
h) ( ) Se o total <strong>de</strong> injeções for igual ao total <strong>de</strong> vazamentos, o sistema econômico<br />
estará em equilíbrio, mas sem qualquer estímulo à expansão.<br />
i) ( ) Se o total das injeções for menor que o total <strong>de</strong> vazamentos, haverá recessão com<br />
inflação.<br />
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j) ( ) As importações são consi<strong>de</strong>radas vazamentos no fluxo <strong>de</strong> renda.<br />
k) ( ) O processo produtivo dá origem a dois fluxos distintos: o da renda (pagamento<br />
aos fatores <strong>de</strong> produção) e o fluxo real (oferta e procura dos bens e serviços).<br />
l) ( ) O processo produtivo mostra que a economia sempre e obrigatoriamente estará<br />
em equilíbrio, já que o valor da renda gerada é, por <strong>de</strong>finição, igual ao valor dos<br />
bens e serviços produzidos.<br />
m) ( ) Os gastos do governo são consi<strong>de</strong>rados “injeções”, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam iguais ao<br />
montante dos impostos arrecadados.<br />
n) ( ) Os serviços dos fatores <strong>de</strong> produção fluem das famílias para as empresas,<br />
enquanto o fluxo contrário, da renda, <strong>de</strong>stina-se ao pagamento <strong>de</strong> salários,<br />
aluguéis, juros e lucros.<br />
..............<br />
Gabarito com alguns comentários:<br />
1. I - escassos; existem em relativa abundância;<br />
II - bem econômico; bem livre;<br />
III - fatores <strong>de</strong> produção; bens e serviços;<br />
IV - 1. terra; 2. terra; 3. capital; 4. capital; 5. trabalho; 6. terra.<br />
V - bens <strong>de</strong> capital;<br />
VI- ambos são o resultado do processo produtivo; bens: são coisas concretas, tangíveis;<br />
serviços: são coisas intangíveis; bens <strong>de</strong> consumo: são bens <strong>de</strong>stinados a satisfazer<br />
necessida<strong>de</strong>s pessoais; bens <strong>de</strong> capital: são bens produzidos para produzir outros<br />
bens (ex. máquinas); poupança: é a parte da renda que não é gasta ou consumida;<br />
investimentos: são gastos voltados para aumentar a capacida<strong>de</strong> produtiva da firma<br />
ou do país.<br />
2. E<br />
3. a) C; b) C;<br />
c) E - Comentário: Recor<strong>de</strong>-se que, para que o sistema econômico funcione em<br />
equilíbrio, é necessário que todas as rendas sejam gastas. Se o proprietário da renda, por<br />
algum motivo não gastá-la inteiramente (porque quis poupar uma parte, ou porque o<br />
governo lhe tomou uma parte via impostos), alguém tem <strong>de</strong> gastá-la em seu lugar. Assim,<br />
não basta que a poupança seja igual aos investimentos para a economia estar em equilíbrio;<br />
é necessário que todas as <strong>de</strong>mais injeções sejam iguais aos respectivos vazamentos. Do<br />
contrário, ou sobra ou falta produto na economia, provocando, assim, uma situação <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sequilíbrio.<br />
d) C <strong>–</strong> Comentário: Esta afirmativa está correta <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a análise esteja<br />
consi<strong>de</strong>rando uma economia “fechada”, isto é, sem relações comerciais e financeiras com o<br />
exterior. Se “abrirmos” a economia, ou seja, consi<strong>de</strong>rando-se uma economia “aberta”,<br />
temos <strong>de</strong> acrescentar entre os agentes econômicos o “setor externo” ou o “resto do mundo”.<br />
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e) C <strong>–</strong> Comentário: veja comentário do item (c), acima.<br />
f) E;<br />
g) E <strong>–</strong> Comentário: As unida<strong>de</strong>s familiares ofertam recursos ou fatores<br />
produtivos e <strong>de</strong>mandam bens e serviços das empresas. Já estas últimas <strong>de</strong>mandam fatores<br />
produtivos e ofertam bens e serviços para as famílias.<br />
h) E <strong>–</strong> Comentário: Sim, o sistema econômico estará em equilíbrio, mas haverá<br />
estímulo, sim, ao crescimento. Ao verem que todos os seus produtos foram vendidos, as<br />
empresas estarão interessadas em produzir mais no próximo ano. Neste caso, a economia<br />
crescerá a taxas mo<strong>de</strong>radas, algo entre 3% e 5% ao ano.<br />
i) E; j)C; k) C;<br />
l)E <strong>–</strong> Comentário: Realmente, por <strong>de</strong>finição matemática, o valor total das rendas<br />
é igual ao valor total dos bens e serviços. Mas, para a análise do equilíbrio importa mesmo<br />
é verificar se todas as rendas foram gastas, adquirindo todos os produtos oferecidos.<br />
m) E <strong>–</strong> Comentário: Os gastos do governo são consi<strong>de</strong>rados injeções,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> serem iguais, maiores ou menores do que os impostos arrecadados.<br />
Em economia, gastos são sempre injeções (inclusive o consumo das famílias).<br />
n) C.<br />
Até nossa próxima aula!<br />
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.--.-.-.-.-.-.-.-.<br />
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<strong>AULA</strong> 2: ESTUDO DO MERCADO: DEMANDA<br />
E OFERTA<br />
2.1. Introdução<br />
Nesta nossa 2ª aula, nós continuaremos<br />
discutindo tópicos <strong>de</strong> microeconomia<br />
que serão fundamentais para o nosso<br />
entendimento da Macroeconomia <strong>–</strong> que<br />
é, como você sabe, o objetivo maior <strong>de</strong><br />
nosso curso <strong>de</strong> Economia I. Nós vamos<br />
aqui <strong>de</strong>senvolver uma teoria simples do<br />
funcionamento do mercado, sua<br />
estrutura, a atuação da lei da oferta e<br />
da <strong>de</strong>manda e como são <strong>de</strong>finidos os<br />
preços numa economia capitalista, on<strong>de</strong><br />
o governo não interfere na economia.<br />
Costuma-se dizer que, numa economia capitalista, os<br />
problemas econômicos relativos à <strong>de</strong>cisão sobre que tipos <strong>de</strong><br />
produtos <strong>de</strong>vem ser produzidos e a que preços serão vendidos<br />
esses produtos são resolvidos normalmente pelo livre jogo<br />
das forças <strong>de</strong> mercado <strong>–</strong> isto é, pelo livre funcionamento da<br />
oferta e da <strong>de</strong>manda. Nesta hipótese, as <strong>de</strong>cisões e escolhas<br />
econômicas são individualizadas e feitas pelos consumidores <strong>–</strong><br />
que são os <strong>de</strong>mandantes dos bens e serviços <strong>–</strong> e pelos<br />
produtores <strong>–</strong> que são os ofertantes. Agindo <strong>de</strong> acordo com<br />
seus próprios interesses, os indivíduos, afetando e sendo<br />
afetados pelo sistema <strong>de</strong> preços, tomam as <strong>de</strong>cisões que<br />
maximizarão a satisfação coletiva.<br />
Nosso propósito nesta nossa segunda aula não é<br />
<strong>de</strong>senvolver uma teoria completa da <strong>de</strong>manda e da oferta e<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> todos os preços numa economia. Nosso<br />
objetivo aqui é, antes, o <strong>de</strong> introduzir uma visão simplificada<br />
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<strong>de</strong> como atua um sistema <strong>de</strong> preços e sua influência na<br />
alocação <strong>de</strong> recursos escassos.<br />
Ocorre, porém, que a <strong>de</strong>terminação do preço e da<br />
quantida<strong>de</strong> produzida <strong>de</strong> um bem ou serviço <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
essencialmente do número <strong>de</strong> agentes econômicos <strong>–</strong><br />
<strong>de</strong>mandantes e ofertantes <strong>–</strong> existentes nesse mercado. Por<br />
isso, é interessante caracterizar, antes, os diversos tipos <strong>de</strong><br />
mercado existentes.<br />
O mercado, como você sabe, é o local on<strong>de</strong> se encontram<br />
os ven<strong>de</strong>dores e compradores <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados bens e<br />
serviços. Antigamente, a palavra mercado tinha uma<br />
conotação estritamente geográfica, mas isso já está <strong>de</strong>ixando<br />
<strong>de</strong> ser assim. Hoje, com os avanços tecnológicos nas<br />
comunicações, as transações econômicas po<strong>de</strong>m se realizar<br />
sem contato pessoal direto entre comprador e ven<strong>de</strong>dor, tal<br />
como ocorre nas compras e vendas pela internet.<br />
Dito isso, vamos, então, conhecer os diversos tipos ou<br />
estruturas <strong>de</strong> mercado existentes.<br />
2.2. Estruturas <strong>de</strong> mercado<br />
Um mercado é constituído <strong>de</strong> compradores e ven<strong>de</strong>dores.<br />
A palavra mercado po<strong>de</strong> tanto se referir a uma economia<br />
como um todo <strong>–</strong> o mercado brasileiro ou mercado <strong>de</strong> São<br />
Paulo, por exemplo <strong>–</strong> ou a um produto ou um setor específico<br />
qualquer <strong>–</strong> o mercado <strong>de</strong> trabalho, o mercado agrícola, o<br />
mercado <strong>de</strong> automóveis, <strong>de</strong> calçados ou <strong>de</strong> livros.<br />
Observa-se, <strong>de</strong> outra parte, que as relações entre<br />
compradores e ven<strong>de</strong>dores seguem padrões diferentes,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tamanho <strong>de</strong>sse mercado, do número <strong>de</strong><br />
agentes econômicos (ven<strong>de</strong>dores e compradores) que nele<br />
atuam e até mesmo do tipo <strong>de</strong> produto comercializado. Como<br />
resultado, a forma como os preços são <strong>de</strong>terminados varia <strong>de</strong><br />
acordo com as características <strong>de</strong> cada mercado. Essas<br />
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características permitem diferenciar quatro estruturas básicas<br />
<strong>de</strong> mercado:<br />
i) Concorrência perfeita<br />
ii) Monopólio<br />
iii) Oligopólio<br />
iv) Concorrência monopolística.<br />
Geralmente, na literatura econômica, o monopólio, o<br />
oligopólio e a concorrência monopolística são chamados <strong>de</strong><br />
mercados imperfeitos.<br />
Vejamos, então, as características distintivas <strong>de</strong> cada um<br />
<strong>de</strong>sses mercados.<br />
. A concorrência perfeita<br />
Falemos, primeiro, da concorrência perfeita: para que<br />
um mercado seja caracterizado como <strong>de</strong> concorrência perfeita<br />
é necessário que preencha as seguintes condições básicas:<br />
a) existência <strong>de</strong> um número elevado <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dores<br />
e compradores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, cada qual muito pequeno<br />
em relação a esse mercado como um todo, sendo, em<br />
conseqüência, incapaz <strong>de</strong> afetar os níveis <strong>de</strong> oferta e<br />
procura do produto e o seu preço. A essa característica<br />
costuma-se <strong>de</strong>nominar <strong>de</strong> “atomização”.<br />
b) todas as firmas <strong>de</strong>sse mercado ven<strong>de</strong>m produtos<br />
homogêneos (idênticos ou substitutos próximos), <strong>de</strong> tal<br />
modo que os compradores possam comparar os preços;<br />
c) conhecimento ou informação perfeita das condições<br />
do mercado, tanto pelos ven<strong>de</strong>dores como pelos<br />
compradores, para que todos possam competir em pé <strong>de</strong><br />
igualda<strong>de</strong>;<br />
d) livre entrada e saída <strong>de</strong> empresas no mercado, ou<br />
seja, não há restrições para que uma empresa nova entre<br />
no mercado ou <strong>de</strong>le queira sair; e inexistência <strong>de</strong><br />
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associações <strong>de</strong> produtores visando impedir ou inibir a<br />
entrada <strong>de</strong> novas empresas.<br />
d) perfeita mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> produção,<br />
significando que a mão-<strong>de</strong>-obra e outros fatores<br />
produtivos <strong>de</strong> uma empresa para outra ou <strong>de</strong> uma região<br />
para outra.<br />
Na concorrência perfeita, é o mercado que estabelece o<br />
preço do produto, eliminando toda e qualquer possível<br />
exploração do consumidor, fazendo com que os preços sejam<br />
“justos”, no sentido <strong>de</strong> que sejam iguais aos custos (incluindo<br />
nesses o chamado “lucro normal”). O produtor, por ser um<br />
“átomo” nesse mercado, recebe o preço como dado, não<br />
tendo qualquer po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> alterá-lo.<br />
Examinando as características distintivas do mercado <strong>de</strong><br />
concorrência perfeita, você já <strong>de</strong>ve ter percebido que este<br />
mercado não é facilmente encontrado na prática. O exemplo<br />
mais próximo <strong>de</strong> um mercado <strong>de</strong> concorrência perfeita seria a<br />
bolsa <strong>de</strong> valores: o produto ali transacionado é homogêneo <strong>–</strong><br />
digamos, uma ação ordinária do Banco do Brasil; existem<br />
diariamente milhares <strong>de</strong> compradores e <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong>sta<br />
ação; todos os agentes econômicos que ali atuam têm<br />
perfeito conhecimento dos preços praticados para esta ação;<br />
e, por fim, há livre entrada <strong>de</strong> compradores e ven<strong>de</strong>dores<br />
nesse mercado.<br />
Um outro mercado também citado como próximo da<br />
concorrência perfeita é o <strong>de</strong> produtos agrícolas, como parece<br />
ocorrer, por exemplo, com o mercado <strong>de</strong> arroz <strong>–</strong> um produto<br />
padronizado, existindo milhares <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dores e <strong>de</strong><br />
compradores <strong>de</strong>sse produto no mercado.<br />
. Monopólio<br />
O monopólio é um tipo <strong>de</strong> mercado diametralmente<br />
oposto à concorrência perfeita. É o caso limite on<strong>de</strong> só existe<br />
um produtor ou fornecedor <strong>de</strong> um bem ou serviço. Nessa<br />
situação, o monopolista tem controle absoluto sobre o preço<br />
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<strong>de</strong> seu produto. Mas, isso não significa que o monopolista<br />
fixará o preço no nível mais alto que ele pu<strong>de</strong>r. Na verda<strong>de</strong>,<br />
consi<strong>de</strong>rando que a <strong>de</strong>manda pelo seu produto po<strong>de</strong> reagir ao<br />
aumento <strong>de</strong> preço, o monopolista irá fixá-lo no nível em que<br />
seus lucros totais sejam maximizados <strong>–</strong> o que po<strong>de</strong> ocorrer a<br />
um preço relativamente baixo.<br />
Exemplos <strong>de</strong> monopólio são as empresas fornecedoras <strong>de</strong><br />
energia elétrica, algumas <strong>de</strong> telefonia e a própria Petrobrás.<br />
Uma figura <strong>de</strong> comportamento similar ao monopólio e que<br />
é pouco divulgada e conhecida é o monopsônio <strong>–</strong><br />
caracterizado pelo mercado on<strong>de</strong> existe um só comprador do<br />
produto consi<strong>de</strong>rado. Seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> estabelecer o preço é o<br />
mesmo do monopólio. Um exemplo comum <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />
mercado ocorre com os pequenos e inúmeros produtores <strong>de</strong><br />
leite da zona oeste <strong>de</strong> Minas Gerais que, sem alternativa, se<br />
vêem obrigados a ven<strong>de</strong>r o produto para apenas uma gran<strong>de</strong><br />
empresa pasteurizadora sem concorrentes na região. Nesta<br />
situação, a empresa compradora (única da região) tem<br />
perfeitas condições <strong>de</strong> impor os preços para a compra do<br />
leite.<br />
. Oligopólio<br />
O oligopólio é um tipo <strong>de</strong> mercado que se diferencia da<br />
concorrência perfeita pelas seguintes características<br />
principais:<br />
a) o mercado é dominado por um número pequeno <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>s empresas;<br />
b) na maioria dos casos, muito embora possa haver<br />
diferenciação entre os produtos das diversas firmas, eles<br />
são perfeitos substitutos entre si, como é o caso do setor<br />
<strong>de</strong> eletrodomésticos, sabão em pó, automóveis, cimento,<br />
etc.<br />
c) como, na maioria dos casos, 80% a 90% do mercado<br />
é dominado por um pequeno número <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
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empresas, existe um relativo controle <strong>de</strong> preços por estas<br />
firmas, através <strong>de</strong> acordos ou conluios;<br />
d) as empresas do setor tentam ganhar mercado através<br />
<strong>de</strong> uma massiva publicida<strong>de</strong>, e nunca através <strong>de</strong> redução<br />
<strong>de</strong> preços;<br />
e) a ação <strong>de</strong> uma firma afeta as <strong>de</strong>mais, tornando-as<br />
inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, apresentando, geralmente, um firma<br />
maior que se comporta como lí<strong>de</strong>r das <strong>de</strong>mais.<br />
São inúmeros os exemplos <strong>de</strong> mercados oligopolísticos.<br />
Aliás, a característica dominante da economia brasileira é o<br />
alto grau <strong>de</strong> oligopolização <strong>de</strong> suas indústrias, como são<br />
exemplos a indústria automobilística, a indústria <strong>de</strong> aparelhos<br />
<strong>de</strong> tv, <strong>de</strong> gela<strong>de</strong>iras, <strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong> som, <strong>de</strong> cimento, <strong>de</strong><br />
sabonetes, <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte, e inúmeros outros.<br />
. Concorrência monopolística<br />
Concorrência monopolística é um mercado on<strong>de</strong> existem<br />
várias pequenas empresas disputando o mesmo tipo <strong>de</strong><br />
cliente, caracterizando uma situação mais ou menos<br />
eqüidistante da concorrência perfeita e do monopólio.<br />
Geralmente é encontrada no mercado <strong>de</strong> varejo. Suas<br />
características principais são:<br />
a) geralmente cada empresa tem seu próprio produto<br />
que, embora possa ser substituto próximo dos <strong>de</strong>mais,<br />
apresenta característica diferenciadora <strong>de</strong> firma para<br />
firma;<br />
b) são todas firmas <strong>de</strong> porte e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> concorrência<br />
relativamente semelhantes, o que limita bastante seu<br />
controle sobre seu preço;<br />
Exemplos <strong>de</strong> concorrência monopolística são as butiques<br />
<strong>de</strong> um shopping, os restaurantes, as escolas privadas, as<br />
padarias, as pequenas mercearias, etc.<br />
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São essas as principais estruturas <strong>de</strong> mercado existentes.<br />
Feita esta abordagem, temos, agora, condições <strong>de</strong> analisar<br />
como funcionam as forças <strong>de</strong> mercado <strong>–</strong> isto é, a oferta e a<br />
<strong>de</strong>manda - num sistema econômico capitalista, e como são<br />
<strong>de</strong>terminados os preços dos bens e serviços em geral, sem<br />
que o governo interfira nesse processo.<br />
2.3. Um exemplo simples <strong>de</strong> como funciona o<br />
mercado<br />
Para iniciar, vamos supor que numa <strong>de</strong>terminada cida<strong>de</strong><br />
exista uma feira livre on<strong>de</strong> são vendidas semanalmente, entre<br />
outros produtos, uma certa quantida<strong>de</strong> X <strong>de</strong> laranjas e uma<br />
quantida<strong>de</strong> Y <strong>de</strong> maçãs. Suponhamos mais que, por uma<br />
razão qualquer, verifica-se uma mudança na preferência dos<br />
consumidores e, em conseqüência, a <strong>de</strong>manda por laranjas<br />
tenha aumentado (talvez porque alguém tenha espalhado o<br />
boato <strong>de</strong> que a laranja é melhor para a saú<strong>de</strong> do que a<br />
maçã). Dado que a renda ou o po<strong>de</strong>r aquisitivo dos<br />
consumidores não se alterou, esta preferência por mais<br />
laranjas só será satisfeita se ocorrer uma queda na <strong>de</strong>manda<br />
por maçã.<br />
Como a produção <strong>de</strong> maçãs e <strong>de</strong> laranjas permanece<br />
inicialmente a mesma <strong>de</strong> antes, o que acontecerá com os<br />
preços <strong>de</strong>sses dois produtos? Ora, o aumento na procura <strong>de</strong><br />
laranjas provocará uma falta <strong>de</strong>ste produto, enquanto a<br />
queda na <strong>de</strong>manda por maçã provocará um excesso <strong>de</strong> oferta<br />
<strong>de</strong>ste produto. Em conseqüência, o preço da laranja se<br />
elevará, enquanto os ven<strong>de</strong>dores tratarão <strong>de</strong> reduzir o preço<br />
da maçã para acabar com o estoque. Como, agora, os lucros<br />
da venda <strong>de</strong> laranjas são maiores, os produtores irão<br />
transferir recursos (ou fatores) da produção <strong>de</strong> maçãs para a<br />
<strong>de</strong> laranjas, aumentando a oferta <strong>de</strong>stas e reduzindo a oferta<br />
daquelas.<br />
Obviamente, com o aumento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> laranjas,<br />
seus preços <strong>de</strong>verão cair um pouco, enquanto os preços das<br />
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maçãs (agora, reduzidos) se elevarão ligeiramente. Enquanto<br />
o preço das laranjas for compensador (mais lucrativo), os<br />
produtores continuarão transferindo recursos para sua<br />
produção <strong>–</strong> isto é, até que o conseqüente <strong>de</strong>clínio <strong>de</strong> seus<br />
preços não mais compense essa transferência. No final <strong>de</strong>sse<br />
processo, os níveis <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> preços <strong>de</strong> ambos os<br />
produtos se estabilizarão <strong>–</strong> com o preço da laranja mais alto e<br />
o da maçã mais baixo que inicialmente <strong>–</strong> enquanto se<br />
registrou uma alteração na utilização dos recursos produtivos<br />
entre os dois produtos.<br />
E lembre-se que todas essas mudanças ocorreram em<br />
função <strong>de</strong> uma simples mudança no gosto dos consumidores<br />
e da conseqüente atuação do mecanismo <strong>de</strong> preços <strong>de</strong><br />
mercado.<br />
Se enten<strong>de</strong>mos bem esse mecanismo, po<strong>de</strong>mos agora<br />
analisar mais concretamente o comportamento dos<br />
consumidores e dos produtores, isto é, da <strong>de</strong>manda e da<br />
oferta. Comecemos pela <strong>de</strong>manda.<br />
2.4. A lei da <strong>de</strong>manda<br />
Suponha que você vá a um restaurante para almoçar com<br />
seus parentes e o garçom lhe entregue o cardápio. O que<br />
influencia a sua escolha? Ainda que lhe pareça embaraçoso<br />
admitir, é forçoso reconhecer que a primeira coisa que você<br />
olha é o preço dos diversos pratos. O preço, sem dúvida, é o<br />
principal fator que influencia a compra <strong>de</strong> qualquer produto<br />
pelo consumidor. Mas, você há <strong>de</strong> convir que a escolha <strong>de</strong><br />
uma <strong>de</strong>terminado prato - digamos, peixe - irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r não<br />
só <strong>de</strong> seu preço mas, também, do preço <strong>de</strong> outras carnes, do<br />
preço das massas etc., que servem como substitutos.<br />
Obviamente, quanto mais alto o preço do peixe em relação<br />
aos <strong>de</strong>mais pratos, mais propenso você estará a pedir carne<br />
<strong>de</strong> vaca, frango ou mesmo massas. Mas, se os preços forem<br />
mais ou menos iguais ou se, para você, a diferença <strong>de</strong> preços<br />
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não pesar muito, você escolherá <strong>de</strong> acordo com seu gosto. De<br />
qualquer modo, você escolherá pratos e outros complementos<br />
tendo em vista o que você po<strong>de</strong> ou está disposto a gastar,<br />
isto é, <strong>de</strong> acordo com sua renda. Se consi<strong>de</strong>rarmos que o<br />
restaurante on<strong>de</strong> você está é freqüentado por outras pessoas<br />
<strong>de</strong> sua cida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>mos também concluir que a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> filé, <strong>de</strong> frango ou <strong>de</strong> massa vendida por esse restaurante,<br />
no período do almoço, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá, também, do número <strong>de</strong><br />
habitantes da cida<strong>de</strong>. Deve-se esperar que, numa cida<strong>de</strong><br />
pequena, os freqüentadores <strong>de</strong> restaurantes são em menor<br />
número que numa cida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>. E assim por diante.<br />
Vemos com esse exemplo simples que sua escolha <strong>–</strong> e,<br />
generalizando, a das <strong>de</strong>mais pessoas - foi influenciada por<br />
diversos fatores ou variáveis que, <strong>de</strong> modo geral, serão as<br />
mesmas que o influenciarão em outras ocasiões ou em outras<br />
escolhas.<br />
Dessa forma, po<strong>de</strong>mos listar pelo menos cinco fatores<br />
principais que influenciam a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um bem qualquer<br />
<strong>de</strong>mandada pelos consumidores <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado mercado,<br />
a saber:<br />
· Preço do bem (Px)<br />
· Preços <strong>de</strong> outros bens substitutos ou concorrentes (Pc)<br />
· Gosto ou preferência do consumidor (G)<br />
· Nível <strong>de</strong> renda do consumidor (Y)<br />
. Tamanho do Mercado (M)<br />
ou, em linguagem matemática, po<strong>de</strong>mos dizer que a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada (Qd) <strong>de</strong> um bem X é expressa por:<br />
QdX = f(Px, Pc, G, Y, M)<br />
Como é difícil dimensionar a influência ou o peso exato <strong>de</strong><br />
cada um <strong>de</strong>sses fatores na <strong>de</strong>manda por um bem, os<br />
economistas costumam fazer variar um <strong>de</strong>sses fatores (por<br />
exemplo, preço subindo, preço caindo) e ver seu efeito sobre<br />
a <strong>de</strong>manda por um bem, enquanto os <strong>de</strong>mais fatores<br />
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permanecem constantes. A questão, então, seria: O que<br />
acontece com a <strong>de</strong>manda por um produto X se seu preço<br />
variar, enquanto a renda, o gosto e o preço <strong>de</strong> outros<br />
produtos não variam? Simplificadamente, então,<br />
QdX = f(P)<br />
com tudo o mais permanecendo constante (esta é a<br />
conhecida condição ceteris paribus).<br />
Normalmente, teremos uma relação inversa entre o preço<br />
do bem e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada. Quando o preço do bem<br />
cai, o bem fica mais barato em relação ao preço <strong>de</strong> seus<br />
concorrentes e, em conseqüência, os consumidores estarão<br />
dispostos a adquirir maiores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse bem. Se o<br />
preço se elevar, a reação dos consumidores será oposta. Daí,<br />
po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>rivar a seguinte <strong>de</strong>finição da lei da <strong>de</strong>manda:<br />
A escala <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> um<br />
produto qualquer mostra as diferentes quantida<strong>de</strong>s<br />
que os consumidores estão dispostos e aptos a<br />
adquirir em um dado período <strong>de</strong> tempo, quando o seu<br />
preço varia.<br />
A escala <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> mercado é o resultado<br />
da soma das escalas <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> todos os<br />
indivíduos no mercado.<br />
Vamos supor que uma pesquisa <strong>de</strong> mercado junto aos<br />
potenciais compradores <strong>de</strong> um produto qualquer (digamos,<br />
sandálias Melissa) apontou os resultados constantes da<br />
Tabela 2.1, on<strong>de</strong> estão relacionados diferentes preços e<br />
diferentes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mandadas daquele produto.<br />
Tabela 2.1<br />
ESCALA DE DEMANDA DE MERCADO DA MELISSA<br />
Preço (R$ por par)<br />
Quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mandada (por mês)<br />
200 1.000<br />
160 1.500<br />
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120 2.500<br />
80 4.000<br />
40 6.000<br />
A Tabela 2.1 mostra que, ao alto preço <strong>de</strong> R$ 200,00,<br />
apenas 1.000 pares seriam comprados por mês. Se o preço<br />
caísse para, digamos, R$ 120,00, os consumidores<br />
adquiririam 2.500 pares, e assim por diante. Ou seja, à<br />
medida que o preço se reduz, maiores serão as quantida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>mandadas e vice-versa.<br />
Essas informações po<strong>de</strong>m ser colocadas num gráfico<br />
cartesiano, gerando a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> mercado, tendo<br />
no eixo vertical os diferentes preços e no eixo horizontal as<br />
respectivas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mandadas, conforme mostra a<br />
Figura 2.1.<br />
P<br />
Figura 2.1<br />
200<br />
160<br />
120<br />
80<br />
40<br />
1000 1500 2500 4000 6000<br />
Como se constata, a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é negativamente<br />
inclinada (da esquerda para a direita) indicando que os<br />
consumidores estarão dispostos e aptos a comprar mais <strong>de</strong><br />
uma mercadoria a preços mais baixos. Isso é conhecido como<br />
a lei da <strong>de</strong>manda e ocorre por duas razões principais:<br />
primeiro, porque à medida que o preço <strong>de</strong> uma mercadoria<br />
baixa, os indivíduos substituem outras mercadorias por esta<br />
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em seu consumo; segundo, porque quando o preço baixa os<br />
consumidores se tornam “mais ricos” em termos reais.<br />
Mas uma questão importante é: qual será o preço <strong>de</strong>ste<br />
produto (no caso, Melissa), já que temos vários preços e<br />
várias quantida<strong>de</strong>s? Infelizmente, ainda não temos condições<br />
<strong>de</strong> saber. Precisamos, antes, analisar o outro lado do mercado<br />
<strong>–</strong> o lado dos produtores ou ofertantes.<br />
2.5. A lei da oferta<br />
A exemplo da <strong>de</strong>manda, as quantida<strong>de</strong>s ofertadas <strong>de</strong> um<br />
bem qualquer <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> vários fatores, valendo<br />
mencionar os seguintes:<br />
i) o preço do produto consi<strong>de</strong>rado (Px) <strong>–</strong> obviamente,<br />
quanto maior for o preço <strong>de</strong> um bem (ceteris paribus), maior<br />
será a quantida<strong>de</strong> que os produtores gostariam <strong>de</strong> oferecer no<br />
mercado;<br />
ii) preços <strong>de</strong> outros bens (Pi)<strong>–</strong> se os preços <strong>de</strong> outros<br />
bens (<strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong> produção semelhante) subirem e o<br />
preço do bem X não se alterar, os produtores procurarão<br />
reduzir a produção <strong>de</strong> X e tentarão produzir esses bens cujos<br />
preços estão subindo;<br />
iii) preços dos fatores <strong>de</strong> produção (Pf)<strong>–</strong> o preço dos<br />
fatores <strong>de</strong>termina o custo <strong>de</strong> produção. Se o preço dos fatores<br />
se elevar, os custos se elevarão, o que po<strong>de</strong> provocar uma<br />
queda na produção e conseqüente redução da oferta <strong>de</strong> um<br />
bem; e, ainda,<br />
iv) o nível da tecnologia empregada (T) <strong>–</strong> quanto mais<br />
mo<strong>de</strong>rna a tecnologia adotada no processo produtivo, maior é<br />
a quantida<strong>de</strong> produzida por fator empregado, reduzindo o<br />
custo <strong>de</strong> produção e, portanto, aumentando a oferta do<br />
produto para qualquer nível <strong>de</strong> preço.<br />
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Assim, as quantida<strong>de</strong>s ofertadas <strong>de</strong> um produto X<br />
qualquer, po<strong>de</strong>m, matematicamente, ser representadas da<br />
seguinte forma:<br />
QsX = f(Px, Pi, Pf, T)<br />
on<strong>de</strong>, Qsx representa a quantida<strong>de</strong> ofertada do bem X (o<br />
s <strong>–</strong> símbolo <strong>de</strong> oferta <strong>–</strong> vem do inglês supply).<br />
Também, a exemplo do que foi dito no caso da <strong>de</strong>manda,<br />
os economistas costumam consi<strong>de</strong>rar fatores os Pi, Pf e T<br />
invariáveis e, então, analisam preliminarmente os efeitos <strong>de</strong><br />
variações no preço do produto (Px) sobre as quantida<strong>de</strong>s<br />
ofertadas. Com esta hipótese <strong>de</strong> ceteris paribus, a quantida<strong>de</strong><br />
ofertada <strong>de</strong> um produto qualquer, X, passa a ser <strong>de</strong>finida por:<br />
QsX = f(P)<br />
Ou seja,<br />
A oferta é <strong>de</strong>finida como “as diferentes quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
um bem ou serviço que os produtores estão dispostos e aptos<br />
a ven<strong>de</strong>r, durante um certo tempo, a diferentes preços,<br />
ceteris paribus”.<br />
E, intuitivamente, po<strong>de</strong>mos afirmar, com a hipótese<br />
ceteris paribus, <strong>de</strong> que quanto maior o preço <strong>de</strong> um bem,<br />
mais interessante se torna produzi-lo e, portanto, a oferta<br />
será maior e vice-versa.<br />
A Tabela 2.2 mostra dados hipotéticos <strong>de</strong> vários níveis <strong>de</strong><br />
preços e as diferentes quantida<strong>de</strong>s que os produtores estarão<br />
dispostos e aptos a oferecer no mercado (no caso, também <strong>de</strong><br />
sandálias Melissa).<br />
Tabela 2.2<br />
ESCALA DE OFERTA DE MERCADO DA MELISSA<br />
Preço (R$ por Quantida<strong>de</strong> ofertada<br />
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par) (por mês)<br />
200 5.000<br />
160 4.000<br />
120 2.500<br />
80 1.000<br />
40 500<br />
A Tabela 2.2 mostra que, ao alto preço <strong>de</strong> R$ 200,00 por<br />
par, os produtores estarão dispostos a oferecer 5.000 pares<br />
no mercado, enquanto que ao baixo preço <strong>de</strong> R$ 80,00, por<br />
exemplo, eles oferecerão apenas 1.000 pares, e assim por<br />
diante. Ou seja, ao contrário dos consumidores, à medida que<br />
o preço se reduz, menores serão as quantida<strong>de</strong>s que os<br />
produtores estarão dispostos a ven<strong>de</strong>r no mercado.<br />
A representação gráfica da escala <strong>de</strong> oferta nos fornece a<br />
curva <strong>de</strong> oferta, conforme mostra a Figura 2.2.<br />
Px<br />
200<br />
160<br />
120<br />
80<br />
40<br />
Figura 2.2<br />
500 1000 2500 4000 6000 Qsx<br />
Conforme você po<strong>de</strong> verificar, a curva <strong>de</strong> oferta é, em<br />
geral, positivamente inclinada (da esquerda para a direita),<br />
indicando o fato <strong>de</strong> que quanto mais altos forem os preços,<br />
maiores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um produto serão ofertadas no<br />
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S
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mercado. Trata-se <strong>de</strong> uma relação direta entre preços e<br />
quantida<strong>de</strong>s ofertadas.<br />
Conhecido, agora, o comportamento <strong>de</strong> ambos os lados <strong>–</strong><br />
isto é, dos consumidores e dos produtores <strong>–</strong> diante <strong>de</strong><br />
variações nos preços, já temos condições <strong>de</strong> verificar a que<br />
preço o produto será vendido no mercado.<br />
2.6. Preço <strong>de</strong> Equilíbrio<br />
O preço <strong>de</strong> equilíbrio é aquele em que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
uma mercadoria que os consumidores estão dispostos e aptos<br />
a adquirir, durante um <strong>de</strong>terminado tempo, é exatamente<br />
igual à quantida<strong>de</strong> que os produtores estão dispostos e aptos<br />
a oferecer no mercado.<br />
Para <strong>de</strong>scobrir que preço é esse, po<strong>de</strong>mos analisar a<br />
Figura 2.3, on<strong>de</strong> estão <strong>de</strong>senhadas as curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda e<br />
<strong>de</strong> oferta tal qual as <strong>de</strong>senhamos anteriormente.<br />
Figura 2.3<br />
P S<br />
200<br />
160<br />
120<br />
80<br />
40 D<br />
1000 2000 3000 4000 5000 Q<br />
Suponhamos que o preço seja, inicialmente, fixado em R$<br />
200,00 o par. A esse preço, a <strong>de</strong>manda por Melissa será <strong>de</strong><br />
apenas 1.000 pares por mês, enquanto a oferta será <strong>de</strong> 5.000<br />
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pares. Assim, há um excesso <strong>de</strong> oferta e, conseqüentemente,<br />
os preços começam a cair. Mas, é bom observar que os<br />
preços não vão <strong>de</strong>spencar <strong>de</strong> repente. Os preços vão caindo<br />
aos poucos, enquanto houver produto sobrando. E, <strong>de</strong> outra<br />
parte, vale notar que, à medida que P vai caindo, a oferta vai<br />
se reduzindo e a <strong>de</strong>manda vai se elevando.<br />
Agora, suponhamos que os preços sejam fixados em R$<br />
80,00 o par. A esse preço, os consumidores estarão dispostos<br />
a comprar 4.000 pares, mas os produtores só ofertarão 2.000<br />
pares. Há, então, um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda em relação à<br />
oferta e, conseqüentemente, os preços começam a se elevar.<br />
Mas, observe-se que, à medida que os preços vão se<br />
elevando, a <strong>de</strong>manda vai-se reduzindo e a oferta vai-se<br />
expandindo. Os preços continuam subindo enquanto a<br />
<strong>de</strong>manda for maior que a oferta.<br />
Ao final <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> ajustamento vemos que, ao<br />
preço <strong>de</strong> R$ 120,00 o par, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong><br />
Melissa será <strong>de</strong> 3.000 pares, igualando exatamente a<br />
quantida<strong>de</strong> ofertada. Como a esse preço a <strong>de</strong>manda e a<br />
oferta são iguais, não haverá pressão para que o preço caia<br />
ou se eleve. Este, então, é o preço <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
Resumindo tudo isso, temos:<br />
D < S P se reduz<br />
D > S P se eleva<br />
D = S P não se altera<br />
2.7. Variações na Demanda e na Oferta<br />
Como você viu, na <strong>de</strong>finição da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por um<br />
bem, fizemos a hipótese <strong>de</strong> que todos os <strong>de</strong>mais fatores que<br />
a afetam (renda, gosto, etc.) permaneceram inalteradas.<br />
Agora, vamos imaginar uma situação em que esses<br />
fatores que, por hipótese, estavam constantes, variem<br />
(sempre cada um isoladamente). O que nós vamos observar é<br />
que, se qualquer <strong>de</strong>sses fatores se alterar, a curva <strong>de</strong><br />
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<strong>de</strong>manda também se modificará. Assim, por exemplo, se a<br />
renda (real) dos consumidores se elevar, se suas preferências<br />
pela mercadoria aumentarem, ou se os preços dos bens<br />
substitutos se tornarem mais altos, haverá um aumento na<br />
<strong>de</strong>manda do bem consi<strong>de</strong>rado para qualquer preço anterior.<br />
Assim, no caso da sandália Melissa, por exemplo,<br />
ocorrendo alguns dos fatos acima, uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Melissa será <strong>de</strong>mandada aos níveis <strong>de</strong> preços <strong>de</strong> R$ 140,00<br />
ou <strong>de</strong> R$ 120,00, etc., o que <strong>de</strong>slocará a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
para cima e para a direita, como mostra a Figura 2.4. Como<br />
haverá um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, o novo preço <strong>de</strong> equilíbrio<br />
será, agora, mais alto.<br />
P<br />
140<br />
120<br />
Figura 3.4. Figura 3.5<br />
D1<br />
S<br />
3000 3500 Q<br />
D2<br />
O mesmo po<strong>de</strong> ser dito em relação à curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong><br />
uma mercadoria. Também aqui, se o preço dos fatores se<br />
reduzir, ou se a tecnologia melhorar ou, ainda, se o número<br />
ou tamanho dos produtores aumentar, haverá um aumento<br />
na oferta do produto para qualquer preço anterior. Assim,<br />
ocorrendo um dos fatores acima, a oferta <strong>de</strong> Melissa será<br />
maior aos preços <strong>de</strong> R$ 160,00, R$ 140,00, etc., provocando<br />
um <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> oferta para baixo e para a<br />
direita, como mostra a Figura 3.5. Como haverá um excesso<br />
P<br />
160<br />
140<br />
3000 3500<br />
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S1<br />
D<br />
Q<br />
S2
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<strong>de</strong> oferta sobre a <strong>de</strong>manda, a tendência será uma redução do<br />
preço <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
Observe, no entanto, que a alteração da <strong>de</strong>manda ou da<br />
oferta po<strong>de</strong> ocorrer em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> variações no preço do<br />
produto consi<strong>de</strong>rado e não, necessariamente, por variações<br />
daqueles fatores que estavam, por hipótese, constantes<br />
(gasto dos consumidores, nível <strong>de</strong> renda dos consumidores,<br />
custo <strong>de</strong> produção, preço <strong>de</strong> produtos substitutos, etc).<br />
Dessa diferença surgem dois conceitos distintos:<br />
i) Variação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada (ou ofertada)<br />
<strong>–</strong> ocorre quando o preço do bem consi<strong>de</strong>rado varia,<br />
implicando um <strong>de</strong>slocamento ao longo da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
(ou <strong>de</strong> oferta).<br />
ii) Variação da <strong>de</strong>manda (oferta) <strong>–</strong> ocorre quando<br />
outros fatores, exceto o preço, variam, implicando<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para a direita ou<br />
esquerda (caso seja um dos fatores que influem na <strong>de</strong>manda)<br />
ou da curva <strong>de</strong> oferta (caso se trate <strong>de</strong> um fator que afete a<br />
oferta).<br />
2.8. Resumo <strong>de</strong>sta 2ª aula<br />
Bem, nesta 2ª aula, nós vimos os diversos tipos <strong>de</strong><br />
mercado existentes, suas características distintivas e, a<br />
seguir, vimos como funciona o mercado <strong>de</strong> um produto<br />
qualquer, analisando a famosa lei da oferta e da procura <strong>–</strong><br />
uma lei que, apesar <strong>de</strong> várias tentativas <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>ntes e<br />
dirigentes políticos para revogá-la, permanece imutável e<br />
eterna. O perfeito entendimento do funcionamento <strong>de</strong>sta lei<br />
será fundamental para a compreensão dos tópicos <strong>de</strong><br />
macroeconomia que veremos mais adiante.<br />
Antes <strong>de</strong> encerrar esta nossa aula, porém, gostaria <strong>de</strong><br />
mostrar a você, no Apêndice a seguir, uma outra forma um<br />
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pouco mais analítica, com um tratamento matemático, das<br />
funções <strong>de</strong>manda e oferta, tal como costuma aparecer nos<br />
exercícios e provas <strong>de</strong> concursos sobre esse tema.<br />
................................................<br />
APÊNDICE: UMA ILUSTRAÇÃO MATEMÁTICA DAS<br />
FUNÇÕES DEMANDA E OFERTA<br />
1. A função <strong>de</strong>manda<br />
Vamos supor que a <strong>de</strong>manda pelo bem X seja expressa<br />
matematicamente da seguinte forma:<br />
QdX = f(Px, Y, Pc)<br />
On<strong>de</strong>, Y é o nível <strong>de</strong> renda e Pc o preço do produto<br />
concorrente.<br />
Se, por hipótese, a função <strong>de</strong>manda fosse linear, e<br />
colocando números na expressão acima, po<strong>de</strong>ríamos ter, por<br />
exemplo:<br />
Qdx = -3Px <strong>–</strong> 1,5Pc + 0,1Y<br />
Supondo, agora, que as variáveis assumam os seguintes<br />
valores:<br />
Px = 8<br />
Pc = 10<br />
Y = 800<br />
e, substituindo esses valores na função acima, teremos:<br />
Qdx = (-3 x8) <strong>–</strong> (1,5 x 10) + (0,1 x 800)<br />
Qdx = - 24 <strong>–</strong> 15 + 80<br />
Qdx = 41<br />
Ou seja, com os valores acima para Px, Pc Y, a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mandada do bem X será <strong>de</strong> 41 unida<strong>de</strong>s por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
tempo.<br />
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Agora, vamos supor que a condição ceteris paribus<br />
prevaleça para os valores <strong>de</strong> Pc e <strong>de</strong> Y (isto é, que seus<br />
valores permaneçam constantes em 10 e 800,<br />
respectivamente. Com esta hipótese, a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda do<br />
bem X será dada por:<br />
Qdx = -3Px <strong>–</strong> 1,5 x 10 + 0,1 x 800<br />
Qdx = -3Px <strong>–</strong> 15 + 80<br />
Qdx = 65 <strong>–</strong> 3Px<br />
E a representação gráfica <strong>de</strong>ssa última expressão será:<br />
Px<br />
21,7<br />
Dx<br />
65 Qx<br />
O gráfico acima mostra que, se o preço <strong>de</strong> x cair a zero,<br />
a quantida<strong>de</strong> máxima do bem X que os seus consumidores<br />
iriam adquirir seria 65 unida<strong>de</strong>s. Da mesma forma, R$21,70<br />
seria o preço que anularia a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> X, ou seja, este<br />
seria um preço que nenhum consumidor estaria disposto a<br />
pagar por este bem.<br />
Agora, vamos supor que a renda do consumidor subisse<br />
para 1000, e fazendo as <strong>de</strong>vidas substituições na equação<br />
original acima, teremos um novo valor (mais alto) para a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada, ou seja:<br />
Qdx = -3Px <strong>–</strong> 1,5 x 10 + 0,1 x 1000<br />
Qdx = 85 <strong>–</strong> 3Px (que é nova curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda)<br />
Esta nova quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> X maior que a<br />
anterior é representada graficamente por um <strong>de</strong>slocamento<br />
para cima e para a direita da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, como no<br />
gráfico abaixo:<br />
Px<br />
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28,3<br />
21,7<br />
Dx D’x<br />
65 85 Qx<br />
Como o aumento da renda do consumidor provocou um<br />
aumento na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada do bem X, este bem é,<br />
então, um bem normal (conforme nós já vimos na nossa Aula<br />
1).<br />
Vamos supor, agora, que ao invés do nível <strong>de</strong> renda, o<br />
preço do bem C é que tivesse variado <strong>de</strong>, digamos, 10 para<br />
14. Neste caso, fazendo as <strong>de</strong>vidas substituições, teríamos:<br />
Qdx = -3Px <strong>–</strong> 1,5 x 14 + 0,1 x 800<br />
Qdx = 59 <strong>–</strong> 3Px (que fornece a nova curva da <strong>de</strong>manda)<br />
e a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda teria se <strong>de</strong>slocado para a esquerda.<br />
Como o aumento do preço do bem C reduziu a <strong>de</strong>manda<br />
do bem X, estes dois bens são complementares 1 .<br />
Observe que nós po<strong>de</strong>ríamos ter chegado a essas mesmas<br />
conclusões apenas analisando os sinais dos coeficientes das<br />
variáveis na função <strong>de</strong>manda. Assim:<br />
i) Pela equação <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda original, po<strong>de</strong>mos ver que o<br />
coeficiente da variável renda é positivo (+0,1): isto<br />
significa que se a renda aumentar, o valor da Qd,<br />
aumentará também. Daí, po<strong>de</strong>mos concluir que o bem<br />
X é um bem normal.<br />
ii) Caso o sinal do coeficiente da renda fosse negativo,<br />
um aumento da renda diminuiria a Qd e, portanto, o<br />
bem X seria inferior.<br />
1 O conceito <strong>de</strong> bens complementares, substitutos, inferior, normal, superior, etc., foi <strong>de</strong>senvolvido em nossa<br />
Aula 1. Se você já esqueceu esses conceitos, dê uma revisitada naquela aula.<br />
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iii) O sinal do coeficiente do preço do outro bem (C) é<br />
negativo (-1,5). Isso significa que se o preço do bem<br />
aumentar, a Qdx diminuirá e, logo, X e C são<br />
complementares (se o preço do carro aumentar,<br />
ceteris paribus. Já se o sinal do coeficiente do bem C<br />
fosse positivo, um aumento <strong>de</strong> Pc aumentaria<br />
também a Qdx e, conseqüentemente, X e C seriam<br />
substitutos ou concorrentes.<br />
2. A função oferta<br />
Se, por hipótese, a função oferta fosse linear, nós<br />
po<strong>de</strong>ríamos representar esta função, por exemplo, por:<br />
Qsx = 5Px <strong>–</strong> 4Pi<br />
on<strong>de</strong> Qsx = quantida<strong>de</strong> ofertada do bem X;<br />
Pi = preços das matérias-primas para a fabricação <strong>de</strong> X.<br />
Assim, supondo Pi = 5 constante, a função oferta passa<br />
a ser:<br />
Qsx = 5px <strong>–</strong> 20<br />
Esta função fornece a curva <strong>de</strong> oferta apresentada no gráfico<br />
abaixo.<br />
Px<br />
Qsx = 5px -20<br />
4<br />
Qsx<br />
E por que a curva <strong>de</strong> oferta intercepta o eixo dos preços na<br />
altura do preço <strong>de</strong> 4 reais? Isso ocorre porque, pela equação<br />
da oferta acima, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>duzir que os produtores só<br />
estarão dispostos a oferecer o bem X no mercado se os<br />
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preços se situarem acima <strong>de</strong> 4 reais. Para preços abaixo <strong>de</strong> 4<br />
reais, o custo das matérias-primas torna impraticável a<br />
produção <strong>de</strong>ste bem. Se, por exemplo, Px = 3, e substituindo<br />
este preço na equação acima, teríamos uma produção<br />
negativa igual a 5 unida<strong>de</strong>s (mas, claro, não existe produção<br />
negativa!). Já se Px = 4 reais, a produção seria zero. Para<br />
qualquer outro preço acima <strong>de</strong> 4, a produção se torna positiva<br />
e só a partir daí a análise da curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong>ste bem se<br />
torna relevante.<br />
Agora, imagine que o preço das matérias-primas (Pi) se<br />
eleve para 7,50. Nesta hipótese, teríamos:<br />
Qsx = 5Px <strong>–</strong> 4 x 7,50<br />
Qsx = 5Px <strong>–</strong> 30<br />
Agora, a oferta se torna compensadora a preços maiores<br />
que 6 reais, o que <strong>de</strong>sloca a curva <strong>de</strong> oferta para cima,<br />
conforme se po<strong>de</strong> ver no gráfico abaixo:<br />
Px<br />
Qsx = 5Px -30<br />
Qsx = 5Px - 20<br />
6<br />
4<br />
_________________<br />
Qsx<br />
Exercícios <strong>de</strong> revisão (com gabarito comentado ao final)<br />
Observação: Primeiro, tente fazer os exercícios e só <strong>de</strong>pois vá<br />
até o gabarito para verificar seu <strong>de</strong>sempenho.<br />
Assinale a alternativa correta:<br />
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1. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> um produto qualquer é influenciada<br />
pelos fatores abaixo, exceto:<br />
a) custo ou tecnologia <strong>de</strong> produção;<br />
b) gosto ou preferência do consumidor;<br />
c) nível <strong>de</strong> renda dos consumidores;<br />
d) preço do produto consi<strong>de</strong>rado;<br />
e)preço <strong>de</strong> produtos substitutos.<br />
2. A quantida<strong>de</strong> ofertada <strong>de</strong> um produto qualquer é afetada pelos<br />
fatores abaixo, exceto:<br />
a) preço dos produtos com técnica <strong>de</strong> produção semelhante;<br />
b) renda dos consumidores;<br />
c) preço do produto consi<strong>de</strong>rado;<br />
d) custo ou tecnologia <strong>de</strong> produção.<br />
3. Os fatores abaixo causam variação da <strong>de</strong>manda (<strong>de</strong>slocamento da<br />
curva), exceto:<br />
a) um aumento da renda real dos consumidores;<br />
b) mudança na preferência dos consumidores;<br />
c) mudança no preço dos produtos substitutos;<br />
d) mudança no preço do produto consi<strong>de</strong>rado;<br />
e) crescimento da população do mercado consi<strong>de</strong>rado.<br />
4. Os fatores abaixo causam um <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> oferta,<br />
exceto:<br />
a) redução dos custos <strong>de</strong> produção;<br />
b) saída do mercado <strong>de</strong> diversos produtores;<br />
c) mudança do gosto ou preferência do mercado consumidor;<br />
d) variação do preço dos produtos <strong>de</strong> tecnologia similar;<br />
e) todas as alternativas anteriores.<br />
5. Suponha que um <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> sandália feminina entrou na<br />
moda. A partir <strong>de</strong>sta informação, po<strong>de</strong>-se esperar:<br />
a) um <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para a direita, e<br />
conseqüente redução <strong>de</strong> seu preço;<br />
b) um <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> oferta para a direita, e<br />
conseqüente queda no preço da sandália;<br />
c) um <strong>de</strong>slocamento tanto da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda como da curva <strong>de</strong><br />
oferta para a direita;<br />
d) um <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda para a direita e<br />
conseqüente aumento do novo preço <strong>de</strong> equilíbrio;<br />
e) um <strong>de</strong>slocamento ao longo das curvas <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda.<br />
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6. Com relação às curvas <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong>manda, estão corretas as<br />
afirmativas abaixo, exceto:<br />
a) se o preço do produto consi<strong>de</strong>rado se alterar, as duas curvas se<br />
<strong>de</strong>slocam;<br />
b) se o preço do produto substituto se elevar a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
se <strong>de</strong>sloca para a direita;<br />
c) se o custo <strong>de</strong> produção se reduzir, a curva <strong>de</strong> oferta se <strong>de</strong>sloca<br />
para a direita e para baixo;<br />
d) a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda não é afetada pela tecnologia <strong>de</strong> produção;<br />
e) o preço <strong>de</strong> equilíbrio é aquele que iguala as quantida<strong>de</strong>s<br />
ofertadas e <strong>de</strong>mandadas.<br />
7. Numa economia em concorrência perfeita, as curvas <strong>de</strong> oferta e<br />
procura <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado bem são Qs = 4P + 4 e Qd = 16 <strong>–</strong> 2P, on<strong>de</strong><br />
Q s , Q d e p são, respectivamente, quantida<strong>de</strong>s ofertadas e<br />
<strong>de</strong>mandadas e P o preço.<br />
Neste caso, o preço e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio são,<br />
respectivamente:<br />
a) 120 e 20,00;<br />
b) in<strong>de</strong>terminados;<br />
c) 12 e 2,00;<br />
d) 10 e 15,00;<br />
e) 2,00 e 12.<br />
8. Consi<strong>de</strong>rando os dados da questão 15, anterior, e supondo que o<br />
governo tabelou o preço <strong>de</strong> venda <strong>de</strong>sse produto em 1,00, haverá<br />
um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda igual a:<br />
a) 4 unida<strong>de</strong>s;<br />
b) 14 unida<strong>de</strong>s;<br />
c) 10 unida<strong>de</strong>s;<br />
d) 6 unida<strong>de</strong>s;<br />
e) impossível <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir.<br />
9. Se a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda permanecer inalterada, <strong>de</strong>slocando-se para<br />
menos a curva da oferta:<br />
a) as quantida<strong>de</strong>s transacionadas diminuem, mas o preço <strong>de</strong><br />
equilíbrio não se altera;<br />
b) as quantida<strong>de</strong>s transacionadas se reduzem, e o preço <strong>de</strong><br />
equilíbrio <strong>de</strong>ve se elevar;<br />
c) o preço <strong>de</strong> equilíbrio se altera para mais e somente a oferta<br />
crescerá;<br />
d) o preço <strong>de</strong> equilíbrio e as quantida<strong>de</strong>s transacionadas<br />
movimentam-se na mesma direção, ambos se elevam;<br />
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e) o preço <strong>de</strong> equilíbrio e as quantida<strong>de</strong>s transacionadas se<br />
movimentam na mesma direção, ambos se reduzem.<br />
10. Numa indústria em concorrência perfeita, a curva <strong>de</strong> oferta é <strong>de</strong>finida<br />
por Qs = 600P <strong>–</strong> 1000, enquanto a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é<br />
<strong>de</strong>finida por Qd = 4500 <strong>–</strong> 400P. Neste caso, a quantida<strong>de</strong><br />
transacionada <strong>de</strong> equilíbrio (Qe) e o preço <strong>de</strong> equilíbrio (Pe) serão,<br />
respectivamente:<br />
a) 2,00 a 5,50;<br />
b) 2300 e 5,50;<br />
c) 5,00 e 4500;<br />
d) 20,00 e 5500;<br />
e) 5,50 e 5500.<br />
11. Sabe-se que o bem X é substituto do bem Y e que o mercado <strong>de</strong> X<br />
encontra-se em equilíbrio. Se ocorrer uma redução no preço <strong>de</strong> Y,<br />
com tudo o mais permanecendo constante, haverá repercussões no<br />
mercado <strong>de</strong> X. Não havendo tempo para que este mercado se<br />
reequilibre, observar-se-á a constituição <strong>de</strong> um excesso da:<br />
a) <strong>de</strong>manda sobre a oferta no mercado, com tendência à elevação<br />
do preço <strong>de</strong> X;<br />
b) oferta sobre a <strong>de</strong>manda no mercado, com tendência à redução<br />
do preço <strong>de</strong> X;<br />
c) <strong>de</strong>manda sobre a oferta no mercado, com tendência à redução<br />
do preço <strong>de</strong> X;<br />
d) oferta sobre a <strong>de</strong>manda no mercado, com tendência à elevação<br />
do preço <strong>de</strong> X;<br />
e) oferta sobre a <strong>de</strong>manda no mercado, com tendência à elevação<br />
do preço <strong>de</strong> Y.<br />
12. Sabe-se que X é complementar <strong>de</strong> Y. Se ocorrer uma queda do<br />
preço <strong>de</strong> Y, ceteris paribus, haverá repercussões no mercado <strong>de</strong> X,<br />
levando-o, num primeiro momento, a uma situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio.<br />
Caso haja tempo para que o mercado <strong>de</strong> X se reequilibre, <strong>de</strong>ve-se<br />
esperar:<br />
a) uma redução do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da<br />
curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
b) uma elevação do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição<br />
da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda.<br />
c) uma redução do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição<br />
da curva <strong>de</strong> oferta;<br />
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d) uma elevação do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da<br />
curva <strong>de</strong> oferta;<br />
e) uma elevação do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da<br />
curva <strong>de</strong> oferta;<br />
13. Sabe-se que X é um bem inferior. Se ocorrer um aumento na renda<br />
dos consumidores do bem, com tudo o mais permanecendo<br />
constante, haverá repercussões no mercado <strong>de</strong> X, levando-o, num<br />
primeiro impacto, a uma situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio. Caso haja tempo<br />
para que o mercado se reequilibre, <strong>de</strong>ve-se esperar:<br />
a) uma elevação do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição<br />
da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
b) uma redução do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição<br />
da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
c) uma redução do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição<br />
da curva <strong>de</strong> oferta;<br />
d) uma elevação do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da<br />
curva <strong>de</strong> oferta.<br />
14. Suponha que o mercado <strong>de</strong> X está equilibrado ao nível <strong>de</strong> Po e Qo e<br />
que X é substituto <strong>de</strong> outro bem Y. Se ocorrer um aumento no preço<br />
<strong>de</strong> Y, ceteris paribus, <strong>de</strong>ve-se esperar:<br />
a) uma elevação do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da<br />
curva <strong>de</strong> oferta;<br />
b) uma redução do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição<br />
da curva <strong>de</strong> oferta;<br />
c) uma redução do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a direita, mantendo-se fixa a posição da<br />
curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
d) uma elevação do preço <strong>de</strong> X, porque a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong>sse<br />
bem se <strong>de</strong>slocará para a esquerda, mantendo-se fixa a posição<br />
da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda.<br />
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ESTRUTURAS DE MERCADO<br />
15. São características da concorrência perfeita, exceto:<br />
a) atomização <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>dores e compradores;<br />
b) livre entrada e saída <strong>de</strong> compradores e ven<strong>de</strong>dores;<br />
c) perfeito conhecimento das condições do mercado (preço e<br />
quantida<strong>de</strong>) pelos agentes econômicos;<br />
d) pequeno número <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas ven<strong>de</strong>ndo uma gran<strong>de</strong><br />
varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produto;<br />
e) produtos homogêneos.<br />
16. São características do oligopólio, exceto:<br />
a) alto grau <strong>de</strong> controle sobre os preços pelas empresas<br />
participantes;<br />
b) gran<strong>de</strong> nº <strong>de</strong> pequenas empresas ven<strong>de</strong>ndo produtos bastante<br />
diferenciados;<br />
c) as empresas não fazem guerra <strong>de</strong> preços;<br />
d) as empresas fazem guerra <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>;<br />
e) existe uma “inter<strong>de</strong>pendência” entre as empresas.<br />
17. Com relação ao monopólio, estão corretas as afirmativas abaixo,<br />
exceto:<br />
a) só existe um produtor do produto;<br />
b) o monopolista fixa o preço no nível que bem enten<strong>de</strong>r, isto é,<br />
fixa-o sempre no nível mais alto;<br />
c) em princípio, o monopólio é proibido por lei;<br />
d) o produto não tem substituto próximo.<br />
18. Com relação à concorrência monopolística, estão corretas as<br />
afirmativas abaixo, exceto:<br />
a) muitas empresas ven<strong>de</strong>ndo produtos diferenciados, mas<br />
próximos substitutos;<br />
b) a diferenciação <strong>de</strong> produto po<strong>de</strong> ser real ou imaginária (criada<br />
pela propaganda);<br />
c) é uma forma <strong>de</strong> organização típica do mercado <strong>de</strong> varejo;<br />
d) há concorrência extrapreço, como propaganda e embalagens do<br />
produto;<br />
e) as empresas têm total controle sobre seus preços.<br />
19. <strong>Muitos</strong> ven<strong>de</strong>dores e um só comprador <strong>de</strong>finem o mercado como:<br />
a) oligopólio;<br />
b) concorrência perfeita;<br />
c) concorrência monopolística;<br />
d) monopólio;<br />
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e) monopsônio.<br />
20. A forma <strong>de</strong> concorrência imperfeita, on<strong>de</strong> a oferta <strong>de</strong> um bem<br />
qualquer está concentrada em um limitado número <strong>de</strong> empresas<br />
capazes <strong>de</strong> afetarem os preços <strong>de</strong> mercado, <strong>de</strong>nomina-se:<br />
a) monopólio;<br />
b) monopsônio;<br />
c) oligopólio;<br />
d) oligopsônio;<br />
e) concorrência monopolística.<br />
21. Das ativida<strong>de</strong>s econômicas abaixo a que mais se aproxima <strong>de</strong> um<br />
monopólio é:<br />
a) a dos produtores <strong>de</strong> arroz do Estado <strong>de</strong> Goiás;<br />
b) a dos fabricantes <strong>de</strong> sabão em pó;<br />
c) a dos proprietários <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> gasolina e <strong>de</strong> padarias;<br />
d) a compra e venda <strong>de</strong> ações nas Bolsas <strong>de</strong> Valores;<br />
e) a <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> energia elétrica pela CEB.<br />
22. A concorrência extrapreço não é possível nem eficaz:<br />
a) no oligopólio <strong>de</strong> produto diferenciado;<br />
b) na concorrência perfeita.<br />
c) no oligopólio <strong>de</strong> produto padronizado;<br />
d) no monopólio;<br />
e) na concorrência monopolística;<br />
23. Com relação aos diversos tipos <strong>de</strong> mercado, marque V (verda<strong>de</strong>iro)<br />
ou F (falso) nas afirmativas abaixo.<br />
a) ( ) Num mercado <strong>de</strong> concorrência perfeita, as firmas não<br />
têm controle sobre o preço do produto.<br />
b) ( ) Num mercado oligopolístico, as empresas têm gran<strong>de</strong><br />
controle sobre o preço do produto.<br />
c) ( ) Monopsônio é o mercado on<strong>de</strong> só há um ven<strong>de</strong>dor ou<br />
produtor <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado produto.<br />
d) ( ) A “atomização” <strong>de</strong> produtores e ven<strong>de</strong>dores é uma<br />
característica do mercado <strong>de</strong> concorrência monopolística.<br />
e) ( ) Num mercado <strong>de</strong> concorrência perfeita, o produto das<br />
inúmeras firmas participantes é padronizado.<br />
f) ( ) Uma das características do oligopólio é que as firmas<br />
não fazem guerra <strong>de</strong> preço, mas fazem guerra <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.<br />
g) ( ) Na concorrência monopolística, tanto os ven<strong>de</strong>dores como os<br />
compradores têm perfeito conhecimento (informações) sobre os<br />
preços e quantida<strong>de</strong>s negociadas.<br />
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h) ( ) Num mercado <strong>de</strong> oligopólio, há livre entrada e saída <strong>de</strong><br />
ven<strong>de</strong>dores e <strong>de</strong> compradores.<br />
i) ( ) No mercado em concorrência monopolística, as<br />
empresas são pequenas e ven<strong>de</strong>m produtos diferentes mas<br />
bastante próximos substitutos.<br />
j) ( ) Para a empresa que funciona em mercado<br />
perfeitamente competitivo, não há risco <strong>de</strong> “sobrar” produto ao<br />
preço <strong>de</strong> mercado.<br />
k) ( ) Por não ter concorrente, uma firma monopolística ten<strong>de</strong>rá a<br />
fixar o preço no nível mais alto para aumentar seus lucros.<br />
_____________<br />
G A B A R I T O<br />
1. a > o custo ou tecnologia <strong>de</strong> produção é um fator que afeta<br />
a oferta e não a <strong>de</strong>manda;<br />
2. b > a renda afeta a <strong>de</strong>manda e não a oferta;<br />
3. d > a mudança no preço do produto consi<strong>de</strong>rado causa<br />
<strong>de</strong>slocamento na curva (ou seja, variação na quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mandada;<br />
4. c > mudança <strong>de</strong> gosto ou <strong>de</strong> preferência do consumidor é<br />
um fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
5. d > veja item 2.7. do texto;<br />
6. a > a variação <strong>de</strong> preço provoca um <strong>de</strong>slocamento ao longo<br />
das duas curvas (<strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda), e não das duas<br />
curvas;<br />
7. e > Solução: Em equilíbrio, a Qs = Qd; assim, fazendo as<br />
<strong>de</strong>vidas substituições, teremos:<br />
4P +4 = 16 <strong>–</strong> 2P<br />
6P = 12<br />
P = 2<br />
Substituindo o valor <strong>de</strong> P encontrado, nas equações originais,<br />
encontramos os valores <strong>de</strong> Qs e Qd, ou seja: Q = 12.<br />
A resposta então é P = 2 e Q = 12.<br />
8. d > é só você substituir P = 1 nas duas equações, achando<br />
os valores <strong>de</strong> Qs e <strong>de</strong> Qd; a diferença entre as duas<br />
respon<strong>de</strong> a questão.<br />
9. b > é só <strong>de</strong>senhar um gráfico com as duas curvas <strong>de</strong> oferta<br />
e <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, e <strong>de</strong>slocar a curva <strong>de</strong> oferta para a<br />
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esquerda, e verificar o novo P e a nova Q e <strong>de</strong>pois<br />
compará-los com a posição original.<br />
10. b > veja exercício 7;<br />
11. b > A curva do bem X se <strong>de</strong>slocará a esquerda e sobrará<br />
produto no mercado e, assim, seu preço <strong>de</strong>ve cair;<br />
12. e > A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda se <strong>de</strong>sloca para a direita e faltará<br />
produto;<br />
13. c > como se trata <strong>de</strong> um bem inferior, um aumento na<br />
renda do consumidor provoca uma redução na sua <strong>de</strong>manda.<br />
14. a > <strong>de</strong>ixamos pra você a <strong>de</strong>dução;<br />
15. d (se você tiver dúvida quanto às questões <strong>de</strong> 15 a 23, dê<br />
uma revisada no item 2.2. do texto);<br />
16. b 17. b 18. e 19. e 20. c 21. e 22. b;<br />
23. aV; bV; cF; dF; eV; fV; gV; hF;<br />
iV; jV; kF.<br />
.......................<br />
Até nossa próxima aula! Aliás, nossa 3ª aula é sobre<br />
<strong>ELASTICIDADE</strong>-PREÇO <strong>–</strong> que serviu como “aula <strong>de</strong>monstrativa” <strong>–</strong><br />
lembra-se?<br />
Assim, nossa próxima aula (que será a 4ª) já será <strong>de</strong><br />
macroeconomia! Até lá, então!<br />
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<strong>AULA</strong> 3 <strong>–</strong> A <strong>ELASTICIDADE</strong> E <strong>SUAS</strong> <strong>APLICAÇÕES</strong><br />
Neste encontro vamos tratar <strong>de</strong> um dos temas mais importantes<br />
da teoria econômica e que se aplica a qualquer assunto econômico: a<br />
elasticida<strong>de</strong>. Embora seja um conceito comumente usado no estudo<br />
das variações que ocorrem na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um produto quando seu<br />
preço varia, ela aparece também no estudo os efeitos da taxa <strong>de</strong> câmbio<br />
sobre as exportações e importações <strong>de</strong> um país, no efeito da taxa <strong>de</strong><br />
juros sobre o nível da poupança e do investimento, enfim em<br />
praticamente todos os temas econômicos.<br />
Mas, o que vem a ser elasticida<strong>de</strong>? Qual a sua aplicação e<br />
utilida<strong>de</strong>?<br />
1. O conceito <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong><br />
Na teoria econômica, o termo elasticida<strong>de</strong> significa sensibilida<strong>de</strong>. Na<br />
realida<strong>de</strong>, a elasticida<strong>de</strong> mostra quão sensíveis são os consumidores <strong>de</strong><br />
um produto X (ou seus produtores), quando o seu preço sofre uma<br />
variação para mais ou para menos. Em outras palavras, a elasticida<strong>de</strong><br />
serve para medir a reação <strong>–</strong> gran<strong>de</strong> ou pequena <strong>–</strong> <strong>de</strong>sses consumidores<br />
(ou <strong>de</strong> seus produtores) diante <strong>de</strong> uma variação do preço do produto X.<br />
Neste caso, teríamos a chamada elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda (ou, no<br />
caso dos produtores, a elasticida<strong>de</strong>-preço da oferta) por este produto. O<br />
mesmo raciocínio po<strong>de</strong>ria ser aplicado em relação a uma variação na<br />
renda real dos consumidores. Neste caso, estaríamos medindo o quanto<br />
a <strong>de</strong>manda pelo bem X é sensível a uma variação na renda dos<br />
consumidores <strong>–</strong> e teríamos, então, a chamada elasticida<strong>de</strong>-renda. Mas,<br />
não vamos misturar as coisas: Vamos, primeiro, nos fixar no conceito <strong>de</strong><br />
elasticida<strong>de</strong>-preço. Depois analisaremos a questão da elasticida<strong>de</strong>renda.<br />
2. A elasticida<strong>de</strong>-preço (Ep) da <strong>de</strong>manda<br />
É fácil constatar que as pessoas reagem com intensida<strong>de</strong> diferente<br />
diante <strong>de</strong> variações dos preços dos diferentes produtos. Se o sal sobe <strong>de</strong><br />
preço, as pessoas não vão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> comprá-lo por causa disso e,<br />
provavelmente, nem vão reduzir a quantida<strong>de</strong> que costumam comprar<br />
<strong>de</strong>sse produto <strong>–</strong> já que o sal é essencial para elas. Também e por razões<br />
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diferentes, as pessoas não <strong>de</strong>vem reagir muito a um aumento no preço<br />
<strong>de</strong> uma bala e, aqui, isso se explicaria pelo fato <strong>de</strong> que o preço da bala<br />
é muito baixo e não afeta o bolso do consumidor. Sabe-se, também,<br />
que as pessoas não reagem muito a um aumento do preço da gasolina <strong>–</strong><br />
e, neste caso, isso se <strong>de</strong>ve provavelmente ao fato <strong>de</strong> que a gasolina,<br />
sendo essencial para quem tem carro, não tem um substituto e o jeito é<br />
arcar com este aumento. De outra parte, porém, se produtos como<br />
automóveis, ou passagens aéreas e outros, subirem <strong>de</strong> preço, é<br />
bastante provável que sua <strong>de</strong>manda se reduza significativamente.<br />
Com esses exemplos, po<strong>de</strong>mos ver que a reação das pessoas a uma<br />
variação do preço <strong>de</strong> um produto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito do tipo <strong>de</strong> produto. Em<br />
alguns casos, a reação po<strong>de</strong> ser muito gran<strong>de</strong>, em outros pequena e em<br />
uns poucos casos nem reação há. E note-se que é importante <strong>–</strong> para os<br />
produtores/ven<strong>de</strong>dores, principalmente <strong>–</strong> saber se o consumidor do<br />
produto X reage muito ou pouco a um variação <strong>–</strong> aumento ou redução <strong>–</strong><br />
do seu preço, pois isso vai ajudar o produtor a estabelecer um preço<br />
“ótimo” para seu produto <strong>–</strong> ou seja, um preço on<strong>de</strong> sua receita po<strong>de</strong> ser<br />
máxima. E para conhecer a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda pelo produto<br />
X é preciso calculá-la. E é o que vamos fazer a seguir.<br />
3. Calculando a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda<br />
Suponha-se o seguinte comportamento da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> dois bens X e Y:<br />
Demanda <strong>de</strong> X Demanda <strong>de</strong> Y<br />
Px Qdx Py Qdy<br />
1º instante 10 100 20 80<br />
2º instante 12 60 24 76<br />
Note-se que, entre o primeiro e o segundo instante, o preço <strong>de</strong><br />
ambos os produtos subiu 20%. No entanto, é fácil verificar que a reação<br />
do consumidor <strong>–</strong> medida pelas quantida<strong>de</strong>s adquiridas (Qd) - foi<br />
bastante diferente nos dois casos. Enquanto no caso do produto X, a<br />
<strong>de</strong>manda se reduziu 40% (caindo <strong>de</strong> 100 para 60), no caso do produto Y<br />
a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada só se reduziu 5% (caindo apenas 4 unida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 80).<br />
Diante <strong>de</strong>sse exemplo, po<strong>de</strong>-se concluir que a <strong>de</strong>manda do<br />
consumidor pelo produto X é mais sensível a uma variação do preço do<br />
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que a do produto Y. Esta sensibilida<strong>de</strong> <strong>–</strong> maior ou menor <strong>–</strong> po<strong>de</strong> ser<br />
medida pelo chamado<br />
coeficiente <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda (Ep) - que me<strong>de</strong> a<br />
variação percentual na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> um produto em<br />
conseqüência <strong>de</strong> uma variação percentual em seu preço.<br />
Veja que se trata <strong>de</strong> variações percentuais na quantida<strong>de</strong> e no preço e<br />
não variações absolutas. Isso porque variações absolutas não nos dizem<br />
nada. Um aumento <strong>de</strong> R$ 100,00 (isto é, uma variação absoluta) no<br />
preço <strong>de</strong> um carro não significa quase nada, ao passo que uma variação<br />
<strong>de</strong> R$ 10,00 no preço do quilo <strong>de</strong> feijão po<strong>de</strong>rá até <strong>de</strong>rrubar o Ministro<br />
da Agricultura.<br />
Matematicamente, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é <strong>de</strong>finida pela<br />
fórmula:<br />
Ep =<br />
Variação percentual na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada<br />
Variação percentual no preço<br />
O numerador <strong>de</strong>sta fração <strong>–</strong> ou seja, a variação percentual na<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada, é dada por:<br />
e o <strong>de</strong>nominador <strong>–</strong> isto é, a variação percentual no preço, é dada por:<br />
Assim, temos:<br />
∆Q<br />
, on<strong>de</strong>∆Q<br />
= Q2<br />
− Q<br />
Q<br />
∆P<br />
, on<strong>de</strong>∆P<br />
= P2<br />
− P1<br />
P<br />
∆Q<br />
∆%<br />
Q Q<br />
Ep = =<br />
∆%<br />
P ∆P<br />
P<br />
No exemplo numérico acima, nós teríamos no caso do bem X:<br />
40%<br />
Epx = = 2<br />
20%<br />
E, no caso do bem Y:<br />
1<br />
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5%<br />
Epy =<br />
20%<br />
= 0,25 1<br />
Uma questão que se coloca é a seguinte: para o cálculo da elasticida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>ve-se tomar o preço (P) e a quantida<strong>de</strong> (Q) originais ou o novo preço<br />
e a nova quantida<strong>de</strong>? Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da convenção.<br />
Suponha um produto com uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda como ilustrado na<br />
Figura 1. No ponto A, temos que, ao preço (P) <strong>de</strong> R$ 10,00 a unida<strong>de</strong>, a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada (Q) é <strong>de</strong> 100 unida<strong>de</strong>s; no ponto B, ao preço <strong>de</strong><br />
R$ 6,00, a Q é <strong>de</strong> 180 unida<strong>de</strong>s.<br />
Figura 1<br />
Agora, suponha que o preço caia <strong>de</strong> R$ 10,00 (preço inicial) para R$<br />
6,00 (novo preço) e, em conseqüência, a Qd aumente <strong>de</strong> 100 unida<strong>de</strong>s<br />
(inicial) para 180 (nova quantida<strong>de</strong>).<br />
Como calcular a elasticida<strong>de</strong> no arco AB?<br />
A solução no caso é tomarmos a quantida<strong>de</strong> média (ou,<br />
preço médio (ou,<br />
10 + 6<br />
), e teríamos:<br />
2<br />
100 + 180<br />
2<br />
) e o<br />
1 Note-se que, na realida<strong>de</strong>, o valor encontrado seria um número negativo, já que as variações da <strong>de</strong>manda<br />
(40% e 5%) são negativas. Mas, para efeito <strong>de</strong> interpretação da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda, o que importa<br />
é o valor absoluto <strong>de</strong>sta.<br />
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E<br />
p<br />
∆Q<br />
80<br />
Qm ( é dio)<br />
= =<br />
140 80 8 640 (2)<br />
= × = = 114 ,<br />
∆P<br />
4 140 4 560<br />
Pm ( é dio)<br />
8<br />
Alternativamente, ao invés <strong>de</strong> tomarmos o P e o Q médios, nós<br />
po<strong>de</strong>ríamos usar o P e Q originais (mas aí estaríamos medindo a<br />
elasticida<strong>de</strong> no ponto A), ou então, po<strong>de</strong>ríamos usar o P e o Q novos<br />
(mas aí estaríamos medindo a elasticida<strong>de</strong> no ponto B).<br />
A elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda no ponto A será, então:<br />
E p<br />
∆Q<br />
80<br />
=<br />
Q<br />
∆P<br />
100 80 10 800<br />
= = × =<br />
4 100 4 400<br />
P 10<br />
0 =<br />
0<br />
2,<br />
0<br />
e a elasticida<strong>de</strong>-preço no ponto B será:<br />
∆Q<br />
80<br />
Q1<br />
Ep<br />
= =<br />
180 80 6 480<br />
= x = =<br />
∆P<br />
4 180 4 720<br />
P1<br />
6<br />
067 ,<br />
Por convenção, utiliza-se mais comumente a primeira fórmula, isto é,<br />
tomam-se a quantida<strong>de</strong> e o preço médios, quando se tratar do cálculo<br />
da elasticida<strong>de</strong>-preço no arco A-B (isto é, no intervalo entre os pontos A<br />
e B).<br />
4. Classificação da elasticida<strong>de</strong> e receita total<br />
Como dissemos no início, o conceito <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> tem muitas<br />
aplicações úteis. Conhecendo-se a elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um produto, po<strong>de</strong>mos<br />
saber se a receita total (P x Q) irá ou não aumentar diante <strong>de</strong> uma<br />
queda ou <strong>de</strong> um aumento nos preços. Tudo vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da intensida<strong>de</strong><br />
da reação dos consumidores diante <strong>de</strong> variações nos preços.<br />
Há três situações possíveis:<br />
1ª - A variação percentual na quantida<strong>de</strong> é maior que a variação<br />
percentual no preço, ou seja, na fórmula da elasticida<strong>de</strong>, o numerador é<br />
(1) Na realida<strong>de</strong>, normalmente, o valor da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é negativo porque um aumento do preço (efeito positivo)<br />
provoca uma queda na <strong>de</strong>manda (efeito negativo) e vice-versa. Mas nós esquecemos o sinal e consi<strong>de</strong>ramos o valor absoluto da<br />
elasticida<strong>de</strong>.<br />
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maior que o <strong>de</strong>nominador e, então, em termos absolutos, isto é,<br />
<strong>de</strong>sprezando-se o sinal (que, no caso da <strong>de</strong>manda é sempre negativo) a<br />
Ep > 1. Nesse caso, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>ste produto <strong>de</strong>nomina-se elástica<br />
em relação a seu preço.<br />
2ª - A variação percentual na quantida<strong>de</strong> é igual à variação percentual<br />
no preço: então, em termos absolutos, Ep = 1 e a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>ste bem<br />
apresenta elasticida<strong>de</strong> unitária em relação ao seu preço.<br />
3ª - A variação percentual na quantida<strong>de</strong> é menor que a variação<br />
percentual no preço: então, Ep < 1 e a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>nomina-se<br />
inelástica a preço.<br />
Adicionalmente, há ainda dois casos, um tanto raros, é verda<strong>de</strong>, a<br />
consi<strong>de</strong>rar:<br />
a) quando a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é inteiramente horizontal ao nível <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado preço e, nesta hipótese, temos uma <strong>de</strong>manda<br />
infinitamente elástica a preço;<br />
b) quando a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é inteiramente vertical <strong>–</strong> o que<br />
<strong>de</strong>monstra que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada é insensível a variações no<br />
preço do produto e, nesta hipótese, temos uma <strong>de</strong>manda totalmente<br />
inelástica a preço.<br />
Elasticida<strong>de</strong>-preço X receita dos produtores<br />
E agora vem a pergunta: qual a importância ou utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se saber se<br />
a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um produto é elástica ou inelástica? A resposta é<br />
simples: é a magnitu<strong>de</strong> da elasticida<strong>de</strong>-preço que vai orientar o<br />
produtor/ven<strong>de</strong>dor se ele <strong>de</strong>ve aumentar ou reduzir seu preço para<br />
aumentar sua receita. Se o valor numérico da elasticida<strong>de</strong>-preço é alto <strong>–</strong><br />
isto é, maior que 1, em valor absoluto, e, portanto, a <strong>de</strong>manda é<br />
elástica -, significa que os consumidores reagem muito a variações <strong>de</strong><br />
preços do produto <strong>–</strong> ou, em outras palavras, se o preço aumentar um<br />
pouco, os consumidores reduzirão muito sua <strong>de</strong>manda daquele produto.<br />
O inverso também é verda<strong>de</strong>iro: se ele reduzir um pouco seu preço,<br />
suas vendas <strong>de</strong>verão aumentar muito. O mesmo raciocínio vale para o<br />
caso em que o valor numérico da elasticida<strong>de</strong>-preço seja pequeno - isto<br />
é, menor que 1 em valor absoluto, sendo, portanto, a <strong>de</strong>manda<br />
inelástica.<br />
Assim entendido, po<strong>de</strong>mos tirar as seguintes conclusões relativamente<br />
aos efeitos <strong>de</strong> variações <strong>de</strong> preços sobre a receita total do ven<strong>de</strong>dor:<br />
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i) - Se o produto tem uma <strong>de</strong>manda elástica, um aumento <strong>de</strong> P<br />
provocará uma queda na receita total porque a redução percentual da<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada será maior que o aumento percentual <strong>de</strong> preços.<br />
Nesse caso, o produtor <strong>de</strong>ve baixar o preço para aumentar a receita.<br />
Isso ocorre porque a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada aumentará<br />
percentualmente mais que a perda percentual <strong>de</strong> preços.<br />
ii) - Se a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é unitária, a receita total não<br />
se alterará com aumentos ou reduções <strong>de</strong> preços. Isso porque, se o<br />
produtor aumentar o preço em 10%, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada cairá<br />
10%; se ele reduzir o preço em 10%, a quantida<strong>de</strong> aumentará 10%, e<br />
assim por diante.<br />
iii) - Se o produto for inelástico, uma queda <strong>de</strong> preços provocará uma<br />
queda <strong>de</strong> receita total porque a redução percentual <strong>de</strong> P não será<br />
compensada pelo aumento percentual da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada. Nesse<br />
caso, o produtor <strong>de</strong>ve aumentar o preço para aumentar sua receita<br />
total, já que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada cairá percentualmente menos que<br />
o aumento percentual nos preços.<br />
6. Fatores que influenciam a magnitu<strong>de</strong> da elasticida<strong>de</strong>-preço<br />
Mas, afinal <strong>de</strong> contas, o que leva um produto a ter uma <strong>de</strong>manda<br />
elástica ou inelástica? Ou como i<strong>de</strong>ntificar, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer<br />
cálculos, um produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda elástica ou inelástica?<br />
Embora rigorosamente só se possa afirmar que a <strong>de</strong>manda do produto X<br />
é elástica ou não em relação a variações em seu preço a partir <strong>de</strong> uma<br />
pesquisa específica, os produtos possuem certas características que nos<br />
permitem concluir a priori se eles são mais ou menos elásticos a<br />
variações em seu preço 3 , a saber:<br />
i) Essencialida<strong>de</strong> do produto <strong>–</strong> parece claro que quanto maior o<br />
grau <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> essencialida<strong>de</strong> do produto para o consumidor,<br />
menos elástica (ou seja, mais inelástica) ten<strong>de</strong> a ser sua <strong>de</strong>manda. De<br />
fato, se o produto é essencial para o consumidor, aumentos em seu<br />
preço reduzirão pouco ou quase nada suas compras. Da mesma forma,<br />
reduções <strong>de</strong> preço <strong>de</strong>sses produtos não <strong>de</strong>verão provocar aumentos em<br />
sua compras, pois o consumidor ten<strong>de</strong> a comprar um certa quantida<strong>de</strong> <strong>–</strong><br />
digamos, fixa <strong>–</strong> dos mesmos. É o que ocorre, geralmente, com os bens<br />
<strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong>, como alimentos, serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou <strong>de</strong><br />
educação <strong>–</strong> que sabidamente têm <strong>de</strong>manda inelástica a preço. De outra<br />
3<br />
Essas características foram apontadas pioneiramente pelo famoso economista inglês Alfred Marshall (1842-<br />
1924) em seus Principles of Economics.<br />
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parte, produtos supérfluos, para o consumidor, como jóias e perfumes,<br />
ten<strong>de</strong>m a ter <strong>de</strong>manda elástica a preço.<br />
ii) Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substitutos <strong>–</strong> também parece inquestionável a<br />
afirmação <strong>de</strong> que, se o produto tiver muitos substitutos próximos, um<br />
aumento <strong>de</strong> seu preço <strong>de</strong>ve estimular o consumidor a mudar <strong>de</strong><br />
produto, reduzindo, portanto, a <strong>de</strong>manda daquele cujo preço se elevou<br />
(se o preço do Palio se elevar, o consumidor ten<strong>de</strong>rá a substitui-lo por<br />
Gol 1000, ou por Fiesta, etc). Ou seja, quanto mais substitutos houver<br />
para um produto X, mais elástica a preço será sua <strong>de</strong>manda.<br />
Obviamente, o contrário ocorre na hipótese <strong>de</strong> o produto não ter<br />
substitutos próximos (como é o caso do sal). Nesta hipótese, mesmo<br />
ocorrendo um aumento do preço do produto, o consumidor ten<strong>de</strong>rá a<br />
continuar adquirindo a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> antes, por simples falta <strong>de</strong><br />
opção <strong>–</strong> o que torna sua <strong>de</strong>manda inelástica a preço.<br />
iii) Peso no orçamento do consumidor <strong>–</strong> quanto menor for o preço<br />
do produto, menos ele pesará no bolso do consumidor, como é o caso<br />
da caixa <strong>de</strong> fósforos. Assim, aumentos no preço <strong>de</strong> um produto<br />
“barato”, ten<strong>de</strong>m a não alterar a <strong>de</strong>manda daquele produto, como seria<br />
o caso se o preço da caixa <strong>de</strong> fósforos passasse <strong>de</strong> 20 centavos para 30<br />
centavos (um aumento <strong>de</strong> 50%!). Nesta hipótese, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sses<br />
produtos ditos “baratos” ten<strong>de</strong> a ser inelástica a preço, ocorrendo o<br />
contrário no caso dos produtos mais caros, como carros, passagens<br />
aéreas, etc.<br />
iv) Nível <strong>de</strong> preço <strong>–</strong> este é um aspecto pouco abordado pelos livrostextos<br />
<strong>de</strong> Economia, mas a verda<strong>de</strong> <strong>–</strong> facilmente comprovável <strong>–</strong> é que<br />
se o preço do produto estiver na parte superior da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda,<br />
mais elástica ten<strong>de</strong> a ser sua <strong>de</strong>manda, ocorrendo o contrário se o preço<br />
estiver na parte inferior da curva 4 .<br />
7. Elasticida<strong>de</strong> da oferta<br />
O conceito da elasticida<strong>de</strong> também se aplica no caso da oferta, para<br />
medirmos a reação dos produtores às variações <strong>de</strong> preço. Em síntese,<br />
po<strong>de</strong>mos assim <strong>de</strong>finir a elasticida<strong>de</strong>-preço da oferta:<br />
4 Isso é certamente verda<strong>de</strong> no caso <strong>de</strong> uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda retilínea, negativamente inclinada, e é<br />
geralmente válido para a <strong>de</strong>manda expressa por uma curva propriamente dita.<br />
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A “elasticida<strong>de</strong>-preço da oferta me<strong>de</strong> a variação percentual na<br />
quantida<strong>de</strong> ofertada <strong>de</strong> uma mercadoria em conseqüência <strong>de</strong> uma dada<br />
variação percentual em seu preço”.<br />
A exemplo da elasticida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>manda, po<strong>de</strong>mos obter diferentes<br />
valores para a elasticida<strong>de</strong> da oferta conforme utilizemos o preço e a<br />
quantida<strong>de</strong> originais ou novos. Também aqui, por convenção, é<br />
preferível utilizarmos P e Q médios, sendo a fórmula <strong>de</strong> cálculo dada<br />
por:<br />
Ep =<br />
Variação percentual na quantida<strong>de</strong> ofertada<br />
Variação percentual no preço<br />
∆Q<br />
∆%<br />
Q Qmédio ( )<br />
ou, E p = =<br />
∆%<br />
P ∆P<br />
Pmédio ( )<br />
Tomando por exemplo a curva <strong>de</strong> oferta da Figura 2, suponha que, ao<br />
preço inicial <strong>de</strong> R$ 10,00 por quilo, os produtores estarão dispostos a<br />
ven<strong>de</strong>r 200kg <strong>de</strong> arroz; se o preço se elevar para R$ 15,00, a oferta<br />
crescerá para 280kg. Vamos calcular a elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta curva <strong>de</strong><br />
oferta no arco AB.<br />
Figura 2<br />
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∆%<br />
Q 80<br />
Qm ( édio)<br />
E p = =<br />
∆%<br />
P<br />
240 80 12, 5 1000<br />
= × = = 083 ,<br />
5 240 5 1200<br />
Pmédio ( ) 12, 5<br />
Depen<strong>de</strong>ndo do número que se obtém, após este cálculo, a elasticida<strong>de</strong>preço<br />
da oferta também será classificada como:<br />
i) elástica , se o coeficiente encontrado for maior que 1,0;<br />
ii) unitária, se o coeficiente encontrado for igual a 1,0;<br />
iii) inelástica, se o coeficiente encontrado for menor que 1,0,<br />
valendo lembrar que, como os preços e quantida<strong>de</strong>s ofertadas variam<br />
na mesma direção, o coeficiente da elasticida<strong>de</strong>-preço da oferta terá<br />
sempre um sinal positivo.<br />
8. Elasticida<strong>de</strong>-preço-cruzada<br />
Diferentemente da elasticida<strong>de</strong>-preço anterior, esta elasticida<strong>de</strong>-preçocruzada<br />
me<strong>de</strong> a sensibilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>manda do bem X a variações nos<br />
preços do bem Y. Matematicamente, é medida pela razão entre as<br />
variações percentuais da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> um bem X e as<br />
variações percentuais <strong>de</strong> preço do bem Y. Ou:<br />
Qx<br />
E xy =<br />
P<br />
∆%<br />
∆%<br />
y<br />
Esta razão po<strong>de</strong> assumir valores negativos e positivos ou, ainda, ser<br />
igual a zero.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado for < 0, isto é, negativo, os dois bens são<br />
complementares.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado for > 0, isto é, positivo, os dois bens são substitutos ou<br />
sucedâneos.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado for = 0, os dois bens não guardam qualquer<br />
relação <strong>de</strong> consumo entre si.<br />
Exemplo:<br />
Suponha que X seja manteiga e Y seja margarina (dois produtos<br />
tipicamente substitutos).<br />
Se o preço <strong>de</strong> Y subir (+), a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> manteiga <strong>de</strong>ve<br />
aumentar ( + ). Logo, dividindo-se um valor positivo por outro positivo,<br />
o resultado será um valor positivo e, portanto os bens são substitutos.<br />
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Analise a hipótese <strong>de</strong> X = pneu e Y = carro. O que <strong>de</strong>ve ocorrer, caso o<br />
preço do carro aumente (ceteris paribrus)?<br />
9. Elasticida<strong>de</strong>-renda<br />
A elasticida<strong>de</strong>-renda (Er) me<strong>de</strong> a razão entre a variação percentual da<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> um bem X e a variação percentual da renda<br />
real do consumidor. Ou:<br />
E<br />
∆%<br />
Qx<br />
r =<br />
∆%<br />
R<br />
Depen<strong>de</strong>ndo do valor do coeficiente da elasticida<strong>de</strong>-renda obtido, o bem<br />
será classificado em bem inferior, ou bem normal ou bem superior.<br />
Assim, por exemplo, suponha que a renda dos consumidores tenha se<br />
elevado, num certo período <strong>de</strong> R$ 1.000,00 para R$ 1.300,00, em<br />
conseqüência, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada dos bens A, B, C e D, se<br />
alteraram <strong>de</strong> Qd0 para Qd1, conforme a tabela a seguir:<br />
Bens Qd0 Qd1<br />
A 20 18<br />
B 25 30<br />
C 30 78<br />
D 10 15<br />
E 40 40<br />
Utilizando a fórmula acima, po<strong>de</strong>mos calcular a elasticida<strong>de</strong>-renda<br />
para os cinco bens acima, assim:<br />
i)<br />
−10%<br />
Er (bem A) = = - 0,33<br />
30%<br />
ii)<br />
20 %<br />
Er (bem B) = = 0,66<br />
30%<br />
30 %<br />
iii) Er (bem C) = = 1,0<br />
30%<br />
50 %<br />
iv) Er (bem D) = = 1,67<br />
30%<br />
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0%<br />
v) Er (bem E) = = 0<br />
30%<br />
Observe-se que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada do bem A diminuiu<br />
quando a renda aumentou. Quando se verifica esta relação inversa entre<br />
variação na renda do consumidor e a conseqüente variação no consumo<br />
<strong>de</strong> um bem, este bem é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> bem inferior <strong>–</strong> como é o caso do<br />
bem A. Em conseqüência, o coeficiente da elasticida<strong>de</strong>-renda dos bens<br />
inferiores é negativo, refletindo o fato <strong>de</strong> que, no caso <strong>de</strong>sses bens, o<br />
seu consumo cai quando a renda cresce.<br />
No caso do bem B, verificamos que o seu consumo cresceu quando<br />
a renda cresceu, embora tenha crescido proporcionalmente menos que o<br />
crescimento da renda <strong>–</strong> o que forneceu um coeficiente da elasticida<strong>de</strong>renda<br />
positivo, porém menor que 1, ou seja, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong>sse bem<br />
inelástica a renda. Estes bens são <strong>de</strong>nominados bens normais <strong>–</strong> que<br />
são aqueles cuja <strong>de</strong>manda ten<strong>de</strong> a acompanhar a direção da variação<br />
renda. Se a renda cai, o seu consumo também cai; se a renda cresce, o<br />
seu consumo também cresce, ainda que não na mesma intensida<strong>de</strong>.<br />
No caso do bem C, o aumento do consumo se <strong>de</strong>u na mesma<br />
intensida<strong>de</strong> do aumento na renda (ambos cresceram 30%), e por isso, o<br />
coeficiente da elasticida<strong>de</strong>-renda foi positivo, igual a 1, ou seja, a<br />
elasticida<strong>de</strong>-renda é unitária. Estes bens também são classificados<br />
como bens normais.<br />
No caso do bem D, o consumo cresceu proporcionalmente mais<br />
que o crescimento na renda, dando um coeficiente <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>-renda<br />
positivo maior que 1 <strong>–</strong> ou seja, a elasticida<strong>de</strong>-renda neste caso é<br />
elástica. Estes bens são <strong>de</strong>nominados bens superiores.<br />
Por fim, temos o caso do bem E, cujo consumo não se alterou em<br />
<strong>de</strong>corrência do aumento da renda, fornecendo um coeficiente <strong>de</strong><br />
elasticida<strong>de</strong>-renda igual a 0. Esses bens anelásticos a renda são também<br />
consi<strong>de</strong>rados bens normais, geralmente se aplicando ao caso dos bens<br />
<strong>de</strong> consumo saciado (alimentos básicos, por exemplo).<br />
Em síntese, em relação à elasticida<strong>de</strong>-renda, temos as seguintes<br />
conclusões:<br />
<strong>–</strong> Se o resultado <strong>de</strong>sta razão for positivo maior que 1,0, o produto é<br />
dito “bem superior”.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado situar-se entre 0 e 1,0 o bem é normal.<br />
<strong>–</strong> Se o resultado for menor que 0, isto é, negativo, o produto é<br />
chamado <strong>de</strong> “bem inferior”.<br />
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10. Escassez, Tabelamento e Incidência Tributária<br />
10.1 Escassez e exce<strong>de</strong>nte <strong>–</strong> tabelamento<br />
Muitas vezes, o governo se vê obrigado a intervir no mercado através do<br />
controle <strong>de</strong> preços ou tabelamento, com o objetivo <strong>de</strong> proteger os<br />
consumidores. Isso ocorre sempre que um país atravessa um período <strong>de</strong><br />
aceleração inflacionária, ou quando o governo percebe a ação ou<br />
comportamento <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> empresas <strong>–</strong> os oligopólios <strong>–</strong> que tentam<br />
tirar proveito <strong>de</strong> seu “po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mercado” reajustando abusivamente<br />
seus preços.<br />
Ao perceber que os preços que vigorarão no mercado serão muito<br />
elevados, o governo resolve intervir, fixando um preço máximo para a<br />
venda do produto <strong>–</strong> e que será, necessariamente, menor do que o preço<br />
que vigoraria no mercado.<br />
No Brasil, essa prática foi muito comum nos anos 80 e 90 do século<br />
passado, como mostraram as experiências do Plano Cruzado, em 1986;<br />
do Plano Bresser, em 1987; do Plano Verão (Mailson), em 1989 e do<br />
Plano Collor II (ou Zélia), em 1991. Esses foram momentos bem<br />
marcantes <strong>de</strong> “congelamentos” <strong>de</strong> preços que, no fundo, se traduzem<br />
em verda<strong>de</strong>iros tabelamentos. Afora esses momentos, existiam, ainda,<br />
os controles permanentes <strong>de</strong> preços pela SUNAB, CIP, “Câmaras<br />
Setoriais”, etc.<br />
Não importa a forma, nem o órgão, nem o porquê do controle ou do<br />
tabelamento <strong>de</strong> preços. O que importa, do ponto <strong>de</strong> vista da análise<br />
econômica, é conhecer as conseqüências <strong>de</strong>sse tabelamento.<br />
Para tanto, vamos partir da Figura 3:<br />
Figura 3<br />
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O governo resolve tabelar o preço <strong>de</strong> x ao nível <strong>de</strong> P1 . Pelo mercado, o<br />
preço <strong>de</strong> equilíbrio seria Pe . Ao nível <strong>de</strong> P1 a QD é maior que Qs surgindo um exce<strong>de</strong>nte da <strong>de</strong>manda sobre a oferta igual a QD - QS .<br />
Esse exce<strong>de</strong>nte forçaria o preço a subir até Pe <strong>–</strong> o que é impedido pelo<br />
congelamento. Com isso, surge uma <strong>de</strong>manda insatisfeita (igual a QD <strong>–</strong><br />
Qs ), existindo diversas soluções para o problema, a saber:<br />
(i) Aparecem as filas: Toda vez que, num mercado, houver excesso<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, surgirão filas, seja nas bilheterias dos teatros, seja à porta<br />
dos açougues, seja nos balcões das lojas, sendo que somente os que<br />
chegarem primeiro serão atendidos.<br />
(ii) Surgem as vendas preferenciais: Quando a <strong>de</strong>manda para um<br />
concerto musical é maior que o número <strong>de</strong> bilhetes, muitas vendas são<br />
feitas “por <strong>de</strong>baixo do pano”. Os promotores do espetáculo reservam<br />
uma parte dos ingressos para convidados ilustres, para políticos ou para<br />
fregueses mais regulares.<br />
(iii) Surge o mercado negro: Sabendo que vai faltar ingresso, para<br />
burlar o tabelamento, reduzem a quantida<strong>de</strong> contida no próprio produto,<br />
ven<strong>de</strong>ndo-o, porém, ao preço tabelado. Assim, por exemplo, o rolo <strong>de</strong><br />
papel higiênico, antes com 45 metros, passa a 40 metros, o quilo <strong>de</strong><br />
carne passa a ter 900 gramas, o sabonete já não faz tanta espuma<br />
como anteriormente, etc.<br />
Como se vê, o controle ou congelamento <strong>de</strong> preços, ainda que seja um<br />
instrumento útil para estancar temporariamente um processo inflacionário,<br />
provoca sempre outras distorções no mercado.<br />
10.2 Incidência tributária<br />
Qual será o efeito da imposição, pelo governo, <strong>de</strong> um imposto sobre a<br />
venda <strong>de</strong> uma mercadoria? Quem pagará este imposto? O leitor menos<br />
atento respon<strong>de</strong>rá que o imposto será pago pelo consumidor. No<br />
entanto, isso po<strong>de</strong> ou não ser verda<strong>de</strong>. Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá das<br />
elasticida<strong>de</strong>s da <strong>de</strong>manda e da oferta. Mas, antes <strong>de</strong> mais nada, é<br />
preciso distinguir dois tipos <strong>de</strong> impostos: (i) o imposto específico <strong>–</strong> que<br />
é um valor fixo que inci<strong>de</strong> sobre o preço <strong>de</strong> venda, digamos, R$ 10,00;<br />
e (ii) o imposto ad valorem <strong>–</strong> que é um percentual que recai sobre o<br />
valor da venda, digamos, 15%.. Analisemos os dois casos:<br />
a) Imposto específico<br />
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O primeiro efeito do lançamento <strong>de</strong> um imposto específico é o<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva da oferta, igual, verticalmente, ao montante do<br />
imposto.<br />
Isso se explica pelo fato <strong>de</strong> que a curva <strong>de</strong> oferta representa as<br />
quantida<strong>de</strong>s que serão oferecidas pelo produtor em relação aos preços<br />
praticados no mercado. Para qualquer preço P <strong>de</strong> mercado, o produtor<br />
subtrai o imposto T, ficando com a diferença. Ou seja, o produtor<br />
receberá o valor P que será dado por:<br />
2<br />
P 2 = P 1 - T<br />
O que ocorrerá com o preço e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio? A resposta<br />
está ilustrada na Figura 4. A <strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> um imposto específico<br />
<strong>de</strong>sloca, como já foi dito, a curva <strong>de</strong> oferta para a esquerda. O novo<br />
ponto <strong>de</strong> equilíbrio se dá on<strong>de</strong> a nova curva <strong>de</strong> oferta (S1 ) corta a curva<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda. Antes, P e Q eram, respectivamente, o preço e a<br />
0 0<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio. Agora, o equilíbrio se dá em P e Q . Do preço<br />
1 1<br />
P o ven<strong>de</strong>dor receberá apenas P (= P - T). Como P é menor que P ,<br />
1 2 1 2 0<br />
a oferta do produtor cai para Q .<br />
1<br />
Figura 4<br />
Neste exemplo, sobre quem recai efetivamente o imposto?<br />
Po<strong>de</strong>-se dividir o montante do imposto (= P - P ) em duas parcelas, a<br />
1 2<br />
saber:<br />
(i) P = P <strong>–</strong> P que correspon<strong>de</strong> ao aumento do preço <strong>de</strong> equilíbrio <strong>–</strong><br />
1 1 0<br />
e, por conseqüência, representa a parcela do imposto a ser paga pelo<br />
consumidor.<br />
(ii) P = P <strong>–</strong> P que correspon<strong>de</strong> à redução no preço recebido pelo<br />
2 0 2<br />
produtor <strong>–</strong> e que, por conseqüência, representa a parcela a ser paga<br />
pelo produtor.<br />
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Qual das duas parcelas é a maior? Isto irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da elasticida<strong>de</strong> da<br />
<strong>de</strong>manda e da oferta.<br />
Observemos a Figura 5, on<strong>de</strong> são apresentadas duas curvas <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda. Dx e Dy , sendo Dx mais elástica (mais “<strong>de</strong>itada”) que Dy .<br />
Ambas as curvas cruzam, inicialmente, a curva <strong>de</strong> oferta S no mesmo<br />
0<br />
ponto, <strong>de</strong>finindo o preço e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio inicial em P e Q .<br />
0 0<br />
Com a <strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> um imposto específico, T, a curva <strong>de</strong> oferta se<br />
<strong>de</strong>sloca para S . O novo preço <strong>de</strong> equilíbrio se dará no ponto on<strong>de</strong> as<br />
1<br />
duas curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda cruzam com nova curva <strong>de</strong> oferta (S ). No<br />
1<br />
caso do produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda Dy , o novo preço será P e a quantida<strong>de</strong><br />
2<br />
transacionada será Q . Já para o produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda D<br />
2 x (mais<br />
elástica), o preço será P (menor que P ) e a quantida<strong>de</strong> transacional<br />
1 2<br />
será Q .<br />
1<br />
Figura 5<br />
Lembre-se que o aumento do preço pós-imposto representa a parcela<br />
do imposto repassada ao consumidor. No caso presente, o repasse<br />
maior ocorreu no produto Dy (menos elástico). Isto se explica pelo fato<br />
<strong>de</strong> que um produto <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda inelástica implica que os consumidores<br />
não reagem muito às variações <strong>de</strong> preços. Se isto é fato, o produtor<br />
repassará o máximo do imposto ao preço, sabendo que os consumidores<br />
não reduzirão muito suas compras do produto.<br />
b) Imposto ad valorem<br />
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Trata-se <strong>de</strong> um imposto que inci<strong>de</strong> sobre o valor da venda,<br />
representando, no caso, um percentual da receita do ven<strong>de</strong>dor (ou<br />
produtor). Assim, por exemplo, se o imposto (t%) for 20%, o produtor<br />
receberá efetivamente apenas 80% do preço <strong>de</strong> mercado, isto é,<br />
receberá P * , que será dado por:<br />
P * = (1 <strong>–</strong> t%)P<br />
Qual será o efeito da <strong>de</strong>cretação <strong>de</strong> um imposto ad valorem?<br />
Graficamente, a curva <strong>de</strong> oferta se tornará mais vertical, sendo o<br />
coeficiente angular da nova curva <strong>de</strong> oferta (S ) dado pela taxa do<br />
1<br />
imposto, como mostra a Figura 6.<br />
Figura 6 Figura 7<br />
Pela Figura 7, com o <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> oferta, tanto o preço<br />
como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equilíbrio se alteram <strong>de</strong> P e Q para P e Q ,<br />
0 0 1 1<br />
respectivamente.<br />
Tal como no caso do imposto específico, aqui, também, o montante do<br />
imposto será dividido em duas parcelas:<br />
∆P1 = P1 − P0,<br />
que será paga pelo consumidor e<br />
∆P2 = P0 − P2,<br />
que será paga pelo produtor.<br />
10.3 Política <strong>de</strong> preços mínimos<br />
Com o objetivo <strong>de</strong> proteger os agricultores das flutuações climáticas<br />
que, necessariamente, afetam sua colheita e, daí, alteram os preços <strong>de</strong><br />
mercado, o governo adota a chamada “política <strong>de</strong> preços mínimos” ou<br />
“garantia <strong>de</strong> preços mínimos”.<br />
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Tal política se justifica pelo fato <strong>de</strong> que se houver uma boa safra,<br />
digamos, <strong>de</strong> milho, sua oferta será gran<strong>de</strong> e, em conseqüência, seus<br />
preços serão baixos, po<strong>de</strong>ndo, inclusive, ficar abaixo dos custos <strong>de</strong><br />
produção. Sendo a <strong>de</strong>manda por produtos agrícolas geralmente<br />
inelástica, com uma baixa <strong>de</strong> preços, a receita dos produtores se<br />
reduzirá. Com isso, os produtores não terão qualquer estímulo para<br />
plantar milho no próximo ano, quando, então, haverá escassez do<br />
produto e conseqüente aumento <strong>de</strong> preços.<br />
Para evitar essas flutuações e os prejuízos para os produtores e para os<br />
consumidores, o governo interfere no mercado fixando “preços<br />
mínimos” que garantam uma remuneração compensatória aos<br />
produtores. Este “preço mínimo <strong>de</strong> garantia” só será usado pelo<br />
produtor se, por excesso <strong>de</strong> oferta, “o preço <strong>de</strong> mercado” se situar<br />
abaixo do preço <strong>de</strong> garantia.<br />
Para enten<strong>de</strong>r as conseqüências da adoção <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> preços <strong>de</strong><br />
garantia, consi<strong>de</strong>remos a Figura 8 que, hipoteticamente, reflete o<br />
mercado <strong>de</strong> milho, on<strong>de</strong> S é a oferta, D é a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, Pe é o<br />
preço <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>terminado pelas forças <strong>de</strong> mercado (oferta e<br />
<strong>de</strong>manda) e Pm é o preço mínimo fixado pelo governo.<br />
Figura 8<br />
Como o Pm é maior que o preço <strong>de</strong> mercado (Pe ), a receita garantida<br />
aos produtores será OPm x OQs (ou igual à área OPmCQsO). Se não<br />
houvesse o preço <strong>de</strong> garantia, a receita dos produtores seria dada pelo<br />
preço <strong>de</strong> mercado multiplicado pela quantida<strong>de</strong> vendida, ou, OPe x<br />
OQs , que, obviamente, seria menor que a anterior, já que Pe < Pm .<br />
Para garantir aos produtores a receita <strong>de</strong>finida pelo preço mínimo, o<br />
governo dispõe <strong>de</strong> duas alternativas:<br />
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i) fixa o preço em Pm e compra o exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> milho, ou seja, BQs ao<br />
preço <strong>de</strong> Pm ; ou<br />
ii) <strong>de</strong>ixa que o milho seja vendido ao preço <strong>de</strong> mercado, Pe , e conce<strong>de</strong> a<br />
cada agricultor um subsídio, em dinheiro, igual a Pm - Pe para cada<br />
saca vendida.<br />
A questão, então, é: qual dos dois programas é mais caro para o<br />
governo? Antes <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r, vale lembrar que, em qualquer<br />
alternativa, a receita dos produtores será dada pelo retângulo<br />
OP m ACO.<br />
Se o governo optar pelo primeiro programa, isto é, comprar o<br />
exce<strong>de</strong>nte, a <strong>de</strong>spesa dos consumidores (DC) será dada por OPm x OB<br />
(= OPmABO) e, conseqüentemente, a <strong>de</strong>spesa do governo (DG) será<br />
OPm x BQs (= BACQsB). Observando que quanto maior a parcela paga pelos consumidores,<br />
menor será a <strong>de</strong>spesa do governo, e consi<strong>de</strong>rando que a <strong>de</strong>manda por<br />
milho tem alta probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser inelástica, a <strong>de</strong>spesa dos<br />
consumidores será maior no primeiro programa, compra do exce<strong>de</strong>nte<br />
pelo governo. Isto porque, quando a <strong>de</strong>manda é inelástica, um aumento<br />
do preço do produto <strong>de</strong> Pe para Pm eleva a receita do ven<strong>de</strong>dor (isto é,<br />
aumenta a <strong>de</strong>spesa dos consumidores). Se esta é aumentada, significa<br />
que a do governo diminui. (Observe-se que não se consi<strong>de</strong>ram, aqui, os<br />
custos <strong>de</strong> armazenamento, nem as eventuais receitas que o governo<br />
terá, mais tar<strong>de</strong>, com a venda <strong>de</strong> seu estoque).<br />
11. Algumas conclusões-resumo <strong>de</strong>sta nossa primeira aula<br />
Apren<strong>de</strong>mos, hoje, então, o que é a elasticida<strong>de</strong> nos seus diversos<br />
conceitos <strong>–</strong> elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda e da oferta, a elasticida<strong>de</strong>renda<br />
e a elasticida<strong>de</strong>-preço-cruzada. Apren<strong>de</strong>mos, também, como<br />
calculá-la e como interpretar os resultados encontrados. Fomos mais<br />
além, analisando casos específicos <strong>de</strong> sua aplicação, como no caso <strong>de</strong><br />
políticas governamentais <strong>de</strong> tabelamento <strong>de</strong> preços, no caso da<br />
incidência e do ônus do imposto sobre os consumidores (e,<br />
eventualmente, sobre os produtores) e no caso das políticas <strong>de</strong><br />
garantidas <strong>de</strong> abastecimento postas em prática pelo Governo.<br />
Nas nossas próximas aulas, veremos outras aplicações <strong>de</strong>ste importante<br />
conceito econômico, principalmente quando abordarmos a questão dos<br />
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investimentos, da poupança, do mercado monetário e do comércio<br />
exterior e do balanço <strong>de</strong> pagamentos.<br />
Uma boa sorte para você, um abraço e até nosso próximo encontro!<br />
______________<br />
Exercícios <strong>de</strong> fixação:<br />
I) Exercícios resolvidos:<br />
1. A elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda do produto A é <strong>–</strong>0,1. Se o preço <strong>de</strong>sse<br />
produto aumentar em 2%, quanto <strong>de</strong>verá diminuir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada?<br />
Solução: Utilizando a fórmula <strong>de</strong> cálculo da elasticida<strong>de</strong>-preço e fazendo as<br />
<strong>de</strong>vidas substituições pelos números dados pelo problema, tem-se:<br />
∆% Qd ∆%<br />
Qd<br />
Ep = = = −0,<br />
1<br />
∆%<br />
P − 2%<br />
Efetuando a conta acima, tem-se que a variação percentual da quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mandada (∆%Qd) é igual a <strong>–</strong>2%. Ou seja, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong>verá<br />
cair 2%.<br />
2. A elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um bem é <strong>–</strong>1,8 e a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>mandada ao preço <strong>de</strong> mercado é <strong>de</strong> 5.000 unida<strong>de</strong>s. Caso o preço do bem<br />
sofra uma redução <strong>de</strong> 5%, qual <strong>de</strong>verá ser a nova quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada?<br />
Solução: Novamente, vamos utilizar a fórmula da elasticida<strong>de</strong>-preço, com as<br />
<strong>de</strong>vidas substituições:<br />
∆% Qd ∆%<br />
Qd<br />
Ep = = = −1,<br />
8<br />
∆%<br />
P − 5%<br />
Ou seja, ∆%Qd = -5% x -1,8 = 9%; assim, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada teria<br />
aumentado em 9%, ou em 450 unida<strong>de</strong>s (9% <strong>de</strong> 5.000 unida<strong>de</strong>s).<br />
Deste modo, a nova quantida<strong>de</strong> passará a ser: 5.450.<br />
3. Sabe-se que a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um bem X qualquer é elástica a preço. Assim, se<br />
o preço <strong>de</strong>sse bem aumentar, tudo o mais permanecendo constante, o gasto<br />
total do consumidor <strong>de</strong>ste bem <strong>de</strong>ve aumentar, cair ou permanecer<br />
constante?<br />
Solução: Para que a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um bem seja elástica a preço, é necessário que<br />
a ∆%Qd > ∆%P. Esta é a condição para que o resultado seja maior que 1 (em<br />
valor absoluto). Ora, se um aumento, digamos, <strong>de</strong> 10% no preço do produto<br />
provocar, digamos, uma queda na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> 20% (logo ∆%Qd<br />
> ∆%P), a <strong>de</strong>spesa ou gasto total do consumidor <strong>de</strong>ve cair.<br />
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4. Suponha-se a seguinte função <strong>de</strong>manda linear:<br />
Qdx = 600 <strong>–</strong> 5Px<br />
Esta equação fornece uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda representada por um linha reta tal<br />
como representado no seguinte gráfico abaixo.<br />
Pe<strong>de</strong>-se: calcule a elasticida<strong>de</strong>-preço nas seguintes hipóteses:<br />
i) P = 90; ii) P = 60; e, P = 30.<br />
120<br />
90<br />
60<br />
30<br />
0 150 300 450 600<br />
Solução: O ponto médio correspon<strong>de</strong> ao preço <strong>de</strong> 60 (igual à média entre zero e 120) e à<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 300 (média entre zero e 600).<br />
i) Vamos calcular a Ep correspon<strong>de</strong>nte ao preço <strong>de</strong> 60, utilizando como referência para o<br />
cálculo o preço <strong>de</strong> 120 (que reduz a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada para zero). Temos:<br />
Px Qd<br />
60 300<br />
120 0<br />
∆%<br />
Qd 100%<br />
Ep = = = 1<br />
∆%<br />
P 100%<br />
ii) Agora, vamos calcular a Ep para o preço <strong>de</strong> 30. A este preço, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada é<br />
450 (Qd= 600 - 5 . 30 = 450). Assim, vamos calcular a Ep caso o preço suba <strong>de</strong> 30 para 60:<br />
Px Qd<br />
30 450<br />
60 300<br />
P ∆Q<br />
30 150 4500<br />
Ep= . = . = = 0,<br />
33<br />
Q ∆P<br />
450 30 13500<br />
iii) Consi<strong>de</strong>rando, agora, uma queda do preço <strong>de</strong> 90 (on<strong>de</strong> a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada é 150)<br />
para 60, temos:<br />
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Px Qd<br />
90 150<br />
60 300<br />
90 150<br />
Ep = . = 3<br />
150 30<br />
Dos cálculos acima, po<strong>de</strong>-se concluir que uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda representada por uma<br />
linha reta tem elasticida<strong>de</strong> unitária no seu ponto médio, sendo elástica aos preços acima do<br />
ponto médio e inelástica aos preços abaixo do ponto médio.<br />
5. Numa indústria em concorrência perfeita, a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> um produto qualquer é<br />
<strong>de</strong>finida por Qs = 600P <strong>–</strong> 1000, na ausência <strong>de</strong> impostos, enquanto a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é<br />
<strong>de</strong>finida por Qd = 4500 <strong>–</strong> 400P. Suponha, então, que o Governo lance um imposto<br />
específico T = 1,00 sobre este produto.<br />
Calcule a quantida<strong>de</strong> transacionada <strong>de</strong> equilíbrio (Qe) e o preço <strong>de</strong> equilíbrio (Pe) antes e<br />
<strong>de</strong>pois do imposto.<br />
Solução: Em equilíbrio, a quantida<strong>de</strong> ofertada (Qs) é igual à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada (Qd),<br />
ou Qs = Qd<br />
Substituindo nesta igualda<strong>de</strong>, os valores <strong>de</strong> Qs e <strong>de</strong> Qd, temos:<br />
600P <strong>–</strong> 1000 = 4500 <strong>–</strong> 400P<br />
ou, 1000P = 5500<br />
e, P = 5,50<br />
Para acharmos a quantida<strong>de</strong> transacionada <strong>de</strong> equilíbrio, substituímos o valor encontrado<br />
para P nas duas equações dadas pelo problema, assim:<br />
Qs = 600 x 5,50 <strong>–</strong> 1000 = 2.300<br />
Qd = 4500 <strong>–</strong> 400 x 5,50 = 2.300<br />
Logo, antes do imposto a quantida<strong>de</strong> transacionada <strong>de</strong> equilíbrio é 2.300 e o preço <strong>de</strong><br />
equilíbrio é 5,50.<br />
Vamos agora calcular a quantida<strong>de</strong> e o preço <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>pois do imposto (T = 1):<br />
Antes <strong>de</strong> fazermos as <strong>de</strong>vidas substituições, é bom lembrar que, agora, qualquer que seja o<br />
preço <strong>de</strong> venda do produto, para o produtor o preço será um real a menos, já que ele tem <strong>de</strong><br />
recolher para o governo este imposto. Assim, se ele ven<strong>de</strong>r o produto por 5,00, para ele é<br />
4,00; se ele ven<strong>de</strong>r por 7,00, para ele é 6,00. Quanto ao consumidor, o preço que ele paga é<br />
sempre o preço que estiver no mercado. Se o preço for 5,00, para ele é mesmo 5,00; se o<br />
preço for 7,00, ele pagará este preço, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> ter ou não um imposto<br />
embutido no preço.<br />
Assim, o imposto só vai afetar a equação da oferta. Para sabermos qual a quantida<strong>de</strong><br />
ofertada, após o imposto, temos <strong>de</strong> retirar do preço (P) o imposto, ficando assim a equação<br />
da oferta:<br />
Qs = 600(P-1) <strong>–</strong> 1000<br />
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A equação da <strong>de</strong>manda, como foi dito, não é afetada, já que, para o consumidor, o preço P é<br />
<strong>de</strong> fato o preço que ele paga.<br />
Assim, igualando as duas equações, teremos:<br />
600(P-1) <strong>–</strong> 1000 = 4500 <strong>–</strong> 400P<br />
ou, 600P <strong>–</strong> 600 - 1000 = 4500 <strong>–</strong> 400P<br />
1000P = 6100<br />
e, P = 6,10<br />
Ou seja, o imposto <strong>de</strong> 1,00 elevou o preço <strong>de</strong> 5,50 para 6,10. A este novo preço a<br />
quantida<strong>de</strong> ofertada será:<br />
Qs = 600 x (6,10 <strong>–</strong> 1) <strong>–</strong> 1000 = 2.060<br />
e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada será:<br />
Qd = 4500 <strong>–</strong> 400 x 6,10 = 2.060.<br />
Assim, o efeito do imposto foi elevar o preço para o consumidor (<strong>de</strong> 5,50 para 6,10) <strong>–</strong> o que<br />
fez a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada cair <strong>–</strong> e reduzir o preço recebido pelo produtor (6,10 <strong>–</strong> 1,00 =<br />
5,10) <strong>–</strong> o que fez, também, a quantida<strong>de</strong> ofertada cair.<br />
II <strong>–</strong> Exercícios propostos (veja gabarito ao final)<br />
Múltpla escolha: Assinale a alternativa que respon<strong>de</strong> a proposição:<br />
1. Se a receita total se eleva quando o preço se reduz, po<strong>de</strong>-se dizer, então, que a <strong>de</strong>manda<br />
é:<br />
a) inelástica;<br />
b) tem elasticida<strong>de</strong> unitária;<br />
c) vertical;<br />
d) elástica;<br />
e) horizontal.<br />
2. A <strong>de</strong>manda por um produto é mais elástica:<br />
a) quanto maior for o nº <strong>de</strong> bens substitutos disponíveis;<br />
b) quanto menor for a proporção da renda do consumidor <strong>de</strong>spendida no produto;<br />
c) quanto menor for o período <strong>de</strong> tempo consi<strong>de</strong>rado;<br />
d) quanto mais essencial for o produto;<br />
e) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> preferência do mercado.<br />
3. A elasticida<strong>de</strong>-cruzada da procura <strong>de</strong> um bem X em relação ao preço do bem Y é <strong>–</strong> 1,5.<br />
A partir <strong>de</strong>sta informação po<strong>de</strong>-se concluir que o bem X é:<br />
a) substituto do bem Y, com <strong>de</strong>manda elástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
b) complementar ao bem Y, com <strong>de</strong>manda elástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
c) substituto do bem Y, com <strong>de</strong>manda inelástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
d) complementar do Y, com <strong>de</strong>manda inelástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
e) os dois bens não estão relacionados no consumo.<br />
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4. A proporção da renda gasta na aquisição <strong>de</strong> carne cresce à medida que aumenta a renda<br />
do indivíduo (mantidos constantes os preços). Logo, a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura da<br />
carne é, para ele:<br />
a) zero;<br />
b) negativa;<br />
c) menor que 1;<br />
d) maior que 1.<br />
5. A elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda do bem X é 0,5. Daí, po<strong>de</strong>-se concluir que:<br />
a) um aumento no preço <strong>de</strong> X <strong>de</strong>ve provocar um aumento na sua <strong>de</strong>manda em<br />
proporção maior que a redução do preço;<br />
b) uma redução do preço <strong>de</strong> X <strong>de</strong>ve aumentar a <strong>de</strong>manda em proporção maior que a<br />
redução do preço;<br />
c) uma redução do preço <strong>de</strong> X provoca um aumento da <strong>de</strong>manda em proporção<br />
menor que a redução no preço;<br />
d) é impossível afirmar qualquer coisa sem conhecer o mercado do bem.<br />
6. Num mercado em concorrência perfeita, na ausência <strong>de</strong> imposto, a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong>terminado produto é dada por Qs = 600P <strong>–</strong> 900 e a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é dada por Qd<br />
= 3500 - 200P. O governo, então, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> <strong>de</strong>cretar um imposto específico T = 2. Neste<br />
caso, os preços <strong>de</strong> equilíbrio, antes e após o imposto, são, respectivamente:<br />
a) 5,50 e 6,20;<br />
b) 6,75 e 5,50;<br />
c) 5,50 e 7,00;<br />
d) 5,50 e 6,75;<br />
e) 7,00 e 5,50.<br />
7. O governo lança um imposto específico (T) sobre <strong>de</strong>terminado produto fabricado em<br />
regime <strong>de</strong> concorrência perfeita. Po<strong>de</strong>-se garantir que, a curto prazo, o ônus do<br />
imposto:<br />
a) incidirá totalmente sobre o consumidor;<br />
b) recairá inteiramente sobre o produtor;<br />
c) será dividido entre produtores e consumidores, conforme o po<strong>de</strong>r político <strong>de</strong> cada<br />
grupo;<br />
d) será dividido entre dois grupos (produtores e consumidores), <strong>de</strong> acordo com as<br />
elasticida<strong>de</strong>s-preço da oferta e da <strong>de</strong>manda;<br />
e) nada po<strong>de</strong> ser afirmado a priori, sem se conhecer o produto.<br />
8. A carga paga pelos consumidores, por um imposto unitário, arrecadado dos produtores<br />
será:<br />
a) maior quanto mais elástica for a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
b) maior quanto mais inelástica for a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
c) maior quanto mais inelástica for a curva <strong>de</strong> oferta;<br />
d) maior quanto menor o controle do Governo sobre o mercado;<br />
e) sempre maior que a carga paga pelos produtores.<br />
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9. A proporção da renda gasta na aquisição do bem X cresce à medida que aumenta a renda<br />
real dos indivíduos. A partir <strong>de</strong>sta afirmativa, po<strong>de</strong>-se concluir que:<br />
a) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura <strong>de</strong>ste bem é menor que 1 e X é um bem inferior;<br />
b) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura é igual a 1 e o bem é normal;<br />
c) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura é maior que 1 e o bem é normal;<br />
d) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura é negativa e o bem é inferior;<br />
e) a elasticida<strong>de</strong>-renda da procura é maior que 1 e X é um bem superior.<br />
10. A elasticida<strong>de</strong> cruzada da <strong>de</strong>manda do bem X em relação ao preço do bem Y é <strong>–</strong> 0,5. A<br />
partir <strong>de</strong>sta informação, po<strong>de</strong>-se concluir que o bem X é:<br />
a) substituto bruto do item Y, com <strong>de</strong>manda elástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
b) complementar do bem Y, com <strong>de</strong>manda inelástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
c) substituto bruto do bem Y, com <strong>de</strong>manda inelástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
d) complementar bruto do bem Y, com <strong>de</strong>manda elástica em relação ao preço <strong>de</strong> Y;<br />
e) complementar do bem Y, com elasticida<strong>de</strong> unitária em relação ao preço <strong>de</strong> Y.<br />
11. Se a elasticida<strong>de</strong>-arco da procura por carne for igual a <strong>–</strong>2 e se o preço do quilo passar<br />
<strong>de</strong> R$ 9,00 para R$ 11,00, a queda percentual na quantida<strong>de</strong> procurada será <strong>de</strong>:<br />
a) 20%;<br />
b) 50%;<br />
c) 30%;<br />
d) 25%;<br />
e) 40%.<br />
12. (Questão da prova do concurso para Auditor do Tesouro Municipal <strong>–</strong>Recife-2003)<br />
Consi<strong>de</strong>rando uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda representada por uma linha reta, é correto afirmar:<br />
a) no ponto médio da “curva” <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é zero;<br />
b) o valor absoluto da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é igual a 1 e constante em todos<br />
os pontos da “curva” <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
c) o valor absoluto da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é maior que 1 para todos os<br />
pontos da “curva” <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
d) a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda varia ao longo da “curva” <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda;<br />
e) quando P = 0, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é igual a 1.<br />
13. (Questão da prova <strong>de</strong> Analista <strong>de</strong> Planejamento e Orçamento <strong>–</strong> MPOG <strong>–</strong> 2003)<br />
Consi<strong>de</strong>rando uma curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por um <strong>de</strong>terminado bem, po<strong>de</strong>-se afirmar que:<br />
a) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do formato da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é<br />
constante ao longo da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, qualquer que sejam os preços e<br />
quantida<strong>de</strong>s;<br />
b) na versão linear da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é 1 quando<br />
Q = zero;<br />
c) na versão linear da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda é zero<br />
quando p = zero;<br />
d) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do formato da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, a elasticida<strong>de</strong> nunca po<strong>de</strong> ter o seu<br />
valor absoluto inferior à unida<strong>de</strong>;<br />
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e) não é possível calcular o valor da elasticida<strong>de</strong>-preço da <strong>de</strong>manda ao longo <strong>de</strong> uma<br />
curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda linear.<br />
14. (Questão da prova TCU <strong>–</strong>Analista <strong>de</strong> Finanças e Controle Externo <strong>–</strong> 2000) Sobre a<br />
incidência <strong>de</strong> um imposto sobre a venda <strong>de</strong> uma mercadoria específica é correto afirmar<br />
que:<br />
a) em um mercado concorrencial aumentará os preços se a <strong>de</strong>manda for inelástica e a<br />
oferta elástica;<br />
b) haverá aumento <strong>de</strong> preço <strong>de</strong> preço se a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda for totalmente elástica e o<br />
mercado for concorrencial;<br />
c) implicará um aumento <strong>de</strong> preços apenas em mercados oligopolizados;<br />
d) não provocará aumento nos preços em mercados concorrenciais, po<strong>de</strong>ndo provocalo<br />
em mercados oligopolizados, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das elasticida<strong>de</strong>s da oferta e da<br />
<strong>de</strong>manda;<br />
e) não provocará aumento <strong>de</strong> preços se a <strong>de</strong>manda for inelástica e o mercado<br />
concorrencial.<br />
____________________<br />
Gabarito dos exercícios propostos:<br />
1. d 2. a 3. b 4. d 5. c<br />
6. c 7. d 8. b 9. e 10. b<br />
11. e 12. d 13. c 14. d<br />
_____________________<br />
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<strong>AULA</strong> 4: INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA<br />
Nas nossas três primeiras aulas, nós fizemos uma<br />
introdução-revisão <strong>de</strong> alguns conceitos da Microeconomia<br />
que certamente vão nos ajudar muito no entendimento da<br />
Macroeconomia <strong>–</strong> que é, a partir <strong>de</strong>sta Aula 4, o objeto<br />
central <strong>de</strong> nosso curso. Nós, agora, vamos dar um salto, e<br />
passar a estudar a economia do país como um todo,<br />
analisando as variáveis que <strong>de</strong>terminam o volume da<br />
produção total <strong>de</strong> bens e serviços, o nível do emprego e o<br />
nível geral <strong>de</strong> preços do sistema econômico.<br />
Nesta nossa Aula <strong>de</strong> n° 4, nós vamos abordar os<br />
gran<strong>de</strong>s agregados da economia, como são chamados o<br />
produto interno bruto, o investimento bruto, a renda<br />
nacional, e outros conceitos relevantes.<br />
Bem-vindo, então, ao maravilhoso mundo da<br />
Macroeconomia!<br />
4.1. O sistema econômico: agentes e fluxos<br />
A teoria macroeconomia é a parte da teoria econômica que<br />
estuda o funcionamento da economia como um todo. Cabe à<br />
macroeconomia i<strong>de</strong>ntificar e medir as variáveis que <strong>de</strong>terminam o<br />
volume da produção total <strong>de</strong> bens e serviços, o nível do emprego e<br />
o nível geral <strong>de</strong> preços do sistema econômico, bem como os<br />
agentes econômicos que atuam nesse sistema, realizando<br />
transações <strong>de</strong> todos os tipos e naturezas.<br />
Como foi dito em nossa Aula 1, uma <strong>de</strong>scrição do sistema<br />
econômico como um todo <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar, <strong>de</strong> um lado, os tipos <strong>de</strong><br />
agentes econômicos que nele atuam e, <strong>de</strong> outro, os fluxos por ele<br />
gerados. Se consi<strong>de</strong>rarmos, por simplificação, uma economia<br />
fechada, isto é, sem relações econômicas com outros países (sem<br />
exportações e importações, por exemplo), po<strong>de</strong>mos i<strong>de</strong>ntificar os<br />
seguintes agentes que atuam no sistema econômico:<br />
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. As unida<strong>de</strong>s familiares<br />
. As empresas<br />
. O governo<br />
No sistema econômico, às unida<strong>de</strong>s familiares cabe o papel<br />
<strong>de</strong> fornecer os recursos produtivos às empresas (recursos<br />
naturais, mão-<strong>de</strong>-obra, capital, capacida<strong>de</strong> empresarial, etc.),<br />
recebendo, em troca, uma remuneração ou renda <strong>–</strong> (que po<strong>de</strong> ser:<br />
salários, aluguéis, juros e lucros) - que, num momento seguinte,<br />
será voltada para adquirir das empresas bens e serviços <strong>de</strong> que<br />
necessitam.<br />
As empresas, por seu turno, <strong>de</strong>mandam das unida<strong>de</strong>s<br />
familiares os recursos produtivos <strong>de</strong> que precisam, remunerandoas<br />
com uma renda (salários, aluguéis, juros e lucros), enquanto<br />
ofertam para as mesmas os bens e serviços que produzem.<br />
Ao governo cabe o papel principal <strong>de</strong> regulador da ativida<strong>de</strong><br />
econômica e <strong>de</strong> provedor dos chamados “bens públicos”- dos quais<br />
são exemplos, como já vimos, a segurança nacional, o serviço <strong>de</strong><br />
polícia, a administração da justiça - além <strong>de</strong> garantir o<br />
fornecimento dos <strong>de</strong>nominados “bens meritórios”, como educação<br />
e saú<strong>de</strong>. Para o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, o governo<br />
arrecada impostos dos agentes econômicos como, por exemplo, o<br />
imposto <strong>de</strong> renda (IR) e o imposto sobre produtos industrializados<br />
(IPI).<br />
Na contabilida<strong>de</strong> nacional, o governo é constituído pelos<br />
órgãos da chamada Administração Direta <strong>–</strong> basicamente, os<br />
Ministérios e as Secretarias - consi<strong>de</strong>rados os três níveis <strong>de</strong><br />
governo: fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal. Como o governo, em<br />
regra, não tem o objetivo <strong>de</strong> auferir lucro, as empresas públicas e<br />
socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> economia mista, das quais o governo seja acionista,<br />
são incluídas no item empresas (no setor privado).<br />
Num mo<strong>de</strong>lo mais completo, teríamos <strong>de</strong> incluir um quarto<br />
agente econômico, <strong>de</strong>nominado comumente <strong>de</strong> resto do mundo<br />
e que respon<strong>de</strong> pelas importações e exportações <strong>de</strong> bens e<br />
serviços do país.<br />
4.2. Conceitos Básicos: a Mensuração do Produto e<br />
da Renda e da Despesa<br />
2
A contabilida<strong>de</strong> nacional proporciona medidas agregadas do<br />
valor <strong>de</strong> mercado dos bens e serviços finais produzidos na<br />
Economia durante um certo período, geralmente um ano.<br />
Depen<strong>de</strong>ndo dos itens computados nesta medição, obtêm-se<br />
diferentes medidas <strong>de</strong>ste produto.<br />
Assim, por exemplo, temos o conceito Produto Interno Bruto<br />
que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido assim:<br />
Produto interno bruto (PIB) correspon<strong>de</strong> à<br />
soma dos valores <strong>de</strong> todos os bens e serviços<br />
finais produzidos em uma economia, durante um<br />
certo período.3<br />
Há três aspectos que <strong>de</strong>vemos observar nessa <strong>de</strong>finição:<br />
primeiro, que estamos falando <strong>de</strong> bens e serviços finais <strong>–</strong> o que<br />
quer dizer que, para evitar a dupla contagem, não po<strong>de</strong>mos somar<br />
o valor da produção do aço e/ou o valor da produção da borracha,<br />
etc. <strong>–</strong> que são matérias-primas <strong>–</strong> com o valor do carro, pois no<br />
valor <strong>de</strong>ste <strong>–</strong> que é um bem final <strong>–</strong> já estão incluídos os valores<br />
das matérias-primas utilizadas em sua produção.<br />
Um outro aspecto a observar é que, na contabilida<strong>de</strong> nacional, a<br />
produção é entendida como qualquer ativida<strong>de</strong> que aumente a<br />
quantida<strong>de</strong> e/ou valor do bem ou serviço. Assim, consi<strong>de</strong>ra-se<br />
produção não somente a transformação <strong>de</strong> uma matéria-prima<br />
num produto novo, mas também as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte, <strong>de</strong><br />
intermediação financeira, <strong>de</strong> comercialização, e <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong><br />
serviços em geral.<br />
Um terceiro ponto a ser observado é que não entram no cálculo<br />
do valor do Produto as transações que envolvam troca <strong>de</strong> ativos<br />
que não foram produzidos no ano ou período consi<strong>de</strong>rado, como,<br />
por exemplo, a compra e venda <strong>de</strong> imóveis e <strong>de</strong> carros usados.<br />
E <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem o valor do produto <strong>de</strong> um país?<br />
O valor do PIB é o resultado do produto dos três setores<br />
produtivos, a saber:<br />
I - Setor Primário <strong>–</strong> constituído pela produção agropecuária,<br />
tendo como principais componentes a produção agrícola<br />
propriamente dita (arroz, milho, soja, etc.), a produção da<br />
3
pecuária (abate <strong>de</strong> gado, suínos, etc.) e a produção extrativa<br />
vegetal (borracha, carvão vegetal, etc.);<br />
II - Setor Secundário <strong>–</strong> constituído pela produção do setor<br />
industrial e tendo como principais subsetores: indústria<br />
extrativa mineral (petróleo, ouro, minério <strong>de</strong> ferro, etc.),<br />
indústria da construção civil (prédios, estradas, barragens,<br />
etc.), indústria <strong>de</strong> transformação (mecânica, eletrônica,<br />
têxtil, etc.) e serviços industriais <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública (energia<br />
elétrica, saneamento, etc.);<br />
III - Setor Terciário <strong>–</strong> constituído pelo setor <strong>de</strong> serviços, tendo<br />
como principais subsetores: transportes e comunicações,<br />
intermediação financeira, setor governo (exceto empresas<br />
estatais), comércio, saú<strong>de</strong> e educação (privadas), turismo e<br />
lazer, etc.<br />
4.3. Os diversos conceitos <strong>de</strong> produto <strong>–</strong> uma análise<br />
mais <strong>de</strong>talhada<br />
O produto interno bruto (PIB) <strong>de</strong> um país é dado pelo valor <strong>de</strong><br />
todos os bens e serviços que foram produzidos durante um certo<br />
período <strong>de</strong> tempo, geralmente um ano. Seu valor é medido pelo<br />
lado dos custos <strong>de</strong> produção, traduzidos estes nas <strong>de</strong>spesas<br />
realizadas pelas empresas com a remuneração dos fatores<br />
utilizados na produção (salários, aluguéis, juros e lucros). A<br />
contrapartida do valor do produto global ou do valor agregado<br />
<strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>spesas é dada pela renda interna que correspon<strong>de</strong> à<br />
soma daquelas rendas recebidas pelos proprietários dos fatores <strong>de</strong><br />
produção. Se o produto for avaliado aos preços <strong>de</strong> mercado, <strong>de</strong>vese<br />
acrescentar a essas rendas a receita auferida pelo governo, ou<br />
seja, os impostos indiretos, <strong>de</strong>duzidos os subsídios. Constata-se,<br />
então, que o valor do produto e da renda são duas medidas<br />
distintas do mesmo fluxo <strong>de</strong> bens e serviços gerados na ativida<strong>de</strong><br />
econômica.<br />
Muitas vezes o estudante se vê confuso diante <strong>de</strong> conceitos<br />
como “produto interno”, “produto líquido”, “renda nacional”,<br />
“renda pessoal”, e tantos outros. Mas, afinal, todos esses termos<br />
se referem à mesma coisa ou são conceitos e medidas diferentes?<br />
4
Na realida<strong>de</strong>, todos estes conceitos referem-se a coisas<br />
semelhantes, mas não iguais. O que distingue um conceito do<br />
outro são alguns itens que entram no cálculo <strong>de</strong> um mas não<br />
entram no outro. Por exemplo, a diferença entre qualquer produto<br />
“líquido” e seu correspon<strong>de</strong>nte “bruto” consiste na “<strong>de</strong>preciação”<br />
que entra no cálculo somente <strong>de</strong>ste último.<br />
O Quadro I, a seguir, mostra <strong>de</strong> que forma são calculados os<br />
diversos conceitos <strong>de</strong> produto e <strong>de</strong> renda, possibilitando uma<br />
comparação entre ambos.<br />
QUADRO I<br />
Ótica do produto Ótica da renda<br />
(+)Salários pagos: 1.300 (+)Salários pagos: 1.300<br />
(+)Aluguéis: 900 (+)Aluguéis: 900<br />
(+)Juros: 700 (+)Juros: 700<br />
(+)Lucros 1.100 (+)Lucros: 1.100<br />
= Produto Interno Líquido<br />
a custo <strong>de</strong> fatores(cf): 4.000 = Renda Interna Líquida: 4.000<br />
(+) Depreciação: 300 (+) Depreciação: 300<br />
=Prod. Interno Bruto(cf):4.300 =Renda Interna Bruta: 4.300<br />
(-) Renda líquida enviada (-) Renda líquida enviada<br />
ao exterior: -200 ao exterior: -200<br />
=Prod. Nacional Bruto (cf):4.100 =Renda Nacional Bruta: 4.100<br />
(+) Impostos indiretos(*): 600 (-) Depreciação: -300<br />
(-) Subsídios: -100 =Renda Nacional líquida: 3.800<br />
=Prod.Nacional Bruto(pm):4.600 (-) Lucros retidos: -500<br />
(-) Contr.Previ<strong>de</strong>n<strong>de</strong>nciárias:-700<br />
(+) Transferências Govern.: 600<br />
(+) Transf. Empresariais: 100<br />
(*) IPI/ICMS/ISS (**) IR/IPVA/IPTU<br />
= Renda Pessoal: 3.300<br />
(-) Impostos diretos(**): 400<br />
= Renda Pessoa Disponível: 2.900<br />
Pelo Quadro I, acima, po<strong>de</strong>-se concluir que:<br />
5
a) A diferença entre o produto a custo <strong>de</strong> fatores e o<br />
produto a preços <strong>de</strong> mercado resi<strong>de</strong> na inclusão, neste<br />
último, dos impostos indiretos e na retirada dos subsídios.<br />
b) A diferença entre o produto interno e o produto nacional<br />
e entre a renda interna e a renda nacional resi<strong>de</strong> na renda<br />
líquida enviada ao exterior.<br />
c) A diferença entre o produto líquido e o produto bruto<br />
resi<strong>de</strong> na <strong>de</strong>preciação;<br />
De uma forma geral, nos Estados Unidos e outros países<br />
<strong>de</strong>senvolvidos, utiliza-se mais comumente, para efeito <strong>de</strong> análise<br />
da ativida<strong>de</strong> econômica, o conceito <strong>de</strong> Produto Nacional Bruto<br />
(PNB). Isso se explica porque o PNB <strong>de</strong>sses países costuma ser<br />
maior que o seu PIB <strong>–</strong> porque eles recebem mais renda do exterior<br />
do que enviam para o exterior.<br />
Já nos países sub<strong>de</strong>senvolvidos, o Brasil entre eles, usa-se<br />
geralmente o conceito <strong>de</strong> Produto Interno Bruto (PIB) - que, no<br />
caso <strong>de</strong>sses países, costuma ser maior que o PNB, uma vez que a<br />
renda que esses países recebem do exterior ten<strong>de</strong> a ser menor<br />
que a renda por eles enviada ao exterior.<br />
A Ótica das Despesas<br />
Como foi dito anteriormente, o valor do produto é igual ao valor<br />
da renda gerada e, por sua vez, é igual à <strong>de</strong>spesa agregada, isto<br />
é, ao valor do fluxo <strong>de</strong> bens e serviços transacionados na<br />
economia.<br />
As <strong>de</strong>spesas agregadas se compõem das seguintes categorias<br />
<strong>de</strong> gastos:<br />
a) Despesas pessoais <strong>de</strong> consumo (C) <strong>–</strong> incluindo aí os<br />
gastos das famílias com bens <strong>de</strong> consumo (alimentos,<br />
automóveis, etc.) e serviços (saú<strong>de</strong>, lazer, etc.).<br />
b) Investimento privado bruto (I) <strong>–</strong> incluindo edificações,<br />
fábricas, equipamentos, máquinas e variações <strong>de</strong> estoques.<br />
Vale lembrar que só são computados os bens e serviços<br />
“novos”, isto é, produzidos e vendidos (ou comprados) no ano<br />
consi<strong>de</strong>rado. Assim, a compra <strong>de</strong> um edifício com 5 anos <strong>de</strong><br />
construção, ou <strong>de</strong> um carro usado não é computada no valor<br />
6
do PIB <strong>de</strong>ste ano. Isto porque o valor <strong>de</strong>ste edifício e <strong>de</strong>ste<br />
carro já foi apurado no PIB do ano em que foram produzidos.<br />
c) Gastos do governo (G) <strong>–</strong> incluem os dispêndios do governo<br />
com os seguintes itens:<br />
i) <strong>de</strong>spesas correntes - aí incluídas as compras <strong>de</strong> bens e<br />
serviços para o funcionamento normal das agências<br />
governamentais e o pagamento <strong>de</strong> funcionários civis e<br />
militares.<br />
ii) <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital - compra <strong>de</strong> bens e serviços voltados<br />
para investimentos (construção <strong>de</strong> escolas, hospitais,<br />
estradas, etc.). Não entram nestes gastos do governo: as<br />
transferências governamentais, nem os dispêndios das<br />
empresas públicas (tipo Petrobrás, Vale do Rio Doce,<br />
Eletrobrás, etc.). Estes últimos são contabilizados no setor<br />
secundário, como setor privado.<br />
d) Exportações líquidas (X - M) <strong>–</strong> aqui entendidas como o<br />
valor total das exportações <strong>de</strong> bens e serviços menos o valor<br />
das importações <strong>de</strong> bens e serviços.<br />
Ou seja, pela ótica ou abordagem da <strong>de</strong>spesa, o valor do<br />
produto interno bruto, a preços <strong>de</strong> mercado, é dado pela equação<br />
abaixo:<br />
PIBpm= C + I + G + X - M<br />
4.4. O Valor Adicionado<br />
Para calcular o valor do PIB, todos os bens e serviços <strong>de</strong>vem<br />
ser contados só uma e única vez. Para tanto, <strong>de</strong>ve-se computar<br />
somente os valores dos bens finais já que estes incluem todos os<br />
custos intermediários (matérias-primas) das diversas etapas do<br />
processo produtivo.<br />
Assim, por exemplo, as estatísticas oficiais contam o valor do<br />
pão vendido ao consumidor, mas não somam a este valor o preço<br />
da farinha <strong>de</strong> trigo, já que este está incluído no preço final do pão.<br />
Da mesma forma, se se computa o preço do automóvel vendido ao<br />
consumidor, não se <strong>de</strong>ve adicionar a este o preço do aço e outros<br />
7
componentes do carro. Do contrário, haveria o problema da “dupla<br />
contagem”.<br />
Aparentemente, a maneira mais fácil <strong>de</strong> se medir o valor do PIB<br />
é consi<strong>de</strong>rar os valores dos bens finais. Mas, alternativamente,<br />
po<strong>de</strong>-se chegar ao mesmo resultado somando o “valor adicionado”<br />
pela empresa em cada estágio do processo produtivo.<br />
Valor adicionado é igual ao valor do produto vendido pela<br />
empresa menos o custo dos produtos intermediários comprados<br />
pela empresa e seus fornecedores.<br />
Um exemplo <strong>de</strong> cálculo do valor adicionado:<br />
Tabela 1<br />
(PRODUÇÃO HIPOTÉTICA DE CIGARROS)<br />
Pela Tabela 1, verifica-se que o valor do PIB é igual ao valor do<br />
bem final (=100), vendido pela loja ou bar ao consumidor.<br />
Alternativamente, se somarmos os valores adicionados ou<br />
acrescidos por cada empresa em cada etapa ou estágio,<br />
encontraremos o mesmo valor para o produto (24 + 27 + 18 + 12<br />
+ 19 = 100).<br />
8
4.5. Produto nominal X produto real<br />
O valor do produto varia <strong>de</strong> um ano para outro. Geralmente,<br />
o valor do produto no ano t é nominalmente maior do que o valor<br />
do produto registrado no ano t<strong>–</strong>1, isto é, no ano anterior. Esta<br />
diferença <strong>de</strong> valor po<strong>de</strong> ser explicada por duas variáveis: por<br />
variação dos preços (P) e/ou por variações nas quantida<strong>de</strong>s<br />
produzidas (Q).<br />
A partir <strong>de</strong>sta constatação, é possível distinguir dois<br />
conceitos muito importantes da contabilida<strong>de</strong> nacional: o produto<br />
nominal e o produto real.<br />
O produto nominal <strong>–</strong> também chamado <strong>de</strong> produto a preços<br />
correntes - correspon<strong>de</strong> ao valor do produto medido aos preços<br />
vigentes no ano <strong>de</strong> referência. Matematicamente, é obtido pelo<br />
somatório do valor da produção <strong>de</strong> todos os bens e serviços finais<br />
<strong>de</strong> uma economia. Ou formalmente:<br />
Produto nominal = ∑ Pi x Qi<br />
on<strong>de</strong> i varia <strong>de</strong> 1 a n produtos.<br />
Pela fórmula acima, verifica-se que o produto nominal po<strong>de</strong><br />
aumentar ou diminuir em função tanto dos preços quanto das<br />
quantida<strong>de</strong>s produzidas dos bens e serviços finais.<br />
Já o produto real <strong>–</strong> também chamado <strong>de</strong> produto a preços<br />
constantes - correspon<strong>de</strong> à quantida<strong>de</strong> física <strong>de</strong> bens e serviços<br />
produzidos pela economia. Ou seja, o produto real somente varia<br />
se houver uma variação na quantida<strong>de</strong> física efetivamente<br />
produzida. E parece óbvio que quanto maiores as quantida<strong>de</strong>s<br />
produzidas <strong>de</strong> todos os bens ou serviços, maiores e melhores são<br />
as condições médias <strong>de</strong> vida dos cidadãos, já que aumentos na<br />
produção implicam aumentos no nível <strong>de</strong> renda e, por<br />
conseqüência, do nível <strong>de</strong> consumo da população.<br />
Assim, o que interessa saber não é se o produto nominal está<br />
crescendo <strong>de</strong> um ano para o outro <strong>–</strong> já que este aumento po<strong>de</strong> ser<br />
causado simplesmente por um aumento dos preços <strong>–</strong> e sim saber<br />
se o produto real está também crescendo ou não.<br />
9
Como o valor do produto nominal <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado ano<br />
embute variações no nível médio <strong>de</strong> preços e também eventuais<br />
variações no quantum físico produzido, para que possamos saber o<br />
valor do produto real daquele ano e po<strong>de</strong>rmos verificar se este<br />
valor é ou não maior do que o do ano anterior, é necessário que<br />
sejam anuladas ou isoladas as variações no produto provocadas<br />
por variações nos preços. Se fizermos isso, qualquer variação para<br />
mais ou para menos no valor do produto será explicada por<br />
variações nas quantida<strong>de</strong> produzidas. Este processo não é muito<br />
complicado. Ao contrário, é até muito simples, conforme<br />
mostraremos a seguir.<br />
Consi<strong>de</strong>re, primeiramente, os dados constantes da Tabela 2,<br />
abaixo:<br />
(1)<br />
Anos<br />
1999<br />
2000<br />
2001<br />
2002<br />
2003<br />
(2)<br />
Produto<br />
nominal<br />
(R$ mil)<br />
275.000<br />
343.750<br />
395.312<br />
420.080<br />
454.430<br />
Tabela 2<br />
(3)<br />
Deflator<br />
implícito do<br />
Produto<br />
132,0<br />
158,4<br />
177,4<br />
191,6<br />
202,5<br />
(4)<br />
Produto real<br />
(base: 2001)<br />
369.583<br />
384.982<br />
395.312<br />
388.946<br />
398.103<br />
(5)<br />
10<br />
Taxa <strong>de</strong><br />
crescimento<br />
real (%)<br />
A título <strong>de</strong> exercício, suponha que, para os anos<br />
compreendidos entre 1999 e 2003, o produto nominal registrou os<br />
valores que aparecem na Coluna 2. Como se po<strong>de</strong> ver, os valores<br />
nominais do produto cresceram muito <strong>de</strong> um ano para o outro <strong>–</strong> o<br />
que certamente po<strong>de</strong> ser explicado por aumentos <strong>de</strong> preços e<br />
também por aumentos na quantida<strong>de</strong> física <strong>de</strong> bens e serviços<br />
produzidos. Temos, então, <strong>de</strong> isolar ou eliminar as variações do<br />
produto nominal causadas por aumentos <strong>de</strong> preços <strong>–</strong> o chamado<br />
“efeito-preço”. Depois que fizermos isso, as eventuais diferenças<br />
entre os valores do produto <strong>de</strong> um ano para o outro serão<br />
--<br />
4,2<br />
?<br />
?<br />
?
creditadas exclusivamente a variações no quantum físico<br />
produzido <strong>–</strong> isto é, no produto real.<br />
Para eliminarmos o efeito-preço, é preciso que adotemos um<br />
índice <strong>de</strong> preços qualquer. No caso do produto interno ou nacional,<br />
geralmente é utilizado o chamado <strong>de</strong>flator implícito do produto<br />
(DIP) <strong>–</strong> que é calculado tomando por base as variações <strong>de</strong> preços<br />
dos produtos agrícolas, dos produtos industriais e dos serviços<br />
(setores que formam o PIB), pon<strong>de</strong>rados pelo tamanho <strong>de</strong> cada<br />
setor.<br />
Por hipótese, imaginamos que o índice médio anual do DIP<br />
que, num <strong>de</strong>terminado ano-base, digamos 1995, era 100,0, com o<br />
aumento dos preços registrou, <strong>de</strong> 1999 a 2003, os valores<br />
constantes da Coluna 3, da Tabela 2. A diferença percentual do<br />
índice <strong>de</strong> um ano para o outro seria, grosso modo, a taxa <strong>de</strong><br />
inflação do ano, medida por este DIP.<br />
Vamos, então, calcular agora o valor do produto real para<br />
cada ano daquela série. Para tanto, já temos duas variáveis<br />
importantes: os valores do produto nominal e o índice <strong>de</strong> preços.<br />
Para encontrarmos o valor do produto real usamos a seguinte<br />
técnica:<br />
1° - escolhemos um <strong>de</strong>terminado ano da série para servir<br />
como referência ou, como se diz em economia, como ano-base.<br />
Esta escolha é aleatória, po<strong>de</strong>ndo ser qualquer ano. No exemplo<br />
acima, tomamos como ano-base o ano <strong>de</strong> 2001;<br />
2° - uma vez escolhido o ano-base, o próximo passo é<br />
multiplicar o valor do produto nominal <strong>de</strong> cada ano pelo índice <strong>de</strong><br />
preço do ano-base (no caso presente, por 117,4) e dividir o<br />
resultado encontrado pelo índice <strong>de</strong> preço do respectivo ano. Para<br />
um melhor entendimento, vamos achar o valor do produto real do<br />
ano 2000:<br />
1° passo: multiplicamos o valor do produto nominal <strong>de</strong>ste<br />
ano <strong>–</strong> 343.750 <strong>–</strong> por 177,4, encontrando 60.981.250;<br />
2º passo: dividimos o valor encontrado acima pelo índice <strong>de</strong><br />
preço do ano 2000, ou:<br />
11
60.981.250 : 158,4 = 384.982 >> que é o valor do produto<br />
real do ano 2000, quando medido aos preços vigentes no ano<br />
2001.<br />
Proce<strong>de</strong>ndo assim para todos os <strong>de</strong>mais anos da série,<br />
encontramos os valores constantes da Coluna 4. Pelo que se po<strong>de</strong><br />
verificar, agora os valores dos produtos são mais próximos um do<br />
outro, já não havendo as discrepâncias observadas nos valores do<br />
produto nominal da Coluna 2 <strong>–</strong> discrepâncias estas <strong>de</strong>correntes<br />
das variações <strong>de</strong> preço <strong>de</strong> um ano para outro.<br />
Como, agora, todos os produtos estão medidos aos preços<br />
vigentes em 2001 (ano escolhido para ser o ano-base), qualquer<br />
diferença entre eles é real. Para calcularmos a taxa <strong>de</strong> crescimento<br />
real <strong>de</strong> um ano para o outro, basta dividir o valor do produto real<br />
do ano t+1 pelo valor produto real do ano t; em seguida,<br />
subtraímos uma unida<strong>de</strong> do quociente encontrado e multiplicamos<br />
o resultado por 100.<br />
Vamos calcular, por exemplo, a taxa <strong>de</strong> crescimento real em<br />
2000:<br />
384.982 : 369.583 = 1,0417<br />
1,0417 <strong>–</strong> 1,0 = 0,0417<br />
0,0417 x 100 = 4,17% ou 4,2%.<br />
Deixamos para você o cálculo da taxa <strong>de</strong> crescimento real<br />
para os <strong>de</strong>mais anos 1 .<br />
4.6. As Contas Nacionais do Brasil<br />
As Contas Nacionais do Brasil sempre foram calculadas pela<br />
Fundação Getúlio Vargas do Rio <strong>de</strong> Janeiro (FGV-RJ), mas a partir<br />
<strong>de</strong> 1986, esta tarefa passou a ser da responsabilida<strong>de</strong> do Instituto<br />
Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística (IBGE).<br />
O Sistema <strong>de</strong> Contas Nacionais no Brasil adotado pelo IBGE,<br />
segue grosso modo o sistema criado por Richard Stone que é,<br />
também, o sistema adotado e recomendado pelas Nações Unidas<br />
1 Você acertou se encontrou os seguintes resultados: 2,7% para 2001; -1,6% para 2002 e 2,4% para 2003.<br />
12
para seus países-membros <strong>–</strong> sistema este que se baseia em<br />
quatro contas, a saber:<br />
i. Conta 1 <strong>–</strong> Produto Interno Bruto (ou Conta da<br />
Produção);<br />
ii. Conta 2 <strong>–</strong> Renda Nacional Disponível Bruta (ou Conta<br />
da Apropriação);<br />
iii. Conta 3 <strong>–</strong> Conta <strong>de</strong> Capital;<br />
iv. Conta 4 <strong>–</strong> Conta Transações Correntes com o Resto do<br />
Mundo.<br />
Existe, ainda, uma Conta 5 <strong>–</strong> que correspon<strong>de</strong> à Conta do<br />
Governo <strong>–</strong> mas que é apresentada à parte, <strong>de</strong>nominada Conta<br />
Corrente das Administrações Públicas <strong>–</strong> e cujos lançamentos<br />
não têm contrapartida com as <strong>de</strong>mais contas do Sistema <strong>de</strong><br />
Contas Nacionais.<br />
Os lançamentos dos valores <strong>de</strong>ssas contas seguem os<br />
preceitos contábeis das partidas dobradas que obe<strong>de</strong>cem a dois<br />
princípios:<br />
i) em cada conta, o total <strong>de</strong> débitos <strong>de</strong>ve ser igual ao total<br />
<strong>de</strong> créditos;<br />
ii) a todo crédito lançado em um conta correspon<strong>de</strong> um<br />
débito lançado em outra conta e vice-versa.<br />
Com essas consi<strong>de</strong>rações, apresentamos, a seguir, um<br />
mo<strong>de</strong>lo das Contas Nacionais utilizado no Brasil, tendo como<br />
referência as quatro Contas mencionadas acima, além da Conta do<br />
Governo, seguido <strong>de</strong> um comentário sucinto sobre cada Conta.<br />
(Observação: Estas contas são mostradas aqui mais para você ter uma visão <strong>de</strong><br />
como são apresentadas as Contas Nacionais do Brasil, do que por qualquer outra razão.<br />
Você não <strong>de</strong>ve se preocupar muito em enten<strong>de</strong>r essas contas, exceto, talvez, no tocante à<br />
Conta <strong>de</strong> Capital (formação bruta <strong>de</strong> capital fixo X poupança) que, recorrentemente tem<br />
sido objeto <strong>de</strong> questões nas provas <strong>de</strong> concursos públicos <strong>de</strong> Macroceconomia).<br />
13
Conta 1 <strong>–</strong> Conta Produto Interno Bruto<br />
Débito Crédito<br />
1.1.Produto Interno Bruto, a custo <strong>de</strong><br />
fatores (2.4)<br />
1.1.1.Remuneração dos empregados<br />
(2.4.1)<br />
1.1.1. Exce<strong>de</strong>nte operacional bruto<br />
(2.4.2)<br />
1.2. Tributos Indiretos (2.7)<br />
1.3. (-) Subsídios (2.8)<br />
14<br />
1.4. Consumo Final das Famílias (2.1)<br />
1.5. Consumo Final das Administrações<br />
Públicas (2.2)<br />
1.6.Formação Bruta <strong>de</strong> Capital Fixo (3.1)<br />
1.7. Variação <strong>de</strong> estoques (3.2)<br />
1.8. Exportações <strong>de</strong> Bens e Serviços<br />
não-fatores (4.1)<br />
1.9. (-) Importações <strong>de</strong> Bens e Serviços<br />
não-fatores (4.5)<br />
Produto Interno Bruto (PIB) Dispêndio Correspon<strong>de</strong>nte ao PIB<br />
Comentários: Como se po<strong>de</strong> ver, a Conta do Produto Interno<br />
Bruto apresenta, do lado do débito, o pagamento das empresas aos<br />
fatores <strong>de</strong> produção, valendo observar que o exce<strong>de</strong>nte operacional<br />
bruto correspon<strong>de</strong> a todas as rendas pagas na economia, excluídos os<br />
salários e or<strong>de</strong>nados pagos aos empregados. Ainda do lado do débito<br />
são somados os impostos indiretos (IPI/ICMS/ISS) e retirados os<br />
subsídios. O resultado final correspon<strong>de</strong>, assim, ao produto interno<br />
bruto a preços <strong>de</strong> mercado.<br />
Do lado do crédito, o que as empresas receberam dos agentes que<br />
adquiriram os bens e serviços finais que elas produziram, perfazendo o<br />
chamado “dispêndio correspon<strong>de</strong>nte ao PIB” <strong>–</strong> que, em termos<br />
econômicos, equivale à <strong>de</strong>spesa interna bruta, a preços <strong>de</strong> mercado.<br />
Conta 2 <strong>–</strong> Renda Nacional Disponível Bruta<br />
Débito Crédito<br />
2.1. Consumo final das famílias (1.4)<br />
2.2. Consumo final das adm.públicas (1.5)<br />
2.3. Poupança bruta (3.3)<br />
Utilização da Renda Nacional<br />
Disponível Bruta<br />
2.4. Produto Interno Bruto a custo <strong>de</strong> fa-<br />
tores (1.1)<br />
2.4.1.Remuneração dos empregados<br />
(1.1.1)<br />
2.4.2. Exce<strong>de</strong>nte operacional bruto<br />
(1.1.2)<br />
2.5. Remuneração <strong>de</strong> empregados, líquida,<br />
recebida do Resto do Mundo(4.2-4.6)<br />
2.6.Outros rendimentos, líquidos, recebi-<br />
dos Resto do Mundo (4.3-4.7)<br />
2.7. Tributos indiretos (1.2)<br />
2.8. (-) Subsídios (1.3)<br />
2.9. Transferências unilaterais, líquidas,<br />
recebidas do Resto do Mundo(4.4-4.8)<br />
Apropriação da Renda Nacional<br />
Disponível Bruta
Comentários: A conta acima <strong>de</strong>screve, do lado do débito, como as<br />
famílias e o governo utilizam a renda recebida <strong>–</strong> <strong>de</strong>stinando parte ao<br />
consumo e parte à poupança; já do lado do crédito, aparecem as rendas<br />
recebidas pelas famílias e pelo governo (impostos líquidos dos subsídios)<br />
mais o resultado líquido dos recebimentos e transferências do e para o<br />
exterior.<br />
Conta 3 <strong>–</strong> Conta <strong>de</strong> Capital<br />
Débito Crédito<br />
3.1. Formação bruta <strong>de</strong> capital fixo (1.6)<br />
3.1.1 Construção<br />
3.1.1.1 Administrações públicas<br />
3.1.1.2 Empresas e famílias<br />
3.1.2 Máquinas e equipamentos<br />
3.1.2.1 Administrações Públicas<br />
3.1.2.2 Empresas e famílias<br />
3.1.3 Outros<br />
3.2. Variação dos estoques (1.7)<br />
3.3. Poupança bruta (2.3)<br />
3.4. Menos: Saldo em transações corren-<br />
tes com o Resto do Mundo (4.9)<br />
Acumulação Bruta Interna Financiamento da Acumulação<br />
Bruta Interna<br />
Comentários: Na Conta <strong>de</strong> Capital, são lançados do lado do débito as<br />
aplicações da economia na formação bruta <strong>de</strong> capital fixo (investimentos<br />
brutos) e nas variações <strong>de</strong> estoques (contabilmente consi<strong>de</strong>rados como<br />
investimentos para as empresas); já do lado do crédito, são lançadas as<br />
fontes <strong>de</strong> financiamento daquelas aplicações, constituídas da poupança<br />
bruta da economia (valendo notar que esta é composta pela poupança<br />
bruta do setor privado - que é igual à poupança líquida do setor privado<br />
mais a <strong>de</strong>preciação - mais a poupança do Governo em conta corrente),<br />
mais a poupança externa <strong>–</strong> representada esta última pelo saldo em<br />
conta corrente do balanço <strong>de</strong> pagamentos.<br />
15
Conta 4 <strong>–</strong> Transações Correntes com o Resto do Mundo<br />
Débito Crédito<br />
4.1. Exportações <strong>de</strong> bens e serviços (1.8)<br />
4.2. Remuneração dos Empregados rece-<br />
bida do Resto do Mundo (2.5 + 4.6)<br />
4.3. Outros rendimentos recebidos do<br />
Resto do Mundo (2.6 + 4.7)<br />
4.4. Transferências unilaterais recebidas<br />
do Resto do Mundo (2.9 + 4.8)<br />
16<br />
4.5. Importações <strong>de</strong> bens e serviços (1.9)<br />
4.6. Remuneração dos empregados paga<br />
ao Resto do Mundo (4.2 <strong>–</strong> 2.5)<br />
4.7. Outros rendimentos pagos ao Resto<br />
do Mundo (4.3 <strong>–</strong> 2.6)<br />
4.8. Transferências Unilaterais pagas ao<br />
Resto do Mundo (4.4 <strong>–</strong> 2.9)<br />
4.9. Saldo das transações correntes com o<br />
Resto do Mundo (3.4)<br />
Recebimentos Correntes Utilização dos recebimentos<br />
correntes<br />
Comentários: Nessa conta, são registrados, do lado do débito, os<br />
gastos dos não-resi<strong>de</strong>ntes (estrangeiros) com a aquisição dos bens e<br />
serviços produzidos internamente (exportações <strong>de</strong> bens e serviços),<br />
além dos rendimentos e transferências (rendas e donativos) recebidos<br />
do Resto do Mundo. Do lado do crédito, são lançados os pagamentos<br />
pelos bens e serviços importados pelo país, mais as rendas e<br />
transferências (doações) enviadas para o Resto do Mundo, aparecendo,<br />
ainda, <strong>de</strong>ste lado, o saldo do balanço <strong>de</strong> pagamentos em conta corrente.<br />
A conta corrente das Administrações Públicas<br />
Comentário: A Conta Corrente das Administrações Públicas é<br />
apresentada em separado, complementando as quatro contas<br />
anteriores, e nela são mostradas as transações correntes do governo.<br />
Do lado do débito, são lançados os itens <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa do governo <strong>–</strong><br />
traduzidas no consumo final (que é composto dos gastos correntes com<br />
pessoal e na compra <strong>de</strong> bens e serviços), além do subsídios concedidos<br />
pelo governo ao setor produtivo e aos consumidores, mais as<br />
transferências (sendo essas constituídas das pensões e aposentadorias<br />
pagas pelo INSS) e o pagamento <strong>de</strong> juros da dívida interna pública que,<br />
tecnicamente são também consi<strong>de</strong>rados como transferências do governo<br />
ao setor privado. Note-se que nesta conta não aparecem as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />
capital do governo que, na realida<strong>de</strong> são incluídas no item “formação<br />
bruta <strong>de</strong> capital fixo”, na Conta Produto Interno Bruto.<br />
Do lado do crédito, aparecem as receitas correntes do governo, aí<br />
incluídos os impostos indiretos e diretos e outras receitas correntes <strong>–</strong><br />
valendo lembrar que as contribuições previ<strong>de</strong>nciárias estão incluídas<br />
nessas últimas.
Conta Corrente das Administrações Públicas<br />
Débito Crédito<br />
Consumo final das Administrações Públicas<br />
.Salários e encargos<br />
.outras compras <strong>de</strong> bens e serviços<br />
Subsídios<br />
Transferência <strong>de</strong> Assistência e Previdência<br />
Juros da Dívida Pública Interna<br />
Poupança em Conta Corrente<br />
Tributos indiretos<br />
Tributos diretos<br />
Outras receitas correntes líquidas<br />
Total da utilização da receita corrente Total da receita corrente<br />
4.7. O investimento bruto total e a poupança da<br />
economia<br />
Um tópico que, recorrentemente, tem aparecido nas provas<br />
<strong>de</strong> Macroeconomia é a questão do investimento bruto 2 versus a<br />
formação da poupança necessária para ao seu financiamento.<br />
O investimento total bruto da economia <strong>–</strong> que<br />
correspon<strong>de</strong> aos gastos totais da economia com bens <strong>de</strong> capital<br />
(máquinas, equipamentos, edificações, construções <strong>de</strong><br />
infraestrutura) assim se <strong>de</strong>compõe:<br />
i) Investimento bruto <strong>–</strong> que é constituído pelos<br />
investimentos do governo e do setor privado; e,<br />
ii) Variação <strong>de</strong> estoques.<br />
Investimento bruto X investimento líquido<br />
O termo investimento bruto correspon<strong>de</strong>, em Economia, às<br />
compras <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital novos pelas empresas e pelo governo,<br />
com o objetivo <strong>de</strong> ampliar ou melhorar a sua capacida<strong>de</strong><br />
produtiva.<br />
2 Na Contabilida<strong>de</strong> nacional, o investimento bruto é chamado <strong>de</strong> “formação bruta <strong>de</strong> capital fixo”. Para<br />
efeitos didáticos, continuaremos usando neste texto o termo “investimento bruto” <strong>–</strong> que é o mais comumente<br />
usado nos textos <strong>de</strong> macroeconomia.<br />
17
Ocorre, no entanto, que uma parte dos bens <strong>de</strong> capital em<br />
uso na economia sofre <strong>de</strong>sgaste físico no processo produtivo <strong>–</strong> o<br />
que representa uma perda ou <strong>de</strong>créscimo no valor do estoque <strong>de</strong><br />
capital. A esse fenômeno se dá o nome <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação.<br />
Se retirarmos do investimento bruto o valor da <strong>de</strong>preciação,<br />
encontraremos o chamado investimento líquido <strong>–</strong> que representa o<br />
acréscimo líquido ocorrido no estoque <strong>de</strong> capital da economia no<br />
período consi<strong>de</strong>rado.<br />
Ou seja,<br />
Investimento bruto menos <strong>de</strong>preciação = investimento líquido<br />
Um exemplo: Suponha que a economia disponha <strong>de</strong> 20<br />
máquinas no início do ano, sendo este, portanto, o seu estoque <strong>de</strong><br />
capital naquele momento. Se, ao longo do ano, são produzidas e<br />
compradas cinco máquinas novas, mas duas das máquinas<br />
existentes no início do ano, <strong>de</strong> tanto serem usadas, se tornam<br />
imprestáveis para a produção e têm <strong>de</strong> ser substituídas por duas<br />
das máquinas novas, teremos a seguinte situação:<br />
O investimento bruto da economia foi <strong>de</strong> 5 máquinas novas,<br />
mas o investimento líquido foi <strong>de</strong> apenas 3 novas máquinas <strong>–</strong> que<br />
correspon<strong>de</strong> ao acréscimo <strong>de</strong> fato ocorrido no estoque <strong>de</strong> capital.<br />
A variação <strong>de</strong> estoques X o investimento<br />
Quando a produção não é totalmente vendida no ano,<br />
ocorrem as chamadas variações positivas <strong>de</strong> estoques na<br />
economia. Esses bens que não foram vendidos, estarão<br />
certamente disponíveis para vendas no futuro mais ou menos<br />
breve. Mas, até que isso aconteça, essas variações <strong>de</strong> estoques<br />
constituem um aumento no patrimônio das empresas e, como tal,<br />
são consi<strong>de</strong>radas como investimento da economia.<br />
Somando-se esta variação <strong>de</strong> estoques aos investimentos<br />
brutos, tem-se o chamado investimento total.<br />
18
A poupança da economia<br />
E <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vêem os recursos para financiar o investimento da<br />
economia? A resposta é muito simples: da poupança.<br />
Numa economia aberta e com governo, a poupança da<br />
economia vem <strong>de</strong> quatro fontes principais:<br />
i) poupança líquida do setor privado <strong>–</strong> que se compõe<br />
da poupança das famílias <strong>–</strong> que correspon<strong>de</strong> à parte da<br />
sua renda que elas não gastam e que geralmente é<br />
aplicada no mercado financeiro <strong>–</strong> e da poupança das<br />
empresas <strong>–</strong> que resulta dos lucros não-distribuídos;<br />
ii) <strong>de</strong>preciação 3 ;<br />
iii) poupança do governo em conta corrente (Sg);<br />
iv) poupança externa (Se) <strong>–</strong> que correspon<strong>de</strong> à<br />
diferença entre os recebimentos e os pagamentos<br />
efetuados pelo Resto do Mundo relativos às transações<br />
correntes 4<br />
A soma da poupança líquida do setor privado com a<br />
<strong>de</strong>preciação é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> poupança bruta do setor privado<br />
(Sp).<br />
Por outro lado, a soma da poupança bruta do setor privado<br />
com a poupança do governo em conta corrente é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong><br />
poupança interna bruta ou simplesmente poupança interna.<br />
A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre a poupança e o investimento<br />
As <strong>de</strong>finições contidas no item anterior po<strong>de</strong>m,<br />
contabilmente, ser resumidas no seguinte quadro <strong>–</strong> que<br />
po<strong>de</strong>ríamos chamar <strong>de</strong> Conta Consolidada <strong>de</strong> Capital:<br />
3 Lembre-se que as empresas registram a <strong>de</strong>preciação, em sua contabilida<strong>de</strong>, como uma <strong>de</strong>spesa, mas na<br />
verda<strong>de</strong> isso não representa nenhum <strong>de</strong>sembolso monetário para a empresa <strong>–</strong> resultando, assim, em última<br />
análise, como mais um recurso à disposição da empresa para o financiamento <strong>de</strong> seus investimentos.<br />
4 Observe-se que uma “poupança externa positiva” equivale, na verda<strong>de</strong>, a um déficit no Balanço <strong>de</strong><br />
Pagamentos em Conta Corrente do país. Ou seja, o país estará, nesta hipótese, recebendo poupança exaterna<br />
para financiar seus gastos a maiores.<br />
19
Gastos <strong>de</strong> investimento Poupança<br />
Investimento bruto / setor privado(Ip)<br />
Investimento do governo (Ig)<br />
Variação <strong>de</strong> estoques (∆est)<br />
Poupança bruta do setor privado (Sp) 1<br />
Poupança do governo em c.corr. (Sg)<br />
Poupança externa (Se)<br />
Investimento total bruto Poupança total<br />
1 Lembre-se que a poupança bruta do setor privado é igual à soma da poupança<br />
líquida + a <strong>de</strong>preciação.<br />
Logo,<br />
Ip + Ig + ∆est. = Sp + Sg + Se (1)<br />
Para simplificar, po<strong>de</strong>mos incluir a variação <strong>de</strong> estoques no item<br />
“investimento privado” (Ip), assim:<br />
Ip + Ig = Sp + Sg + Se (2)<br />
Déficit público<br />
Uma observação importante que <strong>de</strong>ve ser feita é que a<br />
poupança do governo em conta corrente, registrada nas contas<br />
nacionais, é o resultado apenas da receita corrente do governo<br />
menos os seus gastos correntes (gastos <strong>de</strong> custeio, subsídios,<br />
transferências e pagamento <strong>de</strong> juros), não se computando os<br />
gastos com bens <strong>de</strong> capital, isto é, os gastos <strong>de</strong> investimento do<br />
governo.<br />
Para se apurar o déficit do governo <strong>–</strong> ou melhor, o déficit<br />
público (DP) - é necessário acrescentar as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />
investimento do governo àqueles gastos correntes, <strong>de</strong>duzindo o<br />
total encontrado da receita corrente do governo. Ou, dito <strong>de</strong> outra<br />
forma:<br />
DP = Ig <strong>–</strong> Sg (3)<br />
E substituindo a equação (3) na equação (2) e mudando as<br />
variáveis <strong>de</strong> lado, po<strong>de</strong>-se ter:<br />
Ou,<br />
Ig <strong>–</strong> Sg = Sp + Se <strong>–</strong> Ip<br />
DP = (Sp <strong>–</strong> Ip) + Se (4).<br />
20
Pela equação (4), po<strong>de</strong>-se perceber que, pela ótica da<br />
Contabilida<strong>de</strong> Nacional, o déficit público é financiado pelo excesso<br />
da poupança bruta sobre o investimento privado e pela poupança<br />
externa, isto é, pela poupança do Resto do Mundo <strong>–</strong> que, como já<br />
foi dito, correspon<strong>de</strong> ao déficit do país no balanço <strong>de</strong> transações<br />
correntes.<br />
4.8. Carga Tributária<br />
Um tema que tem sido objeto <strong>de</strong> discussões permanentes na<br />
socieda<strong>de</strong> é a questão do alto nível <strong>de</strong> impostos cobrados pelo<br />
governo, isto é, a carga tributária. Alguns afirmam que a carga<br />
tributária no Brasil é por <strong>de</strong>mais elevada; outros afirmam<br />
exatamente o contrário.<br />
Obviamente, quando se diz que a carga tributária é elevada ou<br />
é baixa, <strong>de</strong>ve-se ter em mente algum padrão <strong>de</strong> comparação. No<br />
caso, a comparação é com outros países. Mas, para que esta<br />
comparação seja feita, é necessário que todos os países usem o<br />
mesmo critério <strong>de</strong> cálculo, do contrário estaremos comparando<br />
laranjas com abacaxis. Assim, o que se tem feito é seguir os<br />
mo<strong>de</strong>los aceitos pelas Nações Unidas no tocante aos critérios <strong>de</strong><br />
medição das contas nacionais.<br />
Com relação à carga tributária, há dois conceitos: o <strong>de</strong> carga<br />
tributária bruta (CTB) e o <strong>de</strong> carga tributária líquida (CTL). Para o<br />
cálculo <strong>de</strong>sses dois conceitos, usam-se as seguintes fórmulas:<br />
CTB = Total <strong>de</strong> impostos<br />
PIBpm<br />
CTL = Total <strong>de</strong> impostos <strong>–</strong> transferências <strong>–</strong> subsídios<br />
PIBpm<br />
Vale lembrar que no total dos impostos <strong>de</strong>vem ser incluídos os<br />
impostos diretos e indiretos bem como as contribuições<br />
previ<strong>de</strong>nciárias.<br />
No Brasil, <strong>de</strong> acordo com as estatísticas oficiais, a carga<br />
tributária (bruta e líquida) cresceu sistematicamente nas últimas<br />
21
três décadas, acentuando-se este crescimento mais ainda a partir<br />
do governo Fernando Henrique. As estatísticas indicam que, ao<br />
final <strong>de</strong> 2004, a carga tributária bruta atingiu algo como 38% do<br />
PIB <strong>–</strong> a mais alta entre todos os países em <strong>de</strong>senvolvimento e uma<br />
das maiores do mundo, equiparando-se à <strong>de</strong> países altamente<br />
<strong>de</strong>senvolvidos, como a Suécia e Noruega <strong>–</strong> países on<strong>de</strong> o retorno<br />
que a socieda<strong>de</strong> recebe do setor público <strong>–</strong> sob a forma <strong>de</strong><br />
educação, saú<strong>de</strong>, lazer, transporte coletivo <strong>–</strong> é reconhecidamente<br />
elevado, nada comparado com o que ocorre em países como o<br />
Brasil on<strong>de</strong> serviço prestado pelo Governo à população está longe<br />
<strong>de</strong> ser satisfatório.<br />
______________________<br />
EXERCÍCIOS DE REVISÃO:<br />
I) Exercícios resolvidos:<br />
- Com base nos seguintes dados hipotéticos das contas nacionais, responda às questões <strong>de</strong> 1<br />
a 10:<br />
salários pagos pelas empresas privadas: 300<br />
salários pagos pelo governo: 110<br />
<strong>de</strong>preciação dos equipamentos 40<br />
juros: 100<br />
lucros totais: 400<br />
aluguéis: 150<br />
renda líquida enviada ao exterior: 50<br />
impostos diretos: 90<br />
impostos indiretos: 200<br />
subsídios: 50<br />
contribuições previ<strong>de</strong>nciárias: 70<br />
lucros retidos: 150<br />
compras <strong>de</strong> bens e serviços pelo governo: 90<br />
formação bruta <strong>de</strong> capital fixo (FBKF): 120<br />
exportações: 180<br />
importações: 130<br />
gastos <strong>de</strong> consumo privado: 800<br />
transferências governamentais: 110<br />
transferências empresariais: 30<br />
22
1. Os gastos <strong>de</strong> consumo do governo e sua poupança são, respectivamente:<br />
a) 90 e 10; b) 110 e 90; c) 200 e 10; d) 200 e 0; e) 10 e 5.<br />
Solução: (A solução dos exercícios <strong>de</strong> 1 a 5 po<strong>de</strong> ser encontrada no Quadro I, do texto):<br />
-Os gastos <strong>de</strong> consumo do governo são constituídos das <strong>de</strong>spesas com pessoal mais as<br />
compras <strong>de</strong> bens ou serviços, ou seja:<br />
110 + 90 = 200<br />
-Já a poupança do governo é obtida, <strong>de</strong>duzindo-se da arrecadação total (que é igual à<br />
soma dos impostos diretos + indiretos + contribuições previ<strong>de</strong>nciárias + outras<br />
receitas correntes, se houver) menos as <strong>de</strong>spesas correntes ( = gastos <strong>de</strong> consumo +<br />
transferências + subsídios), ou seja:<br />
Total <strong>de</strong> impostos: 90 + 200 + 70 = 360<br />
Despesas correntes: 200 + 110 + 50 = 360<br />
Logo, 360 <strong>–</strong> 360 = 0 >> ou seja, a poupança é zero.<br />
A resposta, portanto, é a letra d.<br />
2. O produto nacional bruto a preços <strong>de</strong> mercado é igual a:<br />
a) 1.200; b) 1.300; c) 1.100; d) 1.400; e) 1.500.<br />
Solução: No cálculo do PNBpm entram os impostos indiretos menos os subsídios<br />
(porque é a preços <strong>de</strong> mercado), + <strong>de</strong>preciação (porque é produto bruto) e menos a<br />
renda líquida enviada ao exterior (porque é nacional). Logo:<br />
PNBpm = PILcf + <strong>de</strong>preciação + impostos indiretos <strong>–</strong> subsídios + renda recebida do<br />
exterior <strong>–</strong> renda enviada ao exterior.<br />
O PILcf = S + A + J + L = 410 + 150 + 400 + 100 = 1.060<br />
PNBpm = 1060 + 40 + 200 <strong>–</strong> 50 <strong>–</strong> 50 = 1.200.<br />
A resposta, portanto, é a letra a.<br />
3. A renda nacional líquida:<br />
a) 1.000; b) 1.010; c) 1.020; d) 1.030; e) 1.040.<br />
Solução: A resposta correta é a letra b. Deixamos para você a solução <strong>de</strong>sta questão.<br />
Para tanto, consulte o Quadro I, do texto.<br />
4. A renda pessoal disponível (RPD) é:<br />
a) 810; b) 850; c) 910; d) 950; e) 840.<br />
Solução: Pelo Quadro I, a RPD é assim encontrada:<br />
Partindo da renda nacional líquida (encontrada na questão 3, anterior), <strong>de</strong>vem ser<br />
<strong>de</strong>duzidos: - os lucros retidos (LR);<br />
- contribuições previ<strong>de</strong>nciárias (CP);<br />
- os impostos indiretos(imp.ind.);<br />
e somadas: as transferências governamentais (TG) e as transferências empresariais<br />
(TE), se houver. Assim:<br />
RPD = RNL <strong>–</strong> LR <strong>–</strong> CP <strong>–</strong> Imp. Dir. + TG + TE<br />
23
RPD = 1.010 <strong>–</strong> 150 - 70 <strong>–</strong> 90 + 110 + 30<br />
RPD = 840 e, portanto, a resposta correta é a letra e.<br />
5. A <strong>de</strong>spesa nacional, exclusive variação <strong>de</strong> estoques, é:<br />
a) 940; b) 860; c) 1.100; d) 1.040; e) 1.250.<br />
Solução: A resposta correta é a letra c. Deixamos para você a solução <strong>de</strong>sta questão,<br />
lembrando que se trata <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa nacional, e, portanto, você <strong>de</strong>ve incluir no cálculo a<br />
renda líquida enviada ao exterior.<br />
Observação: as respostas das questões <strong>de</strong> 6 a 11 encontram-se ao final <strong>de</strong>sta série. Antes<br />
<strong>de</strong> resolver estas questões, releia a parte do texto sobre Produto Nominal e Produto Real.<br />
6. O conceito <strong>de</strong> PIB real per capita consiste:<br />
a) no volume total <strong>de</strong> mercadorias e serviços finais por habitante, avaliado a partir do<br />
produto a preços constantes;<br />
b) na medida do <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>;<br />
c) no indicador da evolução <strong>de</strong> preços da economia;<br />
d) os itens b e c estão corretos;<br />
e) nenhuma das alternativas anteriores.<br />
7. Assinale a única afirmativa incorreta.<br />
a) Os preços se alteram e, por isso, as alterações no valor do PIB não indicam <strong>de</strong> modo<br />
preciso as modificações da produção física ou do produto real.<br />
b) Produto real é o produto medido com os preços mantidos constantes, como se estes<br />
não tivessem se alterado <strong>de</strong> um ano para outro.<br />
c) As alterações do produto real dão uma boa indicação da variação da produção física<br />
entre dois períodos.<br />
d) As variações do produto real são o resultado da variação física e dos preços do<br />
produto.<br />
e) O produto nominal incorpora as variações físicas e <strong>de</strong> preços do produto.<br />
8. No ano-base que tipo <strong>de</strong> relacionamento existe entre o PIB a preços correntes e o PIB a<br />
preços constantes:<br />
a) o PIB a preços constantes > o PIB a preços correntes;<br />
b) o PIB a preços constantes = o PIB a preços correntes;<br />
c) o PIB a preços constantes < o PIB a preços correntes;<br />
d) os dois PIBs não são relacionados;<br />
e) os dois PIBs sempre terão valores distintos.<br />
9. A diferença entre o PIB e o PNB é expressa:<br />
a) pela diferença entre as exportações e importações <strong>de</strong> mercadorias;<br />
b) pela renda líquida enviada (ou recebida) do exterior;<br />
c) pela diferença entre as exportações e importações <strong>de</strong> mercadorias e serviços;<br />
d) pelo valor da <strong>de</strong>preciação;<br />
24
e) pela diferença entre impostos indiretos e subsídios.<br />
10. Assinale a opção correta.<br />
a) As transferências líquidas <strong>de</strong> renda ao exterior equivalem à diferença entre rendas<br />
<strong>de</strong> fatores produtivos pagos ao exterior e rendas <strong>de</strong> fatores recebidas do exterior.<br />
b) Em uma economia aberta, as exportações representam uma proporção constante do<br />
PIB.<br />
c) Em geral, nas economias <strong>de</strong>senvolvidas, o PNB é menor que o PIB.<br />
d) A renda líquida enviada ou recebida do exterior correspon<strong>de</strong>, em valor, à diferença<br />
entre o total das exportações e o total das importações.<br />
e) Todas as afirmativas estão erradas.<br />
11. Se uma empresa compra uma mercadoria por CR$ 2.000,00 e apenas a reven<strong>de</strong>, sem<br />
qualquer transformação física, por CR$ 2.500,00, então o valor agregado ou adicionado<br />
pela empresa é igual a:<br />
a) zero; b) 2.500; c) 500; d) 4.500; e) 2.000.<br />
Gabarito das questões <strong>de</strong> 6 a 11:<br />
6. a; 7. d; 8. b; 9. b; 10. b; 11. a<br />
Até a semana que vem, com a nossa 5ª aula <strong>–</strong> que<br />
versará sobre o Balanço <strong>de</strong> Pagamentos e Taxa <strong>de</strong><br />
Câmbio. Um abraço para você, e até lá!<br />
25
CURSOS ON-LINE <strong>–</strong> ECONOMIA <strong>–</strong> PROF. MOZART FOSCHETE<br />
Aula 5: O Balanço <strong>de</strong><br />
Pagamentos e a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio<br />
Vamos, nesta nossa 5ª Aula, falar um<br />
pouco sobre comércio exterior. Em comércio<br />
exterior, apenas dois tópicos têm sido objeto<br />
<strong>de</strong> questões <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> concursos públicos:<br />
o balanço <strong>de</strong> pagamentos e sua estrutura e a<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio e sua influência sobre o<br />
balanço <strong>de</strong> pagamentos <strong>de</strong> um país.<br />
A gente começa, primeiramente, pelo<br />
Balanço <strong>de</strong> Pagamentos, sua estrutura e<br />
composição e, <strong>de</strong>pois, tratamos da taxa <strong>de</strong><br />
câmbio. Então vamos lá.<br />
II <strong>–</strong> Balanço <strong>de</strong> Pagamentos<br />
5.1 Conceitos Básicos<br />
O que é e para que serve o Balanço <strong>de</strong> Pagamentos? A resposta<br />
é muito simples:<br />
O Balanço <strong>de</strong> Pagamentos (BP) <strong>de</strong> um país nada mais é que<br />
um registro sistematizado <strong>de</strong> todas as transações comerciais e<br />
financeiras <strong>de</strong> um país com o resto do mundo. Ou, <strong>de</strong> acordo com<br />
a <strong>de</strong>finição mais técnica do Fundo Monetário Internacional (FMI), e<br />
adotada pelo Banco Central do Brasil, o<br />
Balanço <strong>de</strong> Pagamentos consiste no registro<br />
sistemático <strong>de</strong> todas as transações econômicas<br />
realizadas, durante um certo período, entre<br />
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resi<strong>de</strong>ntes do país e resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> outros países ditos<br />
estrangeiros.”<br />
O propósito principal <strong>de</strong>sse registro é informar às autorida<strong>de</strong>s<br />
monetárias sobre a situação das contas externas do país, <strong>de</strong> modo<br />
a auxiliá-las na formulação das políticas monetária, fiscal, cambial<br />
e comercial.<br />
Objetivamente, o BP contém o registro contábil <strong>de</strong> todas as<br />
transações <strong>de</strong> bens e serviços, as transferências <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s,<br />
as variações <strong>de</strong> ouro monetário, as transferências unilaterais <strong>de</strong><br />
divisas e as variações <strong>de</strong> Direitos Especiais <strong>de</strong> Saque (DES) <strong>de</strong><br />
uma economia com o resto do mundo.<br />
Os componentes do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos são comumente<br />
apresentados em coluna, sendo os valores lançados em diferentes<br />
grupos <strong>de</strong> contas. Como conseqüência da adoção do critério das<br />
“partidas dobradas”, a soma do saldo <strong>de</strong> todas as contas, em seu<br />
conjunto, <strong>de</strong>ve necessariamente ser igual a zero.<br />
Note-se que, a <strong>de</strong>speito dos esforços do FMI, a estrutura e o<br />
registro do BP ainda diferem <strong>de</strong> um país para outro. Neste texto,<br />
seguiremos a estrutura e nomenclatura adotada pelo Banco<br />
Central do Brasil.<br />
5.2. A contabilida<strong>de</strong> do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos<br />
No BP, utilizando o sistema <strong>de</strong> registro contábil, todas as<br />
transações são registradas com duas entradas - ou seja, o sistema<br />
<strong>de</strong> "partidas dobradas": uma a débito e outra a crédito. Em<br />
conseqüência, contabilmente, o BP está sempre em equilíbrio, o<br />
que não significa que tenha havido equilíbrio <strong>de</strong> fato entre<br />
pagamentos e recebimentos do exterior.<br />
Normalmente, qualquer transação <strong>de</strong> um resi<strong>de</strong>nte no país<br />
com um resi<strong>de</strong>nte no exterior gera um "haver" (direito) ou uma<br />
"obrigação", no exterior. Assim, por exemplo, uma venda <strong>de</strong> café<br />
ao exterior (exportação) dá lugar a um "haver" e é registrada a<br />
crédito, com sinal positivo, na balança comercial.<br />
Simultaneamente, haverá um registro, com sinal negativo, na<br />
conta "haveres em moeda no exterior", significando uma saída<br />
<strong>de</strong>ssas divisas para aplicação nas reservas do país no exterior.<br />
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Isso se explica pelo simples fato <strong>de</strong> que as divisas (digamos,<br />
dólares) não entram, <strong>de</strong> fato, no país: elas são <strong>de</strong>positadas numa<br />
conta do banco brasileiro (que intermediou a operação) em um<br />
banco conveniado no exterior (Citybank, Bankboston, Credit<br />
Lyonais, Mitsubishi Bank, etc). Assim, contabilmente, o Banco<br />
Central registra a “entrada” (sinal positivo) das divisas no item<br />
“exportações” da balança comercial e, simultaneamente, registra<br />
sua saída no item “haveres em moeda no exterior”, com sinal<br />
negativo. O sinal <strong>de</strong>sta saída é negativo, mas na verda<strong>de</strong>, significa<br />
que as reservas do Brasil, no exterior, se elevaram naquele<br />
instante.<br />
Inversamente, a compra <strong>de</strong> uma máquina do exterior por um<br />
resi<strong>de</strong>nte no país (uma importação) gera uma "obrigação" e é<br />
lançada a débito no item "importações", da balança comercial,<br />
com sinal negativo, e a crédito, isto é, com sinal positivo, na<br />
conta "haveres em moeda no exterior". Contabilmente, significa<br />
que foram sacadas divisas <strong>de</strong> nossas reservas no exterior, que<br />
foram internalizadas no País (por isso o sinal positivo) para<br />
pagamento da importação da máquina. O sinal positivo neste item<br />
“haveres em moeda no exterior” significa que houve uma<br />
diminuição das reservas internacionais aplicadas no exterior.<br />
Observe-se, então, que a contrapartida (partidas dobradas) <strong>de</strong>stas<br />
duas transações correspon<strong>de</strong>rá, no caso, a um movimento <strong>de</strong><br />
capitais, já que os pagamentos não são realizados em moedas e<br />
sim através <strong>de</strong> movimentação <strong>de</strong> contas bancárias.<br />
5.3. A estrutura do balanço <strong>de</strong> pagamentos<br />
O BP é constituído <strong>de</strong> diversas contas e subcontas, sendo duas<br />
as contas principais: a Conta (ou balança) <strong>de</strong> Transações<br />
Correntes e a Conta <strong>de</strong> Capital, como se vê na Tabela 5.1.<br />
De acordo com os critérios <strong>de</strong> escrituração ou <strong>de</strong><br />
contabilização adotados pelo Banco Central, algumas observações<br />
se fazem necessárias, relativamente às principais contas do<br />
Balanço <strong>de</strong> Pagamentos que aparecem naquela Tabela, a saber:<br />
A- Conta <strong>de</strong> transações correntes<br />
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Trata-se, sem dúvida, da mais importante conta do BP, e<br />
engloba todas as transações <strong>de</strong> mercadorias e serviços e as<br />
transferências unilaterais. Um superávit na conta <strong>de</strong> transações<br />
correntes significa que o país "ven<strong>de</strong>u" mais mercadorias e<br />
serviços do que "comprou" do exterior, possibilitando ao país<br />
quitar obrigações contraídas anteriormente, ou adquirir ativos no<br />
exterior ou, ainda, aumentar suas reservas internacionais. Se for<br />
registrado um déficit em conta corrente, as implicações serão<br />
opostas às acima mencionadas. Conforme você po<strong>de</strong> observar na<br />
Tabela 5.1. a conta <strong>de</strong> transações correntes <strong>–</strong> ou, simplesmente,<br />
conta corrente do BP - se compõem <strong>de</strong>:<br />
1. Balança comercial<br />
A balança comercial registra todas as transações referentes<br />
somente às exportações e importações <strong>de</strong> mercadorias. Como foi<br />
<strong>de</strong>scrito acima, se uma <strong>de</strong>terminada importação foi paga à vista, a<br />
operação é registrada a débito (sinal negativo) em “importações” e<br />
a crédito (sinal positivo) no item “haveres em moeda no exterior”.<br />
Caso essa importação seja financiada - isto é, não envolve<br />
pagamentos à vista e, portanto, não afeta a posição das reservas<br />
internacionais do país (haveres em moeda no exterior) - faz-se o<br />
lançamento a débito em "importações" e a crédito em<br />
"financiamentos", na conta <strong>de</strong> capital.<br />
2. Balança <strong>de</strong> serviços<br />
Com relação ao registro dos diversos itens da conta <strong>de</strong><br />
serviços, vale mencionar o seguinte:<br />
i) Transportes: inclui todas as receitas e <strong>de</strong>spesas com frete<br />
e o valor das passagens <strong>de</strong> viajantes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se trate <strong>de</strong> uma<br />
operação entre um resi<strong>de</strong>nte e um não-resi<strong>de</strong>nte. Ou seja, a<br />
compra <strong>de</strong> uma passagem aérea da VARIG, para a França, por<br />
brasileiro resi<strong>de</strong>nte no Brasil, não será registrada no BP. Mas, se<br />
ele comprar esta passagem da Air France, ainda que seja no Brasil<br />
e em reais (R$), tal operação será <strong>de</strong>vidamente registrada na<br />
conta <strong>de</strong> “transportes”.<br />
TABELA 5.1<br />
__________________________________________________<br />
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ESTRUTURA DO BALANÇO DE PAGAMENTOS<br />
A) Balança <strong>de</strong> transações correntes (=1+2+3)<br />
1. Balança Comercial (=a+b)<br />
a) Exportações<br />
b) Importações<br />
2. Balança <strong>de</strong> Serviços (=a+b+c+d+e+f+g)<br />
a) transportes (fretes/passagens)<br />
b) seguros<br />
c) viagens internacionais (turismo)<br />
d)<strong>de</strong>spesas governamentais (embaixadas,consulados, etc)<br />
e) pagamento <strong>de</strong> juros da dívida externa<br />
f) remessa <strong>de</strong> lucros e divi<strong>de</strong>ndos<br />
g)outros serviços(royalties,patentes,bolsas <strong>de</strong> estudos,etc)<br />
3. Transferências unilaterais (donativos)<br />
B) Conta <strong>de</strong> capitais (autônomos)<br />
a) empréstimos <strong>de</strong> médio e longo prazos<br />
b) financiamentos<br />
c) investimentos e reinvestimentos diretos<br />
d) amortização da dívida externa<br />
e) outros capitais (<strong>de</strong> curto prazo).<br />
C) Erros e omissões<br />
D) Resultado do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos (=A+B+C)<br />
E) Demonstrativo do Resultado do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos<br />
(capitais compensatórios)<br />
a) Operações <strong>de</strong> regularização (FMI, BIRD, BID)<br />
b)Haveres em moeda no exterior:aumento(-)ou redução(+)<br />
c) Ouro monetário: aumento (-) ou redução (+)<br />
d) Direitos especiais <strong>de</strong> Saque (DES)<br />
ii) Viagens internacionais: registra as <strong>de</strong>spesas e receitas<br />
com viajantes, não incluídas no item anterior, isto é, em<br />
“transportes”. Exemplos: a compra <strong>de</strong> US$ 4.000,00 para viagem<br />
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<strong>de</strong> um brasileiro ao exterior ou a troca <strong>de</strong> dólares por reais feita<br />
por turistas estrangeiros numa agência bancária no Brasil.<br />
iii) Lucros e divi<strong>de</strong>ndos: refere-se à parte dos lucros que as<br />
empresas multinacionais, com investimentos no Brasil, remetem<br />
ao exterior (<strong>de</strong>spesa) ou que empresas brasileiras, com<br />
investimento no exterior, remetem para o Brasil (receita). Note-se<br />
que os "lucros reinvestidos"- isto é, a parte dos lucros que não foi<br />
efetivamente remetida ao exterior - é registrada, também, como<br />
remessa <strong>de</strong> lucros (sinal negativo), sendo, em contrapartida,<br />
registrada como uma entrada (sinal positivo) no item<br />
"investimentos e reinvestimentos diretos", da conta <strong>de</strong> capital. Tal<br />
procedimento se explica pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se manter um<br />
controle mais objetivo dos investimentos estrangeiros no país.<br />
iv) Juros: refere-se ao pagamento dos juros da dívida<br />
externa (<strong>de</strong>spesa) e dos juros <strong>de</strong> financiamentos <strong>de</strong> importações<br />
adquiridas a prazo. Se o país receber juros <strong>de</strong> fora, o registro,<br />
claro, é feito com sinal positivo.<br />
v) Despesas governamentais: referem-se aos gastos com<br />
manutenção <strong>de</strong> embaixadas, consulados, etc., no exterior<br />
(<strong>de</strong>spesas) e aos recebimentos <strong>de</strong> outros países para suas<br />
representações diplomáticas no Brasil (receitas).<br />
3. Transferências unilaterais<br />
Trata-se <strong>de</strong> donativos ou doações, sem a contrapartida <strong>de</strong><br />
pagamentos por parte <strong>de</strong> quem recebe. Se forem feitas em<br />
moeda, o registro é normal, ou seja, a crédito - se for um<br />
recebimento, - e a débito - se for uma saída, lançando-se o<br />
mesmo valor, com sinal trocado em "haveres em moeda no<br />
exterior". Se a doação for em espécie, isto é, em mercadorias, são<br />
feitos dois lançamentos: se se tratar <strong>de</strong> uma entrada ou<br />
recebimento <strong>de</strong> doações, faz um registro a débito em importações,<br />
e outro a crédito (sinal positivo) em "doações", não alterando,<br />
assim, o resultado do BP.<br />
B. Conta <strong>de</strong> Capitais (autônomos)<br />
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Esta conta registra apenas o movimento dos chamados<br />
capitais autônomos- isto é, os capitais que entram ou saem como<br />
resultado da livre operação das forças <strong>de</strong> mercado (oferta e<br />
<strong>de</strong>manda). Neste sentido, distinguem-se dos chamados capitais<br />
compensatórios - que são os capitais movimentados<br />
exclusivamente pelo Banco Central e que aparecem no<br />
"Demonstrativo do Resultado do BP".<br />
Fazem parte da Conta <strong>de</strong> Capitais autônomos os seguintes<br />
movimentos financeiros:<br />
a) Empréstimos: registra os empréstimos <strong>de</strong> curto, médio e<br />
longo prazos, obtidos junto aos bancos privados, no exterior.<br />
b) Financiamentos: referem-se aos financiamentos <strong>de</strong><br />
importações adquiridas para pagamento a prazo. Neste caso, como<br />
já foi dito, há, também, dois registros: um a débito, em<br />
"importações", e outro, a crédito, em "financiamentos".<br />
c) Investimentos e reinvestimentos diretos: referem-se<br />
aos chamados "capitais <strong>de</strong> risco" que as empresas estrangeiras<br />
aplicam no Brasil (entrada), ou que empresas nacionais aplicam no<br />
exterior (saída). Note-se que essas aplicações tanto po<strong>de</strong>m ser no<br />
setor produtivo, como po<strong>de</strong>m ocorrer no mercado <strong>de</strong> capitais<br />
(bolsas <strong>de</strong> valores) ou em títulos do mercado financeiro.<br />
d) Amortizações: referem-se ao pagamento (ou<br />
recebimento) <strong>de</strong> parte do principal da dívida externa ou <strong>de</strong><br />
financiamentos concedidos anteriormente.<br />
C - Erros e Omissões<br />
Como os registros do BP são feitos com base em estimativas<br />
<strong>–</strong> ainda que bastante seguras - há sempre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
"<strong>de</strong>svios" nos lançamentos. Assim, é provável que os dados sobre<br />
uma ou outra ou outra operação não seja oportuna e <strong>de</strong>vidamente<br />
registrada, existindo, inclusive, a hipótese <strong>de</strong> operações ainda em<br />
“trânsito” que não foram ainda registradas em todos os<br />
computadores dos diversos órgãos envolvidos com o comércio<br />
exterior. Este item procura minimizar os efeitos <strong>de</strong> tais falhas.<br />
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D - Resultado do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos<br />
A soma do saldo em Transações Correntes mais o saldo da<br />
Conta <strong>de</strong> Capitais, mais Erros e Omissões, fornece o resultado do<br />
BP. Sendo positivo, o Balanço <strong>de</strong> Pagamentos terá um superávit;<br />
se for negativo, haverá um déficit; e se for nulo (isto é, um saldo<br />
zero), haverá um equilíbrio.<br />
E- Demonstrativo do Resultado do BP<br />
Se houver um equilíbrio no BP, as contas do Demonstrativo<br />
do Resultado não serão alteradas. Se, no entanto, houver um<br />
déficit, o Demonstrativo mostrará como foi financiado este déficit;<br />
e se houver um superávit, o Demonstrativo indicará para on<strong>de</strong> foi<br />
enviado o saldo positivo obtido. Para tanto, existem as seguintes<br />
sub-contas:<br />
a) Contas <strong>de</strong> regularização: referem-se às operações com<br />
organismos internacionais (FMI, Banco Mundial, Banco<br />
Interamericano <strong>de</strong> Desenvolvimento, Eximbanks, etc), tendo como<br />
objetivo financiar possíveis déficits do BP. Note-se que tais<br />
operações po<strong>de</strong>m ocorrer mesmo se, ao final, o BP registrar um<br />
superávit, dado que tais financiamentos são contratados<br />
preventivamente, antes <strong>de</strong> se fechar o BP.<br />
b) Haveres em moeda no exterior: as Autorida<strong>de</strong>s<br />
Monetárias dispõem <strong>de</strong> um estoque <strong>de</strong> moedas estrangeiras e <strong>de</strong><br />
títulos externos <strong>de</strong> curto prazo aplicados no exterior, como<br />
resultado <strong>de</strong> superávits do BP <strong>de</strong> anos anteriores. Assim, se o BP<br />
apresentar um superávit, haverá um aumento <strong>de</strong>sses haveres e o<br />
valor aparecerá com sinal negativo (indicando uma saída <strong>de</strong><br />
haveres para o exterior). Se houver um déficit, o contrário<br />
ocorrerá.<br />
c) Ouro monetário: registra as aquisições <strong>de</strong> ouro nãomonetário<br />
e as vendas <strong>de</strong> ouro pelas autorida<strong>de</strong>s monetárias. No<br />
primeiro caso, o registro é feito com sinal negativo no item<br />
“variações” (saída <strong>de</strong> divisas) e, com sinal positivo no item<br />
“monetização do ouro”; no segundo caso, com sinal positivo no<br />
item “variações” (entrada <strong>de</strong> divisas) e, com sinal negativo, em<br />
“<strong>de</strong>smonetização do ouro”.<br />
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d) Direitos Especiais <strong>de</strong> Saque (DES) - trata-se <strong>de</strong> um<br />
tipo <strong>de</strong> moeda escritural criada pelo Fundo Monetário<br />
Internacional. O país dispõe <strong>de</strong> um fundo <strong>de</strong> recursos em DES, no<br />
FMI, e po<strong>de</strong> movimentá-lo se necessário.<br />
5.4.Um exemplo numérico<br />
Para facilitar a compreensão da estrutura do balanço <strong>de</strong><br />
pagamentos e seus respectivos lançamentos contábeis, vamos dar<br />
um exemplo numérico hipotético. Assim, suponhamos que as<br />
operações entre resi<strong>de</strong>ntes e não-resi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> um certo país<br />
foram, em <strong>de</strong>terminado ano, as seguintes (valores em dólares):<br />
i) o país importa mercadorias no valor <strong>de</strong> 300 milhões,<br />
sendo 250 milhões com pagamento à vista e 50 milhões<br />
financiados a longo prazo;<br />
ii) o país recebeu 30 milhões em investimento direto, sendo<br />
10 milhões sem cobertura cambial, isto é, sob a forma <strong>de</strong><br />
equipamentos.<br />
iii) as exportações do país atingiram, no período, 350<br />
milhões, pagas à vista;<br />
iv) o país pagou, à vista, 30 milhões <strong>de</strong> fretes;<br />
v) o país remeteu ao exterior 60 milhões, sendo 30 milhões<br />
referentes a juros da dívida externa; 20 milhões <strong>de</strong><br />
remessas <strong>de</strong> lucros e 10 milhões <strong>de</strong> amortizações.<br />
vi) o país recebeu 15 milhões como donativos, sendo que 5<br />
milhões foram em espécie, isto é, em mercadorias.<br />
vii) o FMI emprestou ao país 25 milhões para a regularização<br />
do déficit do BP.<br />
viii) os gastos <strong>de</strong> turistas estrangeiros no país atingiram a<br />
soma <strong>de</strong> 5 milhões, enquanto os turistas nacionais<br />
gastaram no exterior 10 milhões.<br />
ix) o país fez empréstimos no exterior no montante <strong>de</strong> 15<br />
milhões.<br />
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A tabela a seguir mostra a contabilização das operações<br />
acima:<br />
Contabilização do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos<br />
_____________________________________________________<br />
_____Operações________________<br />
i ! ii ! iii ! iv ! v ! vi ! vii ! viii ! ix<br />
--------------------------------------------------------------------------<br />
Exportações +350<br />
Importações -300 -10 -5<br />
Fretes -30<br />
Juros -30<br />
Lucros -20<br />
Amortizações -10<br />
Transferências Unilat. +15<br />
Turismo <strong>de</strong> brasileiros -10<br />
Turismo <strong>de</strong> estrangeiros +5<br />
Empréstimos do exterior +15<br />
Empréstimos do FMI<br />
Financiamentos +50<br />
+25<br />
Investimentos diretos +30<br />
Haveres no exterior+250 -20 <strong>–</strong>350 +30 +60 -10 -25 -5 -15<br />
_____________________________________________________<br />
A montagem do balanço <strong>de</strong> pagamentos fica, então, assim:<br />
A - Balança <strong>de</strong> Transações Correntes (= 1+2+3)..: -35<br />
1. Balança comercial: +35<br />
a) Exportações: +350<br />
b) Importações: -315<br />
2. Balança <strong>de</strong>r serviços: -85<br />
a) Fretes: -30<br />
b) Juros: -30<br />
c) Lucros: -20<br />
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d) Turismo: -5<br />
3. Transferências unilaterais: +15<br />
B - Conta <strong>de</strong> Capitais (autônomos)..: +85<br />
a) Empréstimos do exterior: +15<br />
b) Financiamentos: +50<br />
c) Investimentos diretos: 30<br />
d) Amortizações: -10<br />
C - Resultado do balanço <strong>de</strong> pagamentos (= A+B)..:+50<br />
D- Demonstrativo do Resultado:-50<br />
a) Empréstimos do FMI: +25<br />
b) Haveres no exterior: -75<br />
5.5. Transações Sobre a Linha e Sob a Linha<br />
As transações internacionais <strong>de</strong> um país po<strong>de</strong>m ser<br />
classificadas em duas categorias:<br />
a) Transações sobre (ou acima) da linha - também<br />
chamadas operações autônomas, são aquelas transações que se<br />
realizam entre resi<strong>de</strong>ntes e não-resi<strong>de</strong>ntes, motivadas apenas<br />
pelas forças <strong>de</strong> mercado, espontaneamente, sem interferência das<br />
Autorida<strong>de</strong>s Monetárias. São exemplos das transações sobre a<br />
linha: as exportações, as importações, a captação <strong>de</strong> empréstimos<br />
por empresas nacionais, os investimentos diretos, os<br />
financiamentos, o pagamento <strong>de</strong> transportes, os seguros, as<br />
viagens internacionais 1 , etc..<br />
b) Transações sob ou abaixo da linha - também chamadas<br />
<strong>de</strong> movimentos compensatórios ou induzidos <strong>de</strong> capitais, são<br />
aquelas operações <strong>de</strong>stinadas a cobrir eventuais déficits do<br />
balanço <strong>de</strong> pagamentos (ou a aplicar eventuais superávits). Estas<br />
operações são <strong>de</strong>correntes do saldo (positivo ou negativo) das<br />
transações autônomas. São exemplos <strong>de</strong> tais transações os<br />
empréstimos obtidos pelas Autorida<strong>de</strong>s Monetárias junto ao FMI<br />
1 Embora, tecnicamente, o termo “operações autônomas” se aplique a todas essas operações <strong>de</strong> mercado,<br />
geralmente o termo é aplicado mais aos movimentos <strong>de</strong> capitais privados.<br />
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com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiar déficits do BP, ou ainda, as variações,<br />
para mais ou para menos, ocorridas nas reservas internacionais do<br />
país (inclusive ouro monetário).<br />
Note-se que esses "movimentos compensatórios ou induzidos"<br />
são sempre um resultado da ação das Autorida<strong>de</strong>s Monetárias para<br />
equilibrar o BP ou mesmo para a formação <strong>de</strong> reservas<br />
internacionais.<br />
5.6. Conceito <strong>de</strong> equilíbrio do balanço <strong>de</strong> pagamentos<br />
Quando o BP está em equilíbrio?<br />
Em princípio, consi<strong>de</strong>ra-se o BP em equilíbrio quando a soma<br />
do saldo da Conta <strong>de</strong> Transações Correntes com o saldo da Conta<br />
<strong>de</strong> Capitais (mais erros e omissões) se anulam.<br />
Um segundo conceito seria aquele que consi<strong>de</strong>ra o BP sempre<br />
em equilíbrio, após o movimento <strong>de</strong> capitais compensatórios - isto<br />
é, após a Conta do Demonstrativo do Resultado. Alega-se, para<br />
tanto, que, por <strong>de</strong>finição, o BP sempre é encerrado em equilíbrio,<br />
já que eventuais déficits <strong>de</strong>correntes da soma das transações<br />
correntes e da conta <strong>de</strong> capitais terão que ser cobertos ou por<br />
empréstimos ou por variações dos havers no exterior.<br />
A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> todos esses conceitos, o que parece importar<br />
mesmo é o conceito <strong>de</strong> equilíbrio da Conta <strong>de</strong> Transações<br />
Correntes - já que é esta conta que mostra, realmente, se o país<br />
comprou mais mercadorias e serviços do que ven<strong>de</strong>u ao exterior -<br />
isto é, se o país "gastou" mais divisas do que recebeu. Isto<br />
porque, se houver um déficit <strong>de</strong> transações correntes, este déficit<br />
implicará, necessariamente, ou mais endividamento do país no<br />
exterior ou em mais investimentos externos no país (significando<br />
aumento <strong>de</strong> ativos nacionais <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> estrangeiros).<br />
Assim consi<strong>de</strong>rado, é importante que o país mantenha um<br />
relativo equilíbrio <strong>de</strong> suas contas correntes, o que, em última<br />
análise, significa realizar um esforço maior para aumentar suas<br />
exportações <strong>de</strong> mercadorias e obter um superávit na balança<br />
comercial para compensar o crônico e inevitável déficit da balança<br />
<strong>de</strong> serviços.<br />
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O ajustamento do balanço <strong>de</strong> pagamentos e as principais<br />
políticas que se po<strong>de</strong>ria adotar para se corrigir <strong>de</strong>sequilíbrios<br />
externos da economia são <strong>de</strong>scritos a seguir.<br />
5.7. O saldo em conta corrente: uma interpretação<br />
econômica 2<br />
A balança <strong>de</strong> serviços compreen<strong>de</strong> duas categorias distintas:<br />
i) os serviços não-fatores <strong>–</strong> que não representam<br />
remuneração aos fatores <strong>de</strong> produção e que são constituídos pelos<br />
transportes, seguros, turismo e <strong>de</strong>spesas governamentais;<br />
ii) os serviços fatores <strong>–</strong> que representam o pagamento aos<br />
fatores <strong>de</strong> produção, sendo constituídos pelos juros da dívida<br />
externa, as remessas <strong>de</strong> lucros, os pagamentos <strong>de</strong> salários, os<br />
aluguéis <strong>de</strong> equipamentos, os pagamentos <strong>de</strong> assistência técnica e<br />
royalties.<br />
A balança <strong>de</strong> transações correntes, como foi visto, se<br />
constitui, basicamente, <strong>de</strong> vendas e <strong>de</strong> compras <strong>de</strong> bens e<br />
serviços ao exterior. A diferença entre os pagamentos e<br />
recebimentos do exterior, nessa conta, dá origem a dois conceitos<br />
que, embora na prática às vezes são usados como sinônimos, são<br />
bastante distintos do ponto <strong>de</strong> vista econômico: a transferência<br />
líquida <strong>de</strong> recursos e a renda líquida recebida ou enviada ao<br />
exterior.<br />
Tecnicamente, a transferência líquida <strong>de</strong> recursos ao<br />
exterior correspon<strong>de</strong> à diferença entre as exportações <strong>de</strong> bens e<br />
serviços não-fatores e as importações <strong>de</strong> bens e serviços nãofatores.<br />
Ou seja, correspon<strong>de</strong> ao saldo da balança comercial mais<br />
o saldo da balança <strong>de</strong> serviços não-fatores. A essa diferença, com<br />
sinal trocado, se dá o nome <strong>de</strong> hiato <strong>de</strong> recursos <strong>–</strong> que indica o<br />
quanto o país consome a mais sobre aquilo que produz.<br />
De outra parte, a renda recebida (+) ou enviada (-) ao<br />
exterior correspon<strong>de</strong> ao saldo <strong>de</strong> serviços fatores mais as<br />
transferências unilaterais.<br />
Assim, em síntese, tem-se:<br />
2 Vi<strong>de</strong> M. H. Simonsen e R.P.Cysne <strong>–</strong> Macroeconomia <strong>–</strong> Ed. Atlas/FGV Editora, R.J., 1995, Cap. 2.<br />
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Saldo do BP em conta corrente = transferência líquida <strong>de</strong><br />
recursos para o exterior + renda líquida recebida (ou - renda<br />
enviada) ao exterior.<br />
Tomando o exemplo do exercício numérico da seção 4.6.,<br />
constata-se que o saldo da balança comercial era <strong>de</strong> +35; o da<br />
balança <strong>de</strong> serviços era igual a <strong>–</strong>85, <strong>de</strong>composto em -35 <strong>de</strong><br />
serviços não-fatores e <strong>–</strong>50 <strong>de</strong> serviços fatores (juros e lucros),<br />
enquanto as transferências unilaterais apresentaram um saldo <strong>de</strong><br />
+15. Temos, assim:<br />
(a) Transferência líquida <strong>de</strong> recursos ao exterior: 0<br />
(b) Renda líquida enviada ao exterior: -35<br />
(c) Saldo do BP em conta corrente (= a + b): -35.<br />
Deste modo, po<strong>de</strong>-se afirmar que, no período consi<strong>de</strong>rado,<br />
este país não apresentou “hiato <strong>de</strong> recursos”, mas transferiu 35 <strong>de</strong><br />
renda líquida para o exterior <strong>–</strong> que, nesse exemplo, correspon<strong>de</strong><br />
ao saldo em conta corrente.<br />
Poupança externa<br />
Um aspecto importante a salientar é que, caso o país registre<br />
saldo negativo na conta corrente do BP, tal fato exigirá,<br />
necessariamente, uma entrada <strong>de</strong> capitais autônomos e/ou<br />
compensatórios para financiá-lo. Por essa razão, se diz que,<br />
economicamente, um saldo negativo em transações correntes<br />
significa que o país está poupança externa <strong>de</strong> igual valor,<br />
poupança esta que se <strong>de</strong>stina ao financiamento <strong>de</strong> parte do<br />
investimento doméstico. Pela mesma razão, caso aquele saldo<br />
seja positivo, significa que o país está exportando poupança<br />
interna para financiar investimentos no exterior.<br />
Nesse raciocínio, se o país receber um volume <strong>de</strong> capitais<br />
autônomos maior que seu saldo negativo em conta corrente <strong>–</strong><br />
apresentando, portanto, um saldo positivo no BP total <strong>–</strong> esse<br />
excesso <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> capitais externos não será absorvido pela<br />
economia, domesticamente, ficando <strong>de</strong>positado no exterior como<br />
reservas adicionais que po<strong>de</strong>rão ser usadas no futuro.<br />
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II - Taxa <strong>de</strong> Câmbio<br />
5.8. Mercado cambial e taxa <strong>de</strong> câmbio: conceito<br />
Um dos aspectos que distingue o comércio internacional do<br />
comércio interno é o fato <strong>de</strong> que aquele envolve moedas diferentes<br />
<strong>de</strong> diferentes países. Quando algum brasileiro compra um aparelho<br />
<strong>de</strong> televisão dos Estados Unidos, ele tem <strong>de</strong> pagá-la em dinheiro<br />
americano, isto é, em dólar. Da mesma forma, se uma empresa<br />
americana <strong>de</strong>sejar adquirir café brasileiro, terá que pagar sua<br />
transação em reais ao produtor brasileiro. É esta necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
fazer pagamentos no exterior em moedas diferentes da usada no<br />
próprio país que faz surgir a taxa <strong>de</strong> câmbio e o mercado cambial.<br />
O mercado <strong>de</strong> câmbio consiste <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />
bancos, corretores e exportadores e importadores, além do<br />
Tesouro Nacional e bancos centrais, interessados na compra e<br />
venda <strong>de</strong> divisas estrangeiras. Como todo mercado, o mercado <strong>de</strong><br />
câmbio conta com uma oferta e com uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> divisas ou<br />
moedas estrangeiras.<br />
Do lado dos ven<strong>de</strong>dores, ou ofertadores, temos os<br />
exportadores, os tomadores <strong>de</strong> empréstimos no exterior,<br />
ven<strong>de</strong>dores <strong>de</strong> serviços, turistas estrangeiros, investidores <strong>de</strong><br />
capital <strong>de</strong> risco, etc.; do lado dos compradores, ou <strong>de</strong>mandantes<br />
das divisas estrangeiras, temos os importadores, compradores <strong>de</strong><br />
serviços do exterior, turistas nacionais, <strong>de</strong>vedores no exterior, etc.<br />
Como qualquer mercadoria, a divisa estrangeira tem um preço<br />
(ou cotação) dado pela taxa <strong>de</strong> câmbio que po<strong>de</strong> assim ser<br />
<strong>de</strong>finida:<br />
Taxa <strong>de</strong> câmbio é o preço, em termos da moeda<br />
nacional, <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda estrangeira.<br />
De uma forma geral, a taxa <strong>de</strong> câmbio entre duas moedas<br />
quaisquer <strong>de</strong>ve refletir a relação entre os preços domésticos e os<br />
preços praticados nos <strong>de</strong>mais países, dos bens, serviços e fatores<br />
<strong>de</strong> produção. Neste sentido, <strong>de</strong>ve-se observar que as quantida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> uma moeda em relação a outra, digamos, o dólar, não tem<br />
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qualquer significado ou implicação mais importante, pois tudo<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do padrão monetário interno <strong>de</strong> cada país.<br />
Assim, por exemplo, se a taxa <strong>de</strong> câmbio entre o iene japonês e<br />
o dólar americano é, hoje, <strong>de</strong> 110 ienes por dólar, isto não<br />
significa, em absoluto, que o iene é uma moeda “mais fraca” que a<br />
moeda americana. O que é, <strong>de</strong> fato, importante, é verificar se esta<br />
taxa ou parida<strong>de</strong> está variando e em que direção. Note-se que há<br />
alguns anos atrás um dólar equivalia a 220 ienes. Hoje, o iene se<br />
fortaleceu e o preço do dólar, na moeda japonesa, caiu a meta<strong>de</strong>!<br />
Também é importante observar se as variações ocorridas na<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio são explicadas por flutuações <strong>de</strong> mercado<br />
(movimentos <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong>manda) ou por diferenciais <strong>de</strong> inflação<br />
entre dois países, e se tais variações acarretam perdas ou ganhos<br />
reais do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra da moeda nacional nas operações<br />
externas. Adicionalmente, não se po<strong>de</strong> classificar, a priori, tais<br />
variações como um mal em si, pois, às vezes, trata-se <strong>de</strong><br />
correções <strong>de</strong> distorções anteriores.<br />
5.9. Sistemas cambiais<br />
A questão que, <strong>de</strong> imediato, se coloca é: como é <strong>de</strong>terminado o<br />
valor da taxa <strong>de</strong> câmbio entre duas moedas <strong>de</strong> dois países<br />
diferentes?<br />
Isto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada país. De uma forma geral, a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio ou é <strong>de</strong>terminada pelo livre funcionamento das forças <strong>de</strong><br />
mercado ou é fixada e administrada pela autorida<strong>de</strong> monetária,<br />
isto é, pelo Banco Central. No primeiro caso, temos as chamadas<br />
taxas <strong>de</strong> câmbio flexíveis ou flutuantes; no segundo, temos as<br />
taxas <strong>de</strong> câmbio fixas. Vejamos a operação <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>sses<br />
sistemas.<br />
5.9.1. Taxas <strong>de</strong> câmbio fixas no padrão-ouro<br />
Para você enten<strong>de</strong>r melhor como são fixadas as taxas <strong>de</strong><br />
câmbio, vamos relembrar um pouco como funcionava o sistema<br />
cambial há algumas décadas atrás. No século XIX, o sistema<br />
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cambial predominante era baseado no chamado “padrão-ouro”.<br />
Sob este sistema, as autorida<strong>de</strong>s monetárias <strong>de</strong> cada nação<br />
fixavam o preço do ouro em termos da moeda nacional e se<br />
comprometiam a comprar e a ven<strong>de</strong>r qualquer quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro<br />
a tal preço. Evi<strong>de</strong>ntemente, este preço era condicionado à<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda circulando e à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro estocado<br />
no Banco Central do país. Dada uma certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro ali<br />
existente, seu preço em moeda nacional seria tanto maior quanto<br />
maior fosse a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda nacional em circulação. Ou<br />
seja, a parida<strong>de</strong> entre a moeda nacional e o ouro <strong>de</strong>pendia da<br />
quantida<strong>de</strong> existente <strong>de</strong> moeda e <strong>de</strong> ouro.<br />
A partir <strong>de</strong>sta relação <strong>de</strong> preços entre o ouro e a moeda<br />
nacional, tornava-se fácil estabelecer a taxa <strong>de</strong> câmbio entre duas<br />
moedas <strong>de</strong> dois países diferentes <strong>–</strong> a chamada parida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
cunhagem. Uma vez assim fixada, a taxa <strong>de</strong> câmbio só podia<br />
variar acima ou abaixo <strong>de</strong>sta parida<strong>de</strong> no montante do custo <strong>de</strong><br />
embarcar ouro entre duas nações <strong>–</strong> os chamados “pontos do<br />
ouro”.<br />
Para enten<strong>de</strong>r melhor este sistema, suponha que a parida<strong>de</strong><br />
cambial ou par metálico (no padrão-ouro) entre o dólar americano<br />
e o franco francês fosse a seguinte: US$ 1 = FF 5 (este valor era<br />
<strong>de</strong>rivado do fato <strong>de</strong> que, nos Estados Unidos, um grama <strong>de</strong> ouro<br />
<strong>de</strong>veria custar um dólar, enquanto, na França, um grama custava<br />
5 francos). Caso, por qualquer razão, a <strong>de</strong>manda por dólares na<br />
França aumentasse, o preço da moeda americana subiria,<br />
digamos, para US$ 1 = FF 6, bem acima, portanto, da parida<strong>de</strong><br />
metálica com o ouro.<br />
Vamos supor que o custo (<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> frete, seguros, etc.) <strong>de</strong><br />
se remeter ouro da França para os Estados Unidos fosse <strong>de</strong> FF<br />
0,50 por quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouro equivalente a um dólar. Se assim era,<br />
po<strong>de</strong>-se concluir que o francês preferirá comprar ouro em seu país<br />
e remetê-lo para pagar suas contas nos Estados Unidos, ao invés<br />
<strong>de</strong> trocar seis francos por um dólar. Em outras palavras, o limite<br />
superior <strong>de</strong> variação da taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> parida<strong>de</strong> era dado por<br />
FF 5,50 por dólar (isto é, a taxa <strong>de</strong> câmbio mais a taxa <strong>de</strong><br />
transporte do ouro). Acima <strong>de</strong>ste valor, era preferível trocar franco<br />
por ouro e remetê-lo para os Estados Unidos.<br />
O mesmo raciocínio se aplicaria na hipótese <strong>de</strong> haver um<br />
aumento da <strong>de</strong>manda americana por franco francês, fazendo com<br />
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que a taxa <strong>de</strong> câmbio se reduzisse para, digamos, FF 4,00 por<br />
dólar. Neste caso, com o custo <strong>de</strong> enviar ouro dos Estados Unidos<br />
para a França situado nos mesmos FF 0,50 mencionados<br />
anteriormente, era preferível ao americano comprar ouro no seu<br />
país e remetê-lo para a França, trocando neste país um grama por<br />
5 francos. Como ele gastou FF 0,50 na remessa, receberia,<br />
liquidamente, FF 4,50 por um dólar (mais do que os FF 4,00 por<br />
dólar mencionado antes).<br />
FF<br />
US$<br />
(gold point) 5,50<br />
(saída)<br />
5,00<br />
(gold point) 4,50<br />
(entrada) D<br />
Figura 5.1.<br />
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S<br />
US$<br />
Assim, no padrão-ouro, a taxa <strong>de</strong> câmbio entre duas moedas<br />
era relativamente fixa, po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> intervalos<br />
mínimos, <strong>de</strong>finidos pelo custo <strong>de</strong> transporte do ouro <strong>de</strong> um país<br />
para outro. Estes limites superior e inferior para variação da taxa<br />
<strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> parida<strong>de</strong> metálica eram chamados <strong>de</strong> “pontos <strong>de</strong><br />
ouro” (gold-points). No exemplo acima, e conforme mostrado na<br />
Figura 5.1., o limite superior seria FF 5,50 e o inferior seria FF<br />
4,50.<br />
Note-se que este sistema foi usado <strong>de</strong> forma generalizada na<br />
chamada “era dourada”, <strong>de</strong> 1870 a 1914. Já na década <strong>de</strong> 20 e<br />
início <strong>de</strong> 30 do século passado, seu uso foi esporádico, entrando<br />
em verda<strong>de</strong>iro colapso durante a Gran<strong>de</strong> Depressão. Depois da 2ª<br />
Gran<strong>de</strong> Guerra, o Tratado <strong>de</strong> Bretton Woods (1944) criou um
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sistema <strong>de</strong> câmbio fixo para os países-membros do Fundo<br />
Monetário Internacional (FMI), composto pela maioria das<br />
economias <strong>de</strong> mercado. Pelo novo acordo, cada nação <strong>de</strong>veria<br />
<strong>de</strong>finir o valor da respectiva moeda em relação ao dólar que, por<br />
sua vez, era conversível em ouro à taxa fixa <strong>de</strong> US$ 35,00 por<br />
onça 3 . Depois <strong>de</strong> muitas idas e vindas, o Tratado <strong>de</strong> Bretton<br />
Woods caiu em 1971, quando o Presi<strong>de</strong>nte Nixon suspen<strong>de</strong>u a<br />
conversibilida<strong>de</strong> do dólar em ouro (ou seja, os Estados Unidos não<br />
mais converteriam dólares em ouro, seja para os governos<br />
estrangeiros, seja para as instituições financeiras estrangeiras ou<br />
não). Simultaneamente a esta medida, os Estados Unidos<br />
alteraram unilateralmente a parida<strong>de</strong>, isto é, a taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>–</strong><br />
do dólar em relação às <strong>de</strong>mais moedas européias e japonesa.<br />
Des<strong>de</strong> 1973, as principais moedas do mundo industrializado<br />
trabalham sob um esquema <strong>de</strong> câmbio flutuante, mas sob certo<br />
controle da autorida<strong>de</strong> monetária do país (a chamada “flutuação<br />
suja”), on<strong>de</strong> as principais moedas <strong>–</strong> dólar, marco alemão, franco<br />
francês, iene japonês <strong>–</strong> flutuam entre si, <strong>de</strong> uma forma quase<br />
livre, como se verá mais adiante, quando falarmos das taxas <strong>de</strong><br />
câmbio flexíveis ou flutuantes. Antes, porém, convém falar um<br />
pouco sob um outro tipo <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> câmbio fixa ou administrada,<br />
usado nas economias em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
5.9.2. Taxa <strong>de</strong> câmbio fixa, pós-padrão-ouro<br />
A maioria dos países em <strong>de</strong>senvolvimento, o Brasil, inclusive,<br />
por não terem moeda conversível <strong>–</strong> isto é, uma moeda que seja<br />
aceita nas trocas internacionais <strong>–</strong> não po<strong>de</strong> se dar ao luxo <strong>de</strong><br />
adotar um mercado cambial livre, sob o risco <strong>de</strong> se verem sem<br />
reservas em divisas estrangeiras na quantida<strong>de</strong> necessária para<br />
aten<strong>de</strong>r seus pagamentos no exterior.<br />
3 Vale observar que a conversibilida<strong>de</strong> do dólar em ouro era parcial, pois somente as instituições financeiras e<br />
governos estrangeiros po<strong>de</strong>riam fazê-lo. Os habitantes dos Estados Unidos não podiam possuir ouro<br />
monetário e a Reserva Fe<strong>de</strong>ral não era obrigada a converter dólares em ouro para a população..<br />
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Neste caso, esses países costumam adotar um regime cambial<br />
fixo, no sentido <strong>de</strong> que o valor da taxa <strong>de</strong> câmbio é <strong>de</strong>terminado<br />
pela autorida<strong>de</strong> monetária nacional que, a princípio, <strong>de</strong>veria<br />
ven<strong>de</strong>r e comprar a moeda estrangeira, em qualquer quantida<strong>de</strong>,<br />
ao preço por ela fixado. Assim, por exemplo, se o Banco do México<br />
resolver fixar a taxa <strong>de</strong> câmbio peso mexicano/dólar a P$ 3 = 1<br />
US$, garantindo a conversibilida<strong>de</strong> a esta taxa, isto significa que o<br />
banco mexicano se compromete a ven<strong>de</strong>r 3 pesos por um dólar,<br />
ou a pagar um dólar por três pesos mexicanos.<br />
Na vida real, no entanto, em vários países em <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
principalmente quando enfrentam déficits no balanço <strong>de</strong><br />
pagamentos, não se consegue ven<strong>de</strong>r ou comprar a moeda<br />
estrangeira pelo valor fixado oficialmente, pelo menos na<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada, dado que, além <strong>de</strong> fixar o valor do câmbio,<br />
muitas vezes a autorida<strong>de</strong> monetária limita a quantida<strong>de</strong> a ser<br />
transacionada no mercado oficial, dando margem, geralmente, ao<br />
surgimento <strong>de</strong> um mercado paralelo <strong>de</strong> divisas <strong>–</strong> o chamado<br />
“mercado negro”.<br />
Uma observação importante é que, no caso <strong>de</strong>ste regime <strong>de</strong><br />
câmbio fixo, o arranjo mais comum é um país <strong>de</strong>finir a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio entre a moeda nacional e uma <strong>de</strong>terminada moeda<br />
estrangeira (po<strong>de</strong>ndo ser o dólar ou o iene ou o franco francês,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da área <strong>de</strong> influência econômica a que pertence o<br />
país), estabelecendo, após isso, as taxas <strong>de</strong> câmbio com outras<br />
moedas a partir da relação entre estas e a moeda estrangeira<br />
escolhida como “âncora”.<br />
Observe-se, também, que o fato <strong>de</strong> ser “fixada” pelo Banco<br />
Central do país não significa que a taxa <strong>de</strong> câmbio permanece<br />
constante para sempre. Ao contrário, seu valor po<strong>de</strong> ser alterado <strong>–</strong><br />
sempre pela autorida<strong>de</strong> monetária <strong>–</strong> seja porque está havendo<br />
inflação doméstica, seja por questões <strong>de</strong> balanço <strong>de</strong> pagamentos.<br />
No caso brasileiro, por exemplo, até 1993, <strong>de</strong>vido às altas taxas <strong>de</strong><br />
inflação, o câmbio era alterado diariamente <strong>–</strong> o chamado sistema<br />
<strong>de</strong> mini<strong>de</strong>svalorizações cambiais <strong>–</strong> <strong>de</strong> forma a manter a parida<strong>de</strong><br />
real do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra da taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />
Por fim, vale dizer ainda que, num regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio<br />
fixas, quando o Banco Central compra moeda estrangeira, ocorre,<br />
nesse momento, um aumento da chamada base monetária. Caso o<br />
Banco Central venda a moeda estrangeira <strong>–</strong> para importadores,<br />
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turistas, etc. <strong>–</strong> a base monetária se reduz. Em outras palavras, a<br />
oferta interna <strong>de</strong> moeda nacional aumenta ou diminui quando as<br />
reservas internacionais do país aumentam ou se reduzem.<br />
5.9.3. Taxas <strong>de</strong> câmbio flexíveis ou flutuantes<br />
Num regime ou sistema cambial <strong>de</strong> taxas flexíveis ou<br />
flutuantes, o preço da divisa estrangeira, ou taxa <strong>de</strong> câmbio, é<br />
<strong>de</strong>terminado pelo livre jogo da oferta e da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> moeda<br />
estrangeira. Imaginemos como seria <strong>de</strong>terminada a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio entre o franco francês (FF) e o dólar americano (US$) no<br />
mercado <strong>de</strong> Paris: por trás da <strong>de</strong>manda da França por dólares está<br />
o <strong>de</strong>sejo dos franceses <strong>de</strong> importar bens e serviços dos Estados<br />
Unidos e realizar outras transferências <strong>de</strong> pagamentos para este<br />
país. A <strong>de</strong>manda francesa por dólares tem inclinação negativa,<br />
como mostra a Figura 5.2, porque taxas <strong>de</strong> câmbio mais baixas<br />
significam que os franceses <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>rão menos francos para<br />
adquirir produtos e serviços no mercado americano. Ou seja, os<br />
Estados Unidos se tornam, para os franceses, um lugar mais<br />
barato para se comprar e se investir.<br />
Figura 5.2.<br />
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De outro lado, por trás da oferta <strong>de</strong> dólares pelos Estados<br />
Unidos está o <strong>de</strong>sejo dos americanos <strong>de</strong> importar bens e serviços<br />
franceses, ou <strong>de</strong> investir na França ou emprestar a empresas<br />
neste país. Quanto mais francos forem trocados por um dólar,<br />
mais atrativo se torna o mercado francês para os americanos <strong>–</strong><br />
que, assim, ofertarão mais e mais dólares naquele mercado Isto<br />
nos fornece uma curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> dólares positivamente<br />
inclinado, como mostra na Figura 1.<br />
Como em qualquer mercado, a taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> equilíbrio é<br />
<strong>de</strong>terminada pela intersecção das curvas <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda.<br />
No caso da Figura 8.2, a taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> equilíbrio será FF 5,50<br />
= 1 US$. Qualquer valor acima <strong>de</strong>sta taxa implicará um excesso<br />
<strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> dólares no mercado francês, enquanto qualquer valor<br />
abaixo implicará excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda pela moeda americana.<br />
Suponha, agora, que, mantida constante a <strong>de</strong>manda inicial<br />
(curva Do), ocorra, por qualquer razão, um aumento da oferta<br />
americana <strong>de</strong> dólares no mercado francês, como seria o caso <strong>de</strong><br />
um aumento do fluxo turístico <strong>de</strong> americanos nos meses <strong>de</strong> verão<br />
europeu. Em conseqüência, a curva <strong>de</strong> oferta se <strong>de</strong>slocaria para<br />
S1 <strong>–</strong> o que provocará uma queda da taxa <strong>de</strong> câmbio para FF 4,00<br />
= 1 US$. Da mesma forma, se, por uma razão qualquer, houver<br />
um aumento da procura francesa por dólares, a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
se <strong>de</strong>slocará para a direita, para D1 <strong>–</strong> o que causará um aumento<br />
da taxa <strong>de</strong> câmbio para FF 6,00 = 1 US$.<br />
Observe-se que, num mercado cambial livre, as alterações na<br />
oferta e na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> divisas estrangeiras po<strong>de</strong>m resultar tanto<br />
<strong>de</strong> uma variação nas transações normais realizadas com o exterior<br />
(aumento ou queda das exportações ou das importações, uma<br />
maior entrada <strong>de</strong> empréstimos ou <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> risco, etc.),<br />
como também po<strong>de</strong>m ser o resultado <strong>de</strong> movimentos<br />
especulativos <strong>de</strong> aplicadores interessados em tirar proveito <strong>de</strong><br />
diferenciais <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio. De todo modo, ainda que as<br />
flutuações cambiais não sejam incomuns, a tendência normal das<br />
taxas <strong>de</strong> câmbio, nos mercados livres, é a <strong>de</strong> permanecer estáveis<br />
a médio e longo prazos.<br />
Um ponto importante a observar é que, no mundo <strong>de</strong> hoje,<br />
praticamente inexiste um mercado on<strong>de</strong> a taxa <strong>de</strong> câmbio seja<br />
<strong>de</strong>terminada <strong>de</strong> forma totalmente livre pelos movimentos da oferta<br />
e da <strong>de</strong>manda. Mesmo nos países <strong>de</strong>senvolvidos <strong>–</strong> França, Estados<br />
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Unidos, Inglaterra, Japão, Alemanha, Itália, etc. <strong>–</strong> o mercado<br />
funciona razoavelmente livre, porém sob um certo controle das<br />
autorida<strong>de</strong>s monetárias. É a chamada “flutuação suja” dirty<br />
floating. O objetivo disso é o <strong>de</strong> evitar que movimentos<br />
especulativos provoquem distúrbios ou perturbações no mercado<br />
cambial internacional.<br />
5.10. Flutuações da taxa <strong>de</strong> câmbio<br />
Diversos fatores po<strong>de</strong>m provocar variações rotineiras no valor<br />
da taxa <strong>de</strong> câmbio. Geralmente, são fatores que alteram ou<br />
influenciam a <strong>de</strong>manda e a oferta <strong>de</strong> divisas estrangeiras. Assim,<br />
por exemplo, além da taxa <strong>de</strong> câmbio, a <strong>de</strong>manda por divisas é<br />
afetada pelas seguintes variáveis:<br />
i) a expansão do produto interno (Y) do país: se o produto<br />
interno estiver crescendo, <strong>de</strong>ve ocorrer um aumento das<br />
importações <strong>–</strong> o que induzirá um aumento da <strong>de</strong>manda<br />
por moeda estrangeira; este aumento da <strong>de</strong>manda<br />
provocará uma variação para mais do valor da taxa <strong>de</strong><br />
câmbio;<br />
ii) variações do nível <strong>de</strong> preços internos (Pi) ou dos preços<br />
externos (Pe); caso Pi se eleve, as importações ficarão<br />
relativamente mais baratas <strong>–</strong> o que provocará um<br />
aumento das importações e, conseqüentemente, da<br />
<strong>de</strong>manda por divisas; caso Pe se eleve, ocorrerá o<br />
contrário: as importações ficarão mais caras, provocando,<br />
em conseqüência, uma queda nas importações e, daí, na<br />
<strong>de</strong>manda por divisas;<br />
iii) taxa <strong>de</strong> juros interna (ri) e externa (re): um aumento em ri<br />
certamente estimulará a entrada <strong>de</strong> mais capitais no país<br />
para aplicações no mercado financeiro <strong>–</strong> aumentando a<br />
oferta <strong>de</strong> divisas estrangeiras no mercado interno; caso a<br />
re se eleve, haverá um estímulo à saída <strong>de</strong> capitais para<br />
o exterior <strong>–</strong> o que provocará um aumento da <strong>de</strong>manda<br />
por divisas para esta remessa para fora.<br />
Po<strong>de</strong>mos resumir essas colocações afirmando que a <strong>de</strong>manda<br />
por divisas (Dd) po<strong>de</strong> ser representada pela seguinte equação:<br />
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Dd = f(e, Y, Pi, Pe, ri, re)<br />
- + + - - +<br />
on<strong>de</strong>,<br />
e = taxa <strong>de</strong> câmbio (e vem da palavra inglesa exchange, que<br />
significa câmbio);<br />
os sinais <strong>–</strong> e + querem dizer que a <strong>de</strong>manda por divisa é,<br />
respectivamente, crescente ou <strong>de</strong>crescente em relação à variável<br />
consi<strong>de</strong>rada.<br />
Essas mesmas variáveis afetam positiva ou negativamente a<br />
oferta <strong>de</strong> divisas, exceto que, no caso do produto, o que interessa<br />
não é o comportamento do produto interno (Y) e, sim, o<br />
comportamento do produto ou renda do resto do mundo (YRM).<br />
Ou seja, a oferta <strong>de</strong> divisas (Sd) po<strong>de</strong> ser assim representada:<br />
Sd = f(e, YRM, Pi, Pe, ri, re)<br />
+ + - + + -<br />
Representação gráfica<br />
O efeito <strong>de</strong> eventuais mudanças nessas variáveis sobre a<br />
<strong>de</strong>manda e a oferta <strong>de</strong> divisas po<strong>de</strong> ser visualizado graficamente<br />
do seguinte modo:<br />
Vamos imaginar que o mercado cambial esteja em equilíbrio<br />
à taxa <strong>de</strong> câmbio eo, tal como mostrado na Figura 5.3 <strong>–</strong> que nada<br />
mais é que uma repetição da Figura 5.2.<br />
e<br />
eo<br />
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Sd<br />
Dd<br />
Qo Q<br />
Figura 5.3
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Agora, vamos supor que ocorra um aumento dos preços internos<br />
(Pi)<strong>–</strong> ou seja, houve inflação interna. Nesta hipótese, como já<br />
vimos anteriormente, a <strong>de</strong>manda por divisas <strong>de</strong>verá aumentar <strong>–</strong> o<br />
que, graficamente, é representado por um <strong>de</strong>slocamento da curva<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda (Dd) para a direita <strong>–</strong> enquanto a oferta <strong>de</strong> divisas<br />
<strong>de</strong>verá diminuir <strong>–</strong> implicando um <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> oferta<br />
(Sd) para a esquerda 4 .<br />
Conforme se po<strong>de</strong> observar pela Figura 5.4., o resultado<br />
<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>slocamentos foi um aumento da taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> eo<br />
para e1.<br />
e<br />
e1<br />
eo<br />
Dd1 Sd1<br />
Ddo Sdo<br />
Q<br />
Figura 5.4.<br />
Deixamos para você a análise e conclusões, caso ocorresse o<br />
inverso, isto é, se, ao invés <strong>de</strong> um aumento dos preços internos,<br />
ocorresse uma elevação dos preços dos preços externos (Pe).<br />
5.11. Apreciação e <strong>de</strong>preciação da moeda nacional e<br />
seus efeitos sobre o balanço <strong>de</strong> pagamentos.<br />
Conclusões.<br />
No caso <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio flexíveis ou<br />
flutuantes, caso haja um aumento no valor da taxa <strong>de</strong> câmbio, dizse<br />
que houve uma <strong>de</strong>preciação ou <strong>de</strong>svalorização da moeda<br />
nacional; ou seja, serão necessários, agora, mais unida<strong>de</strong>s da<br />
moeda nacional para se adquirir uma unida<strong>de</strong> da moeda do outro<br />
país.<br />
4<br />
Se você não enten<strong>de</strong>u o por quê <strong>de</strong>sses <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong>ssas curvas, volte lá em nossa Aula n° 2 e releia<br />
este tópico.<br />
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Na hipótese inversa, isto é, se houve uma redução no valor<br />
da taxa <strong>de</strong> câmbio, diz-se que houve uma apreciação ou<br />
valorização da moeda nacional.<br />
De outra parte, se o sistema cambial adotado pelo país for o<br />
<strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio flexíveis ou flutuantes, o total <strong>de</strong> divisas<br />
ofertadas no mercado é, automaticamente, igualado pelo total <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda por estas divisas. Isso se explica pela seguinte razão: se,<br />
ao preço vigente da taxa <strong>de</strong> câmbio, e por um motivo qualquer,<br />
houver um aumento na <strong>de</strong>manda por divisas, seu preço se elevará<br />
<strong>–</strong> o que <strong>de</strong>verá causar, <strong>de</strong> um lado, um aumento na oferta <strong>de</strong><br />
divisas e, <strong>de</strong> outro, reduzirá, num segundo momento, uma<br />
redução do novo valor da taxa <strong>de</strong> câmbio, até que o mercado se<br />
reequilibre.<br />
Raciocínio inverso se aplica caso ocorra, por uma razão<br />
qualquer, um aumento da oferta <strong>de</strong> divisas. Nesta hipótese, o<br />
preço da taxa <strong>de</strong> câmbio cairá, estimulando a <strong>de</strong>manda por divisas<br />
e, num segundo momento, reduzindo a nova oferta <strong>de</strong> divisas (por<br />
que seu valor caiu) e, novamente, ao fim e ao cabo, o mercado<br />
achará uma nova taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
De tudo isso se conclui que, num sistema <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio<br />
flexíveis ou flutuantes, o saldo do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos (BP)<br />
estará automaticamente em equilíbrio, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o<br />
Banco Central interferir ou alterar o volume das reservas<br />
internacionais do país, já que o total <strong>de</strong> divisas ofertadas sempre<br />
se igualará ao total <strong>de</strong> divisas <strong>de</strong>mandadas.<br />
Uma última questão antes <strong>de</strong> encerrarmos esta nossa 5ª Aula<br />
<strong>de</strong> Economia: Qual o sistema cambial adotado atualmente pelo<br />
Brasil?<br />
Até 1994 <strong>–</strong> quando da implantação do Plano Real <strong>–</strong> o Brasil<br />
adotava o sistema <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio fixas ou administradas. A<br />
partir do Plano Real, através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> ajuste sucessivo,<br />
o Banco Central do Brasil foi introduzindo o sistema <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong><br />
câmbio flexíveis que nunca foi, na prática, inteiramente adotado.<br />
Na realida<strong>de</strong>, o Brasil, hoje, utiliza um sistema que po<strong>de</strong>ria ser<br />
chamado <strong>de</strong> “misto”, mais conhecido como flutuação suja (dirty<br />
floating 5 ). Por este sistema, o Banco Central <strong>de</strong>ixa que as taxas <strong>de</strong><br />
5 O sistema <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio totalmente flexíveis, on<strong>de</strong> não há qualquer interferência do Banco Central <strong>–</strong><br />
ou seja, o sistema “puro” é <strong>de</strong>nominado clean floating (flutuação limpa).<br />
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câmbio flutuem ao sabor da oferta e da <strong>de</strong>manda por divisas <strong>–</strong><br />
porém, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um certo intervalo, com limite máximo e mínimo<br />
<strong>–</strong> o chamado sistema <strong>de</strong> bandas.<br />
Nesse processo, se a taxa <strong>de</strong> câmbio ameaça romper o limite<br />
mínimo <strong>–</strong> porque há um excesso <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> divisas <strong>–</strong> o Banco<br />
Central entra no mercado comprando divisas, provocando, em<br />
conseqüência, uma elevação no valor da taxa <strong>de</strong> câmbio e<br />
evitando, assim, que o limite mínimo seja rompido. Da mesma<br />
forma, se houver uma ameaça <strong>de</strong> rompimento do limite máximo, o<br />
Banco Central entra no mercado oferecendo divisas estrangeiras,<br />
<strong>de</strong>rrubando, assim, o valor da taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />
Com essas colocações, encerramos esta nossa 5ª Aula. A<br />
seguir, são apresentados alguns exercícios <strong>de</strong> revisão e fixação<br />
sobre balanço <strong>de</strong> pagamentos e taxa <strong>de</strong> câmbio. Até nossa<br />
próxima aula.<br />
___________________<br />
EXERCÍCIOS DE REVISÃO E FIXAÇÃO: (gabarito ao final)<br />
1. Com relação aos registros contábeis no Balanço <strong>de</strong> Pagamentos, estão<br />
corretas as afirmativas abaixo, exceto:<br />
a) todas as transações são registradas com duas entradas, uma a crédito e<br />
outra a débito;<br />
b) qualquer transação <strong>de</strong> um resi<strong>de</strong>nte no país com um resi<strong>de</strong>nte no exterior<br />
gera um “haver” (direito) no exterior;<br />
c) se um resi<strong>de</strong>nte no país comprar uma máquina <strong>de</strong> um resi<strong>de</strong>nte no<br />
exterior, esta operação gerará uma “obrigação” no exterior;<br />
d) uma exportação é lançada a crédito, no Balanço do Pagamento.<br />
2. A balança comercial compreen<strong>de</strong>:<br />
a) as exportações e importações <strong>de</strong> bens e serviços;<br />
b) somente as exportações <strong>de</strong> mercadorias e serviços;<br />
c) somente as importações <strong>de</strong> bens e serviços;<br />
d) somente as exportações e importações <strong>de</strong> serviços;<br />
e) somente as exportações e importações <strong>de</strong> mercadorias.<br />
3. A conta <strong>de</strong> transações correntes compreen<strong>de</strong>:<br />
a) as balanças comercial e <strong>de</strong> transferências unilaterais;<br />
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b) as balanças comercial e <strong>de</strong> serviços;<br />
c) as balanças comercial, <strong>de</strong> serviços e os movimentos <strong>de</strong> capital;<br />
d) somente os movimentos <strong>de</strong> capital;<br />
e) balanças comercial, <strong>de</strong> serviços e transferências unilaterais.<br />
4. Não faz parte da conta <strong>de</strong> transações correntes:<br />
a) remessa <strong>de</strong> lucros e divi<strong>de</strong>ndos;<br />
b) pagamentos <strong>de</strong> juros da dívida;<br />
c) exportações e importações <strong>de</strong> mercadorias;<br />
d) investimentos diretos;<br />
e) viagens internacionais.<br />
5. Consi<strong>de</strong>ram-se rendas <strong>de</strong> capitais:<br />
a) as remessas <strong>de</strong> juros e amortizações da dívida;<br />
b) apenas as remessas <strong>de</strong> lucros;<br />
c) apenas as remessas <strong>de</strong> juros;<br />
d) as remessas <strong>de</strong> juros e <strong>de</strong> lucros;<br />
e) nenhuma das alternativas anteriores.<br />
6. Não faz parte da conta <strong>de</strong> serviços:<br />
a) as remessas para amortizações da dívida;<br />
b) apenas as remessas <strong>de</strong> lucros;<br />
c) apenas as remessas <strong>de</strong> juros;<br />
d) as remessas <strong>de</strong> juros e <strong>de</strong> lucros;<br />
7. Não faz parte da conta <strong>de</strong> capitais:<br />
a) as amortizações da dívida;<br />
b) os investimentos diretos (capital <strong>de</strong> risco);<br />
c) os empréstimos e financiamentos <strong>de</strong> curto prazo;<br />
d) as remessas <strong>de</strong> lucros e <strong>de</strong> juros;<br />
e) os empréstimos <strong>de</strong> longo prazo.<br />
8. Se houver um déficit em transações correntes, o equilíbrio do Balanço <strong>de</strong><br />
Pagamentos:<br />
a) exigirá, obrigatoriamente, o ingresso <strong>de</strong> capitais <strong>de</strong> risco;<br />
b) tanto po<strong>de</strong> ser obtido através do ingresso <strong>de</strong> capitais autônomos, como<br />
por movimentos induzidos <strong>de</strong> capital (empréstimos oficiais);<br />
c) levará, obrigatoriamente, a uma redução das reservas internacionais do<br />
país;<br />
d) não po<strong>de</strong>rá ser obtido a curto prazo;<br />
e) forçará uma redução da remessa <strong>de</strong> juros para o exterior.<br />
9. As vendas <strong>de</strong> ouro pelo Banco Central à indústria nacional são registradas:<br />
a) na conta <strong>de</strong> serviços;<br />
b) na conta <strong>de</strong> capitais compensatórios;<br />
c) na conta “<strong>de</strong>smonetização” <strong>de</strong> ouro;<br />
d) na conta <strong>de</strong> capitais, como saída <strong>de</strong> divisas;<br />
e) não são registradas no Balanço <strong>de</strong> Pagamentos.<br />
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10. As transações abaixo são registradas na conta <strong>de</strong> serviços, como<br />
“transportes”, exceto:<br />
a) as <strong>de</strong>spesas com fretes das mercadorias importadas;<br />
b) as receitas com fretes das mercadorias exportadas;<br />
c) o valor das passagens adquiridas por resi<strong>de</strong>ntes às companhias aéreas Pan-<br />
América;<br />
d) o valor das passagens adquiridas por não-resi<strong>de</strong>ntes à VARIG;<br />
e) o valor das passagens adquiridas por resi<strong>de</strong>ntes à VARIG.<br />
11. Se uma empresa multinacional obteve um lucro <strong>de</strong> Cr$ 3 bilhões, em suas<br />
operações no Brasil, e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> enviar para sua matriz, no exterior, apenas<br />
Cr$ 1 bilhão, reinvestindo no Brasil os restantes Cr$ 2 bilhões, o registro<br />
no Balanço <strong>de</strong> Pagamentos:<br />
a) será feito no item “Remessa <strong>de</strong> Lucros”, registrando-se apenas o<br />
montante efetivamente remetido;<br />
b) será feito no item “Remessa <strong>de</strong> Lucros”, registrando-se o total dos lucros<br />
obtidos, registrando-se como “entrada”, no item “investimentos diretos” o<br />
montante do reinvestimento;<br />
c) não será feito qualquer registro no Balanço <strong>de</strong> Pagamentos, pois o capital<br />
investido já fora registrado no Balanço <strong>de</strong> Pagamentos <strong>de</strong> anos anteriores;<br />
d) só correspon<strong>de</strong>rá a parte do lucro que efetivamente foi reinvestida no<br />
país;<br />
e) nenhuma das alternativas.<br />
12. Numa economia aberta, um déficit no Balanço <strong>de</strong> Pagamentos em conta<br />
corrente correspon<strong>de</strong> a:<br />
a) uma exportação <strong>de</strong> poupança doméstica que se canaliza para investimentos<br />
no exterior;<br />
b) uma saída <strong>de</strong> capitais para o exterior;<br />
c) uma elevação do nível <strong>de</strong> reservas internacionais do país;<br />
d) uma importação <strong>de</strong> poupança externa, que se canaliza para investimentos<br />
domésticos.<br />
13. Na conta <strong>de</strong> capitais não são registrados:<br />
a) o movimento <strong>de</strong> capitais autônomos;<br />
b) os financiamentos <strong>de</strong> importações adquiridas para pagamento a prazo;<br />
c) os investimentos e reinvestimentos diretos;<br />
d) as amortizações da dívida externa;<br />
e) o movimento <strong>de</strong> capitais compensatórios, isto é, induzidos para a<br />
regularização dos déficits do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos.<br />
14. As “contas <strong>de</strong> regularização” referem-se:<br />
a) às operações com organismos internacionais (FMI, BIRD, etc.), com o<br />
objetivo <strong>de</strong> financiar possíveis déficits do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos;<br />
b) às operações <strong>de</strong> amortizações da dívida externa;<br />
c) às variações para mais ou para menos dos haveres das autorida<strong>de</strong>s<br />
monetárias no exterior;<br />
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d) aos movimentos <strong>de</strong> “ouro monetário”.<br />
15. As operações abaixo são exemplos <strong>de</strong> “transações sobre (ou acima) a<br />
linha”, exceto:<br />
a) todas as operações envolvendo a balança comercial;<br />
b) todas as operações envolvendo a balança <strong>de</strong> serviços;<br />
c) todas as operações motivadas apenas pelas forças <strong>de</strong> mercado;<br />
d) todas as operações das autorida<strong>de</strong>s monetárias com o objetivo <strong>de</strong> cobrir<br />
eventuais déficits do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos;<br />
e) as transferências unilaterais.<br />
16. Existem diversos conceitos <strong>de</strong> “equilíbrio” do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos,<br />
sendo o conceito mais relevante aquele que:<br />
a) consi<strong>de</strong>ra que o Balanço <strong>de</strong> Pagamentos está em equilíbrio quando a soma<br />
do saldo da Conta <strong>de</strong> Transações Correntes com o saldo da conta <strong>de</strong> capitais<br />
(mais erros e omissões) se anulam;<br />
b) consi<strong>de</strong>ra o Balanço <strong>de</strong> Pagamentos sempre em equilíbrio, após o<br />
movimento dos capitais compensatórios;<br />
c) consi<strong>de</strong>ra o Balanço <strong>de</strong> Pagamentos em equilíbrio quando o saldo da conta<br />
<strong>de</strong> transações é zero;<br />
d) consi<strong>de</strong>ra o Balanço <strong>de</strong> Pagamentos em equilíbrio, quando o valor das<br />
exportações é igual ao valor das importações <strong>de</strong> mercadorias.<br />
17. As operações abaixo são exemplos <strong>de</strong> “transações sob (ou abaixo) a linha”,<br />
exceto:<br />
a) os empréstimos e financiamentos obtidos junto aos bancos privados;<br />
b) os empréstimos obtidos pelas autorida<strong>de</strong>s monetárias com o objetivo <strong>de</strong><br />
cobrir eventuais déficits do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos;<br />
c) as variações, para mais ou para menos, das reservas internacionais do<br />
país;<br />
d) os movimentos <strong>de</strong> capitais compensatórios ou induzidos;<br />
e) as operações <strong>de</strong>correntes do saldo positivo ou negativo das transações<br />
autônomas.<br />
18. No mercado cambial, não são ofertadores <strong>de</strong> moeda estrangeira:<br />
a) os exportadores <strong>de</strong> mercadorias;<br />
b) os que precisam <strong>de</strong> divisas estrangeiras para pagar dívidas contraídas no<br />
exterior;<br />
c) os tomadores <strong>de</strong> empréstimos no exterior;<br />
d) os turistas estrangeiros que visitam o país.<br />
19. Em geral, nos países menos <strong>de</strong>senvolvidos, o governo controla o mercado<br />
cambial e até mesmo fixa a taxa <strong>de</strong> câmbio. Isto se <strong>de</strong>ve:<br />
a) ao fato <strong>de</strong> que estes países têm moeda “fraca” e conseqüentes problemas<br />
<strong>de</strong> Balanço <strong>de</strong> Pagamentos;<br />
b) ao fato <strong>de</strong> que, nestes países, a lei da oferta e da procura não reflete a<br />
real escassez <strong>de</strong> divisas;<br />
c) ao fato <strong>de</strong> que a moeda <strong>de</strong>sses países não é conversível em ouro;<br />
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d) ao fato <strong>de</strong> que estes países importam mais do que exportam mercadorias<br />
e serviços.<br />
20. Taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> equilíbrio é aquela que:<br />
a) iguala o valor das exportações com o valor das importações;<br />
b) iguala o saldo da balança comercial com o saldo da balança <strong>de</strong> serviços;<br />
c) iguala a oferta e a <strong>de</strong>manda por divisa estrangeira no mercado cambial;<br />
d) é fixada pelo governo.<br />
21. De acordo com as elasticida<strong>de</strong>s da <strong>de</strong>manda por exportações brasileiras, se<br />
o Real for <strong>de</strong>svalorizado em 20% (reais) em relação ao dólar, isto <strong>de</strong>verá<br />
provocar:<br />
a) um aumento nas vendas externas brasileiras, se a <strong>de</strong>manda por nossos<br />
produtos for inelástica;<br />
b) uma queda nas vendas externas brasileiras, se a <strong>de</strong>manda tiver<br />
elasticida<strong>de</strong> unitária;<br />
c) um aumento nas vendas externas brasileiras, se a <strong>de</strong>manda externa for<br />
elástica;<br />
d) uma queda nas importações brasileiras, se a <strong>de</strong>manda interna por<br />
produtos estrangeiros for inelástica.<br />
22. Uma maxi<strong>de</strong>svalorização da taxa <strong>de</strong> câmbio Real/dólar <strong>de</strong>verá provocar,<br />
em princípio:<br />
a) um aumento nas exportações brasileiras e uma queda nas importações;<br />
b) um aumento nas exportações brasileiras, mantendo-se inalteradas as<br />
importações;<br />
c) um aumento tanto das exportações como das importações brasileiras;<br />
d) uma queda nas exportações brasileiras e um aumento nas importações.<br />
23. Uma maxi<strong>de</strong>svalorização cambial não <strong>de</strong>verá provocar os efeitos esperados<br />
(queda das importações e aumento das exportações) se:<br />
a) o país só importar produtos primários e exportar produtos industrializados;<br />
b) o país só importar produtos industrializados;<br />
c) o país importar bens essenciais e exportar bens primários, que são<br />
inelásticos a preços;<br />
d) o país exportar bens industrializados inelásticos a preços;<br />
e) uma maxi<strong>de</strong>svalorização cambial sempre aumentará as exportações e<br />
reduzirá as importações.<br />
24. Numa economia hipotética, durante um <strong>de</strong>terminado ano, foram efetuadas<br />
as seguintes transações com o exterior 6 :<br />
.Exportações <strong>de</strong> mercadorias à vista: 1.500<br />
.Amortizações pagas: 600<br />
.Doações recebidas: 100<br />
.Lucros remetidos para o exterior: 100<br />
.Importações <strong>de</strong> mercadorias à vista: 1.300<br />
.Empréstimos obtidos junto ao FMI: 150<br />
6 Questão retirada <strong>de</strong> Viceconti, P. e Neves, S. Introdução à Economia, Editora Frase, S.Paulo, 6ª ed. 2003.<br />
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.Fretes e seguros pagos 100<br />
.Juros pagos : 200<br />
.Investimentos externos no país: 500<br />
.Venda <strong>de</strong> ouro monetário: 50<br />
Com base nesses dados, os resultados da Balança Comercial (BC), da Balança<br />
<strong>de</strong> Transações Correntes (BTC), para a Balança ou Conta <strong>de</strong> Capitais<br />
Autônomos (BKA) e para o saldo do Balanço <strong>de</strong> Pagamentos (BP) são,<br />
respectivamente:<br />
a) BC = 200; BTC = -100; BKA = 100; BP = 0.<br />
b) BC = 200; BTC = -100; BKA = -100; BP = -200.<br />
c) BC = -200; BTC = 0; BKA = -200; BP = 200.<br />
d) BC = 200; BTC = -100; BKA = -100; BP = 200.<br />
e) BC = -200; BTC = -100; BKA = -100; BP = -200.<br />
25. Suponha que o Balanço <strong>de</strong> Pagamentos do Brasil registrou, em<br />
<strong>de</strong>terminado ano, os seguintes dados:<br />
. Saldo da balança comercial: 450<br />
. Exportações <strong>de</strong> serviços (não-fatores): 250<br />
. Importações <strong>de</strong> serviços (não-fatores) : 150<br />
.Saldo das transações correntes (déficit): 150<br />
. Donativos líquidos recebidos do exterior: 50<br />
. Movimento <strong>de</strong> capitais autônomos (entrada liquida): 100<br />
Nessas condições, a renda líquida enviada ao exterior é igual a:<br />
a) 950; b) 750; c) 650; d) 700; e) 350.<br />
_______________<br />
GABARITO:<br />
1. b; 2. e; 3. e; 4. d; 5. d; 6. a;<br />
7. d; 8. b; 9. c; 10. e; 11. b; 12. d;<br />
13. e; 14. a; 15. d; 16. c; 17. a; 18. b;<br />
19. a;<br />
25. b.<br />
20. c; 21. c; 22. a; 23. c; 24. b;<br />
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Aula 6: A moeda e o sistema bancário<br />
Nessa nossa sexta aula, nós vamos entrar no<br />
maravilhoso mundo do dinheiro e dos sistema<br />
bancário-comercial. Primeiro, nós vamos apresentar<br />
uns conceitos básicos sobre moeda, suas origens, sua<br />
evolução e seu papel na economia. Depois, veremos<br />
como o Banco Central controla a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
dinheiro na economia e como ele controla o sistema<br />
bancário para que este não provoque uma expansão<br />
<strong>de</strong>scontrolada na quantida<strong>de</strong> do dinheiro em<br />
circulação.<br />
Os conceitos monetários que <strong>de</strong>senvolve-remos<br />
aqui serão bastante úteis mais à frente, quando<br />
estudarmos o papel da política monetária no<br />
<strong>de</strong>sempenho da economia como um todo. Assim,<br />
vamos ao que nos interessa aqui.<br />
6.1. Introduzindo o conceito <strong>de</strong> moeda: Evolução,<br />
Formas, Tipos e Funções da Moeda<br />
Conceitualmente, o termo “moeda” é usado para <strong>de</strong>nominar<br />
tudo aquilo que é geralmente aceito como meio <strong>de</strong> trocas <strong>de</strong> bens<br />
e serviços.<br />
Não se po<strong>de</strong> afirmar com exatidão quando surgiu e qual foi a<br />
primeira moeda. Remontando aos primórdios da civilização,<br />
imagina-se facilmente que o homem primitivo produzia tudo<br />
quanto bastava ao seu sustento. Suas necessida<strong>de</strong>s limitavam-se<br />
à garantia <strong>de</strong> sua sobrevivência. As associações e o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento natural da vida em grupo criaram, porém, outras<br />
necessida<strong>de</strong>s para cuja satisfação o indivíduo, isoladamente, se viu<br />
impotente. Sua auto-suficiência se reduzia na medida do<br />
crescimento <strong>de</strong> suas necessida<strong>de</strong>s.<br />
Nesta ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> raciocínio, o próximo passo foi a introdução<br />
paulatina da divisão e especialização do trabalho: cada indivíduo<br />
passou a produzir um ou poucos produtos, consumindo uma parte<br />
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<strong>de</strong>les e tentando passar a outro o seu exce<strong>de</strong>nte em troca <strong>de</strong><br />
outros bens <strong>de</strong> que necessitava. Estabeleceu-se, então, um<br />
sistema <strong>de</strong> trocas diretas, isto é, mercadorias por mercadorias.<br />
É fácil imaginar as dificulda<strong>de</strong>s para um razoável funcionamento<br />
<strong>de</strong>sta economia <strong>de</strong> escambo: primeiro, esse sistema exigia uma<br />
permanente coincidência <strong>de</strong> interesses (o indivíduo A dispõe <strong>de</strong><br />
arroz e quer trocar por carne; para se realizar esta troca, é<br />
imprescindível que ele encontre um indivíduo B que não só tenha<br />
carne mas que, também, queira arroz!); segundo, há ainda a<br />
dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se estabelecerem as relações ou preços <strong>de</strong> troca<br />
(valores entre dois bens bastante diferentes).<br />
Por tudo isso, este sistema, que vigorou na mais remota<br />
antiguida<strong>de</strong>, era claramente ineficiente.<br />
As mudanças requeridas se realizaram lentamente. O próximo<br />
passo foi o surgimento <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> trocas indiretas: por esse<br />
novo esquema, uma mercadoria qualquer, que tivesse aceitação<br />
geral, passava a ser usada, por convenção e aceitação do grupo,<br />
como meio <strong>de</strong> pagamento. Tem-se aqui a introdução da moeda no<br />
sistema econômico e que, passando por um processo evolutivo<br />
natural, dá origem a todo o sistema monetário mo<strong>de</strong>rno.<br />
No <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste novo sistema <strong>de</strong> trocas indiretas, a<br />
moeda assumiu as mais diferentes formas, nos mais diferentes<br />
países e épocas. Numa or<strong>de</strong>m quase cronológica <strong>de</strong> seu<br />
aparecimento, po<strong>de</strong>mos registrar, sinteticamente, as seguintes<br />
formas e tipos <strong>de</strong> moeda:<br />
a) Moeda-mercadoria: geralmente escolhia-se uma<br />
mercadoria que fosse relativamente escassa e não facilmente<br />
perecível (nem sempre possível). A história registra que, em<br />
diferentes locais e épocas, foram usados como moeda: sal,<br />
gado, fumo, peles, trigo, rum, ostra, carne-seca, ferro, cobre,<br />
etc.<br />
b) Metais preciosos: sem dúvida, <strong>de</strong> todas as<br />
mercadorias, a preferência maior recaía, geralmente, sobre os<br />
metais, não só pela sua relativa escassez mas, também, pela<br />
sua durabilida<strong>de</strong> e fácil divisibilida<strong>de</strong>. Muito embora o ferro, o<br />
cobre e o bronze tenham sido bastante utilizados, houve uma<br />
predominância do uso dos metais preciosos, notadamente a<br />
prata e o ouro.<br />
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c) Moeda-papel: com o crescimento do volume e valor<br />
das transações, o manejo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> metais<br />
preciosos tornou-se problemático pelas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
transporte e os riscos envolvidos. Pouco a pouco, nota-se o<br />
aparecimento <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> custódia <strong>de</strong>sses metais em diversos<br />
pontos, em diversos países. Estas casas passaram a receber<br />
em <strong>de</strong>pósito os metais preciosos dos comerciantes, emitindo<br />
em troca um recibo ou certificado <strong>de</strong> valor correspon<strong>de</strong>nte.<br />
Este certificado recebeu a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> moeda-papel e<br />
era generalizadamente aceito nas transações. Sua<br />
característica principal era possuir lastro integral em ouro,<br />
isto é, a qualquer momento o possuidor do certificado po<strong>de</strong>ria<br />
ir à casa <strong>de</strong> custódia emissora e reconvertê-lo em ouro ou<br />
prata. Daí sua crescente aceitabilida<strong>de</strong> como meio <strong>de</strong><br />
pagamento em substituição aos próprios metais preciosos.<br />
d) Papel-moeda: com o tempo, e diante da crescente<br />
<strong>de</strong>manda por tais certificados <strong>–</strong> para aten<strong>de</strong>r os negócios em<br />
franca expansão - as casas <strong>de</strong> custódia passaram a emitir<br />
certificados cujo valor global em circulação excedia o valor<br />
total dos metais preciosos ali <strong>de</strong>positados. A experiência<br />
acumulada pelos custodiadores mostrava que nem todos os<br />
<strong>de</strong>positantes resgatavam, ao mesmo tempo, seus <strong>de</strong>pósitos,<br />
Além do mais, enquanto alguns vinham para reconverter seus<br />
certificados em ouro, outros vinham para <strong>de</strong>positar mais ouro.<br />
Assim, com um encaixe metálico menor, era possível garantir<br />
a liqui<strong>de</strong>z dos certificados, isto é, garantir as reconversões<br />
que, em média, na semana ou no mês, correspondia a apenas<br />
uma fração do total dos certificados em circulação.<br />
Temos, assim, um novo marco histórico na evolução das formas<br />
<strong>de</strong> moeda: a passagem da moeda-papel para os certificados<br />
emitidos sem o correspon<strong>de</strong>nte lastro em ouro ou prata e que<br />
vieram a ser chamados <strong>de</strong> papel-moeda. Pouco a pouco, o papelmoeda<br />
passou a ter uso generalizado como meio <strong>de</strong> pagamento<br />
nas transações pelo simples fato <strong>de</strong> que sua aceitação era geral,<br />
não se questionando sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> convertê-lo ou não<br />
em ouro.<br />
Num processo evolutivo normal, e com o intuito <strong>de</strong> evitar riscos<br />
<strong>de</strong> emissões exageradas, o passo seguinte foi dado pelo governos,<br />
com a proibição <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> papel-moeda pelos bancos privados<br />
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(antigas casas <strong>de</strong> custódia), limitando-se o direito <strong>de</strong> sua emissão<br />
a uma instituição oficial que, pouco a pouco, se transformou nos<br />
atuais bancos centrais <strong>de</strong> cada país. E não guardando mais<br />
qualquer idéia <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong>, nem valor intrínseco, o<br />
papel-moeda passou a ser aceito porque simplesmente se sabe<br />
que será aceito em outra operação amanhã (posteriormente, sua<br />
aceitação passou a ser imposta por lei).<br />
e) Moeda escritural bancária: é representada pelos<br />
<strong>de</strong>pósitos à vista, do público, nos bancos comerciais <strong>–</strong> ou<br />
seja, as contas correntes das empresas e dos indivíduos <strong>–</strong><br />
materializados, na prática, pelo cheque.<br />
Tipos <strong>de</strong> moeda<br />
Numa classificação didática, temos hoje, as seguintes espécies<br />
ou formas <strong>de</strong> moeda:<br />
I - moeda manual <strong>–</strong> representada pelas moedas metálicas e<br />
pelo papel-moeda;<br />
II - moeda escritural ou bancária <strong>–</strong> representada pelos<br />
<strong>de</strong>pósitos à vista nos bancos comerciais. Note-se que é o <strong>de</strong>pósito<br />
à vista é que é moeda, e não o cheque. Este último é apenas a<br />
forma mais comum para se utilizar a moeda “<strong>de</strong>pósito à vista” <strong>–</strong><br />
que é, este sim, o meio <strong>de</strong> pagamento. O cheque sem um <strong>de</strong>pósito<br />
à vista por trás <strong>de</strong>le não tem qualquer valor econômico.<br />
Vale observar que o papel-moeda e a moeda escritural ou<br />
bancária são chamados moedas fiduciárias (isto é, em que se tem<br />
fé ou em que se acredita), já que não possuem valor intrínseco,<br />
constituindo-se em moeda simplesmente porque têm aceitação<br />
generalizada nas transações econômicas.<br />
Funções da moeda<br />
De uma forma geral, os economistas reconhecem as seguintes<br />
funções <strong>de</strong>sempenhadas pela moeda:<br />
i) meio <strong>de</strong> pagamento ou intermediário <strong>de</strong> trocas;<br />
ii) padrão <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> valor ou unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conta; e,<br />
iii) reserva <strong>de</strong> valor.<br />
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Tendo aceitação generalizada como meio <strong>de</strong> pagamento nas<br />
transações, a moeda <strong>de</strong>sempenha sua função mais cristalina e<br />
fundamental <strong>–</strong> que é <strong>de</strong> servir como instrumento ou intermediária<br />
<strong>de</strong> trocas entre os indivíduos para satisfação <strong>de</strong> ambas as partes.<br />
Como padrão <strong>de</strong> referência <strong>de</strong> valor, a moeda possibilita que<br />
todos os valores dos bens, serviços e fatores <strong>de</strong> produção sejam<br />
expressos em unida<strong>de</strong>s monetárias, propiciando a fácil avaliação e<br />
comparação <strong>de</strong> todos os recursos disponíveis na Economia.<br />
A moeda <strong>de</strong>sempenha, também, a função <strong>de</strong> reserva <strong>de</strong> valor<br />
no sentido <strong>de</strong> que o indivíduo po<strong>de</strong> manter sua riqueza (ou parte<br />
<strong>de</strong>la) sob a forma <strong>de</strong> moeda, por um período <strong>de</strong> tempo, sabendo<br />
que, amanhã ou <strong>de</strong>pois, este ativo será aceito em qualquer<br />
transação por ter liqui<strong>de</strong>z absoluta. Trata-se, no entanto, <strong>de</strong> uma<br />
função que merece duas ressalvas: primeiro, se o indivíduo prefere<br />
manter sua riqueza sob a forma <strong>de</strong> moeda, ele <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ganhar,<br />
pois a moeda em si não gera rendimentos; segundo, e ao<br />
contrário, em períodos inflacionários o indivíduo per<strong>de</strong> com a<br />
<strong>de</strong>svalorização da moeda.<br />
6.2 Indicadores Monetários<br />
Existem três conceitos monetários <strong>–</strong> indicadores do volume <strong>de</strong><br />
dinheiro na economia que, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> medirem coisas<br />
diferentes, são muitas vezes usados, até mesmo pela imprensa,<br />
como se fossem a mesma coisa. Mas, na realida<strong>de</strong>, são conceitos<br />
bastante distintos. Trata-se, no caso, do “papel-moeda emitido”,<br />
do “papel-moeda em circulação” e do “papel-moeda em po<strong>de</strong>r do<br />
público”.<br />
Diariamente, o Banco Central do Brasil divulga uma estatística<br />
da evolução do saldo <strong>de</strong>sses diversos conceitos <strong>de</strong> moeda <strong>–</strong> que<br />
po<strong>de</strong>m assim ser <strong>de</strong>finidos:<br />
i) papel-moeda emitido (PME) <strong>–</strong> trata-se do total <strong>de</strong><br />
dinheiro “autorizado” (isto é, produzido ou fabricado) pelas<br />
Autorida<strong>de</strong>s Monetárias;<br />
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ii) papel-moeda em circulação (PMC) <strong>–</strong> equivale ao total do<br />
papel-moeda emitido menos o dinheiro que se encontra no<br />
caixa do Banco Central;<br />
iii) papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público (PMP) <strong>–</strong> <strong>de</strong>duzindose<br />
do PMC o dinheiro em caixa dos bancos comerciais, temse<br />
o total <strong>de</strong> dinheiro em po<strong>de</strong>r do público, isto é, todos os<br />
indivíduos e empresas (exclusive, claro, os bancos<br />
comerciais).<br />
6.3. Meios <strong>de</strong> Pagamento<br />
O público <strong>–</strong> aí incluídos os indivíduos e as empresas <strong>–</strong> possui,<br />
<strong>de</strong> uma forma geral, diversos ativos ou haveres <strong>–</strong> isto é, coisas<br />
que têm valor econômico e que constituem seu patrimônio,<br />
po<strong>de</strong>ndo ser citados entre estes os imóveis, fazendas, carros,<br />
<strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> poupança, aplicações financeiras em bancos, títulos<br />
do governo, <strong>de</strong>pósitos à vista nos bancos comerciais, papel-moeda<br />
em espécie em seu po<strong>de</strong>r, ações e outros tantos.<br />
Cada ativo <strong>de</strong>ste possui um grau diferente <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>–</strong><br />
medido este pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o ativo se transformar em moeda<br />
ou em dinheiro propriamente dito. Assim, quanto mais fácil for<br />
transformar um ativo em dinheiro, maior se diria que é o seu grau<br />
<strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista da economia, se o indivíduo A tem uma<br />
fazenda no valor <strong>de</strong> R$ 100 mil e o indivíduo B tem um <strong>de</strong>pósito<br />
<strong>de</strong> poupança também no valor <strong>de</strong> R$ 100 mil, po<strong>de</strong>mos afirmar<br />
que ambos têm o mesmo nível <strong>de</strong> riqueza, porém a riqueza do<br />
indivíduo B tem muito mais liqui<strong>de</strong>z. Isso porque é muito mais<br />
fácil sacar sua riqueza no banco, transformando-o quase que<br />
instantaneamente em dinheiro do que ven<strong>de</strong>r a fazenda e receber<br />
o dinheiro. Para ven<strong>de</strong>r a fazenda, po<strong>de</strong>-se levar algum tempo;<br />
para sacar o <strong>de</strong>pósito do banco não se gasta mais que 30<br />
minutos 1 .<br />
É esta diferença entre os diversos graus <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>de</strong> um<br />
ativo que o torna mais ou menos instrumento ou meio <strong>de</strong><br />
1 Jocosamente, diríamos que o <strong>de</strong>positante gastaria não mais que 30 minutos, sendo 15 minutos para<br />
conseguir uma vaga no estacionamento e outros 15 minutos na fila do banco!<br />
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pagamento. Poucos, pouquíssimos mesmo, são os haveres que são<br />
consi<strong>de</strong>rados, pelo Banco Central, meios <strong>de</strong> pagamento, valendo<br />
para estes a seguinte <strong>de</strong>finição:<br />
Tecnicamente, consi<strong>de</strong>ram-se meios <strong>de</strong><br />
pagamento (M ) todos os haveres possuídos pelo<br />
1<br />
público não-bancário e que po<strong>de</strong>m ser utilizados a<br />
qualquer momento para a liquidação <strong>de</strong> qualquer dívida<br />
em moeda nacional. Ou seja, são haveres que possuem<br />
liqui<strong>de</strong>z absoluta e imediata.<br />
Muito embora haja controvérsia em relação ao maior ou menor<br />
grau <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>de</strong> um ativo, é praticamente consensual que<br />
apenas dois haveres preencham estas condições <strong>de</strong> possuírem<br />
liqui<strong>de</strong>z absoluta e <strong>de</strong> serem aceitos, <strong>de</strong> imediato, como<br />
pagamento nas transações: o papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público <strong>–</strong><br />
PMP - (aí incluídas não só as notas mas, também, as moedas<br />
metálicas) e a moeda escritural ou bancária <strong>–</strong> representada pelos<br />
<strong>de</strong>pósitos à vista, do público, nos bancos comerciais públicos e<br />
privados (DVbc).<br />
Assim, no caso brasileiro, o total <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento <strong>–</strong><br />
geralmente <strong>de</strong>nominado M <strong>–</strong> é <strong>de</strong>finido pela expressão:<br />
1<br />
M 1 = PMP + DVbc<br />
Este universo M1 correspon<strong>de</strong>, <strong>de</strong> outra parte, ao total da<br />
chamada oferta monetária.<br />
No caso brasileiro, as estatísticas mostram que o público vem<br />
mantendo, na média dos últimos anos, cerca <strong>de</strong> 14% <strong>de</strong> seus<br />
meios <strong>de</strong> pagamento sob a forma <strong>de</strong> dinheiro no bolso (=PMP) e<br />
os restantes 86% como <strong>de</strong>pósitos em conta corrente nos bancos<br />
comerciais, sendo interessante observar que estas relações são<br />
relativamente estáveis, só se alterando em função <strong>de</strong> uma<br />
anomalia no mercado (como foi o caso do “confisco” dos <strong>de</strong>pósitos,<br />
na época da ex-ministra Zélia, em 1991, e que acabou por alterar<br />
aquela composição. Temeroso <strong>de</strong> novos confiscos, o público<br />
reduziu a proporção <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>pósitos nos bancos!).<br />
Uma ressalva importante que se <strong>de</strong>ve fazer em relação às<br />
estatísticas <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento, neste conceito <strong>de</strong> M 1 , é que<br />
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nelas não estão incluídos nem os <strong>de</strong>pósitos voluntários e<br />
compulsórios dos bancos comerciais nas Autorida<strong>de</strong>s Monetárias<br />
(Banco Central) <strong>–</strong> dos quais falaremos mais adiante-, nem os<br />
<strong>de</strong>pósitos da União, também, no Banco Central.<br />
É fácil enten<strong>de</strong>r o porquê disso: como a preocupação, no caso,<br />
é medir a liqui<strong>de</strong>z do público, não há por que incluir os <strong>de</strong>pósitos<br />
dos bancos comerciais (que não são parte do público); quanto à<br />
União, é importante enten<strong>de</strong>r que, ao contrário do público, ela não<br />
limita ou condiciona o montante <strong>de</strong> seus gastos ao volume <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pósitos que, eventualmente, tenha no Banco Central, mas, sim,<br />
ao que dispõe o orçamento fe<strong>de</strong>ral. Mas, note-se que os <strong>de</strong>pósitos<br />
da União nos <strong>de</strong>mais bancos que não o Banco Central, bem como<br />
os <strong>de</strong>pósitos dos Estados e Municípios em qualquer banco estão<br />
computados no total do M .<br />
1<br />
Outros conceitos <strong>de</strong> moeda: os “quase-moeda”<br />
Além <strong>de</strong>sse conceito tradicional <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento, existe<br />
uma gama <strong>de</strong> outros ativos financeiros que são aceitos como<br />
pagamento em diversas transações ou que po<strong>de</strong>m ser<br />
transformados em moeda sem gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s e num espaço<br />
<strong>de</strong> tempo relativamente curto. A estes ativos se dá geralmente o<br />
nome <strong>de</strong> quase-moeda <strong>–</strong> que são haveres financeiros <strong>de</strong> alto<br />
grau <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z, porém <strong>de</strong> grau inferior ao da moeda manual e ao<br />
dos <strong>de</strong>pósitos à vista.<br />
Como exemplos <strong>de</strong> quase-moeda citam-se os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong><br />
poupança, <strong>de</strong>pósitos a prazo, títulos públicos, etc.<br />
A partir <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações, foram <strong>de</strong>senvolvidos outros<br />
conceitos e classificações <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento mais<br />
abrangentes, <strong>de</strong> acordo com o grau <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z do ativo financeiro.<br />
Estas classificações divergem <strong>de</strong> autor para autor, terminando,<br />
muitas vezes, por serem convencionais e arbitrárias. No caso<br />
brasileiro, segue-se o critério adotado pelo Banco Central <strong>–</strong> critério<br />
este que tem se alterado muito nestes últimos anos,<br />
principalmente em função do surgimento <strong>de</strong> inúmeros tipos <strong>de</strong><br />
aplicações financeiras. Assim, por exemplo, nos anos noventa, o<br />
Banco Central adotava os seguintes conjuntos <strong>de</strong> meios <strong>de</strong><br />
pagamento:<br />
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M 1 = PMP + DVbc<br />
M = M + FAF + títulos públicos (fe<strong>de</strong>rais, estaduais e<br />
2 1<br />
municipais) em po<strong>de</strong>r do público<br />
M = M + <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> poupança<br />
3 2<br />
M = M + títulos privados (<strong>de</strong>pósito a prazo, letras<br />
4 3<br />
hipotecárias e letras <strong>de</strong> câmbio)<br />
A importância <strong>de</strong>sses conceitos é ressaltada no momento em<br />
que o Banco Central, por competência legal, procura controlar a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda na economia, como parte, digamos, <strong>de</strong> uma<br />
estratégia <strong>de</strong> combate à inflação. A questão que, então, se coloca<br />
é: no controle da inflação, <strong>de</strong>ve o Banco Central controlar a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> meios pagamento (= à oferta monetária). Para<br />
tanto, <strong>de</strong>ve aquela autorida<strong>de</strong> monetária assestar suas baterias<br />
sobre qual <strong>de</strong>les? M ? M ? M ?<br />
1 3 4<br />
Na verda<strong>de</strong>, não há consenso sobre isso entre os economistas.<br />
O Banco Central, por falta, talvez <strong>de</strong> condições técnicas, limita-se<br />
a controlar apenas a evolução do M 1 .<br />
6.4. Criação e Destruição <strong>de</strong> Moeda<br />
Este é um assunto que, recorrentemente, tem sido objeto <strong>de</strong><br />
questões <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> concursos on<strong>de</strong> entra a disciplina Economia.<br />
E o que vem a ser “criação” e “<strong>de</strong>struição” <strong>de</strong> moeda (ou,<br />
alternativamente, “criação” e “<strong>de</strong>struição” <strong>de</strong> meios <strong>de</strong><br />
pagamento)? É fácil enten<strong>de</strong>r isso. Senão, vejamos:<br />
Diariamente, o público - isto é, os indivíduos e as empresas -,<br />
realiza operações com o setor bancário comercial 2 , operações<br />
estas traduzidas em <strong>de</strong>pósitos, saques, pagamentos diversos (luz,<br />
telefone), tomada ou quitação <strong>de</strong> empréstimos, etc.<br />
Depen<strong>de</strong>ndo da natureza <strong>de</strong>ssas operações, o total <strong>de</strong> ativos<br />
monetários da economia <strong>–</strong> isto é, os meios <strong>de</strong> pagamento (M ) <strong>–</strong><br />
1<br />
po<strong>de</strong>rá se reduzir ou aumentar. Se o resultado for um aumento<br />
2<br />
De uma forma simples e sintética, banco comercial é aquele que abre conta corrente e emite talões <strong>de</strong><br />
cheque para seus clientes.<br />
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dos meios <strong>de</strong> pagamento, tem-se aí uma criação <strong>de</strong> moeda; se<br />
ocorrer uma redução dos meios <strong>de</strong> pagamento, tem-se uma<br />
<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> moeda. Então, o que se tem <strong>de</strong> verificar, após a<br />
operação bancária, é se o total <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento se alterou<br />
para mais ou para menos.<br />
Para um melhor entendimento da explicação a seguir, é<br />
interessante que você conheça dois conceitos novos: primeiro, o<br />
conceito <strong>de</strong> haver monetário; segundo, o <strong>de</strong> haver não-monetário.<br />
Haver ou ativo monetário correspon<strong>de</strong> a um dos componentes<br />
dos meios <strong>de</strong> pagamento (M1), ou seja, ou é o papel-moeda em<br />
po<strong>de</strong>r do público ou é o <strong>de</strong>pósito à vista. Já haver não-monetário é<br />
todo ativo possuído pelo público que não seja meio <strong>de</strong> pagamento<br />
(M1), como, por exemplo, ações, promissórias, títulos do governo,<br />
carro, lote, imóveis, etc.<br />
Entendida, assim, a diferença entre haver não-monetário e<br />
haver monetário, fica mais fácil enten<strong>de</strong> a criação e a <strong>de</strong>struição<br />
<strong>de</strong> moeda. Senão, vejamos:<br />
No processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> moeda, o público entrega ao setor<br />
bancário um “haver não-monetário” (por exemplo, uma<br />
promissória) e recebe <strong>de</strong>ste um “haver monetário” (por exemplo,<br />
um empréstimo traduzido num <strong>de</strong>pósito à vista). No caso <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>struição <strong>de</strong> moeda, o público entrega ao banco um ativo<br />
monetário (digamos, dinheiro em espécie) e recebe um ativo nãomonetário<br />
(a promissória vencida).<br />
Vale repetir que a criação ou <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> moeda só ocorre se,<br />
da operação entre o público e o banco, resultar uma alteração do<br />
total <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento do público. Isto significa dizer que,<br />
se um indivíduo paga sua conta <strong>de</strong> luz com um cheque <strong>de</strong> sua<br />
conta corrente não haverá nem criação nem <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> moeda,<br />
pois a queda <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>pósitos à vista é compensada pelo<br />
aumento dos <strong>de</strong>pósitos da companhia <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> <strong>–</strong> que<br />
também é público. Da mesma forma, se um correntista vai ao<br />
banco e saca <strong>de</strong> sua conta corrente, com um cheque seu, nada<br />
ocorre, <strong>de</strong> vez que ele trocou um ativo monetário (<strong>de</strong>pósito à<br />
vista) por outro (dinheiro em espécie). Mas, claro, se ele saca <strong>de</strong><br />
sua conta <strong>de</strong> poupança, há criação <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento, pois<br />
os <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> poupança são consi<strong>de</strong>rados haveres nãomonetários.<br />
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6.5. Base Monetária e o Multiplicador Bancário<br />
Conceitualmente, a política monetária consiste no controle da<br />
oferta monetária e das taxas <strong>de</strong> juros, pelas autorida<strong>de</strong>s<br />
monetárias (Banco Cetral), através do uso <strong>de</strong> instrumentos diretos<br />
e indiretos (que serão vistos mais adiante), com vistas a controlar<br />
o nível <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z do sistema econômico.<br />
A política monetária <strong>de</strong>ve, por outro lado, se inserir no contexto<br />
da política econômica global do governo, procurando, sempre que<br />
possível, a compatibilização e o atingimento <strong>de</strong> seus objetivos<br />
macroeconômicos.<br />
Quando se fala em controle da oferta monetária, pensa-se,<br />
imediatamente, que basta o Banco Central parar <strong>de</strong> emitir moeda,<br />
e tudo se arranja. Mas, as coisas não são assim tão simples. Não<br />
se po<strong>de</strong> esquecer que os bancos comerciais têm uma gran<strong>de</strong><br />
capacida<strong>de</strong> para “criar” moeda através <strong>de</strong> empréstimos que se<br />
transformam em novos <strong>de</strong>pósitos, que dão origem a novos<br />
empréstimos, e assim por diante.<br />
É através dos empréstimos que os bancos “multiplicam” o<br />
dinheiro circulante na economia. Quanto mais empréstimos<br />
fizerem, maior será a multiplicação dos meios <strong>de</strong> pagamentos. A<br />
origem <strong>de</strong>sses empréstimos, como se disse, está nos <strong>de</strong>pósitos<br />
captados pelo banco. Assim, um gran<strong>de</strong> condicionante do volume<br />
dos empréstimos é o volume <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos à vista no banco. Um<br />
outro condicionante é o montante ou proporção dos <strong>de</strong>pósitos à<br />
vista que o banco po<strong>de</strong> emprestar. Obviamente, os bancos<br />
gostariam <strong>de</strong> emprestar todo o volume <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos, mas este<br />
<strong>de</strong>sejo esbarra na necessida<strong>de</strong> imperiosa <strong>de</strong> se manter em caixa,<br />
sob a forma <strong>de</strong> moeda, uma parcela dos <strong>de</strong>pósitos para o<br />
pagamento <strong>de</strong> cheques dos clientes. Mas, as limitações ao volume<br />
<strong>de</strong> empréstimos que os bancos po<strong>de</strong>m efetuar vão mais além, pois<br />
ainda existem restrições impostas por lei e outras medidas<br />
restritivas, <strong>de</strong> iniciativa do próprio Banco Central.<br />
Com estas consi<strong>de</strong>rações, po<strong>de</strong>mos, então, partir para a<br />
<strong>de</strong>rivação do chamado multiplicador bancário (k) dos meios <strong>de</strong><br />
pagamentos, relativamente ao volume <strong>de</strong> dinheiro que o Banco<br />
Central coloca em circulação <strong>–</strong> dinheiro, este dito, “<strong>de</strong> alto po<strong>de</strong>r<br />
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<strong>de</strong> expansão” e que, tecnicamente, é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Base<br />
Monetária (B).<br />
Contabilmente, a Base Monetária é dada pela soma dos valores<br />
constantes do chamado passivo monetário do Banco Central que<br />
se compõe <strong>de</strong>:<br />
i) - o papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público (PMP);<br />
ii) - o caixa em moeda corrente dos bancos comerciais (R );<br />
1<br />
iii) - os <strong>de</strong>pósitos voluntários dos bancos comerciais junto ao<br />
Banco Central (R 2 ); e,<br />
iv) - os recolhimentos compulsórios dos bancos comerciais,<br />
também junto ao Banco Central (R 3 )<br />
Assim temos:<br />
B = PMP + R + R + R (1)<br />
1 2 3<br />
Mas, como PMP + R1 = PMC (veja o item atrás “Indicadores<br />
Monetários”), temos que a base monetária po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida ainda<br />
como:<br />
B = PMC + R + R (2)<br />
2 3<br />
E, já que R = R1 + R2 + R3, então a base monetária po<strong>de</strong> também<br />
ser <strong>de</strong>finida como:<br />
B = PMP + R (3)<br />
sendo R = total das reservas ou encaixes dos bancos comerciais<br />
(R= R 1 + R 2 + R 3 ).<br />
Já os meios <strong>de</strong> pagamento (M ), como sabemos, são assim<br />
1<br />
constituídos:<br />
M = PMP + DVbc (4)<br />
1<br />
E sendo o total <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento um múltiplo da base<br />
monetária (B), resultado do processo multiplicativo dos<br />
empréstimos bancários, <strong>de</strong>duz-se que o multiplicador (k) dos<br />
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meios <strong>de</strong> pagamento é dado pela relação entre o total <strong>de</strong> M1 e a<br />
base monetária, ou<br />
k = M /B (5)<br />
1<br />
ou ainda,<br />
M 1 = B . k (6)<br />
Para se achar a expressão ou fórmula do valor do multiplicador,<br />
consi<strong>de</strong>remos as seguintes expressões:<br />
Consi<strong>de</strong>re as seguintes relações comportamentais do público:<br />
i) d = PMP/M ou, d M = PMP (7)<br />
1 1 1 1<br />
ii) d 2 = DVbc/M 1 ou, d 2 M 1 = DVbc<br />
A equação (7) mostra qual a proporção do papel-moeda em<br />
po<strong>de</strong>r do público em relação ao total <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento (M1);<br />
já a equação (8) indica qual a proporção dos <strong>de</strong>pósitos à vista nos<br />
meios <strong>de</strong> pagamento.<br />
Logo,<br />
M = d M + d M (9)<br />
1 1 1 2 1<br />
E, dividindo-se todos os termos da equação (9) por M1, tem-se:<br />
1 = d + d<br />
1 2<br />
e,<br />
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(8)<br />
d 1 = (1 - d 2 ) (10)<br />
Recor<strong>de</strong>-se, agora, que a base monetária é <strong>de</strong>finida por:<br />
B = PMP + R (3)<br />
Para se saber qual é a fração ou percentual das reservas ou<br />
encaixes totais (r) em relação aos meios <strong>de</strong> pagamento, dividimos<br />
as reservas totais (R) pelos <strong>de</strong>pósitos à vista (DVbc), ou:<br />
13
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r = R/DVbc ou R = rDVbc ou, ainda, R = rd 1 M 1 (11)<br />
on<strong>de</strong>, r = taxa <strong>de</strong> reserva ou encaixe total.<br />
Substituindo (7) e (11) em (3), tem-se:<br />
B = d 1 M + rd 2 M 1<br />
Substituindo (10) em (12), tem-se:<br />
B = (1 - d 2 )M 1 + rd 2 M 1<br />
Operando a expressão (13), obtém-se:<br />
B<br />
= ( 1−<br />
d2) + rd2<br />
M<br />
M<br />
1<br />
1<br />
B<br />
= 1−d2( 1−r)<br />
M<br />
M<br />
1<br />
1<br />
d r B<br />
1<br />
= .<br />
1− ( 1−<br />
)<br />
2<br />
B<br />
=<br />
1−d ( 1−r)<br />
2<br />
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(12)<br />
(13)<br />
(14)<br />
Ou seja, M é igual ao valor da base monetária (B) vezes o<br />
1<br />
multiplicador (k), sendo<br />
1<br />
k =<br />
1− d 1−<br />
r<br />
2 ( ) (15)<br />
on<strong>de</strong>,<br />
d = fração dos meios <strong>de</strong> pagamentos que o público mantém<br />
2<br />
sob a forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos à vista nos bancos comerciais; e,<br />
14
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r = fração dos <strong>de</strong>pósitos à vista que os bancos comerciais<br />
mantêm como encaixes totais.<br />
Vejamos um exemplo numérico:<br />
Suponha que os <strong>de</strong>pósitos à vista correspondam a 80% dos MP<br />
e que a taxa <strong>de</strong> reservas bancárias (r) seja 30% dos <strong>de</strong>pósitos à<br />
vista. Com esses dados, vamos calcular o valor <strong>de</strong> k:<br />
Fazendo as <strong>de</strong>vidas substituições na equação (15), acima,<br />
temos:<br />
k =<br />
1−<br />
1<br />
0,<br />
9(<br />
1<br />
−<br />
0,<br />
3)<br />
=<br />
1−<br />
1<br />
0,<br />
9(<br />
0,<br />
7)<br />
1<br />
= =<br />
1−<br />
0,<br />
63<br />
1<br />
0,<br />
37<br />
Pela expressão (15), po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>duzir que a expansão dos meios<br />
<strong>de</strong> pagamento, isto é, da oferta monetária, po<strong>de</strong> ocorrer em três<br />
situações:<br />
i) - por aumento das operações ativas do Banco Central via<br />
aumento da emissão (o que aumenta B);<br />
ii) - por aumento <strong>de</strong> d , isto é, da proporção dos <strong>de</strong>pósitos à<br />
2<br />
vista do público nos bancos comerciais em relação ao total<br />
dos meios <strong>de</strong> pagamentos; e,<br />
iii) por redução da relação encaixes/<strong>de</strong>pósitos à vista nos<br />
bancos comerciais.<br />
Deve-se observar que, na execução da política monetária e para<br />
controle da oferta monetária, as autorida<strong>de</strong>s monetárias têm<br />
relativo controle sobre os itens (i) e (iii), mas nenhum controle<br />
sobre (ii) <strong>–</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> exclusivamente do comportamento do<br />
público.<br />
No entanto, como se admite uma relação mais ou menos<br />
estável ou pelo menos previsível entre os DVbc e M , po<strong>de</strong>-se, em<br />
1<br />
princípio, afirmar que as autorida<strong>de</strong>s monetárias po<strong>de</strong>m controlar<br />
relativamente a expansão da oferta monetária. Este controle é<br />
exercido diretamente sobre a base monetária e indiretamente<br />
sobre o multiplicador (k) através do uso <strong>de</strong> diversos instrumentos.<br />
6.6 Instrumentos Clássicos <strong>de</strong> Controle Monetário<br />
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=<br />
2,<br />
7<br />
15
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Como foi visto, o volume da oferta monetária (= meios <strong>de</strong><br />
pagamento) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças na base monetária e/ou <strong>de</strong><br />
alterações no valor do multiplicador (k).<br />
A tarefa fundamental do Banco Central é o <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar o volume<br />
<strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento às reais necessida<strong>de</strong>s da economia tendo<br />
em vista o atingimento dos objetivos macroeconômicos. Ocorre,<br />
no entanto, que, mesmo que haja uma programação monetária <strong>–</strong><br />
pela qual se prevê a evolução dos agregados monetários, mês a<br />
mês, em <strong>de</strong>corrência do esperado comportamento das contas<br />
externas do País, das operações do Banco Central com o Tesouro<br />
Nacional e <strong>de</strong> empréstimos dos bancos oficiais aos bancos privados<br />
e ao setor produtivo <strong>–</strong> nem sempre o programado se comporta<br />
como esperado. Vez por outra, observa-se uma expansão<br />
exagerada dos meios <strong>de</strong> pagamento; outras, uma contração <strong>de</strong>sse<br />
agregado, com evi<strong>de</strong>nte escassez <strong>de</strong> dinheiro na economia, com<br />
graves prejuízos para os negócios.<br />
Para controlar a liqui<strong>de</strong>z da economia, mantendo-a em níveis<br />
compatíveis com as necessida<strong>de</strong>s conjunturais da economia, o<br />
Banco Central dispõe <strong>de</strong> diversos instrumentos que ora atuam<br />
sobre a base monetária, ora sobre o multiplicador bancário (k).<br />
Os instrumentos mais tradicionais geralmente usados pelo<br />
Banco Central são:<br />
a) controle da emissão;<br />
b) fixação da taxa <strong>de</strong> recolhimento compulsório;<br />
c) operações <strong>de</strong> re<strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z; e,<br />
d) operações <strong>de</strong> mercado aberto (open market).<br />
a) Controle da emissão <strong>–</strong> sobre este instrumento não há<br />
o que falar. Basta que se <strong>de</strong>sligue a tomada da máquina<br />
impressora <strong>de</strong> dinheiro e a emissão monetária estará<br />
controlada.<br />
b) Fixação da taxa <strong>de</strong> recolhimento compulsório <strong>–</strong><br />
trata-se <strong>de</strong> um percentual dos <strong>de</strong>pósitos à vista que os<br />
bancos comerciais <strong>de</strong>vem recolher periódica e<br />
obrigatoriamente ao Banco Central.<br />
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16
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Claramente, quanto maior esta taxa, maior será o valor <strong>de</strong> r<br />
(taxa <strong>de</strong> encaixes totais) e vice-versa, já que os recolhimentos<br />
compulsórios são uma parte das reservas totais dos bancos.<br />
Assim, na medida em que o Conselho Monetário Nacional <strong>de</strong>ci<strong>de</strong><br />
elevar o percentual dos recolhimentos compulsórios (r3), o<br />
multiplicador (k) se reduz, uma vez que a medida levará a uma<br />
disponibilida<strong>de</strong> menor <strong>de</strong> recursos para os bancos efetuarem<br />
empréstimos. A recíproca é, também, verda<strong>de</strong>ira.<br />
c) Operações <strong>de</strong> re<strong>de</strong>sconto <strong>–</strong> consistem num<br />
empréstimo <strong>de</strong> última instância e <strong>de</strong> curtíssimo prazo que o<br />
Banco Central faz aos bancos comerciais sempre que estes<br />
estiverem com falta <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z, isto é, com falta <strong>de</strong> recursos<br />
em caixa para aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> seus clientes. Por isso<br />
mesmo são também chamados <strong>de</strong> “empréstimos <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z”.<br />
Ao realizar tais operações, o Banco Central funciona como<br />
banco dos bancos, <strong>de</strong>scontando títulos dos bancos a taxas <strong>de</strong> juros<br />
prefixadas.<br />
Como instrumento <strong>de</strong> controle monetário, o re<strong>de</strong>sconto inibe ou<br />
estimula os bancos a tomar o empréstimo através <strong>de</strong>:<br />
a) alterações das taxas <strong>de</strong> juros cobradas pelo Banco Central;<br />
b) mudança dos prazos concedidos para que os bancos quitem<br />
sua dívida;<br />
c) fixação <strong>de</strong> tetos ou limites para a tomada do empréstimo;<br />
d) exigência <strong>de</strong> garantias (títulos públicos ou o próprio<br />
compulsório);<br />
e) controle da freqüência <strong>de</strong> utilização do empréstimo.<br />
d) operações <strong>de</strong> mercado aberto (open market) <strong>–</strong> o<br />
mercado aberto, num sentido amplo, po<strong>de</strong> ser entendido<br />
como o mercado on<strong>de</strong> são transacionados os mais diversos<br />
títulos públicos fe<strong>de</strong>rais e estaduais e bancários privados, <strong>de</strong><br />
rentabilida<strong>de</strong> pré ou pós-fixada.<br />
No entanto, entendido como instrumento <strong>de</strong> política monetária,<br />
as operações <strong>de</strong> mercado aberto consistem na compra e/ou venda<br />
<strong>de</strong> títulos públicos fe<strong>de</strong>rais (NTN, LBC, LFT, BTN, etc.) pelo Banco<br />
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Central, com o objetivo <strong>de</strong> influenciar o nível das reservas<br />
bancárias e, daí, o fluxo <strong>de</strong> crédito.<br />
As operações <strong>de</strong> mercado aberto, pela sua flexibilida<strong>de</strong>, se<br />
constituem no mais po<strong>de</strong>roso instrumento <strong>de</strong> que dispõe o Banco<br />
Central para regular o nível <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z da economia no curtíssimo<br />
prazo. Assim, por exemplo, quando as autorida<strong>de</strong>s monetárias<br />
<strong>de</strong>sejam enxugar o mercado monetário, emitem e ven<strong>de</strong>m lotes<br />
volumosos <strong>de</strong> títulos fe<strong>de</strong>rais, retirando dos bancos e do público a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> moeda. Contrariamente, se a intenção for<br />
a oposta, isto é, expandir o nível <strong>de</strong> oferta monetária, o Banco<br />
Central realiza operações maciças <strong>de</strong> resgate (isto é, <strong>de</strong> compra)<br />
<strong>de</strong>sses títulos, injetando moeda no sistema.<br />
Estes são, em síntese, os instrumentos clássicos <strong>de</strong> controle<br />
monetário usados pelo Banco Central. Obviamente, sempre<br />
existirão outros que, eventual e conjunturalmente, po<strong>de</strong>m ser<br />
utilizados, como, por exemplo, a limitação ou fixação <strong>de</strong> tetos para<br />
empréstimos, medida que, não raras vezes, foi usada no Brasil ao<br />
longo dos anos 80.<br />
6.7. Teoria Quantitativa da Moeda<br />
A teoria quantitativa, na versão clássica, enfatiza a função da<br />
moeda como meio <strong>de</strong> trocas. Assim, em qualquer período, o valor<br />
global das transações é igual ao número <strong>de</strong> transações (T),<br />
multiplicado pelo seu preço médio (P). Esse valor, por seu turno,<br />
será idêntico ao fluxo monetário que é igual à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
moeda ou meios <strong>de</strong> pagamento (M) multiplicado pelo número <strong>de</strong><br />
vezes que a moeda trocou <strong>de</strong> mão (V) naquele período. Resulta,<br />
daí, a conhecida “equação das trocas” que é geralmente<br />
apresentada como:<br />
MV = PT (16)<br />
Posteriormente, por razões essencialmente práticas, o número<br />
<strong>de</strong> transações (T) foi substituído pelo nível <strong>de</strong> renda (Y) uma vez<br />
que se dispõe <strong>de</strong> estatísticas sobre a renda e não sobre a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transações. Neste caso, é feita a hipótese <strong>de</strong> que o<br />
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18
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nível das transações totais seja proporcional ao nível da renda,<br />
passando a equação (16) a ser, então, reescrita como:<br />
MV = PY (17)<br />
on<strong>de</strong>,<br />
M = estoque <strong>de</strong> moeda (meios <strong>de</strong> pagamento)<br />
V = a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong>ste estoque, isto é, o número<br />
<strong>de</strong> vezes que cada unida<strong>de</strong> monetária é empregada durante o<br />
período escolhido;<br />
P = o nível médio <strong>de</strong> preços (índice); e,<br />
Y = o nível da renda ou produto real.<br />
Tal como se apresenta, dada a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> V, a equação (16) é<br />
necessariamente verda<strong>de</strong>ira em relação a quaisquer valores <strong>de</strong> M,<br />
P e Y. Trata-se, no caso, <strong>de</strong> uma equação <strong>de</strong>finicional ou<br />
tautológica, isto é, verda<strong>de</strong>ira em si mesma e, como tal, nada<br />
acrescenta <strong>de</strong> novo à teoria econômica.<br />
No entanto, introduzindo-se certas hipóteses sobre algumas <strong>de</strong><br />
suas variáveis, tal como fizeram os clássicos, a equação das trocas<br />
po<strong>de</strong> se tornar <strong>de</strong> alguma utilida<strong>de</strong>. Deste modo, são colocadas as<br />
seguintes hipóteses:<br />
I - a oferta monetária é exógena, no sentido <strong>de</strong> que as<br />
autorida<strong>de</strong>s monetárias (no caso, o Banco Central)<br />
controlam a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda na Economia;<br />
II - supõe-se que não há <strong>de</strong>semprego no país, e que,<br />
portanto, o nível da renda ou produto é constante no curto<br />
prazo, ao nível do pleno emprego dos fatores;<br />
III - também a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação da moeda (V) é<br />
constante no curto prazo dado que é <strong>de</strong>terminada por<br />
fatores institucionais, padrões comerciais, e hábitos <strong>de</strong><br />
compras e pagamentos, além do estado da tecnologia<br />
utilizada no processo <strong>de</strong> transações, citando-se, entre estes,<br />
os seguintes:<br />
a) institucionalização, por <strong>de</strong>terminações legais, da<br />
periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pagamentos salariais (semanal, mensal);<br />
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b) o grau <strong>de</strong> sofisticação do sistema financeiro,<br />
especialmente na compensação <strong>de</strong> cheques; e,<br />
c) os hábitos <strong>de</strong> compras da população.<br />
Todos estes fatores são, a rigor, constantes num curto período,<br />
digamos, 6 meses. Assim, com as hipóteses <strong>de</strong> que V e Y são<br />
invariáveis a curto prazo, uma alteração na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> M (para<br />
mais ou para menos), <strong>de</strong>termina uma variação, na mesma<br />
proporção, no nível médio <strong>de</strong> preços. E a igualda<strong>de</strong> expressa na<br />
equação (16) se transforma numa teoria <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong><br />
preços, ou seja:<br />
P = MV<br />
(17)<br />
Y<br />
Um exemplo numérico:<br />
Suponha que, hoje, os valores das variáveis da equação (16)<br />
sejam:<br />
M = 200; V = 5 (constante, no curto prazo); P = 10; e<br />
Y = 100.<br />
Substituindo estes valores na equação (16), temos:<br />
200 x 5 = 10 x 100<br />
ou, 1000 = 1000,<br />
Suponha, agora, que o Banco Central aumente a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
meios <strong>de</strong> pagamento (através, por exemplo, <strong>de</strong> uma emissão<br />
monetária) no montante <strong>de</strong> 30%, ou, em valores absolutos, em 60<br />
unida<strong>de</strong>s monetárias. Como V e Y, por hipótese, são valores<br />
constantes no curto prazo, o ajuste da equação (16) <strong>–</strong> para que<br />
seus dois lados tenham o mesmo valor, ocorrerá no nível <strong>de</strong><br />
preços (P), assim:<br />
260 x 5 = P x 100<br />
260x5<br />
1.<br />
300<br />
P = = = 13<br />
100 100<br />
ou seja, o nível geral dos preços (P) se elevou <strong>de</strong> 10 para 13,<br />
um aumento <strong>de</strong> 30% - exatamente igual ao aumento ocorrido na<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dinheiro em circulação. Ou seja, aumentos <strong>de</strong><br />
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moeda, sem que o nível do PIB tenha aumentado, só concorre<br />
para gerar inflação.<br />
Daí, vem a conclusão dos teóricos da escola clássica: a moeda é<br />
um fator tipicamente neutro, servindo, por assim dizer, apenas<br />
como um lubrificante para a melhor operação das forças reais da<br />
economia. Para os clássicos, variações na quantida<strong>de</strong> real <strong>de</strong><br />
moeda somente afetam o nível agregado <strong>de</strong> preços.<br />
6.8. Sistema Financeiro Nacional: Constituição e<br />
Funções<br />
O Sistema Financeiro Nacional (brasileiro) é constituído <strong>de</strong> dois<br />
grupos distintos <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s financeiras:<br />
I - Sistema Monetário <strong>–</strong> composto pelas entida<strong>de</strong>s que<br />
criam moeda, isto é, meios <strong>de</strong> pagamento (= papel <strong>–</strong> moeda<br />
em po<strong>de</strong>r do público e <strong>de</strong>pósitos à vista, do público, nos bancos<br />
comerciais). Fazem parte <strong>de</strong>ste sistema o Banco Central do<br />
Brasil <strong>–</strong> chamado <strong>de</strong> “Autorida<strong>de</strong>s Monetárias” <strong>–</strong> que tem o<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> emitir moeda <strong>–</strong>, e os bancos comerciais, públicos e<br />
privados <strong>–</strong> que recebem <strong>de</strong>pósitos à vista do público e efetuam<br />
empréstimos <strong>de</strong> curto prazo.<br />
II - Sistema Não-Monetário <strong>–</strong> abrange todas as entida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> intermediação financeira não-bancária (isto é, exclusive<br />
bancos comerciais). Fazem parte <strong>de</strong>sse sistema diversas<br />
entida<strong>de</strong>s financeiras que se distinguem uma da outra pela sua<br />
principal operação passiva (captação <strong>de</strong> recursos) e sua<br />
principal operação ativa (aplicação dos recursos captados).<br />
Como principais entida<strong>de</strong>s do sistema não-monetário, citam-se:<br />
a) Bancos <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>–</strong> são entida<strong>de</strong>s oficiais<br />
(governamentais) <strong>de</strong> crédito, cujas principais operações passivas<br />
são os recursos do PIS/PASEP, FINSOCIAL, transferências do<br />
orçamento do governo e empréstimos externos; suas operações<br />
ativas se limitam a empréstimos para capital <strong>de</strong> giro e <strong>de</strong> capital<br />
fixo para empresas (para implantação ou expansão). A principal<br />
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entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste subsistema é o Banco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />
Econômico e Social (BNDES) havendo diversos outros bancos regionais<br />
e estaduais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento (BDMG, BRB, BANDESUL,<br />
BANDERJ).<br />
b) Bancos <strong>de</strong> Investimentos <strong>–</strong> são entida<strong>de</strong>s privadas, com<br />
finalida<strong>de</strong>s semelhantes às dos bancos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
atuando, <strong>de</strong> certa forma, como complementares a estes no<br />
fornecimento <strong>de</strong> crédito às empresas, mas seguindo as leis e taxas<br />
<strong>de</strong> juros praticadas no mercado. Suas principais fontes <strong>de</strong> recursos<br />
são os <strong>de</strong>pósitos a prazo (CDB) e empréstimos externos.<br />
c) Sistema Financeiro da Habitação <strong>–</strong> tendo como órgão<br />
central a Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral. Fazem parte <strong>de</strong>ste subsistema<br />
as entida<strong>de</strong>s que têm como objetivo captar recursos através <strong>de</strong><br />
ca<strong>de</strong>rnetas <strong>de</strong> poupança e, eventualmente, através <strong>de</strong> venda <strong>de</strong><br />
letras hipotecárias ou imobiliárias, e <strong>de</strong>stinando tais recursos ao<br />
financiamento <strong>de</strong> construção e/ou aquisição <strong>de</strong> moradias. São<br />
exemplos as Caixas Econômicas Estaduais, as Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
Crédito e Investimentos (SCI) e as entida<strong>de</strong>s dos bancos privados<br />
que compõem o Sistema Brasileiro <strong>de</strong> Poupança e Empréstimo<br />
(SBPE).<br />
d) Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Crédito, Financiamento e Investimento <strong>–</strong><br />
mais conhecidas como “financeiras”, são aquelas entida<strong>de</strong>s que<br />
têm na venda <strong>de</strong> letras <strong>de</strong> câmbio sua principal operação passiva<br />
e, como principal operação ativa, o financiamento ao consumidor<br />
para aquisição <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> consumo duráveis (eletrodomésticos,<br />
automóveis, etc.).<br />
Importante observar que essas entida<strong>de</strong>s não existem<br />
isoladamente. Em geral, fazem parte <strong>de</strong> uma empresa maior <strong>–</strong> a<br />
holding. Assim, por exemplo, o BRADESCO é uma gran<strong>de</strong> holding<br />
do sistema financeiro, composto <strong>de</strong> um Banco Comercial Bra<strong>de</strong>sco,<br />
um Banco <strong>de</strong> Investimento Bra<strong>de</strong>sco, uma Financeira Bra<strong>de</strong>sco,<br />
uma Seguradora Bra<strong>de</strong>sco, uma Corretora e uma Distribuidora<br />
Bra<strong>de</strong>sco, e assim por diante.<br />
6.9. Funções Clássicas <strong>de</strong> um Banco Central<br />
As funções típicas ou clássicas <strong>de</strong> um banco central são:<br />
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a) banco emissor <strong>de</strong> papel-moeda;<br />
b) banqueiro dos bancos comerciais;<br />
c) banqueiro do Tesouro Nacional;<br />
d) <strong>de</strong>positário das reservas internacionais do País.<br />
Se se organizarem as contas <strong>de</strong> captação e <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong><br />
recursos do Banco Central sob a forma <strong>de</strong> um balancete <strong>–</strong> com<br />
passivo (fontes <strong>de</strong> recursos) e ativo (aplicação <strong>de</strong> recursos) <strong>–</strong><br />
veremos que aquelas funções estão espelhadas nas diversas<br />
rubricas ou contas do balancete.<br />
Para melhor análise, costuma-se dividir as contas do passivo<br />
em dois grupos: passivo monetário e passivo não-monetário,<br />
conforme a natureza da conta. Os recursos não-monetários são<br />
aqueles que não se encontram à disposição do público, não sendo,<br />
portanto, exigíveis a curto prazo. Já os recursos monetários se<br />
constituem <strong>de</strong> todos aqueles valores exigíveis a curto prazo (o<br />
PMC, os <strong>de</strong>pósitos voluntários e compulsórios dos bancos<br />
comerciais). Registre-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já que, por <strong>de</strong>finição, o passivo<br />
monetário do Banco Central é igual à Base Monetária, como se<br />
verá mais adiante.<br />
Voltando, agora, ao balancete do Banco Central, nota-se que,<br />
como órgão emissor <strong>de</strong> papel-moeda, o total emitido aparece no<br />
passivo monetário, como uma das fontes <strong>de</strong> financiamento do<br />
Banco Central, lembrando que, na prática, aparece, apenas, o<br />
PMC, <strong>de</strong> vez que na consolidação do balancete, elimina-se do ativo<br />
e do passivo o “encaixe em moeda” do Banco Central (recordando<br />
que PME <strong>–</strong> encaixe do Banco Central = PMC).<br />
Continuando, como banqueiro dos bancos, aparecem no passivo<br />
os <strong>de</strong>pósitos voluntários e o recolhimento compulsório dos bancos<br />
comerciais, enquanto no ativo aparecem os re<strong>de</strong>scontos e outros<br />
empréstimos àqueles bancos.<br />
Como banqueiro do Tesouro Nacional, aparecem no passivo os<br />
<strong>de</strong>pósitos do Tesouro Nacional (geralmente, frutos da arrecadação<br />
<strong>de</strong> impostos) e, no ativo, o saldo dos títulos públicos fe<strong>de</strong>rias e<br />
empréstimos à União.<br />
Como <strong>de</strong>positário das reservas internacionais do País, aparece<br />
no ativo o contra-valor <strong>de</strong>ssas reservas em cruzeiros.<br />
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23
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Como banco <strong>de</strong> fomento, função que o Banco Central do Brasil<br />
vem, paulatinamente, abandonando para se tornar um verda<strong>de</strong>iro<br />
banco central nos mol<strong>de</strong>s clássicos, aparecem no passivo recursos<br />
<strong>de</strong> diferentes fontes legais e, no ativo, o repasse <strong>de</strong>sses recursos a<br />
entida<strong>de</strong>s oficiais (ou mesmo privadas) <strong>de</strong> crédito para<br />
financiamento dos setores produtivos.<br />
* * *<br />
Com essas colocações, encerramos esta nossa 6ª Aula. A<br />
seguir, são apresentados alguns exercícios <strong>de</strong> revisão e fixação<br />
sobre balanço <strong>de</strong> pagamentos e taxa <strong>de</strong> câmbio. Até nossa<br />
próxima aula.<br />
___________________<br />
EXERCÍCIOS DE REVISÃO E FIXAÇÃO: (gabarito ao final)<br />
1. Com relação às diversas formas assumidas pela moeda, ao longo da<br />
história, estão corretas as afirmativas abaixo, exceto:<br />
a) economia <strong>de</strong> escambo é aquela em que se trocam mercadorias por<br />
mercadoria, não existindo moeda como meio <strong>de</strong> troca;<br />
b) moeda-papel era um certificado com lastro integral (e, <strong>de</strong>pois, parcial)<br />
em ouro;<br />
c) o papel-moeda não dispõe <strong>de</strong> lastro em ouro, ou seja, não po<strong>de</strong> ser<br />
resgatado;<br />
d) a moeda bancária ou escritural é representada pelo dinheiro em caixa<br />
nos bancos comerciais e pela emissão monetária;<br />
e) a moeda-mercadoria assumiu diversas formas, como, por exemplo, sal,<br />
peles, ostras, etc.<br />
2. Com relação à evolução e formas <strong>de</strong> moeda, estão corretas as alternativas<br />
abaixo, exceto:<br />
a) pelo sistema <strong>de</strong> trocas indiretas, uma mercadoria qualquer é escolhida<br />
como meio <strong>de</strong> troca, por convenção social.<br />
b) para que uma mercadoria se mantivesse por longo tempo como “moeda”<br />
era indispensável que fosse escassa, não-perecível e passível <strong>de</strong> divisão;<br />
c) os sistemas <strong>de</strong> trocas diretas são aqueles em que se utilizam<br />
mercadorias como moeda;<br />
d) enten<strong>de</strong>-se como moeda-papel os certificados <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos emitidos pelas<br />
casas <strong>de</strong> custódia e que tinham lastro em metais preciosos,<br />
particularmente em ouro;<br />
e) enten<strong>de</strong>-se por reconversão <strong>de</strong> um certificado <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito a sua troca<br />
pelo lastro metálico que lhe <strong>de</strong>u origem.<br />
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3. São formas <strong>de</strong> moeda existentes mo<strong>de</strong>rnamente, exceto:<br />
a) papel-moeda;<br />
b) moeda metálica;<br />
c) moeda-papel;<br />
d) moeda bancária ou escritural.<br />
4. São funções da moeda, exceto:<br />
a) reserva <strong>de</strong> valor;<br />
b) intermediária ou meio <strong>de</strong> trocas;<br />
c) servir <strong>de</strong> lastro para o papel-moeda em circulação;<br />
d) unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conta ou padrão <strong>de</strong> valor.<br />
5. A moeda escritural ou bancária é representada:<br />
a) pelos <strong>de</strong>pósitos à vista do público nos bancos comerciais;<br />
b) pelo talão <strong>de</strong> cheques;<br />
c) pelos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> poupança nos bancos;<br />
d) pelos <strong>de</strong>pósitos a prazo e à vista nos bancos;<br />
e) por todos os ativos financeiros aceitos como meio <strong>de</strong> trocas.<br />
6. Com relação aos conceitos monetários, estão corretas as afirmativas abaixo,<br />
exceto:<br />
a) o papel-moeda em circulação é igual ao papel-moeda em po<strong>de</strong>r do<br />
público mais o dinheiro em caixa nos bancos comerciais;<br />
b) o papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público é igual ao papel-moeda emitido<br />
menos dinheiro em caixa do Banco Central;<br />
c) o papel-moeda emitido é igual ao papel-moeda em circulação mais o<br />
dinheiro em caixa do Banco Central;<br />
d) o papel-moeda emitido é igual ao papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público<br />
mais o dinheiro em caixa do Banco Central e em caixa dos bancos<br />
comerciais.<br />
7. São expressões sinônimas:<br />
a) papel-moeda e moeda-papel;<br />
b) moeda bancária e moeda escritural;<br />
c) moeda inconversível e moeda bancária;<br />
d) moeda fiduciária e moeda escritural;<br />
e) nenhuma das alternativas anteriores.<br />
8. A expressão é a liqui<strong>de</strong>z por excelência aplica-se:<br />
a) apenas ao papel-moeda conversível em metais preciosos;<br />
b) apenas à moeda escritural, por representar <strong>de</strong>pósitos à vista no sistema<br />
bancário comercial, que po<strong>de</strong>m ser retirados a qualquer instante e sem<br />
prévio aviso;<br />
c) ao ouro, único ativo líquido por excelência;<br />
d) ao papel-moeda, simplesmente;<br />
e) por <strong>de</strong>finição, a quaisquer formas <strong>de</strong> moeda.<br />
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9. A expressão quase-moeda aplica-se:<br />
a) a todos os ativos financeiros;<br />
b) aos ativos financeiros não-monetários, <strong>de</strong> elevado índice <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z;<br />
c) às formas primitivas <strong>de</strong> moedas não-metálicas;<br />
d) às formas fiduciárias <strong>de</strong> moedas <strong>de</strong>stituídas <strong>de</strong> valor legal;<br />
e) nenhuma das alternativas anteriores.<br />
10. O conceito convencional <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento é dado pela soma:<br />
a) do papel-moeda e das moedas metálicas em po<strong>de</strong>r do público com os<br />
títulos <strong>de</strong> emissão do Tesouro Nacional;<br />
b) dos <strong>de</strong>pósitos à vista do público nos bancos comerciais, com o papelmoeda<br />
em circulação e com títulos da Dívida Pública;<br />
c) do papel-moeda e das moedas metálicas em po<strong>de</strong>r do público com os<br />
<strong>de</strong>pósitos à vista do público nos bancos comerciais;<br />
d) do papel-moeda com as moedas metálicas em circulação;<br />
e) nenhuma das alternativas anteriores.<br />
11. I<strong>de</strong>ntifique abaixo as operações <strong>de</strong> criação (C) e <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição (D) <strong>de</strong><br />
meios <strong>de</strong> pagamento, ou nenhuma <strong>de</strong>stas alternativas (N):<br />
a) ( ) O Zé Pereira leva ao Banco Popular R$ 5.000,00 e efetua um<br />
<strong>de</strong>pósito à vista.<br />
b) ( ) O Zé Patriota prefere efetuar <strong>de</strong>pósito à vista no Banco do Brasil.<br />
c) ( ) Já a Maria Clarineta leva ao Banco Clarim R$ 10.000,00 e efetua um<br />
<strong>de</strong>pósito a prazo.<br />
d) ( ) O Banco of London, com se<strong>de</strong> no Rio, compra do Zé Export todas as<br />
suas cambiais no valor <strong>de</strong> US$ 100.<br />
e) ( ) O Banco of New York, com se<strong>de</strong> em São Paulo, ven<strong>de</strong>u cambiais no<br />
valor <strong>de</strong> R$ 10.000,00 ao Joaquim Import.<br />
f) ( ) A empresa Zé Galo leva ao Banco Galinheiro uma duplicata para<br />
<strong>de</strong>sconto, <strong>de</strong>positando à vista no mesmo banco o dinheiro recebido.<br />
g) ( ) O Banco Confiante compra títulos da dívida pública possuídos pelos<br />
Irmãos Desconfiados.<br />
h) ( ) O Banco Morada Velha ven<strong>de</strong> uma casa a Pedro Semorada, recebendo<br />
o pagamento à vista em dinheiro.<br />
i) ( ) O Banco Semfronteira aumenta seu capital ven<strong>de</strong>ndo ações ao<br />
público.<br />
j) ( ) O Banco Central re<strong>de</strong>sconta uma duplicada em po<strong>de</strong>r do Banco<br />
Promissório, entregando papel-moeda a este último.<br />
k) ( ) A União paga aos construtores da Ferrovia da Ma<strong>de</strong>ira, sacando sobre<br />
seus <strong>de</strong>pósitos nas Autorida<strong>de</strong>s Monetárias.<br />
12. Suponha que o sistema monetário tenha apresentado, em <strong>de</strong>zembro/2004,<br />
os seguintes dados (em R$ milhões):<br />
- papel-moeda emitido: 400<br />
- moeda escritural: 600<br />
- encaixe em moeda dos Bancos Comerciais (R 1 ): 60<br />
- <strong>de</strong>mais encaixes ou reservas dos Bancos Comerciais: 240<br />
- moeda em caixa das Autorida<strong>de</strong>s Monetárias: 40<br />
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Consi<strong>de</strong>rando estes dados, o papel-moeda em circulação e o papel-moeda<br />
em po<strong>de</strong>r do público são, respectivamente:<br />
a) 600 e 240; b) 360 e 300; c) 400 e 350;<br />
d) 340 e 280; e) 400 e 300.<br />
13. Com base nos dados da questão 12, po<strong>de</strong>-se afirmar que o total <strong>de</strong> meios<br />
<strong>de</strong> pagamento (M 1 ) e a Base Monetária são, respectivamente:<br />
a) 900 e 600; b) 900 e 300; c) 590 e 890;<br />
d) 300 e 290; e) 600 e 600.<br />
14. Ainda com base nos dados da questão 12, o multiplicador dos meios <strong>de</strong><br />
pagamento será:<br />
a) 2,0; b) 1,0; c) 1,5; d) 3,0; e) 2,5.<br />
15. Supondo que o papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público (PMPP) seja 20% do<br />
total dos meios <strong>de</strong> pagamentos e que o total <strong>de</strong> encaixes (ou reservas)<br />
bancários seja 25% dos <strong>de</strong>pósitos à vista, então o multiplicador bancário<br />
dos meios <strong>de</strong> pagamento será:<br />
a) 2,0; b) 2,5; c) 3,0; d) 3,5; e) 4,0.<br />
16. No Brasil, a base monetária se compõe <strong>de</strong>:<br />
a) total do papel-moeda emitido;<br />
b) papel-moeda em circulação mais <strong>de</strong>pósitos à vista nos bancos comerciais;<br />
c) papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público mais <strong>de</strong>pósitos;<br />
d) papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público, mais encaixe em moeda dos bancos<br />
comerciais, mais <strong>de</strong>pósitos voluntários dos bancos no Banco Central e<br />
mais recolhimento compulsório;<br />
e) papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público.<br />
17. A oferta monetária (= meios <strong>de</strong> pagamento) <strong>de</strong>verá se expandir caso<br />
ocorra uma das situações abaixo, exceto:<br />
a) aumento das operações ativas do Banco Central, via resgate <strong>de</strong> títulos<br />
públicos fe<strong>de</strong>rais;<br />
b) redução da proporção do papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público em relação<br />
ao total dos meios <strong>de</strong> pagamento;<br />
c) aumento da proporção dos <strong>de</strong>pósitos à vista do público nos bancos<br />
comerciais em relação ao total <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento;<br />
d) redução da relação encaixe/<strong>de</strong>pósitos à vista dos bancos comerciais;<br />
e) aumento da taxa <strong>de</strong> recolhimento compulsório dos bancos comerciais.<br />
18. Supondo que o total <strong>de</strong> reservas ou encaixes bancários seja 40% dos<br />
<strong>de</strong>pósitos à vista, o multiplicador bancário simples dos meios <strong>de</strong> pagamento<br />
então é:<br />
a) 4,0; b) 3,5; c) 3,0; d) 2,5; e) 2,0.<br />
19. Quando o Banco Central realiza uma venda maciça <strong>de</strong> títulos públicos<br />
fe<strong>de</strong>rais, o efeito esperado é:<br />
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a) redução dos meios <strong>de</strong> pagamento e da taxa <strong>de</strong> juros;<br />
b) redução dos meios <strong>de</strong> pagamento e aumento das taxas <strong>de</strong> juros;<br />
c) aumento dos meios <strong>de</strong> pagamento e das taxas <strong>de</strong> juros;<br />
d) aumento dos meios <strong>de</strong> pagamento e queda das taxas <strong>de</strong> juros.<br />
20. São funções típicas do Banco Central, exceto:<br />
a) banco dos bancos, recebendo recolhimentos compulsórios e efetuando<br />
empréstimos <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z (re<strong>de</strong>sconto);<br />
b) banco emissor <strong>de</strong> moeda;<br />
c) agente do Tesouro Nacional;<br />
d) captador <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> poupança;<br />
e) fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional.<br />
21. O passivo monetário do balancete consolidado do sistema monetário é<br />
igual a:<br />
a) meios <strong>de</strong> pagamento (M 1 );<br />
b) base monetária;<br />
c) papel-moeda em circulação;<br />
d) reservas bancárias.<br />
22. No Brasil, a base monetária compõe-se do:<br />
a) total do dinheiro emitido pelo Banco Central;<br />
b) papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público mais os <strong>de</strong>pósitos à vista do público<br />
nos bancos comerciais;<br />
c) papel-moeda em circulação, mais os <strong>de</strong>pósitos voluntários dos bancos<br />
comerciais junto às autorida<strong>de</strong>s monetárias, mais os recolhimentos<br />
compulsórios dos bancos comerciais;<br />
d) passivo não-monetário das autorida<strong>de</strong>s monetárias.<br />
23. O passivo monetário do Banco Central é igual a:<br />
a) Reservas bancárias;<br />
b) Papel-moeda emitido;<br />
c) Meios <strong>de</strong> pagamento;<br />
d) Papel-moeda em circulação;<br />
e) Base monetária.<br />
24. O total <strong>de</strong> oferta monetária é igual a:<br />
a) total <strong>de</strong> moeda emitida pelo Banco Central;<br />
b) base monetária;<br />
c) base monetária dividida pelo multiplicador;<br />
d) papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público mais os <strong>de</strong>pósitos à vista do<br />
público nos bancos comerciais.<br />
25. A oferta monetária <strong>de</strong>verá se expandir caso ocorra uma das situações<br />
abaixo, exceto:<br />
a) aumento das operações ativas do Banco Central via aumento da<br />
emissão ;<br />
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b) redução da relação encaixe/<strong>de</strong>pósitos à vista dos bancos<br />
comerciais;<br />
c) aumento da proporção dos <strong>de</strong>pósitos à vista do público nos<br />
bancos comerciais em relação ao total <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento;<br />
d) aumento da proporção do papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público em<br />
relação ao total <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento.<br />
26. São instrumentos clássicos <strong>de</strong> controle monetário, exceto:<br />
a) operações <strong>de</strong> re<strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z;<br />
b) operações <strong>de</strong> mercado aberto;<br />
c) a limitação do volume <strong>de</strong> papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público;<br />
d) a fixação da taxa <strong>de</strong> recolhimento compulsório sobre os <strong>de</strong>pósitos<br />
à vista nos bancos comerciais.<br />
27. No sentido restrito <strong>de</strong> instrumento <strong>de</strong> política monetária, as operações <strong>de</strong><br />
mercado aberto consistem:<br />
a) num mercado on<strong>de</strong> são transacionados os mais diversos títulos<br />
públicos e bancários privados;<br />
b) num mercado on<strong>de</strong> são transacionados títulos <strong>de</strong> rentabilida<strong>de</strong><br />
não fixada;<br />
c) na compra e/ou venda <strong>de</strong> títulos públicos fe<strong>de</strong>rais pelo Banco<br />
Central;<br />
d) na compra e/ou venda <strong>de</strong> títulos públicos fe<strong>de</strong>rais e títulos privados<br />
pelos bancos comerciais e público em geral.<br />
__________________<br />
G A B A R I T O:<br />
1. d; 2. c; 3. c; 4. c; 5. a;<br />
6. b; 7. b; 8. d; 9. b; 10. c;<br />
11. aN; bN; cD; dC; eD; fC; gC; hD; iD; jN; kN.<br />
12. b; 13. a; 14. c; 15. b; 16. d;<br />
17. e; 18. d; 19. b; 20. d; 21. a;<br />
22. c; 23. e; 24. d; 25. d; 26. c; 27. c.<br />
______________<br />
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Aula 7: A Macroeconomia Keynesiana<br />
Nesta nossa 7ª aula, nós estaremos entrando<br />
no cerne da macroeconomia propriamente dita,<br />
introduzindo a chamada teoria macroeconômica<br />
keynesiana cuja principal característica é o papel<br />
do governo e <strong>de</strong> sua política fiscal (impostos e<br />
gastos governamentais) na <strong>de</strong>terminação do nível<br />
do produto e da renda agregados. Trata-se <strong>de</strong><br />
uma teoria <strong>de</strong>senvolvida em função da gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>pressão <strong>de</strong> 1929-33 e que ainda se mantém na<br />
moda nos dias <strong>de</strong> hoje, sendo rotineiramente<br />
objeto <strong>de</strong> questões nas provas <strong>de</strong> macroeconomia<br />
dos concursos públicos. Então, vamos<br />
lá!<br />
1. Introdução: O Equilíbrio com Desemprego:<br />
Clássicos x Keynesianos<br />
Até a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão <strong>de</strong> 1929-33, a questão do <strong>de</strong>semprego não<br />
causava maiores preocupações. A maioria dos economistas <strong>–</strong> formados<br />
na tradição clássica <strong>–</strong> acreditava que, eventualmente, po<strong>de</strong>ria surgir<br />
algum <strong>de</strong>semprego, mas era um fenômeno temporário que, logo, seria<br />
eliminado pelo próprio mecanismo e atuação livre das forças <strong>de</strong><br />
mercado.<br />
Esta crença dos clássicos <strong>de</strong> que o pleno emprego da mão-<strong>de</strong>-obra<br />
era a situação natural e normal da economia, baseava-se,<br />
fundamentalmente, na chamada “Lei <strong>de</strong> Say”, segundo a qual “a oferta<br />
cria sua própria <strong>de</strong>manda”.<br />
Em outras palavras, por trás da Lei <strong>de</strong> Say está o raciocínio <strong>de</strong> que<br />
os indivíduos só ofertam seus recursos produtivos <strong>–</strong> como os serviços <strong>de</strong><br />
mão-<strong>de</strong>-obra <strong>–</strong> porque <strong>de</strong>sejam comprar bens e serviços. Assim, se um<br />
aumento da oferta <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> um indivíduo produzisse 10 unida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> produtos adicionais, haveria automaticamente um aumento da<br />
<strong>de</strong>manda por bens e serviços no mesmo montante. Em conseqüência,<br />
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tudo o que fosse produzido seria consumido, não havendo razões para<br />
sub-produção ou super-produção. Não sobraria nem faltaria produto.<br />
1.1. A poupança e o investimento no sistema clássico<br />
Como se po<strong>de</strong>ria conciliar esta posição dos economistas clássicos<br />
com a existência evi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> poupança? Se as pessoas poupam é<br />
porque optaram por não gastar toda a renda que obtiveram no processo<br />
produtivo. Conseqüentemente, a oferta <strong>de</strong> produtos (que <strong>de</strong>u origem à<br />
renda) será maior que a <strong>de</strong>manda.<br />
A explicação clássica para a poupança (S) é a <strong>de</strong> que os indivíduos<br />
somente estarão dispostos a adiar o consumo, ou seja, a poupar, caso<br />
lhes seja pago um prêmio ou recompensa (juros) por este sacrifício. A<br />
quantida<strong>de</strong> poupada será, então, maior ou menor quanto maior ou<br />
menor for a taxa <strong>de</strong> juros (r).<br />
Em outras palavras, existe uma relação direta e positiva entre S e r.<br />
Se r se eleva (cai), a poupança se eleva (se reduz). Esta relação está<br />
ilustrada na Figura 1, abaixo:<br />
r<br />
S<br />
S<br />
Figura 1 Figura 2<br />
Mas, os bancos só oferecerão uma taxa <strong>de</strong> juros maior, pela<br />
poupança do público, se houver, por parte dos tomadores <strong>de</strong><br />
empréstimos, isto é, as empresas, uma <strong>de</strong>manda satisfatória. No<br />
mo<strong>de</strong>lo clássico, as firmas <strong>de</strong>mandarão estes recursos para comprarem<br />
novas máquinas, ou seja, para realizarem seus investimentos<br />
produtivos. Mas, só o farão se os retornos esperados <strong>de</strong>sses<br />
investimentos exce<strong>de</strong>rem o custo dos empréstimos <strong>–</strong> dado pela taxa <strong>de</strong><br />
juros. Daí, po<strong>de</strong>-se concluir que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentos (I) que<br />
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r<br />
I<br />
I<br />
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será efetivada (isto é, a <strong>de</strong>manda por recursos da poupança) variará<br />
inversamente à taxa <strong>de</strong> juros. Se r estiver baixa, haverá mais<br />
investimentos; se r estiver alta, haverá menos investimentos. Esta<br />
relação inversa ou negativa entre I e r está mostrada na Figura 2.<br />
Observe, agora, a Figura 3, que mostra as curvas <strong>de</strong> I e S, juntas.<br />
Nesta figura estão marcadas três taxas <strong>de</strong> juros (r , r e r ). Se, por<br />
1 0 2<br />
acaso, a taxa <strong>de</strong> juros estiver num nível muito elevado, digamos r1 ,<br />
haverá um exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> poupança sobre os investimentos e, em<br />
conseqüência, os bancos reduzirão o prêmio (r) que pagam pela<br />
poupança. Com um r menor, a poupança <strong>de</strong>ve se reduzir e o<br />
investimento aumentar. Se, ao contrário, r estiver muito baixo,<br />
digamos, se r2 , haverá muita <strong>de</strong>manda por investimentos, e faltará<br />
poupança. Em conseqüência, os bancos aumentarão r para atrair mais<br />
poupança. Com r se elevando, S aumenta e I cai. No final <strong>de</strong>ste<br />
processo, teremos um nível <strong>de</strong> r tal que igualará S e I. Na Figura 3, este<br />
nível é r .<br />
0<br />
Figura 3<br />
Há duas anotações importantes a serem feitas com relação ao<br />
sistema clássico: primeiro, neste sistema, o valor da taxa <strong>de</strong> juros é<br />
<strong>de</strong>terminado pela oferta <strong>de</strong> fundos (poupança) e pela <strong>de</strong>manda por<br />
estes fundos (investimentos). Esta é uma conclusão diferente da que foi<br />
proposta na teoria keynesiana <strong>–</strong> que diz que a taxa <strong>de</strong> juros é<br />
<strong>de</strong>terminada no mercado monetário, pela oferta e <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> moeda.<br />
Segundo, pela teoria clássica, a igualda<strong>de</strong> entre S e I ocorre sempre ao<br />
nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego (Y f ).<br />
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1.2. A crítica keynesiana<br />
Esta visão clássica dos problemas econômicos sempre foi aceita sem<br />
maiores contestações até a Gran<strong>de</strong> Depressão do início dos anos 30.<br />
Com o aprofundamento da crise econômica <strong>de</strong> 1929-33 e não havendo<br />
qualquer sinal <strong>de</strong> que a economia americana (e européia) po<strong>de</strong>ria se<br />
recuperar através da atuação das forças <strong>de</strong> mercado, os pressupostos<br />
da teoria clássica começaram a ser questionados. Isto propiciou o<br />
aparecimento <strong>de</strong> uma nova teoria para explicar, <strong>de</strong> forma mais<br />
convincente, o fenômeno da crise e sua conseqüência mais evi<strong>de</strong>nte e<br />
direta: o <strong>de</strong>semprego em massa.<br />
Esta nova escola, que <strong>de</strong>u uma verda<strong>de</strong>ira guinada na forma <strong>de</strong><br />
enfocar os problemas macroeconômicos, teve seus princípios e<br />
pressupostos expostos no livro “Teoria Geral do Emprego, dos Juros e<br />
da Moeda”, publicado em 1936 pelo economista inglês John Maynard<br />
Keynes <strong>–</strong> e que provocou uma verda<strong>de</strong>ira revolução no pensamento<br />
econômico. Esta nova interpretação dos fenômenos macroeconômicos<br />
mo<strong>de</strong>rnos conhecida como “Teoria Keynesiana” <strong>–</strong> e que será objeto <strong>de</strong><br />
nosso estudo a seguir <strong>–</strong> se assenta em três proposições importantes<br />
relativamente simples, a saber:<br />
I - Desemprego: ao contrário dos economistas clássicos, Keynes<br />
argumentou que as forças <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> uma economia<br />
po<strong>de</strong>riam não ser suficientemente fortes para levar a economia ao<br />
pleno emprego. Na realida<strong>de</strong>, o equilíbrio macroeconômico<br />
po<strong>de</strong>ria ocorrer em um nível com <strong>de</strong>semprego em gran<strong>de</strong> escala;<br />
II- Causa do <strong>de</strong>semprego: na interpretação <strong>de</strong> Keynes, o<br />
<strong>de</strong>semprego era o resultado <strong>de</strong> gastos muito baixos em bens e<br />
serviços; ou seja, o <strong>de</strong>semprego era <strong>de</strong>vido essencialmente a<br />
uma “<strong>de</strong>manda agregada insuficiente”;<br />
III- Remédio para o <strong>de</strong>semprego: para acabar com o<br />
<strong>de</strong>semprego, a única saída é aumentar a <strong>de</strong>manda agregada. E,<br />
para Keynes, a melhor maneira para isso era “aumentar os gastos<br />
governamentais”.<br />
Com esta introdução, passamos agora ao estudo da <strong>de</strong>terminação<br />
“do nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio”, <strong>de</strong> acordo com a teoria keynesiana.<br />
2. A Demanda e a ofertas agregadas<br />
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A teoria keynesiana está voltada para a chamada “<strong>de</strong>terminação do<br />
nível da renda nacional <strong>de</strong> equilíbrio” <strong>–</strong> no sentido <strong>de</strong> que a oferta<br />
agregada <strong>–</strong> isto é, a produção total <strong>de</strong> bens e serviços <strong>de</strong> uma economia<br />
<strong>–</strong> seja igual à <strong>de</strong>manda agregada <strong>–</strong> ou seja, os dispêndios da<br />
coletivida<strong>de</strong> com estes bens e serviços. Invertendo o pressuposto da Lei<br />
<strong>de</strong> Say (“a oferta cria sua própria <strong>de</strong>manda”), a abordagem keynesiana<br />
afirma que a <strong>de</strong>manda agregada <strong>de</strong>termina o nível da oferta agregada<br />
e, conseqüentemente, o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
Mais importante ainda, este equilíbrio entre oferta e <strong>de</strong>manda<br />
agregadas po<strong>de</strong> ocorrer (e geralmente ocorre) em um ponto abaixo do<br />
nível <strong>de</strong> pleno emprego (Yf ). Ou seja, a economia está em equilíbrio<br />
mas com <strong>de</strong>semprego <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e com fábricas produzindo<br />
aquém <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção. Para que a economia atinja o<br />
nível do pleno, é necessário que a <strong>de</strong>manda agregada seja aumentada<br />
através do aumento <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong> seus componentes.<br />
Mas, o que vem a ser <strong>de</strong>manda agregada? O que chamamos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda agregada (DA) é o resultado da soma das compras <strong>de</strong><br />
diferentes agentes econômicos, a saber:<br />
a) gastos <strong>de</strong> consumo privado (C ) - que são os dispêndios dos<br />
indivíduos em bens e serviços, como alimentação, vestuário,<br />
automóveis, viagens, lazer, etc.<br />
b) investimentos (I) - que são as compras <strong>de</strong> máquinas e<br />
equipamentos e edificações pelas empresas, mais as adições<br />
<strong>de</strong>sejadas ou voluntárias <strong>de</strong> estoques (não incluindo, portanto,<br />
o aumento não-planejado <strong>de</strong> estoques, isto é, os produtos nãovendidos<br />
<strong>de</strong>vido a uma insuficiente <strong>de</strong>manda);<br />
c) gastos do governo (G) - aí incluídos os dispêndios<br />
governamentais com compras <strong>de</strong> bens e serviços e com o<br />
pagamento <strong>de</strong> funcionários, para o bom funcionamento da<br />
administração pública;<br />
d) exportações (X) - traduzidas nas vendas <strong>de</strong> bens e serviços ao<br />
exterior.<br />
Ou seja,<br />
DA = C + I + G + X (1)<br />
De outro lado, temos a oferta agregada (OA) <strong>–</strong> também chamada<br />
<strong>de</strong> “oferta global” (OG) - compreen<strong>de</strong> todos os produtos disponíveis<br />
para venda no mercado interno, seja oriundos da produção interna, seja<br />
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oriundos das importações. Em outras palavras, a oferta agregada (OA)<br />
se compõe da soma do produto interno bruto, a preços <strong>de</strong> mercado (Y),<br />
mais as importações <strong>de</strong> bens e serviços (M). Ou:<br />
OA = Y + M (2)<br />
Lembrando que, em equilíbrio, a oferta agregada <strong>de</strong>ve ser igual à<br />
<strong>de</strong>manda agregada, temos:<br />
Y + M = C + I + G + X (3)<br />
e,<br />
Y = C + I + G + X - M (4)<br />
sendo (X-M) as chamadas “exportações líquidas”.<br />
Recordando que, pelas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s das contas nacionais, o valor do<br />
produto correspon<strong>de</strong> ao valor da renda gerada, po<strong>de</strong>mos concluir, a<br />
partir da equação (4) que, sabendo-se os valores dos diversos<br />
componentes da <strong>de</strong>manda agregada, encontraremos o valor da renda ou<br />
produto nacional 1 <strong>de</strong> equilíbrio (Y).<br />
Assim, nosso objetivo passa a ser o <strong>de</strong> estudar um mo<strong>de</strong>lo que nos<br />
permita encontrar este nível <strong>de</strong> equilíbrio da renda. Para facilitar nosso<br />
entendimento, dividiremos a análise em três etapas:<br />
i) primeiro, excluiremos <strong>de</strong> nosso mo<strong>de</strong>lo o governo e o setor<br />
externo;<br />
ii) <strong>de</strong>pois, incluiremos o governo; e,<br />
iii) finalmente, completaremos o mo<strong>de</strong>lo com a inclusão do setor<br />
externo.<br />
3. Mo<strong>de</strong>lo simples <strong>de</strong> dois setores: economia<br />
fechada e sem governo<br />
Numa economia muito simples, sem governo e sem setor externo,<br />
isto é, sem transações com o exterior, a renda nacional (Y) será<br />
1 Como já mostramos na Aula 4, a diferença entre o produto “interno” e o “nacional”, e entre a renda<br />
“interna” e a “nacional” resi<strong>de</strong> na “renda líquida enviada ao exterior”. Para os nossos objetivos aqui, esta<br />
diferença é irrelevante e os dois conceitos po<strong>de</strong>m ser usados <strong>de</strong> forma intercambiável, sem prejuízo da<br />
análise e <strong>de</strong> suas conclusões. No caso do presente texto, estaremos, doravante, usando os termos renda<br />
nacional <strong>de</strong> equilíbrio ou produto nacional <strong>de</strong> equilíbrio, ao invés <strong>de</strong> “interno” por serem aqueles <strong>de</strong> uso<br />
mais freqüente nos livros textos <strong>de</strong> macroeconomia.<br />
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6<br />
Comentário:
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<strong>de</strong>stinada apenas ao consumo das famílias (C) e à poupança (S), já que,<br />
não havendo governo, não há impostos. Temos, então:<br />
Y = C + S (5)<br />
Da mesma forma, o produto nacional (Y) se <strong>de</strong>stinará ao consumo<br />
das famílias (C) e aos investimentos das empresas (I), ou seja:<br />
Y = C + I (6)<br />
Pela equação (5), a poupança (S) será dada pela diferença entre a<br />
renda nacional (Y) e o consumo (C). Sendo a poupança um não-gasto,<br />
po<strong>de</strong>r-se-ia imaginar, a princípio, que a poupança seria<br />
contraproducente para a economia, uma vez que, se a renda não for<br />
gasta por quem a recebeu, haverá formação in<strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> estoques <strong>de</strong><br />
produtos numa ou noutra empresa. Esta sobra <strong>de</strong> produtos fará com<br />
que estas empresas cortem produção no momento seguinte, reduzindo<br />
o emprego e a renda nacional. Se assim é, por que, então, a poupança é<br />
bem vista por todos e até estimulada pelo governo? A resposta é muito<br />
simples: a poupança financia os investimentos produtivos das empresas.<br />
Sem poupança não há investimentos. Mas, é importante enten<strong>de</strong>r que,<br />
para que o nível da renda nacional esteja em equilíbrio, é necessário<br />
que a poupança “planejada” pelas famílias seja igual ao investimento<br />
“planejado” pelas empresas. Isto significa que, em equilíbrio,<br />
S = I (7)<br />
De acordo com a equação (6), se soubermos os valores <strong>de</strong> C e <strong>de</strong><br />
I, ou <strong>de</strong> C e S, na equação (5), encontraremos o nível da renda nacional<br />
<strong>de</strong> equilíbrio. Vejamos como calculá-la, começando pelo consumo (C):<br />
3.1. A função consumo<br />
Seguindo o raciocínio <strong>de</strong> Keynes, parece razoável afirmar que o<br />
principal <strong>de</strong>terminante do consumo é a renda disponível (Yd), isto é, o<br />
montante que as pessoas dispõem para gastar após retirados os<br />
impostos e acrescidas as transferências governamentais. No caso<br />
presente, como estamos supondo, por enquanto, que não existe<br />
governo nessa economia, não há impostos nem transferências<br />
governamentais e, portanto, a renda disponível (Yd) é igual, por<br />
<strong>de</strong>finição, à renda nacional (Y). Assim, se a renda cresce ou se reduz, o<br />
mesmo ocorrerá com o consumo, mas não necessariamente no mesmo<br />
montante.<br />
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A função consumo mostra a relação existente entre<br />
o nível das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> consumo e o nível da renda<br />
disponível.<br />
Empiricamente, <strong>de</strong>scobriu-se que o consumo correspon<strong>de</strong> a uma<br />
proporção e da renda e que esta proporção entre consumo e renda<br />
disponível é altamente estável.<br />
Mas, será que o valor do consumo total é <strong>de</strong>terminado<br />
exclusivamente pela renda disponível corrente? Como se explica, então,<br />
que pessoas que não dispõem <strong>de</strong> renda no momento presente, como é o<br />
caso daquelas que se encontram <strong>de</strong>sempregadas, consomem um<br />
mínimo que seja? Na realida<strong>de</strong>, quando se olha no agregado, percebese<br />
que uma parte do consumo total in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> renda <strong>–</strong> ou<br />
pelo menos do nível da renda corrente ou presente. Se assim é,<br />
po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir a função consumo do seguinte modo:<br />
C = a + bYd (8)<br />
on<strong>de</strong>, a = parte autônoma do consumo, 2 isto é, a parcela que<br />
não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da renda;<br />
b = fração da renda que é gasta.<br />
Esta fração b é chamada <strong>de</strong> propensão marginal a consumir (PMC)<br />
- que, na verda<strong>de</strong>, se constitui num dos mais importantes conceitos<br />
introduzidos por Keynes na análise da <strong>de</strong>terminação do nível da renda.<br />
O termo “marginal” sempre significa, em economia, um “extra” ou<br />
“adicional” qualquer <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> um acréscimo qualquer ocorrido em<br />
um variável. No caso presente, significa o adicional <strong>de</strong> consumo<br />
<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> um aumento na renda. Tecnicamente, a propensão<br />
marginal a consumir é <strong>de</strong>finida pela razão entre a variação no consumo<br />
(∆C) <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma variação na renda disponível (∆Yd) e esta<br />
variação na renda. Ou seja,<br />
∆C<br />
PMC =<br />
b =<br />
∆Yd<br />
2<br />
O traço horizontal sobre a letra significa que é um valor dado, autônomo, isto é, que não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> outra<br />
variável.<br />
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(9)<br />
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O valor <strong>de</strong> b situa-se no intervalo entre 0 e 1, valendo notar que<br />
este valor, como já se disse, é bastante estável ao longo do tempo,<br />
significando dizer que se a PMC <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> é, digamos, 0,8 ( o<br />
que equivale dizer que correspon<strong>de</strong> a 80% da renda disponível), este<br />
valor ten<strong>de</strong> a permanecer em torno <strong>de</strong>sse valor por vários anos. 3<br />
3.2. A função poupança<br />
Nem toda a renda pessoal disponível se <strong>de</strong>stina ao consumo. Uma<br />
pequena parcela se <strong>de</strong>stina à poupança (S). Po<strong>de</strong>mos dizer que a<br />
poupança correspon<strong>de</strong> à parcela da renda disponível que não é gasta.<br />
Ou:<br />
Renda disponível = consumo + poupança<br />
e,<br />
Poupança = renda disponível - consumo<br />
Em notação abreviada, temos:<br />
Yd = C + S (10)<br />
S = Yd - C (11)<br />
Para acharmos a função poupança basta substituirmos na equação<br />
(11) o valor do consumo dado pela equação (8), ou:<br />
e,<br />
S = Yd - (a + bYd)<br />
S = -a +Yd - bYd<br />
S = -a + Yd (1-b) (12)<br />
Tal como no consumo, um conceito importante com relação à<br />
poupança é a chamada propensão marginal a poupar (PMP) ou (s) e que<br />
po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como sendo a razão entre a variação na poupança,<br />
3 O estudante não <strong>de</strong>ve confundir o conceito <strong>de</strong> PMC com um outro conceito semelhante que é a “propensão<br />
média a consumir” (PMeC). Esta última é dada pela razão entre o consumo total e a renda disponível, isto é,<br />
PMeC = C/Yd ou ainda, PMeC = a+bYd/Yd<br />
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<strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma variação na renda disponível, e esta variação na<br />
renda disponível, ou:<br />
PMP = s =∆S/∆Yd (13)<br />
Note-se que, pela equação (10), a renda pessoal disponível se<br />
<strong>de</strong>stina ao consumo e à poupança. Don<strong>de</strong> se conclui que qualquer<br />
variação na renda disponível (∆Yd) será distribuída entre consumo e<br />
poupança, ou:<br />
∆Yd = ∆C + ∆S (14)<br />
Dividindo-se todos os termos da equação (14) por ∆Yd, tem-se:<br />
ou,<br />
∆Yd<br />
∆C<br />
∆S<br />
= +<br />
∆Yd<br />
∆Yd<br />
∆Yd<br />
1 = PMC + PMS (15a)<br />
ou ainda,<br />
1 = b + s<br />
e,<br />
(15b)<br />
s = 1 <strong>–</strong> b (15c)<br />
Todos esses conceitos <strong>de</strong>senvolvidos até aqui estão sumarizados na<br />
Tabela 1 que apresenta, na primeira coluna, dados hipotéticos <strong>de</strong><br />
diversos níveis <strong>de</strong> renda disponível. Na segunda coluna, aparecem os<br />
dados <strong>de</strong> consumo. Como se po<strong>de</strong> ver, o consumo cresce à medida em<br />
que a renda disponível cresce. Deve ser observado que quando a renda<br />
salta <strong>de</strong> 400 para 900 (ou ∆Yd = 500), o consumo pula <strong>de</strong> 500 para 900<br />
(ou ∆C = 400). Dividindo-se ∆C por ∆Yd, temos uma propensão<br />
marginal a consumir igual a 0,8. O mesmo ocorre quando a renda<br />
aumenta <strong>de</strong> 900 para 1.400, com o consumo passando <strong>de</strong> 900 para<br />
1.300. Se dividirmos a variação no consumo pela variação na renda<br />
disponível, para cada nível <strong>de</strong> renda, encontraremos uma propensão<br />
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marginal a consumir (b) igual a 0,8, mostrado na terceira coluna. A<br />
quarta coluna nos fornece o montante da poupança - dado pela<br />
diferença da renda disponível e respectivo consumo. Importante<br />
observar que quando a renda é muito baixa, o consumo supera a renda<br />
disponível e, portanto, a poupança é negativa (igual a -100, no caso).<br />
Já a última coluna nos dá a propensão marginal a poupar. Se a PMC =<br />
0,8, então, por <strong>de</strong>finição, a PMS é 0,2.<br />
TABELA 1<br />
Renda, consumo e poupança<br />
Renda<br />
disponível<br />
Consumo PMC (=b) Poupança PMP(=s)<br />
400 500 -100<br />
900 900 0,8 0 0,2<br />
1.400 1.300 0,8 100 0,2<br />
2.000 1.780 0,8 220 0,2<br />
2.800 2.420 0,8 380 0,2<br />
3.800 3.220 0,8 580 0,2<br />
5.000 4.180 0,8 820 0,2<br />
Deve ser enfatizado que os dados <strong>de</strong> consumo que aparecem na<br />
coluna 2 foram calculados sob a hipótese <strong>de</strong> que a propensão marginal a<br />
consumir, b, é constante ao longo do tempo - uma hipótese que é feita<br />
para tornar o cálculo mais fácil. Empiricamente, sabe-se que b<br />
apresenta-se relativamente estável mas não necessariamente<br />
constante. Registre-se que o próprio Keynes tinha sérias dúvidas com<br />
relação à constância <strong>de</strong> b, chegando mesmo a sugerir que a propensão<br />
marginal a consumir po<strong>de</strong> <strong>de</strong>clinar à medida que a renda atinge níveis<br />
mais elevados.<br />
Tanto a função consumo como a função poupança po<strong>de</strong>m ser<br />
melhor visualizadas através <strong>de</strong> gráficos. Assim, por exemplo, a<br />
Figura 4 mostra a função consumo, C = a + bYd, e a função poupança<br />
(S) supondo que não há governo e, portanto, T = 0.<br />
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Na Figura 4a. nós medimos a renda disponível no eixo horizontal e<br />
o nível do consumo no eixo vertical. A linha <strong>de</strong> 45º, por ser eqüidistante<br />
dos dois eixos, tem a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> representar, em todos os seus<br />
pontos, igualda<strong>de</strong> entre o nível <strong>de</strong> renda e a <strong>de</strong>manda agregada (no<br />
caso presente, medida pelo consumo). Observe que a função consumo,<br />
C = a + bYd, não parte da origem do gráfico e, sim, um pouco acima,<br />
no eixo vertical. A distância entre o ponto zero do gráfico e o intercepto<br />
da função consumo no eixo vertical correspon<strong>de</strong> ao consumo autônomo,<br />
a. Já a inclinação da reta do consumo é dada por b =∆C/∆Yd.<br />
C<br />
1000 a<br />
0<br />
S<br />
-a<br />
(a)<br />
(b)<br />
1000 1500<br />
Na Figura 4b. está retratada a função poupança, S = -a + Yd (1-b).<br />
Graficamente, a função poupança é <strong>de</strong>rivada da diferença vertical entre<br />
a linha <strong>de</strong> 45º e a linha do consumo. A baixos níveis <strong>de</strong> renda, como já<br />
se observou, a poupança é negativa, <strong>de</strong>vido à parcela do consumo<br />
autônomo, a. Também aqui, nós medimos no eixo horizontal a renda<br />
disponível, enquanto o eixo vertical me<strong>de</strong> o nível da poupança (negativa<br />
ou positiva).<br />
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S<br />
1000 1500<br />
Figura 4<br />
S<br />
45<br />
C<br />
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3.3. Cálculo da renda <strong>de</strong> equilíbrio<br />
Temos, agora, todos os ingredientes para achar o valor da renda <strong>de</strong><br />
equilíbrio (Ye) neste mo<strong>de</strong>lo simples on<strong>de</strong>, por hipótese, a <strong>de</strong>manda<br />
agregada tem apenas dois componentes - o consumo e o investimento.<br />
Para tanto, vamos retomar a equação (6):<br />
Y = C + I (6)<br />
Para <strong>de</strong>terminar o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio, <strong>de</strong>vemos substituir<br />
na equação os valores <strong>de</strong> C e <strong>de</strong> I. No caso do consumo, seu valor está<br />
<strong>de</strong>finido na equação (8). Quanto ao investimento, po<strong>de</strong>ríamos supor que<br />
seu valor está associado ao nível da renda ou à taxa <strong>de</strong> juros. No<br />
entanto, como estamos trabalhando, ainda, com um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
economia muito simples, vamos supor que o valor do investimento é<br />
dado exogenamente, isto é, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nenhuma outra variável e,<br />
assim, po<strong>de</strong> ser representado por (I). Mais à frente relaxaremos esta<br />
hipótese e faremos o investimento função direta do nível <strong>de</strong> renda e/ou<br />
inversa da taxa <strong>de</strong> juros. Assim, por enquanto, o valor do investimento<br />
será dado por:<br />
I = I (16)<br />
Substituindo, então, os valores <strong>de</strong> C e <strong>de</strong> I na equação (6), temos:<br />
Y = a + bYd + I (17)<br />
A renda disponível (Yd) é, por <strong>de</strong>finição, igual à renda nacional (Y)<br />
menos os impostos (T) mais as transferências governamentais (R), ou:<br />
Yd = Y - T + R (18)<br />
Na hipótese <strong>de</strong> uma economia sem governo, não há impostos nem<br />
transferências governamentais e, portanto, a renda disponível é igual à<br />
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13<br />
Comentário:
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renda nacional. Assim, po<strong>de</strong>mos substituir Yd por Y na equação (17),<br />
ficando:<br />
Y = a + bY + I (19)<br />
Agora, para achar o valor <strong>de</strong> Y, basta operar a equação (19),<br />
assim:<br />
ou,<br />
Y - bY = a + I<br />
Y(1-b) = a + I<br />
Y = (a + I)/ (1-b)<br />
Y = 1/1-b . (a + I) (20)<br />
Ou seja, pela equação (20), o valor da renda ou produto <strong>de</strong><br />
equilíbrio (Y) é dado pela soma dos gastos autônomos - no caso, (a + I)<br />
- multiplicado por um valor k <strong>de</strong>finido por:<br />
(s).<br />
k = 1/1-b (21)<br />
valendo lembrar que (1-b) equivale à propensão marginal a poupar<br />
Vejamos um exemplo numérico:<br />
Suponha que a função consumo seja dada por: C = 100 + 0,8Y e<br />
que o investimento seja: I = 500. Qual será, então, o valor <strong>de</strong> Y <strong>de</strong><br />
equilíbrio?<br />
Substituindo esses valores na equação (6), obtém-se:<br />
Y = 100 + 0,8Y + 500<br />
Y - 08Y = 600<br />
Y(1-0,8) = 600<br />
Y = 1/0,2 . 600<br />
e<br />
Y = 5 x 600 = 3.000<br />
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Assim, o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio será 3.000. E por que sabemos<br />
que este é o nível <strong>de</strong> equilíbrio? Para enten<strong>de</strong>r o porquê, vamos supor<br />
que, por alguma razão, a produção total corrente esteja situada em<br />
3.500, ao invés <strong>de</strong> em 3.000. Neste caso, os produtores estarão<br />
oferecendo no mercado bens e serviços no valor <strong>de</strong> 3.500, enquanto a<br />
<strong>de</strong>manda total é <strong>de</strong> somente 3.400 - consistindo esta <strong>de</strong> 2.900 <strong>de</strong><br />
consumo (= 100 + 0,8x3.500) mais um investimento igual a 500. Como<br />
resultado, os estoques <strong>de</strong> bens não-vendidos vão se acumular,<br />
ocorrendo o que os economistas <strong>de</strong>nominam <strong>de</strong> investimento em<br />
estoques não-<strong>de</strong>sejado.. Em conseqüência, os comerciantes vão reduzir<br />
o volume <strong>de</strong> seus pedidos às fábricas e estas, por seu turno, vão cortar<br />
produção. Neste processo, a economia regredirá até o nível <strong>de</strong> 3.000,<br />
que é o nível <strong>de</strong> produção equivalente à soma <strong>de</strong> C e I.<br />
Mas, <strong>de</strong>vemos atentar para o fato <strong>de</strong> que durante o período anterior<br />
ao ajustamento, a economia estava em <strong>de</strong>sequilíbrio, produzindo 3.500.<br />
Ocorre que toda produção <strong>–</strong> isto é, os 3.500 do exemplo - <strong>de</strong>ve se<br />
<strong>de</strong>stinar ao consumo ou ao investimento (uma vez que, por hora, o<br />
governo e o setor externo estão excluídos do mo<strong>de</strong>lo). Mas, como po<strong>de</strong><br />
haver 3.500 <strong>de</strong> consumo e investimento quando já vimos que a<br />
<strong>de</strong>manda total <strong>de</strong> consumo e investimento situa-se abaixo disso?<br />
Para respon<strong>de</strong>r esta questão, nós <strong>de</strong>vemos fazer uma distinção<br />
entre investimento <strong>de</strong>sejado e investimento efetivo. O investimento<br />
efetivo representa os expansão da fábrica, aquisições <strong>de</strong> máquinas e<br />
equipamentos e aumentos <strong>de</strong> estoques - in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />
acumulação <strong>de</strong> estoques ser <strong>de</strong>sejada ou não. Assim, com uma<br />
produção corrente <strong>de</strong> 3.500, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> consumo seria 2.900 e o<br />
investimento efetivo seria 600. Mas, o investimento <strong>de</strong>sejado - isto é, a<br />
<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> investimento - alcançaria somente 500. Ou seja, haveria<br />
um investimento não-<strong>de</strong>sejado em estoques no montante <strong>de</strong> 100. É<br />
esta acumulação in<strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> estoques que levará à redução na<br />
produção em direção ao nível <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> 3.000!<br />
Ainda nessa mesma<br />
linha <strong>de</strong> raciocínio, vale<br />
lembrar que, nesses<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação<br />
do nível da renda ou<br />
produto <strong>de</strong> equilíbrio,<br />
parte-se, em geral, da<br />
hipótese <strong>de</strong> que o<br />
DA<br />
300<br />
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I<br />
a<br />
45<br />
C+I<br />
C<br />
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consumo efetivo é igual à<br />
<strong>de</strong>manda por consumo<br />
(isto é, o consumo<br />
<strong>de</strong>sejado), já que os<br />
consumidores não po<strong>de</strong>m<br />
ser forçados a comprar<br />
bens. Eles compram<br />
simplesmente o que eles<br />
<strong>de</strong>sejam comprar. Se<br />
assim é, o equilíbrio, neste<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> dois setores,<br />
ocorre somente on<strong>de</strong> e quando o investimento <strong>de</strong>sejado é igual ao<br />
investimento efetivo, isto é, quando não há acumulação in<strong>de</strong>sejada <strong>de</strong><br />
estoques.<br />
Todo esse raciocínio po<strong>de</strong> ser melhor visualizado através da Figura 5<br />
que mostra a curva <strong>de</strong> consumo (C) e, paralela a esta, a curva da<br />
<strong>de</strong>manda agregada (DA), que correspon<strong>de</strong> à soma <strong>de</strong> C + I. A<br />
distância vertical entre a curva <strong>de</strong> consumo e a da <strong>de</strong>manda agregada é<br />
dada pelo valor do investimento (I). O equilíbrio ocorre no ponto em<br />
que a <strong>de</strong>manda agregada intercepta a linha <strong>de</strong> 45º, isto é, on<strong>de</strong> a<br />
<strong>de</strong>manda agregada é igual à renda ou produto nacional (Y). Tomando<br />
os exemplo numérico acima, o equilíbrio ocorre quando a <strong>de</strong>manda<br />
agregada e a renda ou produto nacional são iguais a 3.000. A esse nível<br />
<strong>de</strong> renda, o consumo é 2.500 (ou: C = 100 + 0,8 x 3.000) e o<br />
investimento é 500.<br />
3.4. O multiplicador dos gastos e as variações no nível da<br />
renda ou do produto <strong>de</strong> equilíbrio<br />
Po<strong>de</strong>mos constatar, no exemplo numérico acima, que o valor dos<br />
gastos autônomos (600) foi multiplicado por 5, que, no caso, é o valor<br />
<strong>de</strong> k - o chamado multiplicador dos gastos 4 . Pela equação (21), o valor<br />
<strong>de</strong>ste multiplicador <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do valor <strong>de</strong> b, isto é, da “propensão<br />
marginal a consumir”. Assim, se:<br />
b = 0,9 → k = 10;<br />
b = 0,8 → k = 5;<br />
b = 0,75 → k = 4.<br />
4 Também chamado, às vezes, <strong>de</strong> “multiplicador keynesiano dos gastos”.<br />
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Don<strong>de</strong> se conclui que, quanto maior a PMC, maior será o valor do<br />
multiplicador e vice-versa.<br />
Pela equação (20), qualquer variação nos gastos autônomos (a+I),<br />
provocará uma variação do nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio. Esta variação do<br />
nível da renda será, porém, ampliada pelo multiplicador <strong>de</strong>sses gastos.<br />
Assim, voltando aos dados do exemplo numérico anterior, suponha que<br />
os empresários <strong>de</strong>cidam elevar seus investimentos para 700 - ou seja,<br />
um acréscimo <strong>de</strong> 200. O novo valor <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> Y será:<br />
e,<br />
Y = 100 + 0,8Y + 700<br />
Y - 0,8Y = 800<br />
Y(1-0,8) = 800<br />
Y = 1/0,2 x 800<br />
Y = 5 x 800 = 4.000<br />
Ou seja, um aumento <strong>de</strong> 200 nos investimentos provocou um<br />
acréscimo <strong>de</strong> 1.000 no nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio, <strong>de</strong>vido ao<br />
multiplicador dos gastos. Don<strong>de</strong> se conclui que a variação - positiva ou<br />
negativa - que se pretenda dar ao nível da renda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá da<br />
magnitu<strong>de</strong> do multiplicador (k) e da magnitu<strong>de</strong> da variação do gasto<br />
autônomo (∆GA), isto é:<br />
∆Y = k . ∆GA (22)<br />
Mas, como se explica que um aumento <strong>de</strong> 200 nos gastos <strong>de</strong><br />
investimentos provoque um aumento <strong>de</strong> 1.000 no nível da renda <strong>de</strong><br />
equilíbrio? Ou seja, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> surge o multiplicador?<br />
A existência do multiplicador po<strong>de</strong> ser explicada da seguinte<br />
maneira: um aumento no investimento provoca, num primeiro<br />
momento, um aumento no nível da renda; este aumento na renda, por<br />
sua vez, provoca, num segundo momento, um aumento no consumo (já<br />
que o consumo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da renda); o aumento no consumo, por seu<br />
turno, provoca um novo aumento em Y ( porque Y = C + I), e assim por<br />
diante.<br />
A equação (22) nos dá uma solução para o problema <strong>de</strong> política<br />
econômica bastante comum: o que po<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>ve ser feito quando o<br />
nível corrente da renda <strong>de</strong> equilíbrio estiver abaixo ou acima do<br />
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chamado nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego (Yf)? - lembrando que Yf, em<br />
outras palavras representa o nível <strong>de</strong> produção máxima possível quando<br />
todos os recursos existentes no país estão empregados.<br />
Se o nível corrente da renda <strong>de</strong> equilíbrio estiver abaixo <strong>de</strong> Yf, a<br />
<strong>de</strong>manda agregada <strong>de</strong>verá ser estimulada; se estiver acima, <strong>de</strong>verá ser<br />
reduzida. Trata-se dos chamados hiatos <strong>de</strong>flacionários e inflacionários,<br />
que serão analisados mais à frente, <strong>de</strong>pois que introduzirmos o governo<br />
em nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada.<br />
3.5. A poupança e o investimento: o paradoxo da parcimônia<br />
Como já foi dito, neste mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> dois setores, o equilíbrio ocorre<br />
quando a poupança é igual ao investimento <strong>de</strong>sejado. Mas, é importante<br />
que, embora a poupança e o investimento <strong>de</strong>sejado sejam iguais em<br />
equilíbrio, os valores da poupança e do investimento <strong>de</strong>sejado são<br />
<strong>de</strong>terminados <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte um do outro e é bom enfatizar<br />
que a poupança não causa o investimento. Poupança é, simplesmente,<br />
o que sobra da renda, após realizado o consumo. Já o investimento<br />
<strong>de</strong>sejado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da lucrativida<strong>de</strong> esperada da nova fábrica e dos<br />
novos equipamentos e estoques.<br />
Agora, suponha que a poupança mostre uma tendência para<br />
exce<strong>de</strong>r o investimento <strong>de</strong>sejado. Imaginemos, como no exemplo<br />
numérico anterior, que o investimento <strong>de</strong>sejado seja R$ 700 e que a<br />
renda se situe no nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>de</strong> R$ 5.000 - acima do nível <strong>de</strong><br />
equilíbrio que, digamos, seria <strong>de</strong> R$ 4.000. Com uma função consumo C<br />
= 100 + 0,8Y e a<br />
renda situando-se em R$<br />
5.000, a poupança seria<br />
R$ 900, superando,<br />
portanto, o investimento<br />
<strong>de</strong>sejado. Neste caso, o<br />
nível da renda cairia até<br />
S+I<br />
Figura 6<br />
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S1<br />
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que a poupança se iguale<br />
com o investimento<br />
<strong>de</strong>sejado.<br />
Se isto é fato, seria<br />
mais apropriado dizer que<br />
S0<br />
o investimento <strong>de</strong>sejado 700<br />
causa a poupança, e não o<br />
I<br />
contrário, pelo menos no<br />
caso <strong>de</strong> uma economia 0<br />
que enfrenta <strong>de</strong>semprego<br />
3200 3500<br />
em larga escala. Se o<br />
investimento aumentasse,<br />
atingindo, portanto, R$800<br />
<strong>–</strong> o nível <strong>de</strong> equilíbrio da renda passaria, então, para R$4.500, com a<br />
poupança saltando para R$800. Em outras palavras, um aumento na<br />
<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> investimento aumenta a renda e, daí, a poupança se eleva.<br />
Mas, há um ponto mais curioso ainda nesta análise: o que <strong>de</strong>verá<br />
ocorrer caso, por exemplo, o público <strong>de</strong>cida, por uma razão qualquer,<br />
aumentar sua taxa <strong>de</strong> poupança? A resposta é simples, embora<br />
paradoxal: na prática, a poupança, longe <strong>de</strong> aumentar, provocará uma<br />
queda no nível da renda e do emprego até que o público retorne ao seu<br />
nível anterior <strong>de</strong> poupança.<br />
Esta conclusão po<strong>de</strong> ser melhor visualizada através da Figura 6. Em<br />
nosso exemplo, com o investimento <strong>de</strong>sejado em R$ 700, caso o público<br />
aumente sua taxa <strong>de</strong> poupança para 25% da renda (ou seja, a PMC<br />
passa para 0,75), a renda cairá para R$ 3.200. A este nível <strong>de</strong> renda, a<br />
poupança se igualará ao investimento <strong>de</strong>sejado (ambos serão R$ 700).<br />
Ou seja, o aumento no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> poupar não conduziu a um aumento<br />
no volume da poupança <strong>de</strong> equilíbrio, mas, sim, a uma queda no nível<br />
da renda!<br />
Na realida<strong>de</strong>, o<br />
argumento po<strong>de</strong> ser<br />
colocado <strong>de</strong> forma mais<br />
drástica ainda: caso a<br />
<strong>de</strong>manda por investimento<br />
seja uma função direta e<br />
positiva da renda - isto é,<br />
S+I<br />
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700<br />
S1<br />
S1<br />
So<br />
I=iY<br />
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o investimento cresce à<br />
medida que a renda cresce<br />
- então, um aumento no<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> poupar (ou seja,<br />
uma redução da PMC)<br />
provocará, <strong>de</strong> fato, uma<br />
queda no volume da<br />
poupança <strong>de</strong> equilíbrio, tal<br />
como mostrado na Figura<br />
7, on<strong>de</strong> a um aumento na<br />
taxa <strong>de</strong> poupança faz com<br />
que a linha da nova função<br />
poupança (S1) cruza com a curva <strong>de</strong> investimentos ao nível da renda <strong>de</strong><br />
equilíbrio igual a Y1, reduzindo, em conseqüência, a poupança para<br />
S1 (projetada no eixo vertical). A explicação para tanto é muito<br />
simples:<br />
A tentativa dos consumidores <strong>de</strong> aumentar sua taxa <strong>de</strong> poupança<br />
resultará em formação in<strong>de</strong>sejada <strong>de</strong> estoques <strong>de</strong> produtos nas fábricas,<br />
uma vez que a produção exce<strong>de</strong>rá a <strong>de</strong>manda agregada.<br />
Conseqüentemente, a renda cai até atingir um novo nível <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
Como resultado do aumento no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> poupar, poupança, <strong>de</strong> fato,<br />
cairá. Este é o conhecido paradoxo da parcimônia que, po<strong>de</strong> assim ser<br />
<strong>de</strong>scrito:<br />
Paradoxo da Parcimônia: Se, por hipótese, o<br />
investimento for uma função direta e positiva da renda, um<br />
aumento no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> poupar por parte do público acaba por<br />
reduzir o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio e, conseqüentemente, reduz<br />
a poupança a um nível abaixo do nível que vigorava antes.<br />
De todo modo, <strong>de</strong>ve ser enfatizado que o paradoxo da<br />
parcimônia só se aplica a uma economia em recessão, com <strong>de</strong>semprego<br />
em larga escala. Numa economia com excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada e<br />
inflação, uma queda na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> consumo liberará recursos para<br />
investimentos. Neste caso, um aumento no <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> poupar po<strong>de</strong><br />
assim causar um aumento na poupança e investimento <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
4. A economia com governo<br />
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4.1. Efeitos do governo na economia<br />
Vamos, agora, tornar nossa economia um pouco mais realista,<br />
incluindo o governo em nosso mo<strong>de</strong>lo. A introdução do governo no<br />
mo<strong>de</strong>lo irá afetar a <strong>de</strong>terminação do valor da renda <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> três<br />
formas:<br />
i) as compras <strong>de</strong> bens e serviços, pelo governo, irão alterar o valor<br />
da <strong>de</strong>manda agregada;<br />
ii) a arrecadação <strong>de</strong> impostos (T) alteram o valor da renda<br />
disponível (Yd) que, agora, será diferente da renda nacional; e,<br />
iii) o consumo privado (C) passa, agora, a ser função da renda<br />
disponível, <strong>de</strong> fato, e não mais da renda nacional.<br />
Numa economia com governo, a renda nacional (Y) será <strong>de</strong>stinada<br />
ao consumo (C), à poupança (S) e aos impostos (T) , ou<br />
Y = C + S + T (23)<br />
Da mesma forma, sob a outra ótica, o produto nacional (Y) se<br />
<strong>de</strong>stinará ao consumo privado (C), aos investimentos empresariais (I) e<br />
às compras do governo (G), ou seja:<br />
Y = C + I + G (24)<br />
Assim, pelas equações (22) e (23), temos:<br />
C + S + T = Y = C + I + G<br />
E a condição <strong>de</strong> equilíbrio da renda passa a ser:<br />
C + S + T = C + I + G<br />
Ou melhor, ainda:<br />
S + T = I + G (25)<br />
Desta forma, conhecendo-se os valores <strong>de</strong> C, I e G (ou os valores<br />
<strong>de</strong> C, S e T), acha-se o valor da renda <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
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Tomemos, por exemplo, o valor <strong>de</strong> Y dado pela equação (24).<br />
Como já foi dito, a função consumo, agora, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da renda<br />
nacional (Y), mas, sim, da renda disponível (Yd), ou<br />
C = a + bYd (26)<br />
A renda disponível, por seu turno, é igual à renda nacional (Y)<br />
menos os impostos (T), ou<br />
Yd = Y - T 5 (27)<br />
Observe-se que os impostos (T) po<strong>de</strong>m assumir três formas<br />
diferentes, a saber:<br />
ou:<br />
i) um valor autônomo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do nível da renda, isto é:<br />
T = T (28)<br />
ii) um valor relacionado à renda, isto é, um percentual (t) da renda,<br />
T = tY (29)<br />
ii) um valor misto, incluindo as duas formas anteriores, ou seja:<br />
T = T + tY (30)<br />
Para começar, vamos supor, por enquanto, que os impostos<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do nível da renda, isto é, T = T. Mais adiante, usaremos o<br />
imposto relacionado à renda e veremos como isto afeta o valor do<br />
multiplicador dos gastos (k). Agora, suponhamos, mais, que o governo<br />
gaste um valor qualquer, G, e os empresários <strong>de</strong>cidam investir um dado<br />
valor, I.<br />
Para acharmos o valor da renda <strong>de</strong> equilíbrio, vamos substituir<br />
estes valores na equação (24), encontrando:<br />
Y = a + b(Y - T) + I + G (31)<br />
5 Observe-se que estamos <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando as transferências governamentais ( R). Caso fôssemos incluir estas<br />
transferências, a Yd seria igual à renda nacional (Y) menos os impostos (T) líquidos das transferências ( R),<br />
ou: Yd = Y - (T-R) ou, ainda, Yd = Y <strong>–</strong> T + T + R<br />
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Para se achar o valor da renda <strong>de</strong> equilíbrio, é só operar a equação<br />
(31), assim:<br />
Y = a + bY - bT + I + G<br />
Y - bY = a - bT + I + G<br />
Y(1-b) = a - bT + I + G<br />
e,<br />
Y = (1/1-b) (a - bT + I + G) (32)<br />
Ou seja, o valor da renda <strong>de</strong> equilíbrio, mais uma vez, será dado<br />
pela soma dos gastos autônomos (GA) vezes o multiplicador, k.<br />
Pela equação (32), po<strong>de</strong>mos observar que, quando os impostos não<br />
estão relacionados à renda, isto é, quando não são uma fração da<br />
renda, o valor do multiplicador (k = 1/1-b) é igual ao do multiplicador<br />
simples <strong>de</strong> uma economia sem governo, visto anteriormente. Na<br />
verda<strong>de</strong>, a introdução do governo no mo<strong>de</strong>lo altera somente o lado dos<br />
gastos autônomos que, agora, incluem o valor do imposto, com sinal<br />
negativo (-bT), e o valor dos gastos do governo (G).<br />
Vejamos um exemplo numérico:<br />
Suponha que uma economia apresentou os seguintes dados:<br />
C = 100 + 0,9Yd; T = 500; I = 400 e G = 600.<br />
Com base nesses dados, calcule o valor da renda corrente <strong>de</strong><br />
equilíbrio (Y).<br />
Para acharmos o valor <strong>de</strong> Y, po<strong>de</strong>ríamos substituir esses dados<br />
tanto na equação (31) como na equação (32). No entanto, julgamos<br />
mais conveniente fazê-lo na equação (31) - que é a equação básica do<br />
mo<strong>de</strong>lo - enquanto a equação (32) é <strong>de</strong>rivada daquela e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos<br />
itens que naquela aparecerem.<br />
Substituindo os dados do problema na equação (31), temos:<br />
Y = 100 + 0,9(Y - 500) + 400 + 600<br />
Y = 100 + 0,9Y - 450 + 400 + 600<br />
Y - 0,9Y = 650<br />
0,1Y = 650<br />
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Y = 1/0,1 x 650<br />
Y = 10 x 650 = 6.500<br />
Conclui-se, assim, que o valor do multiplicador dos gastos (k) é 10<br />
e o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio (Y) é 6.500.<br />
4.2. Os diversos multiplicadores das variações dos gastos<br />
autônomos<br />
Pela equação (32), po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>duzir que qualquer variação num<br />
dos componentes dos gastos autônomos provocará uma mudança no<br />
valor <strong>de</strong> equilíbrio da renda que será igual à variação do gasto vezes o<br />
multiplicador, k.<br />
Ocorre que, ainda pela equação (32), enquanto as variações em G<br />
e em I são ampliadas diretamente pelo multiplicador, as variações nos<br />
impostos (∆T) serão multiplicadas por -b e, <strong>de</strong>pois, por k. Assim, os<br />
impactos <strong>de</strong> um aumento ou redução <strong>de</strong> G ou <strong>de</strong> I sobre o nível da<br />
renda <strong>de</strong> equilíbrio serão <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> diferente dos impactos <strong>de</strong> um<br />
aumento ou corte dos impostos (T). A partir <strong>de</strong>sta constatação,<br />
po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>rivar os diversos multiplicadores das variações dos gastos<br />
autônomos, a saber:<br />
i) Multiplicador das variações em G ou em I:<br />
k = 1/1-b e ∆Y = k . ∆G ou, ∆Y = k . ∆I (33)<br />
ii) Multiplicador das variações em T (quando nãorelacionado<br />
à renda):<br />
kt = (1/1-b) . (-b) ou, kt = -b/1-b e ∆Y = kt . ∆T (34)<br />
Note-se que o sinal do multiplicador dos impostos é negativo. Isso<br />
ocorre porque um aumento dos impostos reduz a renda disponível, o<br />
que, por sua vez, reduz o consumo e, daí, a <strong>de</strong>manda agregada, com<br />
impacto negativo sobre o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
Antes <strong>de</strong> prosseguirmos, é interessante observarmos a relação<br />
existente entre esses dois multiplicadores. Para tanto, vamos calcular os<br />
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valores dos multiplicadores das variações em G (ou em I) e das<br />
variações em T, supondo que a propensão marginal a consumir (b) seja:<br />
i) 0,9; ii) 0,8; iii) 0,75.<br />
Usando as fórmulas dadas pelas equações (33) e (34), temos:<br />
i) k = 1/1-0,9 = 10; e kt = -0,9/1-0,9 = -9<br />
ii) k = 1/1-0,8 = 5 e kt = -0,8/1-0,8 = -4<br />
iii) k = 1/1-0,75 = 4 e kt = -0,75/1-0,75 = -3<br />
Pelos exemplos acima, conclui-se que o valor do multiplicador dos<br />
impostos (não-relacionados à renda, voltamos a repetir) é uma unida<strong>de</strong><br />
menor que o multiplicador dos gastos (G e I), e tem o sinal negativo.<br />
iii) O multiplicador do “orçamento equilibrado”:<br />
Orçamento equilibrado ocorre quando o governo gasta exatamente<br />
o que arrecada <strong>de</strong> impostos. Caso o governo persiga este objetivo,<br />
qualquer aumento <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>verá ser financiado por um igual<br />
aumento <strong>de</strong> impostos.<br />
A questão que, agora, se coloca é a seguinte: - qual <strong>de</strong>ve ser o<br />
efeito líquido sobre o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio se o governo aumentar<br />
seus gastos em ∆G e, para tanto, aumentar os impostos no mesmo<br />
montante do aumento em G, isto é, ∆G = ∆T?<br />
Lembre-se que um aumento em G provoca um aumento em Y igual<br />
a k . ∆G, enquanto um aumento em T provoca uma queda em Y igual a<br />
kt . ∆T. Então, o efeito final sobre Y será a soma <strong>de</strong>sses dois efeitos, ou:<br />
∆Y = k . ∆G + kt . ∆T<br />
∆Y = (1/1-b) ∆G + (-b/1-b) ∆T<br />
Como ∆G = ∆T, po<strong>de</strong>mos substituir ∆T por ∆G:<br />
∆Y = (∆G/1-b) + (-b. ∆G/1-b)<br />
∆Y = ∆G(1-b/1-b)<br />
e,<br />
∆Y = ∆G<br />
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Ou seja, a variação no nível <strong>de</strong> renda (∆Y) será igual à variação do<br />
gasto do governo (∆G). Don<strong>de</strong> se conclui que, se o governo aumentar<br />
seus gastos e os impostos no mesmo montante (∆G=∆T), provocará um<br />
aumento na renda <strong>de</strong> equilíbrio num valor igual à variação orçamentária<br />
(∆Y=∆G=∆T). Este fato é conhecido na teoria macroeconômica como o<br />
Teorema do Orçamento Equilibrado.<br />
Mas, resta a pergunta: qual a magnitu<strong>de</strong> do multiplicador do<br />
“orçamento equilibrado”? Para respon<strong>de</strong>r esta pergunta <strong>de</strong>vemos<br />
recordar que ∆Y = k . ∆G. Como ∆Y=∆G, então, neste caso, k = 1!<br />
Vale lembrar que esta conclusão <strong>de</strong> que o multiplicador (k) do<br />
orçamento equilibrado é igual a 1 só é válida na hipótese <strong>de</strong> os impostos<br />
(T) não serem relacionados à renda. Como se verá mais adiante, caso<br />
os impostos sejam relacionados à renda, o multiplicador do orçamento<br />
equilibrado é, ainda, positivo, sendo, porém, menor que 1!<br />
4.3. Hiato <strong>de</strong>flacionário e hiato inflacionário<br />
Um importante conceito macroeconômico é o <strong>de</strong> “renda <strong>de</strong> pleno<br />
emprego” (Yf) - que correspon<strong>de</strong> àquele nível ao qual todos os fatores<br />
<strong>de</strong> produção, particularmente a mão-<strong>de</strong>-obra, estão empregados. Atingir<br />
e permanecer ao nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego é o objetivo maior <strong>de</strong><br />
todos os governos e, geralmente, as políticas e medidas governamentais<br />
estão voltadas para este fim.<br />
Ocorre, no entanto, que, por várias razões, o nível corrente da<br />
renda <strong>de</strong> equilíbrio po<strong>de</strong> estar, em <strong>de</strong>terminado momento ou período,<br />
abaixo ou mesmo acima do nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego,<br />
<strong>de</strong>correndo <strong>de</strong>ssa constatação dois conceitos importantes:<br />
i) Hiato <strong>de</strong>flacionário - correspon<strong>de</strong> à diferença entre o nível<br />
da renda <strong>de</strong> pleno emprego (Yf) e o nível da renda corrente <strong>de</strong><br />
equilíbrio, estando esta abaixo daquela. Tal situação implica<br />
que parte dos recursos produtivos da economia estão<br />
<strong>de</strong>sempregados, e geralmente é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>manda<br />
agregada <strong>de</strong>ficiente. Para se atingir o pleno emprego, faz-se<br />
necessário, então, que se estimule a <strong>de</strong>manda agregada, o<br />
que, na teoria keynesiana, se traduz na adoção <strong>de</strong> medidas<br />
fiscais, como:<br />
a) aumento dos gastos do governo (∆G); e/ou<br />
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b) redução <strong>de</strong> impostos (∆T) 6 .<br />
E qual <strong>de</strong>verá ser a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas medidas? Isto vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />
do valor do multiplicador dos gastos (ou dos impostos) e da magnitu<strong>de</strong><br />
do hiato <strong>de</strong>flacionário. Lembre-se que neste caso, o hiato inflacionário<br />
correspon<strong>de</strong>rá à variação na renda corrente - isto é, ∆Y - necessária<br />
para que se atinja o nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego.<br />
ii) Hiato inflacionário - correspon<strong>de</strong> tal hiato à diferença entre o<br />
nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego e o nível corrente da renda<br />
<strong>de</strong> equilíbrio, estando esta acima daquela. Isto <strong>de</strong>corre do fato<br />
<strong>de</strong> que a <strong>de</strong>manda agregada está exacerbada, situando-se<br />
acima da oferta agregada máxima possível da economia. Ao<br />
contrário do que alguns po<strong>de</strong>riam imaginar, tal situação<br />
acarreta muitos inconvenientes como, por exemplo, o<br />
surgimento <strong>de</strong> pressões inflacionárias e junto com estas vêm<br />
as incertezas e instabilida<strong>de</strong>s macroeconômicas. Também aqui<br />
faz-se necessária a adoção <strong>de</strong> medidas fiscais - segundo o<br />
mo<strong>de</strong>lo keynesiano - voltadas para redução da <strong>de</strong>manda<br />
agregada, citando-se:<br />
a) corte ou redução dos gastos do governo; e/ou<br />
b) aumento dos impostos.<br />
Mais uma vez, a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas medidas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá do valor<br />
do multiplicador e <strong>de</strong> quanto será necessário reduzir o nível da renda<br />
corrente para que esta retorne ao nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego.<br />
4.4. A hipótese dos impostos relacionados à renda<br />
Até agora, vimos tratando os impostos como se fossem<br />
autônomos, isto é, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do nível da renda. Tal hipótese foi<br />
adotada para uma melhor e mais fácil compreensão do processo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminação do nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio e da atuação dos<br />
multiplicadores das variações dos gastos e dos impostos.<br />
No entanto, <strong>de</strong>vemos admitir que, no mundo real, raramente nos<br />
<strong>de</strong>frontamos com impostos específicos ou autônomos. Mais<br />
realisticamente <strong>de</strong>vemos supor que os impostos sejam relacionados<br />
6 Eventualmente, até mesmo um aumento nas transferências governamentais (∆R) po<strong>de</strong>ria provocar um<br />
aumento no consumo e, daí, um aumento na <strong>de</strong>manda agregada, elevando, via multiplicador, o nível da renda<br />
<strong>de</strong> equilíbrio.<br />
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com ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do nível <strong>de</strong> renda. Mais realista ainda seria supor<br />
que os impostos têm dois componentes: um componente autônomo (T)<br />
e um componente que é uma função t da renda, ou seja:<br />
T = T + tY (35)<br />
Com essa hipótese, a equação (31) ficaria assim:<br />
Y = a + b(Y -T -tY) + I + G (36)<br />
Para se achar o valor da renda <strong>de</strong> equilíbrio, basta operar a<br />
equação (36), assim:<br />
Y = a + bY - bT - btY + I + G<br />
Y - bY + btY = a + bT + I + G<br />
Y (1 - b + bt) = a - bT + I + G<br />
1<br />
Y =<br />
( )( a − bt + I + G)<br />
(37)<br />
1−<br />
b + bt<br />
Verifica-se, pela equação (37) que, com a introdução do imposto<br />
como função da renda, o multiplicador se altera. Antes, o multiplicador<br />
era dado por:<br />
k = 1/1-b<br />
Agora, o multiplicador teve seu <strong>de</strong>nominador ampliado e, em<br />
conseqüência, o valor da fração se reduziu, sendo dado por:<br />
4.5. Os estabilizadores automáticos<br />
k = 1/1-b+bt (38)<br />
Foi visto que, quando o governo aumenta seus gastos ou mesmo<br />
quando os empresários aumentam seus investimentos, um processo <strong>de</strong><br />
multiplicação <strong>de</strong>sses gastos entra em funcionamento, ampliando seus<br />
efeitos finais sobre o nível da renda ou produto <strong>de</strong> equilíbrio. Caso, no<br />
entanto, os impostos sejam relacionados à renda, o efeito do<br />
multiplicador é enfraquecido pois todo aumento que se verificar na<br />
renda provocará um aumento nas receitas tributárias, reduzindo a renda<br />
diponível e, daí, o consumo induzido. No final das contas, com o imposto<br />
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relacionado à renda, o impacto na renda <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> um<br />
aumento nos gastos do governo acaba sendo menor do que seria, caso<br />
os impostos fossem autônomos.<br />
O mesmo ocorre na hipótese oposta, isto é, <strong>de</strong> uma redução dos<br />
gastos do governo ou dos gastos <strong>de</strong> investimento <strong>–</strong> o que reduzirá a<br />
renda <strong>de</strong> equilíbrio. Mas, sendo os impostos relacionados à renda, a<br />
arrecadação tributária automaticamente cairá, reduzindo o impacto da<br />
redução dos gastos sobre o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio. Por reduzir o<br />
impacto sobre a renda <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>ssas variações nos gastos do<br />
governo ou nos gastos <strong>de</strong> investimentos, costuma-se chamar o imposto<br />
associado à renda <strong>de</strong> estabilizador automático.<br />
Há vários outros estabilizadores automáticos, como, por exemplo,<br />
a contribuição previ<strong>de</strong>nciária <strong>–</strong> que aumenta quando a renda aumenta e<br />
se reduz quando a renda se reduz. Um outro exemplo é o auxílio<br />
<strong>de</strong>semprego. Num recessão, com <strong>de</strong>semprego, a renda cai bastante,<br />
reduzindo, daí, o consumo agregado. No entanto, a queda na renda é<br />
compensada, parcialmente, pelos pagamentos do auxílio <strong>de</strong>semprego. O<br />
inverso ocorre quando o emprego cresce e a renda cresce.<br />
5. O mo<strong>de</strong>lo com governo e a economia aberta<br />
Quando abrimos a economia, <strong>de</strong>vemos introduzir no mo<strong>de</strong>lo as<br />
exportações líquidas <strong>de</strong> bens e serviços (X-M) e, assim, teremos o<br />
mo<strong>de</strong>lo completo, tal como <strong>de</strong>finido na equação (4), do início <strong>de</strong>ste<br />
capítulo:<br />
Y = C + I + G + X - M (4)<br />
As funções consumo, investimento e gastos do governo<br />
permanecem como na equação (31). Os impostos po<strong>de</strong>m ou não ser<br />
função da renda. No caso presente, permaneceremos com a hipótese <strong>de</strong><br />
que os impostos são função da renda (tY) e ainda têm um componente<br />
autônomo (T)<br />
Assim, resta apenas <strong>de</strong>finir as variáveis X e M. Em princípio,<br />
po<strong>de</strong>mos supor que as exportações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m exclusivamente da<br />
<strong>de</strong>manda externa e, como tal, seu valor é <strong>de</strong>terminado exogenamente,<br />
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isto é, fora do mo<strong>de</strong>lo 7 . Neste caso, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir o valor das<br />
exportações como sendo um dado autônomo, ou:<br />
X = X (39)<br />
Quanto às importações, os registros históricos mostram que elas<br />
são altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do ritmo da ativida<strong>de</strong> econômica, ou seja,<br />
são uma função do nível da renda (mY), mas, também, apresentam um<br />
componente autônomo (M), não relacionado à renda. Assim,<br />
M = M + mY (40)<br />
A exemplo da função consumo, o coeficiente m é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong><br />
propensão marginal a importar.<br />
Já temos, agora, as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> todas as variáveis e po<strong>de</strong>mos,<br />
então, achar o valor da renda <strong>de</strong> equilíbrio. Para tanto, basta substituir<br />
os valores <strong>de</strong> C, I, G, X e M na equação (4), obtendo, então:<br />
Y = a + b(Y - T - bY) + I + G + X - M <strong>–</strong> mY<br />
Y = a + bY - bT - btY + I + G + X - M - mY<br />
Y - bY + btY + mY = a - bT + I + G + X - M<br />
Y(1 - b + bt + m) = a - bT + I + G + X - M<br />
(41)<br />
Y = (1/1-b+bt+m) (a - bT + I + G + X - M) (42)<br />
Pela equação (42), po<strong>de</strong>mos verificar que, com a introdução das<br />
importações como função da renda, o <strong>de</strong>nominador foi acrescido do<br />
coeficiente m e, com isso, o valor do multiplicador se reduziu, tornandose,<br />
portanto, menor do que o encontrado para uma economia fechada.<br />
Desta última afirmativa po<strong>de</strong>mos tirar outra conclusão<br />
importante: a magnitu<strong>de</strong> do multiplicador k <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em última análise,<br />
das variáveis da <strong>de</strong>manda agregada que forem função do nível da<br />
renda. Assim, por exemplo, ao introduzirmos a hipótese <strong>de</strong> que os<br />
impostos eram função <strong>de</strong> Y, o multiplicador se reduziu pelo acréscimo,<br />
no <strong>de</strong>nominador do multiplicador, do coeficiente dos impostos, t. Da<br />
mesma forma, fazendo as importações uma função m da renda, o<br />
7 Atente-se para o fato <strong>de</strong> que em mo<strong>de</strong>los macroeconômicos mais complexos, além da <strong>de</strong>manda externa, as<br />
exportações são também influenciadas pela relação <strong>de</strong> preços domésticos vis a vis os preços externos e pela<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio vigente.<br />
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multiplicador tornou-se menor ainda, com a adição <strong>de</strong>ste coeficiente<br />
àquele <strong>de</strong>nominador. Neste raciocínio, po<strong>de</strong>mos imaginar a hipótese <strong>de</strong><br />
serem os investimentos também uma função da renda, assumindo, por<br />
exemplo, um formato do tipo<br />
I = I + iY (43)<br />
on<strong>de</strong>, I = componente autônomo dos investimentos, e<br />
i = coeficiente que po<strong>de</strong>ria ser chamado <strong>de</strong> “propensão<br />
marginal a investir”, que <strong>de</strong>fine o volume <strong>de</strong> investimentos em função<br />
da renda.<br />
Adotando-se esta hipótese em nosso mo<strong>de</strong>lo, o valor do<br />
multiplicador, k, será novamente alterado. E, sendo os investimentos<br />
função do nível <strong>de</strong> renda, qual será o novo valor <strong>de</strong> k? Deixamos a<br />
resposta a cargo do aluno.<br />
* * *<br />
Com essas colocações, encerramos esta nossa 7ª Aula. A seguir, e como<br />
sempre, são apresentados alguns exercícios <strong>de</strong> revisão e fixação sobre os mo<strong>de</strong>los<br />
keynesianos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação do nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
Nossa próxima aula versará sobre o mo<strong>de</strong>lo IS-LM que é uma continuação<br />
natural do que vimos nesta 7ª aula. Até lá.<br />
________________________<br />
EXERCÍCIOS DE REVISÃO E FIXAÇÃO (Gabarito no final)<br />
1. De acordo com a Lei <strong>de</strong> Say:<br />
a) a <strong>de</strong>manda cria sua própria oferta.<br />
b) a poupança <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> exclusivamente do nível <strong>de</strong> renda.<br />
c) a oferta cria sua própria <strong>de</strong>manda.<br />
d) o nível do produto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> só da <strong>de</strong>manda agregada.<br />
e) o investimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> estímulos do governo.<br />
2. De acordo com a teoria clássica:<br />
a) a poupança <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da renda e o investimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> juros.<br />
b) a poupança <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> juros e o investimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da renda.<br />
c) a taxa <strong>de</strong> juros influencia diretamente o nível do produto e da renda.<br />
d) somente o investimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> juros.<br />
e) tanto a poupança como o investimento são funções da taxa <strong>de</strong> juros.<br />
3. No mo<strong>de</strong>lo keynesiano, a função consumo:<br />
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a) relaciona-se negativamente ao nível da renda disponível.<br />
b) relaciona-se positivamente ao nível da renda disponível.<br />
c) não se relaciona com o nível da renda disponível.<br />
d) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> juros.<br />
e) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, exclusivamente, da <strong>de</strong>cisão do indivíduo.<br />
4. A propensão marginal a consumir é a razão entre:<br />
a) a variação no consumo e a variação na renda disponível;<br />
b) a variação no consumo e a renda disponível;<br />
c) o consumo total e a variação na renda disponível;<br />
d) o consumo total e a renda disponível total;<br />
e) o consumo total e a renda total.<br />
5. Se uma família consome CR$ 8.000 quando sua renda disponível (Yd) é CR$ 10.000 e consome<br />
mais CR$ 2.400 quando Yd aumenta CR$ 3.000, sua propensão marginal a consumir (PMgC) é:<br />
a) 0,75; b) 0,9; c) 0,85; d) 0,8; e) 0,7.<br />
6. Dada a função consumo: C = a + bY d , está incorreta a afirmativa:<br />
a) a é a parte autônoma do consumo;<br />
b) a propensão marginal a consumir é b;<br />
c) a propensão marginal a poupar (PMgS) é = Y <strong>–</strong> a <strong>–</strong> b;<br />
d) a propensão média a consumir (PMeC) = (a + bY d )/Y;<br />
e) somente a afirmativa (c) está incorreta.<br />
7. A propensão média a consumir (PMeC) é a relação entre:<br />
a) a variação no consumo e a renda total;<br />
b) a variação no consumo e a renda disponível;<br />
c) o consumo total e a renda total;<br />
d) a variação no consumo e o consumo total;<br />
e) o consumo total e a renda disponível.<br />
8. Ao contrário dos clássicos, para Keynes a poupança:<br />
a) é uma função inversa da taxa <strong>de</strong> juros.<br />
b) é uma função direta do nível da renda disponível.<br />
c) é uma função direta do nível dos investimentos.<br />
d) é uma função direta da taxa <strong>de</strong> juros.<br />
e) é uma função inversa do nível da renda disponível.<br />
9.De acordo com a teoria keynesiana, dada a função consumo:<br />
C = a + bY d , a poupança será <strong>de</strong>finida por:<br />
a) S = <strong>–</strong>a + Y d (1 - b)<br />
b) S = <strong>–</strong>a<br />
c) S = <strong>–</strong>bY d<br />
d) S = + a <strong>–</strong> Y d (1 - b)<br />
e) S = Y <strong>–</strong> bYd<br />
10. A “eficiência marginal do investimento” é <strong>de</strong>finida como:<br />
a) a taxa <strong>de</strong> retorno <strong>de</strong> um projeto que se situar acima da taxa <strong>de</strong> juros do mercado;<br />
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b) a taxa <strong>de</strong> retorno <strong>de</strong> um projeto que for igual à taxa <strong>de</strong> juros do mercado;<br />
c) a taxa <strong>de</strong> retorno esperada <strong>de</strong> um investimento durante a vida <strong>de</strong> um projeto;<br />
d) a taxa <strong>de</strong> juros sobre as aplicações financeiras;<br />
e) a taxa <strong>de</strong> juros aplicada sobre a poupança.<br />
11. De acordo com a função consumo: C = a + bYd, é incorreto afirmar:<br />
a) “consumo autônomo” é a parte do consumo que não se relaciona à renda;<br />
b) “consumo induzido” é a parte do consumo que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> renda disponível;<br />
c) o consumo total é dado pela soma do “consumo autônomo” mais o “consumo induzido”;<br />
d) o principal componente da função consumo é o “componente autônomo”;<br />
e) o fator b é <strong>de</strong>finido com a “propensão marginal a consumir”.<br />
12. Se a PMgC = 0,75, o valor do multiplicador é:<br />
a) 5; b) 10; c) 4; d) 3; e) 2,5.<br />
13. Existe um “hiato inflacionário” quando:<br />
a) a oferta agregada exce<strong>de</strong> o nível <strong>de</strong> equilíbrio da renda corrente (Ye);<br />
b) o nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego é maior que o nível da renda corrente;<br />
c) o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio corrente é maior que o nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego;<br />
d) o nível da oferta agregada está acima da <strong>de</strong>manda agregada;<br />
e) o nível <strong>de</strong> equilíbrio da renda corrente é igual ao nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego.<br />
14. O “hiato <strong>de</strong>flacionário” ocorre quando:<br />
a) a renda <strong>de</strong> equilíbrio corrente está abaixo da oferta agregada;<br />
b) a renda <strong>de</strong> equilíbrio corrente exce<strong>de</strong> o nível <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> pleno emprego;<br />
c) o nível dos investimentos é maior que o da poupança;<br />
d) a <strong>de</strong>manda agregada é maior que a oferta agregada;<br />
e) o nível <strong>de</strong> equilíbrio da renda corrente situa-se abaixo da renda <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> pleno<br />
emprego.<br />
15. Se a PMgC é 0,75 e se existe um hiato inflacionário igual a CR$ 100 bilhões, numa economia<br />
sem governo e sem setor externo, a variação necessária nos investimentos para se atingir o nível<br />
do pleno emprego será (em CR$ bilhões):<br />
a) 100; b) 10; c) 20; d) 5; e) 25.<br />
16. Sendo Y = C + I e a = 200; b = 0,9; I = 500, então o valor da renda <strong>de</strong> equilíbrio será:<br />
a) 8.000; b) 7.000; c) 6.000; d) 5.000; e) 4.000.<br />
17. Retornando aos dados iniciais da questão anterior, e supondo que os empresários aumentem<br />
seus investimentos em 50 bilhões, a expansão na renda <strong>de</strong> equilíbrio será:<br />
a) 500; b) 50; c) 200; d) 100; e) 250.<br />
18. Numa economia com governo e fechada, on<strong>de</strong> os impostos não são relacionados à renda, o<br />
valor do multiplicador dos gastos:<br />
a) será menor que o multiplicador dos gastos simples;<br />
b) será maior que o multiplicador simples;<br />
c) será igual a 1;<br />
d) será igual ao multiplicador dos gastos sem governo;<br />
e) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos gastos do governo.<br />
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19. Sendo C = 100 + 0,8Y d ; T = 200; R = 100; G = 500 e I = 300, o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio<br />
será:<br />
a) 3.100; b) 3.500; c) 4.000; d) 4.100; e) 4.500.<br />
20. Se o nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego for 6.000, e consi<strong>de</strong>rando os dados iniciais da questão<br />
anterior, <strong>de</strong> quanto <strong>de</strong>verá ser o aumento nos gastos autônomos (G ou I) para que a economia<br />
atinja o pleno emprego?<br />
a) 180; b) 190; c) 380; d) 390; e) nenhuma <strong>de</strong>ssas.<br />
21. Ainda com base nos dados iniciais da questão 19, o valor do multiplicador dos gastos<br />
autônomos e o dos impostos serão, respectivamente:<br />
a) 5 e <strong>–</strong>5; b) <strong>–</strong>5 e 5; c) <strong>–</strong>4 e 5; d) 5 e <strong>–</strong>4; e) 5 e 4.<br />
22. Com os mesmos dados da questão 19, o valor do multiplicador do “orçamento equilibrado”<br />
será:<br />
a) 1; b) 2; c) 3; d) 4; e) 5.<br />
23. Com os mesmos dados da questão 19, e supondo que a renda <strong>de</strong> pleno emprego (Y f ) seja 5.100,<br />
quanto o governo <strong>de</strong>verá gastar a mais para que a renda atinja o pleno emprego, supondo que<br />
o “orçamento seja equilibrado”?<br />
a) 100; b) 300; c) 600; d) 1.000; e) 1.300.<br />
24. Supondo os dados da questão 19, e que Y f seja 5.100, <strong>de</strong> quanto <strong>de</strong>verá ser a variação dos<br />
impostos para que a renda atinja o pleno emprego (Y f )?<br />
a) -250; b) -200; c) -1.000; d) -500; e) -100.<br />
25.Supondo que C = 200 + 0,75Y d e que I = 400; G = 500 e que a função imposto seja<br />
T = 400 + 0,2Y; e R = 200, o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio será:<br />
a) 2.300; b) 2.275; c) 2.350; d) 2.325; e) 2.375.<br />
26. Sendo a PMgC = 0,8 e os impostos (T) = 200, o nível <strong>de</strong> equilíbrio da renda crescerá R$ 500<br />
bilhões se:<br />
a) ocorrer um aumento <strong>de</strong> R$ 100 bilhões nos impostos e CR$ 100 bilhões nos gastos do<br />
governo;<br />
b) ocorrer um aumento <strong>de</strong> R$ 125 bilhões nos impostos e um aumento <strong>de</strong> R$ 200 bilhões nos<br />
gastos do governo;<br />
c) ocorrer uma redução <strong>de</strong> R$ 500 bilhões nas receitas <strong>de</strong> impostos;<br />
d) ocorrer um aumento <strong>de</strong> R$ 500 bilhões no dispêndio do governo;<br />
e) ocorrer um aumento <strong>de</strong> R$ 200 bilhões no consumo.<br />
27. No mo<strong>de</strong>lo completo Y = C + I + G + X - M, sendo C = 40 + 0,8Y d ; T = 0,2Y; I = 200;<br />
G = 300; X = 100 e M = 40 + 0,14Y, o multiplicador dos gastos será:<br />
a) 1; b) 1,5; c) 2,5; d) 2; e) 3,5.<br />
28. Consi<strong>de</strong>rando os dados da questão anterior, o nível da renda corrente <strong>de</strong> equilíbrio será:<br />
a) 1.200; b) 1.000; c) 1.100; d) 1.280; e) 1.240.<br />
29. Estabilizadores automáticos são:<br />
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a) ações do governo para mo<strong>de</strong>rar a queda da renda;<br />
b) aumentos dos gastos governamentais para aliviar a situação dos <strong>de</strong>sempregados;<br />
c) mudanças automáticas nas receitas tributárias e nas transferências quando a economia se<br />
afasta do nível do pleno emprego;<br />
d) mudanças discricionárias nos gastos autônomos;<br />
e) mudanças discricionárias nos impostos.<br />
30. Suponha que uma economia apresenta os seguintes dados:<br />
C = 60 + 0,8Y d ; T = 50 + 0,2Y; I = 100 + 0,2Y; G = 200; X = 40 e M = 20 + 0,04Y. Neste<br />
caso, o valor do multiplicador (k) e o níel da renda <strong>de</strong> equilíbrio serão, respectivamente<br />
a) 1 e 1.300; b) 2 e 1.400; c) 3 e 1.500; d) 4 e 1.600; e) 5 e 1.700<br />
_______________________<br />
GABARITO:<br />
1. c; 2. e; 3. b; 4. a; 5. d; 6. c;<br />
7. c; 8. b; 9. a; 10. c; 11. d; 12. c;<br />
13. c; 14. e; 15. e; 16. b; 17. b; 18. d;<br />
19. d; 20. c; 21. d; 22. a; 23. d; 24. a;<br />
25. e; 26. b; 27. d; 28. a; 29. c; 30. e.<br />
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Aula 8: O SISTEMA IS - LM E AS POLÍTICAS<br />
FISCAL E MONETÁRIA<br />
8.1. Introdução<br />
Na aula anterior, nós estudamos o mo<strong>de</strong>lo<br />
keynesiano on<strong>de</strong> a política fiscal se constitui no<br />
principal instrumento para dinamizar a economia.<br />
Nós agora vamos mostrar que nem só <strong>de</strong> política<br />
fiscal vive a economia. Uma outra escola - a dos<br />
chamados “monetaristas” <strong>–</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a tese <strong>de</strong> que a<br />
política monetária é o principal, se não o único,<br />
instrumento que <strong>de</strong>ve ser acionado para a ativação<br />
da economia. De fato, há situações em que a política<br />
monetária é um instrumento mais po<strong>de</strong>roso do que a<br />
política fiscal. Em outras, a situação se inverte.<br />
Nesta Aula 8, nós vamos analisar com mais<br />
<strong>de</strong>talhe a atuação <strong>de</strong>ssas duas políticas <strong>–</strong> a fiscal e a<br />
monetária <strong>–</strong> verificando como e quando cada uma<br />
<strong>de</strong>ve ser usada. Isso é feito, em Economia, através<br />
do chamado “Sistema IS-LM”, conforme se vê a<br />
seguir.<br />
Conforme você teve oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver na Aula 7, anterior, as<br />
medidas <strong>de</strong> política fiscal consistem nas variações para mais ou<br />
para menos nos gastos do governo e nas variações para mais ou<br />
para menos no nível <strong>de</strong> impostos. Você viu, também, que essas<br />
medidas são um po<strong>de</strong>roso instrumento para alterar o nível da<br />
renda <strong>de</strong> equilíbrio em função, principalmente, dos multiplicadores<br />
que ampliam seus efeitos sobre a renda.<br />
Esta ênfase na atuação da política fiscal como principal<br />
instrumento <strong>de</strong> ativação da economia é, geralmente, associada à<br />
chamada “escola keynesiana” que via no aumento dos gastos<br />
governamentais a única saída para estimular a <strong>de</strong>manda agregada<br />
e, daí, acabar com a recessão e o <strong>de</strong>semprego.<br />
Mas, alternativamente e a bem da verda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>-se<br />
argumentar que as alterações no nível do produto e da renda não<br />
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ocorrem exclusivamente por efeito da política fiscal. Tais<br />
alterações po<strong>de</strong>m ser provocadas, também, por medidas <strong>de</strong><br />
política monetária. Neste caso, em vez <strong>de</strong> atuar com medidas <strong>de</strong><br />
aumentos ou reduções <strong>de</strong> gastos governamentais e <strong>de</strong> impostos, o<br />
governo po<strong>de</strong>ria, através do Banco Central, reduzir ou aumentar a<br />
oferta monetária, via emissão <strong>de</strong> moeda e <strong>de</strong> operações <strong>de</strong><br />
mercado aberto, alterando, em conseqüência, a taxa <strong>de</strong> juros <strong>–</strong> o<br />
que po<strong>de</strong>rá afetar o volume dos investimentos privados, que se<br />
constitui em importante componente da <strong>de</strong>manda agregada.<br />
A análise conjunta da atuação das políticas fiscal e monetária<br />
permite, em princípio, duas conclusões: primeiro, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das<br />
condições apresentadas por uma economia em recessão, as duas<br />
políticas são eficazes para levar a economia até o pleno emprego;<br />
e, segundo, há circunstâncias em que apenas a política fiscal se<br />
torna eficaz, enquanto, em outras situações, somente é eficaz a<br />
política monetária.<br />
8.2. O Sistema IS-LM<br />
O estudo da atuação, simultânea ou não, e dos efeitos das<br />
políticas fiscal e monetária sobre o nível da renda ou produto <strong>de</strong><br />
equilíbrio, é feito, em macroeconomia, através do chamado<br />
sistema IS-LM <strong>–</strong> materializado em duas curvas que representam<br />
situações <strong>de</strong> equilíbrio no mercado <strong>de</strong> produtos e no mercado<br />
monetário.<br />
8.2.1. A curva IS<br />
Para você enten<strong>de</strong>r a análise que faremos mais adiante sobre o<br />
papel e a atuação das políticas fiscal e monetária, é essencial que<br />
você conheça as especificida<strong>de</strong>s das duas curvas <strong>–</strong> a IS e a LM <strong>–</strong><br />
bem como elas funcionam e se comportam quando são alteradas<br />
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algumas variáveis <strong>de</strong> política econômica. Comecemos pela curva<br />
IS.<br />
A IS é uma curva que mostra combinações <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> renda<br />
(Y) e <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> juros (r) que equilibram o chamado “mercado <strong>de</strong><br />
produtos”, no sentido <strong>de</strong> que a poupança social <strong>–</strong> dada esta pela<br />
soma da poupança propriamente dita (S) e dos impostos (T) <strong>–</strong> é<br />
igual à soma dos gastos <strong>de</strong> investimentos (I) e dos gastos do<br />
governo (G).<br />
Ou seja, S + T = I + G.<br />
Por essa <strong>de</strong>finição, constata-se que, para cada nível <strong>de</strong> renda<br />
(Y) existe uma e somente uma taxa <strong>de</strong> juros (r) que equilibra ou<br />
torna iguais a chamada poupança social (S+T) e os gastos <strong>de</strong><br />
investimentos (I) mais as <strong>de</strong>spesas governamentais (I+G).<br />
Derivação da curva IS<br />
No mo<strong>de</strong>lo IS-LM, a poupança (S), por hipótese, é função da<br />
renda (Y) <strong>–</strong> tal como no mo<strong>de</strong>lo keynesiano. Isso significa que, se<br />
Y crescer, S também crescerá e vice-versa. Já o investimento (I),<br />
por hipótese, é uma função inversa da taxa <strong>de</strong> juros (r) <strong>–</strong> tal como<br />
no mo<strong>de</strong>lo da escola clássica. Ou seja, se r cair, o investimento<br />
aumentará e vice-versa.<br />
Com essas duas hipóteses, e partindo do pressuposto <strong>de</strong> que<br />
G = I, é necessário que se encontrem os valores <strong>de</strong> Y e <strong>de</strong> r que<br />
fazem S = I.<br />
Graficamente, a <strong>de</strong>rivação da curva IS po<strong>de</strong> ser assim<br />
explicada: suponha que o nível <strong>de</strong> renda se situe em Y <strong>–</strong> gerando<br />
1<br />
uma poupança S <strong>–</strong> o que exige uma taxa <strong>de</strong> juros r que <strong>de</strong>ter-<br />
1 1<br />
mina um nível <strong>de</strong> investimentos igual à S (Figura 8.1). Caso o<br />
1<br />
nível <strong>de</strong> renda aumente para Y , a poupança crescerá para S <strong>–</strong> o<br />
2 2<br />
que exigirá uma queda na taxa <strong>de</strong> juros para r para que o investi-<br />
2<br />
mento aumente até se igualar com S . Agora, a combinação <strong>de</strong> Y<br />
2 2<br />
com r gera um novo ponto <strong>de</strong> equilíbrio entre S e I.<br />
2<br />
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O mesmo raciocínio se aplica, caso o nível <strong>de</strong> renda cresça até<br />
Y , gerando uma poupança maior (S<br />
3 3 ) <strong>–</strong> o que exigirá uma nova<br />
redução na taxa <strong>de</strong> juros para, digamos, r , <strong>de</strong> forma a estimular<br />
3<br />
o investimento até se igualar à nova poupança. A combinação <strong>de</strong><br />
Y com r gera um novo ponto <strong>de</strong> equilíbrio entre S e I. Assim,<br />
3 3<br />
ligando os diversos pontos <strong>de</strong> combinação <strong>de</strong> diferentes níveis <strong>de</strong> Y<br />
com diferentes níveis <strong>de</strong> r, <strong>de</strong>rivamos a curva IS que aparece na<br />
Figura 8.1.<br />
A inclinação da curva IS<br />
Figura 8.1.<br />
Como se po<strong>de</strong> ver pela Figura 8.1, a curva IS é negativamente<br />
inclinada refletindo o fato <strong>de</strong> que um aumento na taxa <strong>de</strong> juros<br />
reduz os gastos <strong>de</strong> investimentos, reduzindo a <strong>de</strong>manda agregada<br />
e, conseqüentemente, reduzindo o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio. De<br />
que, então, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a inclinação da curva IS? Ou seja, o que faz a<br />
curva IS ser mais ou menos inclinada?<br />
Em primeiro lugar, a inclinação da IS <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da elasticida<strong>de</strong><br />
do investimento em relação à taxa <strong>de</strong> juros, isto é, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />
sensibilida<strong>de</strong> ou resposta do investimento em relação às variações<br />
na taxa <strong>de</strong> juros. Quanto mais elástico ou mais sensível for o<br />
investimento em relação às variações na taxa <strong>de</strong> juros, menos<br />
inclinada (mais <strong>de</strong>itada) é a curva IS, e vice-versa.<br />
Em segundo lugar, a inclinação da IS <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, também, da<br />
magnitu<strong>de</strong> do multiplicador dos gastos (k). Quanto maior k, maior<br />
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será o efeito <strong>de</strong> uma variação dos investimentos sobre o nível da<br />
renda <strong>de</strong> equilíbrio e, portanto, menos inclinada é a curva IS <strong>–</strong> e<br />
vice-versa. Conforme foi visto no mo<strong>de</strong>lo keynesiano mostrado na<br />
Aula 7 anterior, é bom lembrar que a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> k <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>,<br />
essencialmente, da propensão marginal a consumir (b) e da<br />
alíquota do imposto (t) <strong>–</strong> relembrando, também, que quanto maior<br />
b e menor t, maior será o k.<br />
A posição da curva IS<br />
A posição da curva IS <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do volume dos gastos totais,<br />
isto é, <strong>de</strong> C + I + G, on<strong>de</strong> C é função da renda disponível (Yd), o<br />
investimento (I) tem um componente autônomo (I) e ainda é<br />
função inversa da taxa <strong>de</strong> juros (ou seja, I = I <strong>–</strong> ir), e G é um<br />
valor autônomo, dado (G=G).<br />
Na figura 8.2., o ponto A correspon<strong>de</strong> a um dado volume <strong>de</strong><br />
gastos iniciais <strong>de</strong> C + I + G, para uma dada taxa <strong>de</strong> juros (r ).<br />
1<br />
Caso ocorra um aumento nos gastos do governo (∆G), a curva IS<br />
se <strong>de</strong>sloca para I’S’. Mantida a mesma taxa <strong>de</strong> juros r , a<br />
1<br />
economia se <strong>de</strong>slocaria para o ponto B. Neste ponto, o nível <strong>de</strong><br />
investimento é o mesmo que em A (porque a taxa <strong>de</strong> juros<br />
continua a mesma). A magnitu<strong>de</strong> do <strong>de</strong>slocamento da IS até I’S’ é<br />
dada pelo montante da variação em G vezes o multiplicador (k).<br />
Figura 8.2.<br />
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Se, por acaso, a taxa <strong>de</strong> juros cair para r , a economia se<br />
2<br />
<strong>de</strong>sloca para o ponto C por efeito do aumento nos gastos <strong>de</strong><br />
investimentos. Observe que em C, o nível dos gastos do governo é<br />
o mesmo que em A, tendo crescido apenas os investimentos como<br />
conseqüência da queda na taxa <strong>de</strong> juros. Vale registrar, ainda,<br />
que, se o governo reduzir a alíquota do imposto (t), a renda<br />
pessoal disponível se elevará e, daí, haverá um aumento do<br />
consumo (C) para toda e qualquer taxa <strong>de</strong> juros. Em<br />
conseqüência, a curva IS se <strong>de</strong>sloca, da mesma forma, para a<br />
direita.<br />
De tudo o que foi dito até aqui, <strong>de</strong>ve ficar claro que a curva IS<br />
se <strong>de</strong>slocará para a esquerda sempre que houver uma redução nos<br />
gastos do governo e/ou um aumento no nível dos impostos. Pelo<br />
mesmo raciocínio, a curva IS se <strong>de</strong>slocará para a direita sempre<br />
que o governo aumentar seus gastos e/ou reduzir os impostos.<br />
Temos, assim, um razoável grau <strong>de</strong> informação sobre a curva<br />
IS e seu funcionamento. Passemos, agora, à curva LM.<br />
8.2.2 A curva LM<br />
A curva LM mostra combinações <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> renda (Y) e <strong>de</strong><br />
taxas <strong>de</strong> juros (r) que fazem o mercado monetário ficar<br />
equilibrado, no sentido <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>manda por moeda é igual à<br />
oferta <strong>de</strong> moeda.<br />
Para você enten<strong>de</strong>r o funcionamento da curva LM, comecemos<br />
por <strong>de</strong>finir “moeda” (M). No sistema LM, moeda são os “meios <strong>de</strong><br />
pagamento” <strong>de</strong> uma economia, ou seja, a soma do papel-moeda<br />
em po<strong>de</strong>r do público mais os <strong>de</strong>pósitos à vista do público nos<br />
bancos comerciais 1 .<br />
Essas duas formas <strong>de</strong> moeda apresentam duas características<br />
principais: primeiro, ambas servem como meio <strong>de</strong> troca ou <strong>de</strong><br />
pagamento; e, segundo, nenhuma <strong>de</strong>las proporciona retorno, isto<br />
é, não ren<strong>de</strong> juros. De outra parte, a maioria dos outros ativos<br />
financeiros <strong>–</strong> que chamaremos, por conveniência, <strong>de</strong> títulos <strong>–</strong><br />
1 Se você não se lembra <strong>de</strong>sses conceitos, dê uma revisada na Aula 6!<br />
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propiciam um retorno ao seu possuidor e não po<strong>de</strong>m ser usados<br />
como pagamento nas transações.<br />
Assim conceituado, po<strong>de</strong>-se dizer que a riqueza <strong>de</strong> um<br />
indivíduo consistirá <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong> ativos <strong>–</strong> moeda e títulos <strong>–</strong> e<br />
cabe a ele escolher como será a distribuição <strong>de</strong> sua riqueza entre<br />
esses dois ativos. Caso ele opte por mais moeda, diremos que ele<br />
está <strong>de</strong>mandando moeda; se sua opção for por mais títulos, sua<br />
<strong>de</strong>manda por moeda será, então, reduzida. De qualquer forma, é<br />
preciso lembrar que, como qualquer mercado, o mercado<br />
monetário tem uma <strong>de</strong>manda e uma oferta. Primeiramente, vamos<br />
examinar o lado da <strong>de</strong>manda por moeda; <strong>de</strong>pois, examinaremos a<br />
oferta.<br />
8.2.3. A <strong>de</strong>manda por moeda<br />
Inicialmente, a questão que se coloca é: <strong>–</strong> o que leva um<br />
indivíduo a <strong>de</strong>mandar ou a reter mais moeda e, portanto, menos<br />
títulos, e vice-versa? Quais as razões ou motivos que po<strong>de</strong>riam<br />
influir na sua quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> moeda e na sua<br />
preferência por títulos? Aqui, valem duas observações<br />
importantes: primeira, quando dissermos que o indivíduo<br />
“<strong>de</strong>mandará moeda”, não po<strong>de</strong>mos esquecer que isso significa que<br />
ele estará optando por <strong>de</strong>ixar sua riqueza sob uma das formas <strong>de</strong><br />
meios <strong>de</strong> pagamento (geralmente, <strong>de</strong>pósitos à vista); segunda,<br />
sua <strong>de</strong>manda por moeda (Md) <strong>de</strong>ve ser, sempre, formulada em<br />
termos reais, isto é, Md/P. Deve ficar claro, assim, que “<strong>de</strong>manda<br />
por moeda” significa o mesmo que <strong>de</strong>manda por saldos ou<br />
encaixes reais, como aparece geralmente nos livros textos <strong>de</strong><br />
macroeconomia.<br />
Assim dito, e consi<strong>de</strong>rando a abordagem keynesiana da<br />
<strong>de</strong>manda por moeda, po<strong>de</strong>mos dizer que há três razões ou<br />
motivos que levam um indivíduo a manter maior ou menor<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda, a saber:<br />
i) Demanda para a transação (Mt)<br />
O primeiro motivo para se <strong>de</strong>mandar moeda seria a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se manter moeda para efetuar os pagamentos <strong>de</strong><br />
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luz, gasolina, colégios e <strong>de</strong>mais compras, ao longo do mês. A esse<br />
motivo chamaremos <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por moeda para transação.<br />
Po<strong>de</strong>mos supor que, à medida que a renda do indivíduo se eleva,<br />
maior será o seu nível <strong>de</strong> gastos e, portanto, maior será a sua<br />
<strong>de</strong>manda por moeda para aten<strong>de</strong>r esses gastos. Ou seja, a<br />
<strong>de</strong>manda por moeda para transação aumenta com o aumento do<br />
nível da renda. Matematicamente,<br />
Mt = kY (1)<br />
on<strong>de</strong>, k correspon<strong>de</strong> à fração da renda que é mantida sob a<br />
forma <strong>de</strong> moeda para transação, sendo k’ positiva 2 .<br />
ii) Demanda por precaução (Mp)<br />
Uma segunda razão <strong>–</strong> pouco mencionada na literatura<br />
econômica <strong>–</strong> que leva um indivíduo a reter ou <strong>de</strong>mandar moeda é<br />
o chamado motivo precaucional <strong>–</strong> que se traduz na necessida<strong>de</strong><br />
sentida pelo indivíduo <strong>de</strong> reter moeda “extra” para cobrir alguma<br />
eventualida<strong>de</strong>, ou um fato inesperado, como no caso <strong>de</strong> uma<br />
doença ou do surgimento <strong>de</strong> um negócio <strong>de</strong> ocasião. Um exemplo<br />
muito comum ocorre quando o indivíduo, ao planejar uma viagem,<br />
opta por <strong>de</strong>ixar no banco um certo montante <strong>de</strong> dinheiro, além do<br />
necessário para pagar as <strong>de</strong>spesas normais da viagem, com o<br />
objetivo <strong>de</strong> cobrir <strong>de</strong>spesas inesperadas que po<strong>de</strong>m<br />
eventualmente surgir ao longo da viagem.<br />
A exemplo do caso anterior, esta <strong>de</strong>manda por moeda por<br />
precaução também está diretamente ligada em nível <strong>de</strong> renda do<br />
indivíduo e, como tal, po<strong>de</strong> perfeitamente ser incluída ou somada<br />
à Mt, sem prejuízo da análise.<br />
iii) Demanda especulativa <strong>de</strong> moeda (Me)<br />
Um terceiro e importante motivo que leva o indivíduo a optar<br />
por mais ou por menos moeda é, sem dúvida, a taxa <strong>de</strong> juros (r).<br />
De uma forma geral, po<strong>de</strong>mos esperar que um aumento na taxa<br />
2 k' positiva significa, em matemática, que a <strong>de</strong>rivada primeira é positiva; ou seja, um aumento do nível <strong>de</strong><br />
renda <strong>–</strong> Y <strong>–</strong> provoca também um aumento na <strong>de</strong>manda por moeda para transações. A relação é entre <strong>de</strong>manda<br />
por moeda e nível <strong>de</strong> renda é, portanto, direta.<br />
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<strong>de</strong> juros <strong>–</strong> isto é, na taxa <strong>de</strong> retorno dos títulos <strong>–</strong> fará com que o<br />
indivíduo <strong>de</strong>man<strong>de</strong> mais títulos e menos moeda, e vice-versa. Por<br />
esse raciocínio, po<strong>de</strong>mos também afirmar que, se a taxa <strong>de</strong> juros<br />
estiver muito alta, a maioria das pessoas optará por ter apenas<br />
títulos, mas se a taxa <strong>de</strong> juros estiver muito baixa, a maioria das<br />
pessoas preferirá manter seus ativos sob a forma <strong>de</strong> moeda, na<br />
expectativa <strong>de</strong> que a taxa <strong>de</strong> juros irá aumentar quando, então,<br />
aplicarão em títulos. Esse comportamento do indivíduo diante <strong>de</strong><br />
variações da taxa <strong>de</strong> juros <strong>de</strong>nomina-se <strong>de</strong>manda especulativa <strong>de</strong><br />
moeda que, pelo que foi visto, guarda uma relação inversa ou<br />
negativa com a taxa <strong>de</strong> juros. Ou seja, se r se elevar, cai a<br />
<strong>de</strong>manda por moeda (ou aumenta a <strong>de</strong>manda por títulos); se r<br />
cair, aumenta a <strong>de</strong>manda por moeda (ou cai a <strong>de</strong>manda por<br />
títulos). Matematicamente,<br />
sendo h’ negativa.<br />
Me = hr (2)<br />
A <strong>de</strong>manda total por moeda<br />
A função <strong>de</strong>manda por moeda ou por saldos reais (Md/P) é<br />
expressa pela soma dos dois componentes acima, ou seja:<br />
Md/P = kY + hr (3)<br />
Já que nesse mo<strong>de</strong>lo existem apenas dois ativos <strong>–</strong> moeda e<br />
títulos <strong>–</strong> e consi<strong>de</strong>rando uma dada riqueza, sempre que a<br />
<strong>de</strong>manda por moeda aumentar <strong>–</strong> seja por aumento na renda, seja<br />
por queda na taxa <strong>de</strong> juros <strong>–</strong> a <strong>de</strong>manda por títulos cairá, já que a<br />
<strong>de</strong>manda por títulos é simplesmente o inverso da <strong>de</strong>manda por<br />
moeda.<br />
A Figura 8.3 mostra a função <strong>de</strong>manda por moeda das<br />
equações (1), (2) e (3). A Figura 8.3a apresenta a <strong>de</strong>manda por<br />
moeda para transações (kY), para três diferentes níveis <strong>de</strong> renda.<br />
Como no eixo vertical aparece a taxa <strong>de</strong> juros (r), a curva <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda por moeda para transações se torna vertical, indicando<br />
que este componente da <strong>de</strong>manda por moeda não é afetado por r.<br />
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Já a Figura 8.3b representa a <strong>de</strong>manda por moeda para<br />
especulação. A curva se apresenta negativamente inclinada,<br />
mostrando a relação inversa entre taxa <strong>de</strong> juros e a <strong>de</strong>manda<br />
especulativa por moeda. Pelo que se observa, quando a taxa <strong>de</strong><br />
juros se situa em níveis elevados, a <strong>de</strong>manda por moeda é<br />
praticamente nula, mas à medida em que r cai, a <strong>de</strong>manda<br />
especulativa por moeda vai aumentando. Quando r atinge um<br />
nível consi<strong>de</strong>rado mínimo, a <strong>de</strong>manda por moeda se torna<br />
horizontal, indicando que, a esse nível <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> juros, todos os<br />
indivíduos preferirão moeda em vez <strong>de</strong> títulos (tecnicamente, dizse,<br />
então, que nesse ponto a <strong>de</strong>manda por moeda é infinitamente<br />
elástica à taxa <strong>de</strong> juros).<br />
Figura 8.3a Figura 8.3b<br />
Figura 8.3c<br />
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Somando-se os dois componentes da <strong>de</strong>manda por moeda<br />
(kY + hr), obtemos o gráfico da Figura 8.3c, on<strong>de</strong> as três curvas<br />
mostram a <strong>de</strong>manda total <strong>de</strong> moeda, para diferentes níveis <strong>de</strong><br />
renda (Y , Y , Y ). Por ali se vê que a posição da curva <strong>de</strong><br />
1 2 3<br />
<strong>de</strong>manda total <strong>de</strong> moeda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> renda, isto é,<br />
quanto maior a renda, maior a <strong>de</strong>manda por moeda para<br />
transação e, portanto, mais distante do eixo vertical se situa a<br />
curva. Já o formato da curva <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do componente <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
especulativa por moeda. Como a <strong>de</strong>manda por moeda se torna<br />
horizontal a baixas taxas <strong>de</strong> juros, a Figura 8.3c mostra o conjunto<br />
<strong>de</strong> curvas convergindo para a posição horizontal quando a taxa <strong>de</strong><br />
juros está muito baixa, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do nível <strong>de</strong> renda.<br />
8.2.4. A oferta e <strong>de</strong>manda por moeda e a taxa <strong>de</strong> juros<br />
Vamos, agora, introduzir a oferta <strong>de</strong> moeda em nosso mo<strong>de</strong>lo.<br />
Em princípio, po<strong>de</strong>mos fazer a hipótese, bastante provável, <strong>de</strong> que<br />
a quantida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> oferta monetária (Ms/P) é <strong>de</strong>terminada pelo<br />
Banco Central. A este órgão se atribui o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> controlar o nível<br />
<strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z do sistema econômico, colocando ou retirando moeda<br />
da economia <strong>de</strong> acordo com seus próprios critérios. Nesse caso,<br />
diz-se que a oferta <strong>de</strong> moeda é exógena ao mo<strong>de</strong>lo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />
do nível <strong>de</strong> renda ou da taxa <strong>de</strong> juros e, como tal, aparece como<br />
uma linha vertical.<br />
Conforme mostra a Figura 8.4, partindo da oferta monetária real<br />
Ms /P inicial, caso o Banco Central resolva aumentar a quantida<strong>de</strong><br />
0<br />
<strong>de</strong> moeda em circulação, a curva <strong>de</strong> oferta monetária se <strong>de</strong>sloca<br />
para a direita (para Ms /P ou até para Ms /P).<br />
1 2<br />
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Figura 8.4<br />
Agora, vamos colocar as duas curvas <strong>–</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda e <strong>de</strong> oferta<br />
monetária <strong>–</strong> num mesmo gráfico, conforme aparece na Figura 8.5.<br />
Dado o nível <strong>de</strong> preços (P), teremos uma <strong>de</strong>manda por moeda<br />
Md , <strong>de</strong>finida para o nível <strong>de</strong> renda (Y ). Consi<strong>de</strong>rando que o<br />
1 1<br />
estoque real <strong>de</strong> moeda seja Ms /P, teremos a taxa <strong>de</strong> juros r ,<br />
1 1<br />
estabelecida pela igualda<strong>de</strong> entre a Ms /P e a Md /P. Caso o Banco<br />
1 1<br />
Central aumente a oferta real <strong>de</strong> moeda, a Ms se <strong>de</strong>sloca para a<br />
direita até Ms /P, forçando uma redução na taxa <strong>de</strong> juros.<br />
2<br />
Figura 8.5<br />
Agora, consi<strong>de</strong>re a Figura 8.6, que mostra, para um dado nível<br />
<strong>de</strong> preços e para uma dada oferta monetária, diversas curvas <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda por moeda a partir <strong>de</strong> diferentes níveis <strong>de</strong> renda. Por ali<br />
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se verifica que, à medida que a renda cai <strong>de</strong> Y para Y e Y , a taxa<br />
3 2 1<br />
<strong>de</strong> juros <strong>de</strong> equilíbrio do mercado monetário também cai para r e<br />
2<br />
r . Isto ocorre porque, quando a renda diminui, cai também a<br />
3<br />
<strong>de</strong>manda por moeda para transações, aumentando, em<br />
conseqüência, a <strong>de</strong>mandada por títulos <strong>–</strong> o que, por sua vez, força<br />
uma queda no retorno propiciado pelos mesmos, isto é, na taxa <strong>de</strong><br />
juros.<br />
Figura 8.6<br />
De tudo o que foi dito até aqui, verifica-se que a condição <strong>de</strong><br />
equilíbrio no mercado monetário é encontrada ao se igualar a<br />
função <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> moeda à oferta exogenamente dada, ou:<br />
Ms/P = Md/P = kY + hr (4)<br />
A partir <strong>de</strong>ssas consi<strong>de</strong>rações, temos, agora, condições <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>rivar a curva LM.<br />
8.2.5. Derivação da curva LM<br />
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Na Figura 8.7a estão mostradas combinações <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> juros<br />
e níveis <strong>de</strong> renda que tornam a <strong>de</strong>manda por moeda (ou por<br />
encaixes reais) igual à oferta monetária. Ao nível da renda Y , a<br />
1<br />
curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por moeda correspon<strong>de</strong> a L . Com a oferta<br />
1<br />
monetária dada por Ms/P, a oferta e a <strong>de</strong>manda por moeda se<br />
igualam no ponto E <strong>–</strong> que correspon<strong>de</strong> à taxa <strong>de</strong> juros r . Na<br />
1 1<br />
Figura 8.7b, o ponto E correspon<strong>de</strong> à combinação do nível <strong>de</strong><br />
1<br />
renda Y com a taxa <strong>de</strong> juros r que equilibra o mercado<br />
1 1<br />
monetário. O ponto E correspon<strong>de</strong>, assim, a um ponto na curva<br />
1<br />
LM.<br />
Figura 8.7a Figura 8.7b<br />
Suponha, agora, que a renda cresça até Y . Na Figura 8.7a, este<br />
2<br />
aumento na renda provoca um aumento na <strong>de</strong>manda por moeda<br />
para transação, <strong>de</strong>slocando a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por moeda para<br />
L . Com a oferta monetária mantida constante, o aumento na<br />
2<br />
<strong>de</strong>manda por moeda faz com que a taxa <strong>de</strong> juros se eleve até r <strong>–</strong><br />
2<br />
para que o equilíbrio no mercado monetário seja restabelecido.<br />
Temos, então, um novo ponto <strong>de</strong> equilíbrio (E2 ) que, transportado<br />
para a Figura 8.7b, nos dá uma nova combinação <strong>de</strong> renda e taxa<br />
<strong>de</strong> juros (Y e r ) que equilibra a oferta com a <strong>de</strong>manda por<br />
2 2<br />
moeda. Repetindo a mesma experiência para outros níveis <strong>de</strong><br />
renda, geraremos mais pontos que mostram combinações <strong>de</strong> Y e<br />
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<strong>de</strong> r que equilibram a oferta e a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> moeda. Ligando<br />
todos esses pontos teremos a curva LM.<br />
Como po<strong>de</strong>mos ver, a curva LM é positivamente inclinada,<br />
refletindo o fato <strong>de</strong> que, com uma dada oferta monetária, um<br />
aumento no nível <strong>de</strong> renda aumenta a <strong>de</strong>manda por encaixes<br />
monetários <strong>–</strong> o que, como já foi explicado, força um aumento na<br />
taxa <strong>de</strong> juros.<br />
A inclinação da curva LM<br />
Em princípio, po<strong>de</strong>mos afirmar que quanto maior for a<br />
<strong>de</strong>manda por moeda para transações, isto é, quanto maior for a<br />
elasticida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>manda por moeda em relação à renda, medida<br />
por k, e quanto menos sensível ou menos elástica à taxa <strong>de</strong> juros<br />
for a <strong>de</strong>manda por moeda, mais inclinada será a curva LM. Em<br />
outras palavras, se a <strong>de</strong>manda por moeda for muito insensível à<br />
taxa <strong>de</strong> juros, então h (na equação 4) estará próxima <strong>de</strong> zero, e a<br />
curva LM é quase vertical. Se, por outro lado, a <strong>de</strong>manda por<br />
moeda é muito sensível à taxa <strong>de</strong> juros, então h é muito gran<strong>de</strong> e,<br />
portanto, a curva LM é quase horizontal.<br />
A posição da curva LM<br />
Na Figura 8.8a, está <strong>de</strong>senhada a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda real por<br />
moeda, para um dado nível <strong>de</strong> renda Y . Com uma oferta<br />
1<br />
monetária real inicial (Ms /P), o equilíbrio monetário é dado no<br />
1<br />
ponto E , ao nível da taxa <strong>de</strong> juros, r . Na Figura 8.8b, o ponto E<br />
1 1 1<br />
correspon<strong>de</strong> a um ponto na curva LM.<br />
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Figura 8.8a Figura 8.8b<br />
Suponha, agora, que haja um aumento na oferta monetária<br />
real, <strong>de</strong>slocando a curva <strong>de</strong> oferta monetária para Ms /P. Na Figura<br />
2<br />
8.8a, com uma dada renda, Y , este aumento da oferta monetária<br />
1<br />
provoca uma queda na taxa <strong>de</strong> juros para r , <strong>de</strong> forma a manter o<br />
2<br />
equilíbrio no mercado monetário. O novo equilíbrio é restabelecido<br />
no ponto E , que, transportado para a Figura 8.8b, causa um<br />
2<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva LM para a direita e para baixo, até L’M’. Ou<br />
seja, para cada nível <strong>de</strong> renda, um aumento da oferta monetária<br />
faz com que a taxa <strong>de</strong> juros caia para induzir as pessoas a reterem<br />
mais moeda. Alternativamente, para uma dada taxa <strong>de</strong> juros, o<br />
nível <strong>de</strong> renda tem que ser mais alto para que aumente a<br />
<strong>de</strong>manda por moeda para transações, <strong>de</strong> modo a absorver o<br />
excesso <strong>de</strong> oferta monetária.<br />
8.3. O equilíbrio nos mercados <strong>de</strong> produtos e<br />
monetário<br />
Tendo <strong>de</strong>rivado a curva IS <strong>–</strong> que nos fornece os pares r-Y que<br />
equilibram o mercado <strong>de</strong> produtos <strong>–</strong> e a curva LM <strong>–</strong> que nos dá os<br />
pares r-Y que equilibram o mercado monetário, colocaremos,<br />
agora, as duas curvas num mesmo gráfico. Vale lembrar que as<br />
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equações que <strong>de</strong>finem o equilíbrio <strong>de</strong>sses mercados são dadas<br />
por:<br />
S + T = I <strong>–</strong> ir + G ou ainda, Y = C + I <strong>–</strong> ir + G (mercado <strong>de</strong><br />
produtos)<br />
e<br />
Ms/P = kY + hr (mercado monetário)<br />
Resolvendo simultaneamente essas duas equações, encontramos<br />
um único par r-Y, na intersecção das curvas IS e LM, que <strong>de</strong>fine o<br />
equilíbrio em ambos os mercados. Na Figura 8.9, o equilíbrio<br />
econômico é dado pelo par ro, Yo. Todas as <strong>de</strong>mais combinações<br />
r-Y são pontos fora do equilíbrio. Consi<strong>de</strong>remos, por exemplo, o<br />
ponto A, <strong>de</strong>finido por r Y . Como se trata <strong>de</strong> um ponto sobre a IS,<br />
1 1<br />
o mercado <strong>de</strong> produtos está em equilíbrio, mas, estando fora da<br />
curva LM, o mercado monetário está em <strong>de</strong>sequilíbrio. Neste<br />
mercado, dado Y , a taxa <strong>de</strong> juros <strong>de</strong>veria ser mais baixa do que r<br />
1 1<br />
para que o mercado monetário ficasse em equilíbrio.<br />
Figura 8.9.<br />
À taxa <strong>de</strong> juros r , há um excesso <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> moeda. Em<br />
1<br />
outros termos, os indivíduos estão tentando comprar títulos,<br />
aumentando, assim, seus preços e elevando a taxa <strong>de</strong> juros.<br />
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O mesmo raciocínio se aplica ao ponto B, <strong>de</strong>finido por r , Y .<br />
2 2<br />
Nesse ponto, o mercado monetário está em equilíbrio, mas, como<br />
está fora da IS, o mercado <strong>de</strong> produtos está fora do equilíbrio.<br />
Nesse mercado, dado Y , a taxa <strong>de</strong> juros está muito alta e há,<br />
2<br />
portanto, um excesso <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> produtos. Para se atingir o<br />
equilíbrio, a taxa <strong>de</strong> juros <strong>de</strong>veria cair para estimular o<br />
investimento, aumentando a <strong>de</strong>manda agregada até igualá-la com<br />
a oferta.<br />
8.4. A Atuação das Políticas Fiscal e Monetária<br />
Como vimos, então, o equilíbrio macroeconômico se dá na<br />
intersecção das curvas IS-LM, que <strong>de</strong>fine uma combinação r-Y que<br />
equilibra os dois mercados <strong>–</strong> o <strong>de</strong> produto e o monetário.<br />
Ocorre, porém, que este equilíbrio po<strong>de</strong> ocorrer em um nível <strong>de</strong><br />
renda abaixo do nível <strong>de</strong> pleno emprego (Yf ) <strong>–</strong> o que significa que<br />
a <strong>de</strong>manda agregada está abaixo da oferta potencial da economia.<br />
Ou seja, há <strong>de</strong>semprego em nível <strong>de</strong> renda corrente <strong>de</strong> equilíbrio e<br />
cabe ao governo adotar medidas que estimulem a <strong>de</strong>manda<br />
agregada, aumentando, daí, o produto corrente <strong>de</strong> equilíbrio e<br />
reduzindo ou mesmo eliminando o <strong>de</strong>semprego.<br />
Para atingir tal objetivo, o governo po<strong>de</strong>ria acionar tanto a<br />
política fiscal, como a política monetária. Vejamos os efeitos <strong>de</strong><br />
cada uma <strong>de</strong>ssas políticas:<br />
8.4.1 Efeitos da política fiscal<br />
Já sabemos que as medidas <strong>de</strong> política fiscal se materializam<br />
através <strong>de</strong> variações nos gastos do governo (∆G) e <strong>de</strong> variações<br />
em nível <strong>de</strong> impostos (∆T). Para analisarmos a atuação da política<br />
fiscal, suponha que a economia esteja em equilíbrio em nível <strong>de</strong> r ,<br />
0<br />
Y , na Figura 8.10 <strong>–</strong> um nível abaixo, portanto, do nível <strong>de</strong> renda<br />
0<br />
<strong>de</strong> pleno emprego (Yf ). Caso o governo pretenda que a economia<br />
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caminhe para o pleno emprego, ele po<strong>de</strong>ria, por exemplo,<br />
aumentar seus gastos em ∆G. Este aumento em G causa um<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva IS para a direita, até I S . A magnitu<strong>de</strong><br />
1 1<br />
<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>slocamento é dado por k x ∆G. Caso a taxa <strong>de</strong> juros<br />
permanecesse em r , a economia cresceria até Y1. No entanto, o<br />
0<br />
aumento na renda eleva a <strong>de</strong>manda por moeda para transações, o<br />
que, com uma oferta monetária fixa, faz com que a taxa <strong>de</strong> juros<br />
se eleve ao longo da curva LM até r . Este aumento na taxa <strong>de</strong><br />
2<br />
juros provoca uma redução no investimento, anulando, em parte,<br />
os efeitos do aumento nos gastos do governo. Em conseqüência, o<br />
novo nível <strong>de</strong> equilíbrio do produto <strong>de</strong>mandado se situará em Y (=<br />
2<br />
Yf ).<br />
Figura 8.10<br />
Em resumo, os resultados da política fiscal <strong>de</strong> aumento nos<br />
gastos do governo foram: um aumento na renda <strong>de</strong> equilíbrio e,<br />
conseqüentemente, nas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> consumo; um aumento na<br />
taxa <strong>de</strong> juros e, conseqüentemente, uma queda no nível dos<br />
investimentos, compensando parcialmente o aumento nos gastos<br />
do governo. Esta compensação é apenas parcial porque foi<br />
constatado que, ao final do processo, o produto <strong>de</strong>mandado <strong>de</strong><br />
equilíbrio aumentou. Portanto, o aumento em G termina por<br />
alterar a composição do produto, com o governo <strong>de</strong>sfrutando <strong>de</strong><br />
uma maior parcela <strong>de</strong>ste, em <strong>de</strong>trimento do setor privado.<br />
Efeitos semelhantes sobre o nível <strong>de</strong> Y e r (e, portanto, sobre o<br />
investimento) seriam obtidos caso o governo, ao invés <strong>de</strong><br />
aumentar seus gastos, reduzisse o nível dos impostos <strong>–</strong> o que<br />
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elevaria a renda disponível e, daí, aumentariam as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong><br />
consumo. Se, por hipótese, os impostos forem uma fração t da<br />
renda, um corte nos impostos significaria uma redução no<br />
percentual <strong>de</strong> impostos (digamos, <strong>de</strong> 25% para 15%). O aumento<br />
nas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> consumo, induzido pela política fiscal, produz os<br />
mesmos resultados do aumento nos gastos do governo. A<br />
diferença maior resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que esta redução no percentual<br />
dos impostos aumenta o multiplicador dos gastos (k), o que,<br />
graficamente, implica numa curva IS menos inclinada, conforme<br />
mostra a Figura 8.11.<br />
Figura 8.11<br />
8.4.2 Os efeitos da política monetária<br />
Se o valor inicial do produto <strong>de</strong> equilíbrio situa-se abaixo do<br />
nível <strong>de</strong> pleno emprego, o governo po<strong>de</strong>ria estimular a ativida<strong>de</strong><br />
econômica usando a política monetária, em vez da política fiscal.<br />
Neste caso, o mecanismo <strong>de</strong> transmissão seria o seguinte: o Banco<br />
Central aumenta a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda em circulação que<br />
reduz a taxa <strong>de</strong> juros estimulando o investimento privado e,<br />
daí, via multiplicador, a renda <strong>de</strong> equilíbrio aumenta.<br />
Para analisarmos estes efeitos da política monetária, consi<strong>de</strong>re a<br />
Figura 8.12, on<strong>de</strong> o equilíbrio inicial se dá no ponto E <strong>–</strong> ponto em<br />
que a curva LM inicial (que correspon<strong>de</strong> a uma oferta monetária<br />
real, Mso/P) corta a curva IS. Suponha, então, que o Banco<br />
Central, através <strong>de</strong> uma operação <strong>de</strong> open-market (mercado<br />
aberto) <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> títulos públicos, aumente a quantida<strong>de</strong><br />
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nominal <strong>de</strong> moeda <strong>–</strong> o que, mantido o nível <strong>de</strong> preços, significa um<br />
aumento da oferta monetária real.<br />
Figura 8.12<br />
Como já foi visto, um aumento na oferta monetária real <strong>de</strong>sloca a<br />
curva LM para a direita, até L M . Em conseqüência, o novo ponto<br />
1 1<br />
<strong>de</strong> equilíbrio se dará no ponto E’, com uma taxa <strong>de</strong> juros mais<br />
baixa e um nível mais alto <strong>de</strong> renda, próximo ao nível da renda <strong>de</strong><br />
pleno emprego. O nível <strong>de</strong> renda <strong>de</strong> equilíbrio aumenta porque a<br />
compra <strong>de</strong> títulos, pelo Banco Central, no mercado aberto, reduz a<br />
taxa <strong>de</strong> juros <strong>–</strong> o que estimula o investimento e faz a renda<br />
crescer.<br />
É importante observar que, no processo da economia à nova<br />
situação <strong>de</strong> uma oferta monetária maior, a taxa <strong>de</strong> juros cairia,<br />
inicialmente, até o ponto E <strong>–</strong> dado o nível <strong>de</strong> renda inicial (Yo).<br />
1<br />
Nesse ponto, entretanto, há um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por bens,<br />
<strong>de</strong>vido ao aumento nos investimentos e, em conseqüência, a<br />
economia começa a crescer. O aumento do nível <strong>de</strong> renda provoca<br />
um novo aumento na <strong>de</strong>manda por moeda para transações <strong>–</strong> o<br />
que faz com a taxa <strong>de</strong> juros comece a subir até atingir um novo<br />
equilíbrio no ponto E’. Nesse ponto, atinge o nível da renda <strong>de</strong><br />
pleno emprego (Yf ), com a taxa <strong>de</strong> juros situando-se em r ,<br />
1<br />
estando tanto o mercado <strong>de</strong> produto como o monetário em<br />
equilíbrio.<br />
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8.4.3 Alguns casos especiais e a eficácia das políticas fiscal<br />
e monetária<br />
A seção anterior analisou os efeitos das políticas fiscal e<br />
monetária em situações gerais e, digamos, normais. No entanto,<br />
há situações específicas em que, eventualmente, apenas a política<br />
fiscal po<strong>de</strong> ser eficaz <strong>–</strong> no sentido <strong>de</strong> elevar o nível da ativida<strong>de</strong><br />
econômica e reduzir o <strong>de</strong>semprego <strong>–</strong> enquanto, em outras, apenas<br />
a política monetária terá essa eficácia. Antes, porém, convém<br />
lembrar que a curva LM apresenta, a rigor, três trechos bastante<br />
distintos, tal como mostrado, <strong>de</strong> forma estilizada, na Figura 8.13.<br />
Figura 8.13<br />
Um primeiro trecho <strong>–</strong> <strong>de</strong>finido por sua porção horizontal <strong>–</strong><br />
correspon<strong>de</strong>ria a uma economia em recessão aguda, estando a<br />
taxa <strong>de</strong> juros bastante baixa, em níveis próximos <strong>de</strong> zero; um<br />
segundo trecho seria aquele em que a curva LM se apresenta<br />
vertical e correspon<strong>de</strong>ria a uma economia próxima <strong>de</strong> pleno<br />
emprego; já que o terceiro trecho correspon<strong>de</strong>ria à porção<br />
intermediária da curva LM e que se apresenta positivamente<br />
inclinada. Para analisar a eficácia das políticas fiscal e monetária, é<br />
importante verificar em qual <strong>de</strong>sses trechos a economia se<br />
encontra <strong>–</strong> ou seja, em que ponto a curva IS corta a curva LM.<br />
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A armadilha da liqui<strong>de</strong>z<br />
Suponha que a economia esteja em recessão aguda, distante<br />
do nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego, tal como mostrado na Figura<br />
8.14. Nessa situação, a taxa <strong>de</strong> juros está tão baixa que todos os<br />
indivíduos optam por reter toda a moeda que for ofertada,<br />
esperando um aumento na taxa <strong>de</strong> juros para, então, aplicar em<br />
títulos. Nesse caso, a <strong>de</strong>manda por moeda é infinitamente elástica<br />
à taxa <strong>de</strong> juros e qualquer tentativa do Banco Central <strong>de</strong> expandir<br />
a oferta <strong>de</strong> moeda com o intuito <strong>de</strong> baixar a taxa <strong>de</strong> juros será<br />
inócua. Esta é a conhecida situação <strong>de</strong>nominada como armadilha<br />
da liqui<strong>de</strong>z <strong>–</strong> uma hipótese levantada por Keynes para mostrar<br />
que, em situações <strong>de</strong> recessão econômica, a política monetária é<br />
totalmente ineficaz. Por isso mesmo, esta porção da LM é<br />
conhecida como “trecho Keynesiano da LM”.<br />
Figura 8.14.<br />
Graficamente, um aumento da oferta monetária <strong>de</strong>slocaria a<br />
curva LM para a direita, sem alterar a intersecção das duas curvas<br />
e, portanto, sem alterar o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio. Isso ocorre<br />
porque, se a taxa <strong>de</strong> juros não se alterna, o investimento não<br />
aumenta e, assim, o produto <strong>de</strong> equilíbrio também não se altera.<br />
Nessa situação, a única política eficaz seria a fiscal que, digamos,<br />
através <strong>de</strong> um aumento dos gastos do governo, <strong>de</strong>slocaria a curva<br />
IS para a direita e, daí, via multiplicador, elevando o nível da<br />
renda equilíbrio.<br />
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O caso clássico<br />
O caso oposto da curva LM é a sua porção vertical <strong>–</strong> conhecido<br />
como “trecho clássico”. Nesse trecho, a <strong>de</strong>manda por moeda é<br />
totalmente insensível <strong>–</strong> ou inteiramente inelástica <strong>–</strong> à taxa <strong>de</strong><br />
juros, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo somente do nível <strong>de</strong> renda. Supondo que a<br />
curva IS corte a curva LM nesse trecho, tal como mostrado na<br />
Figura 8.15, a política fiscal se torna totalmente ineficaz para<br />
alterar o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio. De forma oposta, a única<br />
política capaz <strong>de</strong> elevar o nível da renda ou do produto <strong>de</strong><br />
equilíbrio será uma expansão da oferta monetária que possibilitaria<br />
uma redução da taxa <strong>de</strong> juros e, daí, estimularia o investimento.<br />
Graficamente, um aumento da oferta monetária <strong>de</strong>slocaria a curva<br />
LM para a direita, cortando a curva IS no ponto E’, com a renda se<br />
expandindo até Y 1 .<br />
Figura 8.15.<br />
A visão <strong>de</strong> uma curva LM vertical <strong>–</strong> que <strong>de</strong>termina a eficiência<br />
comparativa da política monetária sobre a política fiscal <strong>–</strong> está<br />
geralmente associada com o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> alguns economistas<br />
<strong>–</strong> conhecidos como “monetaristas” <strong>–</strong> que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a tese <strong>de</strong> que<br />
o que importa para influir na ativida<strong>de</strong> econômica são os<br />
instrumentos monetários. Já aqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m o uso da<br />
política fiscal são geralmente associados à chamada “escolha<br />
keynesiana”.<br />
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8.5. Outras consi<strong>de</strong>rações sobre a eficácia das<br />
políticas fiscal e monetária<br />
Deve ficar claro que, no trecho intermediário da curva LM, isto<br />
é, na parte em que a LM se apresenta positivamente inclinada,<br />
ambas as políticas são eficazes para levar a economia até próximo<br />
ao pleno emprego.<br />
Esta constatação, aliada aos dois casos extremos vistos<br />
anteriormente <strong>–</strong> a armadilha da liqui<strong>de</strong>z e o caso clássico <strong>–</strong><br />
indicam que a inclinação da curva LM é o principal <strong>de</strong>terminante da<br />
eficácia e eficiência das políticas fiscal e monetária como<br />
mecanismos <strong>de</strong> influenciar o nível da ativida<strong>de</strong> econômica. Mas, na<br />
realida<strong>de</strong>, também a inclinação da IS po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar que tipo <strong>de</strong><br />
política é recomendada para estimular a ativida<strong>de</strong> econômica e<br />
reduzir ou eliminar o <strong>de</strong>semprego.<br />
No que tange à curva LM, vimos que sua inclinação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
essencialmente da sensibilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>manda por moeda em<br />
relação à taxa <strong>de</strong> juros. Quanto mais sensível (ou elástica) à taxa<br />
<strong>de</strong> juros for a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> moeda, menos inclinada<br />
é a curva LM e, portanto, menos eficaz ten<strong>de</strong> a ser a política<br />
monetária, e vice-versa.<br />
No tocante à curva IS, po<strong>de</strong>-se afirmar que, quanto mais<br />
sensível ou elástico à taxa <strong>de</strong> juros for o investimento, menos<br />
inclinada é a IS e, portanto, menos eficaz é a política fiscal <strong>–</strong> ou,<br />
em outras palavras, mais eficaz ten<strong>de</strong> a ser a política monetária <strong>–</strong><br />
e vice-versa. Deixamos a cargo do aluno <strong>de</strong>senhar graficamente<br />
essas hipóteses, confirmando essas proposições.<br />
* * *<br />
Com essas colocações, encerramos esta nossa 8ª Aula. A seguir, são<br />
apresentados alguns exercícios <strong>de</strong> revisão e fixação sobre os efeitos das políticas<br />
fiscal e monetária, no contexto do sistema IS-LM. Até nossa próxima aula.<br />
_________________________<br />
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EXERCÍCIOS DE REVISÃO E DE FIXAÇÃO:<br />
1. A curva IS mostra:<br />
a) combinações <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> renda (Y) e <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> juros (r) que fazem T = G;<br />
b) combinações <strong>de</strong> Y e r que equilibram o mercado <strong>de</strong> produtos, isto é, on<strong>de</strong>:<br />
S = I e T = G;<br />
c) combinações <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> poupança e <strong>de</strong> investimento que equilibram Y e r;<br />
d) combinações <strong>de</strong> Y e r que equilibram o mercado monetário, isto é, on<strong>de</strong> a oferta e a<br />
<strong>de</strong>manda por moeda são iguais;<br />
e) combinações <strong>de</strong> Y e r que fazem o mercado monetário igual ao mercado <strong>de</strong> produtos.<br />
2. A curva LM mostra:<br />
a) combinações <strong>de</strong> Y e r que equilibram o mercado monetário, isto é, on<strong>de</strong> a oferta e a<br />
<strong>de</strong>manda por moeda são iguais;<br />
b) combinações <strong>de</strong> Y e r que equilibram o mercado <strong>de</strong> produtos;<br />
c) combinações <strong>de</strong> S e I que equilibram Y e r;<br />
d) combinações <strong>de</strong> Y e r que equilibram o mercado monetário e o mercado <strong>de</strong> produto;<br />
e) combinações <strong>de</strong> Y e r que equilibram a poupança social (T + S) com os gastos autônomos (I<br />
+ G).<br />
3. Assinale <strong>de</strong>ntre as alternativas abaixo qual a que provoca um <strong>de</strong>slocamento da curva IS para a<br />
direita:<br />
a) aumento do volume <strong>de</strong> moeda em circulação;<br />
b) redução do nível dos salários nominais;<br />
c) aumento das alíquotas do imposto <strong>de</strong> renda;<br />
d) redução dos gastos do governo;<br />
e) redução da carga tributária autônoma;<br />
4. O efeito <strong>de</strong> um aumento nos gastos do governo, num mo<strong>de</strong>lo IS-LM, será:<br />
a) a curva IS se <strong>de</strong>sloca para a direita, a renda <strong>de</strong> equilíbrio crescerá e, ceteris paribus, r<br />
crescerá;<br />
b) a curva IS se <strong>de</strong>sloca para a esquerda e a renda <strong>de</strong> equilíbrio crescerá e, ceteris paribus, r<br />
cairá;<br />
c) a curva LM se <strong>de</strong>sloca para a direita, Y <strong>de</strong> equilíbrio crescerá e r crescerá;<br />
d) a curva LM se <strong>de</strong>sloca para a esquerda, Y <strong>de</strong> equilíbrio crescerá e r cairá;<br />
e) as duas curvas se <strong>de</strong>slocam para a direita e a renda <strong>de</strong> equilíbrio crescerá.<br />
5. Num mo<strong>de</strong>lo IS-LM,estando a renda corrente <strong>de</strong> equilíbrio abaixo do nível <strong>de</strong> pleno emprego, o<br />
governo <strong>de</strong>verá acionar uma das medidas abaixo, exceto:<br />
a) reduzir os impostos;<br />
b) reduzir a oferta monetária;<br />
c) aumentar seus gastos;<br />
d) aumentar as transferências;<br />
e) reduzir a r para estimular os investimentos.<br />
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6. Num mo<strong>de</strong>lo IS-LM, o efeito <strong>de</strong> uma expansão monetária será:<br />
a) um <strong>de</strong>slocamento para a esquerda da curva LM;<br />
b) um <strong>de</strong>slocamento para a direita da curva IS;<br />
c) um <strong>de</strong>slocamento ao longo da curva LM, para baixo;<br />
d) um <strong>de</strong>slocamento da curva LM para a direita;<br />
e) um <strong>de</strong>slocamento para a direita da curva IS.<br />
7. Se o governo expandir a oferta monetária, o nível <strong>de</strong> renda <strong>de</strong>verá crescer porque:<br />
a) a taxa <strong>de</strong> juros cairá e a poupança cairá;<br />
b) a taxa <strong>de</strong> juros cairá e o consumo cairá;<br />
c) a <strong>de</strong>manda por moeda para transação crescerá;<br />
d) a taxa <strong>de</strong> juros cairá e os investimentos crescerão;<br />
e) a <strong>de</strong>manda por moeda para especulação se reduzirá.<br />
8. Relativamente ao equilíbrio da renda (produto) nacional e da taxa <strong>de</strong> juros <strong>de</strong> uma economia, é<br />
correto afirmar:<br />
a) uma política monetária contracionista levaria a uma redução na produção e na taxa <strong>de</strong> juros;<br />
b) um aumento na tributação, tudo o mais constante, provocaria redução na produção e<br />
aumento na taxa <strong>de</strong> juros da economia;<br />
c) uma política fiscal expansionista, <strong>de</strong> redução do superávit ou aumento do déficit do<br />
governo, provocaria aumento no produto nominal e na taxa <strong>de</strong> juros;<br />
d) uma política fiscal, conduzida para reduzir o déficit do governo provocaria, tudo o mais<br />
constante, aumento na taxa <strong>de</strong> juro <strong>de</strong> equilíbrio e redução no nível da renda ou produto<br />
nominal;<br />
e) uma política monetária expansionista levaria a um aumento na taxa <strong>de</strong> juros e a uma<br />
redução na produção.<br />
__________________<br />
Gabarito:<br />
1. b; 2. a; 3.e; 4. a; 5. b; 6. d; 7. d; 8. c.<br />
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Aula 9: A interação entre as políticas monetária,<br />
fiscal e cambial<br />
9.1. Introdução<br />
Este tópico, certamente, é o mais analítico e técnico<br />
e, talvez o mais complicado <strong>de</strong> nosso curso. Mas não é<br />
nenhum bicho <strong>de</strong> sete cabeças. Basta ter um pouco mais<br />
<strong>de</strong> concentração e paciência que você vai entendê-lo<br />
perfeitamente. Afinal, nada é tão complicado assim. Esta<br />
nossa Aula 9, na verda<strong>de</strong>, é apenas uma continuação<br />
natural do mo<strong>de</strong>lo IS-LM, com a introdução da taxa <strong>de</strong><br />
câmbio em nosso mo<strong>de</strong>lo. Importante ressaltar que nas<br />
provas <strong>de</strong> macroeconomia dos concursos públicos mais<br />
recentes sempre tem havido questões envolvendo a<br />
atuação conjunta das três políticas macroeconômicas<br />
mencionadas no título. Vamos em frente!<br />
O mundo <strong>de</strong> hoje não comporta mais aquele tipo <strong>de</strong><br />
economia fechada, i<strong>de</strong>alizada principalmente por alguns<br />
movimentos socialistas da primeira meta<strong>de</strong> do século passado. As<br />
economias mo<strong>de</strong>rnas são, todas elas, abertas, isto é, exportam<br />
parte dos bens e serviços que produzem e importam parte dos<br />
bens e serviços que consomem. As economias abertas também<br />
emprestam e tomam empréstimos nos mercados financeiros<br />
mundiais, investem em outras economias e recebem investimentos<br />
<strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> outros países.<br />
Nesta Aula 9, estaremos preocupados em analisar o impacto<br />
das políticas monetária e fiscal sobre a renda agregada <strong>de</strong><br />
equilíbrio e sua interação com a política cambial, numa economia<br />
aberta. Como já foi visto no capítulo anterior, na macroeconomia<br />
este tema é tratado, geralmente, através do sistema IS-LM <strong>–</strong><br />
valendo ressaltar, no entanto, que este sistema é mais apropriado<br />
para uma economia fechada. Para o caso <strong>de</strong> uma economia<br />
aberta, costuma-se adotar uma versão ampliada do sistema IS-LM<br />
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- o chamado mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming, <strong>de</strong>senvolvido por estes<br />
dois economistas nos anos 60 1 .<br />
Ao ampliar o sistema IS-LM para uma economia aberta, o<br />
mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming procura mostrar até que ponto são<br />
eficazes as políticas monetária e fiscal em relação às flutuações da<br />
ativida<strong>de</strong> econômica, quando se consi<strong>de</strong>ram seus efeitos sobre a<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio e, conseqüentemente, sobre o balanço <strong>de</strong><br />
pagamentos. Como se verá mais adiante, a eficácia daquelas<br />
políticas macroeconômicas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> essencialmente do sistema<br />
cambial adotado pelo país - isto é, se o país adota uma taxa <strong>de</strong><br />
câmbio flutuante ou uma taxa <strong>de</strong> câmbio fixa.<br />
A análise, aqui, será conduzida em duas partes: na primeira,<br />
iremos supor que o regime cambial é o <strong>de</strong> taxas flutuantes; na<br />
segunda, o <strong>de</strong> taxas fixas. Para facilitar a compreensão, o mo<strong>de</strong>lo<br />
consi<strong>de</strong>ra o nível <strong>de</strong> preços constante.<br />
9.2. O Mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming<br />
O mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming é <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> três equações<br />
básicas, similares às que <strong>de</strong>finem o sistema IS-LM, a saber:<br />
on<strong>de</strong>,<br />
Curva IS: Y = C(Yd) + I(r) + G + NX(e) (1)<br />
Curva LM: Ms/P = Md(Y,r) (2)<br />
r = r* (3)<br />
Yd = renda disponível;<br />
NX = exportações líquidas, isto é, X-M (do inglês: net exports);<br />
e = taxa <strong>de</strong> câmbio vigente;<br />
r = taxa <strong>de</strong> juros doméstica;<br />
r* = taxa <strong>de</strong> juros externa ou taxa <strong>de</strong> juros mundial.<br />
1 O <strong>de</strong>senvolvimento teórico <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo po<strong>de</strong> ser encontrado em Fleming, J.M. <strong>–</strong> Domestic Financial<br />
Policies un<strong>de</strong>r Fixed and un<strong>de</strong>r Floating Exchange Rates <strong>–</strong> IMF Staff Papers 9, nov./1962 e em Mun<strong>de</strong>l, R.A.<br />
<strong>–</strong> International Economics <strong>–</strong> Macmillan, N. York, 1968.<br />
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Para uma melhor compreensão <strong>de</strong>sse novo mo<strong>de</strong>lo, vamos<br />
dar uma palavrinha sobre o que aquelas três equações estão<br />
dizendo:<br />
Tal como no caso da IS-LM tradicional, a equação (1)<br />
<strong>de</strong>screve o equilíbrio no mercado <strong>de</strong> bens. A novida<strong>de</strong> aqui é a<br />
inclusão do termo NX - que representa as exportações líquidas,<br />
isto é, X-M. No caso, as NX são função inversa da taxa <strong>de</strong> câmbio,<br />
e. Atente-se que, no mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming, a taxa <strong>de</strong> câmbio é<br />
<strong>de</strong>finida como a "quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moeda estrangeira por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
moeda nacional" (a chamada cotação do "certo"). Assim, por<br />
exemplo, e po<strong>de</strong> ser 2 dólares por Real. Um outro aspecto<br />
importante é que, no mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming, supõe-se que os<br />
preços são mantidos constantes e, assim, qualquer variação da<br />
taxa nominal <strong>de</strong> câmbio correspon<strong>de</strong>rá a uma variação real da<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />
Pela forma como a taxa <strong>de</strong> câmbio foi <strong>de</strong>finida, <strong>de</strong>ve-se ter<br />
cuidado ao interpretá-la num gráfico. Assim, por exemplo, se<br />
houver um valorização cambial <strong>–</strong> isto é, uma unida<strong>de</strong> da moeda<br />
nacional passa a comprar mais e mais unida<strong>de</strong>s da moeda externa<br />
-, o valor da taxa <strong>de</strong> câmbio cresce ao longo do eixo vertical.<br />
Neste caso, os bens importados pelo Brasil se tornam mais<br />
baratos, estimulando as importações e <strong>de</strong>sestimulando as<br />
exportações - reduzindo, em conseqüência, as exportações<br />
líquidas (NX). Se, por hipótese, ocorrer uma <strong>de</strong>svalorização<br />
cambial, o valor da taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong>cresce ao longo daquele eixo<br />
e, conseqüentemente, as exportações líquidas crescerão.<br />
A equação (2) <strong>de</strong>screve o equilíbrio no mercado <strong>de</strong> moeda.<br />
Também como no mo<strong>de</strong>lo IS-LM tradicional, a oferta monetária<br />
real (Ms/P) - exogenamente <strong>de</strong>terminada pelo Banco Central - é<br />
igual à <strong>de</strong>manda por saldos monetários reais (Md) - que é uma<br />
função direta do nível <strong>de</strong> renda (Y) e uma função inversa da taxa<br />
<strong>de</strong> juros (r).<br />
A equação (3) diz que a taxa <strong>de</strong> juros doméstica (r) é<br />
<strong>de</strong>terminada pela taxa <strong>de</strong> juros mundial (r*). Isto significa que o<br />
país po<strong>de</strong> tomar empréstimo ou emprestar no mercado mundial o<br />
quanto quiser, sem afetar r*. O porquê <strong>de</strong>sta igualda<strong>de</strong> entre r e<br />
r* será explicado mais adiante.<br />
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O mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming é melhor entendido através do<br />
uso <strong>de</strong> gráficos. No entanto, como o mo<strong>de</strong>lo tem três variáveis - Y,<br />
r, e - não é possível apresentá-lo em um único gráfico<br />
bidimensional. Assim, po<strong>de</strong>mos apresentá-lo em dois gráficos<br />
separados: no primeiro, usamos as variáveis Y-r, mantendo a taxa<br />
<strong>de</strong> câmbio constante; no segundo, que é o mais apropriado para o<br />
mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming, usamos as variáveis Y-e, mantendo a<br />
taxa <strong>de</strong> juros constante. Note-se que ambos os gráficos<br />
apresentam o mesmo mo<strong>de</strong>lo, porém <strong>de</strong> duas formas diferentes.<br />
9.3. O mo<strong>de</strong>lo no gráfico Y-r<br />
Num gráfico Y-r, o mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming apresenta as<br />
curvas IS e LM <strong>de</strong> forma semelhante ao mo<strong>de</strong>lo tradicional, como<br />
mostra a Figura 9.1. A novida<strong>de</strong> no gráfico é a reta horizontal,<br />
correspon<strong>de</strong>nte à taxa <strong>de</strong> juros mundial. Há dois aspectos a<br />
<strong>de</strong>stacar na Figura 9.1: primeiro, o fato <strong>de</strong> que a curva IS é<br />
traçada a partir <strong>de</strong> uma dada taxa <strong>de</strong> câmbio (digamos, dois<br />
dólares por Real). Caso a taxa <strong>de</strong> câmbio se valorize (passando,<br />
digamos, a três dólares por Real), os bens estrangeiros se tornam<br />
mais baratos que os nacionais, reduzindo as exportações líquidas.<br />
Observe-se que, como a taxa <strong>de</strong> câmbio não está nos eixos<br />
do gráfico, uma alteração <strong>de</strong> seu valor provoca um <strong>de</strong>slocamento<br />
da curva IS ( para a esquerda, se houver uma valorização <strong>–</strong> pois o<br />
país irá exportar menos e importar mais - e, para a direita, se<br />
houver uma <strong>de</strong>svalorização cambial <strong>–</strong> pela razão oposta). Um<br />
segundo aspecto a observar é o fato <strong>de</strong> que as três curvas se<br />
cruzam num mesmo ponto. O que faz com que isto ocorra? A<br />
resposta é: o ajustamento da taxa <strong>de</strong> câmbio. Isso ocorre pela<br />
seguinte razão:<br />
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r<br />
0<br />
Figura 9.1<br />
Suponhamos que a taxa <strong>de</strong> juros interna (r) - dada pelo<br />
cruzamento da IS-LM - se situe acima da taxa <strong>de</strong> juros mundial<br />
(r*), tal como mostrado na Figura 9.2. Nesta situação, o Brasil<br />
estaria atraindo capitais externos em busca <strong>de</strong> um maior retorno.<br />
Para aplicar no Brasil, os investidores teriam, antes, <strong>de</strong> trocar seus<br />
dólares por Reais. Este aumento na oferta <strong>de</strong> dólares provoca uma<br />
valorização da taxa <strong>de</strong> câmbio, reduzindo as exportações líquidas -<br />
o que se traduz por um <strong>de</strong>slocamento da curva IS para a<br />
esquerda, até que r se iguale a r*.<br />
Caso a taxa <strong>de</strong> juros interna se situe abaixo da taxa <strong>de</strong> juros<br />
externa, como mostrado na Figura 9.3, os investidores brasileiros<br />
tentarão aplicar seus Reais no exterior, aumentando a <strong>de</strong>manda<br />
por dólares. Em conseqüência, haverá uma <strong>de</strong>svalorização<br />
cambial, o que aumenta as exportações líquidas - implicando num<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva IS para a direita, até que as duas taxas <strong>de</strong><br />
juros se igualem.<br />
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LM<br />
r = r*<br />
IS(e<br />
Y<br />
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r<br />
r<br />
0<br />
Taxa <strong>de</strong> juros muito baixa Taxa <strong>de</strong> juros muito alta<br />
Taxa <strong>de</strong><br />
juros interna<br />
Taxa <strong>de</strong> juros<br />
mundial<br />
LM<br />
r = r*<br />
IS(e)<br />
Y 0<br />
Figura 9.2 Figura 9.3<br />
9.2.2. O mo<strong>de</strong>lo no gráfico Y-e<br />
Nesta segunda forma <strong>de</strong> apresentar o mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-<br />
Fleming, a taxa <strong>de</strong> câmbio - e - substitui a taxa <strong>de</strong> juros que,<br />
então, é suposta constante ao nível da taxa <strong>de</strong> juros mundial - r*.<br />
Com isso, as duas equações representadas no gráfico passam a<br />
ser expressas por:<br />
Curva IS*: Y = C(Yd) + I(r*) + G + NX(e) (4)<br />
Curva LM*: Ms/P = Md(Y,r*) (5)<br />
Colocamos um asterisco (*) na IS-LM para registrar que a<br />
taxa <strong>de</strong> juros está mantida no nível mundial, r*. Observe-se que a<br />
curva LM é <strong>de</strong>senhada vertical porque a taxa <strong>de</strong> câmbio não entra<br />
na equação da LM*, ou seja, a curva LM* é totalmente inelástica à<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio. Assim, dada a taxa <strong>de</strong> juros mundial, a curva LM*<br />
<strong>de</strong>termina o nível <strong>de</strong> renda agregada, ajustando-se a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio <strong>de</strong> tal forma que a curva IS cruze a curva LM no ponto<br />
dado por r*. Esta situação é retratada na Figura 9.4.<br />
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r<br />
r<br />
Taxa <strong>de</strong> juros<br />
mundial<br />
Taxa <strong>de</strong> juros<br />
iinterna<br />
LM<br />
r =r*<br />
IS(e<br />
Y<br />
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e<br />
eo<br />
Taxa <strong>de</strong> câmbio<br />
<strong>de</strong> equlíbrio<br />
Já a curva IS* tem inclinação negativa porque uma taxa <strong>de</strong><br />
câmbio mais valorizada reduz as exportações líquidas e,<br />
conseqüentemente, diminui a renda agregada. Se houver uma<br />
<strong>de</strong>svalorização cambial, haverá um <strong>de</strong>slocamento ao longo da<br />
curva IS*, no sentido <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, já que a taxa <strong>de</strong> câmbio<br />
aparece no eixo vertical da Figura 9.4.<br />
Assim entendido, usaremos, no restante <strong>de</strong>ste texto, o<br />
gráfico Y-e, uma vez que este nos parece mais representativo do<br />
mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming, já que esse gráfico msotra <strong>de</strong> maneira<br />
mais direta como a taxa <strong>de</strong> câmbio respon<strong>de</strong> às mudanças na<br />
política econômica. De toda forma, para se analisar o efeito das<br />
políticas macroeconômicas - particularmente das políticas fiscal e<br />
monetária - em uma economia aberta, é necessário, antes <strong>de</strong> mais<br />
nada, que se <strong>de</strong>fina o sistema cambial vigente no país, ou seja, se<br />
o sistema cambial adotado é o <strong>de</strong> taxas flutuantes ou <strong>de</strong> taxas<br />
fixas. Começaremos pelo primeiro.<br />
LM*<br />
IS*<br />
0 Yo Y<br />
Figura 9.4<br />
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9.3. As Políticas Fiscal, Monetária e Comercial num<br />
regime <strong>de</strong> Taxas <strong>de</strong> Câmbio Flutuantes<br />
Como já foi visto, sob este regime a taxa <strong>de</strong> câmbio flutua<br />
livremente, <strong>de</strong> acordo com as circunstâncias econômicas, que<br />
<strong>de</strong>finem o comportamento das forças <strong>de</strong> mercado, isto é, da oferta<br />
e da <strong>de</strong>manda.<br />
a) Política Fiscal<br />
Suponha que a economia encontra-se em equilíbrio ao nível<br />
<strong>de</strong> Yo e, portanto, abaixo do nível da renda <strong>de</strong> pleno emprego (Yf)<br />
e que o governo resolva estimular a <strong>de</strong>manda agregada interna<br />
aumentando seus gastos (∆G). Por conseguinte, a curva IS* se<br />
<strong>de</strong>sloca para a direita, como mostra a Figura 9.5. Este<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva IS provoca um aumento na taxa interna <strong>de</strong><br />
juros, atraindo capitais externos. A entrada extra <strong>de</strong> capitais<br />
externos aumenta a <strong>de</strong>manda por Reais, valorizando a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio e, conseqüentemente, reduzindo as exportações líquidas -<br />
e<br />
e1<br />
eo<br />
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LM<br />
Yo<br />
Figura 9.5<br />
IS*1<br />
Yf Y<br />
8<br />
IS* 2
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o que implica um movimento para trás, ao longo da nova IS*2. No<br />
final do processo, esta queda das exportações líquidas anula o<br />
efeito da expansão da <strong>de</strong>manda agregada interna provocada pelo<br />
aumento inicial <strong>de</strong> G, <strong>de</strong> tal forma que a renda <strong>de</strong> equilíbrio<br />
permanece no mesmo nível anterior Yo), porém, agora, com uma<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio mais alta.<br />
Esta conclusão sobre o efeito da política fiscal contrasta<br />
bastante com a <strong>de</strong>rivada do mo<strong>de</strong>lo IS-LM tradicional, aplicado a<br />
uma economia fechada. Nesta, a expansão fiscal aumenta a taxa<br />
<strong>de</strong> juros e a renda <strong>de</strong> equilíbrio. Já na economia aberta, aquela<br />
expansão <strong>de</strong>ixa o nível da economia inalterado.<br />
b) Política Monetária<br />
Imaginemos, agora<br />
a mesma situação inicial<br />
anterior e que, ao invés<br />
do governo acionar a<br />
política fiscal o banco<br />
central aumente a oferta<br />
e<br />
LM*1 LM*2<br />
<strong>de</strong> moeda na economia,<br />
<strong>de</strong>slocando a curva LM* eo<br />
para a direita, como<br />
mostra a Figura 9.6. Em<br />
conseqüência, haverá<br />
uma redução na taxa<br />
e1<br />
interna <strong>de</strong> juros, o que<br />
estimula a saída <strong>de</strong><br />
IS*<br />
capitais nacionais para<br />
outros países mais<br />
rentáveis. Esta saída <strong>de</strong><br />
Yo Yf<br />
Figura 9.6<br />
Y<br />
capitais significa uma<br />
maior oferta <strong>de</strong> Reais no<br />
mercado cambial, reduzindo a taxa <strong>de</strong> câmbio e aumentando, em<br />
conseqüência, as exportações líquidas.<br />
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Conclusão: numa economia aberta, a política monetária, ao<br />
contrário da política fiscal, é bastante eficaz no sentido <strong>de</strong> que<br />
influencia o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio pela alteração que provoca<br />
na taxa <strong>de</strong> câmbio e não através da taxa <strong>de</strong> juros, como no<br />
mo<strong>de</strong>lo IS-LM <strong>de</strong> uma economia fechada.<br />
c) Política comercial<br />
As medidas <strong>de</strong> política fiscal são, basicamente, o<br />
estabelecimento <strong>de</strong> tarifas sobre as importações, a fixação <strong>de</strong><br />
cotas para a importação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado produto ou, ainda, a<br />
concessão <strong>de</strong> subsídios à indústria doméstica que concorre com o<br />
produto importado. Vamos supor, por exemplo, que o governo<br />
<strong>de</strong>cida reduzir as importações do país instituindo, para tanto, uma<br />
tarifa ou fixando uma cota <strong>de</strong> importações. Que efeitos teriam tais<br />
medidas sobre a renda agregada <strong>de</strong> equilíbrio e sobre a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio?<br />
A conseqüente<br />
redução das importações<br />
implica um aumento das<br />
exportações líquidas<br />
(NX) para qualquer nível<br />
<strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />
Como NX é um componente<br />
da equação da IS,<br />
o aumento das expor-<br />
tações líquidas provoca<br />
um <strong>de</strong>slocamento da<br />
curva S* para a direita,<br />
como mostra a Figura<br />
9.7. Como se po<strong>de</strong><br />
observar, a restrição<br />
comercial, num sistema<br />
<strong>de</strong> câmbio flutuante,<br />
causa uma elevação da<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> eo<br />
para e1, mas não tem<br />
e<br />
e1<br />
eo<br />
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LM<br />
IS*1<br />
IS*2<br />
0 Yo Y<br />
Figura 9.7<br />
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qualquer efeito sobre a renda <strong>de</strong> equilíbrio. Também não tem<br />
qualquer efeito sobre o consumo, o investimento e os gastos do<br />
governo. E mais, embora inicialmente as restrições às importações<br />
tendam a aumentar as exportações líquidas, este aumento é<br />
totalmente anulado pelo aumento que provoca na taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />
Em conseqüência, a restrição comercial não alterou o saldo em<br />
conta corrente do balanço <strong>de</strong> pagamentos <strong>–</strong> que, geralmente seria<br />
o objetivo <strong>de</strong> qualquer restrição às importações.<br />
9.4. As Políticas Fiscal e Monetária num regime <strong>de</strong><br />
Taxas <strong>de</strong> Câmbio Fixas<br />
Neste sistema, como sabemos, o banco central fixa ou<br />
administra a taxa <strong>de</strong> câmbio e, para tanto, se obriga a comprar ou<br />
a ven<strong>de</strong>r a moeda nacional ao preço pre<strong>de</strong>terminado. Assim, por<br />
exemplo, vamos supor que o Banco Central tenha fixado a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio em 0,5 dólar por um real. Isso significa que ele terá <strong>de</strong> dar<br />
2 reais em troca <strong>de</strong> um dólar, se alguém assim o <strong>de</strong>sejar, ou um<br />
dólar em troca <strong>de</strong> dois reais. Para tanto, ele terá <strong>de</strong> dispor <strong>de</strong> uma<br />
reserva razoável <strong>de</strong> ambas as moedas. Quanto ao real, não há<br />
problema porque o Banco Central po<strong>de</strong>rá emitir sempre que<br />
necessário; já a reserva <strong>de</strong> dólares terá <strong>de</strong> ser formada com<br />
transações passadas.<br />
Um dado importante a observar é que, num sistema <strong>de</strong> taxas<br />
<strong>de</strong> câmbio fixas, o único objetivo da política monetária é o <strong>de</strong><br />
manter a taxa <strong>de</strong> câmbio no nível fixado pelo Banco Central. Nesse<br />
sentido, po<strong>de</strong>-se dizer que, sob o sistema <strong>de</strong> câmbio fixo, o Banco<br />
Central não tem controle da oferta monetária, <strong>de</strong> vez que o<br />
volume <strong>de</strong> reais em circulação será aquele que garanta que a taxa<br />
<strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> equilíbrio seja igual à taxa <strong>de</strong> câmbio fixada pelo<br />
Banco Central.<br />
Para enten<strong>de</strong>r melhor este ponto, suponha, então, que o<br />
Banco Central fixe a taxa <strong>de</strong> câmbio em 0,5 dólar por real.<br />
Suponha, mais, que, dado o volume <strong>de</strong> oferta monetária atual, a<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong>veria ser 0,75 dólar por 1 real, ou seja, 50%<br />
acima da taxa fixada, conforme retratado na Figura 9.8. Nesta<br />
situação, um indivíduo po<strong>de</strong>ria fazer uma operação <strong>de</strong> arbitragem,<br />
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comprando no mercado 1,5 dólar por 2 reais e reven<strong>de</strong>ndo-o por 3<br />
reais ao Banco Central, lucrando, portanto, um real na operação.<br />
Ao comprar o dólar <strong>de</strong>ste arbitrador, o Banco Central estará<br />
aumentando automaticamente a oferta monetária <strong>–</strong> o que <strong>de</strong>sloca<br />
a curva LM* para a direita, provocando uma redução na taxa <strong>de</strong><br />
câmbio <strong>de</strong> equilíbrio. Observe-se que a oferta monetária<br />
continuará se expandindo até que a taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> equilíbrio<br />
iguale a taxa <strong>de</strong> câmbio fixada pelo Banco Central.<br />
e<br />
LM<br />
e<br />
LM<br />
Taxa <strong>de</strong> câmbio<br />
<strong>de</strong> equilíbrio<br />
Taxa <strong>de</strong><br />
câmbio fixa<br />
IS*<br />
Yo Y<br />
Taxa <strong>de</strong><br />
câmbio fixa<br />
Taxa <strong>de</strong> câmbio<br />
<strong>de</strong> equilíbrio<br />
Figura 9.8<br />
Figura 9.9<br />
Vamos supor, agora, que o Banco Central tenha fixado o<br />
câmbio em 0,5 dólar por real, mas a taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> equilíbrio<br />
seja 0,25 dólar por real. Nessa hipótese, nosso arbitrador trocará<br />
um real por 0,5 dólar com o Banco Central e, em seguida, trocará<br />
este 0,5 dólar por 2 reais no mercado, repetindo a operação tantas<br />
vezes quantas forem convenientes. Com isso, a oferta monetária<br />
(<strong>de</strong> reais) se reduz internamente <strong>–</strong> o que <strong>de</strong>sloca a curva LM para<br />
a esquerda, provocando um aumento na taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong><br />
equilíbrio, como mostra a Figura 9.9. A oferta monetária<br />
continuará se reduzindo até que a taxa <strong>de</strong> câmbio <strong>de</strong> equilíbrio<br />
iguale a taxa <strong>de</strong> câmbio fixa.<br />
Por tudo o que se disse, po<strong>de</strong>-se tirar a seguinte conclusão:<br />
num sistema <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> câmbio fixa, a oferta monetária sai do<br />
controle do Banco Central e passa a ser endogenamente<br />
<strong>de</strong>terminada. Ou seja, a essência <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong><br />
câmbio fixas é o compromisso do Banco Central em <strong>de</strong>ixar que a<br />
oferta <strong>de</strong> moeda se ajuste <strong>de</strong> tal forma a garantir que a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio se mantenha no nível fixado por ele.<br />
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IS*<br />
Yo Y<br />
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Assim entendido, vejamos, agora, a atuação das políticas<br />
fiscal, monetária e comercial sob este regime cambial.<br />
a) Política Fiscal<br />
Suponha que a economia esteja na situação retratada na<br />
Figura 9.10 (em Yo) e que o governo estimule a <strong>de</strong>spesa agregada<br />
interna através <strong>de</strong> um aumento <strong>de</strong> seus gastos <strong>–</strong> o que <strong>de</strong>sloca a<br />
curva IS* para a direita. Como já foi visto, esta política<br />
pressionará, ao final, a taxa <strong>de</strong> câmbio para cima. No entanto, na<br />
tentativa <strong>de</strong> manter a taxa <strong>de</strong> câmbio estável, o banco central se<br />
verá obrigado a aumentar a oferta monetária - o que implica um<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva LM para a direita - reduzindo a taxa <strong>de</strong><br />
juros e, conseqüentemente, mantendo a taxa <strong>de</strong> câmbio no nível<br />
inicial.<br />
e<br />
LM*1 LM*2<br />
IS*1<br />
IS*2<br />
Taxa <strong>de</strong><br />
câmbio fixa<br />
Yo Y1 Y<br />
Figura 9.10<br />
Assim, ao contrário do que ocorre no caso das taxas <strong>de</strong><br />
câmbio flutuantes, uma expansão fiscal, num sistema <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong><br />
câmbio fixa, é bastante eficaz no sentido <strong>de</strong> elevar o nível da<br />
renda <strong>de</strong> equilíbrio. Isto ocorre porque, por <strong>de</strong>finição, se verifica<br />
uma expansão monetária automática e simultânea.<br />
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b) Política Monetária<br />
Vejamos, agora, o que ocorrerá caso o banco central resgate<br />
títulos públicos no mercado, aumentando a oferta monetária? O<br />
impacto inicial <strong>de</strong>sta medida será traduzido num <strong>de</strong>slocamento da<br />
curva LM* para a direita, com conseqüente redução da taxa <strong>de</strong><br />
juros. Esta queda na taxa <strong>de</strong> juros provocará, como já visto, uma<br />
saída <strong>de</strong> reais em busca <strong>de</strong> aplicações mais rentáveis no exterior -<br />
o que leva a uma <strong>de</strong>svalorização cambial - como mostra a Figura<br />
9.11. Mas, como o banco central tem o compromisso <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r a<br />
moeda estrangeira a uma taxa <strong>de</strong> câmbio fixa, os especuladores<br />
ou arbitradores procurarão ven<strong>de</strong>r seus Reais para aquele<br />
banco, reduzindo, assim, a oferta monetária e, em conseqüência,<br />
a curva LM* retorna à sua posição inicial.<br />
e<br />
IS*<br />
Taxa <strong>de</strong><br />
câmbio fixa<br />
LM<br />
Y0 Y<br />
Figura 9.11<br />
Por conseguinte, a política monetária se torna inteiramente<br />
ineficaz num regime <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> câmbio fixa. Na verda<strong>de</strong>, ao<br />
<strong>de</strong>cidir pela fixação da taxa <strong>de</strong> câmbio, o banco central não mais<br />
controla a oferta monetária e esta per<strong>de</strong> eficácia como<br />
instrumento <strong>de</strong> política econômica.<br />
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c) Política comercial<br />
Caso o governo, no intuito <strong>de</strong> melhorar o saldo da balança<br />
comercial, imponha uma cota ou uma tarifa sobre as importações,<br />
as exportações líquidas (NX) aumentarão, <strong>de</strong>slocando, portanto, a<br />
curva IS* para a direita, como mostra a Figura 9.12. Este<br />
<strong>de</strong>slocamento da IS* causa um aumento na taxa <strong>de</strong> câmbio. Para<br />
evitar que isso aconteça o Banco Central terá <strong>de</strong> aumentar a<br />
oferta monetária, <strong>de</strong>slocando, assim, a curva LM* para a direita.<br />
e<br />
IS*1<br />
IS*2 LM*1<br />
Taxa <strong>de</strong><br />
câmbio fixa<br />
LM*2<br />
Yo Y1 Y<br />
Figura 9.12<br />
Como se observa pela Figura 12.12, e ao contrário do que<br />
ocorre com a taxa <strong>de</strong> câmbio flutuante, a restrição comercial, com<br />
taxa <strong>de</strong> câmbio fixa, aumenta não só o saldo em conta corrente<br />
(NX), como também o nível da renda agregada.<br />
9.5. Conclusões do Mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming<br />
A principal conclusão que se po<strong>de</strong> tirar do mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-<br />
Fleming é que o efeito das políticas fiscal, monetária e comercial<br />
sobre o nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> econômica, numa economia aberta,<br />
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<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do regime cambial adotado - se o <strong>de</strong> taxas flutuantes ou<br />
o <strong>de</strong> taxas fixas.<br />
Com taxas <strong>de</strong> câmbio flutuantes ou flexíveis, o mo<strong>de</strong>lo<br />
mostra que apenas a política monetária é eficaz para afetar a<br />
renda agregada. Neste regime cambial, o impacto da política fiscal<br />
é anulado pela valorização cambial que ela provoca. Já com taxas<br />
<strong>de</strong> câmbio fixas, apenas a política fiscal é eficaz para influir sobre o<br />
nível da renda. A força da política monetária é anulada pelo fato <strong>de</strong><br />
que a oferta monetária se ajusta para manter inalterada a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio. Também como foi <strong>de</strong>monstrado, políticas comerciais <strong>de</strong><br />
restrição às importações, como meio <strong>de</strong> melhorar o saldo <strong>de</strong><br />
transações correntes do balanço <strong>de</strong> pagamentos, só são eficazes<br />
no sistema <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio fixas.<br />
* * *<br />
Com essas colocações, encerramos esta nossa 9ª Aula. A seguir, são<br />
apresentados alguns exercícios <strong>de</strong> revisão e fixação sobre os efeitos das políticas<br />
fiscal e monetária, no contexto do sistema IS-LM. Até nossa próxima aula.<br />
_________________<br />
EXERCÍCIOS DE REVISÃO E DE FIXAÇÃO<br />
Tomando sempre por base o Mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming para uma economia<br />
aberta, responda as questões a seguir:<br />
1. Caso o país adote um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio flutuantes, se o<br />
governo adotar uma política fiscal expansionista, seus efeitos serão:<br />
a) Tanto a taxa <strong>de</strong> câmbio como a renda agregada e as exportações<br />
líquidas se elevarão;<br />
b) A taxa <strong>de</strong> câmbio se elevará, com conseqüente queda nas<br />
exportações líquidas, mas os efeitos sobre a renda ou produto<br />
nacional serão nulos;<br />
c) A taxa <strong>de</strong> câmbio se reduzirá, as exportações líquidas se elevarão<br />
e a renda agregada não se altera;<br />
d) Tanto a taxa <strong>de</strong> câmbio como a renda agregada e as exportações<br />
líquidas se reduzirão.<br />
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2. Caso o país adote um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio flutuantes, se o<br />
governo adotar uma política monetária expansionista, seus efeitos<br />
serão:<br />
a) Elevação da renda agregada e da taxa <strong>de</strong> câmbio e redução das<br />
exportações líquidas;<br />
b) Queda da renda nacional, aumento da taxa <strong>de</strong> câmbio e queda<br />
das exportações líquidas;<br />
c) Aumento do produto nacional, queda da taxa <strong>de</strong> câmbio e<br />
aumento das exportações líquidas;<br />
d) Redução do produto nacional, da taxa <strong>de</strong> câmbio e das<br />
exportações líquidas.<br />
3. Caso o país adote um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio flutuantes, se o<br />
governo impuser restrições às importações, seus efeitos serão:<br />
a) Nulos sobre o nível do produto e sobre as exportações líquidas,<br />
mas <strong>de</strong>ve provocar um aumento da taxa <strong>de</strong> câmbio;<br />
b) Nulos sobre o produto, mas <strong>de</strong>ve provocar uma queda na taxa <strong>de</strong><br />
câmbio e nas exportações líquidas;<br />
c) Aumento do nível do produto, queda na taxa <strong>de</strong> câmbio e nulos<br />
sobre as exportações líquidas;<br />
d) Queda no nível do produto, aumento na taxa <strong>de</strong> câmbio e das<br />
exportações líquidas.<br />
4. Caso o país adote um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio fixas, se o governo<br />
adotar uma política fiscal expansionista, seus efeitos serão:<br />
a) Um aumento do nível da renda agregada, da taxa <strong>de</strong> câmbio e<br />
das exportações líquidas;<br />
b) Um aumento do produto nacional, queda na taxa <strong>de</strong> câmbio e nas<br />
exportações líquidas;<br />
c) Uma queda da renda nacional, da taxa <strong>de</strong> câmbio e um aumento<br />
nas exportações líquidas;<br />
d) Um aumento da renda agregada, sem efeitos sobre a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio e sobre as exportações líquidas.<br />
5. Caso o país adote um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio flexíveis, se governo<br />
adotar uma política monetária expansionista, seus efeitos serão:<br />
a) Totalmente nulos sobre o produto nacional, a taxa <strong>de</strong> câmbio e<br />
sobre as exportações líquidas.<br />
b) Um aumento do nível da renda agregada, da taxa <strong>de</strong> câmbio e<br />
das exportações líquidas;<br />
c) Um aumento da renda agregada, sem efeitos sobre a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio e sobre as exportações líquidas;<br />
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d) Um aumento do produto nacional, queda na taxa <strong>de</strong> câmbio e nas<br />
exportações líquidas.<br />
6. Caso o país adote um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio flexíveis, se governo<br />
adotar uma política <strong>de</strong> restrição às importações, expansionista, seus<br />
efeitos serão:<br />
a) Um aumento da renda agregada, sem efeitos sobre a taxa <strong>de</strong><br />
câmbio e sobre as exportações líquidas;<br />
b) Um aumento do nível da renda agregada e da taxa <strong>de</strong> câmbio e<br />
uma redução das exportações líquidas;<br />
c) Um aumento da renda agregada e das exportações líquidas,<br />
mantendo-se a taxa <strong>de</strong> câmbio inalterada;<br />
d) Uma queda da renda nacional, da taxa <strong>de</strong> câmbio e um aumento<br />
nas exportações líquidas.<br />
_____________________<br />
G A B A R I T O:<br />
1. b; 2. c; 3. a; 4. d; 5. a; 6. c.<br />
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<strong>AULA</strong> 10: O MODELO DE OFERTA E DEMANDA<br />
AGREGADAS<br />
Nessa nossa última aula teórica (as duas próximas<br />
serão só <strong>de</strong> exercícios), nós vamos tratar da oferta e da<br />
<strong>de</strong>manda no agregado, mostrando que, no mundo<br />
macroeconômico, o comportamento da oferta e da<br />
<strong>de</strong>manda tem muita semelhança com o que se passa a<br />
nível microeconômico. A exemplo da aula anterior, esta<br />
também exigirá <strong>de</strong> você um pouco mais <strong>de</strong><br />
concentração, mas nada que preocupe. Como já<br />
dissemos uma vez, só é difícil aquilo que a gente não<br />
enten<strong>de</strong>. Então vamos lá!<br />
10.1. A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada<br />
As Aulas 8 e 9, anteriores, trataram da <strong>de</strong>manda agregada<br />
da economia, supondo um dado nível <strong>de</strong> preços, exogenamente<br />
<strong>de</strong>terminado. Pelo que nós vimos na Aula 8, o equilíbrio no<br />
mercado <strong>de</strong> produtos (curva IS) simultaneamente ao equilíbrio do<br />
mercado monetário (curva LM) <strong>de</strong>termina, para um dado nível <strong>de</strong><br />
preços P, os valores <strong>de</strong> equilíbrio do produto, Y, e da taxa <strong>de</strong><br />
juros, r.<br />
Se relaxarmos a hipótese <strong>de</strong> P constante, as variações no<br />
nível geral <strong>de</strong> preços provocarão alterações nos valores <strong>de</strong><br />
equilíbrio <strong>de</strong> Y e <strong>de</strong> r, através das mudanças que ocorrerão na<br />
oferta real <strong>de</strong> moeda (Ms/P). Recor<strong>de</strong>-se que o nível <strong>de</strong> preços não<br />
entra na equação da IS, isto é, do mercado <strong>de</strong> produtos,<br />
constituindo-se em parte integrante apenas da curva LM pelo seu<br />
efeito na oferta real <strong>de</strong> moeda.<br />
Para <strong>de</strong>rivarmos a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada (D) da<br />
economia <strong>–</strong> num gráfico chamado Y-P (Y=produto ou renda; P=<br />
nível geral <strong>de</strong> preços) - basta verificarmos o que ocorre com o<br />
produto <strong>de</strong> equilíbrio, no sistema IS-LM - quando o nível <strong>de</strong> preços<br />
se altera. Observemos as Figuras 10.1a e 10.1b: ao nível inicial<br />
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<strong>de</strong> preços P0, temos o par <strong>de</strong> equilíbrio r0 e Y0, <strong>de</strong>terminado nos<br />
mercados monetário e <strong>de</strong> produtos (Figura 10.1a). Projetado na<br />
Figura 10.1b, obtemos o ponto A que indica o nível do produto <strong>de</strong><br />
equilíbrio <strong>de</strong>mandado (Y0) ao nível <strong>de</strong> preços P0. Agora, suponhase<br />
que o nível <strong>de</strong> preços se eleve para P1. O efeito <strong>de</strong>sse aumento<br />
<strong>de</strong> preços po<strong>de</strong> ser visto <strong>de</strong> dois ângulos: com uma renda real<br />
constante, o aumento <strong>de</strong> P eleva a renda nominal, aumentando,<br />
aumentando a <strong>de</strong>manda por saldos monetários para transações;<br />
ou ainda, o aumento em P reduz a oferta real <strong>de</strong> moeda (Ms/P)<br />
criando um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por moeda no mercado<br />
monetário ao níveis iniciais <strong>de</strong> r e Y. Haverá, então, uma pressão<br />
sobre a taxa <strong>de</strong> juros que <strong>de</strong>verá, em conseqüência, se elevar <strong>–</strong> no<br />
caso presente, até r1. Esse fenômeno se verifica para qualquer<br />
nível <strong>de</strong> renda, acarretando um <strong>de</strong>slocamento da curva LM para a<br />
esquerda (Figura 10.1a). A<strong>de</strong>mais, como conseqüência da<br />
elevação da taxa <strong>de</strong> juros, a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> investimento se reduz,<br />
provocando uma redução no nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio para Y1.<br />
A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada (D) da economia é <strong>de</strong>rivada<br />
ao verificarmos o que ocorre com o produto <strong>de</strong> equilíbrio<br />
<strong>de</strong>mandado quando P varia. Vimos acima que uma elevação <strong>de</strong> P<br />
reduziu o nível da renda ou produto <strong>de</strong> equilíbrio para Y1.<br />
Combinando esse novo nível <strong>de</strong> Y com o novo nível <strong>de</strong> preços P1,<br />
obtemos o ponto B, no gráfico Y-P, mostrado na Figura 10.1b.<br />
Repetindo-se essa experiência para outros diferentes níveis <strong>de</strong><br />
preço, verificaremos que haverá um nível <strong>de</strong> produto <strong>de</strong>mandado<br />
para cada nível <strong>de</strong> preços. Ligando todos essas combinações<br />
obtemos a chamada curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada da economia,<br />
conforme mostrada na Figura 10.1b.<br />
A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada (D) mostra uma relação inversa<br />
entre o nível <strong>de</strong> preços e o nível do produto <strong>de</strong>mandado. Ou seja, à<br />
medida que o nível <strong>de</strong> preços se eleva, o produto <strong>de</strong> equilíbrio<br />
<strong>de</strong>mandado na economia se reduz, e vice-versa.<br />
r LM1<br />
r1 LM0<br />
r0<br />
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P<br />
IS<br />
(a) Y0 Y1 Y<br />
P1 B<br />
P2 A<br />
(b) Y1 Y0 Y<br />
Figura 10.1<br />
Conhecida a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada da economia,<br />
vejamos agora a função oferta agregada para que possamos achar<br />
os valores <strong>de</strong> equilíbrio do produto e do nível <strong>de</strong> preços.<br />
10.2. A oferta agregada da economia<br />
Para <strong>de</strong>rivarmos a curva <strong>de</strong> oferta agregada torna-se<br />
necessário <strong>de</strong>finir uma função <strong>de</strong> produção para a economia como<br />
um todo. Essa função <strong>de</strong> produção mostrará qual a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
produto agregado que po<strong>de</strong> ser obtida a partir <strong>de</strong> uma dada<br />
utilização <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> produção <strong>–</strong> aí incluídos a mão-<strong>de</strong>-obra, o<br />
estoque <strong>de</strong> capital, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terra, o nível <strong>de</strong> tecnologia e<br />
outros. Para facilitar a análise, costuma-se simplificar a função <strong>de</strong><br />
produção, limitando o número <strong>de</strong> fatores a apenas dois: o trabalho<br />
e o estoque <strong>de</strong> capital. Assim, o produto ofertado (Y) <strong>de</strong> uma<br />
economia po<strong>de</strong> ser assim <strong>de</strong>finido:<br />
Y = f(K, L) (10.1.)<br />
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D<br />
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on<strong>de</strong>, Y = produto agregado ofertado;<br />
K = estoque <strong>de</strong> capital;<br />
L = quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho ou <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra<br />
empregada.<br />
Pela função <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>finida na equação (10.1), o<br />
produto ofertado da economia (Y) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da quantida<strong>de</strong> utilizada<br />
<strong>de</strong> capital (máquinas, equipamentos, etc.) e <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra.<br />
Variações em K e em L provocarão variações em Y. Limitando-se a<br />
análise ao curto prazo, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que o estoque <strong>de</strong><br />
capital permanece inalterado, isto é constante. Nesse caso, o nível<br />
do produto ofertado passa a ser função apenas da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
mão-<strong>de</strong>-obra empregada, L. Assim temos:<br />
Y = f(K, L) (10.2)<br />
on<strong>de</strong>, K = estoque <strong>de</strong> capital, suposto constante;<br />
L = quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra empregada, suposta<br />
variável.<br />
Essa função <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> curto prazo está ilustrada na<br />
Figura 10.2a. que mostra o produto ofertado (Y) se expandindo <strong>de</strong><br />
Y0 para Y1 à medida que a mão-<strong>de</strong>-obra empregada se expan<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
L0 para L1. Vale observar que a função <strong>de</strong> produção expressa na<br />
Figura 10.2a. pressupõe retornos crescentes a baixos níveis <strong>de</strong><br />
emprego, passando a apresentar retornos <strong>de</strong>crescentes à medida<br />
que L se eleva. O nível máximo <strong>de</strong> produto total é atingido ao se<br />
empregar L2 homens. A partir daí, aumentos <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra farão<br />
com que o produto total caia. Isso ocorre <strong>de</strong>vido à hipótese <strong>de</strong> que<br />
o estoque <strong>de</strong> capital (K) permanece constante, <strong>de</strong>correndo daí a<br />
conhecida Lei dos Rendimentos Decrescentes.<br />
Associada à função <strong>de</strong> produção mostrada na Figura 10.2a.<br />
está a Figura 10.2b. que mostra dois outros conceitos <strong>de</strong> produto<br />
importantes: o primeiro é o <strong>de</strong> produto médio do fator trabalho<br />
(PML) que é dado por Y/L. Graficamente, o produto médio é dado<br />
pela inclinação da reta que, saindo da origem, vai até um ponto<br />
qualquer da curva <strong>de</strong> produto total. Po<strong>de</strong>-se verificar que o PML<br />
cresce inicialmente, atinge um nível máximo e, a partir daí,<br />
começa a cair. O segundo conceito é o <strong>de</strong> produto marginal do<br />
trabalho (PMgL) que correspon<strong>de</strong> ao acréscimo no produto total<br />
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<strong>de</strong>corrente do emprego <strong>de</strong> mais uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, ou<br />
∆Y/∆L.<br />
Y<br />
Y1 Y = f(K,L)<br />
Y2<br />
PML<br />
PMgL<br />
(a) L0 Y2 Y<br />
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PML<br />
(b) L0 L1 L<br />
Figura 10.2 PMgL<br />
Graficamente, o PMgL é dado pela inclinação da tangente em<br />
qualquer ponto da curva <strong>de</strong> produto total. Tal como o PML, o PMgL<br />
cresce inicialmente, atinge um nível máximo e, <strong>de</strong>pois, cai<br />
in<strong>de</strong>finidamente, po<strong>de</strong>ndo até se tornar negativo. Vale observar<br />
que no ponto em que a curva do PML é interceptada pela curva do<br />
PMgL (e, portanto, nesse ponto os dois produtos são iguais), a<br />
inclinação da reta que sai da origem é máxima, coincidindo com a<br />
inclinação da tangente nesse ponto.<br />
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Uma vez entendido que, no curto prazo, com o estoque <strong>de</strong><br />
capital constante, o nível <strong>de</strong> produto ofertado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
exclusivamente do nível <strong>de</strong> emprego da mão-<strong>de</strong>-obra, L, faz-se<br />
necessário <strong>de</strong>terminar o nível <strong>de</strong> L. Para tanto, temos que analisar<br />
o funcionamento do mercado <strong>de</strong> trabalho <strong>–</strong> valendo lembrar que,<br />
como qualquer mercado, o mercado <strong>de</strong> trabalho é constituído <strong>de</strong><br />
uma <strong>de</strong>manda por mão-<strong>de</strong>-obra, por parte das empresas, e <strong>de</strong><br />
uma oferta <strong>de</strong> horas <strong>de</strong> trabalho, por parte dos indivíduos que<br />
procuram emprego. Para uma melhor compreensão do assunto,<br />
faremos essa análise por parte, iniciando pela <strong>de</strong>manda da firma<br />
por mão-<strong>de</strong>-obra.<br />
10.2.1. A <strong>de</strong>manda por mão-<strong>de</strong>-obra<br />
A <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> uma firma competitiva por mão-<strong>de</strong>-obra é<br />
influenciada essencialmente pela receita adicional que a firma<br />
espera obter com a nova contratação <strong>de</strong> trabalhadores e com o<br />
custo adicional <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong>ssa contratação. A receita adicional é<br />
<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> receita marginal (RMg) <strong>–</strong> que correspon<strong>de</strong> ao<br />
acréscimo na receita total <strong>de</strong>corrente da produção da nova mão<strong>de</strong>-obra<br />
empregada. Já o custo adicional é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> custo<br />
marginal (CMg) <strong>–</strong> e correspon<strong>de</strong> ao acréscimo no custo total<br />
<strong>de</strong>corrente do emprego <strong>de</strong> mais uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. O<br />
custo marginal, no caso, correspon<strong>de</strong> ao salário (W) que a firma<br />
<strong>de</strong>ve pagar ao trabalhador.<br />
Num mercado em concorrência perfeita, o preço do produto é<br />
dado pelo próprio mercado, não tendo a firma qualquer influência<br />
sobre o mesmo. Assim, a receita marginal (RMg) <strong>de</strong>corrente do<br />
acréscimo <strong>de</strong> mais uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra é dada por:<br />
RMg = P x PMgL (10.3)<br />
Com P constante, dado pelo mercado, e com o produto<br />
marginal <strong>de</strong>crescente, a receita marginal será <strong>de</strong>crescente.<br />
Supondo um custo marginal constante (dado pelo salário, W), a<br />
empresa competitiva empregará mão-<strong>de</strong>-obra enquanto a receita<br />
marginal for maior que o custo marginal, isto é, o salário, W. Com<br />
RMg <strong>de</strong>crescente, haverá um ponto em que RMg = CMg quando,<br />
então, a firma para <strong>de</strong> contratar mão-<strong>de</strong>-obra. Nesse ponto, a<br />
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firma estará maximizando seus lucros totais (muito embora, nesse<br />
ponto, o lucro marginal (=RMG - CMg) seja zero).<br />
Assim, po<strong>de</strong>mos concluir que o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por mão<strong>de</strong>-obra<br />
(DL) <strong>de</strong> uma firma é <strong>de</strong>finida pelo ponto em que RMg =<br />
CMg, ou<br />
Ou ainda,<br />
P x PMgL = W (10.4)<br />
W/P = PMgL (10.5)<br />
on<strong>de</strong>, W/P = w = salário real,<br />
e a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda da firma por mão-<strong>de</strong>-obra (DL) po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>finida por:<br />
DL = f(W/P) (10.6)<br />
A <strong>de</strong>manda por trabalho <strong>de</strong> uma firma competitiva, tal como<br />
expressa pela equação (10.6), está ilustrada na Figura 10.3. Pela<br />
equação (10.6), verifica-se que a <strong>de</strong>manda por trabalho é uma<br />
função do salário real (W/P), fato esse aceito tanto pelos clássicos<br />
como pelos keynesianos.<br />
Já a <strong>de</strong>manda agregada por trabalho será a soma das<br />
quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mandadas pelas firmas individuais, a cada preço <strong>de</strong><br />
mercado, oferecendo como resultado um <strong>de</strong>manda agregada<br />
semelhante àquela da Figura 10.3. Para um dado nível <strong>de</strong> preços,<br />
P0, a inclinação negativa da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por trabalho (tanto<br />
individual, como agregada) é explicada pela produtivida<strong>de</strong><br />
marginal <strong>de</strong>crescente da mão-<strong>de</strong>-obra.<br />
w=W/P<br />
W0/P0 W0 = PMgL0<br />
W0/P1 W1 = PMgL1<br />
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DL0 DL1<br />
Figura 10.3<br />
Vale observar que, caso o nível <strong>de</strong> preços se eleve <strong>de</strong> P0 para<br />
P1, a receita marginal (= P x PMgL) se elevará e, em<br />
conseqüência, a <strong>de</strong>manda por trabalho se eleva para qualquer<br />
nível <strong>de</strong> W nominal anterior. Isso porque, com o aumento do nível<br />
<strong>de</strong> preços, o salário real (W/P) se reduz, estimulando as empresas<br />
a empregarem mais mão-<strong>de</strong>-obra. Graficamente, esse aumento na<br />
<strong>de</strong>manda por trabalho implica um movimento para baixo ao longo<br />
da curva DL (Figura 10.3).<br />
10.2.2. A oferta <strong>de</strong> trabalho<br />
Sem preten<strong>de</strong>r entrar em <strong>de</strong>talhes quanto à <strong>de</strong>cisão<br />
individual relativa à combinação <strong>de</strong> trabalho X lazer <strong>–</strong> o que<br />
envolveria uma análise da função utilida<strong>de</strong> e curvas <strong>de</strong> indiferença,<br />
a questão que nos interessa aqui é: a oferta <strong>de</strong> trabalho é função<br />
do salário real ou do salário nominal?<br />
Já foi visto que a <strong>de</strong>manda por trabalho parece ser realmente<br />
função do salário real, W/P. No entanto, há discordância quanto à<br />
oferta <strong>de</strong> trabalho. De um lado, há a hipótese clássica <strong>de</strong> que a<br />
oferta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do salário real , não existindo, do lado do<br />
trabalhador a hipótese da “ilusão monetária”. De outro lado, há a<br />
hipótese keynesiana <strong>de</strong> que os trabalhadores ofertam mais ou<br />
menos horas <strong>de</strong> trabalho em função do salário nominal, reagindo<br />
pouco ou quase nada às variações <strong>de</strong> preços, originando-se daí o<br />
fenômeno da “ilusão monetária”.<br />
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DL<br />
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Não cabe aqui especular, em <strong>de</strong>talhes, com quem está a<br />
razão. Na verda<strong>de</strong>, a hipótese clássica 1 da oferta <strong>de</strong> trabalho como<br />
função do salário real parece ser mais correta a longo prazo, mas<br />
a suposição <strong>de</strong> que aquela oferta seja função do salário nominal,<br />
W, po<strong>de</strong> ser mais útil para explicar as variações do nível <strong>de</strong><br />
emprego no curto prazo.<br />
De qualquer forma, interessados que estamos em <strong>de</strong>terminar<br />
o nível da oferta agregada, analisaremos as conseqüências <strong>de</strong><br />
ambas as hipóteses sobre o equilíbrio no mercado <strong>de</strong> trabalho e,<br />
daí, sobre o nível do produto ofertado. Comecemos pela hipótese<br />
clássica.<br />
10.2.2.1. A hipótese clássica<br />
Como foi dito, os economistas clássicos acreditam que os<br />
trabalhadores estarão mais dispostos a oferecer uma maior<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho (horas <strong>de</strong> trabalho) somente se o nível do<br />
salário real , w = W/P, se elevar. Caso o valor do salário real se<br />
reduza, os trabalhadores oferecerão menos horas <strong>de</strong> trabalho. Em<br />
outras palavras, não existe, da parte dos trabalhadores, a suposta<br />
ilusão monetária. Esse comportamento po<strong>de</strong> ser assim expresso:<br />
SL = g(w) = g(W/P) (10.7)<br />
on<strong>de</strong>, SL = montante <strong>de</strong> trabalho ofertado<br />
w = W/P = nível do salário real.<br />
Vale lembrar que, subjacente a esse raciocínio, está a idéia<br />
<strong>de</strong> que o trabalhador tem plena consciência do valor <strong>de</strong> seu<br />
produto marginal e assim exigirá um nível <strong>de</strong> salário nominal<br />
compatível com o nível <strong>de</strong> preços da economia e com aquele seu<br />
produto marginal. Ou seja,<br />
1 Muito embora a Escola Clássica seja bastante <strong>de</strong>finida no tempo <strong>–</strong> tendo vigorado entre 1750 até<br />
aproximadamente 1870/80 <strong>–</strong> o termo “clássico” se aplica, <strong>de</strong> uma forma geral, à economia pré-keynesiana.<br />
Na verda<strong>de</strong>, essa foi a <strong>de</strong>nominação dada pelo economista inglês J.M.Keynes no início <strong>de</strong> sua obra, que<br />
revolucionou a teoria macroeconômica, “A Teoria do Juro, do Emprego e da Moeda”, publicada em 1936,<br />
aplicando a expressão a todos os economistas que o antece<strong>de</strong>ram,<br />
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W = P x PMgL (10.8)<br />
A expressão (10.7) está retratada na Figura 10.4 que indica<br />
o montante <strong>de</strong> trabalho ofertado, no agregado, a qualquer nível<br />
<strong>de</strong> salário real. A curva <strong>de</strong> oferta agregada <strong>de</strong> trabalho (SL) é<br />
positivamente inclinada, pois os trabalhadores oferecerão mais<br />
horas <strong>de</strong> trabalho à medida que o salário real se eleva. Assim, com<br />
um salário nominal igual a W0 e o nível <strong>de</strong> preços igual a P0 <strong>–</strong> o<br />
que <strong>de</strong>fine um nível <strong>de</strong> salário real igual a w0 <strong>–</strong> a oferta agregada<br />
<strong>de</strong> trabalho é igual a SL0.<br />
w=W/P SL<br />
W0/P0<br />
W0/P1<br />
SL1 SL0 SL<br />
Figura 10.4<br />
Um aspecto importante a salientar é que, caso haja, por<br />
exemplo, uma elevação <strong>de</strong> preços, digamos, <strong>de</strong> P0 para P1, o<br />
salário real, w, se reduz <strong>–</strong> implicando uma redução na oferta<br />
agregada <strong>de</strong> trabalho. Graficamente, isso é representado por um<br />
<strong>de</strong>slocamento para baixo ao longo da curva SL, com a oferta<br />
agregada <strong>de</strong> trabalho caindo para SL1, conforme se vê na Figura<br />
10.4.<br />
10.2.2.2. O equilíbrio no mercado <strong>de</strong> trabalho clássico<br />
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Temos, assim, a função <strong>de</strong>manda e a função oferta <strong>de</strong><br />
trabalho no mo<strong>de</strong>lo clássico<br />
DL = f (w) = f(W/P) (10.9)<br />
SL = g(w) = g(W/P) (10.10)<br />
Para que o mercado <strong>de</strong> trabalho esteja em equilíbrio, é<br />
necessário que DL = SL, ou seja:<br />
f(w) = g(w) (10.11)<br />
A visualização gráfica do equilíbrio no mercado <strong>de</strong> trabalho<br />
aparece na Figura 10.5. que representa a condição <strong>de</strong> equilíbrio<br />
expressa pela equação (10.11).<br />
w=W/P<br />
wo=Wo/Po<br />
DL<br />
SL<br />
L0 L<br />
Figura 10.5<br />
Assim, partindo da posição <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>finida por P0, w0,<br />
W0 e L0, vejamos o que acontece caso o nível <strong>de</strong> preços se eleve<br />
para P1. Esse aumento em P provocará uma queda no salário real<br />
(w =W/P) e, em conseqüência, haverá uma redução na oferta<br />
agregada <strong>de</strong> trabalho <strong>–</strong> implicando um <strong>de</strong>slocamento para baixo ao<br />
longo da curva SL da Figura 10.5 <strong>–</strong> e um aumento da <strong>de</strong>manda<br />
por trabalho <strong>–</strong> traduzido num <strong>de</strong>slocamento para baixo ao longo da<br />
curva DL. Haverá, então, um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por trabalho, o<br />
que fará com que os salários se elevem até que o salário real<br />
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inicial (w0) seja recuperado e, conseqüentemente, o nível do<br />
emprego inicial, L0. Por esse raciocínio po<strong>de</strong>mos concluir que o<br />
nível <strong>de</strong> emprego <strong>de</strong> equilíbrio, no mo<strong>de</strong>lo clássico, é <strong>de</strong>terminado<br />
exclusivamente no mercado <strong>de</strong> trabalho, sendo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das<br />
condições que vigoram nos mercados <strong>de</strong> produto e monetário, ou<br />
seja, do que ocorre com a <strong>de</strong>manda agregada da economia.<br />
10.2.2.3. A curva <strong>de</strong> oferta agregada no mo<strong>de</strong>lo clássico<br />
Para <strong>de</strong>rivar a curva do produto ofertado ou, simplesmente,<br />
curva <strong>de</strong> oferta agregada do mo<strong>de</strong>lo clássico, no gráfico Y-P, basta<br />
verificarmos o que acontece com o nível <strong>de</strong> emprego quando os<br />
preços sobem. Para tanto, vale relembrar que, no curto prazo,<br />
com o estoque <strong>de</strong> capital constante, as variações no nível do<br />
produto ofertado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m exclusivamente das variações que<br />
ocorrem no nível <strong>de</strong> emprego, L.<br />
Assim, partindo do níveis iniciais <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> W0 e P0 <strong>–</strong><br />
que <strong>de</strong>finem um nível <strong>de</strong> salário real, w0, e, conseqüentemente, o<br />
nível <strong>de</strong> emprego inicial igual a L0, conforme mostrado na Figura<br />
10.6a <strong>–</strong> obtemos o ponto A no gráfico Y-P (Figura 10.6b),<br />
resultante da combinação do nível <strong>de</strong> preços P0 e do produto<br />
ofertado, Y0. Caso o nível <strong>de</strong> preços se eleve para P1, a oferta<br />
agregada <strong>de</strong> trabalho, como já sabemos, se reduz ao longo da<br />
curva SL, enquanto a <strong>de</strong>manda se eleva ao longo da curva DL. O<br />
excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda sobre a oferta <strong>de</strong> trabalho fará com que os<br />
salários nominais se elevem até que o salário real, w0, seja<br />
restaurado e, por isso, o nível <strong>de</strong> emprego permanece em L0.<br />
Como o nível <strong>de</strong> emprego não se expan<strong>de</strong>, o produto<br />
agregado ofertado não <strong>de</strong>ve se elevar. Projetando esse raciocínio<br />
para o gráfico Y-P, temos o mesmo nível <strong>de</strong> produto (Y0) porém<br />
ofertado, agora, a um nível <strong>de</strong> preços mais alto (P1) <strong>–</strong> o que nos<br />
fornece o ponto B na Figura 10.6b.<br />
w=W/P<br />
SL<br />
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wo=Wo/Po<br />
P<br />
DL<br />
(a) L0 L<br />
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S<br />
P1 B<br />
Po A<br />
(b) Y0 Y<br />
Figura 10.6<br />
Repetindo a mesma experiência para outros níveis <strong>de</strong> preço,<br />
teremos vários preços para um mesmo nível <strong>de</strong> produto ofertado,<br />
Y0. Ligando todos essas combinações <strong>de</strong> P e Y0, obtemos a curva<br />
<strong>de</strong> oferta vertical S, mostrada na Figura 10.6b.<br />
Uma conclusão importante que po<strong>de</strong> ser retirada <strong>de</strong> tudo o<br />
que dissemos acima é que, no mo<strong>de</strong>lo clássico, a magnitu<strong>de</strong> do<br />
produto <strong>de</strong> equilíbrio ofertado é <strong>de</strong>terminado no mercado <strong>de</strong><br />
trabalho. Se assim é, para os antigos economistas clássicos e para<br />
os mo<strong>de</strong>rnos (os monetaristas), as medidas <strong>de</strong> política fiscal do<br />
governo, com o intuito <strong>de</strong> gerar mais emprego e mais<br />
produto,longe <strong>de</strong> atingir seus objetivos, só fazem aumentar os<br />
preços e alterar a distribuição do produto, sem mudanças no seu<br />
total. Isso ficará claro ao analisarmos o mo<strong>de</strong>lo clássico completo,<br />
a seguir.<br />
10.2.2.4. O mo<strong>de</strong>lo clássico completo.<br />
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Vamos, agora, analisar o mo<strong>de</strong>lo clássico completo, incluindo<br />
nele o produto <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>mandado, Y0 <strong>–</strong> <strong>de</strong>finido pelo sistema<br />
IS-LM <strong>–</strong> e o produto <strong>de</strong> equilíbrio ofertado, também Y0 <strong>–</strong><br />
<strong>de</strong>terminado pelo mercado <strong>de</strong> trabalho. Todas as equações que<br />
atuam nesse mo<strong>de</strong>lo são já nossas conhecidas, ou seja:<br />
i) Equação da IS (mercado <strong>de</strong> produtos): Y = C + I <strong>–</strong> ir + G (10.12)<br />
ii) Equação da LM (mercado monetário): Ms/P = kY + hr (10.13)<br />
iii) Função <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> curto prazo: Y = f(K, L) (10.14)<br />
iv) Equilíbrio no mercado <strong>de</strong> trabalho: f(w) = g(w) (10.15)<br />
Essas quatro relações estão retratadas na Figura 10.7.<br />
Assim, suponhamos que os valores iniciais das variáveis relevantes<br />
sejam w0, P0, L0, Y0 e r0. Os valores iniciais <strong>de</strong> Y e <strong>de</strong> r são<br />
encontrados pela intersecção das curvas IS-LM, mostrados na<br />
Figura 10.7a. Como foi visto anteriormente, fazendo-se diversas<br />
hipóteses <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> preços, geramos a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
agregada (D0) no gráfico Y-P, conforme mostrado na Figura 10.7c.<br />
O mercado <strong>de</strong> trabalho, por sua vez, está em equilíbrio ao nível<br />
<strong>de</strong> w0, com o emprego situando-se em L0. O nível <strong>de</strong> emprego L0<br />
<strong>de</strong>termina, por seu turno, o nível do produto ofertado, Y0 (Figura<br />
10.7c). Ao nível <strong>de</strong> preços P0, a oferta e a <strong>de</strong>manda agregada<br />
situam-se em Y0 (Figura 10.7c).<br />
Feitas essas consi<strong>de</strong>rações, vejamos os efeitos <strong>de</strong> alterações<br />
da política fiscal e da política monetária sobre o produto ou renda<br />
<strong>de</strong> equilíbrio da economia.<br />
r LM1<br />
k x ∆G<br />
LM0<br />
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w=W/P<br />
wo<br />
ISo<br />
IS1<br />
(a) Y0 Y<br />
DL<br />
SL<br />
(b) L0 L<br />
P S0<br />
P1<br />
P2<br />
Efeitos da Política Fiscal<br />
(c) Y0 Y<br />
Figura 10.7<br />
Ainda visualizando a Figura 10.7, suponha, para começar,<br />
que o governo, na tentativa <strong>de</strong> gerar mais empregos, resolva<br />
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aumentar seus gastos <strong>–</strong> o que <strong>de</strong>sloca a curva IS para a direita,<br />
até IS1 (Figura 10.7a), <strong>de</strong>slocando, conseqüentemente, a curva <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda agregada para a direita (para D1, na Figura 10.7c). A<br />
partir daí, segue-se uma série <strong>de</strong> conseqüências. No raciocínio<br />
clássico, o excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada forçará uma elevação<br />
dos preços, reduzindo a oferta real <strong>de</strong> moeda <strong>–</strong> o que se traduz<br />
num <strong>de</strong>slocamento da curva LM para a esquerda, até LM1. A<br />
redução da oferta monetária provoca uma elevação da taxa <strong>de</strong><br />
juros, o que reduz a <strong>de</strong>manda por investimentos e,<br />
conseqüentemente, diminuindo o excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada<br />
no mercado <strong>de</strong> produto.<br />
No mercado <strong>de</strong> trabalho, a elevação <strong>de</strong> preços reduz o salário<br />
real w, provocando um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por trabalho <strong>–</strong> o que<br />
fará com o salário nominal W se eleve até que seu valor real volte<br />
aos níveis anteriores, fazendo o nível <strong>de</strong> emprego retornar ao nível<br />
inicial (Figura10.7b).<br />
Observe-se que esse processo <strong>de</strong> ajustamento só terminará<br />
quando a taxa <strong>de</strong> juros tiver subido o suficiente para reduzir a<br />
<strong>de</strong>manda por investimento no mesmo montante do aumento em<br />
G.<br />
E, ao final <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> ajustamento, quais foram os<br />
efeitos do aumento em G? Raciocinando com o mo<strong>de</strong>lo clássico, o<br />
que se observa é que o aumento dos gastos do governo fez com<br />
que o nível <strong>de</strong> preços se elevasse, assim como o salário nominal<br />
W, mas sem afetar o salário real w. Como o salário real não se<br />
alterou, o nível <strong>de</strong> emprego se manteve em L0 e, em<br />
conseqüência, o produto ofertado permaneceu constante. Com o<br />
aumento <strong>de</strong> preços, a taxa <strong>de</strong> juros se elevou, reduzindo o nível <strong>de</strong><br />
investimento no mesmo montante do aumento dos gastos do<br />
governo. Em conclusão, os efeitos finais da política fiscal <strong>de</strong><br />
aumento em G foram apenas alocativos, com aumento da<br />
participação do governo na formação do produto e redução<br />
equivalente da participação dos investimentos privados.<br />
Efeitos da Política Monetária<br />
No mo<strong>de</strong>lo clássico, efeitos semelhantes ao da política fiscal<br />
po<strong>de</strong>m ser observados caso o governo opte por estimular a<br />
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<strong>de</strong>manda agregada através <strong>de</strong> uma política monetária<br />
expansionista.<br />
Assim, por exemplo, partindo das posições iniciais <strong>de</strong><br />
equilíbrio mostradas na Figura 10.8, suponha que o governo<br />
expanda a oferta monetária, <strong>de</strong>slocando a curva LM para a direita<br />
(Figura 10.8a). O excesso <strong>de</strong> moeda na economia fará com que a<br />
taxa <strong>de</strong> juros comece a cair. A redução na taxa <strong>de</strong> juros estimula a<br />
<strong>de</strong>manda das empresas por investimentos e, daí, aumentando a<br />
<strong>de</strong>manda agregada (D)<strong>–</strong> o que se traduz por um <strong>de</strong>slocamento da<br />
curva D para a direita D1 (Figura 10.8.b). Agora, ao nível <strong>de</strong><br />
preços P0 haverá um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada sobre a oferta<br />
agregada, forçando um aumento dos preços. Esse aumento dos<br />
preços reduzirá paulatinamente a oferta monetária real até que a<br />
curva LM retorne à sua posição original.<br />
No mercado <strong>de</strong> trabalho, os efeitos serão os já <strong>de</strong>scritos<br />
anteriormente: a elevação dos preços reduz o salário real w,<br />
provocando um aumento da <strong>de</strong>manda das firmas por mão-<strong>de</strong>-obra<br />
<strong>–</strong> o que eleva o salário nominal até que o salário real volte ao seus<br />
níveis anteriores e, conseqüentemente, retornando o nível <strong>de</strong><br />
emprego ao nível inicial.<br />
Ao final <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> ajustamento, os preços e os<br />
salários nominais <strong>–</strong> agora mais altos - serão as únicas variáveis<br />
que se alteraram como efeito da expansão monetária. A conclusão<br />
<strong>de</strong> tudo o que vimos é uma só: no mo<strong>de</strong>lo clássico, os efeitos das<br />
políticas fiscal e monetária sobre o nível do produto ofertado e do<br />
emprego são inócuos a longo prazo. A insistência governamental<br />
com tais políticas só fazem gerar aumentos <strong>de</strong> preços, isto é,<br />
inflação.<br />
Passemos, agora, à análise do mo<strong>de</strong>lo keynesiano <strong>–</strong> que<br />
adota a hipótese <strong>de</strong> que a oferta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra é função do<br />
salário nominal e, não, do salário real.<br />
r<br />
LM0<br />
LM1<br />
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ro<br />
r1<br />
IS<br />
(a) Y0 Y1 Y<br />
w=W/P SL<br />
wo<br />
P<br />
P1<br />
Po<br />
DL<br />
(b) L0 L<br />
S0<br />
D2<br />
D1<br />
(c) Yo Y<br />
Figura 10.8<br />
10.2.2.5. A oferta <strong>de</strong> trabalho como função do salário<br />
nominal<br />
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Contrapondo-se à hipótese clássica <strong>de</strong> que a oferta <strong>de</strong><br />
trabalho (SL) é função do salário real, há a hipótese keynesiana <strong>de</strong><br />
que os trabalhadores ofertam mais ou menos horas <strong>de</strong> trabalho<br />
em função do salário nominal que lhes é oferecido, reagindo pouco<br />
ou quase nada às variações <strong>de</strong> preços, originando-se, daí, o<br />
conhecido fenômeno da ilusão monetária.<br />
A oferta <strong>de</strong> trabalho como função do salário nominal (W)<br />
po<strong>de</strong> ser assim expressa:<br />
SL = f(W) (10.16)<br />
Pela equação (10.16), caso o valor do salário nominal se<br />
eleve por qualquer razão, a oferta <strong>de</strong> trabalho aumentará e viceversa.<br />
Essa relação direta e positiva entre oferta <strong>de</strong> trabalho e<br />
salário nominal está retratada na Figura 10.9., mostrando que os<br />
trabalhadores só estarão dispostos a oferecer mais horas-homem<br />
<strong>de</strong> trabalho caso lhes seja pago um salário nominal maior. Um<br />
aspecto importante a observar aqui é que, caso haja um aumento<br />
dos preços, a curva <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> trabalho não se <strong>de</strong>sloca, pois os<br />
trabalhadores só estão preocupados com o salário nominal que<br />
recebem.<br />
W SL = f(W)<br />
W1<br />
W0<br />
W<br />
L0 L1 L<br />
Figura 10.9<br />
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Figura 10.10<br />
P1 x PMgL<br />
P0 x PMgL<br />
Vejamos, agora, como se dá o equilíbrio nesse mercado <strong>de</strong><br />
trabalho. Deve ser salientado que, da parte da firma, a <strong>de</strong>manda<br />
por trabalho (DL) é sempre função do salário real (w = W/P),<br />
lembrando que a firma contratará pessoal até o ponto em que a<br />
RMg = CMg,. Como o custo marginal é dado pelo salário nominal<br />
(W) que ela paga e sua receita marginal é dada por P x PMgL,<br />
temos que<br />
W = P x PMgL (10.17)<br />
A equação (10.17) nos dá a <strong>de</strong>manda por mão<strong>–</strong><strong>de</strong>-obra <strong>de</strong><br />
uma firma. Em outras palavras, dado um salário nominal W, a<br />
firma contratará mão-<strong>de</strong>-obra até o ponto em que sua receita<br />
marginal (= P x PMgL) iguale aquele salário, tal como mostrado<br />
na Figura 10.10. Caso o salário nominal se reduza, a firma<br />
contratará mais mão-<strong>de</strong>-obra, reduzindo, em conseqüência, o<br />
PMgL <strong>de</strong> forma a manter a condição <strong>de</strong> equilíbrio expressa na<br />
equação (10.17).<br />
A condição <strong>de</strong> equilíbrio no mercado <strong>de</strong> trabalho po<strong>de</strong>, então,<br />
ser expressa assim:<br />
Ou<br />
SL = DL<br />
f(W) = P x PMgL (10.18)<br />
A Figura 10.11 retrata essa condição <strong>de</strong> equilíbrio no<br />
mercado <strong>de</strong> trabalho, mostrando a curva <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
por trabalho para um dado nível <strong>de</strong> preços P0. A esse nível <strong>de</strong><br />
preços, com o salário nominal estabelecido em W0, temos o nível<br />
<strong>de</strong> equilíbrio do emprego L0. Caso o salário fosse estabelecido em<br />
W1, haveria um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por trabalho igual à DL1 <strong>–</strong><br />
DL<br />
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SL1, o que forçará um aumento no nível do salário nominal até que<br />
o excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por trabalho seja eliminado, voltando o<br />
emprego <strong>de</strong> equilíbrio a se situar em L0.<br />
W<br />
Wo<br />
W1<br />
DL<br />
SL<br />
SL1 L0 DL1 L<br />
Figura 10.11<br />
10.2.2.6. A curva <strong>de</strong> oferta agregada no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário<br />
nominal<br />
Caso, por alguma razão, o nível <strong>de</strong> preços se eleve, o salário<br />
real se reduzirá para qualquer nível <strong>de</strong> salário nominal anterior,<br />
estimulando as empresas a <strong>de</strong>mandarem mais mão-<strong>de</strong>-obra.<br />
Graficamente, isso implica num <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda por trabalho para a direita, tal como mostrado na Figura<br />
10.12a, passando para DL1, DL2, etc, à medida que os preços se<br />
elevam para P1, P2 e assim por diante. O aumento da <strong>de</strong>manda<br />
por trabalho faz com que o salário nominal se eleve <strong>de</strong> W0 para W1<br />
e W2, provocando um aumento na oferta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra ao longo<br />
da curva Sn. Conseqüentemente, o nível <strong>de</strong> emprego se expan<strong>de</strong><br />
para L1, L2, etc.<br />
W<br />
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SL<br />
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W2<br />
W1<br />
W0<br />
Y<br />
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P2 x PMgL<br />
P1 x PMgL<br />
P0 x PMgL<br />
(a) L0 L1 L2 L<br />
Y2<br />
Y1 Y=f(K,L)<br />
Y0<br />
P<br />
P2<br />
P1<br />
P0<br />
(b) L0 L1 L2 L<br />
(c) Y0 Y1 Y2 Y<br />
Figura 10.12<br />
Pela função <strong>de</strong> produção mostrada na Figura 10.12b, o aumento<br />
do nível <strong>de</strong> emprego eleva o produto ofertado <strong>de</strong> Y0 para Y1 e Y2.<br />
Projetando-se esses valores no gráfico Y-P, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>rivar a curva <strong>de</strong><br />
oferta no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário nominal. Assim, ao nível <strong>de</strong> preços P0 <strong>–</strong> que<br />
<strong>de</strong>termina o nível <strong>de</strong> emprego L0 <strong>–</strong> temos o produto ofertado Y0. Caso os<br />
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preços subam para P1, o emprego crescerá para L1, elevando o produto<br />
ofertado para Y1, e assim sucessivamente. Obtemos, então, a curva <strong>de</strong><br />
oferta agregada (S) mostrada na Figura 10.12c. Note-se que, ao<br />
contrário do mo<strong>de</strong>lo clássico, a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong> oferta agregada no mo<strong>de</strong>lo<br />
<strong>de</strong> salário nominal apresenta-se positivamente inclinada.<br />
Efeitos da Política Fiscal<br />
Vejamos, agora, os efeitos da atuação da política fiscal sobre a<br />
ativida<strong>de</strong> econômica. Suponha que a economia se encontra em equilíbrio<br />
aos níveis <strong>de</strong> P0, W0, L0, r0 e Y0, tal como mostrado na Figura 10.13 e<br />
que o governo, na tentativa <strong>de</strong> aumentar o nível <strong>de</strong> emprego, aumente<br />
seus gastos em ∆G. Graficamente, esse aumento em G <strong>de</strong>sloca a curva<br />
IS para IS1 (Figura 10.13a) e, conseqüentemente, a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
agregada se <strong>de</strong>sloca também para D1 (Figura 10.13c). Agora, ao nível<br />
<strong>de</strong> preços P0, a <strong>de</strong>manda agregada exce<strong>de</strong> a oferta agregada, forçando<br />
um aumento dos preços.<br />
No mercado <strong>de</strong> trabalho, como já foi visto, o aumento dos preços<br />
reduz o valor do salário real w, estimulando as empresas a contratar<br />
mais mão-<strong>de</strong>-obra <strong>–</strong> o que se traduz num <strong>de</strong>slocamento da curva DL<br />
para a direita (Figura 10.13b) <strong>–</strong> com conseqüente elevação do salário<br />
nominal para W2 e do nível <strong>de</strong> emprego para L2. O aumento do nível <strong>de</strong><br />
emprego eleva o produto ofertado para Y2 (Figura 10.13c), o que reduz<br />
a elevação <strong>de</strong> preços. No mo<strong>de</strong>lo IS-LM, o aumento inicial <strong>de</strong> preços<br />
reduz a oferta monetária real, <strong>de</strong>slocando a curva LM para a esquerda.<br />
Esse <strong>de</strong>slocamento só não é maior porque a oferta agregada se eleva e<br />
amortece um pouco o aumento dos preços. A redução (pequena) da<br />
oferta monetária eleva um pouco a taxa <strong>de</strong> juros <strong>de</strong> r1 para r2 apenas,<br />
reduzindo um pouco <strong>de</strong>manda por investimentos e, daí, reduzindo a<br />
<strong>de</strong>manda agregada <strong>de</strong> Y1 para Y2.<br />
Assim, diferentemente do mo<strong>de</strong>lo clássico, no mo<strong>de</strong>lo do salário<br />
nominal, ao final do processo <strong>de</strong> ajustamento, teremos: um nível <strong>de</strong><br />
preços mais elevado, um maior nível <strong>de</strong> emprego e, conseqüentemente,<br />
um produto ofertado e <strong>de</strong>mandado maior. O salário nominal (W)<br />
aumentou, mas o salário real (w) caiu. Sabemos que o salário real caiu<br />
porque o nível <strong>de</strong> emprego aumentou <strong>de</strong> L0 para L2.<br />
R IS1<br />
IS0<br />
LM1<br />
LM0<br />
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r2<br />
r1<br />
r0<br />
W<br />
W2<br />
W0<br />
P<br />
P2<br />
P0<br />
Efeitos da Política Monetária<br />
(a) Y0 Y1 Y2 Y<br />
SL<br />
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DL2 = P2 x PMgL<br />
DL1 = P0 x PMgL<br />
(b) L0 L2 L<br />
D0<br />
(c) Y0 Y2 Y1 Y<br />
Figura 10.13<br />
S<br />
D1<br />
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No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário nominal, os efeitos <strong>de</strong> um expansão<br />
monetária sobre o nível do produto, do emprego e dos preços são<br />
bastante semelhantes aos <strong>de</strong> uma política fiscal expansionista.<br />
Assim, partindo novamente das posições <strong>de</strong> equilíbrio inicial<br />
mostradas na Figura 10.14, suponha que o governo aumente a<br />
oferta monetária, <strong>de</strong>slocando, em conseqüência a curva LM para<br />
LM1 (Figura 10.14a) <strong>–</strong> o que provoca uma queda na taxa <strong>de</strong> juros<br />
e aumenta a <strong>de</strong>manda por investimento. Esse aumento no<br />
investimento implica um aumento da <strong>de</strong>manda agregada,<br />
<strong>de</strong>slocando a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada <strong>de</strong> D0 para D1, no<br />
gráfico Y-P. Agora, ao nível <strong>de</strong> P0, há um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
agregada sobre a oferta agregada e, como conseqüência, os<br />
preços começam subir. A partir daí, os <strong>de</strong>sdobramentos são nossos<br />
conhecidos: o aumento <strong>de</strong> preços reduz o salário real w, o que<br />
aumenta a <strong>de</strong>manda por mão-<strong>de</strong>-obra e, daí, eleva o salário<br />
nominal, estimulando uma maior oferta <strong>de</strong> trabalho. O nível <strong>de</strong><br />
emprego se eleva até L2 e, conseqüentemente, o nível do produto<br />
ofertado cresce até Y2. De outra parte, o aumento <strong>de</strong> preços reduz<br />
a oferta monetária, <strong>de</strong>slocando a curva LM para a esquerda até<br />
LM2. A curva LM não retorna à sua posição original simplesmente<br />
porque o produto ofertado aumentou e, com isso, o aumento <strong>de</strong><br />
preços não foi tão intenso. De qualquer forma, a pequena redução<br />
da oferta monetária provocou uma pequena elevação da taxa <strong>de</strong><br />
juros <strong>de</strong> r1 para r2, o que provoca uma queda nos investimentos.<br />
No gráfico Y-P, essa queda nos investimentos se traduz por um<br />
<strong>de</strong>slocamento para a esquerda, ao longo da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
agregada D1, até que o produto <strong>de</strong>mandado se iguale ao produto<br />
ofertado ao nível <strong>de</strong> preços P2.<br />
Ao final do processo, observa-se mais uma vez que, ao<br />
contrário do mo<strong>de</strong>lo clássico, no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário nominal o<br />
aumento da oferta monetária elevou os preços, o nível <strong>de</strong> emprego<br />
e o nível do produto <strong>de</strong> equilíbrio da economia.<br />
r LM0<br />
ro LM1<br />
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r2<br />
r1<br />
W<br />
W1<br />
W2<br />
P<br />
P1<br />
P0<br />
IS<br />
(a) Y0 Y2 Y1 Y<br />
DL1<br />
DL2 SL<br />
P2 x PMgL<br />
P0 x PMgL<br />
(b) L0 L2 L<br />
D0<br />
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S<br />
D1<br />
(c) Y0 Y2 Y1 Y<br />
Figura 10.14<br />
10.3. Determinação do nível <strong>de</strong> preços<br />
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A partir do que foi dito até aqui temos já condições <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminar o nível geral <strong>de</strong> preços da economia. Na realida<strong>de</strong>,<br />
como acontece em qualquer mercado <strong>de</strong> produtos específicos, o<br />
preço, em nível agregado, é estabelecido na interseção da curva<br />
<strong>de</strong> oferta agregada com a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada. De<br />
importante a <strong>de</strong>stacar seriam os efeitos <strong>de</strong> um eventual aumento<br />
da <strong>de</strong>manda agregada sobre o nível <strong>de</strong> preços, quer se trate da<br />
hipótese <strong>de</strong> uma curva <strong>de</strong> oferta clássica (salário real), quer se<br />
trate <strong>de</strong> uma curva <strong>de</strong> oferta keunesiana (salário nominal).<br />
Vejamos as diferenças existentes nas duas hipóteses.<br />
10.3.1. O nível <strong>de</strong> preços e a curva <strong>de</strong> oferta clássica<br />
Como já foi visto anteriormente, na hipótese clássica <strong>de</strong><br />
salário real, a curva <strong>de</strong> oferta agregada (S) é vertical. Isso ocorre,<br />
para os clássicos, ao nível <strong>de</strong> “pleno emprego” <strong>–</strong> que, para eles, é<br />
o estado normal da economia. Eventuais <strong>de</strong>sempregos são<br />
fenômenos temporários, resolvidos pelas próprias forças <strong>de</strong><br />
mercado, isto é, pela oferta e <strong>de</strong>manda por produto e por mão-<strong>de</strong>obra.<br />
Assim, suponha que a economia se encontra em equilíbrio<br />
ao nível <strong>de</strong> preços P0 <strong>–</strong> nível este <strong>de</strong>terminado pelo cruzamento<br />
das curvas <strong>de</strong> oferta e da <strong>de</strong>manda agregadas mostradas na<br />
Figura 10.15. A partir <strong>de</strong>ssa situação inicial, suponha que o<br />
governo aumente seus gastos em ∆G <strong>–</strong> implicando, no gráfico Y-P,<br />
um <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada, D, para D1.<br />
Agora, ao nível inicial <strong>de</strong> preços P0, haverá um excesso <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda agregada sobre a oferta agregada igual a Y1 <strong>–</strong>Y0,<br />
forçando os preços a subirem. Na hipótese clássica, como já<br />
vimos, esse aumento <strong>de</strong> preços reduzirá o valor do salário real,<br />
W/P, aumentando a <strong>de</strong>manda por mão-<strong>de</strong>-obra, mas reduzindo a<br />
oferta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra (que também é função do salário real). O<br />
excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por mão-<strong>de</strong>-obra força o salário nominal, W,<br />
para cima, até que o salário real recupere seu valor inicial,<br />
eliminando, assim, o excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda por trabalho. Como o<br />
nível <strong>de</strong> emprego não se altera, o produto ofertado permanece o<br />
mesmo, ao nível <strong>de</strong> Y0. Todo esse processo <strong>de</strong> ajustamento está<br />
mostrado na Figura 10.15.<br />
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P<br />
P1<br />
P0<br />
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S<br />
D0<br />
D1<br />
Y0=Yf Y1 Y<br />
Figura 10.15<br />
No mercado monetário, a elevação <strong>de</strong> preços reduz a oferta<br />
monetária real (Ms/P), <strong>de</strong>slocando a curva LM para a esquerda, o<br />
que eleva a taxa <strong>de</strong> juros e, daí, reduz a <strong>de</strong>manda por<br />
investimentos. No gráfico Y-P, a redução dos investimentos se<br />
traduz numa redução da <strong>de</strong>manda agregada, à medida que os<br />
preços sobem. Os preços só <strong>de</strong>ixarão <strong>de</strong> subir quando for<br />
eliminado todo excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada sobre a oferta<br />
agregada. Ao final <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> ajustamento, o produto <strong>de</strong><br />
equilíbrio ofertado e <strong>de</strong>mandado será o mesmo <strong>de</strong> antes, porém,<br />
os preços terão subido na proporção do aumento da <strong>de</strong>manda<br />
agregada, situando-se, agora, em P1, conforme se po<strong>de</strong> ver na<br />
Figura 10.15.<br />
10.3.2. O nível <strong>de</strong> preços e a hipótese <strong>de</strong> salário nominal<br />
Com a hipótese <strong>de</strong> uma oferta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra com função<br />
<strong>de</strong> salário nominal, vimos que a curva <strong>de</strong> oferta agregada é<br />
positivamente inclinada, indicando que um eventual aumento <strong>de</strong><br />
preços reduzirá o salário real (W/P), mas não o salário nominal<br />
(W), estimulando um maior emprego <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra e, daí,<br />
aumentando o produto ofertado da economia.<br />
Assim, suponha que a economia esteja em equilíbrio ao nível<br />
<strong>de</strong> preços P0 <strong>–</strong> nível <strong>de</strong> preços esse <strong>de</strong>terminado pelas curvas <strong>de</strong><br />
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<strong>de</strong>manda agregada (D) e <strong>de</strong> oferta agregada (S). A interseção<br />
daquelas duas curvas, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o nível <strong>de</strong> preços,<br />
<strong>de</strong>termina, também, o nível <strong>de</strong> produto <strong>de</strong> equilíbrio Y0.<br />
Imaginemos, agora, que Y0 seja menor que o produto <strong>de</strong> pleno<br />
emprego e que o governo <strong>de</strong>cida adotar uma política fiscal<br />
expansionista para melhorar os índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego,<br />
aumentando seus gastos, tal como no exemplo anterior, em ∆G.<br />
Graficamente, no mo<strong>de</strong>lo IS-LM, tal medida implica um<br />
<strong>de</strong>slocamento para a direita da curva IS. No gráfico Y-P, a curva<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada D se <strong>de</strong>sloca para direita (Figura 10.16),<br />
criando um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada sobre a oferta<br />
agregada igual a Y1 <strong>–</strong>Y0. Consequentemente, os preços começam a<br />
subir.<br />
P1<br />
P0<br />
Y0 Yf Y1<br />
Figura 10.16<br />
Na hipótese <strong>de</strong> uma oferta <strong>de</strong> trabalho como função do<br />
salário nominal, o aumento dos preços reduz o valor do salário real<br />
(W/P), estimulando as firmas a empregarem mais homens. O<br />
aumento na <strong>de</strong>manda por mão-<strong>de</strong>-obra faz o salário nominal, W,<br />
crescer, aumentando a oferta <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Como o aumento<br />
<strong>de</strong> W não ocorre na mesma proporção do aumento dos preços, o<br />
nível <strong>de</strong> emprego se eleva e, daí, aumentando o nível do produto<br />
ofertado <strong>–</strong> o que diminui a intensida<strong>de</strong> do aumento <strong>de</strong> preços.<br />
No mo<strong>de</strong>lo IS-LM, o aumento dos preços reduz a oferta real<br />
<strong>de</strong> moeda, <strong>de</strong>slocando a curva LM para a esquerda. Esse<br />
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S<br />
D0<br />
D1<br />
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<strong>de</strong>slocamento, como já foi visto, é relativamente menor que o<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva IS <strong>de</strong>vido ao aumento do produto ofertado<br />
que reduz o aumento dos preços. No final <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong><br />
ajustamento, o nível <strong>de</strong> emprego terá aumentado, elevando,<br />
conseqüentemente, o nível do produto ofertado, enquanto o nível<br />
<strong>de</strong> preços terá se elevado para P1. Vale observar que esse<br />
aumento <strong>de</strong> preços verificado no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário nominal é<br />
menor que aquele observado no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário real, dado que<br />
o nível <strong>de</strong> produto ofertado se elevou.<br />
* * *<br />
Tendo, assim, <strong>de</strong>senvolvido toda uma explicação teórica<br />
sobre o produto <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>mandado e ofertado, e <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminação do nível geral <strong>de</strong> preços da economia, seja do ponto<br />
<strong>de</strong> vista do mo<strong>de</strong>lo clássico e do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário nominal,<br />
i<strong>de</strong>ntificado este com a escola keynesiana, concluímos a parte<br />
teórica <strong>de</strong> nosso Curso <strong>de</strong> Economia I.<br />
Acredito que, para os alunos não-economistas,<br />
principalmente, esta <strong>de</strong>ve ter sido a Aula mais “pesada” <strong>de</strong>ste<br />
nosso Curso, <strong>de</strong>vido aos inúmeros gráficos, muitas vezes<br />
integrados um ao outro. Mas, para aqueles que tiverem um pouco<br />
mais <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> no aprendizado <strong>de</strong>ste tópico, vale o seguinte<br />
conselho: guar<strong>de</strong> as hipóteses básicas <strong>de</strong> cada Escola: a Clássica e<br />
a Keynesiana. E também os principais efeitos das políticas fiscal e<br />
monetária em cada Escola.<br />
Bem, outros tópicos, um pouco mais avançados talvez, serão<br />
tratados em nosso já programado Curso <strong>de</strong> Economia II.<br />
* * *<br />
Com essas colocações, encerramos esta nossa 10ª Aula. A seguir, e como sempre,<br />
são apresentados alguns exercícios <strong>de</strong> revisão e fixação sobre os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> oferta e<br />
<strong>de</strong>manda agregadas.<br />
Nossas próximas duas e últimas aulas serão apenas <strong>de</strong> exercícios <strong>de</strong> revisão.<br />
Até lá e fiquem com meu abraço!<br />
_____________________<br />
EXERCÍCIOS DE REVISÃO E FIXAÇÃO (gabarito no final):<br />
1. Não é correto afirmar:<br />
a) Se o aumento relativo do nível <strong>de</strong> preços é superior ao aumento relativo na<br />
quantida<strong>de</strong> nominal <strong>de</strong> moeda, a oferta real <strong>de</strong> moeda se reduz e a LM se <strong>de</strong>sloca para cima e<br />
para a esquerda.<br />
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b) Se o aumento relativo na quantida<strong>de</strong> nominal <strong>de</strong> moeda é maior que o aumento<br />
relativo no nível <strong>de</strong> preços, a oferta real <strong>de</strong> moeda se eleva e a LM se <strong>de</strong>sloca para baixo e para<br />
a direita.<br />
c) Se o nível <strong>de</strong> preços se reduz, ceteris paribus, a oferta real <strong>de</strong> moeda diminui e a<br />
curva LM se <strong>de</strong>sloca para a esquerda.<br />
d) Se o aumento relativo da quantida<strong>de</strong> nominal <strong>de</strong> moeda for igual ao aumento relativo<br />
no nível <strong>de</strong> preços, a oferta real <strong>de</strong> moeda permanece constante e a LM não se altera.<br />
e) Um aumento no nível <strong>de</strong> preços, não acompanhado por um aumento na quantida<strong>de</strong><br />
nominal <strong>de</strong> moeda, eleva a taxa <strong>de</strong> juros.<br />
2. Um aumento do nível <strong>de</strong> preços:<br />
a) Provoca uma queda na <strong>de</strong>manda agregada, implicando, graficamente, um<br />
<strong>de</strong>slocamento ao longo da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada.<br />
b) Provoca uma queda na <strong>de</strong>manda agregada, implicando, graficamente, um<br />
<strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada para a esquerda.<br />
c) Provoca automaticamente um aumento da oferta agregada.<br />
d) Provoca uma queda na oferta agregada.<br />
e) Nenhuma das alternativas anteriores.<br />
3. Com relação à curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada (no gráfico Y-P), marque a alternativa incorreta:<br />
a) Se o governo aumentar seus gastos, a curva IS se <strong>de</strong>sloca para a direita e,<br />
conseqüentemente, a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada também se <strong>de</strong>sloca para a direita.<br />
b) Um aumento da oferta monetária, <strong>de</strong>sloca a curva LM para a direita, reduzindo a<br />
taxa <strong>de</strong> juros e aumentando o investimento - o que provoca um <strong>de</strong>slocamento ao longo da curva<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada.<br />
c) Um aumento do nível <strong>de</strong> preços reduz a oferta real <strong>de</strong> moeda e <strong>de</strong>sloca a LM para a<br />
esquerda, provocando, conseqüentemente, um <strong>de</strong>slocamento para cima e ao longo da curva <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>manda agregada.<br />
d) Se, para um dado nível <strong>de</strong> preços, o Banco Central reduzir a oferta nominal <strong>de</strong><br />
moeda, através <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> open-market, a taxa <strong>de</strong> juros se elevará, provocando queda no<br />
investimento e, conseqüentemente, um <strong>de</strong>slocamento da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada para a<br />
esquerda.<br />
e) Se o governo reduzir os impostos (T), o consumo privado aumentará - o que<br />
<strong>de</strong>slocará a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada para a direita.<br />
4. A função keynesiana <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> trabalho postula que os trabalhadores<br />
a) Aceitam uma diminuição do salário monetário ou nominal <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esta redução<br />
aumente o nível <strong>de</strong> emprego.<br />
b) Aceitam uma diminuição do salário real, mas não do salário nominal vigente.<br />
c) Aceitam uma diminuição do salário nominal, mas não do salário real.<br />
d) Não aceitam diminuição nem no salário nominal, nem no salário real.<br />
e) Havendo <strong>de</strong>semprego, aceitam diminuição tanto do salário nominal como do real.<br />
5. (Concurso do AFC) No mo<strong>de</strong>lo "clássico" <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação do produto, renda e emprego, o<br />
mercado <strong>de</strong> trabalho é concebido da seguinte maneira:<br />
a) A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é inversamente relacionada com a produtivida<strong>de</strong> marginal física<br />
do trabalho e a oferta <strong>de</strong> trabalho é função do salário real.<br />
b) A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é inversamente relacionada com a produtivida<strong>de</strong> marginal física<br />
do trabalho e a oferta <strong>de</strong> trabalho é função do salário nominal.<br />
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c) A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda é perfeitamente inelástica e a oferta <strong>de</strong> trabalho é função do<br />
salário nominal.<br />
d) A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda se i<strong>de</strong>ntifica com a produtivida<strong>de</strong> marginal física do trabalho e<br />
a oferta <strong>de</strong> trabalho é função do salário real.<br />
e) A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda se i<strong>de</strong>ntifica com a produtivida<strong>de</strong> marginal física do trabalho e a<br />
oferta <strong>de</strong> trabalho é função do salário nominal.<br />
6. (Concursos do AFC) Indique a opção <strong>de</strong> resposta errada, quanto às hipóteses adotadas pelo<br />
mo<strong>de</strong>lo "clássico" <strong>de</strong> equilíbrio no mercado <strong>de</strong> trabalho:<br />
a) O equilíbrio po<strong>de</strong> se dar aquém da situação <strong>de</strong> pleno emprego.<br />
b) Prevalece a concorrência perfeita na produção <strong>de</strong> bens e serviços.<br />
c) Os trabalhadores são remunerados na medida do valor do seu produto marginal.<br />
d) As empresas são maximizadoras <strong>de</strong> lucros.<br />
e) A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> trabalho mostra relação inversa entre salário real e<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandada <strong>de</strong> trabalho.<br />
7. Com relação ao mercado <strong>de</strong> trabalho, não é correto afirmar:<br />
a) No mo<strong>de</strong>lo clássico, a oferta <strong>de</strong> trabalho é função do salário real.<br />
b) No mo<strong>de</strong>lo keynesiano, a <strong>de</strong>manda por trabalho é função do salário real.<br />
c) No mo<strong>de</strong>lo clássico, a <strong>de</strong>manda por trabalho é função do salário real.<br />
d) No mo<strong>de</strong>lo clássico, o equilíbrio do mercado <strong>de</strong> trabalho sempre ocorre ao nível do<br />
pleno emprego.<br />
e) No mo<strong>de</strong>lo keynesiano, enquanto a economia estiver abaixo do pleno emprego, os<br />
trabalhadores estarão dispostos a oferecer mais horas <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o salário nominal<br />
se eleve.<br />
8. Assinale a alternativa incorreta:<br />
a) No mo<strong>de</strong>lo clássico, a curva <strong>de</strong> oferta agrregada é vertical, ao nível do pleno<br />
emprego.<br />
b) No mo<strong>de</strong>lo keynesiano, a curva <strong>de</strong> oferta agregada é negativamente inclinada em<br />
relação ao nível <strong>de</strong> preços.<br />
c) No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário nominal, a curva <strong>de</strong> oferta agregada é positivamente inclinada<br />
em relação ao nível <strong>de</strong> preços.<br />
d) No mo<strong>de</strong>lo clássico, por hipótese, a economia está sempre no pleno emprego.<br />
e) O mo<strong>de</strong>lo keynesiano parte, geralmente, da hipótese <strong>de</strong> que a economia está em<br />
recessão, isto é, abaixo do pleno emprego.<br />
9. De acordo com o mo<strong>de</strong>lo clássico, as conseqüências <strong>de</strong> uma política fiscal expansionista são:<br />
a) Um aumento no nível <strong>de</strong> preços, uma elevação do salário real e queda do nível <strong>de</strong><br />
emprego.<br />
b) Uma queda dos preços e conseqüente aumento da <strong>de</strong>manda agregada, porém sem<br />
alterar a oferta agregada.<br />
c) Uma queda dos preços, seguida <strong>de</strong> aumentos na <strong>de</strong>manda e na oferta agregadas.<br />
d) Um aumento dos preços, seguida <strong>de</strong> queda do salário real e conseqüente aumento do<br />
nível <strong>de</strong> emprego e do produto ofertado.<br />
e) Um aumento no nível <strong>de</strong> preços, uma elevação do salário nominal, mas não do<br />
salário real, sem alteração do nível <strong>de</strong> emprego e da oferta agregada.<br />
10. No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário nominal, caso o governo adote uma política fiscal expansionista,<br />
observar-se-ão os seguintes efeitos no sistema econômico:<br />
a) Os preços subirão e tanto o nível <strong>de</strong> emprego como a oferta agregada cairão.<br />
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b) Os preços cairão, com conseqüente aumento do salário real e queda do nível <strong>de</strong><br />
emprego.<br />
c) Os preços subirão, o salário real cairá, resultando em um aumento do nível <strong>de</strong><br />
emprego e, daí, do produto ofertado.<br />
d) O salário nominal crescerá na mesma proporção do aumento dos preços e,<br />
conseqüentemente, o nível do emprego e do produto ofertado se manterão inalterados.<br />
e) Os preços cairão, com conseqüente queda no nível <strong>de</strong> emprego e do produto<br />
ofertado.<br />
_________________<br />
GABARITO:<br />
1. c; 2. a; 3. b; 4. b; 5. d;<br />
6. a; 7. e; 8. b; 9. e; 10. c.<br />
________________<br />
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<strong>AULA</strong> 11: EXERCÍCIOS DE REVISÃO: 1ª BATERIA<br />
Nesta 11ª e penúltima Aula <strong>de</strong>ste nosso Curso <strong>de</strong><br />
Economia I, nós vamos fazer uma revisão complementar<br />
da matéria ensinada, resolvendo as questões que<br />
apresentamos ao final <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong> nossas Aulas. Mas,<br />
como nosso objetivo principal é preparar <strong>vocês</strong> em<br />
Macroeconomia <strong>–</strong> visando principalmente o concurso do<br />
AFRF <strong>–</strong> nós vamos nos centrar nos exercícios das Aulas <strong>de</strong><br />
macroeconomia, a partir da Aula 5 - (agora renumerada) 1<br />
<strong>–</strong> sobre Balanço <strong>de</strong> Pagamentos e Taxa <strong>de</strong> Câmbio. Aliás,<br />
a maioria dos exercícios propostos nas quatro primeiras<br />
aulas já foram resolvidos na própria aula.<br />
Obviamente, algumas questões propostas são por<br />
<strong>de</strong>mais simples e dispensarão nossos comentários. Mas<br />
se, por acaso, alguns <strong>de</strong> <strong>vocês</strong> não conseguirem resolver<br />
alguma questão que eu tenha julgado fácil, é só enviar<br />
suas dúvidas para o Fórum. Comecemos, então, pela Aula<br />
5 <strong>–</strong> sobre o Balanço <strong>de</strong> Pagamentos e Taxa <strong>de</strong> Câmbio.<br />
Mãos à obra!<br />
I - Aula 5 <strong>–</strong> Balanço <strong>de</strong> Pagamentos e Taxa <strong>de</strong> Câmbio<br />
Exercícios <strong>de</strong> revisão e fixação - soluções comentadas:<br />
1. A resposta da questão é a letra b , pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da operação, po<strong>de</strong> ser gerado<br />
ou um “haver” (se for uma compra) ou uma “obrigação” (se for uma compra ou um<br />
endividamento).<br />
2. Muito óbvia: a resposta correta é a letra e.<br />
3. Também óbvia: letra e. Qualquer dúvida, dê uma revisada na estrutura do Balanço<br />
<strong>de</strong> Pagamentos (BP).<br />
4. Óbvia: letra d. Os investimentos diretos fazem parte da conta <strong>de</strong> capitais<br />
autônomos.<br />
5. Óbvia: letra d. Essas são as rendas dos capitais <strong>de</strong> investimentos (lucros) e dos<br />
capitais <strong>de</strong> empréstimos (juros)><br />
6. Óbvia: letra a.<br />
1 A Aula 0 <strong>–</strong> sobre Elasticida<strong>de</strong> <strong>–</strong> foi feita como Aula-<strong>de</strong>monstraçaõ. Na verda<strong>de</strong>, ela <strong>de</strong>veria receber a<br />
<strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> Aula 3, pois seu lugar é após a Aula 2 <strong>–</strong> sobre o Estudo do Mercado: <strong>de</strong>manda e oferta.<br />
Assim feito, a Aula sobre Introdução à Macroeconomia <strong>–</strong> que era a Aula 3 <strong>–</strong> virou Aula 4.<br />
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7. Óbvia: letra d.<br />
8. A resposta correta é a letra b. Os eventuais déficits na Balança <strong>de</strong> Transações<br />
Correntes (BTC) são cobertos, em princípio, pelos recursos que entram na conta <strong>de</strong><br />
capitais autônomos (empréstimos, investimentos, etc.). Se estes não forem<br />
suficientes, então o país terá <strong>de</strong> lançar mão <strong>de</strong> movimentos induzidos <strong>de</strong> capital<br />
(haveres em moeda no exterior <strong>–</strong> reservas-, empréstimos <strong>de</strong> agência oficiais, como<br />
FMI, Banco Mundial, etc.).<br />
9. A resposta é a letra c. Ao ven<strong>de</strong>r ouro para a indústria nacional, o Banco Central<br />
recolhe Reais <strong>de</strong> circulação <strong>–</strong> daí o termo “<strong>de</strong>smonetização” .<br />
10. A resposta é a letra e. Trata-se <strong>de</strong> uma operação entre dois resi<strong>de</strong>ntes (no Brasil) <strong>–</strong> o<br />
passageiro e a Varig <strong>–</strong> e, como tal, não envolve divisas estrangeiras e, portanto, não<br />
é registrada no BP.<br />
11. A resposta é a letra b. Quando uma empresa estrangeira reinveste parte <strong>de</strong> seus<br />
lucros, faz-se o registro <strong>de</strong> saída do lucro total no item “remessa <strong>de</strong> lucros” (com<br />
sinal negativo) da conta <strong>de</strong> serviços e dá entrada em “reinvestimentos diretos”, na<br />
conta <strong>de</strong> capitais autônomos, da parte que foi reinvestida. É como se a empresa<br />
tivesse remetido para a matriz todo o lucro obtido no Brasil e, <strong>de</strong>pois, investido<br />
parte <strong>de</strong>ste lucro no país.<br />
12. A resposta é a letra d. Sempre que houver um déficit na balança <strong>de</strong> transações<br />
correntes, este déficit tem <strong>de</strong> ser coberto com recursos externos. Estes recursos<br />
externos são consi<strong>de</strong>rados poupança externa <strong>–</strong> que vai financiar parte da formação<br />
bruta <strong>de</strong> capital fixo do país.<br />
13. Resposta óbvia: letra e. Quando se diz “conta <strong>de</strong> capital” está-se geralmente se<br />
referindo aos capitais autônomos <strong>–</strong> que não têm nada a ver com os “capitais<br />
compensatórios”.<br />
14. Resposta óbvia: letra a. As contas <strong>de</strong> regularização são financiamentos obtidos junto<br />
aos organismos internacionais tipo FMI, Banco Mundial, etc. para ajudar a fechar o<br />
BP.<br />
15. “Operações sobre a linha” são aquelas que ocorrem em função das forças <strong>de</strong><br />
mercado, sem interferência do Banco Central, como são as importações, as<br />
exportações, empréstimos, seguros, viagens, investimentos diretos, etc. A resposta<br />
correta é, então, a letra c.<br />
16. Resposta: letra c. O conceito mais relevante <strong>de</strong> equilíbrio do BP é o equilíbrio da<br />
balança <strong>de</strong> transações correntes (BTC)<strong>–</strong> que registra as compras e vendas <strong>de</strong> bens e<br />
serviços do país para o exterior.<br />
17. “Operações sob a linha” referem-se aos movimentos <strong>de</strong> capitais compensatórios<br />
realizados pelo Banco Central para fechar o BP. A resposta, então, é a letra a.<br />
18. Resposta óbvia: letra b.<br />
19. Resposta óbvia: letra a.<br />
20. Resposta óbvia: letra c.<br />
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21. Resposta letra c. Isso porque o objetivo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>svalorização cambial é tornar<br />
nossos produtos mais baratos no exterior. Se a <strong>de</strong>manda por estes produtos for<br />
elástica <strong>–</strong> isto é, os compradores estrangeiros reagem bem a uma queda <strong>de</strong> preço <strong>de</strong><br />
nossos produtos <strong>–</strong> nós vamos ven<strong>de</strong>r muito mais e a receita em dólares aumentará.<br />
Mas, preste atenção: isso só ocorre se a <strong>de</strong>manda for elástica a preço.<br />
22. Resposta óbvia: letra a. Este é, geralmente, o objetivo <strong>de</strong> uma maxi<strong>de</strong>svalorização<br />
cambial.<br />
23. Letra c. Se o país importar basicamente bens essenciais, uma maxi<strong>de</strong>svalorização<br />
não vai reduzir nossas importações <strong>–</strong> pois estes bens são inelásticos a preço. O<br />
mesmo vale para as exportações <strong>de</strong> produtos primários (geralmente produtos<br />
agrícolas).<br />
24. O saldo do BP correspon<strong>de</strong> à soma do saldo da BTC (-100) + o saldo da conta <strong>de</strong><br />
capitais autônomos (-100); ou seja, no caso presente é igual a -200. Portanto, a<br />
resposta correta é a letra b.<br />
25. O Saldo da BTC correspon<strong>de</strong> à soma do saldo da balança comercial (+450) mais o<br />
saldo das exportações e das importações <strong>de</strong> serviços não-fatores (+100) mais o<br />
saldo das transferências unilaterais (donativos) (+50) mais o saldo das exportações e<br />
das importações <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> fatores (igual à renda líquida enviada ao exterior).<br />
Como a soma dos dados conhecidos acima dá 600 e como o saldo da BTC foi um<br />
déficit <strong>de</strong> 150, então a renda líquida enviada ao exterior foi 750, e a resposta, então,<br />
é a letra b.<br />
__________________________<br />
II <strong>–</strong> Aula 6: A Moeda e o Sistema Bancário<br />
Exercícios com soluções comentadas:<br />
1. A afirmativa incorreta é a letra d. A moeda bancária ou escritural é representada<br />
pelos <strong>de</strong>pósitos à vista do público nos bancos comerciais.<br />
2. Resposta: letra c. Os sistemas <strong>de</strong> trocas diretas trocam mercadoria por mercadoria.<br />
3. Resposta: letra c. Hoje, não existe “moeda-papel” <strong>–</strong> que seria um certificado<br />
bancário com lastro em ouro ou outro metal precioso.<br />
4. Resposta: letra c. A afirmativa nem tem sentido.<br />
5. Resposta óbvia: letra a.<br />
6. A resposta é a letra b. Se você tem dúvidas, dê uma revisada no item 6.2. <strong>–</strong><br />
Indicadores Monetários <strong>–</strong> da Aula 6.<br />
7. Resposta óbvia: letra b.<br />
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8. O único ativo que tem “liqui<strong>de</strong>z absolta ou liqui<strong>de</strong>z por excelência” é o próprio<br />
dinheiro (nota ou moeda metálica). Logo, a resposta é a letra d.<br />
9. Resposta um tanto óbvia: letra b.<br />
10. Na realida<strong>de</strong>, os meios <strong>de</strong> pagamento (MP) são compostos do Papel-moeda em<br />
po<strong>de</strong>r do público (PMP) + os <strong>de</strong>pósitos à vista do público nos bancos Comerciais<br />
(DV). O PMP é, por sua vez, constituído das moedas metálicas e do papel-moeda<br />
propriamente dito. Assim, a resposta correta é a letra c.<br />
11. A resposta já está no gabarito.<br />
12. Papel-moeda em circulação (PMC) = Papel-moeda emitido (PME) menos o<br />
dinheiro em caixa do Banco Central. Logo, PMC = 400 <strong>–</strong> 40 = 360;<br />
PMP = PMC menos encaixe em moeda dos bancos comerciais (R1)=360 <strong>–</strong> 60 = 300<br />
Logo, a resposta é a letra b.<br />
13. MP = PMP + DV; e DV = moeda escritural. Assim, MP = 300 + 600 = 900; já<br />
base monetária (BM) = PMP + total das reservas bancários = 300 + 60 + 240 = 600.<br />
Logo, a resposta é a letra a.<br />
14. O multiplicador dos meios <strong>de</strong> pagamento po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>duzido da seguinte fórmula:<br />
k=MP/BM = 900/600 = 1,5. Resposta: letra c.<br />
15. A outra fórmula do multiplicador bancário é: k = 1/1-d(1-r), on<strong>de</strong> d = fração dos<br />
meios <strong>de</strong> pagamento sob a forma <strong>de</strong> DV; e r = taxa das reservas bancárias sobre os<br />
DV. Assim, 1/1-0,8(1-025) = 1/1-0,6 = 1/0,4 = 2,5. Resposta: letra b.<br />
16. Resposta: letra d. Veja questão 13, acima.<br />
17. Todas as alternativas aumentam o valor do multiplicador bancário, exceto a letra e<br />
<strong>–</strong> que, então, é a resposta correta.<br />
18. A fórmula do multiplicador simples é: k = 1/r. Assim, k = 1/0,4 = 2,5. Resposta:<br />
letra d.<br />
19. Ao ven<strong>de</strong>r títulos públicos, o Banco central estará tirando dinheiro <strong>de</strong> circulação.<br />
Com menos dinheiro em circulação, os meios <strong>de</strong> pagamento se reduzem e a taxa <strong>de</strong><br />
juros tem a se elevar pela escassez <strong>de</strong> recursos circulando. Então, a resposta é a letra<br />
b.<br />
20. Resposta um tanto óbvia: letra d. o Banco Central não tem a função <strong>de</strong> captar<br />
poupança.<br />
21. Não dá para <strong>de</strong>monstrar aqui esta contabilida<strong>de</strong> do sistema monetário (que é<br />
composto pelo Banco Central + os bancos comerciais). Mas, a resposta correta é a<br />
letra a.<br />
22. Letra c. Veja questão 13, acima.<br />
23. Também não dá para <strong>de</strong>monstrar aqui a contabilida<strong>de</strong> do Banco Central. Mas a<br />
resposta correta é a letra e.<br />
24. A oferta monetária, por <strong>de</strong>finição, é igual ao total <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento. Logo, a<br />
resposta é a letra d.<br />
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25. Pela mesma razão mencionada na questão 17, a resposta é a letra d.<br />
26. A afirmativa da letra c não se constitui em instrumento clássico <strong>de</strong> controle<br />
monetário. Esta é, então, a resposta.<br />
27. Resposta correta: letra c.<br />
___________________________<br />
III <strong>–</strong> Aula 7: A macroeconomia keynesiana<br />
Exercícios <strong>de</strong> revisão com solução comentada:<br />
1. A lei (clássica) <strong>de</strong> Say diz que “a oferta cria sua própria <strong>de</strong>manda”. Logo, a resposta<br />
é c.<br />
2. Para os clássicos, tanto a poupança como o investimento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m apenas da taxa<br />
<strong>de</strong> juros. Então, a resposta é a letra e.<br />
3. Para Keynes, o consumo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, positiva e exclusivamente, do nível da renda<br />
disponível. Resposta: letra b.<br />
4. Esta é uma <strong>de</strong>finição matemática, sem maiores comentários. Resposta: letra a.<br />
5. PMgC = ∆C/∆Yd = 2.400/3.000 = 0,8. Resposta: letra d.<br />
6. A propensão marginal a poupar (s) é o complemento da propensão marginal a<br />
consumir (b). Se b = 0,8, então s = 0,2; se b = 0,75, então, s = 0,25. Assim, a única<br />
afirmativa incorreta é a letra c.<br />
7. A propensão média a consumir é dada pelo consumo total dividido pela nível da<br />
renda disponível. Ou: (a +bYd)/Yd. Logo, a resposta é a letra e.<br />
8. Para Keynes, tanto o consumo como a poupança são função direta do nível da renda<br />
disponível. Logo, a resposta é a letra b.<br />
9. A Yd = C + S ou: S = Yd <strong>–</strong> C = Yd <strong>–</strong> a <strong>–</strong>bYd; Ou, S = -a +Yd (1-b). Logo, a<br />
resposta é a letra a.<br />
10. A <strong>de</strong>finição correta <strong>de</strong> eficiência marginal do investimento é a constante da letra c.<br />
11. A única afirmativa incorreta é a letra d. O principal componente do consumo é<br />
aquele relacionado com o nível <strong>de</strong> renda (bYd).<br />
12. A fórmula do multiplicador keynesiano simples é: k = 1/1-b (sendo b = PMgC).<br />
Assim, k = 1/1-0,75 = 1/0,25 = 4. Resposta: letra c.<br />
13. O “hiato inflacionário” ocorre quando há um excesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada na<br />
economia em relação ao nível do produto <strong>de</strong> pleno emprego (Yf). A resposta, então,<br />
é a letra c.<br />
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14. O “hiato <strong>de</strong>flacionário” é o contrário: ocorre quando a <strong>de</strong>manda agregada corrente<br />
(Yc) está abaixo do nível do produto <strong>de</strong> pleno emprego (Yf). Resposta: letra e.<br />
15. Primeiro, temos <strong>de</strong> achar o multiplicador: k = 1/1-b = 1/1-0,75 = 4. Como há um<br />
hiato inflacionário <strong>de</strong> 100 bilhões, é necessário que a variação na renda (∆Y) seja<br />
igual a uma redução <strong>de</strong> 100 bilhões para volta ao nível do pleno emprego. Ocorre<br />
que: ∆Y = k x ∆I; ou: -100 = 4 x ∆I e, portanto, ∆I = -25 bilhões. Ou seja, é<br />
necessário, neste caso, haver um corte <strong>de</strong> 25 bilhões nos investimentos. Então, a<br />
resposta é: letra e.<br />
16. Solução: Y = C + I >> Y = 200 + 0,9Y + 500 >> Y <strong>–</strong> 0,9Y = 700 >> 0,1Y = 700;<br />
>>> Y = 1/01 x 700 = 10 x 700 = 7.000. Resposta: letra b.<br />
17. Lembre-se que: ∆Y = k x ∆I. Logo, ∆Y = 10 x 50 = 500. Resposta: letra a.<br />
18. Resposta: letra d. Sem maiores comentários.<br />
19. Com os dados da questão, a equação para se achar o produto <strong>de</strong> equilíbrio é a<br />
seguinte: Y = a + b(Y-T +R) +I + G<br />
Ou: Y = 100 + 0,8(Y <strong>–</strong> 200 + 100) +300 +500<br />
Y = 900 + 0,8Y <strong>–</strong> 160 + 80<br />
Y <strong>–</strong> 0,8Y = 820 >> 0,2Y = 820 >> Y = 1/0,2 x 820 >> Y = 5 x 820 >> Y = 4.100.<br />
Logo, a resposta é a letra d.<br />
20. Ora, será necessária uma variação ou aumento no produto (∆Y) igual a 1.900 (ou:<br />
6.000 <strong>–</strong> 4.100). Como ∆Y = k x ∆G e como k = 5, temos: 1.900 = 5 x ∆G;<br />
Ou: ∆G = 1900/5 = 380. E a resposta é a letra c.<br />
21. O multiplicador dos impostos é igual a uma unida<strong>de</strong> a menos que o multiplicador<br />
dos gastos, porém com sinal negativo. Como já vimos que k = 5, então o<br />
multiplicador dos impostos será <strong>–</strong>4. Resposta: letra d.<br />
22. “Orçamento equilibrado” ocorre quando o aumento dos gastos do governo (∆G) é<br />
igual ao aumento dos impostos para financiar este aumento em G. O multiplicador<br />
<strong>de</strong>ste “orçamento equilibrado” é sempre igual a 1 (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os impostos não seja<br />
associados ao nível <strong>de</strong> renda). Logo, a resposta é a letra a.<br />
23. Como o aumento do produto ou da renda (∆Y) <strong>de</strong>ve ser 1.000 (=5.100 <strong>–</strong> 4.100), e<br />
como o multiplicador do orçamento equilibrado é 1, temos:<br />
∆Y = k x ∆G >> 1000 = 1 x ∆G >> portanto, ∆G = 1000. Resposta: letra d.<br />
24. Como já vimos, o multiplicador dos impostos (kt), neste caso, é <strong>–</strong> 4. Como a renda<br />
<strong>de</strong>ve crescer 1000, temos: ∆Y = kt x ∆T >> 1000 = - 4 x ∆T >> ∆T = 1000/-4 = -<br />
250. Ou seja, <strong>de</strong>ve haver um corte ou redução nos impostos <strong>de</strong> 250 e a resposta é a<br />
letra a.<br />
25. Neste caso, a equação do produto será: Y = a + b(Y <strong>–</strong> T <strong>–</strong> tY + R) + I + G<br />
Ou: Y = 200 + 0,75(Y <strong>–</strong> 400 <strong>–</strong> 0,2Y + 200) + 400 + 500<br />
Y = 1.100 + 0,75Y <strong>–</strong> 300 <strong>–</strong> 0,15Y + 150<br />
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Y- 0,75Y + 0,15Y = 950<br />
0,4Y = 950 >> Y = 1/0,4 x 950 >> Y = 2,5 x 950 =2.375.<br />
E a resposta é, portanto, a letra e.<br />
26. O aumento na renda <strong>de</strong> equilíbrio será o resultado do aumento nos gastos do<br />
governo + o aumento nos impostos. O multiplicador <strong>de</strong> G é: k = 1/1-0,8 = 5. Então,<br />
o multiplicador do aumento dos impostos é <strong>–</strong> 4. Neste caso, se o governo aumentar<br />
os impostos em 125, renda cairá 500 (= - 4 x 125) e se, ao mesmo tempo, o<br />
governo gastar mais 200, a renda crescerá 1.000. Somando estes dois efeitos,<br />
teremos um aumento na renda <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> 500 bilhões. Logo, a resposta é a<br />
letra b.<br />
27. Substituindo na equação do mo<strong>de</strong>lo completo os valores dados pela questão, temos:<br />
Y = 40 + 0,8 (Y <strong>–</strong> 0,2Y) + 200 + 300 + 100 <strong>–</strong> 40 <strong>–</strong> 0,14Y<br />
Y = 600 + 0,8Y <strong>–</strong> 0,16Y <strong>–</strong> 0,14Y<br />
Y = 600 + 0,5Y >> Y <strong>–</strong> 0,5Y = 600 >> 0,5Y = 600 >> Y = 1/0,5 x 600;<br />
Ou: Y = 2 x 600 = 1.200. O multiplicador, então, é 2. E a resposta é a letra d.<br />
28. Já foi achado na questão anterior que o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio é 1.200. Então, a<br />
resposta é a letra a.<br />
29. Resposta: letra c. Quando a economia entra em recessão, a renda cai e, daí, o<br />
consumo cai, o que vai repercutindo geometricamente no nível da renda <strong>de</strong><br />
equilíbrio. Mas, neste momento, entram em cena o auxílio <strong>de</strong>semprego, os impostos<br />
sobre a renda se reduzem <strong>–</strong> o que amortece em parte a queda na renda <strong>de</strong> equilíbrio.<br />
Estes mecanismos são chamados <strong>de</strong> “estabilizadores automáticos.<br />
30. Substituindo os valores dados na questão na fórmula do mo<strong>de</strong>lo keynesiano<br />
completo, temos:<br />
Y = 60 + 0,8(Y <strong>–</strong> 50 <strong>–</strong> 0,2Y) + 100 + 0,2Y + 200 + 40 <strong>–</strong> 20 -0,04Y<br />
Y = 60 + 0,8Y <strong>–</strong> 40 <strong>–</strong> 0,16Y +100 + 0,2Y + 200 + 40 <strong>–</strong> 20 <strong>–</strong> 0,04Y<br />
Y <strong>–</strong> 0,8Y + 0,16Y -0,2Y + 0,04Y = 340<br />
Y <strong>–</strong> 0,8Y = 340 >> 0,2Y = 340 >> Y = 1/0,2 x 340<br />
Y = 5 x 340 = 1.700.<br />
Resposta: letra e.<br />
___________________________________<br />
IV <strong>–</strong> Aula 8: O Mo<strong>de</strong>lo IS-LM<br />
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Exercícios <strong>de</strong> revisão com solução comentada:<br />
1. A <strong>de</strong>finição da Curva IS é exatamente a que aparece na letra b <strong>–</strong> que é a resposta<br />
correta.<br />
2. Pela mesma razão, a <strong>de</strong>finição da Curva LM é a que aparece na letra a <strong>–</strong> que é a<br />
resposta correta.<br />
3. A redução da carga tributária aumenta a renda disponível e, daí, aumenta o<br />
consumo. Todo aumento <strong>de</strong> gastos (aumento <strong>de</strong> G, ou aumento <strong>de</strong> I, ou aumento <strong>de</strong><br />
C) ten<strong>de</strong> a levar a IS para a direita. Logo a resposta é a letra e.<br />
4. O aumento nos gastos do governo <strong>de</strong>sloca a curva IS para a direita, cortando, agora<br />
a curva LM num ponto mais elevado <strong>–</strong> o que eleva a taxa <strong>de</strong> juros. Logo, a resposta<br />
é a letra a.<br />
5. Se o governo reduzir a oferta monetária, a taxa <strong>de</strong> juros vai se elevar e, em<br />
conseqüência, os investimentos vão cair, reduzindo ainda mais a renda. Logo, a<br />
única medida que não eleva a renda é a <strong>de</strong>scrita na letra b.<br />
6. Todo aumento na oferta monetária, isto é, na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dinheiro em circulação,<br />
causa um <strong>de</strong>slocamento da curva LM para a direita. Resposta: letra d.<br />
7. Resposta correta: letra d. Resposta um tanto óbvia.<br />
8. Uma política fiscal expansionista <strong>de</strong>sloca a curva IS para a direita, aumentando Y<br />
<strong>de</strong> equilíbrio, mas provocando um aumento na <strong>de</strong>manda por moeda para transações.<br />
Como a oferta monetária permanece a mesma, este aumento na <strong>de</strong>manda por moeda<br />
causa um aumento na taxa <strong>de</strong> juros. Logo, a resposta correta é a <strong>de</strong>scrita na letra c.<br />
________________________<br />
V <strong>–</strong> Aula 9 <strong>–</strong> A macroeconomia aberta<br />
Exercícios <strong>de</strong> revisão com solução comentada<br />
Para respon<strong>de</strong>r todas as questões propostas nesta Aula 9 é importante ter em mente as<br />
seguintes conclusões (retiradas do mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming):<br />
1. Se o país adota um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio flutuantes:<br />
a) A política fiscal não tem qualquer efeito sobre o nível do produto, mas taxa<br />
<strong>de</strong> câmbio se elevará,;<br />
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b) A política monetária, ao contrário, é muito eficaz no sentido <strong>de</strong> provocar um<br />
aumento do nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio, com conseqüente queda na taxa <strong>de</strong><br />
câmbio, ocorrendo, também, um aumento nas exportações líquidas.<br />
c) A política comercial restritiva não terá qualquer efeito no sentido <strong>de</strong><br />
melhorar a conta <strong>de</strong> transações correntes, nem o nível da renda <strong>de</strong> equilíbrio,<br />
mas provoca um aumento na taxa <strong>de</strong> câmbio.<br />
2. Se o país adota um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio fixas:<br />
a) A política fiscal passa a ser a política mais eficaz para elevar o nível do<br />
produto da economia, com redução da taxa <strong>de</strong> juros;<br />
b) Já a política monetária se torna inteiramente ineficaz para este fim.<br />
c) A política comercial é eficaz, elevando a renda agregada e, também, as<br />
exportações líquidas.<br />
Observação: quem tem dúvidas sobre estas conclusões, <strong>de</strong>ve reler a análise que é feita nesta<br />
Aula 9. Se você achar isso um “saco”, não se preocupe: apenas <strong>de</strong>core as conclusões acima<br />
<strong>–</strong> que po<strong>de</strong> ser o suficiente para você acertar a questão da prova.<br />
Com isso explicado, as respostas dos Exercícios da Aula 9 passam a ser um tanto óbvias.<br />
Senão, vejamos:<br />
Questões;<br />
1. Conforme visto acima, a resposta correta é a letra b.<br />
2. Resposta: letra b.<br />
3. Resposta: letra a.<br />
4. A resposta correta seria um item e <strong>–</strong> que não apareceu com os seguintes dizeres:<br />
d) um aumento da renda agregada, sem efeitos sobre a taxa <strong>de</strong> câmbio e com<br />
aumento das exportações líquidas (isto, se o governo impuser alguma<br />
restrição às importações). Caso o governo não pratique nenhum tipo <strong>de</strong><br />
restrição comercial, a resposta correta é a letra d.<br />
5. A resposta correta seria: letra e: aumento na renda agregada, queda da taxa <strong>de</strong><br />
câmbio e aumento nas exportações líquidas.<br />
6. Também aqui a resposta correta seria a letra e: a renda agregada e o saldo em<br />
transações correntes permanecem inalterados e a taxa <strong>de</strong> câmbio se eleva.<br />
__________________________<br />
VI <strong>–</strong> Aula 10: O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong>manda agregadas:<br />
Exercícios <strong>de</strong> revisão com solução comentada:<br />
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1. Uma redução no nível <strong>de</strong> preços provoca um aumento na oferta real <strong>de</strong> moeda,<br />
implicando um <strong>de</strong>slocamento da curva LM para a direita. Esta queda no nível <strong>de</strong><br />
preços tem o mesmo efeito <strong>de</strong> um aumento na quantida<strong>de</strong> monetária, mantido o<br />
nível <strong>de</strong> preços constante. Logo, a afirmativa c está incorreta e é a resposta da<br />
questão.<br />
2. Como a variável “preço” está no gráfico da curva <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong>manda, qualquer<br />
variação <strong>de</strong> preço provoca um <strong>de</strong>slocamento ao longo da curva e não da curva.<br />
Portanto, a resposta correta é a letra a.<br />
3. Um aumento da oferta monetária provoca uma queda na taxa <strong>de</strong> juros e, daí, um<br />
aumento nos investimentos. Agora, para um dado nível <strong>de</strong> preços, a <strong>de</strong>manda<br />
agregada é maior <strong>–</strong> o que implica um <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong>sta curva para a direita.<br />
Portanto, a letra b está incorreta e respon<strong>de</strong> à proposição.<br />
4. Na visão keynesiana, os trabalhadores sofrem <strong>de</strong> “ilusão monetária”. Havendo<br />
<strong>de</strong>semprego, são capazes <strong>de</strong> ofertar mais mão-<strong>de</strong>-obra ao mesmo salário nominal<br />
vigente, mesmo que os preços tenham aumentado e reduzido seu salário real. Logo,<br />
a resposta é a letra b.<br />
5. Resposta correta: letra d. Esta é a essência do mo<strong>de</strong>lo clássico sobre o mercado <strong>de</strong><br />
trabalho.<br />
6. Para os clássicos, a economia só está em equilíbrio ao nível <strong>de</strong> pleno emprego.<br />
Logo, a resposta é a letra a.<br />
7. A resposta correta é a letra e. Veja a resposta da questão 4, acima.<br />
8. Ao contrário, no mo<strong>de</strong>lo keynesiano, a curva <strong>de</strong> oferta agregada é positivamente<br />
inclinada em relação ao nível <strong>de</strong> preços. Se o preço aumentar, aumenta a <strong>de</strong>manda<br />
por mão-<strong>de</strong>-obra e, daí, a oferta <strong>de</strong> produtos. Então, a letra b está incorreta e<br />
respon<strong>de</strong> à questão.<br />
9. Resposta correta: letra e. Os clássicos negam qualquer eficácia da política fiscal<br />
para elevar o nível <strong>de</strong> emprego e do produto agregado.<br />
10. Resposta correta: letra c. Os keynesianos (do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário nominal) acreditam<br />
que uma política fiscal expansionista aumenta os preços, mas aumenta, também, o<br />
nível <strong>de</strong> emprego e do produto agregado (exatamente o contrário do que dizem os<br />
clássicos).<br />
__________________________<br />
OK! Com isso, resolvemos todos os exercícios <strong>de</strong> revisão que propusemos ao longo<br />
<strong>de</strong> nossas aulas. Se ainda persistir alguma dúvida, você po<strong>de</strong> usar o Fórum que terei o<br />
máximo prazer em aten<strong>de</strong>-lo.<br />
Nossa próxima (e última aula) conterá somente questões <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> concursos<br />
passados - resolvidas e comentadas. Espero que você esteja tendo um bom proveito<br />
com esses exercícios. Até a próxima e um abraço!<br />
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<strong>AULA</strong> 12 : EXERCÍCIOS DE REVISÃO: 2ª BATERIA<br />
Nesta 12ª e última Aula <strong>de</strong>ste nosso Curso <strong>de</strong><br />
Economia I, nós vamos fazer uma revisão complementar<br />
da matéria ensinada nas <strong>de</strong>z primeiras aulas, resolvendo<br />
questões pertinentes <strong>de</strong> provas macroeconomia <strong>de</strong><br />
concursos passados. As questões foram escolhidas<br />
aleatoriamente, e <strong>vocês</strong> terão a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observar<br />
a forma como as questões são apresentadas nas provas e<br />
o tipo <strong>de</strong> questão que cai com mais freqüência. Através<br />
<strong>de</strong> sua resolução e entendimento você po<strong>de</strong>rá ter uma boa<br />
idéia <strong>de</strong> como estão seus conhecimentos da matéria<br />
ministrada até aqui. Então, mãos à obra!<br />
1. (AFRF <strong>–</strong>PAT <strong>–</strong> 2002/2°) Com relação ao balanço <strong>de</strong> pagamentos, é incorreto afirmar<br />
que:<br />
a) as exportações <strong>de</strong> empresas multinacionais instaladas no Brasil são<br />
computadas na balança comercial do país;<br />
b) os investimentos diretos fazem parte dos chamados movimentos <strong>de</strong> capitais<br />
autônomos;<br />
c) o saldo da conta <strong>de</strong> “transferências unilaterais” faz parte do saldo do<br />
balanço <strong>de</strong> pagamentos em transações correntes;<br />
d) o saldo total do balanço <strong>de</strong> pagamentos não é necessariamente nulo;<br />
e) as chamadas rendas <strong>de</strong> capital fazem parte do <strong>de</strong>nominado balanço <strong>de</strong><br />
serviços não-fatores.<br />
Solução comentada:<br />
As alternativas <strong>de</strong> a a d estão todas claramente corretas. Talvez, a única que po<strong>de</strong>ria<br />
suscitar alguma dúvida seria a letra d. Esta afirmativa está correta porque o saldo do BP<br />
correspon<strong>de</strong> à soma do saldo da conta <strong>de</strong> transações correntes com o saldo da conta <strong>de</strong><br />
capitais autônomos (mais “erros e omissões”, se houver). Esta soma po<strong>de</strong> dar um resultado<br />
nulo, positivo ou negativo. Se for positivo, sobraram divisas que serão lançadas em<br />
“haveres em moeda no exterior”; se forem negativas, faltaram divisas que serão sacadas<br />
daquela mesma conta.<br />
Assim, a resposta correta é a letra e, que, <strong>de</strong> fato, é a única alternativa incorreta. Isso porque<br />
a balança <strong>de</strong> serviços é composta <strong>de</strong> duas sub-contas: a <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> fatores <strong>–</strong> que<br />
correspon<strong>de</strong>, basicamente, ao pagamento <strong>de</strong> juros, <strong>de</strong> lucros, royalties, etc <strong>–</strong> que são as<br />
remunerações dos fatores <strong>de</strong> produção ou, no caso, às rendas <strong>de</strong> capital; e os serviços nãofatores<br />
<strong>–</strong> que correspon<strong>de</strong> ao pagamento <strong>de</strong> outros serviços, como transporte, seguros,<br />
turismo, etc. .<br />
2. (AFRF <strong>–</strong>PAT <strong>–</strong> 2002/2°) Com relação ao mo<strong>de</strong>lo IS/LM, é incorreto afirmar que:<br />
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a) no chamado caso da “armadilha <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z”, em que a LM é horizontal,<br />
uma elevação dos gastos públicos eleva a renda sem afetar a taxa <strong>de</strong> juros;<br />
b) excluídos os casos “clássico” e da “armadilha da liqui<strong>de</strong>z”, numa<br />
economia fechada a elevação dos gastos públicos eleva a renda. Esta<br />
elevação, entretanto é menor comparada com o resultado <strong>de</strong>corrente do<br />
mo<strong>de</strong>lo keynesiano simplificado, em que os investimentos não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da<br />
taxa <strong>de</strong> juros;<br />
c) no chamado caso “clássico”, em que a LM é vertical, uma elevação dos<br />
gastos públicos só afeta as taxas <strong>de</strong> juros;<br />
d) se a IS é vertical, a política fiscal não po<strong>de</strong> ser utilizada para a elevação da<br />
renda;<br />
e) na curva LM, a <strong>de</strong>manda por moeda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da taxa <strong>de</strong> juros e da renda.<br />
Solução comentada:<br />
a) A letra a está correta (se você tem dúvidas, veja o porquê na página 23 da Aula 8 <strong>–</strong><br />
sobre a “armadilha da liqui<strong>de</strong>z”;<br />
b) A letra b também está correta pela seguinte razão: se o governo aumenta seus<br />
gastos, o nível da renda (Y) aumenta <strong>de</strong> forma ampliada pelo multiplicador. Este<br />
aumento <strong>de</strong> Y provoca um aumento na <strong>de</strong>manda por moeda para transações <strong>–</strong> o que<br />
<strong>–</strong> dada uma dada oferta monetária, eleva a taxa <strong>de</strong> juros. Sendo, nesta hipótese, os<br />
investimentos função inversa da taxa <strong>de</strong> juros (r), o aumento em r reduz os<br />
investimentos <strong>–</strong> o que anula em parte o aumento na renda provocado pelo aumento<br />
nos gastos do governo.<br />
c) A letra c está correta (se você tem dúvidas, veja o porquê na página 24 da Aula 8 <strong>–</strong><br />
sobre o “caso clássico”).<br />
d) A letra d está errada; isso por que, se a IS for vertical, qualquer política fiscal<br />
expansionista <strong>de</strong>sloca a IS para a direita, elevando a Y renda <strong>de</strong> equilíbrio. Esta é a<br />
resposta correta da questão. (Em caso <strong>de</strong> dúvida, reveja a última página da Aula 8).<br />
e) A afirmativa constante da letra e está inteiramente correta (veja a equação (4) da<br />
página 13 da Aula 8).<br />
3. (AFRF <strong>–</strong> PAT-2003) Consi<strong>de</strong>re os seguintes saldos do balanço <strong>de</strong> pagamentos para<br />
uma <strong>de</strong>terminada economia hipotética, em unida<strong>de</strong>s monetárias:<br />
- saldo da balança comercial: superávit <strong>de</strong> 100;<br />
- saldo em transações correntes: déficit <strong>de</strong> 50;<br />
- saldo total do balanço <strong>de</strong> pagamentos: superávit <strong>de</strong> 10.<br />
Com base nestas informações e consi<strong>de</strong>rando que não ocorreram lançamentos na<br />
conta “erros e omissões”, é correto afirmar que:<br />
a) o saldo da conta “transferência unilaterais” foi necessariamente superavitário;<br />
b) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do saldo da conta “transferências unilaterais”, po<strong>de</strong>mos afirmar<br />
com certeza que o saldo da balança <strong>de</strong> serviços foi superavitário;<br />
c) o saldo dos movimentos <strong>de</strong> capitais autônomos foi negativo;<br />
d) se a conta “transferências unilaterais” foi superavitária, po<strong>de</strong>mos afirmar com<br />
certeza que a balança <strong>de</strong> serviços apresentou saldo positivo;<br />
e) se a conta “transferências unilaterais” foi superavitária, po<strong>de</strong>mos afirmar com<br />
certeza que a balança <strong>de</strong> serviços apresentou saldo negativo.<br />
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Solução comentada:<br />
a) O saldo da balança a <strong>de</strong> transações corrente (BTC) resulta da soma do saldo da<br />
balança comercial (BC) + saldo da balança <strong>de</strong> serviços (BS) + transferência<br />
unilaterais (TU). Como a BC teve um saldo positivo <strong>de</strong> 100 e a BTC teve um saldo<br />
negativo <strong>de</strong> 50, nada leva a afirmar que o saldo <strong>de</strong> TU tenha sido positivo, nulo ou<br />
negativo. Logo, a letra a está errada.<br />
b) A letra b está errada pela mesma razão anterior;<br />
c) O saldo do BP é igual à soma do saldo da BTC com o saldo da conta <strong>de</strong> capitais<br />
autônomos (CCA). Ora, se BTC teve saldo negativo e o BP teve saldo positivo <strong>de</strong><br />
10, então o saldo <strong>de</strong> CCA tem <strong>de</strong> ser positivo. Logo, a letra c está também errada.<br />
d) Alternativa d também está errada, pois BTC = BC + BS + TU. Se BC e TU são<br />
positivas e BTC é negativa, então BS tem <strong>de</strong> ser negativa.<br />
e) Em conseqüência do que foi dito na letra d anterior, a letra e é a opção correta.<br />
4. (AFRF <strong>–</strong> PAT <strong>–</strong> 2003) Consi<strong>de</strong>re os seguintes dados:<br />
- c: papel-moeda em po<strong>de</strong>r do público/meios <strong>de</strong> pagamentos;<br />
- d: <strong>de</strong>pósito à vista nos bancos comerciais/meios <strong>de</strong> pagamentos;<br />
- R: encaixe total dos bancos comerciais/<strong>de</strong>pósitos à vista nos<br />
bancos comerciais;<br />
- m = multiplicador dos meios <strong>de</strong> pagamento em relação à base<br />
monetária;<br />
Com base nestas informações, é incorreto afirmar que, tudo o mais constante:<br />
a) quanto maior d, maior será m;<br />
b) quanto maior c, menor será d;<br />
c) quanto menor c, menor será m;<br />
d) quanto menor R, maior será m;<br />
e) c + d > c, se d for diferente <strong>de</strong> zero.<br />
Solução comentada:<br />
a) A letra a está correta, pois quanto maior a participação dos <strong>de</strong>pósitos à vista no total<br />
<strong>de</strong> meios <strong>de</strong> pagamento (d), mais dinheiro os bancos disporão para emprestar e<br />
portanto maior será o multiplicador bancário (m). (Se você tiver dúvidas, leia as<br />
pág. 13/14/15 da Aula 6);<br />
b) Ora, se a letra a está correta, logo letra c está incorreta, já que uma é o inverso da<br />
outra, lembrando que MP = c (PMP) + d (DV nos bancos comerciais). Logo, a letra<br />
c é a resposta da questão.<br />
5. (AFRF -PAT 2003) Consi<strong>de</strong>re as seguintes informações para uma economia hipotética<br />
aberta e sem governo, em unida<strong>de</strong>s monetárias:<br />
-exportações <strong>de</strong> bens e serviços não-fatores = 100;<br />
-renda líquida enviada ao exterior = 50;<br />
-formação bruta <strong>de</strong> capital fixo mais variação <strong>de</strong> estoques: = 150;<br />
-poupança líquida do setor privado = 50;<br />
-<strong>de</strong>preciação = 5;<br />
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-saldo do governo em conta corrente = 35; 1<br />
-Com base nestas informações e consi<strong>de</strong>rando as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s macroeconômicas <strong>de</strong> um<br />
sistema <strong>de</strong> contas nacionais, é correto afirmar que as importações <strong>de</strong> bens e serviços<br />
não-fatores é igual a:<br />
a) 110; b) 30; c) 80; d) 20; e) 200.<br />
Solução comentada:<br />
Pelas contas nacionais, a formação bruta <strong>de</strong> capital fixo (FBKF) mais a variação <strong>de</strong><br />
estoques (∆est) = ao total <strong>de</strong> poupança da economia. Já o total <strong>de</strong> poupança da<br />
economia é constituído da soma da poupança líquida do setor privado (=50) mais a<br />
<strong>de</strong>preciação (=5) + a poupança do governo (35 + o saldo (negativo) da balança <strong>de</strong><br />
transações correntes (que não sabemos qual é mas é fácil saber pois: 150 = 50 + 5 + 35<br />
+ saldo da BTC, ou seja, saldo negativo da BTC = 60.<br />
O saldo da BTC = saldo das exportações <strong>de</strong> bens e serviços não-fatores (=100)<br />
menos importações <strong>de</strong> bens e serviços não-fatores menos renda líquida enviada ao<br />
exterior <strong>–</strong> aqui incluídas as TU <strong>–</strong> que é igual a 50. Assim, para a BTC ter apresentado<br />
um saldo negativo <strong>de</strong> 60 é necessário que as importações <strong>de</strong> bens e serviços tenham tido<br />
um saldo negativo <strong>de</strong> 110 (ou seja, +100 <strong>de</strong> XBSNF - 50 <strong>de</strong> RLEE <strong>–</strong> 110 <strong>de</strong> MBSNF =<br />
-60.<br />
Logo, a resposta é a letra a.<br />
6. (AFRF <strong>–</strong> PAT <strong>–</strong> 2003) Consi<strong>de</strong>re as seguintes informações para uma economia<br />
fechada e com governo:<br />
Y = 1200; C = 100 + 07Y; I = 200;<br />
On<strong>de</strong>: Y = produto agregado;<br />
C = consumo agregado;<br />
I = investimento agregado.<br />
Com base nessas informações, po<strong>de</strong>-se afirmar que, consi<strong>de</strong>rando o mo<strong>de</strong>lo keynesiano<br />
simplificado, para que a autorida<strong>de</strong> econômica consiga um aumento <strong>de</strong> 10% no<br />
produto agregado, os gastos do governo terão <strong>de</strong> sofrer um aumento <strong>de</strong>:<br />
a) 60%; b) 30%; c) 20%; d) 10%; e) 8%<br />
Solução comentada:<br />
Para saber quanto <strong>de</strong>ve aumentar o gasto do governo (G) para que a economia cresça ‘0% é<br />
necessário que saibamos, antes, quanto era este gasto <strong>–</strong> o que não é mencionado no<br />
problema. Embora o valor <strong>de</strong> G possa ser achado por <strong>de</strong>dução matemática, <strong>de</strong>veria constar<br />
do problema <strong>–</strong> o que é uma falha <strong>de</strong> quem formulou a questão.<br />
Vamos, então, achar, primeiro, o valor atual <strong>de</strong> G:<br />
A fórmula do mo<strong>de</strong>lo keynesiano para uma economia fechada é: Y = C + I + G.<br />
1 Há uma incoerência na formulação <strong>de</strong>sta questão, pois sem seu enunciado diz que trata-se <strong>de</strong> uma<br />
“economia hipotética e sem governo”, mas, <strong>de</strong>pois aparece um dado com a poupança do governo em conta<br />
corrente!!!<br />
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Substituindo nesta equação os valores dados pelo problema, po<strong>de</strong>mos achar o valor <strong>de</strong> G,<br />
assim: 1.200 = 100 + 0,7 (1.200) + 200 + G<br />
Ou: 1.200 = 100 + 840 + 200 + G e, fazendo as <strong>de</strong>vidas operações, encontramos G = 60<br />
Agora, vamos ver quanto o G precisa aumentar para que a economia cresça 10%:<br />
10% <strong>de</strong> uma renda <strong>de</strong> 1.200 correspon<strong>de</strong> a uma expansão <strong>de</strong> 120. Quanto <strong>de</strong>ve aumentar o<br />
G para que a economia cresça 120? Isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do valor do multiplicador dos gastos<br />
autônomos (k) que é dado pela fórmula: k= 1/1-b, on<strong>de</strong> b é a propensão marginal a<br />
consumir que, no caso é 0,7. Substituindo 0,7 nesta fórmula, encontramos um k = 3,3.<br />
Dividindo o crescimento da renda (=120) por k, encontramos o valor <strong>de</strong> 36. Ou seja, o<br />
aumento em G (= ∆G) terá <strong>de</strong> ser 36, ou seja, um aumento <strong>de</strong> 60% em relação ao valor<br />
anterior (ou seja, aos 60 anteriores). Logo, a resposta é a letra a.<br />
7. (AFRF - PAT <strong>–</strong> 2003) Com relação ao mo<strong>de</strong>lo IS/LM, é incorreto afirmar que:<br />
a) quanto maior a taxa <strong>de</strong> juros, menor é a <strong>de</strong>manda por moeda;<br />
b) na ausência dos casos clássicos e da armadilha da liqui<strong>de</strong>z, um política<br />
fiscal expansionista eleva a taxa <strong>de</strong> juros;<br />
c) na ausência dos casos clássico e da armadilha da liqui<strong>de</strong>z, um política<br />
fiscal expansionista eleva a renda;<br />
d) no caso da armadilha da liqui<strong>de</strong>z, uma política fiscal expansionista não<br />
aumenta o nível da renda;<br />
e) quanto maior a renda, maior é a <strong>de</strong>manda por moeda.<br />
Solução comentada:<br />
Esta questão já foi, <strong>de</strong> certa forma, comentada em questões anteriores. Todas as afirmativas<br />
estão corretas, exceto a letra d <strong>–</strong> que é a resposta da questão. Se você tiver dúvidas, retorne<br />
à Aula 8 e releia especialmente o item 8.4.3.<br />
8. (AFRF <strong>–</strong> PAT <strong>–</strong> 2002) Consi<strong>de</strong>re as seguintes informações:<br />
A = saldo da balança comercial;<br />
B = saldo da balança <strong>de</strong> serviços;<br />
C = saldo das operações <strong>de</strong> transferências unilaterais;<br />
D = saldo em transações correntes;<br />
E = movimento <strong>de</strong> capitais autônomos;<br />
F = movimento <strong>de</strong> capitais compensatórios;<br />
G = saldo total do balanço <strong>de</strong> pagamentos.<br />
Com base nessas informações, po<strong>de</strong>-se afirmar com certeza que:<br />
a) A+ B + C = D + E + F + G<br />
b) A+ B + C + D + E + F + G = 0<br />
c) A + B + C + E + F = 0<br />
d) G = 0<br />
e) A + B + C = D = G = 0<br />
Solução comentada:<br />
a) a letra a está errada porque simplesmente A+B+C = D;<br />
b) a letra b está errada porque D e G estariam sendo contado duas vezes;<br />
c) A letra c está correta pois, <strong>de</strong> fato, o saldo das transações correntes (=A+B+C) + o<br />
saldo <strong>de</strong> capitais autônomos (=E) dá G <strong>–</strong> que é o saldo total do BP. Se G for<br />
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positivo, nós lançamos este resultado com o sinal trocado em “movimento <strong>de</strong><br />
capitais compensatórios”, zerando o resultado final do BP; se for negativo, nós<br />
lançamos este resultado com o sinal trocado naquela conta. No final, fica:<br />
A+B+C+E+F = 0. E, portanto, a letra c é a resposta correta.<br />
9. (AFRF <strong>–</strong> PAT - 2002) Consi<strong>de</strong>re as seguintes informações:<br />
-importações <strong>de</strong> bens e serviços não-fatores: 30;<br />
-renda líquida enviada ao exterior: 100;<br />
-variação <strong>de</strong> estoques: 10;<br />
-formação bruta <strong>de</strong> capital fixo: 200;<br />
-poupança líquida do setor privado: 80;<br />
-<strong>de</strong>preciação: 5;<br />
-saldo do governo em conta corrente: 60.<br />
Com base nas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s macroeconômicas básicas que <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> um sistema<br />
<strong>de</strong> contas nacionais, é correto afirmar que as exportações <strong>de</strong> bens e serviços não-fatores é<br />
igual a:<br />
a) 75; b) 65; c) 55; d) 50; e) 45.<br />
Solução comentada:<br />
Uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> importante das contas nacionais e que todo candidato <strong>de</strong>ve ter em mente é<br />
esta: Formação bruta <strong>de</strong> capital fixo (FBKF) + variação <strong>de</strong> estoques = poupança do setor<br />
privado (Sp) + poupança do governo (Sg) + <strong>de</strong>preciação (D) + saldo do balanço em<br />
transações correntes (Stc).<br />
Pelos dados da questão, temos: 200 + 10 = 80 + 60 + 5 + Stc<br />
Ou: Stc = 65, ou seja, a BTC <strong>de</strong>ve apresentar um saldo negativo <strong>de</strong> 65.<br />
Como as importações <strong>de</strong> bens e serviços não-fatores (= 30) + a renda líquida enviada ao<br />
exterior (=100) dá um total <strong>de</strong> 130 (negativos), as exportações <strong>de</strong> bens e serviços nãofatores<br />
será 65 <strong>–</strong> e resposta é, então, a letra b.<br />
10. (AFRF <strong>–</strong> PAT <strong>–</strong> 2002) Consi<strong>de</strong>re os seguintes dados:<br />
C = 500 + cY; I = 200; G = 100; X = M = 50;<br />
On<strong>de</strong>: C = consumo;<br />
G = gastos do governo;<br />
I = investimento;<br />
X = exportações;<br />
M = importações;<br />
Com base nestas informações, é correto afirmar que:<br />
a) se a renda <strong>de</strong> equilíbrio for igual a 2.500, a propensão marginal a poupar será<br />
igual a 0,68;<br />
b) se a renda <strong>de</strong> equilíbrio for igual a 1.000, a propensão marginal a consumir será<br />
maior que a propensão marginal a poupar;<br />
c) se a renda <strong>de</strong> equilíbrio for igual a 2.000, a propensão marginal a consumir será<br />
igual a 0,5;<br />
d) se a renda <strong>de</strong> equilíbrio for igual a 1.600, a propensão marginal a consumir será<br />
igual a propensão marginal a poupar;<br />
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e) não é possível uma renda <strong>de</strong> equilíbrio maior que 2.500.<br />
Solução comentada:<br />
A fórmula do mo<strong>de</strong>lo keynesiano para uma economia aberta e com governo é:<br />
Y = C + I + G + X <strong>–</strong> M<br />
Substituindo nesta equação os valores dados pela questão, temos:<br />
Y = 500 +cY +200 + 100 + 50 <strong>–</strong>50<br />
Ou: Y = 800 + cY.<br />
Assim, no caso da letra a, teríamos: 2.500 = 800 + c2.500 > ou: 1700 = c2.500 > o que faz<br />
c = 0,68 (que é igual a 1700/2500). Portanto, a resposta da questão é a letra a.<br />
Observe, no entanto, que a letra d também está correta, senão vejamos:<br />
Y = 800 + cY; Substituindo o valor <strong>de</strong> Y (=1.600) nesta equação, temos:<br />
1.600 = 800 + c1.600 > ou: 800 = c1.600 e c = 0,5. Ora se c (= propensão marginal a<br />
consumir) é 0,5, então a propensão marginal é poupar é também 0,5, e a letra d também<br />
está correta e respon<strong>de</strong> à questão.<br />
Ou seja, há duas respostas corretas para esta questão.<br />
11. (ESAF <strong>–</strong> MPOG <strong>–</strong> 2002) Com relação ao multiplicador keynesiano, é correto afirmar<br />
que:<br />
a) se a propensão marginal a consumir for igual à propensão marginal a poupar, o<br />
seu valor será igual a um;<br />
b) numa economia fechada, seu valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da propensão marginal a poupar, po<strong>de</strong><br />
ser menor que um, e só é válido para os gastos do governo;<br />
c) numa economia aberta seu valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da propensão marginal a consumir e<br />
importar, po<strong>de</strong> ser negativo e vale apenas para os gastos do governo e exportações<br />
autônomas;<br />
d) numa economia fechada, seu valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da propensão marginal a poupar, não<br />
po<strong>de</strong> ser menor que um e vale para qualquer componente dos <strong>de</strong>nominados gastos<br />
autônomos agregados;<br />
e) seu valor para uma economia fechada é necessariamente menor do que para uma<br />
economia aberta.<br />
Solução comentada:<br />
Para que a propensão marginal a consumir (b) seja igual à propensão marginal a poupar (s),<br />
é necessário que ambas sejam = 0,5. Com b = 0,5, o multiplicador k será: k =1/1-0,5 = 2.<br />
Logo a letra a está errada.<br />
Realmente, o valor do multiplicador <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da propensão marginal a poupar (ou da<br />
propensão marginal a consumir <strong>–</strong> já que uma é o complemento da outra), mas não po<strong>de</strong> ser<br />
menor que 1 e é válido para todos os componentes dos gastos autônomos e não somente<br />
para os gastos do governo. Logo, a letra b também está errada.<br />
A letra c também está errada, pelas mesmas razões do item anterior.<br />
Pelas mesmas razões acima, a letra d está correta e é a resposta da questão.<br />
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12. (ESAF <strong>–</strong> APO <strong>–</strong> MPOG <strong>–</strong>2002) Supondo o <strong>de</strong>nominado mo<strong>de</strong>lo keynesiano generalizado<br />
e consi<strong>de</strong>rando como hipótese uma economia aberta e pequena num mundo com<br />
livre e perfeita mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capital, é correto afirmar que:<br />
a) sob um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio flutuante, somente a política fiscal é eficiente no<br />
que diz respeito aos seus efeitos sobre o produto;<br />
b) sob um regime <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> câmbio fixas, a política fiscal é mais eficiente do que a<br />
política monetária no que diz respeito aos seus efeitos sobre o produto;<br />
c) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do regime cambial, a política fiscal é mais eficiente do que a política<br />
monetária no que diz respeito aos seus efeitos sobre o produto;<br />
d) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do regime cambial, não como utilizar a política monetária num<br />
mundo <strong>de</strong> livre mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capital;<br />
e) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do regime cambial, a política monetária só terá efeitos sobre a<br />
inflação.<br />
Solução comentada:<br />
Esta questão foi retirada diretamente do Mo<strong>de</strong>lo Mun<strong>de</strong>ll-Fleming. A resposta correta é a<br />
letra b. Por que? Para saber o por quê só existe um caminho: dê um releitura da Aula 9 <strong>–</strong><br />
sobre a interação das políticas fiscal, monetária e cambial, atentando, principalmente, para<br />
o efeito <strong>de</strong> cada uma das políticas <strong>–</strong> fiscal e monetária <strong>–</strong> sob os diferentes sistemas<br />
cambiais: taxas <strong>de</strong> câmbio fixas e taxas <strong>de</strong> câmbio flutuantes. Você verá, então, que,<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do regime ou sistema cambial adotado pelo país, a política fiscal po<strong>de</strong> se mais<br />
indicada do que a política monetária, e vice-versa.<br />
13. (Esaf-APO-MPOG-2002) Com base nas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s macroeconômicas básicas, é<br />
correto afirmar que:<br />
a) no Brasil, o produto nacional bruto é maior do que o produto interno bruto;<br />
b) se o país obteve um saldo positivo no saldo do balanço <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> fatores, então<br />
o produto nacional bruto será maior do que o produto interno bruto;<br />
c) se o saldo em transações correntes for nulo, o produto nacional bruto será igual ao<br />
produto interno bruto;<br />
d) se o saldo total do balanço <strong>de</strong> pagamentos for positivo, então o produto nacional<br />
bruto será maior do que o produto interno bruto;<br />
e) in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das contas externas do país, o produto interno bruto é<br />
necessariamente maior do que o produto nacional bruto.<br />
Solução comentada:<br />
Lembre-se que a diferença entre o produto interno bruto (PIB) e o produto nacional<br />
bruto (PNB) <strong>de</strong> um país resi<strong>de</strong> na remessa ou na entrada líquida <strong>de</strong> renda do exterior<br />
(lucros, juros, etc )- ou seja, as rendas oriundas dos serviços <strong>de</strong> fatores. No caso brasileiro,<br />
por ser um país em <strong>de</strong>senvolvimento, nós enviamos mais renda para o exterior do que<br />
recebemos. Logo, nosso PNB é menor do que nosso PIB. Don<strong>de</strong> se conclui que a letra a<br />
está errada.<br />
Agora, se ao invés <strong>de</strong> enviar liquidamente renda para o exterior, o país receber<br />
liquidamente essas rendas, então o PNB <strong>de</strong>ste país passa a se maior que o seu PIB. E, em<br />
conseqüência, a letra b está correta e respon<strong>de</strong> à questão.<br />
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Note-se que a diferença conceitual entre PIB e PNB só tem a ver com a renda <strong>de</strong> fatores<br />
(serviços <strong>de</strong> fatores) remetidos ou recebidos do exterior, não tendo qualquer outra relação<br />
com outras contas do BP. Por isso, os outros itens da questão 13 estão errados.<br />
14. (Esaf-MPOG-2002) Com base no balanço <strong>de</strong> pagamentos, é correto afirmar que:<br />
a) o saldo dos movimentos <strong>de</strong> capitais autônomos tem que se necessariamente igual ao<br />
saldo dos movimentos em transações correntes;<br />
b) as transferências unilaterais têm como única contrapartida <strong>de</strong> lançamento a<br />
balança comercial;<br />
c) o saldo total do balanço <strong>de</strong> pagamentos é necessariamente igual a zero;<br />
d) os lucros reinvestidos são lançados com sinal positivo nos movimentos <strong>de</strong> capitais e<br />
com sinal negativo no balanço <strong>de</strong> serviços;<br />
e) as amortizações fazem parte do balanço <strong>de</strong> serviços.<br />
Solução comentada:<br />
O saldo dos movimentos <strong>de</strong> capitais autônomos (empréstimos, financiamentos,<br />
investimentos, etc.), não têm nada a ver com o saldo da BTC. Como o nome mesmo diz,<br />
eles são “movimentos autônomos” <strong>de</strong> capitais e po<strong>de</strong>m ser maiores, menores ou, por<br />
coincidência, até iguais ao saldo da BTC. Logo, a letra a está errada.<br />
Já as transferências unilaterais, se forem em mercadorias, a contrapartida é em<br />
“importações”, da balança comercial; se forem em dinheiro, a contra partida será no item<br />
“haveres em moeda no exterior”. Logo, a letra b está também errada.<br />
O saldo do BP é dado pela soma do saldo da BTC + o saldo da conta <strong>de</strong> capitais autônomos<br />
e este saldo po<strong>de</strong> ser positivo, negativo ou até zero. Logo, a letra c também está errada.<br />
De outra parte, se uma empresa estrangeira reinveste parte <strong>de</strong> seus lucros no Brasil, o<br />
registro no BP será: com sinal negativo, na balança <strong>de</strong> serviços como remessa <strong>de</strong> lucros e,<br />
com sinal positivo, no item “investimentos diretos”, da conta <strong>de</strong> capitais autônomos <strong>–</strong> como<br />
se houvesse uma entrada <strong>de</strong> recursos nessa conta. Logo, a resposta correta da questão é a<br />
letra d.<br />
15. (Esaf-MPOG-2002) Consi<strong>de</strong>re o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> oferta e <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada, supondo a<br />
curva <strong>de</strong> oferta agregada positivamente inclinada e a curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda agregada<br />
<strong>de</strong>rivada do mo<strong>de</strong>lo IS/LM. É correto afirmar:<br />
a) um aumento dos gastos do governo eleva o produto, <strong>de</strong>ixando inalterado o nível<br />
geral <strong>de</strong> preços;<br />
b) uma elevação da oferta monetária só resulta em alterações no nível geral <strong>de</strong><br />
preços;<br />
c) uma elevação do consumo agregado não causa impactos sobre o nível geral <strong>de</strong><br />
preços;<br />
d) uma elevação das exportações ten<strong>de</strong> a elevar tanto o produto agregado quanto o<br />
nível geral <strong>de</strong> preços;<br />
e) uma redução nos impostos não causa alterações no produto agregado.<br />
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Solução comentada<br />
A resposta correta é a letra d. Se você tem dúvidas sobre isso, faça uma revisão <strong>de</strong> nossa<br />
Aula 10, no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> salário nominal (mo<strong>de</strong>lo keynesiano), particularmente no item<br />
10.3.2.<br />
16. (Esaf-MPOG-2003) Com relação ao multiplicador keynesiano, é incorreto afirmar:<br />
a) seu valor não po<strong>de</strong> ser menor do que zero;<br />
b) quanto menor a propensão marginal a consumir, menor será o valor do<br />
multiplicador;<br />
c) seu valor não po<strong>de</strong> ser maior do que 10;<br />
d) numa economia fechada, se a propensão marginal a consumir for igual a 1/2 ,<br />
então o valor do multiplicador será igual a 2;<br />
e) seu valor é necessariamente maior do que 0,5.<br />
Solução comentada:<br />
A afirmativa constante da letra c é a única incorreta e portanto esta é a resposta da questão.<br />
Apenas um pequena prova <strong>de</strong> que o valor <strong>de</strong> k po<strong>de</strong> ser maior que 10: se a PMgC (b) for<br />
igual a 0,95, então o multiplicador será:<br />
k = 1/1-b >> k = 1/1-0,95 >> k = 1/0,05 >> k = 20 <strong>–</strong> que é maior que 10.<br />
17. (Esaf-MPOG-2003) Consi<strong>de</strong>re as seguintes informações:<br />
Y = 1000; C = 600; I = 300; G = 100; X = 50; M = 50.<br />
On<strong>de</strong>, Y = produto agregado; C = consumo agregado; I = investimento agregado; G =<br />
gastos do governo; X = exportações; e M = importações. Supondo que a função consumo<br />
agregado é do tipo C = Ca + cY, on<strong>de</strong> Ca representa o consumo autônomo e é igual a 100,<br />
po<strong>de</strong>-se afirmar, com base nos dados apresentados, que a propensão marginal a consumir<br />
é igual a:<br />
a) 0,50; b) 0,70; c) 0,90; d) 0,85; e) 0,30.<br />
Solução comentada:<br />
Como já foi visto anteriormente, o mo<strong>de</strong>lo keynesiano completo é dado pela equação:<br />
Y = C + I + G + X <strong>–</strong> M. Assim, substituindo os dados propostos na questão nesta equação,<br />
temos: 1000 = 100 +c1000 + 300 + 100 + 50 <strong>–</strong> 50<br />
Ou: 500 = c1000 e, portanto, c = 0,5 e a resposta correta é a letra a.<br />
18. (MPOG- APO <strong>–</strong> 2005) Consi<strong>de</strong>re;<br />
Y = C(Y) + I + G + X <strong>–</strong> M(Y)<br />
C(Y) = Co + 0,7Y<br />
M(Y) = Mo + 0,5Y<br />
I = 700; G = 200; X = 300; Co = 500; Mo = 100<br />
On<strong>de</strong>, Y = produto; I = investimento; G = gastos do governo; X = exportações;<br />
M = importações; Co = consumo autônomo; Mo = importações autônomas.<br />
Com base nessas informações é incorreto afirmar:<br />
a) ∆Y/∆Co = 1,5<br />
b) No equilíbrio, Y = 2.000;<br />
c) No equilíbrio, C = 1.900;<br />
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d) No equilíbrio, M = 1.100;<br />
e) Se ∆G = 100, então ∆Y = 125.<br />
Solução comentada:<br />
Antes <strong>de</strong> mais nada, vamos achar com os dados mencionados acima o valor do produto<br />
<strong>de</strong> equilíbrio(Y), fazendo as <strong>de</strong>vidas substituições na equação: Y=C(Y) +I+G+X-M(Y):<br />
Y= 500 + 0,7Y + 700 +200 + 300 <strong>–</strong> 100 <strong>–</strong> 0,5Y<br />
Y = 1600 + 0,7Y <strong>–</strong> 0,5Y<br />
Y <strong>–</strong> 0,2Y = 1600<br />
0,8Y = 1600<br />
Y = 1600/0,8 = 2000.<br />
O produto <strong>de</strong> equilibrio é, portanto, 2000. Com base neste achado, po<strong>de</strong>mos verificar<br />
que:<br />
a) A letra b está correta;<br />
b) O consumo (C) = 500 + 0,7 x 2000 = 1900, e, portanto, a letra c também está<br />
correta;<br />
c) M = 100 + 0,5 x 2000 = 1.100, e, portanto, a letra d também está correta;<br />
d) Pelo que se viu acima, o multiplicador (k) = 1/0,8 = 1,25. Assim, se o governo<br />
aumentar seus gastos em 100, o aumento em Y será = 1,25 x 100 = 125, e, portanto,<br />
a letra e também está correta.<br />
e) Por exclusão, a letra a é a única afirmativa incorreta e, portanto, é a resposta da<br />
questão.<br />
19. (MPOG <strong>–</strong>AP0 <strong>–</strong> 2005) <strong>–</strong> Consi<strong>de</strong>re os seguintes dados:<br />
-investimento privado: 300;<br />
-poupança privada: 300;<br />
-investimento público: 200;<br />
-poupança do governo: 100.<br />
Com base nessas informações e consi<strong>de</strong>rando as i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s macroeconômicas básicas, a<br />
economia apresenta:<br />
a) um déficit em transações correntes <strong>de</strong> 100 e um superávit público <strong>de</strong> 100;<br />
b) um superávit em transações correntes <strong>de</strong> 100 e um déficit público <strong>de</strong> 100;<br />
c) um déficit em transações correntes <strong>de</strong> 100 e um déficit público <strong>de</strong> 100;<br />
d) um déficit em transações correntes <strong>de</strong> 100 e um déficit público nulo;<br />
e) um déficit em transações correntes nulo e um superávit público <strong>de</strong> 100.<br />
Solução comentada:<br />
- A formação bruta <strong>de</strong> capital fixo (FBKF), no presente caso, correspon<strong>de</strong> à<br />
soma do investimento privado (300) + o investimento público ( 200) = 500.<br />
- De outra parte, a poupança total da economia (para financiar estes<br />
investimentos) se compõe <strong>de</strong>: poupança privada (300) + poupança do<br />
governo em conta corrente + poupança externa (= déficit em transações<br />
correntes).<br />
- Ou seja, é necessária uma poupança do governo + poupança externa = 200.<br />
Assim, a única alternativa que fornece estes 200 é a letra a.<br />
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20. (Esaf-MPOG-2003) Consi<strong>de</strong>re os seguintes dados para uma economia hipotética:<br />
-variação <strong>de</strong> estoques: 20;<br />
-formação bruta <strong>de</strong> capital fixo: 100;<br />
-poupança líquida do setor privado: 50;<br />
-<strong>de</strong>preciação: 5;<br />
-saldo do governo em conta corrente: 50.<br />
Com base nas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s macroeconômicas básicas para uma economia aberta e com<br />
governo, po<strong>de</strong>mos afirmar que esta economia apresentou:<br />
a) saldo nulo no balanço <strong>de</strong> pagamentos em transações correntes;<br />
b) superávit no balanço <strong>de</strong> pagamentos em transações correntes no valor <strong>de</strong> 15;<br />
c) déficit no balanço <strong>de</strong> pagamentos em transações correntes no valor <strong>de</strong> 25;<br />
d) superávit no balanço <strong>de</strong> pagamentos em transações correntes no valor <strong>de</strong> 25;<br />
e) déficit no balanço <strong>de</strong> pagamentos em transações correntes no valor <strong>de</strong> 15.<br />
Solução comentada:<br />
Observe como este tipo <strong>de</strong> questão tem caído <strong>de</strong> forma recorrente nas provas <strong>de</strong><br />
Macroeconomia. Mas, vamos lá:<br />
-O investimento total da economia = FBKF + variação <strong>de</strong> estoques = 120;<br />
-Por sua vez, a poupança necessária para financiar este investimento vem <strong>de</strong>: poupança<br />
líquida do setor privado (50) + <strong>de</strong>preciação (5) + saldo do governo em conta corrente (50) +<br />
saldo da balança em transações correntes (?).<br />
-Ou seja, a poupança conhecida = 50 + 5 + 50 = 105. Então é necessário um déficit em<br />
transações correntes = 15. Portanto, a resposta correta é a letra e.<br />
________________________<br />
Bom, meus alunos, com essa 12ª Aula <strong>–</strong> só <strong>de</strong> questões <strong>de</strong> provas passadas <strong>–</strong> nós<br />
estamos concluindo nosso Curso <strong>de</strong> Economia I <strong>–</strong> on-line. Espero que <strong>vocês</strong> tenham<br />
gostado e tenham tido um bom proveito. Breve, breve, estaremos montando o Curso <strong>de</strong><br />
Economia II <strong>–</strong> abordando outros tópicos que eventualmente apareçam no Edital do<br />
Concurso para o AFRF e que não tenham sido tratados neste nosso 1° Curso. Até lá, então.<br />
E não parem <strong>de</strong> estudar. Um abraço a todos <strong>vocês</strong>!<br />
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