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David Colbert - O Mundo Magico de Harry Potter - Sistema Afinando ...

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Um dos prazeres <strong>de</strong> ler J.K. Rowling é <strong>de</strong>scobrir as divertidas referências à<br />

história, às lendas e à literatura que ela escon<strong>de</strong> em seus livros.<br />

O <strong>Mundo</strong> Mágico <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> <strong>de</strong>svenda as pistas <strong>de</strong>ixadas<br />

por Rowling e revela significados habilmente escondidos nas aventuras<br />

<strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong>.<br />

Os leitores irão encontrar neste livro as fascinantes origens das<br />

criaturas mágicas citadas nos livros e histórias <strong>de</strong> alquimistas e<br />

feiticeiros, reais e imaginárias, através da contribuição <strong>de</strong> escritores tão<br />

variados como Shakespeare, Flaubert, Dickens, Ovídio e Tolkien.<br />

Não se preocupe se jamais tiver percebido nenhuma <strong>de</strong>ssas<br />

pistas. Um dos mais extraordinários talentos <strong>de</strong> Rowling é sua habilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> lançá-las sem quebrar o ritmo da narrativa. No entanto, quando você<br />

<strong>de</strong>scobre que muitas <strong>de</strong> suas referências fazem parte <strong>de</strong> lendas <strong>de</strong><br />

milhares <strong>de</strong> anos, as histórias ficam ainda mais saborosas.<br />

Antes <strong>de</strong> tudo, um escritor é um leitor. Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>vorar suas<br />

histórias, po<strong>de</strong>mos notar que J. K. Rowling foi uma gran<strong>de</strong> leitora, antes<br />

<strong>de</strong> se tornar uma gran<strong>de</strong> escritora. Tão impressionante quanto o seu<br />

conhecimento sobre mitos e lendas é sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproveitá-los <strong>de</strong><br />

modo tão original e <strong>de</strong> atualizá-los.<br />

J. R. R. Tolkien, autor <strong>de</strong> O Hobbit e O Senhor dos Anéis, criou o<br />

termo “cal<strong>de</strong>irão <strong>de</strong> histórias” para <strong>de</strong>screver uma fervilhante panela,<br />

cheia <strong>de</strong> idéias, personagens e temas, que ao mesmo tempo fornece


material para os escritores e é continuamente alimentada por eles.<br />

Embora o universo ficcional criado por J. K. Rowling seja<br />

único, ele é construído sobre uma sólida base <strong>de</strong> mitos e folclore<br />

preservada através do tempo e da distância. A popularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus<br />

livros atesta a riqueza da cultura <strong>de</strong> on<strong>de</strong> ela extrai muitos <strong>de</strong> seus<br />

personagens, imagens e temas.<br />

O <strong>Mundo</strong> Mágico <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> revela esses amplos domínios para os fãs<br />

que tiveram sua atenção <strong>de</strong>spertada pela obra <strong>de</strong> Rowling. Como você<br />

verá, ela utiliza pequenos <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> lendas e histórias já existentes para<br />

criar uma coisa totalmente nova. E, ainda assim, permanece totalmente<br />

fiel à essência <strong>de</strong> suas fontes.<br />

Em um chat online com fãs, ela encorajou um leitor, que<br />

perguntava a origem <strong>de</strong> uma frase, a “ir em frente e pesquisar. Um pouco<br />

<strong>de</strong> investigação faz bem a qualquer um”. É isso o que O <strong>Mundo</strong> Mágico <strong>de</strong><br />

<strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> faz: uma pequena e <strong>de</strong>scompromissada investigação com o<br />

propósito <strong>de</strong> divertir e fascinar.


Sobre o autor:<br />

Formado pela Brown University, <strong>David</strong> <strong>Colbert</strong> estudou<br />

antropologia e mitologia, embora tenha passado a maior parte <strong>de</strong> seu<br />

tempo na biblioteca da universida<strong>de</strong> lendo o que encontrava - o que,<br />

<strong>de</strong> certa forma, ele continua fazendo até hoje. Além <strong>de</strong> escrever e editar<br />

vários livros sobre história, como World War II: A Tribute in Art and<br />

Literature e a coleção Eyewitness, <strong>Colbert</strong> trabalhou como redator-chefe<br />

do programa <strong>de</strong> televisão Who Wants To Be a Millionaire, similar ao<br />

popular Show do Milhão. Ele mora na Carolina do Norte, nos Estados<br />

Unidos, e seu e-mail para contato é djcolbert@aol.com<br />

2001 por <strong>David</strong> <strong>Colbert</strong><br />

Título da edição original em inglês: The magical worlds of <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong>:<br />

A treasury of myths, legends and fascinating facts<br />

Publicado originalmente por Lumina Press LLC<br />

tradução Rosa Amanda Strausz<br />

preparo <strong>de</strong> originais Carlos Irineu da Costa<br />

revisão José Tedin Pinto Sérgio Bellinello Soares<br />

capa Raul Fernan<strong>de</strong>s<br />

projeto gráfico e diagramaçâo Valéria Teixeira


Para minhas sobrinhas<br />

Emma, Lillian e Molly, e<br />

meu sobrinho Sam<br />

LEIA OS MITOS COM OLHOS MÁGICOS:<br />

<strong>de</strong>ixe os mitos ficarem transparentes a<br />

seu significado universal, e os<br />

significados dos mitos ficarem<br />

transparentes às suas origens misteriosas.<br />

O primeiro dos “Dez Mandamentos<br />

<strong>de</strong> Joseph Campbell para se<br />

Ler Mitologia”


Introdução<br />

SUMÁRIO<br />

O Que faz <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> um herói universal?<br />

Adivinhação Sibila Trelawney já acertou alguma coisa?<br />

Alquimia Os alquimistas procuravam mesmo uma pedra mágica?<br />

Animagos Quais são os mais impressionantes animagos?<br />

Animais fantásticos Quais animais fantásticos saíram das lendas?<br />

Aranhas Como espantar uma aranha<br />

Avada Kedavra O “Avada Kedavra” é um feitiço <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>?<br />

Basiliscos Basiliscos eram apenas serpentes gran<strong>de</strong>s?<br />

Bichos-papões Criaturas que não sabem a hora <strong>de</strong> ir embora<br />

Bruxos Quais dos “bruxos e bruxas famosos” existiram <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>?<br />

Cálice <strong>de</strong> Fogo, O Por que <strong>Harry</strong> e Cedrico parecem cavaleiros da Távola Redonda?<br />

Centauros Por que centauros evitam os humanos?<br />

Corujas Além do correio, o que mais significa a chegada <strong>de</strong> uma coruja?<br />

Dementadores Chocolate, um santo remédio contra <strong>de</strong>mentadores<br />

Demônios da Cornualha Qual é o truque preferido dos duen<strong>de</strong>s?<br />

Dragões Qual é a criatura digna <strong>de</strong> um rei?<br />

Druidas Quem foram os primeiros magos ingleses?<br />

Duen<strong>de</strong>s Por que os duen<strong>de</strong>s são bons banqueiros?<br />

Dumbledore Se Dumbledore é tão po<strong>de</strong>roso, por que não luta com Vol<strong>de</strong>mort?<br />

Durmstrang Por que os alunos <strong>de</strong> Durmstrang viajam <strong>de</strong> navio?<br />

Egito De on<strong>de</strong> vem a magia<br />

Esfinge Por que a Esfinge faz uma pergunta a <strong>Harry</strong>?<br />

Espelhos Por que os espelhos são mágicos?<br />

Fawkes Qual dos personagens é imortal?<br />

Flamel O verda<strong>de</strong>iro Flamel foi um alquimista bem-sucedido?<br />

Floresta Por que a floresta próxima a Hogwarts é proibida?


Fofo Por que Fofo pertencia a um “sujeito grego”?<br />

Gárgula Que outro membro da turma <strong>de</strong> Draco tem nome <strong>de</strong> dragão?<br />

Gigantes Todos os gigantes são cruéis?<br />

Grifos Qual a criatura que domina tanto os céus quanto a terra?<br />

Grindylows Por que os pais se preocupam com os grindylows?<br />

Hipogrifos Qual é a criatura mágica menos verossímil?<br />

Hogwarts Por que alguém iria para uma escola on<strong>de</strong> tem uma Sonserina?<br />

Kappas Qual a criatura que não po<strong>de</strong> inclinar a cabeça?<br />

Labirintos Por que a terceira tarefa se passa em um labirinto?<br />

Latim Qual é o idioma mais importante para os bruxos?<br />

Lulas gigantes Quais criaturas da vida real ainda intrigam os cientistas?<br />

Malfoy Por que os nomes dos Malfoy combinam tanto com eles?<br />

Manticores Por que os bruxos não se aproximam dos manticores?<br />

Marca Negra Por que Vol<strong>de</strong>mort grava a Marca Negra nos Comensais da Morte?<br />

McGonagall Por que a professora McGonagall aparece como uma gata?<br />

Nagini Qual dos aliados <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort é originário da índia?<br />

Nomes De on<strong>de</strong> vêm esses nomes?<br />

Runas O que são as runas da penseira?<br />

Sereianos Por que teríamos medo <strong>de</strong> uma criatura do mar?<br />

Sirius Black Por que Sirius Black vira um cachorro negro?<br />

Trasgos Por que os trasgos cheiram mal?<br />

Unicórnios Como pegar um unicórnio?<br />

Vablatsky Quem realmente escreveu o livro <strong>de</strong> adivinhações?<br />

Varinhas mágicas Por que os bruxos usam varinhas mágicas?<br />

Vassouras voadoras Será que as bruxas sempre usaram vassouras voadoras?<br />

Veelas O que <strong>de</strong>ixa as veelas zangadas?<br />

Vol<strong>de</strong>mort Que pesa<strong>de</strong>los terão gerado Vol<strong>de</strong>mort?<br />

Posfácio<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

Bibliografia


GUIA DAS ABREVIAÇÕES DOS TÍTULOS DOS LIVROS<br />

<strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> e a Pedra Filosofal. A Pedra<br />

<strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> e a Câmara Secreta: A Câmara<br />

<strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> e o Prisioneiro <strong>de</strong> Azkaban: Azkaban<br />

<strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> e o Cálice <strong>de</strong> Fogo: O Cálice<br />

Animais Fantásticos e On<strong>de</strong> Habitam: Animais Fantásticos<br />

Quadribol Através dos Séculos: Quadribol<br />

INTRODUÇÃO<br />

Um dos prazeres <strong>de</strong> ler J. K. Rowling é <strong>de</strong>scobrir as divertidas<br />

referências à história, às lendas e à literatura que ela escon<strong>de</strong> em seus<br />

livros. Por exemplo, a esfinge que surge no labirinto durante o Torneio<br />

Tribruxo pe<strong>de</strong> a solução <strong>de</strong> um enigma, exatamente como a esfinge da<br />

mitologia grega. Fofo, o cachorro <strong>de</strong> estimação <strong>de</strong> Hagrid, é, na verda<strong>de</strong>,<br />

outro famoso ser da mitologia grega, Cérbero. “Durmstrang”, nome da<br />

escola <strong>de</strong> magia que só admite bruxos <strong>de</strong> sangue puro e tem uma ligação<br />

questionável com Lord Vol<strong>de</strong>mort, vem <strong>de</strong> um estilo germânico<br />

chamado Sturm und Drang, que era o favorito do nazismo alemão. Da<br />

mesma maneira, os estudantes <strong>de</strong> Durmstrang chegaram a Hogwarts a


ordo <strong>de</strong> um navio semelhante ao existente em uma famosa ópera do<br />

estilo Sturm und Drang.<br />

Leitores mais atentos já perceberam que Rowling também<br />

escon<strong>de</strong> pistas divertidas nos nomes que escolhe para seus personagens.<br />

Draco, o vingativo colega <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, tem seu nome inspirado na palavra<br />

latina para “dragão” ou “serpente”. A fênix <strong>de</strong> estimação <strong>de</strong><br />

Dumbledore, Fawkes, tem seu nome tirado <strong>de</strong> uma figura histórica<br />

ligada a fogueiras - e acredita-se que as fênix sejam capazes <strong>de</strong> renascer<br />

do fogo.<br />

Este livro <strong>de</strong>svenda as pistas <strong>de</strong>ixadas por Rowling e revela seus<br />

significados habilmente escondidos. Em um chat online com fãs, ela<br />

encorajou um leitor, que perguntava a origem <strong>de</strong> uma frase, a “ir em<br />

frente e pesquisar. Um pouco <strong>de</strong> investigação faz bem a qualquer um”. E<br />

isso o que O <strong>Mundo</strong> Mágico <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> faz: uma pequena e<br />

<strong>de</strong>scompromissada investigação com o propósito <strong>de</strong> divertir e fascinar.<br />

Você po<strong>de</strong> até mesmo compartilhar um sorriso com a própria<br />

Rowling. Como disse a revista Time ao observar que o zelador <strong>de</strong><br />

Hogwart, Argus Filch, teve seu nome inspirado no Argus da mitologia<br />

grega - um vigia com mil olhos espalhados pelo corpo -, “é o tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>talhe capaz <strong>de</strong> provocar um sorriso <strong>de</strong>ntro da cabeça do autor”.<br />

Não se preocupe se você nunca tiver percebido essas pistas. Um<br />

dos mais extraordinários talentos <strong>de</strong> Rowling é sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

colocá-las no texto sem quebrar o ritmo da narrativa. Por exemplo, em


Azkaban, ela ficou satisfeita em fazer apenas uma rápida referência ao<br />

manticora - um horrível monstro <strong>de</strong>vorador <strong>de</strong> gente. Deixar passar a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>screver <strong>de</strong>talhadamente uma criatura <strong>de</strong>ssas exige<br />

disciplina. Para Rowling, bastou fazer uma referência casual. No<br />

entanto, quando você sabe o que é um manticora e que ele fez parte <strong>de</strong><br />

muitas lendas por milhares <strong>de</strong> anos, a história fica ainda mais saborosa.<br />

J. R. R. Tolkien, autor <strong>de</strong> O Hobbit e O Senhor dos Anéis, criou o<br />

termo “cal<strong>de</strong>irão <strong>de</strong> histórias” para <strong>de</strong>screver uma fervilhante panela<br />

cheia <strong>de</strong> idéias, personagens e temas, que ao mesmo tempo fornece<br />

material para os escritores e é continuamente alimentada por eles.<br />

Embora o universo ficcional criado por J. K. Rowling seja único, ele é<br />

construído sobre uma sólida base <strong>de</strong> mitos e folclore preservada através<br />

do tempo e da distância.<br />

A popularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus livros comprova a riqueza da cultura <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> ela extrai muitos <strong>de</strong> seus personagens, imagens e temas. O <strong>Mundo</strong><br />

Mágico <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> revela esses amplos domínios para os fãs que<br />

tiveram sua atenção <strong>de</strong>spertada pela obra <strong>de</strong> Rowling. Como você verá,<br />

ela cria algo totalmente novo usando pequenos <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> lendas e<br />

histórias já existentes. Ainda assim, permanece totalmente fiel à essência<br />

<strong>de</strong> suas fontes.


O QUE FAZ DE HARRY POTTER UM HERÓI<br />

UNIVERSAL?<br />

Os <strong>de</strong>talhes da vida <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> são bem conhecidos por seus fãs.<br />

Alguns <strong>de</strong>les chegaram mesmo a <strong>de</strong>duzir certas informações que J. K..<br />

Rowling não oferece, como o ano <strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> (veja a<br />

legenda abaixo).<br />

<strong>Harry</strong>, o herói<br />

Mas, se conseguimos enten<strong>de</strong>r profundamente o personagem <strong>de</strong><br />

<strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong>, isso não se <strong>de</strong>ve somente aos fatos. <strong>Harry</strong>, apesar <strong>de</strong> suas<br />

qualida<strong>de</strong> únicas, é um herói que nos parece bastante familiar. Des<strong>de</strong> o<br />

comecinho <strong>de</strong> A Pedra ele já aparece como um príncipe perdido ou um rei<br />

oculto - assim como Édipo, Moisés, o rei Artur e inúmeros outros <strong>de</strong><br />

todas as culturas. Ele nunca soube que era um bruxo - nem mesmo sabia<br />

que existia o mundo mágico - antes <strong>de</strong> receber a carta chamando-o para<br />

Hogwarts.<br />

Quando nasceu <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong>?<br />

Alguns fãs dizem que foi em 1980, calculando a partir do


500º aniversário <strong>de</strong> morte <strong>de</strong> Nick Sem-Cabeça, em A Pedra. Nick<br />

morreu em 1492. Dessa forma, A Pedra se passaria em 1992.<br />

<strong>Harry</strong> tem doze anos nessa ocasião. Apesar <strong>de</strong> alguns pequenos <strong>de</strong>talhes<br />

no livro contradizerem essa conclusão, ainda é um bom palpite.<br />

Para torná-lo ainda mais familiar a todos nós, ele é, pelo menos<br />

<strong>de</strong> acordo com os estranhos padrões dos Dursley, um patinho feio. Assim,<br />

eles o maltratam, como Cin<strong>de</strong>rela foi maltratada, aprisionando-o num<br />

mundo totalmente alheio ao seu, forçando-o a dormir <strong>de</strong>baixo das<br />

escadas quando uma cama com dossel está à sua espera em Hogwarts, e<br />

alimentando-o <strong>de</strong> restos, o que o faz ficar espantado com a abundância<br />

dos banquetes <strong>de</strong> Hogwarts.<br />

Como <strong>Harry</strong> vê a si mesmo<br />

Apesar <strong>de</strong> a entrada para o mundo dos bruxos oferecer a <strong>Harry</strong>,<br />

<strong>de</strong> imediato, o reconhecimento que ele tão <strong>de</strong>sesperadamente <strong>de</strong>seja -<br />

todo mundo que ele encontra já ouviu falar no gran<strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> -, ele<br />

ainda sente dúvidas, e muitas. A cicatriz brilhante não foi a única marca<br />

<strong>de</strong>ixada por Vol<strong>de</strong>mort. No fundo <strong>de</strong> sua consciência, ele guarda<br />

recordações daquela luta. Alguma coisa da psique <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort<br />

conseguiu penetrar em <strong>Harry</strong>. E ele se preocupa com a dúvida em que


ficou o Chapéu Seletor em A Pedra: ele pertence à casa Grifinória, com as<br />

virtu<strong>de</strong>s que isso implica, ou será <strong>de</strong> Sonserina, suscetível ao Mal? Em A<br />

Câmara, Dumbledore explica-lhe que entre o Bem e o Mal existem<br />

sombras, áreas cinzentas, e não apenas escuridão e luz. A porção <strong>de</strong><br />

Vol<strong>de</strong>mort que há em <strong>Harry</strong>, segundo Dumbledore, simplesmente o<br />

torna mais incomum, ou dotado <strong>de</strong> mais habilida<strong>de</strong>s do que a média dos<br />

alunos da Grifinória. E também o ajuda a enten<strong>de</strong>r Vol<strong>de</strong>mort, o que é<br />

sempre uma vantagem. Nas futuras batalhas, essa força extra e esse<br />

conhecimento sem dúvida vão ajudar <strong>Harry</strong>.<br />

Linhagem<br />

A mãe <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, apesar <strong>de</strong> ser uma bruxa po<strong>de</strong>rosa, nasceu<br />

trouxa. Para aqueles que dão importância à linhagem, como Draco<br />

Malfoy, <strong>Harry</strong> é um bruxo inferior. Mas, <strong>de</strong> alguma maneira, parece<br />

justamente que <strong>Harry</strong> é ainda mais forte justamente por também ter<br />

sangue <strong>de</strong> trouxa.<br />

De fato, suas conversas com Draco fazem eco a um inci<strong>de</strong>nte<br />

na infância <strong>de</strong> um outro gran<strong>de</strong> mago britânico, Merlim, contado pelo<br />

antigo historiador Geoffrey of Monmouth: “Uma súbita discussão<br />

irrompeu entre os dois colegas, cujos nomes eram Merlim e Dinabutius.<br />

Em meio à troca <strong>de</strong> palavras, Dinabutius disse a Merlim: 'Por que você


tenta competir comigo, seu idiota? Como po<strong>de</strong> preten<strong>de</strong>r que suas<br />

habilida<strong>de</strong>s estejam à altura das minhas? Tenho sangue nobre em ambos<br />

os lados da minha ascendência. Já você, ninguém sabe quem é, já que<br />

nunca teve um pai!'“<br />

Mas o adversário <strong>de</strong> Merlim, assim como Draco Malfoy, estava<br />

predisposto a equívocos causados pelo próprio orgulho. Seu rompante<br />

atraiu a atenção dos mensageiros do rei Vortigern, que haviam<br />

justamente sido instruídos a encontrar um garoto sem pai. Foi assim que<br />

o jovem Merlim foi levado à presença do rei, e então iniciou sua carreira.<br />

<strong>Harry</strong> com mil caras<br />

As aventuras <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> também seguem um padrão que nos<br />

parece sempre familiar. O estudioso Joseph Campbell escreveu um<br />

longo trabalho sobre o herói das mil caras, um personagem comum e<br />

central em diversas culturas por todo o mundo.<br />

De Ulisses, na Grécia Antiga, a Luke Skywalker, <strong>de</strong> Guerra nas<br />

Estrelas, esses heróis e suas lendas guardam uma intrigante similarida<strong>de</strong>.<br />

Contando com <strong>Harry</strong>, são mil e uma caras.<br />

Campbell resume tais histórias da seguinte maneira: “Um herói<br />

se arrisca a <strong>de</strong>ixar o mundo cotidiano e penetra numa região do<br />

sobrenatural e do fantasioso. Forças miraculosas estão à sua espera, e ele


alcança um triunfo <strong>de</strong>cisivo. O herói retorna <strong>de</strong> sua misteriosa aventura<br />

dotado agora do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> auxiliar seus semelhantes humanos.”<br />

A jornada do herói segue três etapas, que Campbell nomeia <strong>de</strong><br />

Partida, Iniciação e Retorno. Entre essas etapas há pontos em comum com<br />

as aventuras <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>. Uma olhada rápida nos livros revela a constância<br />

<strong>de</strong>sse padrão:<br />

I. Partida<br />

O herói é chamado a aventura.<br />

De acordo com Campbell, o herói é primeiramente visto no mundo<br />

cotidiano. Ele está iniciando uma nova etapa em sua vida. Um mensageiro po<strong>de</strong> ser<br />

enviado para anunciar o <strong>de</strong>stino que chama pelo herói.<br />

O início <strong>de</strong> A Pedra se encaixa bem nesta <strong>de</strong>scrição. <strong>Harry</strong> está<br />

sofrendo horrores em sua convivência com os Dursley quando <strong>de</strong>scobre<br />

que há um lugar à sua espera em Hogwarts. Como os Dursley<br />

interceptam as primeiras cartas, Hagrid vem pegá-lo.<br />

<strong>Harry</strong> continua a passar as férias com os Dursley e, portanto, os<br />

livros seguintes começam novamente com <strong>Harry</strong> no mundo cotidiano.<br />

O herói po<strong>de</strong> rejeitar o chamado da aventura. Ele po<strong>de</strong> ter inúmeras razões<br />

para tanto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as suas responsabilida<strong>de</strong>s diárias até o egoísmo — ele não quer se


<strong>de</strong>dicar a ajudar os outros. No entanto, por mais que resista, vai acabar <strong>de</strong>scobrindo<br />

que não tem escolha a não ser seguir em frente.<br />

Embora <strong>Harry</strong> não percorra essa etapa em A Pedra, vai fazer isso<br />

nos livros seguintes.<br />

Em A Câmara, ele fica perturbado com a atenção dos outros,<br />

provocada por sua aventura anterior, e busca o anonimato. Mas seu<br />

caráter corajoso torna impossível para ele ignorar as misteriosas<br />

ocorrências - que, como manda o <strong>de</strong>stino, têm <strong>Harry</strong> como alvo.<br />

Em O Cálice, mesmo tendo <strong>de</strong>cidido não enganar o Cálice <strong>de</strong><br />

Fogo para participar do Torneio Tribruxo, ele o escolhe da mesma<br />

forma.<br />

O herói encontra um protetor, um guia, que lhe oferece uma ajuda através <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>res sobrenaturais, freqüentemente sob a forma <strong>de</strong> amuletos.<br />

Aí está algo que vive acontecendo. Em A Pedra, Hagrid é<br />

mostrado como um dos protetores <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento do<br />

garoto. Ele foi o bruxo que levou <strong>Harry</strong> aos Dursley ainda bebê.<br />

Posteriormente, eles se reencontram, quando <strong>Harry</strong> está indo para<br />

Hogwarts. Eles visitam o Beco Diagonal, on<strong>de</strong> Hagrid cuida que <strong>Harry</strong><br />

compre uma varinha mágica e outros acessórios <strong>de</strong><br />

bruxos. Como presente <strong>de</strong> aniversário, Hagrid lhe dá<br />

uma coruja, Edwiges. Do mesmo modo, Dumbledore<br />

tem sido um protetor e um guia <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>.


Em A Pedra, ele dá a <strong>Harry</strong> a capa da invisibilida<strong>de</strong>. Em Azkaban,<br />

<strong>Harry</strong> <strong>de</strong>scobre que Sirius vinha protegendo-o.<br />

O herói encontra a primeira entrada para o novo mundo. O protetor po<strong>de</strong><br />

apenas levar o herói até a entrada, ele <strong>de</strong>ve atravessá-la sozinho. O herói po<strong>de</strong> ter <strong>de</strong><br />

lutar, inicialmente, com um guardião da entrada que está ali para impedi-lo <strong>de</strong><br />

atravessá-la, ou superá-lo pela astúcia.<br />

O clímax <strong>de</strong> cada uma das aventuras <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> começa com a<br />

travessia solitária <strong>de</strong> uma entrada.<br />

Em A Pedra, Rony po<strong>de</strong> ajudá-lo a <strong>de</strong>finir quais são os<br />

movimentos a serem dados no xadrez e Hermione auxilia-o a <strong>de</strong>scobrir<br />

as poções que o ajudarão a atravessar as chamas negras. Mas somente<br />

<strong>Harry</strong> po<strong>de</strong> entrar na “última câmara”, on<strong>de</strong> enfrenta Quirrell.<br />

Em A Câmara, apesar <strong>de</strong> ele, Rony e Lockhart percorrerem o<br />

escoadouro para encontrar o basilisco e salvar Gina Weasley, <strong>Harry</strong><br />

precisa vencer sozinho o último e mais perigoso trecho da jornada.<br />

O herói penetra na “barriga da baleia”, uma expressão tirada das lendas,<br />

como a história <strong>de</strong> Jonas, que representa “ser tragado pelo <strong>de</strong>sconhecido”.


Seja quando entra na Câmara Secreta ou quando penetra no<br />

escon<strong>de</strong>rijo <strong>de</strong> Lupin, <strong>de</strong>baixo do Salgueiro Lutador, <strong>Harry</strong> está na<br />

barriga da baleia.<br />

II. Iniciação<br />

O herói segue um caminho no qual é continuamente posto à prova. O<br />

ambiente é <strong>de</strong>sconhecido. O herói po<strong>de</strong> encontrar companheiros que o aju<strong>de</strong>m a passar<br />

pelas provas. Forças invisíveis po<strong>de</strong>m também vir em seu auxílio.<br />

Esses elementos se repetem em todos os livros.<br />

<strong>Harry</strong> sempre recebe novos amuletos, tal como a Capa<br />

da Invisibilida<strong>de</strong>, em A Pedra, e o Mapa do Maroto, em<br />

Azkaban. Ele apren<strong>de</strong> a invocar forças, como o<br />

Patrono.<br />

O herói é raptado, ou precisa empreen<strong>de</strong>r uma jornada à noite ou pelo mar.<br />

<strong>Harry</strong> é literalmente raptado quando toca a Taça Tribruxo, que<br />

havia sido transformada em portal.<br />

O herói enfrenta um dragão simbólico. Ele po<strong>de</strong> sofrer uma morte ritual,


talvez mesmo <strong>de</strong>smembramento.<br />

<strong>Harry</strong> luta contra o basilisco, os <strong>de</strong>mentadores e, é claro, com o<br />

maior <strong>de</strong> todos os dragões simbólicos - Vol<strong>de</strong>mort.<br />

E parece que em cada aventura <strong>Harry</strong> sofre novos tipos <strong>de</strong><br />

ferimentos - por exemplo, ele é literalmente <strong>de</strong>smembrado em A Câmara,<br />

quando quebra o braço durante uma partida <strong>de</strong> quadribol e seus ossos<br />

são aci<strong>de</strong>ntalmente removidos por um feitiço malfeito.<br />

O herói é reconhecido por seu pai ou se reúne a ele. Ele começa a enten<strong>de</strong>r essa<br />

força que comanda a sua vida.<br />

Vol<strong>de</strong>mort, em O Cálice.<br />

Em todas as aventuras, <strong>Harry</strong> vivência um profundo<br />

momento <strong>de</strong> contato com seus pais, como quando eles<br />

aparecem no Espelho <strong>de</strong> Ojesed, em A Pedra, e como<br />

imagens fantasmas emitidas pela varinha mágica <strong>de</strong><br />

O herói torna-se quase divino. Ele ultrapassou a ignorância e o medo.<br />

<strong>Harry</strong> conquista uma vitória contra o medo em cada aventura.<br />

Embora pareça surpreso por conseguir isso, ele se convence,<br />

progressivamente, a cada embate com Vol<strong>de</strong>mort, que o Lor<strong>de</strong> das


Trevas não o <strong>de</strong>rrotará. Como diz Dumbledore, ao final <strong>de</strong> O Cálice,<br />

“Você mediu forças com o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> um bruxo adulto e enfrentou-o <strong>de</strong><br />

igual para igual”.<br />

O herói recebe a última dádiva, o objetivo <strong>de</strong> sua busca. Po<strong>de</strong> ser um elixir da<br />

vida. E po<strong>de</strong> ser diferente do objetivo original do herói, pois ele se tornou mais sábio<br />

durante seu percurso.<br />

Em A Pedra, o Espelho <strong>de</strong> Osejed coloca a última dádiva -algo que<br />

<strong>de</strong> fato produz um elixir da vida - bem em seu bolso. Em A Câmara, ele<br />

<strong>de</strong>rrota o monstro que vive nos subterrâneos <strong>de</strong> Hogwarts há décadas,<br />

salvando Gina Weasley (e inúmeros outros estudantes que po<strong>de</strong>riam ter<br />

se tornado vítimas do basilisco).<br />

Em Azkaban, ele encontra o prêmio que todos os bruxos vêm<br />

procurando: Sirius Black. Mas, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrir a verda<strong>de</strong> sobre<br />

Black, ele arruma um jeito para salvá-lo da inevitável<br />

sentença <strong>de</strong> morte - o que é a mesma coisa que ter lhe dado<br />

um elixir da vida.<br />

Em O Cálice, o objetivo é óbvio: a vitória no Torneio<br />

Tribruxo. Mas o que <strong>Harry</strong> <strong>de</strong>scobre é mais profundo. Ele<br />

luta contra Vol<strong>de</strong>mort, varinha mágica contra varinha mágica, e<br />

novamente escapa da morte - <strong>de</strong>ssa vez, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas próprias<br />

habilida<strong>de</strong>s. Então, começa a se dar conta do quanto é gran<strong>de</strong> o seu


po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> bruxo.<br />

III. Retorno<br />

O herói empreen<strong>de</strong> um vôo mágico <strong>de</strong> volta ao seu lugar <strong>de</strong><br />

origem. Ele po<strong>de</strong> ser salvo por forças mágicas. Um <strong>de</strong> seus protetores<br />

iniciais po<strong>de</strong> ajudá-lo. Uma pessoa, ou alguma coisa <strong>de</strong> seu mundo <strong>de</strong><br />

origem, po<strong>de</strong> aparecer para trazê-lo <strong>de</strong> volta.<br />

Em A Pedra, <strong>Harry</strong> é miraculosamente salvo, e viaja <strong>de</strong> volta<br />

enquanto ainda está inconsciente.<br />

Em A Câmara, ele é salvo por Fawkes. A fênix lhe traz o Chapéu<br />

Seletor, que lhe entrega a Espada <strong>de</strong> Griffindor, com a qual ataca o<br />

basilisco.<br />

Em O Cálice, falando com a imagem <strong>de</strong> Cedrico Diggory, emitida<br />

pela varinha <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort, <strong>Harry</strong> jura solenemente levar <strong>de</strong> volta o<br />

corpo <strong>de</strong> Diggory para Hogwarts.<br />

O herói volta ao mundo cotidiano, atravessando <strong>de</strong> novo a passagem. Ele po<strong>de</strong><br />

ter alguma dificulda<strong>de</strong> para se readaptar à sua vida original on<strong>de</strong> as pessoas não<br />

conseguem compreen<strong>de</strong>r o que vivenciou.<br />

Depois <strong>de</strong> cada período escolar, ele tem <strong>de</strong> voltar para a<br />

residência dos Dursley, na Rua dos Alfeneiros, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>finitivamente


ninguém o compreen<strong>de</strong>. Mesmo outros bruxos têm dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

compreendê-lo, como lemos no final <strong>de</strong> Azkaban. “Ninguém em<br />

Hogwarts sabia a verda<strong>de</strong> do que acontecera... A medida que o trimestre<br />

foi chegando ao fim, <strong>Harry</strong> ouviu muitas teorias diferentes sobre o que<br />

realmente acontecera, mas nenhuma <strong>de</strong>las sequer se aproximava da<br />

verda<strong>de</strong>ira.”<br />

O herói se torna senhor <strong>de</strong> ambos os mundos: o do cotidiano, que representa a<br />

sua existência material, e o mundo mágico, que significa seu íntimo.<br />

Encontrar Vol<strong>de</strong>mort é o pior pesa<strong>de</strong>lo da maioria dos bruxos.<br />

Mas <strong>Harry</strong> encontrou-o muitas vezes e viu coisas que nenhum outro<br />

bruxo jamais viu. Esses encontros o fizeram conhecer uma parte <strong>de</strong> si<br />

mesmo na qual os <strong>de</strong>mais bruxos jamais pensaram. Todos po<strong>de</strong>m estar<br />

certos <strong>de</strong> que, eventualmente - mesmo que ele próprio duvi<strong>de</strong> -, essas<br />

experiências vão fazer <strong>de</strong>le um bruxo até mesmo mais po<strong>de</strong>roso do que<br />

Dumbledore. (Não há dúvida <strong>de</strong> que Dumbledore sabe disso, e <strong>de</strong> que a<br />

perspectiva lhe agrada.)<br />

O herói conquistou sua liberda<strong>de</strong> para viver como <strong>de</strong>sejar. Superou os medos<br />

que o impediam <strong>de</strong> viver plenamente.<br />

O medo, assim nos é dito, é o maior inimigo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> - maior até


do que Vol<strong>de</strong>mort. Em Azkaban, o professor Lupin não <strong>de</strong>ixa <strong>Harry</strong><br />

enfrentar o bicho-papão porque não queria uma imagem <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort<br />

revoando por Hogwarts. Mas <strong>Harry</strong> lhe diz: “Eu não estava pensando<br />

em Vol<strong>de</strong>mort... Eu lembrei foi dos <strong>de</strong>mentadores.” Lupin fica<br />

impressionado com a percepção <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>. “Isso sugere que o que você<br />

mais teme é o medo. Muito sábio, <strong>Harry</strong>.”<br />

Claro que Rowling não segue uma espécie <strong>de</strong> mapa passo a<br />

passo. Esses padrões e mo<strong>de</strong>los aparecem em seus livros assim como<br />

têm estado presentes na mitologia e no folclore há séculos, já que a<br />

jornada do herói permanece a mesma. Lutar contra as forças das trevas que<br />

existem no mundo exige que o herói enfrente as trevas que existem<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si mesmo e re<strong>de</strong>scubra, a cada aventura, que é merecedor da<br />

vitória. Nós enten<strong>de</strong>mos <strong>Harry</strong> porque, como Campbell diz, “todos<br />

temos <strong>de</strong> enfrentar nosso gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio”.


ADIVINHAÇÃO<br />

Sibila Trelawney já acertou alguma coisa?<br />

A matéria dada pela professora Trelawney, Adivinhação, consiste<br />

em interpretar sinais e ações com o objetivo <strong>de</strong> predizer o futuro, ver o<br />

passado ou, às vezes, simplesmente encontrar objetos perdidos.<br />

São usados muitos métodos para a adivinhação. Os romanos<br />

preferiam os augúrios e interpretavam o vôo das aves. Outras culturas<br />

usam a hepatoscopia, que é o exame das entranhas <strong>de</strong> animais<br />

sacrificados.<br />

Não é por coincidência que o primeiro nome da professora<br />

Trelawney vem das famosas profetisas da mitologia, as Sibilas, que<br />

muitas vezes apresentavam suas premonições sem nem mesmo terem<br />

sido consultadas. Sibila Trelawney também é chegada a fazer predições -<br />

muitas vezes aterrorizantes - sem que ninguém tenha lhe pedido nada.<br />

Mal acabou <strong>de</strong> conhecer <strong>Harry</strong> e já previu a sua morte. Mas, como bem<br />

lembra a professora McGonagall, “Sibila Trelawney tem predito a morte<br />

<strong>de</strong> um aluno por ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que chegou a esta escola. Nenhum <strong>de</strong>les<br />

morreu ainda”.<br />

J. K. Rowling parece não acreditar muito em adivinhação, ou


pelo menos mostra uma atitu<strong>de</strong> ambivalente. Hermione acha o assunto<br />

“meio confuso”, mas estuda Aritmancia, que é a adivinhação por meios<br />

dos números. Apesar <strong>de</strong> completamente obcecados pela leitura do<br />

<strong>de</strong>stino nas estrelas, os centauros da Floresta Proibida são criaturas<br />

bastante inteligentes.<br />

Talvez Rowling se sinta como Dumbledore, que explica a <strong>Harry</strong><br />

em Azkaban: “As conseqüências dos nossos atos são sempre tão<br />

complexas, tão diversas, que predizer o futuro é uma tarefa realmente<br />

difícil.”<br />

AO LADO, MAPA DO SIGNIFICADO DAS UNHAS DA MÃO.


Outros tipos <strong>de</strong> adivinhação e os meios que utilizam para prever o <strong>de</strong>stino:<br />

Belomancia: o vôo das flechas.<br />

Quiromancia: as linhas da mão.<br />

Datilomancia: a oscilação <strong>de</strong> um anel suspenso.<br />

Dafnomancia: o estalar <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong> louro incendiadas.<br />

Geloscopia: risadas.<br />

Lampadomancia: o brilho das lamparinas.<br />

Libanomancia: a fumaça do incenso.<br />

Litomancia: pedras preciosas.<br />

Margaritomancia: pérolas.<br />

Metoposcopia: manchas na testa.<br />

Frenologia: formato do crânio.


ALQUIMIA<br />

Os alquimistas procuravam mesmo uma pedra mágica?<br />

Exatamente o que os alquimistas tentavam fazer? Será que eles<br />

chegaram a concluir alguma coisa ou todo o seu trabalho <strong>de</strong>sapareceu<br />

numa nuvem <strong>de</strong> fumaça? Qualquer um que tenha lido A Pedra sabe que a<br />

alquimia é uma antiga mistura <strong>de</strong> química com magia. Os alquimistas<br />

tentavam criar ouro a partir <strong>de</strong> metais menos nobres, assim como<br />

inventar uma poção capaz <strong>de</strong> curar todas as doenças e tornar seu usuário<br />

imortal.<br />

Acredita-se que a origem da alquimia esteja no mundo árabe. O<br />

nome vem do termo árabe al-kimia, que também gerou a palavra<br />

“química”. No entanto, alguns historiadores dizem que a raiz <strong>de</strong>ssa<br />

palavra árabe vem do grego antigo Khmia, que significa “Egito”. Eles<br />

acreditam que os alquimistas egípcios possam ter existido muito antes <strong>de</strong><br />

o mundo árabe iniciar essa prática. De qualquer maneira, a alquimia <strong>de</strong><br />

fato se <strong>de</strong>senvolveu em todo o mundo, inclusive na China e na Índia.<br />

Costumamos imaginar alquimistas como pessoas gananciosas e<br />

ambiciosas, obcecadas por dinheiro e pela imortalida<strong>de</strong>. Mas algumas


pessoas pensam que o trabalho <strong>de</strong>les lançou as bases da química<br />

mo<strong>de</strong>rna. Vários cientistas sérios estudaram alquimia. O físico e<br />

matemático Isaac Newton foi um <strong>de</strong>les, e escreveu inúmeros tratados<br />

sobre o assunto. No entanto, Newton respeitou a tradição <strong>de</strong> manter<br />

suas experiências com a alquimia em segredo, chegando ao ponto <strong>de</strong><br />

insistir para que outro alquimista guardasse “segredo total” sobre seu<br />

trabalho.<br />

A capital da alquimia<br />

Nos últimos anos do século XVI, dois imperadores começaram a<br />

recrutar alquimistas para trabalhar na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Praga, localizada na atual<br />

República Tcheca. A concentração <strong>de</strong> alquimistas no local <strong>de</strong>u à cida<strong>de</strong> o<br />

apelido <strong>de</strong> “capital da alquimia”.<br />

Imperadores, no entanto, po<strong>de</strong>m ser muito temperamentais.<br />

Quando o alquimista inglês Edward Kelley tentou produzir ouro, mas<br />

falhou, foi jogado numa masmorra. Nem mesmo os esforços da rainha<br />

Elizabeth I foram suficientes para livrá-lo da prisão. Kelley morreu<br />

numa tentativa <strong>de</strong> fuga.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, havia muitas frau<strong>de</strong>s. Conta-se que, mais ou<br />

menos nessa época, chegou a Praga um árabe, que convidou os homens<br />

mais ricos da cida<strong>de</strong> para um banquete, prometendo multiplicar todo o<br />

ouro que eles levassem. Depois <strong>de</strong> juntar todos os objetos <strong>de</strong> valor


levados ao banquete, o falso alquimista preparou uma mistura estranha<br />

que levava substâncias químicas e diversas esquisitices, como cascas <strong>de</strong><br />

ovo e estrume <strong>de</strong> cavalo. Não tardaram a perceber para que servia a tal<br />

mistura. Uma violenta explosão espalhou pela casa um fedor tão terrível<br />

que atordoou os convidados e permitiu que o charlatão fugisse com todo<br />

o ouro.<br />

Assim como a palavra árabeal-kimia <strong>de</strong>u<br />

origem aos termos “alquimia” e “química”, a<br />

matemática árabe, uma das mais avançadas do<br />

mundo, nos <strong>de</strong>u outra expressão muito utilizada nas<br />

salas <strong>de</strong> aula: al-gebr. Ela quer dizer “igualar”, e é<br />

isso que os alunos fazem com os dois lados <strong>de</strong> uma<br />

equação algébrica.<br />

A pedra filosofal<br />

Embora alguns estudiosos digam que o verda<strong>de</strong>iro processo<br />

seguido pelos alquimistas era “absurdamente complicado”, suas bases<br />

eram bastante simples. De acordo com a teoria básica seguida pelos<br />

alquimistas, todos os metais não passavam <strong>de</strong> combinações <strong>de</strong> enxofre e<br />

mercúrio. Quanto mais amarelo o metal, mais enxofre havia na mistura.


Para criar ouro, então, bastaria combinar enxofre e mercúrio na<br />

proporção a<strong>de</strong>quada e seguindo uma seqüência correta.<br />

Após algum tempo, os alquimistas começaram a ficar frustrados,<br />

pois seu método simples não funcionava. Então, iniciaram a procura <strong>de</strong><br />

um ingrediente mágico, que chamaram <strong>de</strong> pedra filosofal. Alguns<br />

alquimistas continuaram a acreditar que o tal ingrediente mágico era<br />

apenas enxofre. No entanto, em A Pedra, ele é <strong>de</strong>scrito como um objeto<br />

vermelho-sangue. É provável que Rowling tenha pensado em alguma<br />

coisa mais interessante...<br />

Veja também:<br />

Fofo<br />

Espelhos


Flamel<br />

ANIMAGOS<br />

Quais são os mais impressionantes animagos?<br />

J.K. Rowling criou o termo “animago” misturando o latim magus<br />

(bruxo) a animal. Um animago é um bruxo que po<strong>de</strong> virar bicho sem<br />

per<strong>de</strong>r seus po<strong>de</strong>res mágicos.<br />

A habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformar-se em animal é tão antiga quanto as<br />

lendas. Na mitologia celta, volta e meia alguém se transforma em cervo,<br />

javali, cisne, águia ou corvo. Os xamãs das antigas tribos indígenas<br />

norte-americanas também costumam assumir formas <strong>de</strong> animais,<br />

principalmente pássaros.<br />

Um dos primeiros seres a <strong>de</strong>monstrar essa habilida<strong>de</strong> foi Proteu,<br />

da mitologia grega. Ele era criado <strong>de</strong> Posseidon, <strong>de</strong>us dos oceanos, e<br />

uma <strong>de</strong> suas habilida<strong>de</strong>s especiais era conhecer o passado, o presente e<br />

o futuro. Por conta disso havia muita gente que o procurava para<br />

perguntar coisas. Proteu então se transformava em<br />

diversos animais e monstros horrorosos para po<strong>de</strong>r ficar<br />

em paz. Ainda hoje dizemos que uma coisa capaz <strong>de</strong><br />

mudar <strong>de</strong> forma é “proteiforme” ou “protéico”.<br />

HOMEM-ÁGUIA. TOTEM DOS HAIDA, DO NOROESTE DO PACÍFICO.


Duelos <strong>de</strong> animagos<br />

Este tipo <strong>de</strong> fogo cerrado entre lutadores que mudam<br />

constante- mente <strong>de</strong> forma foi lembrado pelo autor T. H. White, cuja<br />

história A Espada Era a Lei conta <strong>de</strong> outra forma a lenda do jovem rei<br />

Artur e seu tutor, o mago Merlim. Neste livro, Merlim combate outra<br />

bruxa, Madame Mim, em um dos mais criativos duelos da literatura:<br />

O objetivo do feiticeiro no duelo era transformar-se em um tipo<br />

<strong>de</strong> animal, vegetal ou mineral capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir o animal, vegetal ou<br />

mineral escolhido por seu oponente. Algumas vezes, o duelo levava<br />

horas...<br />

Ao primeiro soar do gongo, Madame Mim imediatamente<br />

transformou-se em um dragão. Era um bom lance <strong>de</strong> abertura e<br />

esperava-se que Merlim respon<strong>de</strong>sse assumindo a forma <strong>de</strong> uma<br />

tempesta<strong>de</strong> <strong>de</strong> trovões ou coisa parecida. Em vez disso, ele surpreen<strong>de</strong>u<br />

sua oponente virando um ratinho, quase invisível no gramado, dando<br />

uma boa mordida em sua cauda. Madame Mim arregalou os olhos,<br />

procurou por toda a parte durante uns bons cinco minutos até se dar<br />

conta do ratinho com <strong>de</strong>ntes cravados em seu rabo. Quando finalmente<br />

reparou, num piscar <strong>de</strong> olhos tornou-se um furioso gato listrado.<br />

Artur pren<strong>de</strong>u a respiração para ver no que o ratinho iria se<br />

transformar - pensou logo em um tigre capaz <strong>de</strong> matar o gato —, mas


Merlim simplesmente virou outro gato. Ele se plantou diante <strong>de</strong><br />

Madame Mim e começou a fazer caretas. Esse procedimento,<br />

muitíssimo irregular, <strong>de</strong>ixou a bruxa espantada, e ela levou mais <strong>de</strong> um<br />

minuto para voltar a si e virar um cachorro. Quase no mesmo instante,<br />

Merlim já era outro cachorro, sentado diante <strong>de</strong>la como tinha feito<br />

pouco antes.<br />

“Oh! Bem pensado, Merlim!”, gritou Artur, começando a<br />

perceber o plano.<br />

Madame Mim estava furiosa... Era melhor ela começar logo a<br />

alterar suas táticas e surpreen<strong>de</strong>r Merlim.<br />

Decidiu tentar uma nova jogada, <strong>de</strong>ixando a ofensiva a cargo <strong>de</strong><br />

Merlim e assumindo uma posição <strong>de</strong>fensiva. Transformou-se em um<br />

imenso carvalho.<br />

Merlim parou, <strong>de</strong>sconcertado, e ficou sob a árvore por alguns<br />

segundos. Então, ousadamente, transformou-se em um minúsculo<br />

passarinho azul, que voou e pousou muito empertigado nos galhos <strong>de</strong><br />

Madame Mim. O carvalho ferveu <strong>de</strong> indignação por um instante. Mas<br />

logo sua raiva ficou bem fria e o pobre passarinho percebeu que estava<br />

sentado não sobre um galho, mas sobre uma imensa serpente. A boca da<br />

serpente estava escancarada e, na verda<strong>de</strong>, o pássaro estava pousado<br />

sobre seus <strong>de</strong>ntes. Quando a boca se fechou num estalo, o passarinho já<br />

havia escapulido, em forma <strong>de</strong> mosquito. Madame Mim seguiu-o e a<br />

velocida<strong>de</strong> da disputa começou a ficar alucinante. Quanto mais rápido o


atacante assumia uma nova forma, menos tempo o fugitivo tinha para<br />

imaginar uma boa saída. As mudanças agora estavam tão rápidas quanto<br />

o pensamento.<br />

A batalha termina quando Madame Mim vira um aullay, animal<br />

semelhante a um imenso cavalo com tromba <strong>de</strong> elefante. Ela arremete<br />

contra Merlim, mas ele simplesmente <strong>de</strong>saparece. De repente...<br />

...coisas muito esquisitas começaram a acontecer. O aullay teve<br />

um ataque <strong>de</strong> soluços, foi ficando vermelho, inchado, com uma tosse<br />

terrível, todo sarapintado, cambaleou três vezes, revirou os olhos e<br />

<strong>de</strong>sabou pesadamente no chão. Suspirou, esperneou e disse a<strong>de</strong>us...<br />

O esperto feiticeiro tinha se transformado sucessivamente em<br />

diversos micróbios, ainda <strong>de</strong>sconhecidos naquele tempo. Assim, fez sua<br />

oponente pegar soluços, escarlatina, caxumba, coqueluche, sarampo e<br />

varíola. Tudo ao mesmo tempo. Com uma combinação <strong>de</strong>ssas, a infame<br />

Madame Mim rapidamente bateu as botas.


Rony, Perebas.<br />

Alguns animagos <strong>de</strong> J. K. Rowling:<br />

Minerva McGonagall po<strong>de</strong> virar um gato.<br />

Tiago <strong>Potter</strong> transformava-se em cervo, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> seu apelido: Pontas.<br />

Sirius Black significa “cachorro preto”, sendo essa a forma que ele assume.<br />

Rita Skeeter vira um besouro.<br />

Pedro Pettigrew, o Rabicho, disfarçava-se como o rato <strong>de</strong> estimação <strong>de</strong><br />

As regras <strong>de</strong> Rowling<br />

Uma gran<strong>de</strong> diferença entre o mundo <strong>de</strong> Rowling e os mundos<br />

criados por outros autores é que ela criou diversas restrições para os<br />

animagos. De acordo com ela, virar bicho é uma habilida<strong>de</strong><br />

relativamente rara, e tão regulamentada que os animagos <strong>de</strong>vem ser<br />

registrados no Ministério da Magia.<br />

No entanto, em praticamente todos os outros mundos<br />

imaginários, os bruxos po<strong>de</strong>m se transformar livremente no bicho que<br />

bem enten<strong>de</strong>rem.<br />

Talvez Rowling se preocupe com os riscos <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>. Em Quadribol, ela adverte: “O bruxo ou bruxa que se<br />

transfigura em morcego po<strong>de</strong> voar sem problemas. No entanto, como


também tem um cérebro <strong>de</strong> morcego, ele esquece para on<strong>de</strong> vai assim<br />

que levanta vôo.”<br />

Outra escritora famosa, Ursula K. Le Guin, conta na história A<br />

Wizard of Earthsea (O Mago <strong>de</strong> Mareterra), o que po<strong>de</strong> acontecer aos<br />

bruxos <strong>de</strong>scuidados:<br />

Como qualquer menino, Ogion achava que seria uma <strong>de</strong>lícia<br />

usar magia para assumir qualquer forma que <strong>de</strong>sejasse, homem ou bicho,<br />

árvore ou nuvem, e então brincar <strong>de</strong> ser milhares <strong>de</strong> seres. No entanto,<br />

como bruxo, ele havia aprendido que essa brinca<strong>de</strong>ira tem um preço,<br />

que é o risco <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ao mudar sua realida<strong>de</strong>.<br />

Quanto mais distante uma pessoa fica <strong>de</strong> sua própria forma, maior é o<br />

perigo. Todo aprendiz <strong>de</strong> feiticeiro estuda a história do mago Beira do<br />

Caminho, que adorava se transfigurar em urso. Ele fez isso tanto, e<br />

tantas vezes seguidas, que o urso cresceu <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le. O homem se<br />

esvaneceu a tal ponto, que virou mesmo um urso e acabou matando o<br />

próprio filho na floresta. Teve um fim trágico: foi caçado e morto.<br />

J. K. Rowling costuma dizer que a personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada<br />

um é <strong>de</strong>terminante na escolha do animal no qual po<strong>de</strong> se<br />

transformar. E acrescenta: “Pessoalmente, gostaria <strong>de</strong> virar<br />

uma lontra, que é meu bicho favorito.”<br />

Ninguém sabe, na verda<strong>de</strong>, quantos dos golfinhos que saltam nas


águas do Mar Secreto já foram homens, sábios homens, que per<strong>de</strong>ram<br />

sua sabedoria e seu nome nos encantos do mar sem fim.<br />

Sem dúvida, <strong>Harry</strong>, que muitas vezes ultrapassa os limites<br />

normais, vai correr esse risco. Vamos ver em que tipo <strong>de</strong> animago ele irá<br />

se transformar.<br />

Veja também:<br />

Sirius Black<br />

McGonagall<br />

ANIMAIS FANTÁSTICOS<br />

Quais animais fantásticos saíram das lendas?<br />

Mesmo sendo imaginárias, muitas das criaturas <strong>de</strong> Animais<br />

Fantásticos são tão conhecidas em nosso mundo quanto no <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>.<br />

Veja algumas das histórias que alimentaram a imaginação <strong>de</strong> J. K.<br />

Rowling:


Barretes Vermelhos<br />

De acordo com Animais Fantásticos, os barretes vermelhos<br />

“vivem em covas localizadas em antigos campos <strong>de</strong> batalha ou em<br />

lugares on<strong>de</strong> o sangue humano tenha sido <strong>de</strong>rramado... [e] tentam matar<br />

a pauladas os trouxas que passam por ali em noites escuras”. Essa<br />

criatura existe há muito tempo nas lendas da Inglaterra e Escócia, países<br />

vizinhos e muitas vezes envolvidos em guerras violentas. Também é<br />

conhecido como capuz sangrento ou crista vermelha. Dizem que seu<br />

chapéu é vermelho <strong>de</strong> tanto ser usado para recolher o sangue <strong>de</strong> suas<br />

vítimas.<br />

Ramora<br />

Seguindo uma lenda milenar, Rowling diz que esse peixe - que<br />

existe mesmo e é conhecido como rêmora - é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>ter um navio.<br />

Seu nome <strong>de</strong>riva da palavra latina usada para <strong>de</strong>signar “atraso”. Graças a<br />

uma ventosa localizada em sua cabeça, as rêmoras se pren<strong>de</strong>m a navios e<br />

tubarões para se alimentarem das sobras. Sua força já havia sido bastante<br />

exagerada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século 1 a.C quando Plínio, o Velho, escreveu:<br />

“Furacões po<strong>de</strong>m ser arrasadores e tempesta<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>vastar,- mas


este peixe consegue regular a fúria <strong>de</strong>les, controlar seu vigor e<br />

intensida<strong>de</strong> e obrigar navios a parar, <strong>de</strong> um modo que nem cabos nem<br />

âncoras conseguem fazer. Que criatura inútil é o homem, que po<strong>de</strong> ser<br />

imobilizado e <strong>de</strong>tido por um peixe <strong>de</strong> apenas seis polegadas!” Plínio<br />

sustentava a tese <strong>de</strong> que o navio <strong>de</strong> Marco Antônio havia sido bloqueado<br />

por rêmoras durante a Batalha <strong>de</strong> Actium, fazendo com que per<strong>de</strong>sse a<br />

batalha e mudando o curso da história romana.<br />

Hipocampo<br />

O nome <strong>de</strong>sse cavalo-marinho mistura a palavra grega hippos<br />

(cavalo) e a latina campus (terreno, chão). Também é chamado <strong>de</strong><br />

Hydrippus - a palavra grega para água é hydro. A carruagem <strong>de</strong> Posseidon,<br />

o <strong>de</strong>us grego dos mares, é puxada por hipocampos.<br />

O autor <strong>de</strong> Animais Fantásticos, Newton (“Newt”) Artemis Fido<br />

Scaman<strong>de</strong>r, traz vários trocadilhos embutidos em seu nome. Newts são pequenas<br />

salamandras, os lagartos mágicos que vivem no fogo (veja adiante]. Artemis era a<br />

<strong>de</strong>usa grega da caça, um nome apropriado para um estudioso que pesquisa criaturas<br />

mágicas. Fido, do latim fidus (fiel), é um nome comum para cachorros. O som <strong>de</strong><br />

Scaman<strong>de</strong>r lembra o <strong>de</strong> salamandra, embora seja, na verda<strong>de</strong>, o nome <strong>de</strong> um rio<br />

mencionado por Homero em sua Ilíada.


HIPOCAMPO RETRATADO EM XILOGRAVURA ALEMÃ.<br />

Um livro chamado Physiologus, escrito por volta do século II,<br />

conta que algumas lendas consi<strong>de</strong>ravam o hipocampo como “o rei <strong>de</strong><br />

todos os peixes”. Mas na época em que esse livro foi escrito, o judaísmo<br />

e o cristianismo estavam atropelando os velhos mitos, e a lenda sofreu<br />

uma leve mudança para incorporar a idéia <strong>de</strong> um peixe dourado que vivia<br />

no Leste. Nessa versão, o hipocampo é um guia, tal como Moisés:<br />

“Quando os peixes se agruparam em cardumes, saíram em busca do<br />

Hydrippus. Quando o encontraram, ele se dirigiu para o Leste e todos o<br />

seguiram, os peixes do Norte e os peixes do Sul. Estavam todos<br />

próximos ao peixe dourado, o Hydrippus à sua frente. E quando o<br />

Hydrippus e todos os peixes chegaram, aclamaram o peixe dourado<br />

como seu rei.”<br />

Salamandra<br />

Rowling diz que são lagartos habitantes do fogo. Eles vivem<br />

“apenas enquanto o fogo do qual surgiram está vivo”. Essa lenda<br />

remonta a milhares <strong>de</strong> anos. O filósofo grego Aristóteles escreveu, no


século IV a.C, que “o fato <strong>de</strong> alguns animais serem resistentes ao fogo é<br />

evi<strong>de</strong>nciado pela existência da salamandra, que extingue o fogo<br />

rastejando sobre as chamas”. Acreditava-se que a salamandra<br />

conseguisse essa proeza por ter o corpo extraordinariamente frio. Quase<br />

mil anos mais tar<strong>de</strong>, Santo Isidoro, bispo <strong>de</strong> Sevilha, também achava que<br />

a salamandra “vive no meio das chamas sem se machucar e nem ser<br />

consumida”. E acrescentava: “Entre todos os venenos, o seu é o mais<br />

po<strong>de</strong>roso. Outros animais peçonhentos são mortais, mas este é capaz <strong>de</strong><br />

matar várias pessoas <strong>de</strong> uma só vez. Para isso, a salamandra atravessa<br />

uma árvore e infecta suas frutas, envenenando todos os que as<br />

comerem.”<br />

SALAMANDRA EM CHAMAS, DE UM BRASÃO DE FAMÍLIA.<br />

Erkling<br />

O nome foi inventado por Rowling. É uma pequena inversão<br />

das letras do Ed King ou Erl Kõnig (elfo-rei) das lendas germânicas. Mas<br />

a <strong>de</strong>scrição que ela faz da criatura correspon<strong>de</strong> à lenda. Trata-se <strong>de</strong> uma<br />

criatura diabólica que habita a Floresta Negra alemã e seqüestra crianças.


No poema <strong>de</strong> Goethe, Erl King chama uma criança que viaja pela floresta<br />

acompanhada pelo pai:<br />

“Oh, venha comigo criança querida! Oh, venha comigo! Vamos brincar<br />

tanto, não há perigo.”<br />

O menino tenta alertar o pai, que não po<strong>de</strong> escutar o Erl King, e<br />

a história acaba mal. Assim como a lenda dos grindylows na Inglaterra e<br />

dos kappas no Japão, a história do Erl King foi concebida pelos pais para<br />

evitar que seus filhos se per<strong>de</strong>ssem nas florestas.<br />

Hoje em dia, muitos restaurantes possuem fornos conhecidos como<br />

salamandras, assim chamados por causa <strong>de</strong> seus mecanismos <strong>de</strong> aquecimento, cujo<br />

jormato lembra uma serpente ou a cauda <strong>de</strong> um lagarto, e são quentíssimos.<br />

Quimera<br />

QUIMERA.<br />

PEÇA DECORATIVA EM BRONZE DO SÉCULO V.<br />

A <strong>de</strong>scrição da quimera feita por Rowling em Animais Fantásticos<br />

po<strong>de</strong> ser esquisita, mas correspon<strong>de</strong> exatamente à antiga lenda grega.


Segundo essa lenda, a quimera é um monstro com três cabeças - uma <strong>de</strong><br />

dragão, uma <strong>de</strong> leão e a última <strong>de</strong> bo<strong>de</strong>. É aparentada à esfinge e ao<br />

Cérbero, o cão <strong>de</strong> três cabeças que guardava as portas do Inferno.<br />

Rowling menciona casualmente que “só há um caso conhecido<br />

em que uma quimera foi morta, e o pobre mago que conseguiu este feito<br />

morreu em seguida ao cair <strong>de</strong> seu cavalo alado”. Ela faz uma brinca<strong>de</strong>ira<br />

com a lenda original, segundo a qual o monstro foi vencido pelo herói<br />

Belerofonte, que montava o cavalo alado Pégaso. Belerofonte ganhou a<br />

batalha, mas, em outra aventura, atreveu-se a tentar penetrar no Olimpo,<br />

morada dos <strong>de</strong>uses, no mesmo cavalo alado. Como punição pela<br />

audácia, Zeus jogou-o para fora do cavalo e aleijou-o para sempre.<br />

O termo “quimera” acabou sendo usado para <strong>de</strong>signar alguma<br />

coisa (normalmente uma criatura viva) criada por humanos a partir da<br />

combinação artificial <strong>de</strong> elementos naturais.<br />

Kelpie (gênio da água)<br />

Conforme é contado em Animais Fantásticos, o kelpie, um <strong>de</strong>mônio<br />

aquático das lendas celtas, geralmente tem a forma <strong>de</strong> um cavalo com a<br />

crina <strong>de</strong> junco ver<strong>de</strong>. Ele atrai as pessoas para montarem em seu<br />

lombo e então as carrega para as profun<strong>de</strong>zas da água. Como Rowling<br />

conta, quem consegue botar ré<strong>de</strong>as no kelpie o subjuga. Por causa <strong>de</strong> sua


força extraordinária, ele po<strong>de</strong> fazer o trabalho <strong>de</strong> muitos cavalos.<br />

Selkies e merrows<br />

No verbete sobre Sereianos, <strong>de</strong> Animais Fantásticos, Rowling<br />

menciona os selkies e os merrows. São tipos especiais <strong>de</strong> Sereianos<br />

conhecidos na Inglaterra. Os selkies são homens-focas das ilhas do norte<br />

do país. Eles po<strong>de</strong>m adquirir belíssimas formas humanas quando estão<br />

em terra firme, mas <strong>de</strong>vem reassumir a forma <strong>de</strong> focas ao entrar na água.<br />

Matar um selkie provoca uma violenta tempesta<strong>de</strong>.<br />

Já os merrows são da Irlanda. As mulheres são muito bonitas, mas<br />

os homens são horrorosos. Dizem que eles possuem chapéus mágicos e,<br />

se um humano conseguir roubar este chapéu, o merrow não po<strong>de</strong>rá voltar<br />

para o mar.<br />

Veja também:<br />

Bicho-papão<br />

Duen<strong>de</strong>s<br />

Grindylows<br />

Kappas<br />

Sereianos<br />

Veelas


ARANHAS<br />

Como espantar uma aranha<br />

Em Hogwarts, vivem aranhas - algumas comuns, outras<br />

extraordinárias - <strong>de</strong> todos os tipos. Em sua maioria, são comuns e<br />

inofensivas. Mas algumas poucas, como Aragogue, Mosag e seus<br />

filhotes, são gigantescas, muito inteligentes e dotadas da palavra.<br />

A origem do nome<br />

Aragogue é a mesma <strong>de</strong><br />

aracní<strong>de</strong>o, o nome científico<br />

para aranhas. Ambos vêm <strong>de</strong><br />

uma personagem da mitologia,<br />

Ariadne, particularmente<br />

prendada nas artes <strong>de</strong> tecer e<br />

cerzir. Ariadne era muito<br />

O nome <strong>de</strong> Aragogue<br />

orgulhosa, e assim <strong>de</strong>safiou Minerva, a <strong>de</strong>usa romana do artesanato, para<br />

um torneio. Ariadne venceu Minerva, mas a <strong>de</strong>usa ficou tão aborrecida


que transformou Ariadne numa aranha, forçando-a a tecer teias para o<br />

resto da vida. Os nomes Aragogue e Mosag também lembram os nomes<br />

dos gigantes Gog e Magog. E mosag é gaélico, uma palavra que significa<br />

“mulher suja” ou “impura”.<br />

Comedores <strong>de</strong> gente<br />

Em A Câmara, Aragogue parece bastante satisfeito em <strong>de</strong>ixar seus<br />

filhotes <strong>de</strong>vorarem Rony e <strong>Harry</strong>. Ele está seguindo uma antiga tradição.<br />

Muitos autores divertiram-se criando monstros comedores <strong>de</strong> gente<br />

com forma <strong>de</strong> aranha. Comparados a estas, as aranhas <strong>de</strong> J. K. Rowling,<br />

ainda que fiquem felizes ao <strong>de</strong>vorar seres humanos, se mostram mais<br />

compreensivas que as outras. São muito mais dóceis do que Shelob, a<br />

aranha criada por J. R. R. Tolkien, em O Senhor dos Anéis:<br />

Ela estava lá há muitas eras, uma coisa maléfica sob a forma<br />

<strong>de</strong> aranha... e não servia a ninguém senão a si mesma, bebendo do<br />

sangue dos elfos e dos homens, criando e engordando inúmeras<br />

ninhadas graças a seus banquetes, tecendo teias <strong>de</strong> sombras, já que<br />

todas as criaturas viventes eram alimento, e seu vômito, escuridão...<br />

“Pouco conhecia ou se importava com torres e anéis, ou<br />

com qualquer coisa arquitetada pela mente ou feita por mãos, ela


que apenas <strong>de</strong>sejava a morte dos <strong>de</strong>mais, corpo e mente, e, para si<br />

mesma, saciar-se na sua existência solitária, e crescer até que as<br />

montanhas não pu<strong>de</strong>ssem dar-lhe sustento e a escuridão não fosse<br />

mais capaz <strong>de</strong> abrigá-la.<br />

“Mas seu apetite estava ainda longe <strong>de</strong> satisfazer-se, e já<br />

fazia tempo que ela estava faminta, escondida em seu covil,<br />

enquanto o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Sauron aumentava e a luz e os seres viventes<br />

fugiam <strong>de</strong> seu alcance; a cida<strong>de</strong> e o vale estavam mortos, e nenhum<br />

elfo ou humano aproximava-se, à exceção dos infelizes e magros<br />

Orcs, refeição pouco satisfatória. Mas ela precisava comer e não<br />

importava o quanto eles se esforçassem por <strong>de</strong>scobrir novas<br />

passagens aéreas que lhes permitissem sair <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>sfila<strong>de</strong>iro e da<br />

torre, pois ela sempre encontrava um meio <strong>de</strong> apanhá-los em<br />

armadilhas. No entanto, ela sonhava em comer carne mais doce...<br />

A utilida<strong>de</strong> das aranhas<br />

Aragogue e sua família são bons exemplos do que,<br />

aparentemente, são normas importantes no mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>: as<br />

aparências enganam e a maioria das criaturas ten<strong>de</strong>m (assim como os seres<br />

humanos) a tratar os outros tão mal como tenham sido tratadas.


Faz sentido quando percebemos que, por baixo<br />

<strong>de</strong> sua aparência assustadora e seu ódio, Aragogue é<br />

uma criatura com sentimentos, essencialmente<br />

benévola, e não um ser do mal. De fato, ela fornece a<br />

<strong>Harry</strong> uma pista importante para o garoto resolver o mistério da câmara<br />

secreta. Houve um tempo em que Aragogue, equivocadamente, foi<br />

tomada como o monstro que teria sido libertado da câmara cinqüenta<br />

anos antes das aventuras <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>. Mas esse monstro, segundo<br />

Aragogue, era na verda<strong>de</strong> “uma criatura muito antiga que nós, as<br />

aranhas, tememos mais do que a qualquer outra”. Posteriormente, <strong>Harry</strong><br />

vai <strong>de</strong>scobrir que Aragogue está se referindo ao basilisco e, quando<br />

percebe que as aranhas estão fugindo <strong>de</strong> Hogwarts, conclui que a gran<strong>de</strong><br />

serpente está à solta.<br />

Veja também:<br />

Basilisco


AVADA KEDAVRA<br />

O “Avada Kedavra” é um feitiço <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>?<br />

No mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, esse é o feitiço mais mortífero, a pior das<br />

três Maldições Imperdoáveis. O uso <strong>de</strong> qualquer uma <strong>de</strong>las contra um<br />

ser humano po<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar um bruxo a passar o fim <strong>de</strong> seus dias em<br />

Azkaban. Foi a maldição que Vol<strong>de</strong>mort utilizou para matar os pais <strong>de</strong><br />

<strong>Harry</strong>, a mesma com a qual tentou assassiná-lo e também a que acabou<br />

com a vida <strong>de</strong> Cedrico Diggory. <strong>Harry</strong> foi o único que sobreviveu ao seu<br />

po<strong>de</strong>r fatal.<br />

Embora Rowling costume inventar a maioria <strong>de</strong> seus feitiços e<br />

maldições, a expressão “Avada Kedavra” tem origem em uma antiga<br />

língua do Oriente Médio chamada aramaico. A frase abbaââa kedhabra<br />

quer dizer “<strong>de</strong>sapareça como esta palavra” e era utilizada por antigos<br />

feiticeiros para fazer doenças sumirem. Não há provas <strong>de</strong> que tenha sido<br />

usada para matar ninguém. Essa frase tem a mesma origem da palavra<br />

mágica abracadabra. Embora hoje só tenha utilida<strong>de</strong> para mágicos que<br />

animam festinhas <strong>de</strong> aniversário, já houve tempo em que era levada a<br />

sério pelos médicos. Quintus Serenus Sammonicus, médico romano que<br />

viveu por volta <strong>de</strong> 200 a.C, usava-a como feitiço para fazer baixar a febre<br />

<strong>de</strong> seus pacientes. De acordo com sua receita, era preciso escrevê-la onze


vezes em um pedaço <strong>de</strong> papel, a cada vez retirando uma letra. Assim:<br />

ABRACADABRA<br />

ABRACADABR<br />

ABRACADAB<br />

ABRACADA<br />

ABRACAD<br />

ABRACA<br />

ABRAC<br />

ABRA<br />

ABR<br />

AB<br />

A<br />

O papel <strong>de</strong>via ficar amarrado em torno do pescoço do paciente<br />

com uma tira <strong>de</strong> linho durante nove dias. Depois disso, era preciso<br />

jogá-lo por sobre o ombro num rio que corresse para o leste. Quando a<br />

água apagasse as palavras, a febre <strong>de</strong>sapareceria.<br />

A popularida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse feitiço cresceu tanto durante os séculos<br />

que suce<strong>de</strong>ram a Sammonicus, que ele foi usado até mesmo contra a<br />

Peste Negra. O leitor mais atento já <strong>de</strong>ve ter percebido que este remédio,<br />

mesmo se não fizer mais nada, ajuda o tempo a passar. Como muitas<br />

doenças <strong>de</strong>saparecem naturalmente em uma ou duas semanas, o feitiço


provavelmente não tinha nenhum efeito. Por outro lado, não doía!<br />

Veja também:<br />

Latim<br />

BASILISCOS<br />

Basiliscos eram apenas serpentes gran<strong>de</strong>s?<br />

Os basiliscos estão entre as mais temíveis criaturas mágicas. “Das<br />

muitas feras e monstros medonhos que vagam pela nossa terra não há<br />

nenhum mais curioso ou mortal”, <strong>de</strong>scobriu Hermione em A Câmara.<br />

Com certeza o basilisco é muito mais do que uma serpente<br />

gran<strong>de</strong>. Também conhecido como basilisca, ele esteve presente nas<br />

lendas durante muitos séculos. Em Animais Fantásticos, Rowling credita a<br />

um mago grego chamado Herpo, o Maluco, a criação do primeiro<br />

basilisco. Mas ela está apenas fazendo mais uma brinca<strong>de</strong>ira. Herpein é<br />

uma palavra grega que significa rastejar. A ciência que estuda os répteis,<br />

como as cobras e as serpentes, chama-se herpetologia.<br />

No entanto, Rowling não está inventando quando diz que os<br />

basiliscos são resultado do cruzamento <strong>de</strong> um galo ou galinha com uma<br />

serpente ou um sapo. E exatamente isso o que dizem todas as lendas.


Alguns artistas seguiram essa <strong>de</strong>scrição ao pé da letra e <strong>de</strong>senharam<br />

monstros estranhos combinando carac- terísticas <strong>de</strong>sses animais. Mas o<br />

mais comum é que os basiliscos sejam retratados<br />

como uma serpente com uma coroa ou uma mancha<br />

branca na cabeça. É provável que as najas, que<br />

possuem essas manchas, tenham inspirado a lenda do<br />

basilisco.<br />

BASILISCO, DE ACORDO COM UMA ANTIGA XILOGRAVURA.<br />

A MEDUSA TINHA COBRAS NA CABEÇA, EM VEZ DE<br />

CABELOS, OS HUMANOS QUE OLHARAM QUE<br />

OLHARAM PARA ELA FORAM TRANSFORMADOS EM<br />

PEDRA.<br />

Os basiliscos foram <strong>de</strong>scritos como seres capazes <strong>de</strong> matar<br />

mesmo à distância. Segundo o naturalista romano Plínio, “matam os<br />

arbustos sem nem mesmo tocar neles, só com a respiração, e as pedras<br />

racham, tal é o po<strong>de</strong>r diabólico <strong>de</strong>ssas criaturas”. Alguns estudiosos<br />

<strong>de</strong>screvem três varieda<strong>de</strong>s: há o basilisco dourado, que po<strong>de</strong> envenenar<br />

alguém só com o olhar; um outro tipo capaz <strong>de</strong> cuspir fogo; e um<br />

terceiro, que, assim como a cabeça cheia <strong>de</strong> cobras da Medusa, provoca


tamanho horror em quem o olha que suas vítimas ficam petrificadas.<br />

Até William Shakespeare fala <strong>de</strong> basiliscos em uma <strong>de</strong> suas peças,<br />

Ricardo III. Logo após assassinar seu irmão, o diabólico personagem<br />

principal vai cortejar a viúva, elogiando seus belos olhos. Mas ela não<br />

está interessada nos elogios e respon<strong>de</strong>: “Quem me <strong>de</strong>ra fosse os olhos<br />

<strong>de</strong> um basilisco para matá-lo.”<br />

Como vencer um basilisco<br />

Em A Câmara, um basilisco controlado por Lord Vol<strong>de</strong>mort se<br />

infiltra em Hogwarts, quase matando <strong>Harry</strong> e vários <strong>de</strong> seus amigos.<br />

<strong>Harry</strong> é salvo por Fawkes, a fênix <strong>de</strong> estimação do professor<br />

Dumbledore, que fura os olhos do monstro. O fato <strong>de</strong> ele ter sido<br />

salvo por um pássaro é muito apropriado. De acordo com a lenda, um<br />

pássaro - o galo - é fatal para o basilisco. Por isso, na Ida<strong>de</strong> Média,<br />

algumas pessoas levavam um galo nas viagens como proteção contra<br />

basiliscos.


Veja também:<br />

Aranhas<br />

Animais Nagini<br />

BICHOS-PAPÕES<br />

BASILISCO, EM UMA ESTAMPA MAIS RECENTE.<br />

Criaturas que não sabem a hora <strong>de</strong> ir embora<br />

Algumas criaturas mágicas po<strong>de</strong>m ser mais perigosas do que<br />

outras. A primeira vista, o bicho-papão parece ser perigosíssimo. Mas,<br />

como explica Hermione em Azkaban, ele “é capaz <strong>de</strong> assumir a forma do<br />

que achar que po<strong>de</strong> nos assustar mais”. Ou seja, incomoda mais do que<br />

machuca.


Bicho-papão em inglês é boggart. Também é conhecido como bogey<br />

ou bogeyman nos Estados Unidos, bogle na Escócia e Boggelmann na<br />

Alemanha. Tidos como espíritos maltratados que se tornaram cruéis, os<br />

bichos-papões adoram brinca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> mau gosto e normalmente não<br />

chegam a ser perigosos. Eles gostam <strong>de</strong> agir à noite, quando ficam mais<br />

convincentes.<br />

Geralmente, bichos-papões assombram casas e, neste caso, a<br />

única maneira <strong>de</strong> se livrar <strong>de</strong>les é provi<strong>de</strong>nciar a mudança. Isso é mais<br />

fácil <strong>de</strong> falar do que <strong>de</strong> fazer, já que o bicho-papão, algumas vezes,<br />

resolve acompanhar uma família que ele acha particularmente divertida.<br />

Quanto mais irritada fica a família, mais o bicho-papão gosta <strong>de</strong>la.<br />

<strong>Harry</strong> encontrou bichos-papões em Azkaban e no campeonato<br />

<strong>de</strong> O Cálice. Ele os <strong>de</strong>rrotou com a ajuda do professor Lupin, que lhe <strong>de</strong>u<br />

o mesmo conselho que damos às crianças <strong>de</strong> nosso mundo há centenas<br />

<strong>de</strong> anos: “O que realmente acaba com um bicho-papão é uma boa<br />

risada.” Obviamente, isso é bem mais fácil para os bruxos, que só<br />

precisam agitar suas varinhas e usar o feitiço Riddikulus para transformar<br />

o bicho-papão em uma coisa inofensiva.<br />

Veja também:<br />

Animais fantásticos<br />

Duen<strong>de</strong>s<br />

Goblins<br />

Trasgos<br />

Veelas


BRUXOS<br />

Quais dos “bruxos e bruxas famosos” existiram <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>?<br />

Quando embarcam pela primeira vez no Expresso Hogwarts,<br />

Rony mostra a <strong>Harry</strong> as figurinhas dos bruxos e bruxas famosos que<br />

vêm <strong>de</strong>ntro da embalagem dos sapos <strong>de</strong> chocolate. Ele cita alguns:<br />

Dumbledore, Merlim, Paracelso, a druida Cliodna, Hengisto <strong>de</strong><br />

Woodcroft, Morgana, Ptolomeu e Circe. Alguns <strong>de</strong>sses bruxos existiram<br />

mesmo. Outros existem em lendas que já têm centenas <strong>de</strong> anos.<br />

Agrippa<br />

Heinrich Cornelius Agrippa foi um mago que viveu na<br />

Renascença. Nascido Heinrich Cornelius, perto <strong>de</strong> Colônia, Alemanha,<br />

em 1486, ele adotou o nome <strong>de</strong> Agrippa em homenagem ao fundador <strong>de</strong><br />

sua cida<strong>de</strong> natal.<br />

Trabalhou como médico, advogado, astrólogo<br />

e com curas através da fé. Mas fez tantos inimigos<br />

quanto amigos e foi acusado <strong>de</strong> feitiçaria. Em 1529,<br />

publicou um livro chamado Sobre a Filosofia Oculta,


valendo-se <strong>de</strong> textos hebraicos e gregos para argumentar que a melhor<br />

maneira <strong>de</strong> chegar a conhecer a Deus era por meio da magia. A Igreja<br />

<strong>de</strong>clarou-o um herético e o pren<strong>de</strong>u. Morreu em 1535.<br />

Agrippa foi uma das inspirações <strong>de</strong> Wofgang Goethe para<br />

escrever a peça Fausto, na qual um homem <strong>de</strong> ciência faz um pacto com<br />

o diabo - semelhante ao pacto entre Vol<strong>de</strong>mort e seus seguidores. Seu<br />

nome é também o termo usado para <strong>de</strong>signar um livro <strong>de</strong> magia muito<br />

especial, cortado no formato <strong>de</strong> uma pessoa.<br />

Bem a propósito, sua figurinha é uma das mais raras.<br />

O FILÓSOFO E MAGO HEINRICH CORELIUS AGRIPPA.


A druida Cliodna<br />

Na mitologia irlan<strong>de</strong>sa, Cliodna <strong>de</strong>sempenha diversos papéis, <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>usa da beleza a mandatária da Terra Prometida - a vida após a morte.<br />

Ela é também a <strong>de</strong>usa dos mares. Alguns dizem que seu rosto surge nas<br />

praias em cada nona onda que se quebra no litoral. Ela tinha três<br />

pássaros encantados que curavam os enfermos.<br />

Paracelso<br />

Phillipus Aureolus Paracelso, nascido na Suíça em 1493, é<br />

consi<strong>de</strong>rado o fundador da química e da medicina mo<strong>de</strong>rnas. Começou<br />

a vida como médico e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>dicou-se ao estudo da magia,<br />

especialmente a alquimia e a arte das profecias. Sua reputação como<br />

mago e sua trajetória como médico estão ligadas. Como recusou-se a<br />

ficar limitado à formação médica tradicional e <strong>de</strong>senvolveu seus<br />

próprios métodos terapêuticos, foi acusado <strong>de</strong> bruxaria. Mas Paracelso<br />

ignorou seus críticos: “As universida<strong>de</strong>s não ensinam tudo”, ele disse,<br />

“portanto, um médico precisa procurar as anciãs sábias, os ciganos, os<br />

bruxos e os feiticeiros <strong>de</strong> tribos, velhos ladrões e outros foras-da-lei para<br />

extrair <strong>de</strong>les o conhecimento. Um médico precisa ser um viajante.<br />

Conhecimento é experiência.”


O TALENTOSO MÉDICO PARACELSO.<br />

Paracelso <strong>de</strong>senvolveu vários remédios úteis. Também <strong>de</strong>scobriu<br />

a causa da silicose, uma doença comum entre os trabalhadores <strong>de</strong> minas,<br />

causada pela inalação <strong>de</strong> vapores metálicos, que anteriormente era<br />

atribuída a maus espíritos. Paracelso ajudou a controlar um surto <strong>de</strong><br />

peste, em 1534, usando uma espécie <strong>de</strong> vacina.<br />

Suas posições e seus êxitos angariaram antipatia no meio médico.<br />

Paracelso passou mais <strong>de</strong> uma década exilado dos círculos acadêmicos e<br />

foi forçado a fugir para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bassel, sob a proteção da noite, em<br />

1528. Mas, por ocasião <strong>de</strong> sua morte, em 1541, sua reputação já havia<br />

crescido enormemente.<br />

Morgana<br />

Morgana foi uma feiticeira po<strong>de</strong>rosa da mitologia britânica,<br />

especialmente dotada nas artes da cura. Merlim foi seu tutor e, algumas


vezes, é dito que ela era meia-irmã do rei Artur.<br />

Apesar disso, sempre rivalizou com Artur, roubando sua espada,<br />

Excalibur, ou mesmo tramando sua morte.<br />

De acordo com algumas lendas, ela viveu no estreito <strong>de</strong><br />

Messina. Uma corrente incomum que atravessa aquela região puxa as<br />

criaturas fosforescentes das profun<strong>de</strong>zas para a superfície, criando a<br />

impressão <strong>de</strong> estranhas luzes ou <strong>de</strong> objetos flutuando sobre a água.<br />

Essas figuras são chamadas Fata Morgana, sendo que fata, em italiano,<br />

significa fada.<br />

Merlim<br />

Merlim é consi<strong>de</strong>rado um dos mais sábios magos que já<br />

existiram, um bruxo-mestre. Dizem que foi conselheiro dos reis<br />

britânicos Vortigern, Uther Pendragon e Artur. Embora a lenda possa<br />

ter se baseado em alguém que tenha existido <strong>de</strong> fato, o Merlim que<br />

conhecemos é um personagem tirado da fantasia. Por exemplo, alguns<br />

dizem que foi ele quem colocou no lugar as enormes pedras <strong>de</strong><br />

Stonehenge. Outros dizem que ele possuía o dom da profecia porque<br />

vivia ao contrário, do futuro para o passado, e portanto já tinha visto o<br />

futuro.<br />

Merlim é mais conhecido como o mentor do rei Artur. Um


notável paralelo é que ele ocultou o garoto Artur, protegendo-o, do<br />

mesmo modo como Dumbledore escon<strong>de</strong>u <strong>Harry</strong> <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort. O<br />

poeta Alfred Lord Tennyson reconta parte <strong>de</strong>ssa lenda em Idylls of the<br />

King:<br />

Por causa da amargura e do sofrimento<br />

Que oprimiu sua mãe, bem antes do seu nascimento,<br />

Artur veio ao mundo, e assim que nasceu<br />

Foi enviado às escondidas<br />

Para Merlim, para ser criado em lugar distante<br />

Até que fosse chegada sua hora-, e tudo porque os lor<strong>de</strong>s<br />

Daqueles dias violentos eram os próprios senhores da violência,<br />

Bestas ferozes que com certeza teriam feito a criança<br />

Em pedaços, dividindo-a entre eles, se soubessem que ela existia,<br />

já que cada um <strong>de</strong>les<br />

Nada mais almejava senão ser o próprio po<strong>de</strong>r,<br />

E muitos <strong>de</strong>les odiavam Uther.<br />

Razão pela qual Merlim levou a criança<br />

E a confiou a Sir Anton, um ancião cavaleiro<br />

E antigo amigo <strong>de</strong> Uther, e sua mulher então<br />

Cuidou do jovem príncipe, criando-o entre seus próprios,<br />

E nenhum homem disso soube.<br />

Assim, os lor<strong>de</strong>s Lutaram uns contra os outros como bestas ferozes,<br />

Enquanto o reino se arruinava.


Posteriormente, Merlim tornou-se tanto o tutor quanto o<br />

conselheiro <strong>de</strong> Artur, usando sua aguçada inteligência e sua po<strong>de</strong>rosa<br />

magia para ajudar o jovem rei a lutar contra os inimigos da Bretanha.<br />

De acordo com algumas histórias, Merlim foi enganado pela<br />

Dama do Lago, a quem amava, e levado a criar uma coluna mágica feita<br />

<strong>de</strong> ar, que ela então utilizou para aprisioná-lo para sempre.<br />

Hengisto <strong>de</strong> Woodcroft<br />

Este mago ou é, ou recebeu seu nome em homenagem ao rei<br />

saxão da Inglaterra. O rei Hengisto e seu irmão Horsa - seus nomes vêm<br />

das palavras em alemão para “garanhão” e “cavalo” - chegaram à<br />

Inglaterra em 449 a.C, como mercenários, para ajudar o rei Vortigern a<br />

<strong>de</strong>rrotar a rebelião dos Pictos e dos Celtas da Escócia. No entanto,<br />

começaram sua própria rebelião. Hengisto fundou o reino <strong>de</strong> Kent.<br />

Apesar <strong>de</strong> não ser chamado <strong>de</strong> Hengisto <strong>de</strong> Woodcroft nas<br />

crônicas anglo-saxônias, quando inquirido por Vortigern ele proclamou:<br />

“Adoramos os <strong>de</strong>uses <strong>de</strong> nossa terra: Saturno, Júpiter e outros que<br />

comandam as leis do mundo, e mais especialmente Mercúrio, que em<br />

nossa língua chamamos <strong>de</strong> Wo<strong>de</strong>n (relativo à ma<strong>de</strong>ira). Nossos ancestrais<br />

<strong>de</strong>dicavam o quarto dia da semana a ele, que até hoje é chamado <strong>de</strong>


Wednesday (quarta-feira) em alusão a seu nome.” E razoável supor que<br />

Hengisto tenha também chamado seu reino <strong>de</strong> Wo<strong>de</strong>n (croft em inglês<br />

significa “terreno”, “pequena fazenda”).<br />

O mais provável entretanto é que o nome Woodcroft seja<br />

simplesmente um dos que J. K. Rowling <strong>de</strong>scobriu num mapa e gostou.<br />

Em Peterborough, na Inglaterra, no norte <strong>de</strong> Kent, existe o Castelo<br />

Woodcroft, lugar famoso por seus assassinatos e fantasmas. Em 1648, o<br />

Dr. Michael Hudson, capelão do rei Charles, ali foi morto durante uma<br />

batalha contra as tropas <strong>de</strong> Cromwell. Conta-se que ele assombra o<br />

castelo, aparecendo sempre no aniversário da sua morte. Rumores <strong>de</strong><br />

batalha, então, po<strong>de</strong>m ser ouvidos, assim como os gritos <strong>de</strong> Hudson<br />

implorando misericórdia.<br />

Circe<br />

No poema épico <strong>de</strong> Homero, a Odisséia, Circe é apresentada<br />

como a “<strong>de</strong>usa po<strong>de</strong>rosa e sagaz” que vive numa ilha. Os homens <strong>de</strong><br />

Ulisses, voltando para casa <strong>de</strong>pois da<br />

Guerra <strong>de</strong> Tróia, param em sua ilha e se tornam vítimas <strong>de</strong> seu<br />

encantamento:<br />

Quando chegaram à morada <strong>de</strong> Circe, viram que era construída<br />

<strong>de</strong> pedras cortadas da montanha, num sítio que po<strong>de</strong>ria ser avistado <strong>de</strong>


longe, do meio da floresta. Por toda a sua volta, era guardada por lobos e<br />

leões ferozes - pobres criaturas, vítimas <strong>de</strong> seus feitiços, que ela havia<br />

dominado pela magia e submetido às suas poções. Logo atingiram os<br />

portais <strong>de</strong> entrada da morada da <strong>de</strong>usa e, ali parados, podiam ouvir que<br />

Circe, lá <strong>de</strong>ntro, cantava enquanto trabalhava em seu tear, tecendo uma<br />

re<strong>de</strong> tão fina, tão macia, e <strong>de</strong> cores tão <strong>de</strong>slumbrantes, que nenhuma<br />

outra <strong>de</strong>usa po<strong>de</strong>ria tecer. Chamaram e ela <strong>de</strong>sceu ao encontro <strong>de</strong>les,<br />

abriu os portais e os convidou a entrar. Sem suspeitar <strong>de</strong> nada, eles a<br />

seguiram.<br />

Uma vez que ela os viu <strong>de</strong>ntro da casa, fez com que se<br />

sentassem e preparou uma bebida com mel, à qual misturou suas<br />

poções venenosas, o que os faria esquecer quem eram e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vieram.<br />

Depois que a beberam, transformou-os em porcos com um simples<br />

gesto <strong>de</strong> sua varinha mágica, para logo a seguir prendê-los no chiqueiro.<br />

Tinham toda a forma <strong>de</strong> porcos — cabeça, pêlos — e também grunhiam<br />

como porcos; mas sua consciência era a mesma <strong>de</strong> antes e eles se<br />

lembravam claramente do que haviam sido.<br />

Foi o próprio Ulisses que, tendo tomado uma poção<br />

especial, conseguiu resistir ao encantamento <strong>de</strong> Circe e,<br />

ao final do episódio, conseguiu libertar os seus<br />

homens.


Alberico Grunnion<br />

Este nome <strong>de</strong>ve ter sido inspirado pelo <strong>de</strong> Alberico, o po<strong>de</strong>roso<br />

bruxo do poema épico germânico Nibelungenlied (A Canção dos Nibelungos).<br />

O poema é um registro mítico <strong>de</strong> um evento histórico - a vitória dos<br />

hunos sobre o reino da Burgundia (hoje, parte da França), em 437 d.C.<br />

Foi a base <strong>de</strong> muitos trabalhos mo<strong>de</strong>rnos, sendo o mais importante o<br />

Anel dos Nibelungos, uma série <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> ópera ligadas entre si,<br />

compostas por Richard Wagner no século XIX. (Quando você vir<br />

<strong>de</strong>senhos com cantores <strong>de</strong> ópera usando capacetes com chifres, po<strong>de</strong> ter<br />

certeza <strong>de</strong> que estão cantando uma das óperas <strong>de</strong> Wagner).<br />

Na versão <strong>de</strong> Wagner, Alberico é o rei dos duen<strong>de</strong>s, cheio <strong>de</strong><br />

ódio e <strong>de</strong> ambição. Quando <strong>de</strong>scobre um tesouro em ouro, guardado<br />

por donzelas inocentes, faz <strong>de</strong> tudo para obtê-lo, até mesmo renunciar<br />

para sempre ao amor. Ele usa o ouro para fazer um anel que lhe dá<br />

gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Quando o anel é roubado, Alberico joga sobre ele uma<br />

maldição. Todo aquele que o usar pa<strong>de</strong>cerá enormes sofrimentos. Na<br />

continuação da história, outros personagens tentam conquistar o anel e<br />

pagam caro por isso.<br />

Veja também<br />

Flamel


CÁLICE DE FOGO, O<br />

Por que <strong>Harry</strong> e Cedrico parecem cavaleiros da Távola Redonda?<br />

O Cálice <strong>de</strong> Fogo é “um cálice gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira toscamente<br />

talhado” que “teria sido consi<strong>de</strong>rado totalmente comum se não estivesse<br />

cheio até a borda com chamas branco-azuladas, que davam a impressão<br />

<strong>de</strong> dançar”. Através da mágica, ele seleciona alguns bruxos para testá-los<br />

no Torneio Tribruxo. Esse <strong>de</strong>safio e sua fonte misteriosa ligam os<br />

competidores, incluindo <strong>Harry</strong> e Cedrico, às lendas do rei Artur e da<br />

Távola Redonda.<br />

O Cálice <strong>de</strong> Fogo tem gran<strong>de</strong> semelhança com outro cálice<br />

po<strong>de</strong>roso que foi responsável por torneios e batalhas: o Santo Graal.<br />

Segundo se acredita, o Graal possui po<strong>de</strong>res mágicos e teria sido usado<br />

por Cristo na Ultima Ceia. Embora algumas vezes retratado como sendo<br />

feito <strong>de</strong> prata brilhante, o Santo Graal, usado por um humil<strong>de</strong><br />

carpinteiro, provavelmente teria sido feito <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira - semelhante ao<br />

Cálice <strong>de</strong> Fogo.<br />

O Graal, assim como o Cálice <strong>de</strong> Fogo, era um<br />

objeto mágico. Quem bebesse <strong>de</strong>le obteria curas<br />

miraculosas. E, assim como o Cálice <strong>de</strong> Fogo, o Graal


pressentiria se <strong>de</strong>terminado cavaleiro o merecia.<br />

De acordo com a lenda, passando um período difícil em seu<br />

reinado, Artur fez uma prece implorando um sinal dos céus.<br />

Como resposta, teve a visão do Graal. Nas primeiras histórias, o<br />

Graal era uma gran<strong>de</strong> travessa,- com o passar dos tempos, tornou-se um<br />

cálice. Ele e seus cavaleiros, então, lançaram-se à sua busca, tentando<br />

obtê-lo, ou pelo menos enten<strong>de</strong>r o seu significado.<br />

No mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, a última tarefa do Torneio Tribruxo<br />

também é encontrar um Graal, neste caso a Taça Tribruxo, e<br />

conquistá-la para Hogwarts. Nas lendas do rei Artur, o Graal foi<br />

finalmente encontrado por Galahad, porque a sua alma era<br />

imaculadamente pura. Da mesma forma, <strong>Harry</strong> e Cedrico conseguem<br />

encontrar a Taça Tribruxo por seu caráter e por suas habilida<strong>de</strong>s<br />

mágicas.<br />

É curioso notar que, embora seja Galahad quem encontre o<br />

Graal, a maioria das lendas <strong>de</strong>staca um personagem chamado Percival.<br />

Nascido numa família <strong>de</strong> camponeses, Percival viria a provar sua virtu<strong>de</strong><br />

e a se tornar um cavaleiro da Távola Redonda. Se Percy Weasley algum<br />

dia mostrará as qualida<strong>de</strong>s insinuadas pela semelhança do seu nome com<br />

o do cavaleiro, é algo que ainda veremos.<br />

Veja também:


Labirintos<br />

CENTAUROS<br />

Por que centauros evitam os humanos?<br />

Centauros são animais míticos que têm corpo <strong>de</strong> cavalo e tronco,<br />

braços e cabeça <strong>de</strong> gente. Em Animais Fantásticos, J. K. Rowling diz que<br />

eles “preferem manter distância <strong>de</strong> feiticeiros e trouxas em geral”. É uma<br />

crença que remete a antigas lendas. De acordo com essas histórias,<br />

centauros vêm das montanhas da Grécia, on<strong>de</strong> costumavam se<br />

relacionar muito bem com os habitantes locais. No entanto, quando<br />

alguns <strong>de</strong>les exageravam no vinho, tornavam-se selvagens e violentos.<br />

Por causa disso, eram freqüentes as guerras entre centauros e humanos.<br />

Uma das mais famosas começou por causa <strong>de</strong> uma festa <strong>de</strong> casamento<br />

para a qual os centauros tinham sido convidados. Como <strong>de</strong> hábito, eles<br />

exageraram um pouco no entusiasmo e acabaram tentando raptar a<br />

noiva, o que motivou uma guerra intensa na qual foram <strong>de</strong>rrotados. As<br />

cenas <strong>de</strong>ssa guerra eram uma das <strong>de</strong>corações preferidas nos vasos<br />

gregos.<br />

No entanto, nem todos os centauros tinham<br />

um comportamento bestial. Alguns <strong>de</strong>les eram


conhecidos por sua nobreza <strong>de</strong> caráter... Chiron, a quem os <strong>de</strong>uses<br />

Apolo e Artemis ensinaram as artes da medicina e da caça, fundou uma<br />

escola on<strong>de</strong> estudaram alguns dos gran<strong>de</strong>s heróis da época, como<br />

Aquiles e Ulisses.<br />

Perdido nas estrelas<br />

Apesar <strong>de</strong> imortal, Chiron foi ferido por uma flecha com a<br />

ponta envenenada. O ferimento provocado pela flecha causou-lhe um<br />

sofrimento intenso e incessante. Chiron preferiu morrer do que sentir<br />

dores intensas durante o restante <strong>de</strong> sua vida.<br />

Em reconhecimento pela bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Chiron, Zeus o colocou<br />

entre as estrelas da constelação <strong>de</strong> Sagitário. Outra constelação, a do<br />

Centauro, é uma das mais visíveis do Hemisfério Sul. Duas <strong>de</strong> suas<br />

estrelas, Alfa Centauro e Beta Centauro, estão entre as <strong>de</strong>z mais<br />

brilhantes do céu. Alfa Centauro é a estrela mais próxima da Terra e do<br />

Sol, a mais <strong>de</strong> 4,3 anos-luz.<br />

Tantos centauros no céu explicam por que Firenze, Ronan e<br />

Agouro, os que habitam a Floresta Proibida <strong>de</strong> Hogwarts, estão sempre<br />

<strong>de</strong> olho nas estrelas para ler o futuro.


NESSO, O CENTAURO INIMIGO DE HÉRCULES, RETRATADO EM UAI VASO<br />

CORUJAS<br />

GREGO DO SÉCULO VII A.C.<br />

Além do correio, o que mais significa a chegada <strong>de</strong> uma coruja?<br />

As corujas, é claro, são o principal meio <strong>de</strong> comunicação entre os<br />

bruxos do mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>. Mas, em nosso mundo, apesar <strong>de</strong> todos<br />

gostarem <strong>de</strong> receber cartas, nem todos gostam <strong>de</strong> corujas. Muitas<br />

culturas, como a egípcia, a romana e a asteca, têm sentimentos ambíguos<br />

com relação a esse predador. Em muitas partes do mundo, o piado<br />

agudo da coruja é consi<strong>de</strong>rado mau presságio, às vezes mesmo o<br />

anúncio da morte. Além do mais, as corujas, como pássaros noturnos,


são há muito associadas com a bruxaria, o que<br />

com certeza apavora algumas pessoas.<br />

No entanto, houve culturas que<br />

reverenciavam esse pássaro. O símbolo <strong>de</strong><br />

Atenas era uma coruja, e isso porque havia<br />

muitas <strong>de</strong>las na região. Havia um ditado<br />

antigo: “Não man<strong>de</strong> corujas para Atenas”,<br />

significando fazer algo inútil. Hoje em dia, uma frase similar seria:<br />

“Ven<strong>de</strong>r gela<strong>de</strong>iras para esquimós”, já que os esquimós<br />

obviamente não precisam <strong>de</strong> gela<strong>de</strong>iras.<br />

Mas, como Atenas era um centro <strong>de</strong> conhecimento, as corujas<br />

também se tornaram símbolo <strong>de</strong> inteligência. Eram o símbolo <strong>de</strong><br />

Minerva, a <strong>de</strong>usa romana da sabedoria (<strong>de</strong>rivada da <strong>de</strong>usa grega Palas<br />

Atenas, protetora <strong>de</strong> Atenas).


DEMENTADORES<br />

Chocolate, um santo remédio contra <strong>de</strong>mentadores<br />

Como todo fã <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> sabe, <strong>de</strong>mentadores são criaturas<br />

mágicas letais. Eles não têm rosto e vestem mantos longos, que cobrem<br />

inteiramente seu corpo “cinzento, <strong>de</strong> aparência viscosa e coberto <strong>de</strong><br />

feridas”. Dementadores “esgotam a paz, a esperança e a felicida<strong>de</strong> do ar<br />

à sua volta” (Azkaban).<br />

A explicação <strong>de</strong> Rowling<br />

Em uma entrevista, Rowling confirmou que os <strong>de</strong>mentadores<br />

representam a doença mental conhecida como <strong>de</strong>pressão: “É<br />

exatamente o que eles são. Foi uma coisa inteiramente consciente e<br />

totalmente tirada da minha experiência. A <strong>de</strong>pressão foi a coisa mais<br />

<strong>de</strong>sagradável que vivenciei. É uma impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imaginar que você<br />

algum dia será uma pessoa alegre novamente. A<br />

ausência <strong>de</strong> esperança. Um sentimento <strong>de</strong> apatia muito<br />

diferente da tristeza. A tristeza machuca, mas é um<br />

sentimento saudável, uma coisa necessária. Depressão é


outra história.”<br />

Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> notar que o remédio utilizado para<br />

minimizar os efeitos provocados pelos <strong>de</strong>mentadores é o chocolate, que<br />

os médicos dizem ser capaz <strong>de</strong> fazer com que as pessoas <strong>de</strong>primidas se<br />

sintam mais animadas. O chocolate produz alguns efeitos semelhantes<br />

aos dos remédios receitados pelos médicos. E, como não podia <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

ser, chocolate parece ser a cura i<strong>de</strong>al para a maior parte dos males no<br />

mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>.


DEMÔNIOS DA CORNUALHA<br />

Qual é o truque preferido dos duen<strong>de</strong>s?<br />

Duen<strong>de</strong>s são agitados espíritos domésticos que aparecem nas<br />

lendas do sudoeste da Inglaterra, que inclui a Cornualha. Na maioria das<br />

histórias, vestem roupas ver<strong>de</strong>s e um chapéu pontudo. Possuem traços<br />

juvenis e muitos têm o cabelo ruivo. J. K. Rowling se afasta da tradição<br />

ao <strong>de</strong>screvê-los, em A Câmara e em Animais Fantásticos, como<br />

“azuis-elétricos com cerca <strong>de</strong> oito polegadas <strong>de</strong> altura”.<br />

No folclore, duen<strong>de</strong>s costumam agir <strong>de</strong> modo semelhante aos<br />

elfos domésticos do mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>. Po<strong>de</strong>m ser muito úteis, mas basta<br />

que ganhem uma peça <strong>de</strong> roupa <strong>de</strong> presente para <strong>de</strong>saparecerem. No<br />

entanto, diferentemente dos elfos domésticos, que ficam felizes por<br />

fazerem todo o trabalho, os duen<strong>de</strong>s não costumam facilitar a vida dos<br />

preguiçosos.<br />

Duen<strong>de</strong>s adoram dançar à luz do luar. Também costumam retirar<br />

cavalos dos estábulos para galopar durante a noite inteira. Só os<br />

<strong>de</strong>volvem pela manhã, exaustos e cheios <strong>de</strong> misteriosos nós na crina.<br />

Mas sua brinca<strong>de</strong>ira preferida é fazer com que viajantes se<br />

percam nas estradas. Por isso, na Inglaterra, sempre que alguém está


confuso ou <strong>de</strong>snorteado, dizem que foi “guiado por um duen<strong>de</strong>”. O<br />

feitiço <strong>de</strong>sorientador po<strong>de</strong> ser quebrado se a vítima tirar o casaco e<br />

tornar a vesti-lo pelo avesso.<br />

Desviar viajantes do caminho é um truque também usado por<br />

outro espírito inglês mencionado em Azkaban-, hinkypunk. Como ele é<br />

mais parecido com uma nuvem esfumaçada do que uma pessoa sólida,<br />

também é chamado <strong>de</strong> Will o' the Wisp.<br />

Veja também:<br />

Bicho-papão<br />

Animais fantásticos<br />

DRAGÕES<br />

Qual é a criatura digna <strong>de</strong> um rei?<br />

O dragão (do latim draco, como Draco Malfoy) é provavelmente a<br />

criatura mágica mais conhecida da literatura. Perigoso e apavorante, ele é<br />

o adversário mais <strong>de</strong>safiador que um herói po<strong>de</strong> encontrar pela frente. O<br />

crítico literário John Clute observa que nas histórias antigas “quem mata<br />

um dragão vira rei”. Por isso, o dragão foi o símbolo escolhido por<br />

muitos soberanos reais ou imaginários. Um <strong>de</strong>les foi o legendário rei


Artur, cujo sobrenome, Pendragon, significa “cabeça do dragão” ou<br />

“lí<strong>de</strong>r dragão”. Seu capacete dourado era <strong>de</strong>corado com um dragão.<br />

No entanto, como alguns heróis <strong>de</strong>scobriram, dragões são<br />

freqüentemente criaturas mal compreendidas. Eles costumam ser<br />

assustadores, mas também po<strong>de</strong>m ser benevolentes.<br />

Não leve em conta apenas as aparências<br />

A maioria das pessoas teme dragões por causa <strong>de</strong><br />

sua aparência. Esta <strong>de</strong>scrição do ano 600 não <strong>de</strong>ixa<br />

dúvidas:<br />

O dragão não é apenas a maior <strong>de</strong> todas as serpentes: é o maior<br />

ser vivo sobre a face da Terra. Ele tem o rosto pequeno e narinas<br />

estreitas, que usa para respirar e expelir fogo. Se for retirado da caverna<br />

on<strong>de</strong> vive, ele arremete com tal fúria, que o ar estremece à sua volta. Sua<br />

força não está nos <strong>de</strong>ntes, mas na cauda, capaz <strong>de</strong> produzir maiores<br />

estragos do que suas mandíbulas. Dragões não são venenosos, mas não<br />

precisam <strong>de</strong> veneno para matar qualquer coisa que se aproxime <strong>de</strong>les.<br />

Nem mesmo um elefante, com todo o seu tamanho, estaria seguro.<br />

Dragões crescem no calor escaldante da Etiópia e da Índia.


<strong>de</strong>soladas, sem nem um habitante.”<br />

É fácil perceber por que o dragão sempre está<br />

associado à <strong>de</strong>struição. A idéia remonta a<br />

milhares <strong>de</strong> anos. No Novo Testamento, Deus<br />

alerta: “Vou transformar Jerusalém em ruínas e<br />

num covil <strong>de</strong> dragões, as cida<strong>de</strong>s da Judéia ficarão<br />

Dragões britânicos<br />

Dragões estão presentes na maior parte das lendas da terra <strong>de</strong><br />

<strong>Harry</strong>. Por exemplo, eles prenunciaram um dos mais importantes<br />

momentos da história britânica. De acordo com a crônica oficial, o ano<br />

<strong>de</strong> 793 “começou com agourentos sinais por toda a Nortúmbria (um dos<br />

sete reinos britânicos da época), levando o pânico à população. Gran<strong>de</strong>s<br />

faixas <strong>de</strong> fogo atravessavam o firmamento e flamejantes dragões eram<br />

vistos voando pelos céus com um apetite ameaçador. Pouco tempo<br />

<strong>de</strong>pois, em 8 <strong>de</strong> junho do mesmo ano, a igreja <strong>de</strong> Lindisfarne (um<br />

vilarejo no litoral) foi <strong>de</strong>struída por impiedosos salteadores que<br />

roubaram e assassinaram sem nenhum pudor”. Os “impiedosos<br />

salteadores” eram os nórdicos da Escandinávia. De acordo com a<br />

profecia, a <strong>de</strong>coração <strong>de</strong> seus navios lembrava a figura <strong>de</strong> dragões. Eles<br />

dominaram as ilhas britânicas por centenas <strong>de</strong> anos.


Não por coincidência, o santo padroeiro posteriormente adotado<br />

pela Inglaterra foi São Jorge, conhecido matador <strong>de</strong> dragões,<br />

simbolicamente <strong>de</strong>rrotando os forasteiros. Em A Rainha<br />

das Fadas, famoso poema escrito no reinado <strong>de</strong> Elizabeth I,<br />

o poeta Edmund Spenser <strong>de</strong>screve o dragão confrontado<br />

pelo “Cavaleiro da Cruz Vermelha”:<br />

Seu corpo era monstruoso, horrível e imenso,<br />

Inflado pela fúria, envenenado e impenetrável.<br />

Como uma couraça <strong>de</strong> aço, um escudo tenso<br />

Feito <strong>de</strong> escamas <strong>de</strong> bronze cobria seu couro,<br />

E nem golpes <strong>de</strong> espada nem lanças <strong>de</strong> ouro<br />

Po<strong>de</strong>riam assaltar tal fortaleza.<br />

Suas asas eram como as velas <strong>de</strong> um navio,<br />

Um espaço on<strong>de</strong> o vento se avolumava e ganhava impulso.<br />

Sua longa cauda serpenteava como um rio<br />

Que jazia ondular toda a extensão <strong>de</strong> seu dorso.<br />

Salpicada <strong>de</strong> escamas vermelhas e negras,<br />

Ela varria o chão às suas costas, e trazia<br />

Na ponta dois ferrões afiados como aço.


A boca escancarada e já vazia<br />

Mostrava a mandíbula voraz.<br />

Como se fosse as portas do inferno,<br />

Deixava à mostra três fileiras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> ferro<br />

Sujos com o sangue e as vísceras frescas<br />

Dos corpos que acabara <strong>de</strong> <strong>de</strong>vorar.<br />

O lado bom dos dragões<br />

Nem sempre dragões são inimigos dos humanos. Especialmente<br />

na Ásia, eles costumam ser benévolos - embora, às vezes, um pouco<br />

autoritários. Mas o mais importante é que simbolizam o espírito <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>rança.<br />

O calendário asiático é dividido em ciclos <strong>de</strong> doze anos, e a cada<br />

ano correspon<strong>de</strong> um animal. Pessoas nascidas no ano do Dragão são<br />

tidas como lí<strong>de</strong>res naturais e conseguem combinar a força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong><br />

com uma natureza generosa.


Na secunda meta<strong>de</strong> do século XX, os anos do Dragão no calendário<br />

asiático correspon<strong>de</strong>ram aproximadamente aos anos <strong>de</strong> 1952, 1964, 1976, 1988 e<br />

2000 do calendário oci<strong>de</strong>ntal.<br />

O que tem <strong>de</strong>ntro da cabeça <strong>de</strong> um dragão?<br />

Há quem diga que uma pedra mágica, chamada draconita, po<strong>de</strong><br />

ser encontrada <strong>de</strong>ntro da cabeça dos dragões. “Ela é retirada do cérebro<br />

dos dragões, mas <strong>de</strong>ve ser extraída enquanto ele ainda está vivo. De<br />

outra forma, a dureza <strong>de</strong> pedra se <strong>de</strong>sfaz juntamente com a vida do<br />

dragão. Homens muito corajosos e audaciosos procuram os


escon<strong>de</strong>rijos on<strong>de</strong> os dragões dormem. Ficam espreitando até que saiam<br />

para se alimentar e, passando por eles com a maior rapi<strong>de</strong>z possível,<br />

jogam ervas dormi<strong>de</strong>iras. Quando o dragão cai no sono, estes homens<br />

retiram a pedra da cabeça do dragão e, com o prêmio por sua temerária<br />

empreitada em mãos, aproveitam as honras proporcionadas por sua<br />

audácia. Os reis do Oriente usam essas pedras, embora sejam tão duras<br />

que não se consegue gravar nada em sua superfície. Elas possuem uma<br />

alvura pura e natural.”<br />

Nas lendas antigas, o sangue do dragão também era mágico. Por<br />

isso, na figurinha <strong>de</strong> Dumbledore, que vem <strong>de</strong>ntro dos sapos <strong>de</strong><br />

chocolate, entre seus feitos mais conhecidos se encontra a <strong>de</strong>scoberta do<br />

décimo segundo uso para o sangue <strong>de</strong> dragão.<br />

DRUIDAS<br />

Quem foram os primeiros magos ingleses?<br />

Existiam feiticeiros na Grã-Bretanha há muito tempo antes da<br />

fundação <strong>de</strong> Hogwarts. Os primeiros magos eram conhecidos como<br />

druidas (como a druida Cliodna, das figurinhas dos sapos <strong>de</strong> chocolate<br />

que <strong>Harry</strong> tanto aprecia). O nome tem origem celta e quer dizer


“conhecimento do carvalho”. Eles formavam a classe <strong>de</strong> estudiosos e<br />

letrados na Grã-Bretanha e na Gália (atual França).<br />

Os druidas atuavam como sacerdotes, professores e juízes.<br />

Também se reuniam anualmente on<strong>de</strong> hoje é a cida<strong>de</strong> francesa <strong>de</strong><br />

Chartres para <strong>de</strong>bater questões genéricas e resolver controvérsias.<br />

O imperador romano Júlio César, que conquistou a Gália e a<br />

Bretanha e registrou tudo o que <strong>de</strong>scobriu sobre as novas terras, disse<br />

que os druidas “conhecem profundamente as estrelas e os movimentos<br />

celestiais, o tamanho da Terra e do universo, a natureza essencial das<br />

coisas e os po<strong>de</strong>res e autorida<strong>de</strong> dos <strong>de</strong>uses imortais. Contam todas<br />

essas coisas para seus discípulos”.<br />

O treinamento <strong>de</strong> um druida podia levar mais <strong>de</strong> vinte anos.<br />

Como César sugeriu em seu texto, o aprendizado incluía poesia,<br />

astronomia, filosofia e religião.<br />

Os druidas veneravam diversos <strong>de</strong>uses da natureza —<br />

acreditavam em uma força religiosa que impregnava todas as coisas<br />

vivas. Também acreditavam na imortalida<strong>de</strong> e na reencarnação. Seus<br />

rituais incluíam sacrifícios <strong>de</strong> animais e talvez até mesmo <strong>de</strong> humanos.<br />

De acordo com o relato <strong>de</strong> César, eles criavam enormes esculturas feitas<br />

com galhos e ramos <strong>de</strong> árvores, colocavam pessoas <strong>de</strong>ntro e tocavam<br />

fogo. No entanto, alguns estudiosos questionam essa versão, alegando<br />

que César pretendia <strong>de</strong>smoralizar os druidas por <strong>de</strong>speito, já que eles<br />

resistiram fortemente à invasão romana.


Veja também:<br />

Feiticeiros<br />

DUENDES<br />

Por que os duen<strong>de</strong>s são bons banqueiros?<br />

Não sendo tão amistosos quanto os elfos, nem mais espertos do<br />

que os gnomos, os duen<strong>de</strong>s do mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> se rebelaram contra os<br />

bruxos diversas vezes, no passado. A paz entre os dois lados é um tanto<br />

tensa, e <strong>de</strong> fato os bruxos ainda não aceitam <strong>de</strong> todo os duen<strong>de</strong>s.<br />

O bom, o mau e o feio<br />

Em inglês, a palavra gobelin, que significa duen<strong>de</strong>, vem do grego<br />

kobalos, que significa errante. A mesma palavra produziu o alemão kobold<br />

ou kobolt e o francês gobelin. Eles geralmente não assombram sequer uma<br />

única família ou casa, mas são dados a vagar pelo mundo.<br />

Há vezes em que os duen<strong>de</strong>s são retratados mais como criaturas<br />

trabalhadoras do que malvadas - muito afeitos à mineração e a trabalhos


com metais, por exemplo. Seus primos, os hobcfoblins,<br />

também são mais inclinados a praticar travessuras do que<br />

malda<strong>de</strong>s. Puck, “aquele alegre errante noturno” da peça <strong>de</strong><br />

Shakespeare Sonho <strong>de</strong> uma Noite <strong>de</strong> Verão, é o melhor exemplo<br />

<strong>de</strong>les.<br />

Alguns são conhecidos por praticarem o bem. Muito antes <strong>de</strong> ter<br />

escrito Uma História <strong>de</strong> Natal, Charles Dickens escreveu A História dos<br />

Duen<strong>de</strong>s que Roubaram um Sacristão, uma história <strong>de</strong> Natal na qual duen<strong>de</strong>s<br />

mostram a um homem chamado Gabriel Grub - “um homem <strong>de</strong> maus<br />

ímpetos, antipático, ríspido; sujeito rabugento e solitário, que não se<br />

entendia com ninguém a não ser consigo mesmo” — o erro <strong>de</strong> manter<br />

seu modo <strong>de</strong> ser:<br />

Sentado sobre uma lápi<strong>de</strong> vertical, junto a ele, estava uma<br />

estranha figura. Gabriel imediatamente soube que ela não pertenceria a<br />

este mundo. Suas pernas longas e fantásticas, que alcançariam o solo,<br />

estavam dobradas para cima e cruzadas <strong>de</strong> um modo exótico e<br />

extraordinário. Seus braços com tendões saltados estavam nus e as mãos<br />

repousavam sobre os joelhos. Seu corpo era pequeno e roliço, e ele<br />

vestia um casaco apertado fechado, ornamentado com pequenos cortes;<br />

um manto pendia <strong>de</strong> suas costas; o colarinho terminava em curiosas<br />

pontas, que ali estavam no lugar <strong>de</strong> uma gola ou xale,- e seus sapatos<br />

eram curvados para cima, na altura dos polegares dos pés, fazendo


longas pontas. Sobre a cabeça, ele vestia um chapéu alto com aba larga e<br />

em formato <strong>de</strong> um bolo.<br />

Para afastar duen<strong>de</strong>s, havia pessoas que costumavam espalhar sementes <strong>de</strong><br />

linhaça pelo chão da cozinha. Por alguma razão, os duen<strong>de</strong>s sentiam-se compelidos a<br />

catar as sementes - uma tarefa extremamente tediosa. O duen<strong>de</strong> rapidamente <strong>de</strong>sistiria<br />

e iria procurar diversão em outro lugar.<br />

O chapéu estava recoberto <strong>de</strong> neve e o duen<strong>de</strong> parecia que estava<br />

sentado ali, naquela lápi<strong>de</strong>, muito confortavelmente, haveria duzentos<br />

ou trezentos anos. Perfeitamente imóvel, com a língua para fora, como<br />

se estivesse <strong>de</strong>bochando <strong>de</strong> alguém, ele sorria para Gabriel Grub com<br />

um daqueles sorrisos dos quais só um duen<strong>de</strong> é capaz.<br />

— Receio que meus amigos estejam querendo você, Gabriel! —<br />

disse o duen<strong>de</strong>, impelindo a língua ainda mais para fora da boca... E era<br />

mesmo uma língua espantosa. - Receio que meus amigos estejam<br />

querendo você, Gabriel - repetiu o duen<strong>de</strong>.<br />

Como os fantasmas <strong>de</strong> Lim Conto <strong>de</strong> Natal, que precisaram<br />

ensinar a Scrooge o significado do Natal, os duen<strong>de</strong>s mostraram a<br />

Gabriel que o mundo não era tão ruim quanto parecia.<br />

No entanto, os duen<strong>de</strong>s são retratados com mais freqüência<br />

como aparecem no poema <strong>de</strong> Christina Rossetti, Mercado dos Duen<strong>de</strong>s:


Não <strong>de</strong>vemos olhar para os duen<strong>de</strong>s,<br />

Não <strong>de</strong>vemos comprar suas frutas:<br />

Quem sabe em que solo cresceram<br />

Suas raízes se<strong>de</strong>ntas e famintas!...<br />

Suas ofertas não <strong>de</strong>vem nos tentar,<br />

Seus presentes maléficos só nos fariam mal.<br />

Nas crônicas da Terra-Média <strong>de</strong> J. R. R. Tolkien, os duen<strong>de</strong>s são<br />

chamados <strong>de</strong> Ores. Robert Foster, um estudioso <strong>de</strong> Tolkien, chamou-os<br />

<strong>de</strong> “uma raça cruel”. Segundo ele, “cresceram sob o <strong>de</strong>sprezo dos elfos<br />

e, como os elfos, eram ferozes guerreiros e não morriam <strong>de</strong> causas<br />

naturais. No entanto, em tudo o mais eram bastante diferentes... Eles<br />

odiavam tudo que fosse belo, e amavam matar e <strong>de</strong>struir”.<br />

Os duen<strong>de</strong>s <strong>de</strong> J. K. Rowling parecem ser um meio-termo entre<br />

o Bem e o Mal. Esse equilíbrio fez <strong>de</strong>les perfeitos guardiões para o<br />

Banco <strong>de</strong> Gringotes, uma tarefa que exigiria que fossem tanto confiáveis<br />

quanto impiedosos.<br />

Veja também:<br />

Bicho-papão<br />

Demônio da Cornualha<br />

Trasgos<br />

Veelas


DUMBLEDORE<br />

Se Dumbledore é tão po<strong>de</strong>roso, por que não luta com Vol<strong>de</strong>mort?<br />

Oficialmente, Alvo Dumbledore é apenas o diretor <strong>de</strong> Hogwarts.<br />

Mas sabe-se que, no mundo mágico, seu papel é muito mais importante.<br />

Ele é o único feiticeiro, além <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, a quem Vol<strong>de</strong>mort teme, e um<br />

dos poucos que pronunciam seu nome sem temor. Embora tenha sido<br />

escolhido para ocupar o Ministério da Magia, preferiu permanecer em<br />

Hogwarts, on<strong>de</strong> atua discretamente como conselheiro do ministro<br />

Cornélio Fudge.<br />

Alto e magro, Dumbledore usa longos cabelos e barba até a<br />

cintura. Tem um gran<strong>de</strong> nariz aquilino, sobre o qual equilibra um par <strong>de</strong><br />

óculos em forma <strong>de</strong> meia-lua. A figurinha que o retrata nos sapos <strong>de</strong><br />

chocolate informa que ele é “consi<strong>de</strong>rado por muitos o maior bruxo dos<br />

tempos mo<strong>de</strong>rnos”, e não faltam títulos para prová-lo: a Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

Merlim (Primeira Classe), Gran<strong>de</strong> Feiticeiro, Chefe dos Bruxos,<br />

Suprema In<strong>de</strong>pendência, Confe<strong>de</strong>ração Internacional dos Bruxos.


Um bruxo à moda antiga<br />

Dumbledore é um bruxo tradicional. Po<strong>de</strong>-se facilmente<br />

confundi-lo com Merlim ou Obi-Wan Kenobi <strong>de</strong> Guerra nas Estrelas.<br />

Gandalf, o bruxo criado por J. R. R. Tolkien em O Senhor dos Anéis,<br />

po<strong>de</strong>ria ser seu irmão gêmeo. “Os longos cabelos brancos, sua vasta<br />

barba prateada e seus ombros largos <strong>de</strong>ixavam-no parecido com os<br />

sábios reis das lendas antigas. Em seu rosto envelhecido, sob espessas<br />

sobrancelhas brancas, os olhos escuros pareciam pedaços <strong>de</strong> carvão<br />

prestes a incendiar-se.” A <strong>de</strong>scrição é incrivelmente parecida com a cena<br />

<strong>de</strong> O Cálice em que Dumbledore percebe que Barty Crouch Jr. havia<br />

tomado o lugar <strong>de</strong> Olho-Tonto Moody: “Havia uma fúria gelada em<br />

cada ruga daquele rosto velho, e ele irradiava uma aura <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r como se<br />

Dumbledore <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>sse um calor <strong>de</strong> brasas vivas.”<br />

Por que não procurar Vol<strong>de</strong>mort?<br />

De acordo com Rowling, Dumbledore “é particularmente<br />

famoso por ter <strong>de</strong>rrotado Grin<strong>de</strong>lwald, o bruxo das trevas em 1945”.<br />

Como foi o mesmo ano em que a Inglaterra e aliados <strong>de</strong>rrotaram Hitler e<br />

outros inimigos da <strong>de</strong>mocracia na Segunda Guerra Mundial, po<strong>de</strong>mos<br />

tomar isso como uma dica que o confronto entre Dumbledore e


Grin<strong>de</strong>lwald foi algo realmente gran<strong>de</strong>. Neste caso, Dumbledore <strong>de</strong>ve<br />

ser um adversário muito po<strong>de</strong>roso.<br />

Por que, então, ele permite que <strong>Harry</strong> se arrisque enfrentando<br />

Vol<strong>de</strong>mort? Ele não teria po<strong>de</strong>r suficiente para encontrar o Lor<strong>de</strong> das<br />

Trevas e acabar com ele <strong>de</strong> uma vez por todas?<br />

Olhos <strong>de</strong> criança<br />

Não é tão fácil quanto parece. Apesar <strong>de</strong> toda sua sabedoria e<br />

habilida<strong>de</strong>, Dumbledore é apenas humano.<br />

Costumamos vê-lo através dos olhos <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>: alguém que sabe<br />

tudo e po<strong>de</strong> fazer qualquer coisa. Ele é o pai i<strong>de</strong>al - coisa especialmente<br />

importante para <strong>Harry</strong>, cujos pais foram mortos e cujo padrinho está<br />

foragido. Para <strong>Harry</strong>, que conhece apenas a versão dos livros <strong>de</strong> história,<br />

os feitos <strong>de</strong> Dumbledore parecem impossíveis <strong>de</strong> serem ultrapassados.<br />

No entanto, <strong>Harry</strong> tem muitas dúvidas acerca das próprias habilida<strong>de</strong>s.<br />

Mas é claro que Dumbledore é apenas humano. O que alguém<br />

po<strong>de</strong>ria esperar <strong>de</strong> uma pessoa que gosta <strong>de</strong> música <strong>de</strong> câmara, boliche e<br />

drops <strong>de</strong> limão? Quando era jovem, ele <strong>de</strong>ve ter tido as mesmas dúvidas<br />

<strong>de</strong> <strong>Harry</strong> - ou até piores. Os livros registram apenas uma parte da<br />

história, e as figurinhas uma parte ainda menor! Sabemos que<br />

Dumbledore erra, como errou ao contratar Gil<strong>de</strong>roy Lockhart como


professor <strong>de</strong> Defesa Contra a Arte das Trevas. Se ele realmente soubesse<br />

tudo, teria adivinhado as intenções <strong>de</strong> Lockhart. Mas não se po<strong>de</strong><br />

esperar que ninguém saiba tudo.<br />

É possível, e mesmo provável, que Dumbledore tenha um gran<strong>de</strong><br />

plano bem arquitetado para <strong>de</strong>rrotar Vol<strong>de</strong>mort. Essa hipótese po<strong>de</strong>ria<br />

muito bem <strong>de</strong>sembocar em um duelo entre os dois, como prelúdio para<br />

o confronto final entre Vol<strong>de</strong>mort e <strong>Harry</strong>. Seja como for, ele parece<br />

conhecer mais segredos do que já revelou até agora, e só vai divulgar<br />

suas intenções quando julgar conveniente. Só para citar um exemplo, ele<br />

ainda não revelou como Vol<strong>de</strong>mort sabia que era tão importante matar<br />

<strong>Harry</strong>, muito embora ele ainda fosse um bebê <strong>de</strong> apenas um ano.<br />

Seja qual for o papel <strong>de</strong> Dumbledore nessa história toda, é certo<br />

que será fundamental para a maturida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> vê-lo como um ser<br />

humano, falível como qualquer outro, apesar <strong>de</strong> ser tão venerado. Só<br />

assim <strong>Harry</strong> será capaz <strong>de</strong> ver sua própria personalida<strong>de</strong> e seus feitos<br />

como igualmente admiráveis.


DURMSTRANG<br />

Por que os alunos <strong>de</strong> Durmstrang viajam <strong>de</strong> navio?<br />

Durmstrang é uma das duas escolas <strong>de</strong> mágica na Europa<br />

continental. Sua localização exata é mantida em segredo, mas<br />

provavelmente fica em algum lugar na parte nor<strong>de</strong>ste da Europa, a julgar<br />

pelos uniformes — combinando com as túnicas <strong>de</strong> “vermelho-sangue<br />

escuro”, os alunos vestem casacos <strong>de</strong> “pele, bastante felpudos” - e pelos<br />

nomes tipicamente russos do diretor Igor Karkaroff e <strong>de</strong> estudantes<br />

como Poliakoff.<br />

Tempesta<strong>de</strong> e ímpeto<br />

O nome da escola é uma brinca<strong>de</strong>ira com a expressão em alemão<br />

Sturm und Drang (tempesta<strong>de</strong> e ímpeto), que se refere a uma literatura<br />

<strong>de</strong>dicada à gran<strong>de</strong>za, ao espetáculo, à rebeldia. Tratava-se <strong>de</strong> uma<br />

importante tendência da literatura alemã do século XIX. A figura<br />

principal do movimento foi Johann Wolfgang von Goethe, cuja obra<br />

mais famosa, Fausto, <strong>de</strong>screve o drama <strong>de</strong> um homem que firmou um


pacto com o <strong>de</strong>mônio, semelhante ao pacto que Karkaroff, um antigo<br />

Comensal da Morte, fez com Vol<strong>de</strong>mort.<br />

Outro artista do movimento, o compositor Richard Wagner,<br />

escreveu diversas óperas sombrias, uma <strong>de</strong>las baseada na famosa<br />

história do navio-fantasma O Holandês Voador. Esse navio foi<br />

amaldiçoado e sua con<strong>de</strong>nação consistia em vagar interminavelmente<br />

pelos oceanos, tudo porque seu capitão, num acesso <strong>de</strong> fúria durante<br />

uma tempesta<strong>de</strong>, renunciou a Deus.<br />

O mal <strong>de</strong> sangue puro<br />

Durmstrang é uma escola muito diferente <strong>de</strong> Hogwarts.<br />

Enquanto em Hogwarts os alunos apren<strong>de</strong>m apenas Defesa Contra as<br />

Artes das Trevas, os alunos <strong>de</strong> Durmstrang têm aulas <strong>de</strong> Magia Negra<br />

propriamente dita. (Isso ocorre por influência do diretor Karkaroff, um<br />

antigo Comensal da Morte.) Por razões semelhantes, Durmstrang “não<br />

aceita alunos <strong>de</strong> sangue impuro”, <strong>de</strong> acordo com Draco Malfoy, cujo pai<br />

é um admirador da doutrina <strong>de</strong> Durmstrang e está pensando em mandar<br />

Draco para lá. Essa <strong>de</strong>voção a um conceito maldoso e questionável <strong>de</strong><br />

pureza combina bem com o nome da escola. Os artistas do movimento<br />

Sturm und Drang, Wagner especialmente, eram os preferidos do governo<br />

nazista alemão, antes e durante a Segunda Guerra Mundial. Os nazistas


eram obcecados por matar todos aqueles que não se encaixassem em sua<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> puro-sangue germânico.<br />

Richard Wagner, compositor que se i<strong>de</strong>ntificava com o movimento Sturm<br />

und Drang, também escreveu uma série <strong>de</strong> óperas sobre um feiticeiro chamado<br />

Alberico que, como <strong>Harry</strong>, tinha uma capa da invisibilida<strong>de</strong>.<br />

Oci<strong>de</strong>nte versus Oriente?<br />

As diferenças entre Hogwarts e Durmstrang refletem também<br />

uma longa animosida<strong>de</strong> entre países do Oci<strong>de</strong>nte e do Oriente.<br />

Hogwarts, sob a direção <strong>de</strong> Dumbledore, é um bom exemplo das<br />

tradições <strong>de</strong>mocráticas do Oci<strong>de</strong>nte. Durmstrang é um lugar mais rígido,<br />

formando feiticeiros nos quais não se po<strong>de</strong> confiar - exatamente como a<br />

Europa Oriental tem sido vista pelos estrangeiros. É bastante<br />

significativo que, ao final <strong>de</strong> O Cálice, ambos os lados reconheçam que<br />

suas <strong>de</strong>sconfianças <strong>de</strong>vem ser postas <strong>de</strong> lado para po<strong>de</strong>rem enfrentar o<br />

inimigo comum.


Veja também:<br />

Feiticeiros<br />

Alberico Grunnion<br />

EGITO<br />

De on<strong>de</strong> vem a magia?<br />

Quando a família <strong>de</strong> Ron Weasley faz uma viagem para o Egito,<br />

em Azkaban, Hermione confessa: “Estou morrendo <strong>de</strong> inveja. Os<br />

magos do antigo Egito me fascinam.” Ela, provavelmente, concordaria<br />

com inúmeros estudiosos que consi<strong>de</strong>ram o Egito como a fonte original


<strong>de</strong> todo o conhecimento mágico.<br />

A magia e a religião egípcia<br />

Os hieróglifos - figuras que os antigos egícios<br />

usavam como escrita — registram que a magia e a religião<br />

egípcia estavam intimamente ligadas. Os <strong>de</strong>uses egípcios,<br />

diferentemente dos <strong>de</strong>uses <strong>de</strong> outras culturas, confiaram<br />

aos seres humanos o saber mágico. (Só para comparar: na<br />

mitologia grega, o herói Prometeu - cujo nome quer dizer<br />

pensar à frente - teve <strong>de</strong> enganar os <strong>de</strong>uses para dar aos<br />

homens o fogo, que representa a vida e o conhecimento.)<br />

De acordo com a religião egípcia, a magia foi criada<br />

na forma <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>usa, Heka, logo <strong>de</strong>pois da criação do<br />

mundo. O nome<br />

Heka, <strong>de</strong> fato, <strong>de</strong>u origem à palavra magia. Isso <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> a<br />

palavra ter passado pelo grego, quando ganhou um grafia e uma<br />

pronúncia própria, tornando-se mageia, que resultou na palavra que hoje<br />

se usa em português: magia.<br />

Um outro <strong>de</strong>us egípcio, Thoth, estava ainda mais associado à<br />

magia. Ele dominava as artes da cura - sempre ligadas à feitiçaria nas


culturas antigas -, assim como a astronomia e a matemática. Com<br />

freqüência, era representado carregando uma pena <strong>de</strong> escrever. Dizia-se<br />

que ele havia escrito livros secretos sobre alquimia e ciência. Um <strong>de</strong>sses<br />

livros estaria supostamente encerrado numa caixa <strong>de</strong> ouro, guardada<br />

num escon<strong>de</strong>rijo no interior <strong>de</strong> um templo secreto.<br />

THOTH, DEUS EGÍPCIO, MOSTRAVA SEU CONHECIMENTO DE MACIA EM LIVROS.<br />

Feitiços egípcios<br />

Os egípcios levavam encantamentos e feitiços a sério.<br />

Acreditavam no po<strong>de</strong>r das palavras mágicas, capazes <strong>de</strong> concretizar em<br />

ações o significado das palavras. Algumas vezes, essas palavras eram


dirigidas a figuras <strong>de</strong> cera ou argila, que representavam a pessoa ou a<br />

coisa à qual o feitiço era <strong>de</strong>stinado. Os encantamentos eram geralmente<br />

usados para curar, mas também havia quem os utilizasse para praticar o<br />

mal. Havia um bruxo, Webaaner, que diziam ter transformado um<br />

pequeno crocodilo <strong>de</strong> argila num animal vivo diante da corte. A besta<br />

assassina matou o amante da rainha adúltera, e a seguir o bruxo a fez<br />

voltar à forma original. Um outro personagem, misto <strong>de</strong> bruxo e<br />

sacerdote, tomou o po<strong>de</strong>r graças à sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “comandar todos<br />

os reis pelo po<strong>de</strong>r da magia”. Ele afundava barquinhos representando as<br />

armadas <strong>de</strong> seus inimigos, fazendo com que os verda<strong>de</strong>iros navios<br />

naufragassem também.<br />

O DEUS OSÍRIS<br />

ERA QUEM JULGAVA OS MORTOS.<br />

No entanto, a magia egípcia estava mais preocupada com as


coisas sagradas do que com riquezas materiais. De acordo com um texto<br />

da época: “Aquele que é um sacerdote entre os viventes... pratica o bem<br />

sem buscar recompensa. Um mestre como esse vive uma existência<br />

realmente piedosa.”<br />

Escaravelhos<br />

O Egito é também a origem dos escaravelhos, uma espécie <strong>de</strong><br />

besouro que os alunos <strong>de</strong> Hogwarts conhecem da Aula <strong>de</strong> Poções.<br />

Os escaravelhos são chamados <strong>de</strong> besouros <strong>de</strong> estéreo porque juntam<br />

estéreo e fazem com ele pequenas bolotas, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>positam seus ovos.<br />

No antigo Egito, essa operação <strong>de</strong> rolar o estéreo para lhe dar forma<br />

esférica era tida como símbolo do movimento do Sol. Acreditava-se que<br />

era o <strong>de</strong>us-escaravelho Kephera (Khepri) quem empurrava o Sol,<br />

atravessando os céus.<br />

Os escaravelhos também podiam simbolizar a imortalida<strong>de</strong>.<br />

Amuletos com entalhamentos representando escaravelhos eram<br />

colocados sobre o coração das múmias <strong>de</strong> modo a prepará-las para a<br />

jornada da vida após a morte. Escaravelhos são ainda hoje um tema<br />

comum em jóias.


UM DESENHO EGÍPCIO DE UM ESCARAVELHO (COM ASAS) EMPURRANDO UMA BOLA QUE<br />

Veja também:<br />

Sirius Black<br />

Fawkes<br />

ESFINGE<br />

REPRESENTAVA O SoL<br />

Por que a Esfinge faz uma pergunta a <strong>Harry</strong>?<br />

Durante a terceira tarefa do Torneio Tribruxo, em O Cálice,<br />

quando <strong>Harry</strong> vai se aproximando do centro do labirinto, encontra a<br />

esfinge - “uma criatura extraordinária”, parte leão, parte mulher, com<br />

“olhos amendoados”. Ela lhe diz: “Você está muito próximo do seu<br />

objetivo. O caminho mais curto é passando por mim.” Mas, em vez <strong>de</strong><br />

lutar contra a esfinge, como faria se fosse um dragão, ele precisa<br />

respon<strong>de</strong>r a uma pergunta.


Origens egípcias<br />

A esfinge é uma criatura que tem sua origem na mitologia egípcia.<br />

A enorme figura da Gran<strong>de</strong> Esfinge, no <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> Giza, Egito,<br />

construída aproximadamente em 2500 a.C, comprova a origem remota<br />

da criatura e sua importância. Milhares <strong>de</strong> esfinges menores foram<br />

construídas por todo o Egito, vez por outra com a cabeça na forma <strong>de</strong><br />

um pássaro predador.<br />

A estranha forma da esfinge e sua postura enigmática a tornaram o próprio<br />

símbolo do mistério. William Shakespeare perguntou, certa vez : “O amor não seria...<br />

tão sutil como uma esfinge?” (Trabalhos <strong>de</strong> Amor Perdidos, ato IV, cena 3.)<br />

Nos mil anos que suce<strong>de</strong>ram a construção da Gran<strong>de</strong> Esfinge, as<br />

lendas sobre a criatura migraram para a Grécia. Lá, ela era <strong>de</strong>scrita como<br />

um ser alado.<br />

A esfinge <strong>de</strong> Tebas<br />

Uma esfinge originária das lendas gregas tornou-se<br />

particularmente conhecida. Ela foi enviada pela <strong>de</strong>usa Hera para punir<br />

Laio, o rei <strong>de</strong> Tebas, que havia raptado um rapaz. Essa esfinge <strong>de</strong>safiava


os viajantes que passavam pela estrada para Tebas com um enigma<br />

dividido em três partes, semelhante ao que <strong>Harry</strong> tem <strong>de</strong> resolver:<br />

Que animal caminha sobre Quatro patas<br />

pela manhã, Duas ao meio-dia E três à noite?<br />

A nenhum viajante era permitido voltar atrás sem dar a resposta,<br />

e a esfinge matava todos que respon<strong>de</strong>ssem incorretamente. Certo dia,<br />

um jovem chamado Édipo aproximou-se <strong>de</strong>la. Ele era o filho <strong>de</strong> Laio, e<br />

seu her<strong>de</strong>iro, mas, assim como <strong>Harry</strong>, ignorava sua origem nobre. Édipo<br />

<strong>de</strong>monstrou sua excepcional inteligência ao <strong>de</strong>cifrar o enigma: “O<br />

homem engatinha sobre seus joelhos e mãos na primeira infância, anda


ereto quando crescido; e, já idoso, caminha com o auxílio <strong>de</strong> uma<br />

bengala.” Uma vez <strong>de</strong>rrotada, a esfinge matou-se.<br />

Veja também:<br />

Animais fantásticos<br />

Centauros<br />

Fofo<br />

Labirintos<br />

ESPELHOS<br />

Por que os espelhos são mágicos?<br />

Por milhares <strong>de</strong> anos, o folclore dos bruxos fez referência a<br />

espelhos. Nos tempos antigos, era muito caro fabricar espelhos. E isso<br />

fazia <strong>de</strong>les peças muito raras, que tinham o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> causar surpresa e<br />

espanto. De acordo com algumas lendas, os espelhos eram ferramentas<br />

do <strong>de</strong>mônio, usados para capturar as almas, da mesma forma como<br />

capturavam imagens. Na Ida<strong>de</strong> Média, os bruxos consultavam os<br />

espelhos, nos quais viam o futuro e a resposta para questões<br />

importantes. A isso se chamava perscrutação.<br />

O espelho mágico mais famoso da literatura é sem dúvida o da<br />

Rainha Má, em Branca <strong>de</strong> Neve. Mas existem muitos outros. Numa das


histórias <strong>de</strong> As Mil e uma Noites, um gênio dá ao príncipe Alasnam um<br />

espelho que lhe revelaria se po<strong>de</strong>ria confiar ou não em alguém por quem<br />

estivesse apaixonado. Num poema inglês da época elisabetana, The Faerie<br />

Queen, Merlim cria um espelho para o rei Ryence com po<strong>de</strong>res<br />

semelhantes:<br />

O gran<strong>de</strong> Mago Merlim criou,<br />

Com seu gran<strong>de</strong> saber e temível po<strong>de</strong>r infernal,<br />

Uma superfície <strong>de</strong> vidro espantosamente polida.<br />

Esse espelho revelava, sem enganos,<br />

Todo ser ou coisa que existisse<br />

Que quem o contemplasse <strong>de</strong>sejasse encontrar.<br />

Fosse qual fosse o mal, <strong>de</strong> amigo ou inimigo,<br />

Ao olhar, tudo era por ele revelado.<br />

Esse espelho é muito parecido com o <strong>de</strong>scrito por um outro<br />

famoso poeta britânico, que viveu três séculos antes <strong>de</strong> Spenser.<br />

Geoffrey Chaucer - um dos primeiros poetas a escrever em inglês - criou<br />

uma longa série <strong>de</strong> histórias chamadas Os Contos <strong>de</strong> Canterbury, cada uma<br />

<strong>de</strong>las narrada por um diferente personagem ficcional, em peregrinação a<br />

um santuário <strong>de</strong> Canterbury, Inglaterra. Numa das histórias, “O Conto<br />

do Escu<strong>de</strong>iro”, um espelho é dado a um rei chamado Cambinskan pelo<br />

rei da Arábia e da índia:<br />

Esse espelho


Tem tal po<strong>de</strong>r, que nele po<strong>de</strong>m os homens ver<br />

Quando está para lhes ocorrer alguma adversida<strong>de</strong>,<br />

A vós e a vosso reino também,<br />

E revelar quem é seu amigo e quem é inimigo.<br />

Mais do que isso, se alguma bela dama<br />

Por algum cavaleiro se enamorar,<br />

Se falso ele se mostrar, sua traição ela enxergará.<br />

Portais mágicos<br />

Assim como recurso mágico para fazer profecias, os espelhos são<br />

freqüentemente portais para outros mundos, como aquele imaginado<br />

por Lewis Carroll nas aventuras <strong>de</strong> Alice em Do Outro Lado do Espelho:<br />

– Espere<br />

aí, Gatinha, pare um pouco <strong>de</strong> falar que eu vou dizer a você o que eu<br />

acho da Casa do Espelho. Primeiro, tem o quarto on<strong>de</strong> você po<strong>de</strong> ver através do<br />

espelho - é o mesmo que este nosso quarto aqui, acontece apenas que as coisas<br />

estão ao contrário... Vamos fazer <strong>de</strong> conta que tenha uma maneira <strong>de</strong> ir para<br />

aquela sala. Uma maneira qualquer, Gatinha. Faz <strong>de</strong> conta que o espelho, <strong>de</strong><br />

repente, ficou macio como gaze para a gente po<strong>de</strong>r atravessá-lo. Ora, veja só,<br />

está se formando uma espécie <strong>de</strong> neblina nele. Juro que está. Vai ser fácil<br />

atravessá-la. - Ao dizer isso, ela estava <strong>de</strong> pé no alto da lareira, embora mal<br />

soubesse como havia ido parar lá. E não havia erro... O vidro do espelho


começava a dissolver-se, transformando-se numa névoa brilhante.<br />

O Espelho <strong>de</strong> Ojesed<br />

Os espelhos são, principalmente, reflexos <strong>de</strong> nós mesmos, para o<br />

Bem e para o Mal. É por isso que po<strong>de</strong>m se tornar perigosos. O Espelho<br />

<strong>de</strong> Ojesed em A Pedra é um bom exemplo <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> espelho. “Era um<br />

magnífico espelho, da altura do teto, com uma moldura em talha<br />

dourada.” No seu topo havia a seguinte inscrição: “Oãça rocu esme<br />

Ojesed osamo tso rueso ortso moãn”, o que evi<strong>de</strong>ntemente é o reflexo<br />

no espelho <strong>de</strong>: “Não mostro o seu rosto mas o <strong>de</strong>sejo em seu coração.”<br />

E o que po<strong>de</strong>ria ser melhor do que isso? Muita coisa, aparentemente,<br />

quando damos atenção ao que Rony diz a <strong>Harry</strong>: “Dumbledore tinha<br />

razão. Aquele espelho podia <strong>de</strong>ixar você maluco.”<br />

A estudiosa <strong>de</strong> bruxaria Rosemary Ellen Guiley <strong>de</strong>scobriu certa vez<br />

instruções sobre como fabricar um espelho mágico nos escritos <strong>de</strong><br />

Alberto Magno, um bruxo da Ida<strong>de</strong> Média-. “Compre um espelho e<br />

escreva sobre ele-. 'S.Solam S.Tatler S.Echogordner Gematur'. Enterre-o<br />

numa encruzilhada em uma hora ímpar. No terceiro dia, vá para esse<br />

lugar, a mesma hora, cave e retire-o <strong>de</strong> lá — mas não seja a primeira<br />

pessoa a olhar nesse espelho. E sempre melhor <strong>de</strong>ixar<br />

um cachorro ou um gato olhar primeiro.”


Embora o Espelho <strong>de</strong> Ojesed seja a “chave para encontrar a<br />

Pedra Filosofal”, representa também um teste para o caráter das<br />

pessoas. A vaida<strong>de</strong> e o egoísmo -motivações básicas para se olhar o<br />

espelho - são características que facilmente corrompem qualquer um.<br />

Como apenas as pessoas dotadas <strong>de</strong> virtu<strong>de</strong>s raras merecem realizar seus<br />

<strong>de</strong>sejos, somente aqueles que olham no espelho e vêem os outros (como<br />

quando <strong>Harry</strong> vê seus pais nele) ou vêem a si mesmos praticando um ato<br />

<strong>de</strong>sprendido (como impedir que a Pedra caia nas mãos <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort)<br />

irão receber aquilo que mais querem.<br />

John Dee (1527-1608), um dos magos favoritos da rainha Elizabeth<br />

da Inglaterra, costumava usar o espelho para jazer profecias.


FAWKES<br />

Qual dos personagens é imortal?<br />

Quando as aventuras <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> começam, em A Pedra, os<br />

personagens mais velhos são Nicolas e Perenelle Flamel, ambos com<br />

mais <strong>de</strong> seiscentos anos. Mas eles são privados <strong>de</strong> sua imortalida<strong>de</strong><br />

quando a Pedra Filosofal é <strong>de</strong>struída. No entanto, outro importante<br />

personagem po<strong>de</strong> ser realmente imortal: a fênix Fawkes, mascote <strong>de</strong><br />

Dumbledore. A fênix é um pássaro mágico. Vive por muitos séculos -<br />

alguns dizem que por mais <strong>de</strong> quinhentos anos. O poeta latino Ovídio<br />

escreveu:<br />

Quantas criaturas sobre a Terra<br />

Tiveram sua primeira existência sob outra forma?<br />

No entanto, existe uma que é como sempre foi,<br />

Renascida sempre, como se não tivesse ida<strong>de</strong>, no <strong>de</strong>correr dos anos.<br />

E o pássaro assírio ao qual chamam fênix.<br />

Ele não come as sementes comuns, nem folhas,<br />

Mas bebe do suco das ervas mais raras, com sua ardência adocicada.<br />

Quando completa quinhentos anos <strong>de</strong> existência,<br />

Carrega seu ninho para o alto <strong>de</strong> uma palmeira ondulante<br />

E, com <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za e capricho, suas garras preparam o leito


Com cascas <strong>de</strong> árvore e especiarias, mirra e canela,<br />

E morre enquanto a fumaça do incenso carrega sua alma para o alto.<br />

Então, do seu peito — assim conta a lenda —,<br />

Uma pequena fênix se ergue<br />

Para viver, assim dizem, outros quinhentos anos.<br />

A criatura sagrada, quase sempre <strong>de</strong>scrita como sendo vermelha<br />

e dourada, era conhecida como benu, no antigo Egito, on<strong>de</strong> se originou.<br />

Era um importante símbolo da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Heliópolis (a Cida<strong>de</strong> do Sol). No<br />

Livro dos Mortos egípcio, um texto sagrado escrito mais ou menos em<br />

2000 a.C, a fênix proclama: “Sou a guardiã do livro das coisas que são e<br />

das coisas que virão a ser “<br />

Nos hieróglifos egípcios, a fênix representa a passagem do tempo<br />

e permanece até hoje como um símbolo <strong>de</strong> imortalida<strong>de</strong>. Muitos<br />

escritores usam a fênix como um símbolo <strong>de</strong> amor imortal e <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong>.<br />

Em The Canonization, John Donne, poeta do século XVII, escreve para<br />

sua esposa:<br />

O enigma da fênix guarda ainda mais sabedoria<br />

Para nós, nós dois, sendo um, somos o que ela é.<br />

Assim, numa única criatura cabem ambos os sexos,<br />

Morreremos e renascemos os mesmos, e provamos do<br />

Mistério por meio <strong>de</strong>ste amor.<br />

“Quando o pássaro fantástico morre, a fênix-fêmea, suas cinzas se


eproduzem criando seu novo her<strong>de</strong>iro, tão admirável quanto ela mesma fora...”<br />

William Shakespeare, Henrique VIII. (Ato V, cena 2.)<br />

O nome <strong>de</strong> Fawkes<br />

O nome Fawkes está ligado à lenda da fênix - embora a história<br />

tenha sido um pouco modificada. Obviamente, a criatura recebeu seu<br />

nome por causa <strong>de</strong> Guy Fawkes, lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma famosa tentativa <strong>de</strong><br />

atentado que tinha como objetivo explodir o prédio do Parlamento<br />

Inglês, em 5 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1605. A Gunpow<strong>de</strong>r Plot (a Conspiração da<br />

Pólvora), como foi chamada, seria <strong>de</strong>flagrada com a rebelião dos<br />

católicos ingleses que, na época, eram perseguidos. Os conspiradores<br />

escon<strong>de</strong>ram trinta e seis barris <strong>de</strong> pólvora nos subterrâneos da Casa dos<br />

Lor<strong>de</strong>s, mas havia tantos conspiradores que o plano acabou chegando<br />

aos ouvidos das autorida<strong>de</strong>s, que pren<strong>de</strong>ram e executaram muitos <strong>de</strong>les<br />

(piorando ainda mais a situação dos católicos). Na Inglaterra, 5 <strong>de</strong><br />

novembro é o Dia <strong>de</strong> Guy Fawkes, celebrado com fogueiras, como a<br />

pira funeral da fênix.<br />

Veja também:<br />

Sirius Black<br />

Egito


FLAMEL<br />

O verda<strong>de</strong>iro Flamel foi um alquimista bem-sucedido?<br />

Como muitos fãs <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> sabem, Nicolas Flamel existiu<br />

<strong>de</strong> verda<strong>de</strong>. Nasceu nas cercanias <strong>de</strong> Paris, por volta <strong>de</strong> 1330, e tentou<br />

diversas carreiras - poeta, pintor, escrivão público - antes <strong>de</strong> se <strong>de</strong>dicar à<br />

astrologia. Segundo seu relato, em 1357 foi visitado em sonhos por um<br />

anjo que lhe mostrou um livro e disse: “Flamel, olhe este livro. Nem<br />

você nem qualquer outro conseguirão entendê-lo, mas chegará o dia em<br />

que você verá nele algo que ninguém mais será capaz <strong>de</strong> ver “ No dia<br />

seguinte, ele encontrou aquele mesmo livro na barraca <strong>de</strong> um ven<strong>de</strong>dor<br />

<strong>de</strong> livros <strong>de</strong> rua, em oferta por um preço baixíssimo, já que ninguém era<br />

capaz <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o que estava escrito. Com gran<strong>de</strong> esforço e a ajuda <strong>de</strong><br />

um estudioso em idiomas que sabia ler o hebraico, Flamel <strong>de</strong>cifrou o<br />

texto, que parecia ser um manual <strong>de</strong> transmutação <strong>de</strong> metais básicos em<br />

ouro.<br />

Infelizmente, as instruções pediam um ingrediente<br />

especial - uma pedra filosofal ; mas não explicavam do que se<br />

tratava. Por muitas décadas, Flamel tentou encontrar a<br />

misteriosa substância. Em 17 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1 383, <strong>de</strong><br />

acordo com suas memórias:


Finalmente, encontrei o objeto <strong>de</strong> minhas buscas e reconheci-o por seu forte<br />

cheiro: com ele, consegui enfim concluir o rito mágico. Aprendi a preparar o primeiro<br />

agente e <strong>de</strong>pois precisei apenas seguir meu livro, palavra por palavra. Da primeira vez<br />

que executei a operação, trabalhei com mercúrio e transmutei algo em torno <strong>de</strong> setecentos<br />

gramas na prata mais pura, <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> do que a<br />

prata extraída das minas. Testei os resultados muitas e<br />

muitas vezes. Mais tar<strong>de</strong>, no vigésimo quinto dia <strong>de</strong> abril,<br />

completei a operação com a pedra-vermelha, trabalhando<br />

com a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mercúrio, quando transmutei-o<br />

em uma quantida<strong>de</strong> igual <strong>de</strong> ouro.<br />

Este ouro era evi<strong>de</strong>ntemente superior às amostras mais comuns do metal.<br />

Consegui completar três vezes a operação mágica com a ajuda <strong>de</strong> (minha esposa)<br />

Pernelle.<br />

Essa <strong>de</strong>scrição - o “forte cheiro” - levou outros alquimistas a<br />

acreditar que a pedra filosofal era enxofre. Mas não se conhece ninguém<br />

que tenha conseguido reproduzir o processo.<br />

De acordo com a história, Flamel morreu em 1410, poucos anos<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Pernelle. No entanto, alguns <strong>de</strong> seus seguidores acreditam que,<br />

além <strong>de</strong> conseguir produzir ouro, Flamel produziu o Elixir da Vida, que<br />

proporcionava a imortalida<strong>de</strong>. Muitos dizem que, graças a esse elixir,


Flamel e sua esposa continuam vivos até hoje.<br />

No mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, pelo menos, essa crença se mostrou<br />

verda<strong>de</strong>ira. No começo <strong>de</strong> A Pedra, Flamel e sua esposa estão vivos e<br />

muito bem <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> terem quase 660 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

Infelizmente, quando a pedra é <strong>de</strong>struída, o elixir não po<strong>de</strong> mais ser<br />

produzido e assim ambos acabam morrendo.<br />

Veja também:<br />

Alquimia<br />

Espelhos<br />

Bruxos<br />

FLORESTA<br />

Por que a floresta próxima a Hogwarts é proibida?<br />

A floresta é uma das ambientações que os escritores mais gostam<br />

<strong>de</strong> criar, e a Floresta Proibida, próxima a Hogwarts, tem todas as<br />

qualida<strong>de</strong>s que se po<strong>de</strong> esperar <strong>de</strong> algo do gênero. A natureza ali é<br />

selvagem, domina o lugar, em contraste com os lugares civilizados,<br />

como Hogwarts e a vila <strong>de</strong> Hogsmea<strong>de</strong>. Dentro <strong>de</strong>la vivem criaturas<br />

mais antigas do que a espécie humana, como o unicórnio. Da mesma


forma, assim como há um conhecimento na natureza que os seres<br />

humanos sempre tentaram compreen<strong>de</strong>r - como a sabedoria dos <strong>de</strong>uses<br />

da natureza adorados pelos druidas; é na Floresta Proibida que os<br />

segredos são guardados e os mistérios po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>svendados.<br />

Em A Pedra, Vol<strong>de</strong>mort mata um unicórnio, e isso indica a <strong>Harry</strong><br />

que o bruxo está por perto. Em A Câmara, <strong>Harry</strong> e Rony seguem as<br />

aranhas até a floresta e encontram Aragogue, que lhes dá pistas sobre o<br />

monstro que está atacando Hogwarts.<br />

Assim como as <strong>de</strong>mais florestas da literatura, a Floresta Proibida<br />

<strong>de</strong> Rowling é também um lugar perigoso, on<strong>de</strong> uma pessoa po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r<br />

não só seu rumo mas também seu senso <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Contudo, as<br />

florestas po<strong>de</strong>m oferecer refúgio, e são o lar <strong>de</strong> espíritos com<br />

conhecimentos especiais sobre a natureza e a arte da cura. Hagrid, por<br />

exemplo, não tem medo algum da Floresta Proibida. E, se algum dia


<strong>Harry</strong> precisar <strong>de</strong> um lugar para on<strong>de</strong> fugir <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort, facilmente<br />

encontrará abrigo na floresta, entre os seus habitantes, que dificilmente<br />

representariam ameaça para ele.<br />

Veja também:<br />

Centauros<br />

Druidas<br />

Hogwarts<br />

Unicórnios<br />

FOFO<br />

Por que Fofo pertencia a um “sujeito grego”?<br />

Fofo é o mascote <strong>de</strong> Hagrid e passou a ser o guardião da pedra<br />

mágica <strong>de</strong> Nicolas Flamel, <strong>de</strong>pois que ela foi retirada do Banco <strong>de</strong><br />

Gringotes: “Um cachorro monstruoso, que ocupava todo o espaço entre<br />

o teto e o piso. Tinha três cabeças. Três pares <strong>de</strong> olhos que giravam<br />

enlouquecidos,- três narizes, que franziam e estremeciam farejando-os; e<br />

três bocas babosas.”<br />

Hagrid comprou Fofo <strong>de</strong> um “sujeito grego” que encontrou<br />

num pub. E isso faz sentido porque Fofo é, <strong>de</strong> fato, a criatura da<br />

mitologia grega conhecida como Cérbero. E, originalmente, era mesmo


um sentinela, já que lhe cabia guardar a entrada do Ha<strong>de</strong>s, o mundo<br />

subterrâneo, on<strong>de</strong> as almas dos mortos passavam a eternida<strong>de</strong>. Seu<br />

trabalho era manter os vivos do lado <strong>de</strong> fora e <strong>de</strong>vorar qualquer um que<br />

tentasse escapar.<br />

Cérbero e Hércules<br />

Cérbero <strong>de</strong>sempenha um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque em um famoso mito<br />

grego, a história dos doze trabalhos <strong>de</strong> Hércules. O herói Hércules,<br />

enganado pela <strong>de</strong>usa Hera, foi levado a cometer crimes horrendos. Seu<br />

castigo foi se tornar servo <strong>de</strong> um rei <strong>de</strong> segunda categoria por doze<br />

anos. O rei exigiu <strong>de</strong> Hércules o cumprimento <strong>de</strong> doze tarefas, todas<br />

elas consi<strong>de</strong>radas impossíveis. A maior parte <strong>de</strong>las consistia em capturar<br />

ou matar algumas feras das mais malignas, como a Hídra, uma criatura<br />

<strong>de</strong> várias cabeças. O último trabalho, consi<strong>de</strong>rado o mais difícil, foi<br />

capturar Cérbero, trazendo-o do seu posto <strong>de</strong> guarda, os portões do<br />

Ha<strong>de</strong>s, e apresentando-o diante do rei. Espantosamente, Hércules<br />

conseguiu cumprir sua missão, bastando para isso usar sua força bruta.


Cérbero e a música<br />

Um outro personagem levou a melhor sobre Cérbero, mas não<br />

graças a seus músculos. Foi Orfeu, um talentoso músico que,<br />

corajosamente, <strong>de</strong>sceu ao mundo subterrâneo para resgatar sua amada,<br />

Eurídice. Sem a força <strong>de</strong> Hércules, ele tocou a sua lira para amansar<br />

Cérbero. E funcionou. Assim, ele foi capaz <strong>de</strong> passar pela criatura e<br />

trazer Eurídice para fora. E por isso que o tal sujeito grego disse a Hagrid<br />

que a música po<strong>de</strong>ria amansar Fofo.<br />

Veja também:<br />

Centauro<br />

Esfinge<br />

CÉRBERO, SEGUNDO UMA ILUSTRAÇÃO FEITA POR VOLTA DÊ 1500.


GÁRGULA<br />

Que outro membro da turma <strong>de</strong> Draco tem nome <strong>de</strong> dragão?<br />

Assim como o nome <strong>de</strong> Draco vem da palavra latina para dragão,<br />

Gregório Goyle soa como gárgula, o monstro que se escon<strong>de</strong> perto dos<br />

telhados <strong>de</strong> alguns prédios. Não tão conhecida é a origem do nome:<br />

Gargouille, uma serpente semelhante a um dragão, <strong>de</strong> origem francesa.<br />

O Gargouille teria vivido no rio Sena. Expeliria água com enorme<br />

força, virando barcos e inundando as margens do rio, na região rural. St.<br />

Romain, o arcebispo <strong>de</strong> Rouen, na França, usou um criminoso<br />

con<strong>de</strong>nado como isca para atrair o monstro<br />

para fora do rio e subjugou-o com o<br />

sinal-da-cruz. Levou-o então até a cida<strong>de</strong>,<br />

on<strong>de</strong> os habitantes o chacinaram.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, artesãos passaram a<br />

esculpir imagens da criatura nas calhas que<br />

construíam para jogar as águas das chuvas<br />

para longe das pare<strong>de</strong>s dos prédios.<br />

Veja também:<br />

Malfoy<br />

Nomes


GIGANTES<br />

Todos os gigantes são cruéis?<br />

A maioria dos humanos - provavelmente sem motivo -acredita<br />

que os gigantes são tão perigosos e cruéis quanto gran<strong>de</strong>s. Seja qual for a<br />

verda<strong>de</strong>, eles têm sempre uma vida difícil.<br />

Os primeiros gigantes<br />

Os primeiros gigantes pertenceram à mitologia grega. Nasceram<br />

quando o sangue <strong>de</strong> Urano (o Céu) se <strong>de</strong>rramou sobre Géa (a Terra). Os<br />

gigantes lutaram contra os <strong>de</strong>uses do Olimpo - Zeus, Hera, Apolo e<br />

outros - e foram <strong>de</strong>rrotados com a ajuda <strong>de</strong> Hércules, que os <strong>de</strong>uses<br />

chamaram para <strong>de</strong>fendê-los. Depois <strong>de</strong> vencidos, foram sepultados por<br />

<strong>de</strong>baixo das montanhas que, então, se tornaram vulcões.<br />

Uma outra raça <strong>de</strong> gigantes gregos míticos era conhecida como<br />

ciclopes. Eram monstros que possuíam um único olho e foram criados<br />

pelos relâmpagos <strong>de</strong> Zeus. No poema épico <strong>de</strong> Homero, A Odisséia, o<br />

herói Ulisses e seus homens têm um encontro com um ciclope e só<br />

escapam a muito custo.


OS CICLOPES DO MITO GREGO.<br />

Tanto essas raças <strong>de</strong> gigantes como as que se seguiram são<br />

conhecidas por serem cruéis e comerem carne humana.<br />

Gigantes ingleses<br />

Entre os gigantes mais recentes, a lenda <strong>de</strong> dois <strong>de</strong>les, Gog e<br />

Magog, se espalhou pelo mundo, mudando um pouco em cada lugar.<br />

Na Inglaterra, a história sobrevive na forma <strong>de</strong> duas gran<strong>de</strong>s estátuas,<br />

em Guildhall, Londres. Elas foram erguidas no século XV, e diz-se que<br />

retratam a última raça <strong>de</strong> gigantes <strong>de</strong>struída pelo legendário fundador <strong>de</strong><br />

Londres. As estátuas, muito populares, foram substituídas duas vezes:<br />

<strong>de</strong>pois do Gran<strong>de</strong> Incêndio, em 1666, e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um ataque aéreo na<br />

Segunda Guerra.<br />

Uma lenda inglesa ligeiramente diferente combina os dois<br />

gigantes num único monstro, chamado Gogmagog, que teria vivido


perto da Cornualha. Nessa versão, um bravo soldado atira o gigante <strong>de</strong><br />

um penhasco, que até hoje é chamado <strong>de</strong> O Pulo do Gigante. Outro<br />

legendário gigante inglês, Gargântua, ficou famoso, no século XVI,<br />

como o personagem principal das aventuras cômicas escritas pelo<br />

francês François Rabelais.<br />

Em dois dos primeiros livros da Bíblia, o Gênesis e Ezequiel, Magog é o<br />

nome do lugar <strong>de</strong> origem <strong>de</strong> Gog. Num livro posterior, Revelações, Magog aparece<br />

como a segunda criatura ou força que se junta a Gog na tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir o<br />

mundo.<br />

De acordo com algumas lendas, ele foi empregado do rei Artur<br />

e conseguiu <strong>de</strong>rrotar Gog e Magog.<br />

Gigantes e magia<br />

De acordo com o historiador Geoffrey <strong>de</strong> Monmouth,<br />

Stonehenge, o misterioso círculo <strong>de</strong> enormes pedras encontrado no sul<br />

da Inglaterra, tem sua origem nos gigantes da Irlanda. Segundo seu<br />

relato, Artur pediu a Merlim um conselho sobre a construção <strong>de</strong> um<br />

memorial <strong>de</strong> guerra. O mago respon<strong>de</strong>u:<br />

Se você quiser adornar o solo on<strong>de</strong> estão enterrados esses homens com um


monumento que dure para sempre, man<strong>de</strong> trazer o Anel dos Gigantes, que está no<br />

Monte Killaraus, na Irlanda. Lá existe uma construção <strong>de</strong> pedra que homem nenhum<br />

da nossa era po<strong>de</strong>ria erguer, a não ser que combinasse uma habilida<strong>de</strong> especial à sua<br />

arte. As pedras são enormes e não há ser vivo forte o bastante para movê-las. Se forem<br />

colocadas ao redor <strong>de</strong>sse sítio, na mesma posição em que foram erguidas lá, ali ficarão<br />

para sempre...<br />

Na peça <strong>de</strong> Shakespeare, Como Gostares, Rosalinda pergunta<br />

ansiosamente à sua amiga Caia sobre um jovem: “O que ele disse? Qual é a<br />

aparência <strong>de</strong>le? Para on<strong>de</strong> ele já viajou? Ele perguntou por mim? On<strong>de</strong> ele está<br />

agora? E quando você vai revê-lo? Responda-me tudo em uma única palavra.” Célia,<br />

sem hesitar, replica “Então, primeiro você precisa me dar a boca <strong>de</strong> Gargântua,<br />

porque tal palavra seria gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais para a boca <strong>de</strong> alguém <strong>de</strong>ste nosso tempo.”<br />

(Ato III, cena 2.)<br />

Essas pedras estão ligadas a um ritual religioso secreto e possuem<br />

proprieda<strong>de</strong>s medicinais. Muitos anos atrás, os gigantes as trouxeram<br />

dos remotos confins da África e as colocaram na Irlanda, na época em<br />

que viviam naquela região. Sempre que se sentiam doentes, <strong>de</strong>spejavam<br />

água sobre as pedras e preparavam um banho curativo com essas águas.<br />

Além do mais, misturavam essa água com poções <strong>de</strong> ervas, que usavam<br />

para ajudar a cicatrizar seus ferimentos. Não há nenhuma pedra ali que<br />

não possua virtu<strong>de</strong>s medicinais.<br />

Como Geoffrey nos conta, o rei aceitou o conselho <strong>de</strong> Merlim e


mandou que trouxessem as pedras à sua presença.<br />

Não é segredo para ninguém<br />

No mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, a maioria dos bruxos tem preconceito<br />

contra gigantes. Hagrid jamais contou a ninguém que sua mãe era a<br />

giganta Fridwulfa por se preocupar como seria a reação dos outros. Pela<br />

mesma razão, a diretora <strong>de</strong> Beauxbatons, madame Olímpia Maxime,<br />

reluta tanto em admitir que é meio-gigante. Mas qualquer um com bom<br />

senso po<strong>de</strong>ria adivinhar isso, só pelo seu nome. Olímpia refere-se aos<br />

gigantes originais do Olimpo, e Maxime quer dizer “máximo” ou “muito<br />

gran<strong>de</strong>” em francês.<br />

Geoffrey <strong>de</strong> Monmouth, como a maioria dos historiadores antigos, dava<br />

crédito às histórias que escutava. Por isso, sua história da Inglaterra mistura lendas<br />

com fatos comprovados.


GRIFOS<br />

Qual a criatura que domina tanto os céus quanto a terra?<br />

A casa <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, Griffindor (na tradução em português,<br />

Grifinória), literalmente significa “grifo <strong>de</strong> ouro” (em francês, or quer<br />

dizer ouro). É um nome bastante apropriado para uma casa<br />

caracterizada pela coragem e pela virtu<strong>de</strong>.<br />

Os grifos são criaturas mágicas, parte leão, parte águia. São<br />

originários da índia, on<strong>de</strong> guardavam imensos tesouros em peças <strong>de</strong><br />

ouro. No século III, um historiador chamado Aelian escreveu:<br />

Ouvi dizer que o animal indiano chamado grifo é um quadrúpe<strong>de</strong>, como um<br />

leão, que possui garras <strong>de</strong> enorme força que lembram as garras do leão. As pessoas<br />

contam que o animal tem asas, que as penas ao longo <strong>de</strong> seu dorso são negras e as do<br />

peito são vermelhas, enquanto as das asas são brancas. E Ctsesias (um historiador<br />

grego) relata que o pescoço do grifo é coberto <strong>de</strong> penas <strong>de</strong> um azul mais escuro, que ele<br />

tem o bico <strong>de</strong> uma águia, assim como a cabeça, exatamente como<br />

alguns artistas o retrataram em pinturas e esculturas. Seus<br />

olhos, diz ele, são como fogo.<br />

Ele constrói sua toca no topo das montanhas. Embora<br />

não seja possível capturar um animal adulto, alguns caçadores


já conseguiram apanhar filhotes. Os grifos lutam com outros animais e os vencem com<br />

facilida<strong>de</strong>, mas nunca confrontam o leão ou o elefante.<br />

O significado dos grifos<br />

Os grifos fazem parte da literatura e da mitologia há doze<br />

séculos. Daquela época até hoje, seu significado mudou muito. O<br />

estudioso Hans Bie<strong>de</strong>rmann explica:<br />

Um animal fabuloso, simbolicamente significativo por dominar tanto os céus<br />

quanto a terra, graças a seu corpo <strong>de</strong> leão e sua cabeça e asas <strong>de</strong> águia. Na Grécia, o<br />

grifo simbolizava a tenacida<strong>de</strong> vigilante. Apolo costumava montar um animal <strong>de</strong>ssa<br />

espécie, e os grifos eram responsáveis pela guarda do ouro da Hiperbórea (uma região<br />

mítica on<strong>de</strong> o sol brilharia ininterruptamente e a felicida<strong>de</strong> não cessaria, localizada<br />

“para além do vento norte”). O grifo também<br />

incorporava Nêmesis, a <strong>de</strong>usa da vingança, e era<br />

quem girava a sua Roda da Fortuna. Nas<br />

lendas, a criatura era o símbolo da superbia<br />

(orgulho extremo, arrogância) porque dizia-se<br />

que Alexandre, o Gran<strong>de</strong> tentara voar montado<br />

em grifos para alcançar os confins dos céus.<br />

No início, o grifo foi retratado como uma figura satânica que armava ciladas


para aprisionar as almas dos homens. No entanto, mais tar<strong>de</strong> tornou-se o símbolo da<br />

dupla natureza (humana e divina) <strong>de</strong> Jesus Cristo, precisamente pelo seu domínio dos<br />

céus e da terra. A associação com o Sol tanto da águia quanto do leão favoreceu essa<br />

interpretação positiva do mito. O grifo, por conseqüência, tornou-se o adversário das<br />

serpentes e dos basiliscos, já que ambos eram tidos como encarnações <strong>de</strong> <strong>de</strong>mônios.<br />

Nos últimos mil anos, o grifo mostrou-se a figura mais constante<br />

dos brasões <strong>de</strong> família. Um especialista em heráldica diz: “O grifo é<br />

muito popular porque, aparentemente, possui inúmeras virtu<strong>de</strong>s e<br />

nenhum vício. Entre essas virtu<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stacam-se a nobreza, a coragem e a<br />

força.” E essas são exatamente as qualida<strong>de</strong>s incorporadas pelo<br />

fundador <strong>de</strong> Hogwarts, Godric Gryffindor, e pelos membros da Casa<br />

Grifinória.<br />

Veja também:<br />

Animais fantásticos<br />

Hipogrifos


GRINDYLOWS<br />

Por que os pais se preocupam com os grindylows?<br />

Os grindylows são <strong>de</strong>mônios da água, tirados das lendas da região<br />

inglesa chamada Yorkshire. J. K. Rowling os apresenta em Azkaban:<br />

“Um bicho <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong>-bile, com chifrinhos pontiagudos, comprimia a<br />

cara contra o vidro, fazendo caretas e agitando os <strong>de</strong>dos longos e<br />

afilados.”<br />

Essa criatura perigosa gosta <strong>de</strong> viver em lagos, on<strong>de</strong> é mais fácil<br />

apanhar e arrastar para o fundo crianças <strong>de</strong>savisadas que se aproximam<br />

da beira dágua. Em Lancashire, o mesmo <strong>de</strong>mônio é conhecido como<br />

Jenny Greenteeth (Jenny Dentes-Ver<strong>de</strong>s). Em outras partes da Inglaterra, é<br />

também chamado <strong>de</strong> Nellie Long-Arms (Nelly Braços-Longos). Um<br />

parente do grindylow, Peg o' the Well (Peg do Poço), assombra os poços <strong>de</strong><br />

água.<br />

Carol Rose, uma especialista em <strong>de</strong>mônios e espíritos, chama os<br />

grindylows <strong>de</strong> “bichos-papões, <strong>de</strong>scritos com exagero por babás vigilantes<br />

e pais preocupados, com o objetivo <strong>de</strong> evitar que seus filhos morram<br />

prematuramente em aci<strong>de</strong>ntes nesses lugares perigosos”. Mas, quando<br />

<strong>Harry</strong> mergulha no lago <strong>de</strong> Hogwarts para salvar Rony, durante a<br />

segunda tarefa do Torneio Tribruxo, o grindylow que agarra sua perna e


seu manto parece bastante real para o garoto.<br />

Veja também:<br />

Kappas,<br />

Lula Gigante,<br />

Sereianos<br />

HIPOGRIFOS<br />

Qual é a criatura mágica menos verossímil?<br />

Bicuço, o hipogrifo que surgiu pela primeira vez em Azkaban, é<br />

mais do que uma simples criatura mágica. Com a cabeça <strong>de</strong> ave e as patas<br />

dianteiras <strong>de</strong> um grifo num corpo <strong>de</strong> cavalo, os hipogrifos, sem dúvida,<br />

são uma combinação muito estranha. E essa foi justamente a intenção<br />

do homem que os imaginou, no século XVI, um escritor com bastante<br />

senso <strong>de</strong> humor.<br />

Certa vez, para enfatizar a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um certo episódio,<br />

o poeta romano Virgílio disse que tal coisa só ocorreria “quando um<br />

grifo cruzasse com um cavalo”. A frase ficou famosa. Por muitos<br />

séculos, foi usada como hoje usamos “no dia em que os porcos criarem<br />

asas”.


Ludovico Ariosto, poeta italiano do início do século XVI,<br />

lembrou-se da frase quando estava escrevendo Orlando, o Furioso, história<br />

épica sobre os cavaleiros <strong>de</strong> Carlos Magno, rei que dominou quase toda a<br />

Europa no século IX. Decidido a finalmente criar o ser impossível <strong>de</strong><br />

Virgílio, ele inventou o hipogrifo (Hipo é a palavra grega para “cavalo”.)<br />

De acordo com Ariosto, o hipogrifo seria originário dos montes<br />

Rifaina, “para além dos mares congelados”. A criatura aparece na<br />

história quando a corajosa sobrinha <strong>de</strong> Carlos Magno, Bradamante,<br />

procura por seu amado, um cavaleiro chamado Rogério. Bradamante<br />

encontra Rogério, que está aprisionado por um feiticeiro que usa a<br />

estranha criatura como montaria. Poucas pessoas haviam visto um<br />

hipogrifo até então. Após <strong>de</strong>rrotar o feiticeiro e libertar Rogério,<br />

Bradamante tenta se aproximar do animal:<br />

Desceram a montanha até o local on<strong>de</strong> o encontro ocorrera. Encontraram o<br />

hipogrifo, com o escudo mágico no envoltório, pendurado na bolsa lateral da sela.<br />

Bradamante adiantou-se para tomar os arreios e pareceu que o hipogrifo esperaria por<br />

ela. No entanto, antes que ela chegasse, ele esten<strong>de</strong>u suas asas e voou em direção a uma<br />

elevação próxima, e fez a mesma coisa na segunda tentativa, outra vez frustrando os<br />

esforços da moça.<br />

Rogério e os outros cavaleiros libertados espalharam-se pela planície em volta<br />

e pelo topo das elevações, tentando capturá-lo. Finalmente, o animal permitiu que<br />

Rogério se aproximasse o suficiente para segurá-lo pelo bridão. O <strong>de</strong>stemido Rogério<br />

não hesitou em montá-lo, e suas esporas aguilhoaram o animal <strong>de</strong> tal maneira que,


<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> galopar por uma curta distância, <strong>de</strong> repente esticou as asas e elevou-se no céu.<br />

Bradamante sofreu a dor <strong>de</strong> ver seu amor arrebatado quase imediatamente após tê-lo<br />

reencontrado. Rogério, que não sabia como cavalgar o animal, foi incapaz <strong>de</strong> direcionar<br />

o vôo. Viu-se carregado para o pico <strong>de</strong> montanhas tão altas que mal podia distinguir,<br />

lá embaixo, a terra da água.<br />

O hipogrifo tomou a direção do oeste e<br />

cortou os ares com a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> um navio novo<br />

singrando as ondas, impulsionado por ventos mais<br />

frescos e favoráveis.<br />

Em outro episódio da história, um<br />

cavaleiro diferente, Astolfo, atravessa o<br />

mundo montado no mesmo hipogrifo:<br />

O falcão e a águia pairam nos ares com menos liberda<strong>de</strong>. Sobre a selvagem<br />

terra da Gália, o guerreiro voou dos Pireneus até o Reno, <strong>de</strong> mar a mar. A caminho<br />

<strong>de</strong> Aragão, passou por Navarra, <strong>de</strong>ixando as pessoas lá embaixo abismadas com tal<br />

visão. Então, atravessou Castela, Galícia, Lisboa, Sevilha e Córdoba. Não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong><br />

explorar nenhuma região do litoral ou do interior da Espanha.<br />

Do Atlântico aos extremos do Egito, fez a volta sobre a África e retornou.<br />

Marrocos, Fez e Oran,- olhando para baixo, viu a nobre Biskra, Tunes, Trípoli,<br />

Bernícia e Ptolomita, e das terras asiáticas seguiu para o Nilo.<br />

Astolfo acabaria cavalgando o hipogrifo até chegar ao Paraíso.


Posteriormente, em sinal <strong>de</strong> respeito, ele o libertou. E por isso que<br />

po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r por que J. K. Rowling diz em Animais Fantásticos que<br />

o hipogrifo “é hoje encontrado em todos os lugares do mundo”.<br />

Veja também:<br />

Animais fantásticos<br />

Grifo<br />

HOGWARTS<br />

Por que alguém iria para uma escola on<strong>de</strong> tem uma Sonserina?<br />

O escritor Pico Iyer, que freqüentou duas antigas escolas<br />

britânicas - a Dragon School e a Eton -, diz que “muita coisa no universo<br />

<strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> parece familiar”:<br />

Lá estão todos os rituais que eu recordo tão vividamente quanto drops <strong>de</strong><br />

limão: a lista criptografada <strong>de</strong> instruções que chegava <strong>de</strong> repente pelo correio,<br />

<strong>de</strong>screvendo o que <strong>de</strong>veríamos — e o que não <strong>de</strong>veríamos — levar para a escola (o<br />

objetivo <strong>de</strong> todas aquelas regras não era tanto manter a or<strong>de</strong>m, mas forçar a<br />

obediência), a peregrinação por velhas lojas empoeiradas, com antigos nomes <strong>de</strong> família<br />

- New & Lingwood ou Al<strong>de</strong>n & Blackwell -, nas quais homens idosos nos vendiam<br />

os itens do uniforme da escola e do material requerido, assim como fizeram com nossos


pais e com os pais <strong>de</strong>les,- o trem especialmente reservado pela escola, que estaria<br />

esperando por nós em alguma estação <strong>de</strong> Londres e nos transportaria diretamente para<br />

nossas células. Uma vez cerradas as portas, com um estalido, às nossas costas, nos<br />

encontraríamos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma nova realida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> as regras comuns não tinham<br />

qualquer valor...<br />

Talvez seja possível dizer que, quanto mais estranhos são os <strong>de</strong>talhes no<br />

mundo <strong>de</strong> Rowling, mais eles se aproximam <strong>de</strong> algo tão banal para nós quanto<br />

mingau <strong>de</strong> aveia. <strong>Harry</strong> joga quadribol, um jogo peculiar cujas bolas são goles, balaços<br />

e o pomo; tínhamos três esportes brutais, que não eram praticados em nenhuma outra<br />

escola, sendo que no mais selvagem <strong>de</strong>les havia barreiras e reta-guardas e nenhum gol<br />

havia sido oficialmente assinalado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1909. Na escola <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>,<br />

inexplicavelmente, “o corredor do terceiro andar do lado direito está proibido”; em<br />

Eton, era proibido andar num dos lados da estrada principal que levava à cida<strong>de</strong> (por<br />

razões que não eram reveladas). Quanto aos fantasmas, comíamos,<br />

dormíamos e estudávamos cercados <strong>de</strong> bustos e <strong>de</strong> retratos e das<br />

assinaturas na mesa que vinham <strong>de</strong> (primeiros-ministros britânicos)<br />

Gladstone, Wellington, Pitt e El<strong>de</strong>r.<br />

Mas algumas pessoas dizem que Hogwarts é diferente da maioria<br />

dos internatos. É uma escola on<strong>de</strong> se tem prazer <strong>de</strong> estar: a comida é<br />

<strong>de</strong>liciosa, e <strong>Harry</strong> dorme numa cama <strong>de</strong> quatro colunas. É tolerante:<br />

mesmo que a <strong>de</strong>sobediência possa custar à casa do aluno a perda <strong>de</strong>


alguns pontos, os professores são indulgentes. E, acima <strong>de</strong> tudo,<br />

Dumbledore a torna um lugar on<strong>de</strong> prevalece a justiça.<br />

Então, sendo uma escola tão gostosa, o que a Casa Sonserina está<br />

fazendo lá? Aparentemente, não há um problema sequer que não seja<br />

causado por um aluno da casa fundada por Slytherin (sly em inglês<br />

significa “matreiro”, “trapaceiro”, “enganador”). E parece também que<br />

não há um único aluno <strong>de</strong>cente na casa. Tudo indica que sua filosofia foi<br />

expressada por Quirrell, em A Pedra: “Não existe bem nem mal, só existe<br />

o po<strong>de</strong>r, e aqueles que são <strong>de</strong>masiado fracos para o <strong>de</strong>sejarem.”Salazar<br />

Slytherin, um dos fundadores <strong>de</strong> Hogwarts - a casa recebeu o nome em<br />

sua homenagem -, era tão <strong>de</strong>sonesto que chegou a construir a Câmara<br />

Secreta sob a escola sem contar para os <strong>de</strong>mais. Então, não seria mais<br />

lógico se livrarem da Sonserina?<br />

Faz sentido que <strong>Harry</strong> inicie seu ano escolar com o embarque no Expresso<br />

<strong>de</strong> Hogwarts. Afinal, J. K Rowling teve a idéia para as histórias durante uma<br />

viagem <strong>de</strong> trem.<br />

Na verda<strong>de</strong>, isso seria o oposto da filosofia <strong>de</strong> J. K. Rowling. A<br />

presença dos alunos da Sonserina em Hogwarts indica bem quais são as<br />

idéias <strong>de</strong>la sobre bem e mal.


Dentro das pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Hogwarts, a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> Dumbledore<br />

gerou um i<strong>de</strong>al atraente. O mal não <strong>de</strong>ve ser afastado medrosamente,<br />

nem mesmo enfrentado com força e coragem. Deve ser contraposto<br />

pela compaixão. Mais <strong>de</strong> uma vez, Dumbledore já <strong>de</strong>monstrou sua forte<br />

crença na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> bruxos corrompidos pelo mal.<br />

Cada um dos quatro fundadores <strong>de</strong> Hogwarts tem qualida<strong>de</strong>s<br />

individuais que formam um todo equilibrado. Mesmo a ambição <strong>de</strong><br />

Slytherin po<strong>de</strong> ser direcionada para o bem, uma vez contrabalançada<br />

com as características <strong>de</strong>monstradas pelas outras casas. É parte da<br />

realida<strong>de</strong>, parte <strong>de</strong> todo indivíduo - assim como <strong>Harry</strong> tem um pouco <strong>de</strong><br />

Vol<strong>de</strong>mort em si. Tentar eliminar isso seria tolo e, também, impossível.<br />

Veja também:<br />

Durmstrang


KAPPAS<br />

Qual a criatura que não po<strong>de</strong> inclinar a cabeça?<br />

Em Azkaban, <strong>Harry</strong> fica conhecendo os kappas, “assustadores<br />

seres da água que parecem com macacos escamosos”. Eles são<br />

mencionados <strong>de</strong> novo em Animais Fantásticos.<br />

J. K. Rowling não inventou os kappas. Como está dito em<br />

Animais Fantásticos, eles são <strong>de</strong>mônios da água tirados das lendas<br />

japonesas. (Em Azkaban, o professor Snape comete um equívoco ao<br />

ensinar à turma <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> que “os kappas são mais comumente<br />

encontrados na Mongólia”) Assim como os grindylows, que vivem perto<br />

<strong>de</strong> Hogwarts, os kappas vivem em lagos e rios, e capturam pessoas,<br />

arrastando-as para a água. Também são conhecidos como Kawako, que<br />

significa “filho do rio”.<br />

A <strong>de</strong>scrição feita em Animais Fantásticos, mesmo que soe estranha,<br />

é fiel à lenda. Alguns kappas po<strong>de</strong>m ser mórbidos o bastante para<br />

apreciar o sabor do sangue. No entanto, um ser humano po<strong>de</strong> escapar <strong>de</strong><br />

um kappa explorando a principal fragilida<strong>de</strong> da criatura. Toda a sua<br />

energia é tirada <strong>de</strong> uma reentrância, com o formato <strong>de</strong> um pires, no alto<br />

da cabeça, que <strong>de</strong>ve permanecer cheia <strong>de</strong> água. Então, se alguém<br />

curvar-se diante do kappa, polidamente, cumprimentando-o, ele será


obrigado a retribuir o gesto. Nisso, a água escorre e o kappa se vê<br />

<strong>de</strong>rrotado. Do mesmo modo, por alguma razão há muito esquecida, os<br />

kappas apreciam pepinos tanto quanto gostam <strong>de</strong> sangue humano. Dar<br />

pepinos <strong>de</strong> presente a um kappa po<strong>de</strong> conquistar a sua amiza<strong>de</strong> e levá-lo<br />

a revelar importantes segredos medicinais.<br />

Veja também:<br />

Grindylows<br />

Animais fantásticos<br />

Sereianos<br />

LABIRINTOS<br />

Por que a terceira tarefa se passa em um labirinto?<br />

A terceira e última tarefa do Torneio Tribruxo se passa <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

um labirinto especialmente construído para tal propósito. Dentro <strong>de</strong>le,<br />

os competidores encontram um bicho-papão, uma esfinge, um<br />

explosivim, uma aranha gigante e uma névoa dourada que vira todos <strong>de</strong><br />

cabeça para baixo. No centro <strong>de</strong> tudo está a Taça Tribruxo.


O labirinto <strong>de</strong> Creta<br />

O labirinto é a figura central <strong>de</strong> um dos mais conhecidos mitos<br />

gregos sobre a prova <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um herói - a história <strong>de</strong> Teseu e do<br />

Minotauro. O labirinto foi construído na ilha <strong>de</strong> Creta por Dédalo,<br />

provavelmente o maior gênio-inventor do seu tempo. Foi criado para<br />

abrigar o mascote do rei Minos - um monstro comedor <strong>de</strong> gente com<br />

corpo <strong>de</strong> homem e cabeça <strong>de</strong> touro, conhecido como Minotauro.<br />

O MINOTAURO, DE UM VASO DO SÉCULO V A.C.<br />

Naquele tempo, Creta dominava Atenas, que era forçada a pagar<br />

um tributo anual <strong>de</strong> sete rapazes e sete moças a Creta. Todos os anos,<br />

esses <strong>de</strong>safortunados jovens eram atirados <strong>de</strong>ntro do labirinto, do qual<br />

ninguém escapava, e terminavam sendo <strong>de</strong>vorados pelo Minotauro. Em<br />

<strong>de</strong>terminado ano, Teseu, filho do rei <strong>de</strong> Atenas, foi incluído entre os<br />

jovens entregues a Creta. Ocorreu entretanto que a filha <strong>de</strong> Minos,<br />

Ariadne, apaixonou-se por ele antes que fosse atirado no labirinto. Para


salvar a sua vida, ela lhe <strong>de</strong>u uma espada para matar o monstro e um<br />

carretei <strong>de</strong> linha para marcar o caminho, <strong>de</strong> forma que ele pu<strong>de</strong>sse<br />

retornar por on<strong>de</strong> tinha ido e encontrar <strong>de</strong> novo a saída.<br />

Embora Teseu tenha sido extremamente ingrato a Ariadne,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> seu triunfo no labirinto tornou-se um dos maiores reis <strong>de</strong><br />

Atenas.<br />

Veja também:<br />

Centauros<br />

Fofo<br />

LATIM<br />

Qual é o idioma mais importante para os bruxos?<br />

Diferentemente <strong>de</strong> muitas escolas, Hogwarts, aparentemente,<br />

não enfatiza o aprendizado <strong>de</strong> idiomas estrangeiros, pelo menos não nos<br />

primeiros anos. Mas existe uma língua com a qual, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro ano,<br />

os estudantes vivem esbarrando: o latim. Muitos encantamentos, feitiços<br />

e maldições são nada mais do que palavras em latim que expressam o<br />

efeito <strong>de</strong>sejado. Por exemplo, lumos, a palavra mágica que faz uma luz<br />

aparecer na ponta da varinha mágica dos bruxos, vem da palavra em


latim que significa “luz”. Nox, a palavra para apagar essa mesma luz, em<br />

latim significa “escuridão”. O latim é usado também em outros lugares.<br />

Por exemplo, Olho-Tonto Moody, tempos atrás, foi um Auror, um<br />

policial cujo trabalho era levar os bruxos malvados à justiça. Em latim,<br />

“aurora” é outra palavra para “luz” (nascer do dia), e assim Auror é um<br />

nome perfeito para quem luta contra as trevas. Também o lema <strong>de</strong><br />

Hogwarts é em latim: Draco dormiens nunquam titillandus (“Nunca<br />

provoque um dragão adormecido”). J. K. Rowling, pessoalmente, disse<br />

certa vez: “Gosto <strong>de</strong> imaginar os bruxos usando essa língua morta<br />

como se ela ainda estivesse viva.”<br />

Os historiadores dizem que o exemplo mais antigo <strong>de</strong> latim são quatro<br />

palavras gravadas num alfinete para capas do século VII ou VI a.C, elas<br />

i<strong>de</strong>ntificavam o dono da casa.<br />

E <strong>de</strong> fato faz sentido que o latim seja tão importante. Depois<br />

que os romanos conquistaram a Europa (a Inglaterra, inclusive), há cerca<br />

<strong>de</strong> dois mil anos, o latim tornou-se uma língua geral, que po<strong>de</strong>ria ser<br />

usada em qualquer lugar do império. Os estudiosos confiavam nisso<br />

para assegurar que seu trabalho po<strong>de</strong>ria ser compartilhado amplamente.<br />

O latim foi também a língua do primitivo cristianismo. Por muitos<br />

séculos, a maioria dos livros somente era escrita em latim, já que toda<br />

pessoa instruída sabia latim.


Latim para bruxos<br />

Não tente fazer isso em casa!... O ministério prescreve que três maldições são<br />

“imperdoáveis” e qualquer bruxo que as praticar contra um ser humano será punido<br />

com uma sentença <strong>de</strong> prisão perpétua em Azkaban. São elas Crucio, que causa dor<br />

extrema (crucio, em latim, quer dizer tortura, suplício). Impero, que coloca a vítima<br />

sob controle total do bruxo (impero significa uma or<strong>de</strong>m ou comando) e Avada<br />

Kedavra, a Maldição Mortal. (Veja-. Avada Kedavra.)<br />

“convocar”.<br />

Aqui estão algumas palavras mágicas que vêm do latim:<br />

Accio: Encanto <strong>de</strong> chamamento. Do latim accio, “chamar”,<br />

Aparecium: Faz a escrita em tinta invisível aparecer. De appareo,<br />

“tornar-se visível”, “aparecer”.<br />

Maldição <strong>de</strong> Conjunctivitius: Prejudica a visão alheia. De<br />

conniugo, “reunir”, “ligar”. Os olhos têm um tecido conectivo chamado<br />

conjuntiva. Quando esse tecido infecciona-se, a pessoa pega conjuntivite,<br />

ficando com os olhos vermelhos.<br />

Deletrius: Faz as coisas <strong>de</strong>saparecerem. De <strong>de</strong>leo, “<strong>de</strong>letar”,<br />

“apagar”, “<strong>de</strong>struir”.<br />

Densaugeo: Faz com que algo cresça incontrolavelmente.<br />

Talvez venha <strong>de</strong> <strong>de</strong>nso, “engrossar”. (Draco Malfoy lança este feitiço


contra <strong>Harry</strong>, mas ele ricocheteia e acerta Hermione nos <strong>de</strong>ntes).<br />

Diffindo: Separa coisas. De diffindo, “separar”, “dividir”.<br />

Dissendium: Abre coisas, tais como a estátua da feiticeira que<br />

guarda a passagem secreta entre Hogwarts e Honeydukes. De dissiedo,<br />

“ser separado”.<br />

Enervate: Revigora coisas. (Curiosamente, esta palavra mágica<br />

tem um efeito exatamente oposto ao que seu semelhante significa em<br />

latim e em inglês. Em inglês, enervate quer dizer “enfraquecer”, e sua raiz<br />

latina, enervo, significa o mesmo. Nenhuma das duas palavras significa<br />

energizar.)<br />

Expecto Patronum: Produz um patronus (um guardião). De<br />

expecto, “expelir”; e patronus, “guardião”, “protetor”.<br />

Expelliarmus: Desarma o oponente. De expello, “expelir”,<br />

“soltar”, e arma, “arma”.<br />

Feitiço Fidélius: Deposita um segredo numa pessoa <strong>de</strong><br />

confiança. Defi<strong>de</strong>lus, “fiel”, “confiável”, “digno <strong>de</strong> confiança”.<br />

Finite Incantatem: Termina outros encantamentos. De finite,<br />

“fim”, e incantatem, “palavra mágica ou feitiço”.<br />

Impedimenta: Detém uma pessoa ou alguma coisa. De<br />

impedimentum, “impedimento”, “obstáculo”.<br />

Incêndio: Feitiço usado para fazer fogo. É comumente usado<br />

para incendiar lareiras antes que o pó-<strong>de</strong>-Flu possa ser usado para<br />

transporte dos bruxos. De incendia, “fogo”.


Obliviate: Faz uma pessoa esquecer. De oblivio, “esquecer”.<br />

Petrificus Totalus: Imobiliza uma pessoa. De petra, “pedra”.<br />

Prior Incantatem: Revela o feitiço que foi executado<br />

imediatamente antes por uma varinha mágica. De prior, “prévio”; e<br />

incantatem, “encantamento”, “feitiço”.<br />

Rictusempra: Cócegas. De ríctus, “uma risada”, “sorriso”.<br />

Riddikulus: Faz alguma coisa parecer engraçada. Usado para<br />

afugentar um fantasma. De ridiculus, “ridículo”, “engraçado”.<br />

Ruparo: Conserta coisas. De reparare, “consertar”.<br />

Vigardium Leviosa: Faz coisas saírem voando. De levis, “leve”<br />

(como na palavra levitar, “fazer flutuar no ar”).<br />

raízes no latim.<br />

Muitas palavras em inglês — as estimativas variam <strong>de</strong> 30 a 60% <strong>de</strong>las - têm<br />

Uma das regras básicas da magia diz que, para lançar um feitiço, não basta<br />

pronunciar algumas palavras. O importante é a maneira como o feitiço é dito - por<br />

exemplo, o grau <strong>de</strong> autoconfiança po<strong>de</strong> ter gran<strong>de</strong> influência. Conjurar um feitiço<br />

po<strong>de</strong> requerer um enorme esforço e muita energia. Assim, o po<strong>de</strong>r do feiticeiro é<br />

também fator importante.<br />

Veja também:<br />

Malfoy<br />

Nomes


LULAS GIGANTES<br />

Quais criaturas da vida real ainda intrigam os cientistas?<br />

No lago <strong>de</strong> Hogwarts vive uma criatura do mundo real que é tão<br />

misteriosa quanto qualquer fera mágica. E ela não é intrigante por ser<br />

pequena. Pelo contrário, é o maior invertebrado da face da Terra. É a<br />

lula gigante, que vive em águas tão profundas e distantes <strong>de</strong> qualquer<br />

litoral, que nenhum ser humano até hoje já viu um espécime vivo.<br />

A Architeuthis, como é chamada pelos cientistas, po<strong>de</strong> alcançar o<br />

comprimento <strong>de</strong> vinte e dois metros. Seus olhos, maiores do que os <strong>de</strong><br />

qualquer outro animal, são plenamente adaptados à pouca luz das<br />

profun<strong>de</strong>zas em que vive. A luz do sol não chega até lá, mas algumas<br />

criaturas carregam elementos químicos em seus corpos que as fazem<br />

brilhar na escuridão. O autor <strong>de</strong> ficção científica francês Júlio Verne<br />

colocou uma lula gigante em sua novela Vinte Mil Léguas Submarinas. A<br />

criatura atacou o submarino elétrico da história, o Nautilus:<br />

Diante dos meus olhos estava um monstro horrendo, merecedor <strong>de</strong> figurar<br />

entre as lendas das maiores maravilhas existentes. Era um imenso molusco, <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> sete metros <strong>de</strong> comprimento. Veio nadando <strong>de</strong> encontro ao Nautilus, em gran<strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>, nos fitando com aqueles enormes olhos ver<strong>de</strong>s. Seus oito braços, fixados à<br />

sua cabeça — que <strong>de</strong>ram o nome <strong>de</strong> cefalópo<strong>de</strong> a esse animal —, eram duas vezes mais


compridos do que o corpo e retorciam-se como a cabeleira das Fúrias. Era possível<br />

observar duzentos e cinqüenta ventosas no lado interno dos tentáculos. Na boca do<br />

monstro havia um bico <strong>de</strong> textura óssea curvado, como o <strong>de</strong> um papagaio, que se abria<br />

e fechava num movimento vertical. Sua língua, parecida com um tentáculo, mostrava<br />

várias fileiras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes afiados, e surgiu estremecendo por entre aquele verda<strong>de</strong>iro par<br />

<strong>de</strong> tenazes.<br />

Verne seguia uma longa tradição ao tornar a lula gigante uma vilã.<br />

Mas, revirando pelo avesso nossas expectativas em relação a monstros, a<br />

lula gigante <strong>de</strong> J. K.. Rowling é bastante afável. Quando Denis Creevey<br />

cai no lago, em O Cálice, a lula o salva e o coloca <strong>de</strong> volta no bote.


MALFOY<br />

Por que os nomes dos Malfoy combinam tanto com eles?<br />

JK. Rowling <strong>de</strong>ve ter se divertido muito ao escolher os nomes<br />

dos vilões Malfoy. Cada um <strong>de</strong>sses nomes é repleto <strong>de</strong> significados e<br />

histórias.<br />

O nome da família vem do latim maléficas-, alguém que faz mal<br />

aos outros. Na Ida<strong>de</strong> Média, a palavra era usada para referir-se a bruxas,<br />

cujos atos malvados eram também chamados <strong>de</strong> maleficia (malefícios). A<br />

estudiosa <strong>de</strong> bruxaria Rosemary Ellen Guiley escreve: “Em sua <strong>de</strong>finição<br />

mais estrita, maleficia significava danos causados à colheita, doença ou<br />

morte <strong>de</strong> animais. Num sentido mais amplo, incluía qualquer coisa<br />

negativa que acontecesse a uma pessoa: perda <strong>de</strong> um amor, tempesta<strong>de</strong>s,<br />

insanida<strong>de</strong>, azar, problemas com dinheiro, infestação <strong>de</strong> piolhos, e<br />

mesmo a morte. Se um morador <strong>de</strong> um vilarejo resmungasse alguma<br />

ameaça ou rogasse uma praga contra alguém e ocorresse qualquer<br />

contratempo ou <strong>de</strong>sgraça com essa pessoa - maleficia. Se a curan<strong>de</strong>ira<br />

local administrasse um remédio contra alguma doença e o paciente<br />

piorasse ou morresse - maleficia. Se uma chuva <strong>de</strong> granizo <strong>de</strong>struísse a<br />

colheita, se as vacas parassem <strong>de</strong> dar leite ou o cavalo começasse a<br />

mancar - maleficia.” Um dos primeiros livros sobre feitiçaria e


encantamento, o mais importante <strong>de</strong>sse tempo, era intitulado Malleus<br />

Maleficarum (O martelo da feiticeira). Publicado em 1486, foi escrito por<br />

dois caçadores <strong>de</strong> bruxas para ajudar outras pessoas a caçarem bruxas.<br />

Em 1484, os autores do Malleus Maleficarum receberam do Papa<br />

Inocêncio VIII instruções para levarem a julgamento as bruxas na Alemanha.<br />

Por duzentos anos, foi o livro mais popular <strong>de</strong>pois da Bíblia. A<br />

palavra em latim foi preservada em muitas línguas. Por exemplo,<br />

maleficent em inglês está <strong>de</strong>finido como nocivo, pernicioso, seja em<br />

intenção ou em efeito. Em português, malefício tanto é um dano, um<br />

prejuízo, quanto uma palavra diretamente associada à bruxaria. Em<br />

francês, Mal foi quer dizer “má-fé” (mentira, intenção <strong>de</strong> enganar ou <strong>de</strong><br />

prejudicar).<br />

Draco é um nome com duplo significado em latim. Quer dizer<br />

tanto “dragão” quanto “serpente”. (Muitas línguas usam a mesma<br />

palavra para ambos.) Portanto, não surpreen<strong>de</strong> que Draco Malfoy tenha<br />

sido colocado na Sonserina.<br />

O pai <strong>de</strong> Draco é Lúcio Mafoy - um nome que lembra Lúcifer, um<br />

dos nomes do diabo. Isso combina bem com Lúcio, um po<strong>de</strong>roso<br />

Comensal da Morte.<br />

A mãe <strong>de</strong> Draco chama-se Narcisa. Seu nome vem <strong>de</strong> um mito<br />

grego. E a história <strong>de</strong> um belo jovem chamado Narciso,


<strong>de</strong>masiadamente vaidoso, e que por isso foi con<strong>de</strong>nado por um <strong>de</strong>us a<br />

apaixonar-se por si mesmo. Enquanto admirava seu próprio reflexo,<br />

Narciso acabou caindo num rio e afogou-se.<br />

Veja também:<br />

Gárgula<br />

Nomes<br />

MANTICORES<br />

Por que os bruxos não se aproximam dos manticores?<br />

Em Azkaban, na tentativa <strong>de</strong> encontrar um prece<strong>de</strong>nte legal que<br />

pu<strong>de</strong>sse salvar Bicuço, o hipogrifo, Hermione encontra uma referência<br />

reveladora: “Isso aqui po<strong>de</strong> ajudar, escutem... um manticore atacou<br />

alguém em 1296 e eles o <strong>de</strong>ixaram livre porque... ah, não... foi só porque<br />

estavam todos com medo <strong>de</strong> chegar perto <strong>de</strong>le.”<br />

Não chega a ser uma surpresa. Acontece que o manticore é a mais<br />

terrível <strong>de</strong> todas as criaturas mágicas. E uma combinação <strong>de</strong> homem<br />

com besta, com <strong>de</strong>ntes afiados e comportamento agressivo. O nome<br />

vem do persa antigo martikhora, que siginifica “comedor <strong>de</strong> gente”.<br />

Parece que os manticores viveram na Ásia antiga. Uma


assustadora <strong>de</strong>scrição foi esboçada no século II por um historiador<br />

romano que a extraiu <strong>de</strong> relatos escritos sete séculos antes:<br />

Existe na índia uma besta selvagem, po<strong>de</strong>rosa, ousada, tão gran<strong>de</strong><br />

quanto um leão, da cor vermelha do cinabre, peludo como um cachorro,<br />

e, no idioma dos hindus, é chamado <strong>de</strong> marticoras. Não tem entretanto as<br />

feições <strong>de</strong> uma besta-fera, mas <strong>de</strong> um homem, e tem três fileiras <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntes em sua mandíbula superior e três na inferior, sendo que esses<br />

<strong>de</strong>ntes são extremamente afiados e maiores do que as presas <strong>de</strong> um cão<br />

<strong>de</strong> caça. Suas orelhas também se assemelham às humanas; seus olhos são<br />

<strong>de</strong> um azul-cinzento e também iguais aos dos homens, mas suas patas e<br />

garras, como você <strong>de</strong>ve imaginar, são como as do leão.<br />

Carol Rose, uma especialista em criaturas mágicas, diz que, na Ida<strong>de</strong><br />

Média, acreditava-se que o manticore fosse uma representação do projeta Jeremias.<br />

Essa ligação <strong>de</strong>ve-se à crença <strong>de</strong> que o manticore vivia nas profun<strong>de</strong>zas da terra e<br />

Jeremias havia sido aprisionado num calabouço.<br />

Na extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua cauda existe um ferrão, como nos<br />

escorpiões, e ele po<strong>de</strong> ter comprimento maior do que um cúbito<br />

(aproximadamente 66cm). E a cauda também tem ferrões, a curtos<br />

intervalos um do outro, em ambos os lados. Mas é o ferrão da<br />

extremida<strong>de</strong> que dá picadas em qualquer um que se aproxime, causando<br />

a morte imediata.


Se alguém sai no encalço da besta, ela projeta os ferrões <strong>de</strong> sua cauda,<br />

como se fossem flechas, <strong>de</strong> lado, e eles po<strong>de</strong>m alcançar uma gran<strong>de</strong><br />

distância. E quando ela lança seus ferrões para a frente, ela dobra sua<br />

cauda para a frente, mas, se os projeta para trás, então disten<strong>de</strong> sua cauda<br />

o máximo que po<strong>de</strong>. Qualquer criatura que seja atingida pelos projéteis<br />

morre. Só o elefante sobrevive. Esses ferrões têm mais ou menos 30 cm<br />

<strong>de</strong> comprimento e a espessura <strong>de</strong> um junco. Um escritor assegura (e ele<br />

diz que os hindus po<strong>de</strong>m confirmar as suas palavras) que nos locais <strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> esses ferrões caíram, outros brotam, <strong>de</strong> modo que essa coisa do<br />

mal acaba gerando uma colheita.<br />

UM MANTICORE, TIRADO DE UM ENTALHE EM MADEIRA DE 1607.<br />

De acordo com o mesmo escritor, os manticores <strong>de</strong>voram seres<br />

humanos. De fato, eles assassinam um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> pessoas<br />

porque um manticore não se satisfaz com um único homem, mas arma<br />

seu bote contra dois ou mesmo três, superando-os com facilida<strong>de</strong>.<br />

Os hindus costumam caçar esses animais quando ainda são<br />

novos e não têm os ferrões em suas caudas, que então esmagam com


uma pedra, <strong>de</strong> modo a evitar que nelas cresçam os ferrões. O som que<br />

emitem parece o <strong>de</strong> uma trombeta.<br />

Uma <strong>de</strong>scrição mais recente vem do famoso poeta e novelista<br />

francês do século XIX, Gustave Flaubert. Em A Tentação <strong>de</strong> Santo<br />

Antônio, o manticore <strong>de</strong> Flaubert faz <strong>de</strong> si mesmo uma apresentação<br />

colorida: “O brilho <strong>de</strong> meu manto escarlate se mistura à clarida<strong>de</strong><br />

cintilante das areias do <strong>de</strong>serto. Através <strong>de</strong> minhas narinas, exalo o<br />

horror <strong>de</strong> solitários recantos da Terra. Minha saliva é pestilenta. Eu<br />

<strong>de</strong>voro os exércitos quando eles se arriscam a penetrar nos <strong>de</strong>sertos.<br />

Minhas unhas são como garras curvas, como ferramentas para rasgar e<br />

perfurar, meus <strong>de</strong>ntes cortam como os <strong>de</strong> um serrote. Minha cauda<br />

irrequieta dispara dardos, que posso dirigir para a esquerda e para a<br />

direita, para a minha frente e para minhas costas. Observe!”<br />

Veja também:<br />

Animais fantásticos


MARCA NEGRA<br />

Por que Vol<strong>de</strong>mort grava a Marca Negra nos<br />

Comensais da Morte?<br />

A Marca Negra é o mais apavorante sinal <strong>de</strong> Lor<strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort.<br />

No final do Campeonato Mundial <strong>de</strong> Quadribol, em O Cálice, “uma<br />

coisa enorme, ver<strong>de</strong> e brilhante irrompeu do lugar escuro... Era um<br />

crânio colossal, aparentemente composto por estrelas <strong>de</strong> esmeralda e<br />

uma cobra saindo da boca como uma língua”. O mesmo símbolo<br />

aparece nos braços dos seguidores <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort, ficando mais visível<br />

quando Vol<strong>de</strong>mort recupera as forças e se aproxima.<br />

A Marca Negra é a versão <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort para a Marca do Diabo,<br />

uma idéia que circulava na Ida<strong>de</strong> Média. De acordo com <strong>de</strong>monologistas<br />

medievais, “o diabo costuma marcar especialmente as pessoas <strong>de</strong> cuja<br />

lealda<strong>de</strong> duvida. A marca varia <strong>de</strong> tamanho e formato. Algumas vezes é<br />

parecida com uma lebre, às vezes lembra a pata <strong>de</strong> um sapo, uma aranha,<br />

um cachorrinho ou um rato silvestre. E gravada nas partes mais<br />

escondidas do corpo. Nos homens, costuma ficar sob as pálpebras, nos<br />

sovacos, nos lábios ou ombros. Nas mulheres, fica nos seios ou nas<br />

partes íntimas. Para produzir essas marcas, o diabo usa suas garras como<br />

carimbo”.


Morsmor<strong>de</strong>, o comando que faz a Marca Negra aparecer, quer dizer<br />

“morda um pedaço da morte” em francês, e é um encantamento que<br />

combina bem com os Comensais da Morte.<br />

Estiletes eram usados para espetar supostas bruxas e<br />

verificar se os sinais que possuíam eram Marcas do Diabo. O<br />

<strong>de</strong>senho mostra um falso estilete, cuja lâmina não machuca.<br />

Freqüentemente, caçadores <strong>de</strong> bruxas<br />

interpretaram cicatrizes, marcas <strong>de</strong> nascença, verrugas e<br />

outros sinais como a Marca do Diabo. As bruxas acusadas eram<br />

completamente <strong>de</strong>piladas para que cada parte <strong>de</strong> seu corpo pu<strong>de</strong>sse ser<br />

examinado.<br />

Mas os caçadores <strong>de</strong> bruxas não procuravam apenas a Marca do<br />

Diabo. Buscavam também a Marca da Bruxa. Só a Marca do Diabo<br />

significava um pacto especial, como o firmado entre Vol<strong>de</strong>mort e os<br />

Comensais da Morte. No entanto, embora consi<strong>de</strong>rada menos grave, a<br />

Marca da Bruxa podia ser fatal para as acusadas. Acreditava-se que toda<br />

bruxa tinha uma. E qualquer pinta, até mesmo uma verruguinha ou uma<br />

sarda um pouco maior, podia ser i<strong>de</strong>ntificada como o sinal fatídico.<br />

Entre as crenças da época havia uma que dizia que a Marca da<br />

Bruxa não sangrava nem doía. Por isso, as acusadas <strong>de</strong> feitiçaria eram


espetadas com estiletes para serem testadas. Como muitos caçadores só<br />

recebiam o pagamento por seu trabalho se conseguissem pegar uma<br />

bruxa, eles muitas vezes trapaceavam. Usavam estiletes muito<br />

parecidos com os que os mágicos <strong>de</strong> circo usam hoje em dia, cuja ponta<br />

some quando é pressionada contra a pele, sem ferir e sem causar dor.<br />

Veja também:<br />

Vassouras voadoras<br />

Vol<strong>de</strong>mort<br />

Assim, não é <strong>de</strong> espantar que tantas bruxas fossem encontradas...<br />

MCGONAGALL<br />

Por que a professora McGonagall aparece como uma gata?<br />

A primeiríssima bruxa a aparecer em A Pedra, mesmo antes <strong>de</strong><br />

<strong>Harry</strong>, é Minerva McGonagall, que se disfarça, na Rua dos Alfeneiros nº<br />

4, sob a forma <strong>de</strong> uma gata malhada. (Um gato lendo um mapa - na<br />

verda<strong>de</strong>, uma visão chocante para o Sr. Dursley, que não está<br />

inteiramente convencido <strong>de</strong> que uma coisa <strong>de</strong>ssas seja possível ou se<br />

“não seria um efeito da luz?”.)<br />

Ainda que o gato seja o animal que melhor reflete a


personalida<strong>de</strong> da professora McGonagall, um gato seria também a<br />

escolha mais a<strong>de</strong>quada para muitos bruxos e bruxas. Os gatos são<br />

antigos mascotes dos homens civilizados - estando domesticados há<br />

milhares <strong>de</strong> anos - e sempre foram associados à magia. Como um ser<br />

noturno, eles naturalmente aparecem ligados à escuridão, à Lua e ao<br />

mundo espiritual.<br />

Gatos na antigüida<strong>de</strong><br />

Os gatos foram reverenciados pelas culturas ancestrais do Egito<br />

e da índia, on<strong>de</strong> se originou o misticismo. A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Bubasti, que já foi<br />

a capital do Egito, <strong>de</strong>votava-se ao culto <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>usa com cabeça <strong>de</strong><br />

gato, Bast. Centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> peregrinos vinham à cida<strong>de</strong>, todos<br />

os anos. Aos gatos era dado um funeral luxuoso.<br />

BAST, A DEUSA-GATA EGlPCIA.


Na Europa também se <strong>de</strong>senvolveram rituais sagrados para<br />

homenagear os gatos. Na Roma antiga, a <strong>de</strong>usa Diana tinha o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

se transformar nesse animal. Na Escandinávia, dizia-se que Freya, a<br />

<strong>de</strong>usa nórdica do amor, do casamento e da fertilida<strong>de</strong>, viajava numa<br />

carruagem puxada por dois gatos. Os gatos também eram reverenciados<br />

em épocas primitivas na Inglaterra. Mas quando o cristianismo tomou o<br />

lugar do paganismo os gatos tornaram-se objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprezo, medo e<br />

superstição.<br />

Quando o Sr. Dursley<br />

arregala os olhos para a gata<br />

malhada - a professora<br />

McGonagall - e ela lhe <strong>de</strong>volve<br />

o olhar, não é surpresa que<br />

Dursley tenha (por um instante<br />

apenas, antes que sua atenção se<br />

<strong>de</strong>svie do felino) um<br />

pressentimento.<br />

Veja também:<br />

Animagos<br />

Sirius Black


NAGINI<br />

Qual dos aliados <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort é originário da índia?<br />

Em O Cálice, Vol<strong>de</strong>mort é mantido vivo pelo veneno <strong>de</strong> uma<br />

enorme serpente, Nagini. Mas ela não é uma serpente comum. Tem uma<br />

linhagem nobre e um importante papel na mitologia.<br />

Naga é uma palavra do sânscrito que quer dizer cobra, e nagi é a<br />

palavra para o feminino (nac) é também a palavra para cobra em diversos<br />

idiomas mo<strong>de</strong>rnos). No budismo e no hinduísmo, as najas são a raça <strong>de</strong><br />

cobra semidivinas, dotadas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>res. Vivem numa belíssima<br />

cida<strong>de</strong> dos subterrâneos. Algumas têm muitas cabeças. Na cabeça do rei<br />

das najas, Vasuki, está uma jóia brilhante, Nagamani, com<br />

extraordinários po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> cura. Em algumas lendas, as najas são<br />

humanas da cabeça até a cintura e serpentes da cintura para baixo. As<br />

najas-fêmeas são conhecidas como nagini.<br />

Conta-se que uma naja <strong>de</strong>u proteção a Buda, que meditava<br />

<strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> uma árvore durante uma forte tempesta<strong>de</strong>. A serpente<br />

enroscou-se em Buda e inflou sua cabeça para formar um guarda-chuva<br />

para ele. Do mesmo modo, há lendas que dizem que o mundo repousa<br />

sobre as muitas cabeças <strong>de</strong> uma naja chamada Ananta. E a rainha das<br />

najas, Vasuki, foi usada pelos <strong>de</strong>uses para revolver os oceanos e criar


Amrita, um elixir da imortalida<strong>de</strong>. Não por coincidência, é justamente<br />

isso o que Vol<strong>de</strong>mort <strong>de</strong>seja.<br />

UMA NAJA TIRADA DE UM ENTALHE NUMA PEDRA NO SRI LANKA.<br />

As najas têm uma interessante conexão com o basilisco. Assim<br />

como os galos são inimigos dos basiliscos, o inimigo mais constante <strong>de</strong><br />

uma naja é a garuda, um po<strong>de</strong>roso pássaro mitológico.<br />

NOMES<br />

De on<strong>de</strong> vêm esses nomes?<br />

Haverá algum escritor que crie nomes com mais cuidado e senso<br />

<strong>de</strong> humor do que J. K.. Rowling? Ela usa palavras estrangeiras,<br />

trocadilhos, anagramas, faz referências à história e à mitologia, e muitas


vezes tira nomes dos mapas. Algumas vezes ela simplesmente os<br />

inventa, como é o caso do quadribol. Um fã mais esperto reparou certa<br />

vez que as letras do nome do jogo estavam relacionadas aos nomes das<br />

bolas. Quidditch (nome do quadribol em inglês) seria formado por letras<br />

tiradas <strong>de</strong>: Quaffle (goles), bludger (balaço), e snitch (o pomo). Mesmo<br />

que Rowling não tenha usado a mesma lógica, po<strong>de</strong>mos ver por que o<br />

nome pareceu apropriado para ela.<br />

Rowling não apenas inventa palavras, ela também inventa<br />

histórias engraçadas para elas. Em Quadribol, escrito muito <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ela<br />

nos apresentar o jogo, Rowling habilidosamente respon<strong>de</strong> a muitas<br />

perguntas <strong>de</strong> seus fãs, simplesmente revelando que no mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong><br />

o jogo ganhou esse nome por conta do lugar on<strong>de</strong> foi disputado pela<br />

primeira vez: Queerditch Marsh.<br />

Freqüentemente, os nomes revelam alguma coisa acerca da<br />

personalida<strong>de</strong> do personagem. Algumas vezes, as referências são tão<br />

obscuras que po<strong>de</strong>mos até imaginar que Rowling esteja fazendo uma<br />

piada para si mesma. Uma coisa é certa: vale a pena investigar um pouco<br />

sobre cada um dos nomes, procurando significados ocultos. Abaixo,<br />

estão alguns <strong>de</strong>les.


Acrônimos<br />

N.O.M.: Níveis Ordinários <strong>de</strong> Magia. No original, Ordinary<br />

Wizarding Leveis (O.W.L.s, “coruja” em inglês). Passar nesse teste prova a<br />

habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguém.<br />

N.I.E.M.: Níveis Incrivelmente Exaustivos em Magia. Em<br />

inglês, no original, Nastily Exhausting Wizarding Tests é abreviado como<br />

N.E.W.T.s. Newts, em inglês, é um tipo <strong>de</strong> Salamandra. A poção<br />

preparada pelas três bruxas, no início do Macbeth, <strong>de</strong> Shakespeare, leva:<br />

“O olho <strong>de</strong> uma Salamandra e um <strong>de</strong>do do pé <strong>de</strong> um sapo, pêlo <strong>de</strong><br />

morcego e a língua <strong>de</strong> um cão.”<br />

Geografia<br />

Bagshot, Bathilda (autora <strong>de</strong> História da Magia): Bagshot é<br />

uma pequena cida<strong>de</strong> perto <strong>de</strong> Londres.<br />

Dursley: Uma cida<strong>de</strong> próxima à terra natal <strong>de</strong> Rowling.<br />

Firenze: Nome em italiano da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florença.<br />

Flitwick, professor <strong>de</strong> encantamentos: Flitwick é uma pequena<br />

cida<strong>de</strong> da Inglaterra.<br />

Snape, Severus: Snape é o nome <strong>de</strong> outro vilarejo na Inglaterra.


Rowling<br />

Os <strong>Potter</strong>s ganharam seu nome em homenagem a vizinhos <strong>de</strong> J. K.<br />

Palavras estrangeiras<br />

Beauxbatons: Palavra francesa que significa “belas varinhas”.<br />

Delacour, Fleur: Expressão francesa que quer dizer “flor da<br />

corte”, uma mulher da nobreza.<br />

Mosag: Termo galês que significa “mulher malvada, suja”.<br />

Literatura<br />

Diggory, Cedrico: Diggory Kirke é o herói <strong>de</strong> algumas das<br />

histórias <strong>de</strong> um dos livros prediletos <strong>de</strong> Rowling, The Chronicles oj Narmia,<br />

<strong>de</strong> C. S. Lewis.<br />

Flint, Marcus (capitão do time <strong>de</strong> quadribol da Sonserina):<br />

Possivelmente, recebeu seu nome do capitão John Flint, <strong>de</strong> A Ilha do<br />

Tesouro, <strong>de</strong> Robert Louis Stevenson. (Rudolf Hein, criador <strong>de</strong> um website<br />

<strong>de</strong>dicado a <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong>, foi quem fez essa associação inteligente.)<br />

Lockhart, Gil<strong>de</strong>roy: O primeiro nome <strong>de</strong>sse farsante sugere<br />

que ele é folheado a ouro - em inglês, gil<strong>de</strong>d -, o que o faria parecer


atraente e inteligente. O sobrenome encaixa bem no seu papel <strong>de</strong><br />

escritor <strong>de</strong> histórias <strong>de</strong> magia. Um homem chamado J.<br />

G. Lockhart foi genro e biógrafo <strong>de</strong> Sir Walter Scott, o<br />

autor escocês cuja habilida<strong>de</strong> inspirou a alcunha <strong>de</strong> “O<br />

Mago do Norte”.<br />

História<br />

Elfric the Eager (um bruxo malvado): Elfric (também se<br />

escreve Aelfric) era um nome bastante comum na Inglaterra<br />

anglo-saxônia. Um homem chamado Elfric foi um notório traidor, o<br />

comandante <strong>de</strong> um exército que, na véspera da batalha, fingiu estar<br />

doente e alertou o inimigo, conseguindo assim escapar.<br />

Grey, Lady: Lady Jane Grey foi rainha da Inglaterra por nove<br />

dias, em 1553, antes <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>posta. Tinha apenas quinze anos, na<br />

época, e foi <strong>de</strong>capitada no ano seguinte.<br />

Slytherin, Salazar: Antônio <strong>de</strong> Oliveira Salazar foi ditador em<br />

Portugal - on<strong>de</strong> J. K. Rowling viveu certa época - entre 1932 e 1968. Ele<br />

era conhecido por exercer o po<strong>de</strong>r impiedosamente. (Outra associação<br />

perspicaz feita por Rudolf Hein.)


Religião e mitologia<br />

Hermes: A coruja <strong>de</strong> Percy Weasley. Hermes era o mensageiro<br />

dos <strong>de</strong>uses gregos.<br />

Lupin, Remo (um lobisomem): Lúpus em latim significa<br />

“lobo”. Os lendários fundadores <strong>de</strong> Roma, que foram amamentados por<br />

uma loba, chamavam-se Rômulo e Remo.<br />

Patil, Parvati: Parvati é uma <strong>de</strong>usa hindu.<br />

Santos<br />

Edwiges: Uma santa que viveu na Alemanha<br />

nos séculos XII e XIII. É a padroeira <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

freiras que escolheram como missão cuidar da<br />

educação <strong>de</strong> crianças órfãs - como <strong>Harry</strong>.<br />

Ronan (centauro): Um santo irlandês. (Como alguns leitores<br />

lembram, Ronan, o centauro, tinha cabelos ruivos.)<br />

Miscelânea<br />

Jigger, Arsênio (autor <strong>de</strong> Bebidas e Poções Mágicas): O


arsênico é um veneno usado em muitas misturas mágicas. Um jigger uma<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medida <strong>de</strong> líqüidos.<br />

Skeeter, Rita: Skeeter, em inglês, é um tipo <strong>de</strong> mosquito, um<br />

inseto sugador <strong>de</strong> sangue e irritante, que todo mundo quer matar com<br />

um tapa. Combina bem com a Rita...<br />

Spore, Felícia (autor <strong>de</strong> Mil Ervas e Fungos Mágicos): Vem<br />

<strong>de</strong> “esporos”, sementes. Phylum, em grego, significa “folhas”.<br />

Beco Diagonal: Típico <strong>de</strong> um mundo <strong>de</strong> bruxos, on<strong>de</strong> uma rua<br />

não segue reto, mas na diagonal.<br />

Travessa do Tranco: Rua pouco<br />

recomendável, on<strong>de</strong> lojas como a Borgin & Burkes<br />

aten<strong>de</strong>m àqueles que praticam as Artes das Trevas.<br />

RUNAS<br />

O que são as runas da Penseira?<br />

Dumbledore tem tantas lembranças, que guarda parte <strong>de</strong>las<br />

numa penseira, uma “bacia <strong>de</strong> pedra rasa, com entalhes estranhos na<br />

borda”. J. K. Rowling criou a palavra pensieve (como no texto original) a


partir do francês penser (pensar) e sieve (coador), utensílio usado para coar<br />

substâncias líquidas, livrando-as <strong>de</strong> resíduos in<strong>de</strong>sejáveis. Em português,<br />

a pensieve foi traduzida por “Penseira”.<br />

<strong>Harry</strong> reconhece algumas <strong>de</strong>ssas inscrições - são runas. Mas o<br />

que são runas e por que existem inscrições rúnicas na penseira?<br />

As runas são o primeiro alfabeto conhecido das tribos do norte<br />

da Europa, usado na Bretanha, Escandinávia e Islândia. Surgiram<br />

aproximadamente no século III d.C. e estiveram em uso por mais <strong>de</strong> mil<br />

anos. As primeiras seis letras eram f, u, th, a, r e k; por isso, esse alfabeto<br />

é às vezes chamado <strong>de</strong> futhark. Rûn é a palavra gaélica para “segredo” e<br />

helrûn significa “profecia”, sugerindo que esse alfabeto teria sido usado<br />

em rituais mágicos. Dizem também que ele vem dos próprios <strong>de</strong>uses.<br />

Odin se pendurou por nove dias na Yggdrasil, a gran<strong>de</strong> árvore - um<br />

freixo - que sustentaria a terra, o paraíso e o inferno, para obter o<br />

conhecimento das runas. O sacrifício <strong>de</strong> Odin simboliza o gran<strong>de</strong> valor<br />

dado ao conhecimento. De fato, primitivamente, quando as runas foram<br />

usadas, havia pouca distinção entre conhecimento e magia. Por vezes, as<br />

runas eram utilizadas para jazer profecias e, nos anos recentes, essa prática<br />

voltou a se tornar popular. Os símbolos rúnicos são lidos assim como<br />

alguns tarólogos lêem as cartas do tarô.


RUNAS WONGS, GRAVADAS NUMA PEDRA<br />

As runas aparecem constantemente em J. R. R. Tolkien, no<br />

correr das aventuras <strong>de</strong> O Senhor dos Anéis. O anel, tão importante nessa<br />

história e mencionado no título, tem uma mensagem gravada com<br />

inscrições rúnicas. Tolkien, que adorava criar novas palavras, assim<br />

como Rowling, criou todo um alfabeto e uma língua rúnicas.<br />

Veja também:<br />

Adivinhação<br />

PLACA GRAVADA COM RUNAS DO ANO 1000 D. C.


SEREIANOS<br />

Por que teríamos medo <strong>de</strong> uma criatura do mar?<br />

Sereia vem do latim sirena, significando “aquele que canta <strong>de</strong><br />

maneira agradável”. São seres que têm torsos humanos, mas caudas <strong>de</strong><br />

peixe prateadas no lugar <strong>de</strong> pernas. Os Sereianos, povo que mora no<br />

lago <strong>de</strong> Hogwarts, como outros na literatura, têm pele ver<strong>de</strong> e longas<br />

cabeleiras ver<strong>de</strong>s. ( J. K. Rowling acrescentou alguns <strong>de</strong>talhes para fazer<br />

seus seres do mar únicos. Suas casas são organizadas em vilas, como as<br />

casas dos subúrbios, em terra firme, e eles têm grindylows como<br />

mascotes.)<br />

As lendas sobre os seres do mar estão presentes em quase todas<br />

as culturas. Por exemplo, uma vez foi dito que a aristocracia francesa<br />

<strong>de</strong>scendia da sereia Melusina.<br />

As sereias da mitologia grega cantam para os marinheiros que<br />

passam ao largo, enfeitiçando-os a ponto <strong>de</strong> atraí-los para a morte,<br />

contra as rochas.<br />

Quando <strong>Harry</strong> conhece os Sereianos, durante a segunda tarefa<br />

do Torneio Tribruxo, <strong>de</strong>para-se com os mesmos perigos que o contato<br />

com um sereiano sempre simboliza: o risco <strong>de</strong> o mar se tornar tão


sedutor que as pessoas jamais retornem à terra firme. Assim como um<br />

personagem <strong>de</strong> Twice-Told Tales, do escritor americano do século XIX<br />

Nathaniel Hawthorne, conta a uma jovem: “Vislumbro você como<br />

pessoa aparentada à raça das sereias e penso como seria <strong>de</strong>licioso morar<br />

com você em uma enseada escondida, à sombra dos penhascos, e seguir<br />

sem <strong>de</strong>stino, abrigado em praias da areia mais pura. E, quando nossos<br />

litorais do norte se tornarem <strong>de</strong>sertos, iremos assombrar as ilhas, ver<strong>de</strong>s<br />

e solitários, longe a<strong>de</strong>ntro dos mares quentes.”<br />

Veja também:<br />

Animais fantásticos<br />

Grindylows<br />

Kappas


SIRIUS BLACK<br />

Por que Sirius Black vira um cachorro negro?<br />

Sirius Black, padrinho <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, é um fugitivo do Ministério da<br />

Magia, que acredita, erroneamente, que ele é um Comensal da Morte.<br />

Ele só conseguiu escapar <strong>de</strong> Azkaban porque é um animago.<br />

Transformou-se em cachorro, se esgueirou entre as barras da cela e fugiu<br />

nadando.<br />

A estrela do cão<br />

A forma <strong>de</strong> cachorro negro combina perfeitamente com o<br />

padrinho <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>. Sirius é o nome <strong>de</strong> uma estrela, assim chamada por<br />

ser a mais brilhante <strong>de</strong> todas - a palavra grega seirios quer dizer<br />

“incan<strong>de</strong>scente”. Essa estrela também é conhecida como Cão, por ser<br />

parte da constelação do Cão Maior.<br />

Sirius, a estrela, tem gran<strong>de</strong> significado para o mundo mágico.<br />

Ela é o símbolo da <strong>de</strong>usa Ísis, uma das mais importantes na religião e<br />

filosofia do antigo Egito, on<strong>de</strong> se originou a maior parte da magia.<br />

Os egípcios usavam Sirius para marcar o calendário, porque seu


movimento está ligado às estações do ano. No primeiro dia do verão, ela<br />

nasce um pouco antes do Sol. Este era o dia do ano novo no antigo<br />

Egito. Sirius também prenunciava a enchente anual do Nilo, que tinha<br />

importância vital para a fertilida<strong>de</strong> dos campos <strong>de</strong> plantação. Em alguns<br />

países, os dias <strong>de</strong> verão - longos e quentes - ainda são chamados “dias <strong>de</strong><br />

cão” porque Sirius marca sua chegada.<br />

A DEUSA EGÍPCIA ÍSIS.<br />

Para os egípcios, Sirius não era apenas significativa para a vida na<br />

Terra. Como conta um egiptólogo, Sirius era “a casa das almas que se<br />

vão”. A estrela era tão importante que templos eram erguidos <strong>de</strong> forma a<br />

estarem alinhados com sua órbita através do céu. Um arqueólogo<br />

verificou que os maiores túneis ou respiradouros da Gran<strong>de</strong> Pirâmi<strong>de</strong>


<strong>de</strong>ixam entrever estrelas durante o dia, e a parte do céu visível é<br />

justamente on<strong>de</strong> Sirius aparece. Outro estudioso afirmou que “essas<br />

aberturas eram caminhos para a alma”.<br />

Padfoot (Almofadinha)<br />

Não é só o nome que mostra como o cachorro negro é o animago<br />

apropriado para Sirius Black. Cães negros mágicos aparecem<br />

misteriosamente em toda a Europa e América do Norte. Vários foram<br />

<strong>de</strong>scobertos na Grã-Bretanha, on<strong>de</strong> são conhecidos por nomes como<br />

Black Shuck, Old Shuck, Shucky Dog, Shung Monster e Shag Dog.<br />

Todos esses nomes possuem em comum o fato <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivarem da<br />

palavra anglo-saxônia scucca, que quer dizer “<strong>de</strong>mônio”. Os habitantes <strong>de</strong><br />

Staffordshire, na Inglaterra, <strong>de</strong>ram a esse cão mágico o mesmo nome<br />

que Sirius adota: Padfoot, transformado em Almofadinha na tradução<br />

brasileira.<br />

Não se sabe a origem <strong>de</strong> Snuffles, nome pelo qual Sirius pe<strong>de</strong> para ser chamado<br />

por <strong>Harry</strong> em conversações casuais com Rony e Hermione. Talvez ele imagine que seja<br />

um nome inocente, incapaz <strong>de</strong> atrair a atenção dos bisbilhoteiros.<br />

Há quem acredite que esses cachorros protegem os pátios das


igrejas ou as estradas. Outros dizem que eles perambulam a esmo<br />

durante a noite. Testemunhas oculares afirmam que eles aparecem <strong>de</strong><br />

repente, muitas vezes ao lado <strong>de</strong> um viajante solitário. Eles costumam<br />

ser maiores do que os cães normais. E po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>saparecer em um<br />

segundo ou ir sumindo aos poucos. Ocasionalmente, aparecem sem a<br />

cabeça. Seus olhos quase sempre são <strong>de</strong>scritos como enormes e<br />

faiscantes. Surpreen<strong>de</strong>ntemente, costumam ser silenciosos.<br />

Em tempos passados, alguns estudiosos achavam que o cão<br />

negro era a forma preferida pelo diabo. Mesmo entre pessoas menos<br />

impressionáveis, é comum que os cães negros <strong>de</strong>spertem pavor. Muitos<br />

o consi<strong>de</strong>ram como um presságio <strong>de</strong> morte. E é precisamente isso o que<br />

a professora Trelawney diz a <strong>Harry</strong> a respeito <strong>de</strong> seus primeiros<br />

encontros com Sirius. Ela se refere ao cachorro negro como o Sinistro,<br />

outro nome muito usado.<br />

Os relatos <strong>de</strong> testemunhas oculares remontam a muitos séculos<br />

atrás. Uma impressionante história <strong>de</strong> 1577 <strong>de</strong>screve a chegada <strong>de</strong> um<br />

cachorro negro a uma igreja: “Ali<br />

chegou, em sua mais terrível forma,<br />

um cachorro negro, juntamente<br />

com lampejos <strong>de</strong> fogo tão<br />

apavorantes que muitas pessoas<br />

acharam que era chegado o dia do


Juízo Final. Esse cachorro - ou o diabo em tal disfarce - correu toda a<br />

extensão da igreja com gran<strong>de</strong> rapi<strong>de</strong>z e incrível velocida<strong>de</strong>, passou entre<br />

duas pessoas enquanto elas se ajoelhavam e arrancou o pescoço das duas<br />

ao mesmo tempo.”<br />

Talvez este tenha sido um inci<strong>de</strong>nte horrível. Mas nem todas as<br />

aparições são tão apavorantes. Em relatos mais recentes, o cachorro<br />

negro parece menos malévolo. De acordo com um estudioso, “há mais<br />

evidências <strong>de</strong> que os cachorros negros são amigáveis - ou pelo menos <strong>de</strong><br />

que não são agressivos - do que o contrário. Os cachorros quase sempre<br />

são úteis para o homem”.<br />

Veja também:<br />

Animagos<br />

Egito<br />

McGonagall


TRASGOS<br />

Por que os trasgos cheiram mal?<br />

Os trasgos são uma raça <strong>de</strong> ogros cuja aparência é tão<br />

<strong>de</strong>sagradável quanto sua personalida<strong>de</strong>. Em A Pedra, o professor<br />

Quirrell, que mais tar<strong>de</strong> diz ter “um talento especial para lidar com<br />

trasgos”, secretamente leva um <strong>de</strong>les para Hogwarts: “Era uma visão<br />

medonha. Quase quatro metros <strong>de</strong> altura, a pele cinzenta e baça, o<br />

corpanzil cheio <strong>de</strong> calombos como um pedregulho e uma cabecinha no<br />

alto, que mais parecia um coco. Tinha pernas curtas, grossas como um<br />

tronco <strong>de</strong> árvore e pés chatos e calosos. O cheiro <strong>de</strong>le era inacreditável.”<br />

As lendas sobre os trasgos são originárias da Escandinávia, on<strong>de</strong><br />

essas criaturas costumavam assustar os habitantes da região rural com<br />

seus po<strong>de</strong>res mágicos e seu tamanho. De acordo com algumas <strong>de</strong>ssas<br />

lendas, eles viviam em castelos subterrâneos. Só saíam à noite e podiam<br />

ser transformados em pedra pela luz do sol.<br />

Quando os escandinavos migraram para a Inglaterra, os trasgos<br />

os acompanharam. Costumavam construir suas moradas <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong><br />

pontes. Isso po<strong>de</strong> explicar por que cheiram a água <strong>de</strong> esgoto. Conta-se<br />

que algumas enormes rochas no norte da Inglaterra são na verda<strong>de</strong><br />

trasgos que foram pegos pelo nascer do sol.


Sua má reputação entre os humanos provém <strong>de</strong> inúmeras lendas.<br />

Eles <strong>de</strong>testam o barulho que as pessoas fazem e que os <strong>de</strong>ixa muito<br />

irritados. Atacam mulheres e crianças. Alguns <strong>de</strong>les são canibais.<br />

Em Peer Gynt, uma famosa peça <strong>de</strong> teatro do norueguês Henrik<br />

Ibsen, o personagem que lhe dá o título age como um trasgo, brincando,<br />

ao avisar: “Virei para o seu lado hoje à meia-noite. Se você escutar<br />

alguém silvando e cuspindo, não pense que se trata <strong>de</strong> um gato. Sou eu,<br />

moça! Vou recolher o seu sangue numa taça e, quanto à sua irmãzinha,<br />

vou <strong>de</strong>vorá-la.”<br />

Po<strong>de</strong>mos imaginar que os trasgos sofram o mesmo preconceito<br />

que os gigantes. Mais à frente, na peça <strong>de</strong> Ibsen, Peer Gynt encontra um<br />

trasgo que lhe diz: “Nós, o povo trasgo, meu filho, não somos tão feios<br />

quanto nos pintam.” Apesar <strong>de</strong> ser difícil acreditar que sejam seres<br />

amigáveis, é possível perceber que eles não são piores do que os<br />

humanos. Em dado momento, o amigo <strong>de</strong> Gynt lhe pergunta: “Qual a<br />

diferença entre os trasgos e os homens?” E Gynt respon<strong>de</strong>: “Nenhuma,<br />

pelo que eu entendo. Trasgos gran<strong>de</strong>s irão pôr você para assar, e trasgos<br />

pequenos vão mordê-lo. Conosco se daria a mesma coisa, se os<br />

humanos se atrevessem a fazê-lo.”<br />

Veja também:<br />

Gnomos


UNICÓRNIOS<br />

Como pegar um unicórnio?<br />

Poucas criaturas mágicas estimularam tanto a imaginação dos<br />

seres humanos, e <strong>de</strong> forma tão profunda, quanto o elegante unicórnio.<br />

Mesmo no mundo mágico <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, com tantos seres fantásticos, o<br />

unicórnio é um símbolo sagrado. Em O Cálice, J. K. Rowling <strong>de</strong>screve<br />

filhotes <strong>de</strong> unicórnio que são <strong>de</strong> “puro ouro” com “sangue prateado”. O<br />

pêlo <strong>de</strong>les também se torna prata quando têm por volta <strong>de</strong> dois anos, e<br />

eles “ficam imaculadamente brancos” na ida<strong>de</strong> madura.<br />

Antigos unicórnios<br />

Os unicórnios aparecem na arte e na mitologia da antiga<br />

Mesopotâmia, China e Índia. O naturalista romano Plínio, baseado em<br />

relatos orais, chamou-os <strong>de</strong> “uma besta extremamente feroz, similar no<br />

corpo a um cavalo, com cabeça <strong>de</strong> cervo, cascos <strong>de</strong> elefante, cauda <strong>de</strong><br />

javali, voz profunda e um chifre negro, <strong>de</strong> dois cúbitos (cerca <strong>de</strong> um<br />

metro) <strong>de</strong> comprimento, que se projeta do centro da testa.”<br />

Um viajante do início do século XVI conta ter visto dois


unicórnios em Meca:<br />

O mais velho parece um potro <strong>de</strong> trinta meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e tem um chifre do<br />

comprimento <strong>de</strong> três braços no meio da testa. O outro lembra um potro <strong>de</strong> um ano e<br />

tem um chifre <strong>de</strong> aproximadamente trinta centímetros. Sua cor é como a do cavalo<br />

baio, e sua cabeça se assemelha à do cervo macho. Seu pescoço não é muito comprido,<br />

com pêlos grossos e curtos que caem para os lados. As patas são esguias e recurvadas<br />

como as das cabras. Os cascos são em forma <strong>de</strong> trevo na parte frontal e compridos como<br />

os das cabras, com um pouco <strong>de</strong> pêlo na parte traseira. Em verda<strong>de</strong>, esse monstro <strong>de</strong>ve<br />

ser muito selvagem e solitário. Esses dois unicórnios foram oferecidos ao sultão <strong>de</strong> Meca<br />

como se fossem o mais precioso presente que se po<strong>de</strong>ria oferecer nos dias atuais, e como<br />

o maior tesouro já dado por um rei da Etiópia, ou seja, por um monarca mouro. Ele<br />

enviou tal presente com o objetivo <strong>de</strong> consolidar a aliança com o dito sultão <strong>de</strong> Meca.


Plínio relata que o unicórnio “não po<strong>de</strong> ser capturado vivo”.<br />

William Shakespeare refere-se a essa mesma natureza fugidia do animal:<br />

“A maior glória, eterna seja, é serenar reis beligerantes, <strong>de</strong>smascarar a<br />

falsida<strong>de</strong> e trazer a verda<strong>de</strong> à luz... e domesticar o unicórnio e o leão.”<br />

Outros escritores sugerem que o truque é usar como isca para o<br />

unicórnio uma jovem virgem - e, embora esse método nunca tenha<br />

funcionado, ele combina bem com a característica atribuída ao unicórnio<br />

<strong>de</strong> representar a pureza e a castida<strong>de</strong>. Muitas tapeçarias medievais<br />

retratam cenas com unicórnios para aludir ao po<strong>de</strong>r sagrado da <strong>de</strong>voção.<br />

O Velho Testamento refere-se ao unicórnio várias vezes: “Deus os tirou<br />

do Egito e lhes <strong>de</strong>u o po<strong>de</strong>r do unicórnio” (Números, 23:22); “Seus<br />

chifres eram como os do unicórnio: com eles, <strong>de</strong>veria conduzir o povo<br />

unido até os confins da Terra” (Deuteronômio, 33:17), “Meu chifre<br />

<strong>de</strong>vem eles exaltar, como ao chifre do unicórnio” (Salmos, 92:10);<br />

“Estará o unicórnio disposto a servi-los ou aguardará no estábulo?” (Jó,<br />

39:9). Essas referências, para alguns estudiosos, indicam que o unicórnio<br />

é na verda<strong>de</strong> um símbolo <strong>de</strong> Cristo.<br />

Os po<strong>de</strong>res mágicos <strong>de</strong> cura<br />

O po<strong>de</strong>r do unicórnio <strong>de</strong> salvar o corpo e a alma <strong>de</strong> uma pessoa<br />

incorporou-se às lendas. Ctesias, um médico grego a serviço do


mandatário da Pérsia, por volta <strong>de</strong> 400 a.C, escreveu um dos primeiros<br />

registros sobre o unicórnio:<br />

Existem na índia certos asnos selvagens tão gran<strong>de</strong>s quanto cavalos, ou<br />

mesmo maiores. Seus corpos são brancos, suas cabeças vermelho-escuro e seus olhos <strong>de</strong><br />

um azul profundo.<br />

Eles têm um chifre na testa que tem aproximadamente meio metro <strong>de</strong><br />

comprimento. O pó extraído <strong>de</strong>sse chifre é administrado numa poção como proteção<br />

contra drogas mortais. A base do chifre, até dois palmos mais ou menos <strong>de</strong> sua raiz,<br />

é do branco mais puro. A extremida<strong>de</strong> superior é pontuda e do rubro mais vivido, e o<br />

restante, ou o meio, é preto. Segundo dizem, aqueles que bebem nesses chifres<br />

transformados em taças se livram <strong>de</strong> convulsões e da Doença Sagrada (epilepsia). De<br />

fato, tornam-se imunes a venenos, antes ou <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ingeri-los, se beberem vinho, água<br />

ou qualquer outra coisa usando esses chifres.


UNICÓRNIO TIRADO DE UM BRASÃO DE FAMÍLIA<br />

Essas qualida<strong>de</strong>s medicinais, tão importantes para uma pessoa<br />

em estado crítico como Vol<strong>de</strong>mort - que, em A Pedra, mata um<br />

unicórnio para beber seu sangue e assim manter-se vivo -, fizeram do<br />

unicórnio, há muito, alvo <strong>de</strong> caçadores. Mas, como diz Firenze, o<br />

centauro, “abater um unicórnio é crime monstruoso”.<br />

Veja também:<br />

Ceutauros<br />

Floresta


VABLATSKY<br />

Quem realmente escreveu o livro <strong>de</strong> adivinhações?<br />

O livro usado pelos alunos <strong>de</strong> Hogwarts nas aulas <strong>de</strong><br />

adivinhação - Esclarecendo o Futuro — foi escrito por uma mulher<br />

chamada Cassandra Vablatsky. O nome vistoso é bem apropriado para<br />

uma especialista em adivinhar o futuro. Vem <strong>de</strong> duas pessoas cujas vidas<br />

estiveram associadas à formulação <strong>de</strong> profecias e à magia.<br />

Na mitologia grega, Cassandra era uma vi<strong>de</strong>nte - podia prever o<br />

futuro. Recebeu esse dom do <strong>de</strong>us Apolo, que a amava. Ele lhe<br />

prometera o dom da profecia se ela retribuísse seus sentimentos. Mas,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> se tornar clarivi<strong>de</strong>nte, ela mudou <strong>de</strong> idéia, e Apolo, enfurecido,<br />

amaldiçoou-a. Sua con<strong>de</strong>nação foi que ninguém jamais acreditasse em<br />

suas palavras, o que trouxe a Cassandra muito sofrimento.<br />

Cassandra aparece na bem conhecida história do cavalo <strong>de</strong> Tróia.<br />

Como filha <strong>de</strong> Príamo, rei <strong>de</strong> Tróia, ela estava na cida<strong>de</strong> quando os<br />

gregos atacaram. Posteriormente, quando fingiram <strong>de</strong>sistir, <strong>de</strong>ixando<br />

para trás, como presente, um enorme cavalo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, ela avisou ao<br />

pai que ele não <strong>de</strong>veria ainda começar a comemorar - e, principalmente,<br />

não <strong>de</strong>veria trazer o cavalo para <strong>de</strong>ntro dos muros da cida<strong>de</strong>. No<br />

entanto, <strong>de</strong>vido à maldição <strong>de</strong> Apolo, o pai não lhe <strong>de</strong>u atenção. Como


se sabe, os soldados gregos estavam escondidos no interior do cavalo.<br />

Eles esperaram até que todos os habitantes estivessem adormecidos e<br />

então, sorrateiramente, saíram do seu escon<strong>de</strong>rijo e tomaram Tróia.<br />

O sobrenome Vablatsky vem, sem dúvida, <strong>de</strong> Helena Petrovna<br />

Blavatsky (1811-1891). Ela foi uma das fundadoras da Socieda<strong>de</strong><br />

Teosófica, cujos objetivos incluem “investigar as leis inexplicáveis da<br />

natureza e os po<strong>de</strong>res latentes na humanida<strong>de</strong>” - em outras palavras,<br />

estudar magia.<br />

Veja também:<br />

Adivinhações<br />

Runas


VARINHAS MÁGICAS<br />

Por que os bruxos usam varinhas mágicas?<br />

Não há dúvida <strong>de</strong> que a varinha mágica é a ferramenta mais<br />

importante dos bruxos. No mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong>, elas são feitas <strong>de</strong> uma<br />

combinação <strong>de</strong> matéria-prima obtida <strong>de</strong> criaturas mágicas - tais como<br />

“pêlos <strong>de</strong> unicórnios, penas da cauda da fênix, fibras do coração <strong>de</strong><br />

dragões” - com ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> salgueiro, mogno, teixo, carvalho, faia, bordo<br />

e ébano. Cada varinha não apenas combina com a personalida<strong>de</strong> do seu<br />

dono, mas, na prática, é ela que escolhe o bruxo a quem pertencerá.<br />

Varinhas antigas<br />

Ao que parece, os bruxos sempre usaram varinhas mágicas.<br />

Esses pequenos bastões - em alguns casos, não tão pequenos assim - são<br />

capazes <strong>de</strong> concentrar o po<strong>de</strong>r mágico.<br />

Há antropólogos que acreditam que algumas pinturas <strong>de</strong><br />

cavernas, datadas da Ida<strong>de</strong> da Pedra, mostrando pessoas portando<br />

pequenas varas, retratam os lí<strong>de</strong>res das tribos com suas varas atestando o<br />

seu po<strong>de</strong>r. Isto é apenas um palpite, mas há fatos comprovados que


emontam pelo menos ao antigo Egito. Existem hieróglifos mostrando<br />

sacerdotes segurando pequenos bastões. Hermes, o mensageiro dos<br />

<strong>de</strong>uses gregos, carregava consigo uma vara especial chamada <strong>de</strong> caduceu,<br />

com asas e duas cobras enroscadas, significando a sabedoria e os<br />

po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> cura. Os médicos adotaram essa vara como seu símbolo,<br />

centenas <strong>de</strong> anos atrás, e o usam até hoje.<br />

No passado, alguns dos bruxos fizeram varas da ma<strong>de</strong>ira do<br />

sabugueiro, que é consi<strong>de</strong>rada especialmente dotada <strong>de</strong> magia. Aqueles<br />

que praticam a magia negra usam, com freqüência, o cipreste, que é<br />

associado à morte. No entanto, J. K. Rowling nos conta que a varinha <strong>de</strong><br />

Vol<strong>de</strong>mort é feita <strong>de</strong> teixo. E isso também faz sentido. O teixo tem<br />

imenso po<strong>de</strong>r sobrenatural. Houve tempo em que o teixo era uma das<br />

poucas árvores que permaneciam sempre ver<strong>de</strong>s, na Inglaterra, e assim<br />

tornou-se símbolo tanto da morte quanto do renascimento - a mesma<br />

imortalida<strong>de</strong> que Vol<strong>de</strong>mort <strong>de</strong>sesperadamente <strong>de</strong>seja.<br />

Os druidas possuíam diferentes varinhas mágicas para cada um dos sete<br />

níveis <strong>de</strong> sacerdócio.


O DEUS EGÍPCIO TOTH TAMBÉM FOI RETRATADO CARREGANDO UMA<br />

Veja também:<br />

Druidas<br />

Egito<br />

VERSÃO PRIMITIVA DO CADUCEU.


VASSOURAS VOADORAS<br />

Será que as bruxas sempre usaram vassouras voadoras?<br />

De acordo com a lenda, vassouras voadoras são o meio <strong>de</strong><br />

transporte mais comum entre as bruxas. Um popular escritor<br />

norte-americano do século XIX, chamado Oliver Wen<strong>de</strong>ll Holmes,<br />

compôs estes versos:<br />

O condado <strong>de</strong> Essex tem muitos telhados<br />

Bem conhecidos pelo diabo.<br />

As panelinhas quadradas ficam totalmente à vista,<br />

O que facilita que as bruxas da meia-noite,<br />

Como sombras contra o céu,<br />

Montem suas bem-treinadas vassouras voadoras,<br />

Atravessem o caminho das corujas e morcegos,<br />

E agarrem antes <strong>de</strong>les seus gatos negros como carvão.<br />

Vassouras são objetos domésticos, mais comumente associadas a<br />

mulheres do que a homens. Este é o motivo provável pelo qual bruxas -<br />

e não bruxos - utilizam vassouras como meio <strong>de</strong> transporte. Feiticeiros<br />

voadores costumam usar forcados - um tipo <strong>de</strong> garfo gran<strong>de</strong> usado na


lavoura. Por razões <strong>de</strong>sconhecidas, era mais comum avistar bruxas<br />

voando na Europa e na América do que na Inglaterra.<br />

As vezes, as bruxas eram acusadas <strong>de</strong> voar para o mar com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

produzir tempesta<strong>de</strong>s.<br />

Acreditava-se que as bruxas untassem suas vassouras com<br />

substâncias mágicas para fazê-las voar, o que lembra um pouco o<br />

pó-<strong>de</strong>-flu. De acordo com a lenda, elas saíam direto pelas chaminés.<br />

Provavelmente, trata-se <strong>de</strong> um exagero sobre uma prática real. Era<br />

costume empurrar uma vassoura chaminé acima para avisar aos vizinhos<br />

que não havia ninguém em casa.<br />

Quando os al<strong>de</strong>ões suspeitavam da presença <strong>de</strong> bruxas à solta<br />

pelos céus, eles tocavam os sinos da igreja, que supostamente tinha o<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubar as bruxas <strong>de</strong> suas vassouras.


NESTA GRAVURA DO SÉCULO XVI, UMA BRUXA SAI PELA CHAMINÉ, ENQUANTO OUTRA SE<br />

VEELAS<br />

PREPARA PARA FAZER O MESMO.<br />

O que <strong>de</strong>ixa as veelas zangadas?<br />

Veelas, os sedutores espíritos da natureza que aparecem pela<br />

primeira vez em O Cálice, têm sua origem na Europa Central. São - ou<br />

parecem ser - belíssimas jovens. Em algumas histórias, diz-se que são os<br />

fantasmas <strong>de</strong> mulheres que não foram batizadas, cujas almas não<br />

conseguem <strong>de</strong>ixar a terra. A beleza <strong>de</strong>las é espantosa e por isso po<strong>de</strong>m<br />

fazer os homens agir como idiotas. Elas têm cabelos tão claros que


parecem brancos.<br />

O lado sombrio das veelas<br />

As veelas são bastante invejosas. Uma famosa lenda servia, O<br />

Príncipe Marko e a Veela, conta a história do encontro com uma <strong>de</strong>las,<br />

chamada Ravioyla:<br />

Dois irmãos, Duke Milosh e Kralyevich Marko, percorriam juntos, a cavalo,<br />

a estrada da magnífica montanha Miroch. Quando o sol se levantou, Marko caiu no<br />

sono sobre a sela. Despertou assustado. 'Milosh', ele disse, 'não consigo me manter<br />

acordado. Cante para evitar que eu durma.'<br />

Duke Milosh respon<strong>de</strong>u: 'Oh, Kralyevitch Marko, eu não posso cantar para<br />

você. Na noite passada, estive com a veela Ravioyla e bebi <strong>de</strong>mais, além <strong>de</strong> cantar alto<br />

<strong>de</strong>mais e bem <strong>de</strong>mais. Então, a veela me avisou que, se eu cantar em sua montanha,<br />

ela vai disparar suas flechas contra mim.'<br />

Kralyevich Marko replicou: 'Irmão, você não <strong>de</strong>ve ter medo <strong>de</strong> uma veela. Eu<br />

sou Kralyevich Marko. Com meu machado <strong>de</strong> guerra feito <strong>de</strong> ouro, estamos ambos a<br />

salvo.' Assim, Milosh entoou uma canção que contava a história <strong>de</strong> reis e reinados e<br />

das glórias <strong>de</strong> nosso país.<br />

Marko escutava, mas a canção não o manteve <strong>de</strong>sperto. Logo, estava <strong>de</strong> novo<br />

entregue aos sonhos.<br />

A veela Ravioyla escutou Milosh e cantou para ele, também, com sua bela


voz. Mas Milosh respon<strong>de</strong>u com uma voz ainda mais bela, e isso a irritou tanto quanto<br />

da vez anterior. Ela voou até a montanha Miroch e, com perícia, disparou duas flechas<br />

do seu arco. Uma atingiu Milosh na garganta, silenciando-o. A outra atravessou seu<br />

coração.<br />

Ambos os cavalos se <strong>de</strong>tiveram e Marko acordou. Com gran<strong>de</strong> esforço,<br />

Milosh foi capaz <strong>de</strong> falar, mas era somente seu último suspiro. Ele disse para Marko:<br />

'Meu irmão! A veela Ravioyla disparou suas flechas contra mim porque cantei na<br />

montanha Miroch.'<br />

As veelas também são versadas nas artes da cura e possuem<br />

conhecimentos extraordinários sobre remédios naturais. Na história<br />

acima, Ravioyla cura Milosh e avisa a outras veelas que não <strong>de</strong>vem<br />

perturbar aqueles homens. De fato, as veelas em geral são gentis com os<br />

seres humanos - e sabe-se que se casam freqüentemente com mortais. O<br />

que mais as aborrece é quando alguém interrompe o seu ritual <strong>de</strong> dança.<br />

Se isso acontece, po<strong>de</strong>m ficar furiosas. Como espíritos do vento, as<br />

veelas po<strong>de</strong>m invocar re<strong>de</strong>moinhos e tempesta<strong>de</strong>s e é o que fizeram<br />

durante a Copa Mundial <strong>de</strong> Quadribol.<br />

Veja também:<br />

Duen<strong>de</strong>s


VOLDEMORT<br />

Que pesa<strong>de</strong>los terão gerado Vol<strong>de</strong>mort?<br />

Nada faz um herói brilhar mais do que um gran<strong>de</strong> vilão. Lord<br />

Vol<strong>de</strong>mort - o semitrouxa nascido Thomas Marvolo Riddle - se encaixa<br />

bem nessa fórmula. Não é à toa que os bruxos o chamam <strong>de</strong> Senhor das<br />

Trevas. O título <strong>de</strong>screve toda uma longa linhagem <strong>de</strong> vilões com os<br />

quais Vol<strong>de</strong>mort tem muito em comum.<br />

Os críticos John Clute e John Grant <strong>de</strong>stacam alguns elementos<br />

que caracterizam um clássico Senhor das Trevas:<br />

* Freqüentemente, é um ser que foi <strong>de</strong>rrotado - mas não<br />

<strong>de</strong>struído - num tempo remoto.<br />

sobrenatural.<br />

* Aspira a se tornar o Príncipe <strong>de</strong>ste mundo.<br />

* É uma “força abstrata”, menos carne e sangue e mais energia<br />

* Representa “redução”, a idéia <strong>de</strong> que, “antes <strong>de</strong> a história escrita<br />

ter começado, houve uma queda”, tal como o caos e as mortes que<br />

Vol<strong>de</strong>mort provocou antes <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> ser enviado para os Dursley.<br />

* Também simboliza “<strong>de</strong>gradação”, um colapso moral


freqüentemente como resultado <strong>de</strong> uma barganha questionável, como a<br />

posta em curso pelos Comensais da Morte, que visavam obter po<strong>de</strong>r<br />

por meio <strong>de</strong> sua aliança com Vol<strong>de</strong>mort.<br />

* Pratica o mal por inveja.<br />

Por todas essas características, Vol<strong>de</strong>mort é um perfeito mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> Senhor das Trevas.<br />

Além disso, por sua similarida<strong>de</strong> com outros vilões, Vol<strong>de</strong>mort<br />

incorpora a <strong>de</strong>finição particular <strong>de</strong> J. K. Rowling para o mal. Seus<br />

objetivos estão relacionados à nossa socieda<strong>de</strong> atual, do modo como<br />

Rowling a enten<strong>de</strong> e escreve sobre ela.<br />

Vol<strong>de</strong>mort, e a imortalida<strong>de</strong><br />

Vol<strong>de</strong>mort não <strong>de</strong>ixa dúvidas sobre suas intenções. Como revela<br />

aos Comensais da Morte que o seguem, no final <strong>de</strong> O Cálice- “Você sabe<br />

o que pretendo - vencer a morte.”<br />

A questão da imortalida<strong>de</strong> está sempre na imaginação <strong>de</strong> J. K.<br />

Rowlings. Todo o primeiro livro é <strong>de</strong>dicado à procura <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort<br />

pela Pedra Filosofal, um objeto que lhe garantiria tornar-se imortal.<br />

“Uma vez que eu tenha o Elixir da Vida”, ele diz em A Pedra, “po<strong>de</strong>rei<br />

criar um corpo só meu.” E, claro, ele se tornaria capaz <strong>de</strong> evitar a morte,


como fizeram os Flamel por centenas <strong>de</strong> anos.<br />

Essa obsessão pela vida eterna é a essência da <strong>de</strong>pravação do<br />

Senhor das Trevas. Mas o que ele tem <strong>de</strong> diferente, em relação a isso, <strong>de</strong><br />

tantas pessoas <strong>de</strong> nosso mundo que tentam viver o máximo que po<strong>de</strong>m?<br />

Dumbledore diz a <strong>Harry</strong>: “A pedra não foi uma coisa tão boa assim.<br />

Todo o dinheiro e vida que a pessoa po<strong>de</strong>ria querer. As duas coisas que<br />

a maioria dos seres humanos escolheriam em primeiro lugar. O<br />

problema é que os humanos têm o condão <strong>de</strong> escolher exatamente as<br />

coisas que são piores para eles.” Os Flamel possuíam tal po<strong>de</strong>r, mas não<br />

o obtiveram pela prática do mal, nem o usavam <strong>de</strong> modo a prejudicar<br />

ninguém. Em todas as culturas, a imortalida<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejável, fere<br />

as leis da natureza. As coisas precisam morrer para que outras possam<br />

nascer.<br />

Ganância<br />

As leis naturais tornam impossível que todos se tornem imortais.<br />

Assim, não chega a ser surpresa que o objetivo <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort seja<br />

conseguir a imortalida<strong>de</strong> exclusivamente para si. Ele irá recompensar os<br />

Comensais da Morte <strong>de</strong> outro modo, satisfazendo sua necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sucesso ou lhes dando po<strong>de</strong>r.<br />

Embora vá matar muita gente para atingir seu objetivo, ele não


hesita. As pessoas não importam para ele - especialmente se forem<br />

trouxas. Como seu pai abandonou sua mãe, ele o<strong>de</strong>ia trouxas com uma<br />

intensida<strong>de</strong> que Rowling chamou <strong>de</strong> “paixão racista”.<br />

Vol<strong>de</strong>mort não se dá conta <strong>de</strong> que sua ambição egoísta rompe o<br />

equilíbrio da natureza. Mas, dada a situação do mundo, quando Rowling<br />

concebeu as histórias - guerras genocidas na África e nos Bálcãs, guerra<br />

no Oriente Médio, e uma crescente distância entre países ricos e pobres<br />

-, qualquer um po<strong>de</strong> facilmente ver a partir <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>senvolvida a<br />

personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vol<strong>de</strong>mort.<br />

Veja também:<br />

Marca Negra<br />

Dumbledore


POSFÁCIO<br />

Antes <strong>de</strong> tudo, um escritor é um leitor. Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>vorar suas<br />

histórias, po<strong>de</strong>mos notar que J. K. Rowling <strong>de</strong>ve ter sido uma gran<strong>de</strong><br />

leitora antes <strong>de</strong> se tornar uma gran<strong>de</strong> escritora. Tão impressionante<br />

quanto o seu conhecimento sobre mitos e lendas é sua habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

aproveitá-los <strong>de</strong> modo tão original e <strong>de</strong> atualizá-los.<br />

Na bibliografia <strong>de</strong>ste livro, você vai encontrar sugestões <strong>de</strong> livros<br />

interessantes para futuras leituras. O melhor é começar por uma coleção<br />

sobre mitologia grega e romana. Se você quiser ir ainda mais fundo, um<br />

ótimo livro <strong>de</strong> referência, com sugestões <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong>talhadas, é The<br />

Encyclopedia of Fantasy, <strong>de</strong> John Clute e John Grant. Se você está<br />

particularmente interessado em criaturas mágicas, vai gostar das<br />

enciclopédias <strong>de</strong> Carol Rose, Giants, Monsters and Dragons e <strong>de</strong> Spirits,<br />

Fairies, Leprechauns and Goblins. Para informações sobre bruxos, temos<br />

boas fontes em The Encyclopedia of Witches and Wichcraft, <strong>de</strong> Rosemary<br />

Ellen Guiley, e em Wizards and Sorcerers, <strong>de</strong> Thomas Og<strong>de</strong>n. Você<br />

também vai achar maravilhoso o Dictionary of Imaginary Places, <strong>de</strong> Alberto<br />

Manguei e Gianni Guadalupi. Muitos livros explicam diversas coisas<br />

sobre pessoas e criaturas, mas este talvez seja o único que fale também<br />

sobre mundos da fantasia.<br />

Como muitos leitores já sabem, a Internet está repleta <strong>de</strong><br />

informações sobre os livros <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong>. Por exemplo, alguns sites


são <strong>de</strong>dicados inteiramente aos significados por trás dos nomes que J.<br />

K. Rowling cria. Outros, como o Bartleby.com, oferecem também uma<br />

boa base sobre mitologia. Alguns en<strong>de</strong>reços na Internet estão listados na<br />

biografia.<br />

Seja lá o que você for ler - ou escrever - enquanto espera pelo<br />

próximo <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong>, sempre po<strong>de</strong>rá encontrar conexões ocultas entre<br />

o mundo <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> e diversos outros mundos mágicos que J. K. Rowling<br />

formulou em seu processo <strong>de</strong> criação. Essas conexões estiveram sempre<br />

com ela, e ficarão também com você.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Mais uma vez, ter uma família <strong>de</strong> escritores profissionais e <strong>de</strong><br />

editores provou ser algo crucial. Sou grato a meus pais e irmãs por seus<br />

conselhos especializados e por muitas horas <strong>de</strong> leitura. Os conselhos <strong>de</strong><br />

Lena Tabori também se mostraram essenciais. Especial agra<strong>de</strong>cimento<br />

para Laurie Brown, Max e Emily <strong>de</strong> La Bruyère, Natasha Tabori Fried,<br />

Katie Kerr, Lyuba Konopasek, Miles Kronby, Arif Lalani, meu editor <strong>de</strong><br />

texto, Stacy Schiff, Ben Shykind, John Ward da Ward & Olivo, Terry<br />

Wybel e a equipe da Continental Sales e da Bristol Books <strong>de</strong> Wilmington,<br />

Carolina do Norte.


BIBLIOGRAFIA<br />

Borges, Jorge Luís, com Margaritta Guerrero. O Livro dos Seres<br />

Imaginários. Ed. Globo, 1987.<br />

Campbell, Joseph. O Herói <strong>de</strong> Mil Faces. Ediouro, 2001.<br />

Clute, John and John Grant. The Encyclopedia of Fantasy.<br />

Nova York: St. Martins, 1999.<br />

Foster, Robert. The Complete Gui<strong>de</strong> to Middle-earth. Nova York:<br />

Ballantine, 1979.<br />

Guiley, Rosemary Ellen. The Encyclopedia os Witches and Witchcraft.<br />

Nova York: Facts on File, 1999.<br />

1.<br />

Helms, Ran<strong>de</strong>l. Tolkiens World. Boston: Houghton Mifflin, 1974.<br />

Le Guin, Ursula K. O Mago <strong>de</strong> Terramar, Trilogia <strong>de</strong> Terramar v.<br />

Nigg, Joseph. The Book os Fabulous Beasts: A Treasury oj Writtings<br />

from Ancient Times to te Present. Nova York: Oxford University Press, 1999.<br />

Og<strong>de</strong>n, Tom. Wizards and Sorcerers-. from Abracadabra to Zoroaster.<br />

Nova York: Facts on File, 1977.<br />

Rose, Carol. Giants, Monsters and Dragon: An Encyclopedia oj<br />

Folklore, Legend, and Myth. Santa Bárbara, Califórnia: ABC-CLIO, 2000.<br />

Rose, Carol. Spirits, Fairies, Leprecbauns, and Goblins: An<br />

Encyclopedia. Nova York: Norton, 1998.<br />

Tolkien, J. R. R. O Senhor dos Anéis. Martins Fontes, 2001.


1995.<br />

White, T. H. The Sword in the Stone. Nova York: Putnams, 1939.<br />

Willis, Roy. Dictionary os World Myth. Londres: Duncan Baird,<br />

FONTES INTERESSANTES NA INTERNET<br />

Do You Know Mundungus Fletcher?, <strong>de</strong> Rudolf Hein<br />

http://www.rudihein.<strong>de</strong>/hpewords.htm<br />

Whats in a Name?, <strong>de</strong> EUie Rosenthal<br />

http://www.theninemuses.net/hp/<br />

The Encyclopedia <strong>Potter</strong>ica<br />

http://www.harrypotterfans.net/potterica/in<strong>de</strong>x.html<br />

Como tudo na Internet, os sites sobre <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong> estão em<br />

constante mudança, e portanto é impossível imprimir uma lista sempre<br />

atualizada <strong>de</strong> links. Sugerimos que o leitor interessado consulte a página<br />

relativa ao livro “O <strong>Mundo</strong> Mágico <strong>de</strong> <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong>” no site da Editora<br />

Sextante -www.esextante.com.br — on<strong>de</strong> ele po<strong>de</strong>rá encontrar uma lista<br />

sempre atualizada para sites nacionais e estrangeiros sobre <strong>Harry</strong> <strong>Potter</strong>.<br />

Sites brasileiros<br />

http://www.aluado.hpg.ig.com.br/in<strong>de</strong>x.htm<br />

http://www.freewebz.com/edwigeshomepage/in<strong>de</strong>x.htm


http://www.sobresites.com/harrypotter/<br />

http://www.terra.com.br/kids/harrypotter/<br />

http://br.geocities.com/meianoiteemhogwarts<br />

http://www.harrypotterbrasil.homestead.com/<br />

http://www.portal912br.hpg.ig.com.br/in<strong>de</strong>x.htm<br />

http://www.arte.pro.br/potter/<br />

http://www.harryp.hpg.ig.com.br/in<strong>de</strong>x.html<br />

http://www.clik.to/potterviciados<br />

http://groups-beta.google.com/group/Viciados_em_Livros<br />

http://groups-beta.google.com/group/digitalsource

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