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1 A INFLUÊNCIA DA RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO PARA ... - IEPS

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A <strong>INFLUÊNCIA</strong> <strong>DA</strong> <strong>RELAÇÃO</strong> <strong>PROFESSOR</strong>-<strong>ALUNO</strong> <strong>PARA</strong> O PROCESSO<br />

DE ENSINO-APRENDIZAGEM NO CONTEXTO AFETIVI<strong>DA</strong>DE<br />

MIRAN<strong>DA</strong>, Elis Dieniffer Soares<br />

(Pedagogia – FAFI)<br />

A relação professor-aluno representa o momento de encontro e convivência entre educadores e educando<br />

que se interagindo formam o cerne do processo educativo. Demarcar o campo de atuação da relação<br />

professor-aluno no processo de ensino é algo complicado de fazer-se, visto a estreita ligação que há entre<br />

ambos, devido ao seu grau de aproximação. O objetivo é estudar a importância da afetividade na relação<br />

professor-aluno e sua contribuição para o processo ensino-aprendizagem. O estudo de caráter teóricobibliográfico,<br />

constatou que as interações afetivas entre professores e alunos devem aprofundar-se no<br />

campo da ação pedagógica. Nota-se que o fator afetivo é muito importante para o desenvolvimento e a<br />

construção do conhecimento para o ser humano, pois através da afetividade o aluno se desenvolve,<br />

aprende e constrói mais conhecimentos.<br />

Palavras chave: Relação professor-aluno; Afetividade; Ensino-aprendizagem; Interação.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Filogéneticamente o homem é além de um ser racional um ser emocional,<br />

características próprias da espécie humana. O homem é também social por natureza,<br />

desde o nascimento já fazemos parte da sociedade e formamos grupos com pessoas das<br />

mais diversificadas crenças, origens e personalidades.<br />

Na escola as tendências e concepções de educação, sempre foram às avessas do<br />

desenvolvimento emocional-afetivo da criança.<br />

Este estudo tem como tema a dimensão afetiva do aluno e sua relação com os<br />

professores, definindo-se como condição imprescindível para o desenvolvimento da<br />

criança.<br />

Acreditamos que as interações entre professores e alunos devem aprofundar-se<br />

no campo da ação pedagógica. O professor assume um papel muito importante neste<br />

processo, pois constrói e conduz o fazer pedagógico de maneira que atenda as<br />

necessidades do sujeito aprendente. No fazer docente acreditamos que deve prevalecer a<br />

visão humanística, onde a relação professor-aluno seja a base para o desenvolvimento<br />

cognitivo e psíquico em sala de aula.<br />

1


Nota-se que o fator afetivo é muito importante para o desenvolvimento e a<br />

construção do conhecimento, pois por meio das relações afetivas o aluno se desenvolve,<br />

aprende e adquire mais conhecimentos que ajudarão no seu desempenho escolar.<br />

Este estudo tem por objetivo apresentar análises sobre a importância da<br />

afetividade na relação professor-aluno e sua contribuição para o processo de ensino-<br />

aprendizagem, por meio de uma pesquisa teórico-bibliográfica. Área de abrangência<br />

temática situa-se na Psicologia e Pedagogia.<br />

2 A IMPORTÃNCIA <strong>DA</strong> <strong>RELAÇÃO</strong> <strong>PROFESSOR</strong>-<strong>ALUNO</strong><br />

A interação professor-aluno ultrapassa os limites profissionais e escolares, pois<br />

é uma relação que envolve sentimentos e deixa marcas para toda a vida. Observamos<br />

que a relação professor-aluno, deve sempre buscar a afetividade e a comunicação entre<br />

ambos, como base e forma de construção do conhecimento e do aspecto emocional.<br />

A dimensão do ensino e da aprendizagem em sala de aula é marcada por um<br />

tipo especial de relação, a qual envolve o professor e aluno na mediação e apropriação<br />

do saber. É importante enfatizarmos essa posição do professor na relação: trata-se de um<br />

mediador e não de um detentor do saber.<br />

Ser professor não se constitui em uma simples tarefa de transmissão de<br />

conhecimento, pois vai mais além e também consiste em despertar no aluno valores e<br />

sentimentos como o amor do próximo e o respeito, entre outros. Como destaca<br />

RODRIGUES (1997), o educador não é simplesmente um repassador de conhecimentos<br />

para seus alunos, pois o seu papel é bem mais amplo, porque ultrapassa uma simples<br />

transmissão de conhecimentos. Dentro da sala de aula, o que se verifica na maioria das<br />

vezes é o estabelecimento de regras disciplinares no modo arbitrário. Além disso, pode-<br />

se perceber a não explicitação dessas regras e para serem cumpridas o aluno sobre<br />

pressões com base em ameaças e punições, isso notamos que pode acarretar e provocar<br />

reações negativas, ou de resistência e indisciplina por parte dos alunos.<br />

Segundo GADOTTI (1999, p. 2), “o educador para pôr em prática o diálogo,<br />

não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição<br />

2


de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do<br />

conhecimento mais importante: o da vida”.<br />

O aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente<br />

pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é<br />

uma atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que<br />

cumprem com satisfação, sendo em alguns casos encarada como obrigação. Para que<br />

isto possa ser mais bem desenvolvido, o professor deve despertar a curiosidade dos<br />

alunos, acompanhando suas ações no desenrolar das atividades em sala de aula.<br />

O trabalho do professor em sala de aula e seu relacionamento com os alunos<br />

são influenciado e expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com cultura.<br />

ABREU e et al (1990, p.115), afirmam que “é o modo de agir do professor em sala de<br />

aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada<br />

aprendizagem dos alunos; fundamenta-se numa determinada concepção do papel do<br />

professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade”.<br />

FREIRE (1996, p.96), enfatiza que as características do professor que envolve<br />

afetivamente seus alunos afirmando que:<br />

enfatiza:<br />

O bom professor é o que consegue, enquanto fala trazer o aluno até a<br />

intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e<br />

não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam<br />

porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas<br />

pausas, suas dúvidas, suas incertezas.<br />

Quanto à influência do professor na história pessoal do aluno o mesmo autor<br />

“[...] o professor autoritário, o professor licencioso, o professor competente,<br />

sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso da vida<br />

e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das<br />

pessoas, frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem<br />

deixar sua marca”. (FREIRE, 1996,p.96)<br />

Apesar da importância da afetividade, confiança, empatia e respeito entre<br />

professores e alunos para que se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão, a<br />

aprendizagem e a pesquisa autônoma, por outro, SIQUEIRA (2005), afirma que os<br />

educadores não podem permitir que tais sentimentos interfiram no cumprimento ético<br />

de seu dever de professor. Assim, situações diferenciadas adotadas com um<br />

determinado aluno (como melhorar a nota deste, para que ele não fique para<br />

3


ecuperação), apenas norteadas pelo fator amizade ou empatia, não deveriam fazer parte<br />

das atitudes de um “formador de opiniões”.<br />

Cabe ao professor investigar e conhecer mais particularmente o seu aluno ao<br />

longo de seu aprendizado. Para SEBER (1997, p.126), mesmo que o aspecto cognitivo<br />

seja mais estudado, mais questionado por explicar a construção da inteligência, não se<br />

deve deixar de considerar que “[...] as construções intelectuais são permeadas passo a<br />

passo pelo aspecto afetivo e que ele é muito importante” (p. 216).<br />

Já RANGEL, (1992) explica que nesta perspectiva, o relacionamento entre<br />

professor e aluno deve ser de amizade, de troca, de solidariedade, de respeito mútuo,<br />

enfim, não se concebe desenvolver qualquer tipo de aprendizagem, em um ambiente<br />

hostil. Mas não devemos esquecer que o respeito que a criança tem pelo adulto é<br />

unilateral, dando origem a dois sentimentos distintos: afeto e o medo; mas<br />

simultaneamente percebidos pela criança quando envolvidas em situações resultantes<br />

das suas ‘desobediências’.<br />

Na compreensão de PIAGET (1995), é da existência desses dois sentimentos<br />

que surge o respeito unilateral. Como exemplo, ele diz que uma criança não irá<br />

desobedecer às ordens do irmão a quem tem afeto, se por ele não sentir também um<br />

pouco de medo; assim como não respeitará um adulto que tenha medo, se por ele não<br />

houver algum sentimento de estima. Por isso é que, para Piaget, se houver afetividade<br />

há possibilidade de pôr em prática o respeito mútuo, tão necessário para o<br />

desenvolvimento das relações pessoais em qualquer que seja o meio humano e, através<br />

dele, a aprendizagem flui com mais facilidade.<br />

Segundo RANGEL (1992) é comum que professores intervenham na relação<br />

dinâmica entre as crianças e seus pares, mas dificilmente encorajam-nas mostrando<br />

confiança em sua capacidade de chegarem a um acordo, a uma decisão, demonstrando<br />

para isso, afeto e segurança na sua intervenção. É importante que o professor demonstre<br />

afeto e compreensão, principalmente quando a criança se mostra angustiada.<br />

RANGEL (IDEM, p.78) destaca que:<br />

Acreditamos que a escola deve se ocupar com seriedade com a<br />

questão do “saber”, do “conhecimento”. Se um professor for<br />

competente, ele, através do seu compromisso de educar para o<br />

conhecimento, contribuirá com a formação da pessoa, podendo<br />

inclusive contribuir para a superação de desajustes emocionais.<br />

4


LOPES (1991, p. 146) enfatiza que, “[...] As virtudes e valores do professor<br />

que consegue estabelecer laços afetivos com seus alunos repetem-se e intrincam-se na<br />

forma como ele trata o conteúdo e nas habilidades de ensino que desenvolve.” Além<br />

disso, o autor afirma que outro aspecto marcante é metodologia que o professor utiliza,<br />

se o professor acredita nas potencialidades do aluno, que está preocupado com sua<br />

aprendizagem e com seu nível de satisfação, pois exerce práticas de sala de aula de<br />

acordo com as exigências e aos novos paradigmas da educação e isto também é relação<br />

professor-aluno.<br />

O professor deve prevalecer à visão mais humanística, transformando o<br />

ambiente mais afetivo, onde a relação professor-aluno seja a base para o<br />

desenvolvimento cognitivo e psíquico.<br />

É preciso que o professores se percebam enquanto agentes históricos e atuantes<br />

na sociedade em que vive, para que então eles possam vir a influenciar ou auxiliar os<br />

seus alunos a adotarem uma postura crítica diante da mesma, pois um ser inconsciente e<br />

sem ideologia só pode contribuir para a formação de um cidadão acomodado, passivo e<br />

alheio aos acontecimentos que se encontrem ao seu redor.<br />

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Todas as pessoas têm um potencial que é seu, constituído e desenvolvido nas<br />

suas relações com o mundo. Todos nós, sempre temos um relato retirado das vivências<br />

de sala de aula, dos relacionamentos do par educativo: professor e aluno e que resultam<br />

num sentimento, uma recordação que podemos compartilhar, favorecendo a troca de<br />

experiências e dando a eles novos significados o que enriquece nossos conhecimentos.<br />

4 REFERÊNCIAS<br />

5


ABREU, Maria C; MASETTO, M. T. O professor universitário em aula. São Paulo:<br />

MG Editores Associados, 1990.<br />

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa.<br />

São Paulo: Paz e Terra, 1996.<br />

GADOTTI, M. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione, 1999.<br />

LOPES, Antonia (et al). Repensando a Didática. São Paulo: Papirus, 1991.<br />

RODRIGUES, N. Por uma nova escola: O transitório e o permanente na educação.<br />

11 ed. São Paulo: Cortez, 1997.<br />

SIQUEIRA, Denise de Cássia Trevisan. Relação professor-aluno: uma revisão<br />

crítica. Disponível em conteúdo escola. Acesso em 15 de março de 2005.<br />

RANGEL, Ana Cristina Souza. Educação matemática e a construção do número<br />

pela criança: Uma experiência em diferentes contextos sócios – econômicos. Porto<br />

Alegre: Artes Médicas, 1992.<br />

SEBER, Maria da Glória. Piaget: O diálogo com a criança e o desenvolvimento<br />

do raciocínio. Col. Pensamento e ação no magistério. São Paulo: Scipione, 1997.<br />

AFETIVI<strong>DA</strong>DE NO COTIDIANO ESCOLAR<br />

6


Deisi Viviane Schier Kosloski 1<br />

Prof. Rosana Beatriz Ansai 2<br />

RESUMO: A afetividade está totalmente inserida no ambiente escolar e não é menos importante que a<br />

educação do corpo e da mente. Pois, sabe-se que as interações afetivas existentes entre professor e aluno<br />

são de suma importância para o desenvolvimento e construção do conhecimento. A relação da cognição e<br />

afetividade no contexto escolar estão intimamente interligadas ao desempenho escolar do educando.<br />

Nesta perspectiva observa-se que é nas Séries Iniciais que o Professor-Pedagogo deve proporcionar os<br />

vínculos afetivos entre a escola, professores e alunos. Esta pesquisa foi financiada pelo Projeto da<br />

Fundação Araucária e tem como objetivo geral pesquisar o que pensam os professores sobre a relação<br />

afetiva existente entre professor e aluno na aprendizagem em sala de aula. A metodologia do estudo tem a<br />

partir dos seus objetivos uma pesquisa exploratória e descritiva, sendo quanto aos procedimentos de<br />

coleta de dados definida como estudo teórico-bibliográfico apoiada em pesquisa de campo. A população<br />

consiste em professores que atuam nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental. A amostra do tipo não<br />

probabilística por acessibilidade constou de 116 professores. O instrumento de coleta de dados foi o<br />

questionário do tipo misto contendo quatro perguntas abertas e três fechadas. Constatou-se que os<br />

Professores-Pedagogos atuantes nas escolas do município de União da Vitória-Pr, que trabalham na<br />

Educação Infantil e Ensino Fundamental concordam que trabalhar a afetividade no cotidiano escolar é<br />

imprescindível durante o processo de ensino e aprendizagem. Neste sentido constata-se que o professor e<br />

a família são fatores extremamente influentes na vida afetiva e conseqüentemente na aprendizagem do<br />

aluno.<br />

Palavras-Chave: Afetividade; Cognição; Relação Professor e Aluno<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Desde os tempos mais remotos da civilização humana constatamos que o homem<br />

é um ser que se relaciona em várias direções: consigo mesmo, com os outros e com o<br />

transcendente-Deus. A afetividade está totalmente inserida no comportamento do<br />

homem e, pode-se manifestar por meio de sentimentos, emoções e pela sexualidade.<br />

Sendo assim, nota-se que a afetividade influencia de várias e diferentes formas no agir e<br />

no desenvolvimento de cada indivíduo, uma vez que se age de acordo com os nossos<br />

sentimentos e emoções.<br />

Constata-se por meio de leituras que, o tema afetividade, é um estudo amplo e<br />

muito pesquisado por Psicólogos e Pedagogos do mundo todo como por exemplo,<br />

Damásio (2001); Freud (1905); Erikson (1971); Marchand (1985); Vygotsky (1991);<br />

Wallon (S.d) e Klein (1969), entre outros.<br />

Acredita-se que para a formação do Pedagogo e educadores em geral a<br />

compreensão deste tema é importante pois, a criança demonstra e necessita das relações<br />

afetivas desde os primeiros instantes de vida; ou seja, é imprescindível compreender o<br />

7


que se passa na vida afetiva infantil para, poder auxiliar a criança a entender e a lidar<br />

com diferentes situações que desencadeiam a sua realidade afetiva o que, fará uma<br />

grande diferença no seu desenvolvimento e na sua aprendizagem.<br />

.<br />

2 A PESQUISA DE CAMPO<br />

A respeito dos objetivos, a pesquisa trata-se primeiramente de um estudo<br />

exploratório pois segundo Cervo e Bervian (1996), estas pesquisas se caracterizam num<br />

primeiro passo para a elaboração e definição dos objetivos da pesquisa, isso foi<br />

realizado durante o processo de construção do projeto de pesquisa. Trata-se de uma<br />

pesquisa descritiva; pois segundo Santos (2004, p. 26) este tipo de pesquisa consiste<br />

“Descrever um fato/fenômeno/processo é interesse de quem já teve uma primeira<br />

aproximação, isto é; já fez uma pesquisa descritiva é um levantamento das<br />

características conhecidas que compõe o fato/fenômeno/processo. É normalmente feita<br />

na forma de levantamento ou observações sistemáticas do fato/fenômeno/processo<br />

escolhido”.<br />

Em relação à fonte dos dados e através dos procedimentos de coleta, a presente<br />

pesquisa é bibliográfica apoiada em pesquisa de campo.<br />

Os dados obtidos foram analisados a partir de categorias, usando para unir a<br />

análise ao conteúdo, técnica usada por Bardin (1977).<br />

A população alvo da pesquisa se constitui em professores atuantes no ensino<br />

fundamental nas escolas públicas urbanas situadas no município de União da Vitória –<br />

PR durante o ano letivo de 2007 e 2008. Portanto a amostra é do tipo intencional por<br />

acessibilidade.<br />

A amostra foi constituída pelos professores atuantes em educação infantil e<br />

ensino fundamental, num total de 116 professores de 10 escolas intencionalmente<br />

selecionadas.<br />

Para levantamento de dados foi utilizado questionário com perguntas abertas e<br />

fechadas. O questionário foi submetido a um pré-teste para validá-lo. Segundo Lakatos<br />

(1991), o pré- teste pode aplicado inúmeras vezes, de acordo com a necessidade de<br />

modificação de itens, podem ser utilizadas perguntas abertas que podem ser virar em<br />

8


questões fechadas se não forem variadas as respostas. Para apresentação de dados foram<br />

empregados gráficos no formato pizza e quadros.<br />

2.1 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Com relação a coleta de dados as escolas alvo da pesquisa foram muito<br />

receptivas se mostraram curiosas quanto aos objetivos do estudo e aceitaram responder<br />

o questionário. Embora todas tenham aceitado bem a pesquisa, duas escolas não<br />

entregaram o questionário aos professores para ser respondido.<br />

Uma professora de uma escola municipal selecionada incentivou a pesquisa, foi<br />

muito válido porque pode perceber que professores que vivenciam a afetividade no<br />

cotidiano pedagógico incentivam a pesquisa. Foi interessante saber que os professores<br />

atuantes nas escolas, muitos com mais de 10 anos de magistério se interessam em<br />

motivar acadêmicos para desenvolverem projetos e pesquisas. Percebeu-se ainda que, os<br />

professores se interessaram muito pelo tema, pois todos relatam experiências e técnicas<br />

práticas exercidas em sala de aula.<br />

Com relação ao perfil dos respondentes a sua formação se apresenta da seguinte<br />

forma, conforme o gráfico 1: 3% dos respondentes tem apenas o curso de Magistério,<br />

sendo que 56% tem o curso de Pedagogia e os outros 41 % tem outro tipo de<br />

formação.O gráfico 1 se apresenta da seguinte forma:<br />

GRÁFICO 1: Formação dos respondentes.<br />

41%<br />

3%<br />

56%<br />

Magistério<br />

Pedagogia<br />

Outra formação<br />

Fonte: Dados da Pesquisa<br />

O tempo de atuação como profissionais da educação dos respondentes é<br />

apresentado da seguinte forma conforme o gráfico número dois: 3% atuam de 3 a 5<br />

anos, 10% atuam há 10 anos e 70% atuam há mais de dez anos, veja o gráfico a seguir:<br />

GRÁFICO 2: Experiência profissional dos respondentes<br />

9


70%<br />

20%<br />

10%<br />

3 a 5 anos<br />

10 anos<br />

Mais de 10 anos<br />

Fonte: Dados da Pesquisa<br />

Com relação a área de atuação profissional dos respondentes, o gráfico número<br />

três ilustra os seguintes dados: 8 % atuam na Educação Infantil e 87% no Ensino<br />

Fundamental e 5 % atuam também no Ensino Médio.<br />

GRÁFICO 3: Área de atuação profissional<br />

5%<br />

87%<br />

8%<br />

Educação infantil<br />

Ensino Fundamental<br />

Ensino Médio<br />

Fonte: Dados da Pesquisa<br />

Com relação a pergunta fechada do questionário que argüiu os respondentes<br />

sobre qual o grau de importância que eles atribuem aos vínculos afetivos para serem<br />

construídos com seus alunos, o gráfico 4 ilustra a escolha de cem porcento dos<br />

professores respondentes pela opção “muito importante”.<br />

GRÁFICO 4: Grau de importância dos respondentes sobre os vínculos afetivos do par<br />

educativo.<br />

10


0%<br />

100%<br />

Muito importante<br />

Importante<br />

Pouco importante<br />

Não tenho opinião<br />

Fonte: Dados da Pesquisa<br />

A questão número um além da pergunta fechada também solicitou aos<br />

respondentes quais os argumentos que usam para explicar a importância dos vínculos<br />

afetivos. As categorias de análise encontradas foram os seguintes; conforme a tabela 1:<br />

TABELA 1: Categorias e análises sobre o que pensam os respondentes sobre a<br />

importância dos vínculos afetivos no par educativo.<br />

Categorias Freqüência<br />

A afetividade desperta confiança do aluno para com a<br />

professora<br />

13<br />

A afetividade é fundamental durante o processo de ensino e<br />

aprendizagem<br />

8<br />

A afetividade ajuda a diminuir a indisciplina 4<br />

A afetividade ajuda na motivação 3<br />

Fonte: Dados da Pesquisa<br />

Como se pode observar a categoria que aparece com mais freqüência é a que<br />

aponta que a afetividade desperta a confiança do aluno para com o seu professor. Neste<br />

sentido constata-se que a afetividade é fundamental no processo de ensino-<br />

aprendizagem pois, todo o processo do desenvolvimento humano passa pelo aspecto<br />

social juntamente com a cognição, com o afeto e com a moral. Esse processo tem sido<br />

estudado há muito tempo e por vários teóricos. Entre eles segundo Kullok (2002) se<br />

encontra Piaget que estudou a cognição e o afeto infantil e afirmava que não existe afeto<br />

sem cognição e nem cognição sem afeto e, que a afetividade influencia na atividade<br />

intelectual. As atividades de aprendizagem da criança se dão através de uma junção da<br />

cognição e afetividade, a qual Piaget denominava interesse infantil.<br />

Vygotsky usou para designar processos denominados cognitivos os termos<br />

“funções mentais” e “consciência”, para denominar os processos de pensamento,<br />

memória, percepção e atenção. Segundo La Taille (1999), a inteligência tem a sua base<br />

11


na vida afetiva, portanto o ser humano não pode ser compreendido separando a<br />

inteligência do afeto, pois cada pensamento que se tem é baseado em uma realidade<br />

afetiva que se vivencia.<br />

Outra categoria selecionada na pesquisa é a de que a confiança do aluno na<br />

professora desperta o vinculo afetivo existente entre eles. Para Marchand (1985), alguns<br />

professores vêem os alunos de acordo com a sua vida afetiva, se ele tiver algum<br />

problema emocional terá a tendência a visualizar o aluno como um “problema”.<br />

Depende também se o professor está contente com a sua profissão pois este tenderá a<br />

enxergar o aluno com “bons olhos”. Outros descontentes com o que fazem não vêem a<br />

existência de vínculo nenhum com os alunos. O vínculo afetivo existente entre professor<br />

e aluno é ambivalente (afeto/desafeto), isso está presente no cotidiano escolar, sendo<br />

que é mais aflorado na Educação Infantil. Cabe portanto ao professor administrar suas<br />

aulas de modo a diminuir as tensões ocasionadas deste relacionamento.<br />

Na questão número dois perguntou-se aos respondentes o que pensam sobre a<br />

influência da relação afetiva na qualidade do ensino. Como pode-se observar as<br />

categorias encontradas foram, conforme a tabela 2:<br />

TABELA 2 – A opinião dos respondentes sobre a influencia da relação afetiva na<br />

qualidade de ensino.<br />

Categoria Freqüência<br />

A afetividade está interligada com a aprendizagem infantil 19<br />

A afetividade influencia na relação professor e aluno 11<br />

A afetividade está unida com a auto-estima do aluno 6<br />

A afetividade está entrelaçada com a motivação 4<br />

A afetividade está ligada e auxilia a construção da<br />

personalidade.<br />

3<br />

Fonte: Dados da Pesquisa<br />

A partir destas categorias de análise se contata que durante o processo de ensino-<br />

aprendizagem, a relação professor e aluno envolve uma espécie de troca contínua, na<br />

qual a afetividade é o seu alicerce.<br />

No ambiente escolar, a criança demonstra a sua vida afetiva inicialmente através<br />

de desenhos, jogos e brincadeiras. É nesse ambiente que irá desenvolver vários estilos<br />

de vínculos afetivos, sendo um deles com o professor, aparecendo assim sentimentos<br />

afetivos de ordem social, moral e cultural. Para Dorin (1978), é papel do professor das<br />

séries iniciais deixar a criança demonstrar a sua afetividade através da livre escolha e<br />

12


desenhos ou cores, isso representará os seus sentimentos recalcados e também seus<br />

pensamentos.<br />

Tanto para Wallon (S.d) quanto para Vygotsky (1991), a afetividade está<br />

interligada com o ambiente social e cultural e a vida afetiva e a vida cognitiva estão<br />

intimamente ligadas. Portanto a escola desempenha um papel fundamental na junção da<br />

aprendizagem com a afetividade.<br />

O processo de o aluno sentir-se motivado está entrelaçado com o vínculo afetivo<br />

existente na relação professor e aluno. Kupfer ( 1997) pontua que Freud, nos seus<br />

estudos da relação afetiva do professor e aluno afirma que esta relação não estaria<br />

presente no ato cognitivo (transferência de conteúdos), porém estava centrada nas<br />

relações afetivas ambivalentes(o gostar e o não gostar) existentes entre eles pois, se o<br />

aluno “gostar” do professor será estabelecida uma aprendizagem mais ampla.<br />

Outra categoria apresentada é a de que a relação afetiva professor e aluno se<br />

reveste de um vínculo muito forte. Para Kullok (2002), o vínculo afetivo entre professor<br />

e aluno tem que ser de amizade, carinho, respeito e de solidariedade entre ambos. Não<br />

há aprendizagem em um ambiente sem afeto. Quando o aluno desobedece, há dois<br />

sentimentos ambivalentes, o medo e o afeto, medo por magoar e quebrar as expectativas<br />

boas que o professor tem dele; e de desafeto por exemplo, quando o professor chama a<br />

atenção do aluno, o mesmo pode ficar magoado, frustrado ou até se sentir<br />

negligenciado. Mas não se perde os vínculos que se formaram, uma vez que esses<br />

sentimentos frustrados logo passam e novamente ficará só o afeto.<br />

Na questão número três perguntou-se aos respondentes como a escola pode<br />

auxiliar no desenvolvimento afetivo do aluno. A tabela 3 apresenta as categorias<br />

selecionadas e sua freqüência:<br />

TABELA 3 – Como a escola pode auxiliar no desenvolvimento afetivo do educando.<br />

Categorias Freqüência<br />

Através do diálogo 6<br />

Conhecendo a realidade de vida do aluno 5<br />

Tornando a escola mais acolhedora 5<br />

Trabalhando a auto-estima 4<br />

Através da relação professorXaluno 3<br />

Fonte: Dados da Pesquisa<br />

13


Os respondentes ressaltaram o diálogo como sendo imprescindível no ambiente<br />

escolar, a afetividade está pareada ao diálogo e pode receber outras denominações. Para<br />

Lück (1985), os termos mais usados na educação, quando se trata de afetividade são: os<br />

sentimentos, atitudes, interesse e valores. Tudo isso deve ser trabalhado desde a<br />

educação infantil. Para Kupfer (1997), a importância não está tanto na cognição, no ato<br />

de aprender, mais no interesse e no diálogo que o professor mantém com o seu aluno.<br />

Os professores tem cada vez mais se conscientizar e compreender a afetividade<br />

humana e a sua importância juntamente com o diálogo para o desenvolvimento escolar e<br />

para o seu aprendizado.<br />

Na questão número quatro perguntou-se aos respondentes quais as dificuldades<br />

que encontram ao trabalhar a afetividade no cotidiano escolar. O gráfico número cinco<br />

demonstra que 2,85% encontram dificuldades enquanto que 11,1% não encontra<br />

dificuldades e para 3,3% não houve resposta.<br />

GRÁFICO 5: Porcentagem de dificuldade dos respondentes para trabalhar a afetividade<br />

na escola.<br />

39%<br />

14%<br />

47%<br />

Encontro dificuldades<br />

Não encontro dificuldaes<br />

não houve resposta<br />

Fonte: Dados da Pesquisa<br />

Ao solicitar-se os argumentos para explicar as dificuldades da afetividade ser<br />

trabalhada em sala de aula, as categorias de análise encontradas foram os seguintes,<br />

conforme a tabela 4:<br />

14


TABELA 4 – Categorias de análise sobre as dificuldades para se trabalhar afetividade<br />

em sala de aula.<br />

Categoria Freqüência<br />

Dificuldade em atingir o lado emocional dos alunos 13<br />

A falta de afetividade em casa influência nas relações afetivas<br />

na escola<br />

8<br />

Dificuldade em trabalhar com determinada faixa etária 7<br />

Falta de interesse dos pais pela escola 2<br />

Buscariam auxilio para trabalhar a afetividade dos seus<br />

alunos em outros profissionais<br />

2<br />

Fonte: Dados da Pesquisa<br />

Ao solicitar-se argumentos os mais freqüentes foram a dificuldade em atingir o<br />

emocional dos alunos. Constata-se que o homem utiliza as emoções como um modo de<br />

sobrevivência, e dentro do ambiente escolar não é diferente. Para Wallon (S.d) quando a<br />

criança passa a freqüentar o ambiente escolar, há um aumento nos seus contatos sociais<br />

e com isso, passa a existir uma diferenciação afetiva entre si e o outro;<br />

esse fato contribui para a construção do alicerce da construção do “eu” infantil. Já para<br />

Piaget (1993) tanto o cognitivo quanto o afetivo se desenvolvem ao longo do<br />

crescimento infantil, juntamente com a aprendizagem.<br />

Quando o professor cria vínculos afetivos verdadeiros com o aluno a tendência é<br />

de que se obtenha uma aprendizagem mais ampla. Para Dantas (1992, p. 90): “[...] o ser<br />

humano foi, logo que saiu da vida puramente orgânica um ser afetivo”. Entende-se que,<br />

não somente na relação professor e aluno existe um vínculo afetivo, mais em todas as<br />

relações humanas.<br />

Outra categoria apresentada é a de que, uma criança vinda de uma família mal<br />

estruturada demonstra e necessita de muita afetividade. Na análise de Dantas (1992)<br />

para Wallon a afetividade em família é indispensável para o desenvolvimento do<br />

indivíduo, para que haja uma formação psicológica e comportamental, pois é na vida<br />

afetiva infantil que se precisa do contato com o outro, principalmente com a mãe.<br />

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

15


Em todos os estudos e caminhos da Psicologia, pode-se constatar teoricamente<br />

que o estudo da afetividade é fundamental para o desenvolvimento humano associando-<br />

se principalmente à educação e as interelações familiares.<br />

Afirma-se que é imprescindível para a formação do Professor-Pedagogo um<br />

amplo conhecimento a respeito do comportamento afetivo humano. De outra forma é<br />

importante distinguir as reações afetivas infantis que acontecem no decorrer do seu<br />

desenvolvimento, pois isso contribui para que a relação professor e aluno e aluno e<br />

professor seja harmônica e respeitável. A validade destes componentes é reconhecida<br />

pela literatura publicada do tema, onde se evidencia como a afetividade influencia<br />

diretamente o processo de ensino/aprendizagem estando entrelaçada com o processo<br />

motivacional. É necessário para os professores conhecer como a vida afetiva acontece e<br />

se apresenta em sala de aula, a fim de descobrir como manuseá-las a favor de<br />

potencializar o vinculo afetivo com os seus alunos, a fim de proporcionar um processo<br />

prazeroso de ensino/aprendizagem.<br />

Constatou-se que para a formação do Professor é imprescindível um amplo<br />

conhecimento a respeito do comportamento afetivo humano pois, a grande maioria dos<br />

respondentes afirmaram que mudaram atitudes desafetuosas dos seus alunos dando-lhes<br />

afeto. Neste sentido se concorda com Cury (2003, p.97) quando enfaticamente afirma<br />

que “[...] por trás de cada aluno arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que<br />

precisa de afeto”. A partir daí entende-se que, atualmente os alunos vem de famílias<br />

desestruturadas, com falta de afeto, cabe ao professor procurar entender o que se passa<br />

no cotidiano deste aluno fora da escola pois, notas baixas poderão ser reflexos de uma<br />

vida afetiva desestruturada.<br />

Observa-se ainda que a relação professor e aluno nem sempre acontece<br />

harmonicamente e nem sempre é um relacionamento tranqüilo, portanto cabe ao<br />

professor fundamentar a ação docente de modo a diminuir as tensões ocasionadas deste<br />

relacionamento.<br />

4 REFERÊNCIAS<br />

16


BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.<br />

CERVO, A. L; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Mc Graw –<br />

Hill, 1996.<br />

CURY, Augusto. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. 14 ed. Rio de Janeiro:<br />

Sextante, 2003.<br />

<strong>DA</strong>MÁSIO, António R. O Erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São<br />

Paulo: Companhia das Letras, 2001.<br />

<strong>DA</strong>NTAS, Heloysa. Afetividade e a Construção do Sujeito na Psicogenética de Wallon.<br />

In: Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo:<br />

Summus, 1992.<br />

DORIN, Lannoy. Afetividade. São Paulo: Iracema, 1991. 318 p. (Enciclopédia de<br />

Psicologia Contemporânea: Psicologia geral, v.1).<br />

ERIKSON, E. H. Infância e Sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.<br />

FREIRE, Paulo. Educação como Prática de Liberdade. São Paulo: Cortez, 1996.<br />

FREUD, Sigmund. Três Ensaios para uma Teoria Sexual. [S.l]: Delta, 1905.<br />

KLEIN, Melanie. Psicanálise da Criança. Tradução Póla Civelli. São Paulo: Mestre<br />

Jou, 1969.<br />

KULLOK, Marisa Gomes Brandão et al. Relação Professor- Aluno: contribuições a<br />

prática pedagógica. Maceió: INEP, 2002.<br />

KUPFER, Maria Cristina Machado. Freud e a Educação: o mestre do impossível. São<br />

Paulo: Scipione, 1997.<br />

LA TAILE, Yves; OLIVEIRA, Marta Kohl; <strong>DA</strong>NTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky e<br />

Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 8 ed. São Paulo: Summus, 1992.<br />

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de<br />

Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.<br />

LÜCK, Heloísa; CARNEIRO, Dorothy Gomes. Desenvolvimento Afetivo na Escola:<br />

promoção, medida e avaliação. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1985.<br />

MARCHAND, Max. A Afetividade do Educador. 4 ed. Tradução de Maria Lúcia<br />

Spedo Hildorf. São Paulo: Summus, 1985.<br />

PIAGET, Jean. A Epistemologia Genética. Tradução de Nathanael C. Caixeiro. São<br />

Paulo: Abril Cultural, 1993 (Coleção Os Pensadores, v. 3).<br />

17


SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia Científica: a construção do<br />

conhecimento. 6. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.<br />

VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.<br />

WALLON, Henri. A Evolução Psicológica da Criança. Tradução de Ana de Moura.<br />

Rio de Janeiro: Pensamento Universal. [S.d].<br />

ORIENTAÇÃO SEXUAL: CAMINHOS <strong>PARA</strong> PROMOVER UMA EDUCAÇÃO<br />

PREVENTIVA CONTRA A VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL<br />

18


RESUMO<br />

Vanessa Campos de Lara Jakimiu 1<br />

O exercício do magistério no Ensino Fundamental (anos iniciais) muito tem contribuído para uma<br />

reflexão crítica sobre a lacuna existente entre a promoção do desenvolvimento do sujeito aprendente e sua<br />

sexualidade no âmbito escolar. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental são comuns as brincadeiras<br />

exploratórias, exposição das partes íntimas, afirmações de gênero, piadinhas sobre as partes íntimas,<br />

palavrões e comentários pejorativos ou agressões sobre as características físicas dos colegas. Diante de tal<br />

cenário, é possível perceber a falta de preparo dos profissionais da educação para adotar atitudes<br />

coerentes e assertivas em cada situação. Partindo deste pressuposto este estudo objetiva discorrer sobre a<br />

necessidade de criar condições para instrumentalizar o olhar dos profissionais da educação para que estes<br />

possam identificar as implicações da violência sexual contra crianças e adolescentes, uma vez que estas<br />

implicações interferem diretamente no âmbito educacional, nas experiências de ensino-aprendizagem do<br />

sujeito aprendente, podendo culminar em fracasso escolar.<br />

Palavras – Chave: Educação para a Sexualidade. Formação de Professores. Violência<br />

Sexual Infanto-Juvenil.<br />

1. ORIENTAÇÃO SEXUAL NO <strong>PARA</strong>DIGMA DOMINANTE<br />

Partindo da análise da trajetória da Orientação Sexual 2 no Brasil, percebe-se que<br />

ao longo dos anos este tema tem sido pouco explorado no cotidiano escolar, se<br />

apresentando muitas vezes de forma isolada e esporádica não constituindo em uma ação<br />

educativa que seja realmente emancipadora, ética e política 3 .<br />

Várias razões são apontadas pela bibliografia especializada, para justificar esta<br />

constatação, a principal delas é a defasagem na formação acadêmica dos profissionais<br />

da educação que não inclui nas Diretrizes Curriculares dos Cursos de Licenciatura, uma<br />

disciplina que contemple esta temática.<br />

1<br />

Professora Especialista do Departamento de Pedagogia da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e<br />

Letras de União da Vitória – Paraná.<br />

2<br />

Segundo VALLA<strong>DA</strong>RES (2000) a orientação sexual diferencia-se da Educação Sexual, uma vez que<br />

esta última diz respeito à experiência pessoal e ao conjunto de valores transmitidos pela família e<br />

ambiente social nas questões relativas à sexualidade, enquanto que a Orientação Sexual é um processo<br />

formal e sistematizado que acontece dentro da instituição escolar e constitui-se em uma proposta objetiva<br />

de intervenção por parte dos educadores. No Brasil, diferentes grupos estão construindo sua metodologia<br />

de trabalho nesta área, nem sempre utilizando o termo Orientação Sexual para designar sua ação<br />

educativa. Entretanto, esta proposta, entende que as diferenças teóricas não devem impedir o diálogo e a<br />

troca profissional entre os diversos grupos e seus autores, pois a concretude das ações pioneiras na área<br />

delimitada pela sexualidade, é muito significativa e importante no campo da educação.<br />

3<br />

Este estudo compartilha do ideário explorado por César Nunes.<br />

19


Esta constatação nos faz perceber, que a Orientação Sexual não é uma prioridade<br />

para os responsáveis pela educação. BAUMAN in SCHILLING (2004, p.27) chama a<br />

atenção para<br />

[...] o declínio da política e para a dificuldade de pensarmos num modelo de<br />

sociedade justa, coletivamente. Aparentemente, como as grandes decisões<br />

macroeconômicas são tomadas fora do âmbito da política, esta se tornou<br />

insignificante. Se não há soluções na política, ou alastra-se o conformismo ou<br />

explodimos em revoltas pré-políticas.<br />

Em relação à formação dos professores, outro ponto a ser destacado são os<br />

fatores psicológicos, emocionais e éticos dos professores, no trato do assunto com os<br />

alunos culminando numa ação educativa permeada por tabus, preconceitos, ausência de<br />

questionamento, repressão e imposição de valores.<br />

Reprimir a sexualidade da criança é reprimir seu corpo, que se constitui na<br />

base real de seu próprio ser, sua relação consigo mesma e sua personalidade.<br />

Porque, afinal, não existe uma separação entre a sexualidade infantil e a<br />

sexualidade adulta. Existe sim uma ligação única e uma continuidade entre<br />

elas, ou seja, são inseparáveis e conseqüentes.” (NUNES e SILVA, 2006,<br />

p.52)<br />

Impera um grande silêncio das vozes educativas voltadas a crianças e<br />

adolescentes. Estas muitas vezes não conversam sobre sexualidade com os pais, dessa<br />

forma, acabam por encontrar respostas à sua curiosidade juntos aos círculos de amizade<br />

ou nos meios de comunicação que fragmentam informações acerca da sexualidade.<br />

Sobre os meios de comunicação SANTOS e BRUNS (2000, p.43) destacam que,<br />

Pode-se, sem dificuldade, detectar uma superestimulação precoce da<br />

sexualidade por meio de programas em que há uma excessiva exposição do<br />

corpo, pela veiculação de filmes e cenas erótico-pornográficas e também pela<br />

banalização da sexualidade. Além disso, as novelas que, de modo geral,<br />

retratam a realidade, mostram o estereótipo do rapaz másculo, viril e sedutor,<br />

ao passo que a mocinha, em geral, é atraente, mas frágil, o que tende a<br />

reforçar papéis esteriotipados, contribuindo para as diferenças dos gêneros.<br />

Diante de tais constatações, evidencia-se uma sociedade que constrói a cultura<br />

da ignorância acerca da sexualidade 4 , fazendo com que em pleno século XXI as pessoas<br />

4 FOUCAULT (2006) explica que certamente um dos problemas é saber de que modo, em uma sociedade<br />

como a nossa, é possível haver essa produção teórica, essa produção especulativa, essa produção analítica<br />

sobre a sexualidade no plano cultural geral, e ao mesmo tempo, um desconhecimento do sujeito a respeito<br />

de sua sexualidade.<br />

20


não se sintam a vontade com a sua própria sexualidade e muitas crianças e adolescentes<br />

ainda sofram violência sexual. 5<br />

A escola, mais precisamente o professor encontra-se numa posição privilegiada<br />

para perceber o problema e tomar as devidas providências.<br />

Em não poucas ocasiões, houve amplas polêmicas acerca da competência ou não<br />

da escola para oferecer uma educação sexual a seus alunos. Segundo afirma SILVA<br />

(2002), os professores e as professoras são as pessoas que têm maior proximidade com<br />

os alunos, pois os acompanham durante anos, sabendo melhor que ninguém como são,<br />

como pensam, agem e reagem. Eles chegam a ter acesso à história do aluno e, de<br />

alguma maneira, descobrem canais de comunicação e aproximação com grande parte<br />

deles. Os professores muitas vezes, já são vistos como referência de aprendizagem da<br />

sexualidade pelos seus alunos.<br />

Esta prática, mais do que um dever profissional ético, trata-se da função social<br />

da escola. O ESTATUTO <strong>DA</strong> CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (1990, p.53),<br />

estabelece em seu artigo 245 que:<br />

Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à<br />

saúde e de Ensino Fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à<br />

autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo<br />

suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente incorre<br />

em multa de 3 a 20 salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de<br />

reincidência.<br />

Entretanto, apesar de o Estatuto da Criança e do Adolescente constituir-se em<br />

um dos mais importantes textos jurídicos brasileiros depois da Constituição Federal de<br />

1988, sua operacionalização é praticamente nula pelo fato de ele ser conhecido apenas<br />

por uma pequena parcela da sociedade, o que se reflete também entre os profissionais da<br />

educação. 6<br />

5 DEL PRIORE (2001), ao revisitar a história das crianças em nosso país, constata que o Brasil de hoje<br />

não é o do século retrasado. Mas, sob novas formas, o historiador percebe velhas permanências. A menina<br />

que, no passado, servia de vacina para a sífilis do sinhozinho está, hoje, nas páginas da internet, nos sites<br />

de pornografia infantil. A reação hoje, diferentemente daquela do Inquisidor do século XVIII, não é o<br />

silêncio. Mas o grito de horror.<br />

6 FOLGATO (2007) explica que muitos educadores tem medo de se envolver e ser chamados a depor, por<br />

acreditar que tal atitude pode piorar a situação do aluno. O resultado é que, hoje, os índices de notificação<br />

para as autoridades competentes são baixíssimos em todo o país.<br />

21


A escola, na perspectiva de SILVA (2002, p.32) deve e pode ser um lugar de<br />

organização de movimentos que “reivindiquem, às autoridades locais, soluções<br />

adequadas, a médio e longo prazo, para essas ameaças e, em curto prazo, socorrer e<br />

encaminhar as denúncias trazidas por essas crianças e adolescentes”. No entanto,<br />

segundo o autor, para que a escola cumpra este papel, seria necessário que os<br />

professores e as professoras envolvidas estivessem prontos para perceber os pontos de<br />

vulnerabilidade dos alunos.<br />

Alguns indícios alentadores de desenvolver uma proposta de Orientação Sexual,<br />

foram contemplados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, no entanto os resultados<br />

foram poucos visíveis, pois embora os educadores responsáveis pela redação do<br />

documento tenham se esforçado para elaborar um texto simples, com termos acessíveis<br />

aos leigos, a execução da proposta dependia da capacitação de professores nas escolas.<br />

Ainda não temos oportunidades institucionais suficientes e condições<br />

materiais efetivas para preparar os professores que irão assumir os trabalhos<br />

escolares em sexualidade humana. Por este motivo corremos o risco do<br />

diletantismo e da ineficiência deste trabalho que se propõe transversal que,<br />

neste contexto, viria não exatamente a colaborar com a questão como<br />

interesse pedagógico coletivo, mas, se assumindo numa perspectiva<br />

improvisada e voluntarista, redundaria no ecletismo e na banalização do<br />

assunto.( NUNES e SILVA, 2006, p.65)<br />

Outro agravante é o fato de que o direcionamento da Orientação Sexual proposto<br />

pelos PCN’s focaliza seus escritos apenas na prevenção de doenças sexualmente<br />

transmissíveis e da gravidez indesejada. Tais temáticas são de suma importância, no<br />

entanto, entender a sexualidade apenas sob este viés, seria entendê-la de forma<br />

fragmentada e limitada.<br />

A Orientação Sexual, precisa transcender a visão compartimentada e<br />

descontextualizada que impera no paradigma dominante, reconhecendo a riqueza da<br />

sexualidade humana. Daí a necessidade de considerá-la sempre na pluralidade de<br />

dimensões que a compõem.<br />

A Orientação Sexual não deve ser reduzida a uma simples informação biológica<br />

ou tratar apenas dos aspectos higiênicos, bem como não pode limitar-se a uma ação<br />

pontual, pois essas ações conduzem a uma compreensão reduzida da personalidade<br />

global do indivíduo.<br />

22


Cabe ainda salientar que os PCN’s visam ser implementados a partir do 5º ano<br />

do Ensino Fundamental, negligenciando a sexualidade inerente às crianças da Educação<br />

Infantil e Ensino Fundamental (anos iniciais), como se nesta fase do desenvolvimento as<br />

crianças não fossem seres sexuados. PINTO (1999, p.55) afirma que a sexualidade não<br />

eclode na adolescência: “como há mais de cem anos Freud demonstrou, existe uma<br />

sexualidade infantil, não genitalizada, que se manifesta desde a mais tenra idade.[...]”.<br />

GUIMARÃES (1995) afirma que para estudar a sexualidade humana, é preciso a<br />

abordagem multidisciplinar, tanto quanto possível, uma vez que os fundamentos da<br />

biologia, da antropologia, da filosofia, da psicologia, da sociologia, da economia, da<br />

erótica estão intrinsecamente implicados nela. O método multidisciplinar remete a uma<br />

nova antropologia, que busca superar as múltiplas especializações, articulando as<br />

diferentes disciplinas científicas.<br />

A autora acrescenta ainda que, ao enfocar o fenômeno sexual como um<br />

problema multifacetado, teremos que iluminar um aspecto específico levando em<br />

consideração as influências dos demais, evitando a fragmentação própria da ruptura<br />

estanque entre as ciências. Sobre este aspecto NUNES (2003, p.21) afirma que:<br />

A investigação sobre a sexualidade demanda uma análise mais aprofundada,<br />

demanda a compreensão da antropologia que a fundamenta, da visão política,<br />

do imaginário de uma época e a natureza da investigação que a escola pode<br />

oferecer aos alunos. Não há a possibilidade de uma investigação sobre<br />

sexualidade de maneira simplista, voluntarista, institucional ou normativa,<br />

sem investigar suas imbricações teóricas e as raízes que as sustentam.<br />

Enfim, a investigação criteriosa sobre as manifestações da sexualidade infantil<br />

só poderão ser compreendidas quando voltarmos um olhar mais aprofundado nos dados<br />

dos bastidores da realidade, nas causas estruturais que lhes emprestam sustentação e<br />

base, que se consubstanciam nos dados da história e na lenta e árdua construção social<br />

dos conceitos, das instituições e das práticas.<br />

2. O OLHAR INSTRUMENTALIZADO DO <strong>PROFESSOR</strong><br />

A Orientação Sexual sobrevive nas escolas apenas por meio de iniciativas de<br />

professores comprometidos e é sob a perspectiva de continuidade do desenvolvimento<br />

23


destas ações educativas, que a orientação sexual recebe aporte teórico de diversos<br />

autores, que desenvolvem idéias e propostas de sistematização de orientação sexual.<br />

SILVA (2002) explica que no Brasil, existem múltiplas experiências que<br />

trilharam diferentes e interessantes caminhos para construir seu programa de Orientação<br />

Sexual. Segundo o autor, existem escolas trabalhando unicamente de forma transversal,<br />

incluindo a orientação sexual entre os conteúdos já instaurados na sala de aula,<br />

anexando uma exploração integrada dos conteúdos que se referem mais diretamente<br />

com a sexualidade. Outras já desenvolvem esse modelo de transversalidade acrescido de<br />

espaços optativos, nos quais os alunos podem participar de encontros sistemáticos de<br />

formação, fora do horário de aula. São grupos menores, que aprofundam as questões<br />

tratadas em sala de aula - quase sempre são grupos formados para desenvolver ações<br />

multiplicadoras, dentro e fora da escola. Ainda tem escolas que possuem no seu horário<br />

oficial um espaço específico para Orientação Sexual. Todas essas propostas tem seus<br />

ganhos e limites, mas tem, em comum, bons resultados, que se comprovam no<br />

aprimoramento das relações entre o professor, o aluno e a escola.<br />

É possível contatar que é crescente o problema do abuso e da exploração sexual<br />

de crianças e adolescentes e, que se os professores não estiverem preparados para<br />

trabalhar com a temática, podem passar despercebidos por indicadores importantes para<br />

a detectação da violência sexual.<br />

Além disso, TOMKIEWICZ citado por GABEL (1997), explica que dificilmente<br />

as crianças contam aos adultos as violências das quais foram vítimas, porque elas<br />

aprenderam que todo discurso sobre sexualidade é sujo, é proibido. Temem que não lhes<br />

dêem crédito, que sejam ridicularizadas e até mesmo punidas por calúnia e/ou<br />

cumplicidade.<br />

A violência sexual infanto-juvenil é marcada pelo silêncio 7 , uma vez que as<br />

vítimas muitas vezes são agredidas dentro da própria família, e; considerando-se a faixa<br />

etária de maior incidência de violência sexual e as relações de poder estabelecidas, a<br />

vítima tem pouca possibilidade de defesa.<br />

7 Trata-se daquilo que FURNISS, (1993) explica como a "Síndrome de Segredo". Síndrome esta que<br />

relaciona-se diretamente com a psicopatologia do agressor que, por gerar intenso repúdio social, tende a<br />

se proteger em uma teia de segredo, mantido a custas de ameaças e barganhas à criança abusada.<br />

24


FERRARI citado por FOLGATO (2007, p.7) afirma que é preciso estar atento<br />

aos menores sinais. Eles indicam se a criança está sofrendo violência intrafamiliar.<br />

Segundo ela, as mudanças abruptas de comportamento, como agressividade, alterações<br />

do sono ou do apetite, tensão e tendência à dispersão, são indicadores importantes. A<br />

autora acrescenta ainda que:<br />

O aluno reproduz a violência de que é vitima em brigas com os colegas ou<br />

em atitudes erotizadas demais para a idade. Um desenho, uma redação ou<br />

uma história contada como se tivesse sido vivida por outra pessoa também<br />

podem revelar maus-tratos. Às vezes, a criança escolhe o professor ou outro<br />

funcionário para dividir seu sofrimento. Ela precisa perceber que o adulto<br />

tem capacidade de ouvir.<br />

Faz-se necessário criar condições para instrumentalizar o olhar dos profissionais<br />

da educação para identificar as implicações da violência sexual contra crianças e<br />

adolescentes, pois considera-se que estas implicações, interferem diretamente no âmbito<br />

educacional, nas experiências de ensino-aprendizagem do sujeito aprendente, podendo<br />

culminar muitas vezes em fracasso escolar. Sem contar que na vida adulta, estas vítimas<br />

poderão se tornar inseguras, sentirem-se culpadas e deprimidas. Poderão buscar refúgios<br />

nas drogas e ter problemas sexuais e problemas nos relacionamentos íntimos e sociais<br />

na vida adulta. 8<br />

3. UM TRABALHO COLABORATIVO<br />

Para pensar a Orientação Sexual na escola, faz-se necessário antes de tudo, que<br />

toda comunidade escolar esteja envolvida pois conforme afirma GUIMARÃES (1995),<br />

“[...] a não-participação nas decisões administrativas, daqueles que executam as tarefas,<br />

faz com que o nível de compromisso de continuidade dos trabalhos se esvazie.” Uma<br />

vez que a vontade política constituída transmuta projetos ao seu bel-prazer e<br />

consequentemente, não há uma avaliação dos trabalhos, perpetuando uma tradição<br />

8 Freud, em suas investigações na prática clínica sobre as causas e o funcionamento das neuroses,<br />

descobriu que a maioria de pensamentos e desejos reprimidos referiam-se a conflitos de ordem sexual,<br />

localizados nos primeiros anos de vida dos indivíduos, isto é, que na vida infantil estavam as experiências<br />

de caráter traumático, reprimidas, que se configuravam como origem dos sintomas atuais, e confirmavase<br />

desta forma, que as ocorrências deste período da vida deixam marcas profundas na estruturação da<br />

pessoa. As descobertas colocam a sexualidade no centro da vida psíquica, e é postulada a existência da<br />

sexualidade infantil. (BOCK,2001 p.74)<br />

25


antropofágica, em que nada do construído na prática se acumula e se elabora como<br />

saber e ciência.<br />

O trabalho deve ser colaborativo, integrado e a escola não deve atribuir a tarefa<br />

de orientar sexualmente para um professor em específico pois, segundo afirma PAN<br />

(2003), o educador contribui, queira-o ou não, para formar o caráter de seus alunos,<br />

transmitindo-lhes uma maneira de ser, tanto com seu próprio comportamento como com<br />

as regras de convivência que, explícita ou tacitamente, funcionam na instituição escolar.<br />

Os alunos, às vezes, têm mais confiança para apresentar esses temas aos educadores do<br />

que a seus próprios pais. O autor acrescenta ainda, que os profissionais estão mais<br />

capacitados para aplicar uma metodologia correta e adaptada a cada idade evolutiva.<br />

Todo o pessoal docente é educador sexual, [...] cabe a todos educar de forma<br />

integradora, considerando a educação sexual um princípio educativo guia que<br />

inspira todo o processo educativo e, [...] e porque todos os profissionais,<br />

direta e indiretamente, estão transmitindo informações e valores de claro<br />

matiz sexual. (PAN, 2003, p.249)<br />

VALLA<strong>DA</strong>RES (2001), sugere que para estender o trabalho de Orientação<br />

Sexual na escola, como um todo, os funcionários deverão estar cientes dos objetivos e<br />

propostas a serem desenvolvidos. Poderão participar das reuniões feitas com os pais<br />

e/ou receber informações específicas do corpo docente ou direção. O corpo funcional<br />

poderá ter acesso ao material básico de consulta para o professor.<br />

A família dos alunos deverá participar ativamente das discussões para se pensar<br />

a Orientação Sexual na escola, pois a Orientação Sexual na família e na escola ocorrem<br />

de maneiras distintas, mas complementares entre si 9 , sendo as duas irrenunciáveis e<br />

necessárias. Assim ambas as instâncias devem manter uma profunda, flexível e fluida<br />

relação de trabalho em comum.<br />

GUIMARÃES (1995) explica que os conteúdos escolares devem brotar de<br />

vivências reais na comunidade. Pontos considerados “deformações” ou “informações<br />

9 Na concepção de PAN (2003), família e escola são dois âmbitos naturais para educar a sexualidade do<br />

ser humano em crescimento, cada um com uma função concreta, própria e específica, sempre<br />

complementares. O autor recomenda ainda que se deve não só acentuar que os centros escolares são um<br />

lugar adequado para a educação sexual das jovens gerações, mas também afirmar que essa educação<br />

passa inevitavelmente por eles. Portanto, não se trata de confrontar ambas as partes (família x escola),<br />

mas de compreender que existe uma responsabilidade educativa compartilhada, que se deve atender da<br />

maneira mais adequada possível a partir de cada instância.<br />

26


erradas”, aos olhos da escola, podem ser os mais naturais na experiência do aluno e<br />

merecem ser discutidos. Se o educador se afastar da sexualidade vivida pelo aluno, ele<br />

incorrerá no erro da doutrinação ou do academicismo vazio.<br />

É natural que a escola encontre alguma resistência por parte dos pais, no entanto,<br />

cabe a escola explicar 10 aos pais que colocam empecilhos à ação educativa, que se os<br />

profissionais da educação suprimirem a Orientação Sexual, seguindo os desejos dos<br />

pais, “[...] o aluno obterá a informação por outras vias, muito mais inadequadas, que<br />

marcarão – queiram-no ou não – o desenvolvimento psicossexual do indivíduo.”<br />

ARIZA apud PAN (2003, p.245)<br />

Outro fator importante a ser salientado é, que embora seja certo que o papel dos<br />

pais na Orientação Sexual é primário e o dos educadores subsidiário, pode ocorrer de<br />

estes deverem assumir uma maior responsabilidade, de maneira que passem a ocupar<br />

um lugar proeminente, à frente inclusive dos pais se estes não desempenharem as<br />

funções que deveriam com relação à sexualidade de seus filhos. Portanto, não é válido o<br />

argumento de renunciar à educação sexual dos alunos por ser essa função,<br />

primordialmente, dos pais.<br />

As dificuldades não podem constituir uma desculpa para evitar a<br />

responsabilidade de enfrentar com realismo e seriedade a Orientação Sexual. O fato de<br />

ser uma questão complexa não deve conduzir a uma atitude de negligenciamento: “[...]<br />

será mais necessário do que nunca o diálogo franco das diferentes partes envolvidas, a<br />

interdisciplinaridade e a formação permanente de todas elas.” (PAN, 2003, p.225-226)<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A realidade dos educandos acentua a necessidade de intervir para prevenir as<br />

numerosas conseqüências negativas suscitadas pela falta de formação sexual e pela<br />

obtenção, em contrapartida, dessa formação sexual por meio de canais nada pertinentes,<br />

que desvirtuam seu autêntico significado.<br />

10 SANTOS e BRUNS (2000, p.68) afirmam que o medo que os pais experimentam pode ser amenizado<br />

fazendo-o conhecer a proposta de orientação sexual e sensibilizando-os para que possam dar continuidade<br />

em casa aos ensinamentos recebidos pelos filhos na escola.<br />

27


A Orientação Sexual não é um aspecto novo da formação dos educadores, mas<br />

sempre foi negligenciado, sendo necessário enfrentá-lo sem demora. Persuadidos de que<br />

chegamos com demasiado atraso a um tema que deveria ter sido abordado muito antes e<br />

com mais naturalidade e decisão do que até hoje.<br />

Os professores devem ir em busca de cursos de capacitação, no entanto sem<br />

esperar uma espécie de manual prático no qual se diz o que deve ser feito para que tudo<br />

funcione, na verdade, a educação sexual deve ajudar a pessoa a sentir-se à vontade com<br />

sua própria sexualidade e apóia-la em sua vida relacional.<br />

Enfim, utilizando-me das palavras de SANTOS e BRUNS (2000), conclui-se<br />

que é necessário haver uma disposição do profissional e das instituições educacionais<br />

que decidem trabalhar a temática da sexualidade no sentido de promover uma<br />

aprendizagem significativa; e deve haver conhecimentos amplos que possibilitem<br />

segurança para trabalhar com o tema em todas as suas facetas. Do contrário, a<br />

inquietação e o confronto de novos conhecimentos com aqueles até então aceitos podem<br />

gerar conflitos que muitas vezes o educador não consegue solucionar, levando-o à<br />

desistência da tarefa tão importante como a Orientação Sexual.<br />

REFERÊNCIAS<br />

1. BOCK, A. M. B. et al. Psicologias: Uma Introdução ao Estudo da Psicologia. 13 ed.<br />

São Paulo - SP: Saraiva, 1999.<br />

2. ESTATUTO <strong>DA</strong> CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Lei nº 8.069 de 13 de julho e<br />

1990; 169º da Independência e 102º a República. – Fernando Collor.<br />

3. DEL PRIORE, M. Histórias do Cotidiano. São Paulo, SP: Contexto, 2001.<br />

4. NUNES, C. A. Desvendando a Sexualidade. Campinas, SP: Papirus, 2002.<br />

5. ______. Educar para a Emancipação. Florianópolis, SC: Sophos, 2003.<br />

6. ______; SILVA, E. A Educação Sexual da Criança: Subsídios Teórico e Propostas<br />

Práticas para uma Abordagem da Sexualidade para Além da Transversalidade.<br />

Campinas, SP: Autores Associados, 2006.<br />

7. FOLGATO, M. A Escola contra a Violência Doméstica. Nova Escola. Editora<br />

Abril. Encarte Especial, São Paulo, p. 2-7, Dezembro, 2007.<br />

28


8. FOUCAULT, M. Ditos e Escritos V: Ética, Sexualidade, Política. R.J.: Forense<br />

Universitária, 2006.<br />

9. FURNISS, T. Abuso sexual da criança: uma abordagem multidisciplinar. Porto<br />

Alegre: Artes Médicas,1993.<br />

10. GABEL, M. (org.) Crianças Vítimas de Abuso Sexual. São Paulo, SP:<br />

Summus,1997.<br />

11. GUIMARÃES, I. Educação Sexual na Escola. Mito e Realidade. Campinas, SP:<br />

Mercado de Letras, 1995.<br />

12. PAN, J. R. A. Afetividade e Sexualidade na Pessoa Portadora de Deficiência<br />

Mental. São Paulo, SP: Editora Loyola, Tradução: Maria Stela Gonçalves, 2003.<br />

13. PINTO, Ê. B. Orientação Sexual na Escola. A Importância da Psicopedagogia nessa<br />

Nova Realidade. São Paulo, SP: Editora Gente, 1999.<br />

14. SANTOS, C.; BRUNS, M. A. T. A Educação Sexual pede Espaço: Novos<br />

Horizontes para a Práxis Pedagógica. São Paulo, SP: Ômega Editora, 2000.<br />

15. SILVA, R. C. Orientação Sexual: Possibilidade de Mudança na Escola. Campinas,<br />

SP: Mercado de Letras, 2002.<br />

16. SCHILLING, Flávia. A sociedade da insegurança e a violência na escola. São<br />

Paulo: Editora Moderna, 2004.<br />

17. VALLA<strong>DA</strong>RES, K. K. Orientação Sexual na Escola. Rio de Janeiro, RJ: Quartet,<br />

2001.<br />

PRÁTICAS E SABERES ESCOLARES UTILIZADOS NO TRABALHO COM<br />

EDUCANDOS PORTADORES DE DIFICUL<strong>DA</strong>DES DE APRENDIZAGEM:<br />

UMA EXPERIÊNCIA DO PROJETO UNIVERSI<strong>DA</strong>DE SEM FRONTEIRAS.<br />

RESUMO<br />

Roseli B. Klein 11<br />

Este artigo é resultado do trabalho realizado com educandos portadores de Dificuldades de Aprendizagem<br />

do Projeto Universidade Sem Fronteiras subprograma de licenciatura, oportunizado pela SETI (Secretaria<br />

da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Governo do Estado do Paraná), realizado na FAFIUV<br />

(Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória), intitulado Apoio aos Alunos<br />

com Dificuldades de Aprendizagem dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Dificuldade de<br />

11 Professora Mestre do curso de pedagogia da FAFIUV, especialista em Psicopedagogia Clínica e<br />

membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu – ALVI.<br />

29


aprendizagem refere-se a situações difíceis enfrentadas pela criança normal e pela criança com um desvio<br />

no quadro normal, mas com expectativa de aprendizagem a longo prazo. Estas dificuldades podem<br />

manifestar-se como conseqüências de vários fatores. Entre estes estão os fatores orgânicos, psicológicos<br />

ambientais ou sócio-culturais, e os pedagógicos. Durante nossa atuação psicopedagógica com estes<br />

educandos pudemos constatar, na realidade em que estão inseridos, certa privação de elementos<br />

importantes para o processo de aprendizagem, como a falta de estímulos lingüísticos, culturais, situação<br />

de pobreza e miséria. Mediante esta realidade nos propomos a discutir sobre as práticas e saberes<br />

escolares adotados com estas crianças no artigo que segue.<br />

Palavras- chave: Dificuldade de aprendizagem. Currículo. Aprendizagem.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

O Projeto Apoio aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem dos Anos<br />

Iniciais do Ensino Fundamental, conta com a participação de cinco acadêmicas bolsistas<br />

que realizam o trabalho pedagógico com as crianças e suas dificuldades. Este<br />

atendimento está sendo realizado em cinco escolas diferentes e com realidades distintas.<br />

Existe uma classe de atendimento no Município de São Mateus do Sul (Escola<br />

Municipal Izilda do Amaral), numa escola de periferia, que atende uma população<br />

muito carente, onde ainda não há um espaço fixo para este trabalho, muitas vezes a<br />

acadêmica bolsista necessita realizar as atividades na sala dos professores, com as<br />

crianças dispostas no chão (em almofadas), por falta de espaço físico. Uma segunda<br />

escola funciona no Município de Paula Freitas (Escola Municipal Paulo Ider Herman),<br />

que também atende uma clientela carente envolvendo um misto de realidade rural e<br />

realidade urbana, porém a acadêmica bolsista dispõe de uma sala para o atendimento e<br />

do apoio da professora da classe de recursos. A terceira escola está localizada no<br />

Município de Cruz Machado, Distrito de Santana (Escola Municipal Olívio Wolff do<br />

Amaral), onde a acadêmica também dispõe de espaço para atendimento e o apoio da<br />

equipe pedagógica, atende educandos advindos do meio rural oriundos de lares com<br />

problemas de desestruturação familiar. A outra escola está localizada no Município de<br />

União da Vitória, porém em área rural, denominada de Comunidade do Rio Vermelho<br />

(Escola Municipal Interventor Manuel Ribas), a sala de atendimento aos educandos com<br />

dificuldades de aprendizagem possui espaço adequado e possibilidade de utilização do<br />

laboratório de informática, estes alunos, por sua vez, enfrentam o problema do<br />

transporte escolar; por ser uma comunidade rural e de difícil acesso, os educandos nem<br />

sempre chegam à escola devido às adversidades do acesso rodoviário (estradas sem<br />

30


asfalto, localidade situada em área geográfica de região serrana). A última escola está<br />

localizada no Município de União da Vitória em um bairro próximo ao centro (Escola<br />

Municipal Prof. José Moura), com instalações adequadas; a acadêmica possui apoio da<br />

equipe pedagógica e acesso a laboratório de informática, atende uma clientela de filhos<br />

de trabalhadores operários de indústrias.<br />

Participamos deste projeto como professora orientadora e nossa atuação é<br />

realizar as avaliações psicopedagógicas e garantir o atendimento psicopedagógico de<br />

forma indireta, através da intervenção das acadêmicas bolsistas.<br />

O objetivo deste artigo é apresentar algumas reflexões sobre as práticas e<br />

saberes escolares utilizados nestas classes. Temos como metodologia a pesquisa<br />

bibliográfica sobre a trajetória do currículo escolar e a apresentação de atividades<br />

práticas utilizadas para a efetivação do trabalho com estes educandos.<br />

2 O CURRÍCULO AO LONGO <strong>DA</strong> HISTÓRIA<br />

Ao pesquisarmos a história do currículo e os métodos inseridos nas<br />

classes que atendem educandos com dificuldades de aprendizagem, estaremos<br />

penetrando em vários campos da história e da história da educação.<br />

A História da Educação pertence a um campo historiográfico particular, um<br />

campo autônomo, permeado de especificidades metodológicas além daquelas de seu<br />

objeto e como diz Warde e Carvalho (2000), ela sofreu um alargamento temático<br />

envolvendo novos interesses, procedimentos, fontes e novos critérios de rigor científico.<br />

Surgem abordagens e recentes recortes temáticos que estão sendo investigados<br />

penetrando a “caixa preta” escolar, verificando a organização e o cotidiano de suas<br />

práticas, agentes educacionais, profissão docente, formação de professores, currículo,<br />

disposição de organização do tempo e do espaço escolar, normatização dos saberes a<br />

ensinar e das condutas a inculcar, etc. Aquilo que estava oculto veio à tona desvelando<br />

uma nova realidade, e essas investigações dão suporte a uma história cultural dos<br />

saberes escolares.<br />

31


Para entendermos estas práticas cotidianas que se referem ao ambiente escolar,<br />

torna-se necessário conhecer um pouco sobre a história da produção da escola e o<br />

surgimento do currículo.<br />

As primeiras idéias sobre a educação da criança estão registradas em<br />

documentos deixados por Platão e nos apontam como objetivo, o preparo para o<br />

exercício futuro da cidadania, preparo este realizado no lar.<br />

Outros registros da criança como sujeito social ao longo da história, estão<br />

incluídos na obra de Philippe Áries (1981) que faz um relato da visão da infância<br />

compreendida em torno dos séculos XV e XVIII, baseados em documentos, registros<br />

paroquiais, inscrições em cemitérios, observações de obras de arte (pintura, escultura),<br />

etc.<br />

A criança nem sempre teve as atenções que lhe são dirigidas atualmente. “A<br />

passagem da criança pela família e pela sociedade era muito breve e muito<br />

insignificante para que tivesse tempo ou razão de forçar a memória e tocar a<br />

sensibilidade” (ARIÈS, 1981: 10). Com esta afirmação o autor retrata, durante a Idade<br />

Média, o grande índice de mortalidade infantil, a participação precoce da criança em<br />

atividades de trabalho, afastando-a de viver sua infância.<br />

As primeiras instituições escolares começaram a ser esboçadas no princípio do<br />

século XVI e se disseminaram por toda a Europa, no início, atreladas às congregações<br />

religiosas, fossem elas católicas ou protestantes, com alguns traços fundamentais. Estes<br />

colégios, segundo Petitat (1994: 76), apresentavam: “concentração dos cursos dentro<br />

dos estabelecimentos, graduação sistemática das matérias, programa centrado no latim e<br />

no grego, controle contínuo dos conteúdos adquiridos, supervisão e disciplina”.<br />

Desta forma, o ensino individualizado no lar, através de preceptores, se<br />

transforma e há um agrupamento de estudantes e de professores num certo número de<br />

estabelecimentos. Estas instituições obedeceram a uma mesma ordem das congregações<br />

religiosas, um exemplo disso foram os colégios organizados em Paris. Segundo Le<br />

Coeur (2005: 48):<br />

Da mesma forma que outros edifícios comunitários, tais como os conventos,<br />

hospitais, casernas ou prisões, os liceus de Paris desejavam se manter<br />

32


completamente isolados. Durante muito tempo, estes se tornaram<br />

estabelecimentos feitos para confinar e separar, onde viviam reclusas<br />

importantes populações, infantil e adulta... [...] as construções dos liceus foram<br />

pensadas de modo a deixar do lado de fora as pessoas estranhas que poderiam<br />

perturbar a vida regrada que se levava no seu interior; as famílias dos alunos<br />

não conheciam mais que algumas peças que se encontram próximas da rua...<br />

Estas instituições se tornaram prédios imponentes e tiveram que elaborar<br />

algumas regras e normas para o seu funcionamento. Os alunos que anteriormente<br />

residiam com seus mestres passaram a residir nestes colégios em regime de internato.<br />

Surge um fenômeno histórico e uma conjuntura social que vai agrupando professor e<br />

aluno em classes que ordenam a escola tal qual temos hoje. O tempo de estudos passa a<br />

ser delimitado, ou seja, é repartido em períodos anuais; horários que dividem a matéria<br />

pelos dias e horas; surgem os relógios e sinetas. O aluno passa a ter um tempo limitado<br />

para assimilar determinadas matérias, para entregas atividades e realizar provas, isso dá<br />

origem a aprovação ou reprovação. Estas matérias contemplam as línguas: grego, latim,<br />

língua vernácula; e após, no século XVIII, os jesuítas introduzem nos seus programas<br />

algumas disciplinas modernas, como o francês, história natural, física, química, estudo<br />

das belas- artes (PETITAT, 1994). Este composto de matérias e a divisão dos alunos em<br />

classes deram origem ao termo “curriculum”, culminando com o refinamento do<br />

conteúdo e dos métodos pedagógicos (HAMILTON, 1992).<br />

Este refinamento dos conteúdos escolares trouxe como conseqüência uma<br />

seleção dos estudantes, “os filhos de empregados domésticos, de diaristas e de<br />

assalariados são quase que completamente ausentes dos colégios” (PETITAT, 1994). Os<br />

filhos das classes burguesas e dos nobres atingem os mais altos graus de escolarização,<br />

os demais se evadem e não completam o ciclo de estudos propostos. Assim, é possível<br />

verificar que os colégios não atendem as mesmas camadas sociais nas mesmas<br />

proporções; enquanto as classes iniciais possuem muitos filhos de artesãos e de<br />

trabalhadores, o número vai diminuindo à medida que avança para graus superiores, é o<br />

que relata Petitat (1994: 90), quando diz que:<br />

No plano pedagógico, as semelhanças são particularmente evidentes. Os<br />

colégios introduzem um novo tipo de atividades escolares baseadas na<br />

33


graduação dos programas, na separação em classes sucessivas, na avaliação<br />

regular dos conteúdos adquiridos, no emprego do tempo subdividido e<br />

controlado. [...} cada classe passa a ter seu professor, e cada série, sua sala de<br />

aula. O colégio deixa de ser somente uma instituição e passa a ser também um<br />

prédio. Esta dupla repartição espaço- temporal fornece um ambiente adequado<br />

para o desenvolvimento dos métodos pedagógicos. A classe de alunos como<br />

sala e como grau, torna-se o eixo central das atividades escolares condiciona<br />

largamente a reflexão pedagógica: métodos de supervisão, medidas<br />

disciplinares, constatação de ausências e dos atrasos, ritmo e sucessão das<br />

atividades rotineiras, provas, treinos, exames escritos, classificação dos alunos,<br />

emulação e censuras, promoções e rebaixamentos, tudo ganha forma e<br />

significado na série de classes ordenadas e distintas de um estabelecimento. A<br />

classe se torna local de uma atividade coletiva marcada por regulamentos, o<br />

local fechado onde ocorre uma classificação permanente dos alunos, onde são<br />

comparadas as performances, eliminados os “fracos” e promovidos os “fortes”.<br />

Portanto, a classe nobre passa a aspirar à cultura clássica e recebe ainda uma<br />

formação complementar relacionada com sua condição social. Os nobres menos<br />

abastados contentam-se com os colégios menores, desta forma, destacam-se as<br />

distâncias sociais.<br />

Entretanto, a sociedade evolui e o modelo educacional se transforma. Ao final<br />

do século XVIII e início do século XIX, a sociedade feudal passa a assumir uma<br />

estrutura capitalista, mudando os rumos da história. Neste momento há um processo de<br />

transformação do trabalho humano “que desloca massas inteiras da população não<br />

somente das oficinas artesanais para as fábricas, mas também dos campos para a cidade,<br />

provocando conflitos sociais, transformações culturais e revoluções morais inauditas”<br />

(MANACOR<strong>DA</strong>, 2000: 270). Dentro deste novo modelo social a escola se adapta e há,<br />

neste período, um grande movimento de laicização e estatização da instrução que<br />

avança passo a passo, com sua universalização. Muito embora grandes educadores<br />

tenham se manifestado dizendo que os trabalhadores perderam sua antiga instrução e na<br />

fábrica só adquiriram ignorância, “ao sapateiro basta o silabário e o catecismo”<br />

(MANACOR<strong>DA</strong>, 2000: 276). Com esta universalização, a instrução passou a ser um<br />

dever do Estado, oferecendo-a de forma laicizada e tornando-a obrigatória até certo grau<br />

de escolarização, estendendo esta obrigatoriedade gradativamente a séries mais<br />

avançadas. Desta maneira, os filhos dos trabalhadores e mais pessoas tiveram acesso a<br />

esta modalidade de instrução, o que vem acontecendo até a atualidade.<br />

34


A partir de então, muitos educadores deram sua contribuição com seus estudos a<br />

cerca de métodos (Rousseau, Pestallozi, Freinet, Montessori...), sobre a psicologia<br />

(Piaget, Vygotsky, Skinner, Gardner...), sobre novas formas de levar o educando a<br />

aprender (Dewey, Decroly, Perrenout...). Sob a luz destes estudos, torna-se possível<br />

dizer que a escola ampliou o processo de participação dos educandos abrindo espaços<br />

para novas camadas da população que anteriormente era excluída do sistema<br />

educacional. No item a seguir realizamos uma reflexão sobre este processo de<br />

democratização da escola, sua população, e novas práticas escolares que foram<br />

surgindo.<br />

3 A DEMOCRATIZAÇÃO <strong>DA</strong> ESCOLA E O CURRÍCULO<br />

É possível dizer que a escola, sob um novo olhar voltado para estes teóricos e<br />

voltada para a realidade na qual está inserida, sofreu um processo de Democratização.<br />

Utilizando as palavras de Libâneo dizemos que a “escola pública deve ser entendida<br />

como ampliação das oportunidades educacionais... visando a elevação cultural e<br />

científica das camadas populares, contribuindo ao mesmo tempo para responder às suas<br />

necessidades e aspirações mais imediatas e à sua inserção num projeto coletivo de<br />

mudança da sociedade” (LIBÂNEO, 2003: 11)<br />

Para que isso aconteça é necessário realizar uma reflexão sobre as dimensões e<br />

as implicações culturais da escolarização na sociedade atual, incluindo análises<br />

históricas, pesquisas e reflexões teóricas a fim de estruturar um currículo capaz de<br />

contemplar a circulação dos saberes, a transmissão de conteúdos sejam eles cognitivos<br />

ou simbólicos, significativos, a esta parcela da população que participa da escolarização<br />

laica.<br />

Segundo Saviani (1998: 23), o termo currículo, no vocabulário pedagógico<br />

sugere algumas idéias:<br />

Percurso educacional- seqüência de situações de aprendizagem pelas quais<br />

passa um indivíduo no decorrer de um período, em uma instituição de<br />

educação formal. Programa ou conjunto de programas de atividades<br />

organizadas em curso. Processo metódico de elaboração e de execução dos<br />

35


programas e cursos de ensino. Programa de atividade dos professores e dos<br />

alunos, concebido de maneira a que os alunos alcancem, na medida do<br />

possível, certos fins ou certos objetivos educativos. Saberes, competências,<br />

representações, valores, papéis que se recebem na escola e que, contudo, não<br />

fazem parte dos programas: dado o caráter ideológico da educação; ou em<br />

virtude de cristalização subreptícia de saberes e práticas que fogem ao controle<br />

da instituição. Produto de uma seleção no interior da cultura de uma<br />

sociedade...<br />

Partindo dessas idéias, ou conceito de currículo é possível verificar que a<br />

problemática ainda continua: “de que maneira ocorre esta conversão do conhecimento<br />

em saber escolar, tendo por eixo a relação entre conteúdo e método, na constituição de<br />

disciplinas e na elaboração de currículos e programas escolares” (MACHADO apud<br />

SAVIANI, 1998: 03).<br />

Ao realizarmos, no início do referencial teórico, uma retrospectiva histórica da<br />

constituição dos “colégios” e toda a estrutura que os envolvem (classes, disciplinas,<br />

práticas escolares, etc.), chegamos a discussão de currículo, que é o objeto da<br />

investigação que nos propomos a realizar (mais diretamente às classes que atendem<br />

crianças com dificuldades de aprendizagem). É possível identificar alguns recortes que<br />

envolvem o currículo: o aspecto histórico que resgata a sua trajetória, envolvendo<br />

fatores específicos e envolvendo e exercendo influências peculiares; o aspecto<br />

sociológico que envolve a relação entre a escola e a sociedade; o aspecto psicológico<br />

relativo à aprendizagem; o aspecto lógico que destaca os conteúdos e reflete os<br />

problemas do currículo. A partir dessas abordagens nos concentramos no aspecto<br />

histórico que não pode ser analisado isoladamente.<br />

Em termos de realidade brasileira, voltando ao pensamento de Libâneo (2003),<br />

verificamos que houve uma abertura da escola pública brasileira a toda população,<br />

pertencente a diversas classes sociais. O fato da maioria da população em idade escolar<br />

estar na escola, não justifica que todos têm as mesmas oportunidades de acesso ao saber<br />

cientificamente acumulado. O ambiente social, econômico, cultural no qual estão<br />

inseridas as crianças, faz com que tenham oportunidades diferenciadas e participem do<br />

processo de aprendizagem de formas distintas. Nem todos aprendem da mesma maneira<br />

os conteúdos oferecidos através do currículo escolar. Existem várias situações implícitas<br />

no processo do aprender, e muitas delas não dizem respeito à escola propriamente dita: -<br />

36


crianças que não aprendem porque foram privadas de estímulos que fazem parte das<br />

pré-habilidades necessárias para o processo de aprendizagem; - crianças com sérios<br />

problemas emocionais, frutos da violência, traumas, conflitos familiares; - crianças que<br />

possuem problemas biológicos que atrasam habilidades sensório- motoras significativas.<br />

Estes educandos estão na escola e são objetos de preocupação dos coordenadores<br />

pedagógicos, pais e professores, não acompanham o ritmo ”normal” de aprendizagem<br />

de seus pares, sofrem discriminações, fazem parte da população dos repetentes e dos<br />

evadidos da escola.<br />

3.1 PRÁTICAS E SABERES ESCOLARES NAS CLASSES DE EDUCANDOS COM<br />

DIFICUL<strong>DA</strong>DES DE APRENDIZAGEM<br />

Um dos principais desafios destas classes é recuperar a auto-estima dos<br />

educandos, aja visto que já sofreram uma série de discriminações anteriores. Portanto,<br />

se faz necessário estabelecer um vínculo entre educando e educador, resgatando o<br />

prazer pelas atividades escolares. Este vínculo pode ser reatado através de atividades<br />

que envolvam o lúdico, as competições, o material concreto, a psicomotricidade, o<br />

atendimento individualizado ou em pequenos grupos, a aproximação dos pais, o apoio<br />

da equipe pedagógica da escola, etc.<br />

Outro desafio é resgatar conteúdos que não foram adequadamente assimilados<br />

por inúmeras circunstâncias, seja de ordem técnica, metodológica, individual, estímulos<br />

ambientais e sócio-culturais ou por situações geradas devido a fatores biológicos ou<br />

psicológicos.<br />

Em termos de atividades planejadas torna-se importante desenvolver situações<br />

que envolvam a leitura, para que a partir desta seja despertada a interpretação oral, a<br />

transformação da informação em conhecimento, a noção de seqüência lógica atentando<br />

para pequenos detalhes, personagens e suas características; para que sejam observadas<br />

palavras do cotidiano e também aquelas que não fazem parte do uso diário, levando o<br />

educando a realizar um senso crítico sobre a mensagem do texto lido, ou o conteúdo<br />

veiculado. A partir desta leitura é possível desenvolver inúmeras outras atividades de<br />

escrita: palavras, frases, pequenos textos, seleção de outros temas de pesquisa...<br />

37


Nas situações lúdicas podem estar presentes atividades com dominós (de letras e<br />

números), quebra-cabeças, jogo da memória, jogos de encaixe, baralho, jogo de dados,<br />

jogos confeccionados e jogos comerciais diversos.<br />

No trato com questões relacionadas com a auto-estima, o uso de fantoches é bem<br />

vindo, o uso da caixa de areia, a aquisição de um mascote na sala de aula, jogos de<br />

competição...<br />

Atividades de psicomotricidade precisam ser intercaladas com as pedagógicas,<br />

pois muitas vezes as situações de dificuldade de aprendizagem podem ser em<br />

decorrência da falta de habilidades básicas para, principalmente o processo de<br />

alfabetização, como por exemplo, coordenação motora fina, ampla, viso-motora, noção<br />

espacial, percepção, lateralidade, equilíbrio, que podem estar contidas nas atividades de<br />

recorte, colagem, pintura, realização de maquetes, dança, mímica, teatro, etc. Estas<br />

atividades podem ser realizadas independente da idade, pois muitas vezes, pré-<br />

adolescentes (10 e 11 anos) não freqüentaram a Educação Infantil e foram privados de<br />

certos estímulos, tendo que realizá-las em idades posteriores<br />

O uso de projetos é benéfico, assim é possível trabalhar conteúdos importantes<br />

no decorrer da realização destes, em que os educandos desenvolvem atividades<br />

divertidas e aprendem ao mesmo tempo.<br />

Atividades de socialização, reconhecimento dos locais da comunidade (visitas),<br />

noções de higiene, regras e limites, também são significativas, aja visto que estas<br />

crianças fazem parte de camadas populares, e algumas com sérios problemas de famílias<br />

desestruturadas.<br />

As dificuldades escolares não estão somente centradas na leitura e escrita,<br />

existem vários distúrbios relacionados ao raciocínio lógico-matemático, portanto jogos<br />

confeccionados com materiais reciclados são bem-vindos: palitos, botões, tampinhas de<br />

garrafas, bolas de gude, boliche com garrafas pet, bolas de meia, e outros. Também o<br />

uso do ábaco, material dourado, cuisenaire, blocos lógicos, dados, bingo, baralho, jogos<br />

de tabuleiro, jogos que envolvam frações, números decimais, sistema monetário podem<br />

fazer parte dos recursos utilizados nestas salas a fim de amenizar dificuldades<br />

matemáticas.<br />

38


Estas são algumas sugestões das inúmeras atividades que podem ser trabalhadas,<br />

basta realizar um diagnóstico correto das dificuldades para elaborar um planejamento<br />

adequado. A seguir apresentamos a atividade 1, que consta de uma carta enigmática,<br />

pode ser trabalhada com crianças que estão no processo de alfabetização e já<br />

reconhecem as sílabas. A atividade 2 incentiva a escrita, a noção espacial, a percepção<br />

e atividades de raciocínio-lógico matemático.<br />

Atividade 1- Carta enigmática<br />

Fonte: CORRÊA, Sílvia Riek; RIBEIRO, Kátia Cordeiro. Apostila de Atividades.<br />

39


Atividade 2- Atividade de escrita, noção espacial, percepção, e raciocínio lógico-matemático.<br />

Fonte: CORRÊA, Sílvia Riek; RIBEIRO, Kátia Cordeiro. Apostila de Atividades.<br />

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

À medida que a escola foi se solidificando como instituição de ensino, passou a<br />

organizar uma estrutura que até hoje lhe é inerente para o bom funcionamento. Quanto<br />

mais pessoas ingressavam nos colégios, havia a necessidade de criar espaços, tempo,<br />

série, saberes culturalmente transmitidos, métodos, sistema de avaliação entre outros.<br />

Esta dinâmica sofreu alterações no contexto histórico de acordo com novas realidades e<br />

40


pesquisas educacionais, e, ainda há o enfoque que prioriza a socialização do saber<br />

elaborado, onde o currículo é considerado não como toda e qualquer atividade<br />

desenvolvida dentro ou fora da escola, mas como forma de organizar conteúdos,<br />

segundo sua relevância social, visando garantir aos alunos a apropriação de<br />

conhecimento social acumulado e dos meios pelos quais a ele se pode ter acesso e<br />

através dos quais se torna possível a produção de novos conhecimentos. As atividades<br />

cotidianas, a vivência dos alunos, a experiência particular imediata de indivíduos e<br />

grupos, são aspectos a serem obrigatoriamente considerados como ponto de partida e<br />

durante todo o processo de ensino-aprendizagem, integrando, portanto, todos os<br />

procedimentos metodológicos voltados para a transmissão/ assimilação/ apropriação do<br />

saber sistematizado.<br />

Ao desenvolvermos um trabalho de assistência pedagógica às classes que<br />

atendem educandos com dificuldades de aprendizagem evidenciamos a realidade na<br />

qual estão envolvidas e verificamos a necessidade da elaboração de um plano de<br />

atividades relacionadas para o diagnóstico realizado, atendendo os anseios dos alunos.<br />

As práticas e os saberes escolares necessitam incluir conteúdos curriculares<br />

abordados de uma maneira mais atraente ao educando, contemplando dinâmicas<br />

diferenciadas e atividades bem elaboradas através de recursos lúdicos e eficientes.<br />

As acadêmicas bolsistas participantes do projeto são ainda aprendizes e<br />

necessitam do apoio dos professores orientadores para elaborarem o planejamento das<br />

atividades. Nas escolas em que recebem amparo da equipe pedagógica os resultados<br />

ficam mais evidentes. Ainda há o problema sócio-econômico dos alunos, pois é<br />

significativo. O projeto atende, na maioria, alunos carentes, que necessitam de muitos<br />

estímulos e de trabalho de resgate da auto- estima.<br />

Como resultados parciais obtidos, temos o entusiasmo das acadêmicas bolsistas<br />

que participam com interesse das atividades de orientação, pesquisa e estudo e estão<br />

sempre ávidas em inovar as atividades desenvolvidas com os educandos. Em relação<br />

aos alunos, foram realizadas reuniões com os pais, expondo temas relacionados às<br />

dificuldades de aprendizagem, aproximando-os assim, da escola. Da mesma forma,<br />

foram realizadas reuniões com os professores e equipe pedagógica das escolas que<br />

acolheram o projeto, e todos foram unânimes em citar o trabalho como significativo.<br />

41


Através deste trabalho é possível aperfeiçoar o atendimento aos portadores de<br />

transtornos de aprendizagem e assegurar-lhes o direito de aprenderem.<br />

5 REFERÊNCIAS<br />

ARIÈS, Phillipe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro:<br />

Livros Técnicos e Científicos: 1981.<br />

CORRÊA, Sílvia Riek; RIBEIRO, Kátia Cordeiro. Apostila de Atividades. União da<br />

Vitória: FAFIUV, 2008.<br />

HAMILTON, David. Sobre a Origem dos termos classe e currículum. Porto Alegre:<br />

Artmed, 1992.<br />

LE COUEUR, Marc. Os Liceus na cidade: O exemplo parisiense. In: BENCOSTTA,<br />

Marcus Levy Albino (org.). História da educação, Arquitetura e Espaço Escolar. São<br />

Paulo: Cortez, 2005. p. 48-91.<br />

LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. A pedagogia Crítico<br />

Social dos Conteúdos. 19 ed. São Paulo: Loyola, 2003.<br />

MANACOR<strong>DA</strong>, Mário Alighiero. História da Educação, da antiguidade aos nossos<br />

dias. 8 ed. São Paulo; Cortez, 2000.<br />

PETITAT, André. Produção da Escola/ produção da sociedade. Porto Alegre: Artmed,<br />

1994.<br />

SAVIANI, Nereide. Saber Escolar, Currículo e didática. Campinas; São Paulo:<br />

Autores Associados, 1998.<br />

WARDE, Miriam Jorge; CARVALHO, Marta Maria Chagas de. Política e cultura na<br />

Produção da História da Educação no Brasil. In: WARDWE, Miriam Jorge (org.).<br />

Temas de História da Educação. Revista Semestral Temática de Ciências Sociais e<br />

Educação. 1 o sem/2000. p.9-33.<br />

DIFICUL<strong>DA</strong>DES DE APRENDIZAGEM: UM RELATO DE EXPERIENCIA EM<br />

42


Resumo<br />

PROJETOS DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA.<br />

ROMANOSKI, Ana Paula Dias.<br />

G-Pedagogia (FAFIUV)<br />

ANSAI, Rosana Beatriz – Orientadora (Prof. FAFIUV).<br />

(Comunicação oral)<br />

Entende-se que Dificuldades de Aprendizagem refere-se às dificuldades apresentadas por alguns alunos<br />

em assimilar conhecimentos acarretando desse modo, déficits de Aprendizagem, ou seja, tudo aquilo que<br />

impede o indivíduo direta ou indiretamente de acompanhar o processo escolar. Estas dificuldades podem<br />

ser oriundas de fatores biológicos, sociais, e psicológicos, entre outros; cabendo a comunidade escolar<br />

(pais, professores, diretores, pedagogos) um diagnóstico precoce para que sejam adotadas intervenções<br />

adequadas. Partindo dessas considerações, o estudo tem por objetivo esclarecer o que e quais são as<br />

causas das Dificuldades de Aprendizagem, bem como esclarecer qual deve ser a postura do docente<br />

diante dos alunos que apresentam Dificuldades de Aprendizagem, e apresentar um breve relato de<br />

experiência acerca do Projeto de Extensão universitária com o titulo: Apoio aos Alunos com Dificuldades<br />

de Aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Esse projeto tem por objetivo geral oferecer<br />

às crianças com dificuldades de aprendizagem atividades lúdicas e diversificadas com o objetivo de<br />

prevenir a evasão e a repetência escolar haja vista que crianças com este perfil ao receberem intervenções<br />

pedagógicas adequadas e enriquecidas podem adquirir informações e desbloquear suas dificuldades,<br />

vindo a modificar positivamente suas construções de conhecimento e aprendizagem. Esse projeto vem<br />

sendo realizado na colônia Rio Vermelho interior do município de União da Vitória, precisamente na<br />

Escola Interventor Manoel Ribas, atendendo um total de 15 alunos repetentes e multirrepetentes. Esse<br />

trabalho está apoiado em embasamento teórico aliando teoria e prática, e está longe de apresentar receitas<br />

ou respostas prontas, apenas se dispõe a apontar caminhos.<br />

PALAVRAS CHAVE: Dificuldades de Aprendizagem, Projeto, Alunos.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Afinal, porque alguns alunos não aprendem? Muito já se escreveu e<br />

investigou sobre Dificuldades de Aprendizagem e o insucesso escolar. Alguns<br />

pesquisadores e teóricos foram ouvidos acerca do tema, mas o que podemos notar é que<br />

as Dificuldades de Aprendizagem representam um dos problemas centrais da Educação<br />

contemporânea tanto por sua complexa definição como pela dificuldade de sua<br />

interpretação pelos agentes de ensino.<br />

Nota-se que os profissionais da Educação estão despreparados quando se<br />

defrontam com o problema em suas salas de aula, acarretando dessa forma muitas vezes<br />

43


a evasão escolar pelo auto índice de repetência ou pior ainda como resultado de um<br />

diagnóstico errado e precipitado.<br />

Entende-se que Dificuldades de Aprendizagem refere-se às dificuldades<br />

apresentadas por alguns alunos em assimilar conhecimentos acarretando desse modo,<br />

déficits de Aprendizagem. Segundo (DROUET 1995: 8)<br />

A aprendizagem é gradual, ou seja, vamos aprendendo pouco a pouco,<br />

durante toda nossa vida. Portanto ela é um processo constante, cada indivíduo<br />

tem seu ritmo próprio de aprendizagem (biológico) que aliado a outros<br />

fatores sejam estes, meio social até seu tipo psicológico irá constituir sua<br />

individualidade.<br />

A forma de como se dá a aprendizagem ainda é um enigma, muitos conceitos<br />

foram criados acerca deste fenômeno, mas o que se sabe é que se a aprendizagem não<br />

for respeitada e estimulada, ou não levada em consideração não se atingirá, eficazmente<br />

este processo.Dessa forma explicam (COPPI, HEERDT 2003: 120). “O crescimento da<br />

criança não se dá em linha reta, às dificuldades se iniciam geralmente por crises que<br />

ocorrem na passagem de uma etapa para outra sem que a primeira já esteja concluída.”<br />

Na análise de (DROUET 1995) O processo evolutivo do funcionamento<br />

cognitivo segundo Piaget, tem um movimento ascendente, no qual cada nova estrutura<br />

envolve ao mesmo tempo superação e conservação da anterior, pois segundo ele a<br />

aprendizagem é adaptativa, vai se desenvolvendo desde os primeiros anos de vida, em<br />

um processo continuo e gradual.<br />

Então questiona-se porque, enquanto professores não se consegue atingir metas<br />

em sala de aula de forma homogênea? Onde se está errando?<br />

È muito comum encontrarmos docentes inseguros e aflitos ao deparar-se com<br />

alunos com Dificuldades de Aprendizagem, que não conseguem acompanhar o ritmo da<br />

turma. Muitas vezes não sabem nem do que se trata, tomando muitas vezes decisões<br />

erradas, ou ainda fazendo diagnósticos precipitados, rotulando o aluno. Sendo assim<br />

este foi o principal motivo pelo qual optou-se por buscar ampliar conhecimentos na<br />

área, com o objetivo de compreender melhor as Dificuldades de Aprendizagem, visando<br />

intervenções adequadas que propiciarão o melhor desenvolvimento dos alunos com<br />

Dificuldades de Aprendizagem, levando em consideração que vários são os fatores que<br />

44


podem acarretar nas Dificuldades de Aprendizagem, entre eles fatores biológicos,<br />

sociais e emocionais.<br />

Partindo dessas considerações, o estudo tem por objetivo geral esclarecer que e<br />

quais são as causas das Dificuldades de Aprendizagem, refletir de que forma o Lúdico<br />

pode auxiliar nas intervenções das Dificuldades, e principalmente esclarecer qual pode<br />

ser a postura do docente diante dos alunos que apresentam Dificuldades de<br />

Aprendizagem.<br />

Para coleta de dados optou-se pela pesquisa teórico-bibliográfica e relato de<br />

experiência a partir da docência no Projeto de Extensão Universitária: Universidade sem<br />

Fronteiras na Colônia Rio Vermelho em União da Vitória- PR. Com O Projeto: Apoio<br />

aos alunos com Dificuldades de Aprendizagem nos anos iniciais do Ensino<br />

Fundamental.<br />

. A área de abrangência do estudo se situa no campo das ciências sociais,<br />

voltada para educação, mais especificamente para Psicopedagogia e estudantes de<br />

Pedagogia.<br />

CONCEITO DE DIFICUL<strong>DA</strong>DE DE APRENDIZAGEM<br />

Apesar de serem encontradas terminologias diferenciadas dependendo do autor<br />

consultado, sendo comum depararmo-nos com termos tais como: Distúrbios de<br />

Aprendizagem; Problemas de Aprendizagem, Deficiência na Aprendizagem e<br />

Dificuldades de Aprendizagem, adotaremos no presente artigo, o termo Dificuldades de<br />

Aprendizagem entendendo abranger os demais termos.<br />

Segundo (SMITH 2001) dificuldades de aprendizagem são problemas<br />

neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para entender, recordar ou comunicar<br />

informações.<br />

Muitas vezes o termo Dificuldades de Aprendizagem é utilizado de forma<br />

inadequada, por motivo de pouco conhecimento sobre o assunto. Este tem sido bastante<br />

estudado, mas as informações obtidas penetram no âmbito educacional de maneira<br />

lenta.<br />

As dificuldades de Aprendizagem também estão relacionadas a complicações,<br />

45


pré, peri e pós – natais, trazendo para a criança disfunções que poderão acarretar vários<br />

distúrbios. Conforme relata (SMITH 2001:15):<br />

(...) dificuldades de aprendizagem referem-se não a um único distúrbio, mas a<br />

uma ampla gama de problemas que podem ser atribuídas a uma única causa:<br />

muitos aspectos diferentes podem prejudicar o funcionamento cerebral, e os<br />

problemas psicológicos destas crianças frequentemente são complicados até<br />

certo ponto por seus ambientes domésticos e escolares.<br />

Nesse sentido (DROUET 1995:91) Concorda com (idem) e retifica:<br />

Distúrbios são problemas ou dificuldades no processo de ensino –<br />

aprendizagem. Isso porque distúrbios são perturbações de origem biológica,<br />

neurológica, intelectual, psicológica, sócio-econômico ou educacional,<br />

encontradas em escolares, que podem torna-se problemas para aprendizagem<br />

dessas crianças.<br />

Em resumo entendemos que Dificuldades de Aprendizagem é tudo aquilo que<br />

impede o indivíduo direta ou indiretamente de acompanhar regularmente o processo<br />

escolar. Estas dificuldades podem aparecer devido a fatores biológicos; genéticos pré,<br />

peri,e pós natais;fatores sociais,fatores de envolvimento e de privação cultural... Enfim<br />

as Dificuldades de Aprendizagem resultam de três processos: Disfunção cerebral<br />

herdada, congênita ou adquirida; Interação hereditariedade – meio; Disfunção social ou<br />

educacional.<br />

O que dificulta um diagnóstico rápido é a falta de pessoas preparadas e<br />

especializadas para fazê-lo, pois quando uma criança apresenta dificuldades para<br />

aprender, e comum que o professor ou pais esperem por um despertar espontâneo deste<br />

aluno, ou que esta criança mais cedo ou mais tarde dê um salto em sua aprendizagem e<br />

passe a acompanhar a classe. No entanto este momento mágico que se caracteriza pela<br />

superação das dificuldades partindo da própria criança raramente acontece. O que mais<br />

comumente, se acaba verificando é a automatização de aprendizagens e o aumento das<br />

Dificuldades, com conseqüências severas na auto-estima do aprendiz.<br />

À medida que os conteúdos programáticos se tornam mais complexos, o<br />

fracasso escolar fica mais evidente o que influi diretamente na auto-imagem da criança,<br />

e se esta apesar de todas as tentativas que realiza, não consegue superar as dificuldades<br />

46


e desenvolver um ritmo de aprendizagem que lhe permitirá acompanhar a classe, acaba<br />

por se julgar incompetente, incapaz e desastrada.<br />

2.O PAPEL DO <strong>PROFESSOR</strong> DIANTE <strong>DA</strong>S DIFICUL<strong>DA</strong>DES DE<br />

APRENDIZAGEM.<br />

Acreditamos que o professor no processo de aprendizagem é indiscutivelmente<br />

decisivo, pois suas atitudes, concepções e intervenções, serão fatores determinantes no<br />

sucesso ou fracasso escolar de seus alunos. Segundo conceitua (JARDIM 2005:147):<br />

Sabe-se que para aprender são necessários um “ensinante” e um “aprendente”<br />

que interagem. (...).<br />

Entretanto, essa regra não é lembrada quando se trata de fracasso na<br />

aprendizagem, pois só o aluno é observado nesse processo, não sendo<br />

levantada a hipótese de o Sistema de Ensino (professores e coordenadores) e<br />

familiar participarem desse fracasso ou produzirem sintomas culturais que<br />

venham a gerá-lo.<br />

Necessariamente, nas Dificuldades de Aprendizagem estão envolvidos o<br />

aluno e todo sistema que ensina.<br />

Nesse sentido percebe-se que para que os problemas sejam resolvidos, deve-se<br />

diagnosticar, prevenir a partir dos dois personagens: o aluno e o professor e no vínculo<br />

entre os dois.O professor é o profissional que se posiciona entre o aluno e a aquisição de<br />

aprendizagem,e a relação que existe entre os dois. Portanto cabe a ele duas tarefas<br />

básicas diante das Dificuldades de Aprendizagem: o diagnóstico ou detecção do<br />

problema e em seguida de intervenção adequada.<br />

No contato diário com os alunos, muito rapidamente o professor começa a<br />

perceber entre eles aqueles que apresentam dificuldades, e a partir desta detecção a<br />

atitude correta deve ser o encaminhamento deste aluno a um psicopedagogo, que deverá<br />

avaliar as habilidades perceptivas, motoras, lingüísticas e cognitivas do mesmo e ainda<br />

há a necessidade de encaminhamento a um psicólogo para o diagnóstico dos fatores<br />

emocionais e afetivos que podem influenciar na aquisição dos atos de ler e escrever e<br />

contar.<br />

O desinteresse, o negativismo, a dispedagogia, os programas inadequados, as<br />

47


avaliações subvalorativas, os reforços negativos, as atitudes negligentes, podem afetar a<br />

aprendizagem do indivíduo, o despreparo, a falta de conhecimento sobre o assunto,<br />

diagnósticos incorretos e precipitados, podem trazer conseqüências irreversíveis à<br />

aprendizagem do indivíduo. Nesse sentido (DIAS in JARDIM 2005:173-174) esclarece:<br />

Portanto, não basta levantar os dados e observar quais as dificuldades de<br />

aprendizagem; o mais importante é poder compreender a criança que tem<br />

esse problema penetrar na sua alma e sentir o seu profundo desgosto por não<br />

conseguir fazer o que seus colegas fazem com tanta facilidade.<br />

Esse desgosto pode evoluir para o desespero se a criança é cada vez mais<br />

pressionada pelos adultos ou então é desconsiderada tida como preguiçosa,<br />

burra, lerda, etc.<br />

E todo esse caso pode evoluir e acarretar o risco de um desenvolvimento<br />

patológico, chegando ao desejo de não mais viver ou ainda, levar a uma<br />

degeneração do comportamento que pode ser agressivo, irreverente, antisocial,<br />

rebeldia contra padrões e pode levar até ao crime.<br />

Em nível de intervenção, os princípios básicos são: respeito e estímulo, que<br />

envolvem a não utilização de comentários depreciativos; o respeito ao ritmo da criança,<br />

não envolvendo o aprendiz em situações de competição; não constrangê-lo; não fazer<br />

comparações de nenhuma espécie e principalmente, conversar particularmente com o<br />

aluno sobre suas dificuldades, porque elas ocorrem, e no esclarecimento sobre suas<br />

intenções em como ajuda-lo. Isto estabelecerá um clima sincero entre ambos,<br />

despertando a confiança do aluno com relação ao professor. Segundo explica (MORAIS<br />

2002:188)<br />

Esta conversa (...) é de suma já que, permite que se estabeleça, entre o<br />

professor e o aluno, um clima aberto e sincero, no qual a criança se sente<br />

apoiada e tranqüila sobre as possíveis reações frente às suas dificuldades. Os<br />

estímulos são imprescindíveis, pois funcionarão como massageadores da<br />

autoestima, que progressivamente levará o aluno a acreditar em si mesmo e<br />

na sua capacidade para superar as dificuldades.<br />

De maneira geral, podemos dizer que os pesquisadores aqui consultados<br />

mostram que as causas das Dificuldades de Aprendizagem são fundadas em fatores<br />

biológicos, e que o ambiente escolar, familiar e social influencia positiva ou<br />

negativamente sobre as Dificuldades de Aprendizagem.. Mostram também a<br />

importância dos métodos de ensino utilizados com os alunos portadores de Dificuldades<br />

48


de Aprendizagem e ainda o vital papel do docente quanto à detecção precoce e as<br />

intervenções adequadas.<br />

3.INTERVENÇÕES QUE DÃO CERTO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA:<br />

PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA UNIVERSI<strong>DA</strong>DE SEM<br />

FRONTEIRAS NA COLÔNIA RIO VERMELHO EM UNIÃO <strong>DA</strong> VITÓRIA- PR<br />

No mês de outubro de 2007 iniciou-se na Escola Rural Municipal Interventor<br />

Manoel Ribas na Colônia Rio Vermelho em União da Vitória PR o projeto de extensão<br />

universitária denominado Universidade sem Fronteiras do subprograma Apoio as<br />

Licenciaturas oferecidos pela Secretaria de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior –<br />

SETI do Estado do Paraná, sendo a estagiária bolsista a acadêmica Ana Paula<br />

Romanoski do curso de Pedagogia proponente deste estudo.Atualmente atende-se nesta<br />

unidade escolar 15 alunos da 2.ª à 4.ª série que recebem aulas em contra turno de<br />

segunda à sexta feira no período da manhã e que foram selecionados por indicação das<br />

professoras da escola e pela equipe coordenadora do projeto.<br />

O projeto tem como objetivo geral oferecer às crianças com dificuldades de<br />

aprendizagem atividades lúdicas e diversificadas com o objetivo de prevenir a evasão e<br />

a repetência escolar e denomina-se Projeto de Apoio aos alunos com Dificuldades de<br />

Aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental.<br />

O grande desafio é encontrar meios para diminuir o fracasso escolar, pois<br />

segundo pesquisas o tema em questão tem tomado altas proporções no que diz respeito<br />

à repetência e a evasão escolar tendo em vista que a cada ano aumentam nas escolas o<br />

número de crianças que não conseguem aprender com o mesmo ritmo, e de uma forma<br />

homogênea, e isto vem preocupando os docentes da atualidade.<br />

Dessa maneira parte-se do princípio de que crianças com este perfil ao<br />

receberem intervenções pedagógicas adequadas e enriquecidas podem adquirir<br />

informações e desbloquear suas dificuldades, vindo a modificar positivamente suas<br />

construções de conhecimento e aprendizagem. Partindo desse pressuposto tem-se<br />

realizado atividades referentes aos conteúdos de Português e Matemática, bem como<br />

49


Esquema Corporal, mais precisamente leitura, interpretação, escrita, música e as quatro<br />

operações, tendo sempre em mente que o Projeto tem por finalidade trabalhar o lúdico.<br />

Dessa forma todas as atividades realizadas estão voltadas ao intuito de sanar as<br />

dificuldades apresentadas pelas crianças que freqüentam o projeto, sendo que a<br />

metodologia didática desenvolvida é a que enfatiza jogos e brincadeiras pedagógicas,<br />

com elaboração de portfólios de trabalho.<br />

Mas para que esse projeto completasse seu segundo objetivo, que é o de<br />

proporcionar aos bolsistas acadêmicos a experiência e a oportunidade de melhorar sua<br />

práxis educativa para que toda essa experiência obtivesse sucesso foi necessário<br />

embasamento teórico, ou seja, relacionar teoria e prática. Das muitas leituras que<br />

realizou-se, pode-se relacionar facilmente a importância do brincar com a<br />

aprendizagem.<br />

Ao brincar a criança aprende a agir em função de uma situação ou de um<br />

objeto que não está presente ou visível para ela no momento. Na brincadeira, demonstra<br />

sentimentos, emoções, conhecimentos e significados já vivenciados que são elaborados<br />

por ela de forma própria. Além de proporcionar à criança um momento de interação<br />

com o outro, de aprendizagens sobre os objetos que estão a sua volta e das regras que<br />

organizam as relações humanas, o brincar a auxilia a lidar com a espera, a tomar<br />

decisões e a participar de ações coletivas.<br />

É pela interação com o(s) outro(s) que as formas de pensar são constituídas<br />

pela apropriação do saber. Quanto maiores as experiências pelas quais as crianças<br />

passam,mais funções mentais acontecem,facilitando a aprendizagem. Na análise de<br />

(JOSÈ e COELHO 1996)<br />

Segundo Vygotsky, é por meio da interação com os outros indivíduos que a<br />

criança desenvolve sua capacidade simbólica, aliando-a a sua pratica e tornando-se,<br />

assim, mais consciente de sua própria existência.<br />

Se a aprendizagem desencadeia o desenvolvimento, portanto, cabe ao<br />

professor auxiliar a criança a realizar novas conquistas intelectuais, considerando a<br />

distancia entre as zonas de desenvolvimento propiciando momentos de experiências<br />

diversificadas, motivadoras e enriquecedoras para que ela possa desenvolver suas<br />

capacidades, fortalecer sua auto-estima e dispor de elementos que promovam sua<br />

50


formação integral.<br />

Desde o inicio da vida, as ações são construídas nas interações estabelecidas<br />

com os outros e com o meio. Por meio da imitação,ele organiza seu repertório de<br />

reações,adequando-as as solicitações externas e internalizando,gradativamente, os<br />

comportamentos aceitos socialmente por seu grupo de convívio e passando a assumir<br />

papéis nesse mesmo grupo.Esses papéis frutos das interações com os outros,permitem<br />

que a criança,por meio de jogos de faz-de-conta, nos quais assume diferentes<br />

personagens, coloque-se numa perspectiva diferente da sua,aprenda a reagir como o<br />

outro reagiria,e, nessa relação, aprenda a diversidade de papeis sociais existentes,<br />

construindo sua representação de mundo.<br />

Conforme (LIMA in DRUET 1995:63) para que a criança se desenvolva<br />

integralmente, é preciso considerar o tempo, o espaço, e a comunicação, as práticas<br />

culturais, a fantasia e a experimentação.<br />

Tempo: respeitando o ritmo de cada criança; (essencial ao seu<br />

desenvolvimento);<br />

Espaço: a diversidade de espaços permite possibilidades de socialização e de<br />

formação humana;<br />

Comunicação: é através desta que a criança constrói significados,<br />

desenvolve o pensamento, elabora idéias;<br />

Praticas culturais: essas práticas tem valor reconhecido socialmente<br />

promovendo o desenvolvimento e a aprendizagem;<br />

Imaginação e fantasia: esta é utilizada para resolver conflitos, superar<br />

desafios e elaborar novas ações, sendo a condutora do desenvolvimento da<br />

cultura e do desenvolvimento humano;<br />

Curiosidade e experimentação: possibilitam o desenvolvimento das funções<br />

psicológicas, como percepção e atenção.<br />

Dessa maneira o que podemos perceber é que faz-se necessário que sejam<br />

levadas em conta todas fases da criança na sua totalidade, e que quanto mais estimulada<br />

vivencie situações que a auxiliarão no seu desenvolvimento como um todo.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Ao término deste breve estudo, que não tem, de modo algum, a pretensão de<br />

estar acabado, pois como já enfatizou-se anteriormente Dificuldades de Aprendizagem<br />

51


consistem em um tema bastante complexo, sendo portanto passível de maiores estudos e<br />

pesquisas.<br />

O que podemos perceber é que muitas teorias já foram escritas acerca deste<br />

tema, mas quase nada se fez para mudar esta “doença” crônica do Sistema Escolar.<br />

Notamos que a avaliação das Dificuldades de Aprendizagem e a intervenção<br />

nelas são duas faces do problema; pois há um grande despreparo por parte dos docentes,<br />

para diagnosticar e intervir no problema.<br />

Inúmeras são as possíveis causas das Dificuldades de Aprendizagem e<br />

inúmeras são as possibilidades de combinação entre as mesmas. Diante de tal<br />

complexidade faz-se necessário a avaliação da criança que tem Dificuldades de<br />

Aprendizagem por um profissional da área, que indicará as intervenções adequadas a<br />

cada caso, tanto a nível escolar quanto familiar.<br />

O que podemos observar é que em geral a escola transfere o problema para a<br />

família, a qual muitas vezes está desestruturada e não considera a gravidade do<br />

problema, a família por sua vez entende que a responsabilidade é da escola que deve,<br />

portanto solucioná-las.<br />

Nessas tentativas de transferências de responsabilidades, muitas vezes<br />

provocadas pelo desconhecimento, a criança é que sai prejudicada, pois desmotivadas<br />

pelas dificuldades que encontram, se desinteressam da escola. Daí a importância do<br />

diagnóstico precoce do problema afim de que esta criança receba a atenção adequada.<br />

Para que isso aconteça, porém, são necessários que haja uma conscientização<br />

por parte dos docentes, os currículos sejam adequados, e os programas reavaliados, para<br />

que a aprendizagem seja possível a todos, diminuindo assim a evasão escolar e a<br />

repetência.<br />

Com relação ao Projeto: Apoio aos Alunos com Dificuldades de Aprendizagem<br />

nos Anos iniciais, ao qual faço parte e do qual tentei relatar a maneira como vivencia-se<br />

o trabalho com essa questão, a única conclusão que se pode fazer é que este, esta longe<br />

de acabar,e em nenhum momento trará receitas prontas de como trabalhar com as<br />

Dificuldades de Aprendizagem,apenas pode-se apontará caminhos que podem ou não<br />

dar certo,basta para tanto que o professor busque por meio da pesquisa a eficiência do<br />

seu fazer educativo.<br />

52


BIBLIOGRAFIA<br />

DROUET, R.C.R. Distúrbios de Aprendizagem. São Paulo: Àtica, 1995.<br />

HEERDT, M.L. COPPI, P. Como Educar Hoje?:Reflexões e Propostas para uma<br />

Educação Integral. São Paulo: Mundo e Missão, 2003.<br />

JARDIM, W.R.S. Dificuldades de Aprendizagem no Ensino Fundamental. 2.ed. São<br />

Paulo:Loyola,2005.<br />

JOSÉ, E.A. COELHO, M.T.Problemas de Aprendizagem.8 ed.São Paulo:Àtica,1996.<br />

MORAIS, A.M.P. Distúrbios da Aprendizagem:Uma abordagem<br />

Psicopedagógica.9.ed.São Paulo:Edicom, 2002.<br />

SMITH, C. STRCK, L. Dificuldades de Aprendizagem de A a Z:Um Guia Completo<br />

para Pais e Educadores.Tradução de Dayse Batista.Porto Alegre:Artmed,2001<br />

PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM: FATORES DESENCADEANTES<br />

GRUBA, Luciane<br />

G – Pedagogia (FAFI – UV)<br />

KLEIN, Roseli B.<br />

( Prof. Ms. FAFIUV – Orientadora)<br />

Este artigo apresenta os principais problemas de aprendizagens. Os altos índices de repetências e<br />

dificuldades na fase de alfabetização têm influenciado muitas pesquisas educacionais. Entretanto é<br />

importante realizar o diagnóstico da criança que apresenta estes transtornos. Verificam – se ainda<br />

problemas de aprendizagem em crianças de desenvolvimento normal. Quando a vida pré – escola começa,<br />

53


observa-se o papel fundamental da família em incentiva – la e motiva – la para participar da escola, é<br />

nesse gral de escolaridade que são desenvolvidos as pré – habilidades necessárias para o processo de<br />

aprendizagem. É também na fase pré – escolar que a criança desenvolve sua capacidade de interação,<br />

socialização, expondo seu potencial de criatividade, amplia sua linguagem oral, entre tantas outras<br />

habilidades que, se bem desenvolvidas, podem evitar problemas de aprendizagem em fases posteriores. O<br />

presente trabalho desenvolveu – se através da pesquisa bibliográfica.<br />

PALAVRAS CHAVE: educação, aprendizagem, transtornos de aprendizagem.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Historicamente o sistema educacional, no processo da escolarização, foi se<br />

modificando com o desenvolvimento das sociedades, mas isso ocorreu de acordo com<br />

as necessidades que a escola impunha aos métodos educacionais sobre a aprendizagem.<br />

Observa – se que os problemas de aprendizagem podem ser de ordem<br />

neurológica, psicológica ou fruto da desmotivação do aluno. O educando pode<br />

apresentar fracasso escolar, como conseqüência da dinâmica da própria escola.<br />

Entretanto, Fonseca (1995), descreve que a escola criou obrigações sobre os alunos, ao<br />

mesmo tempo em que aumentou a taxa de escolarização, isso originou má acomodação<br />

nas escolas.<br />

No decorrer da alfabetização, especialistas e educadores vem enfrentando sérios<br />

conflitos no processo de escolarização, no entanto os altos índices de repetências e<br />

dificuldades na fase pré – escolar, tem originado inúmeras pesquisas centradas nos<br />

problemas de aprendizagem.<br />

O sistema educacional desenvolve métodos para facilitar a evolução do aluno.<br />

No entanto alguns problemas de aprendizagem são inerentes à área educacional. Assim,<br />

cabe aos educadores, observar essas dificuldades e realizar um trabalho de apoio<br />

individualizado ao educando ou encaminha – loa o especialista.<br />

Esta pesquisa é resultado de nosso trabalho como acadêmica bolsista do Projeto<br />

Universidade Sem Fronteiras da SETI (Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino<br />

Superior do Governo do Estado do Paraná), intitulado Apoio aos Alunos com<br />

Dificuldades de Aprendizagens nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Atuamos na<br />

Escola Municipal Professor Paulo Ider Hermann no Município de Paula Freitas com 19<br />

54


crianças que possuem transtornos de aprendizagem. No cotidiano, com estas crianças,<br />

aprendemos a observa – lás com um novo olhar, voltada para as causas que as impede<br />

de aprender.<br />

As causas das dificuldades de aprendizagem podem estar além do ambiente<br />

escolar, e é isto que queremos abordar a seguir.<br />

2 FATORES DESENCADEANTES DOS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM<br />

O problema de aprendizagem já vem sendo estudado há muito tempo. Cada<br />

autor estuda um problema, dessa maneira apresenta uma solução para modelar o<br />

comportamento do aluno, de acordo com as suas necessidades.<br />

Sobre as questões conceituais de problema de aprendizagem Scoz (1994),<br />

informa que as crianças que tinham dificuldade de aprendizagem eram chamadas de<br />

anormais escolares. Este foi o motivo que levou os especialistas a buscar mais<br />

definições e estudos sobre o assunto. Assim, explica que, por muito tempo, essa questão<br />

foi assunto de reflexão para os educadores e terapeutas que enfrentaram esse desafio.<br />

Os problemas de aprendizagem podem ser originados por causas neurológicas,<br />

psicológicas ou podem ser também apresentados em crianças desinteressadas ou<br />

desmotivadas. Dessa maneira Ramos (apud Scoz, 1994), estudou os problemas de<br />

aprendizagem e durante muito tempo foi o único trabalho publicado no Brasil com<br />

idéias psicanalistas. Sendo assim diz que: esta medicalização avançada sobre o fracasso<br />

escolar se intensificou na década de 60, quando os médicos especialistas abordaram no<br />

Brasil os processos psiconeurológico do desenvolvimento humano, no qual obtiveram<br />

estudos sobre as noções de Disfunção Cerebral Mínima e Dislexia. Com conseqüência<br />

os principais fatores que levam a criança a apresentar as dificuldades de aprendizagem,<br />

podem resultar das condições de ensino/ aprendizagem. Fonseca ( 1995: 11) enfatiza<br />

que:<br />

Do cruzamento desses vetores de analise sobre o problema, ressaltam<br />

modelos ideológicos e confusões conceituais que complicam o quadro do<br />

caos semântico que envolve os conceitos das <strong>DA</strong> e do insucesso escolar. A<br />

popularidade das justificações do insucesso escoar a base de modelos<br />

55


encantatórios e exclusivamente socializantes podem levar ao um simplismo<br />

perigoso ou a ilusão de progresso, originando consequentemente medidas,<br />

decisões e serviços educacionais pouco eficazes.<br />

Scoz (1994) destaca a inclusão de alguns conceitos psicanalíticos na área médica<br />

que mudaram o enfoque dominante de doença mental. O desenvolvimento da<br />

personalidade da criança, nos primeiros anos de vida, influi sobre a determinação do<br />

comportamento. Entende – se que é no lar que a criança adquire as primeiras<br />

experiências de vida. Sendo assim, a infância é fonte de importante observação da<br />

família. Fonseca (1995) argumenta que “o papel da mãe é crucial, como sabemos, para<br />

o desenvolvimento da personalidade da criança.”<br />

Por conseguinte o sistema educacional, através dos estudos da época, buscava<br />

conhecimentos das causas dos problemas de aprendizagem, na área da psicologia.<br />

Entretanto, foram abordados aspectos direcionados ao fracasso escolar, no qual cada<br />

autor tinha como principal objetivo designar as causas que levavam as dificuldades de<br />

aprendizagem em crianças anormais.<br />

As dificuldades identificam a impossibilidade de algum realizar seu evolutivo na<br />

obtenção de conhecimentos. Dessa forma, há obstáculos que impõe defeitos no seu<br />

rendimento escolar.<br />

Há muitos problemas que interferem na aprendizagem do ser humano entre eles<br />

destacam – se os problemas educacionais, intelectuais ou cognitivos, neurológicos,<br />

emocionais, visuais, auditivos, físicos e também socioeconômicos.<br />

A seguir vamos discorrer brevemente sobre cada um deles.<br />

Os problemas educacionais podem ser ocasionados por falhas que se iniciam no<br />

lar, por exemplo: a falta de incentivo e motivação pelas atividades escolares. Assim, os<br />

erros repetidos com freqüência na escola produzem impactos no decorrer da<br />

alfabetização.<br />

Para Drouet (1995), o tipo de educação que a criança recebe durante a infância<br />

poderá trazer conseqüências, tais como distúrbios educacionais que o prejudicará no<br />

futuro. Dessa forma Lundren (1971: 406) demonstra que “os adultos que manifestam<br />

sua cólera contra as crianças espancando – as, esbofeteando –as, chicoteando –as e<br />

sufocando –as, na realidade, servem de modelos de comportamento para seus filhos.”<br />

56


Dessa forma, as crianças que observam o comportamento dos familiares desenvolvem<br />

as mesmas atitudes.<br />

A influência de uma educação inadequada traz como conseqüência problemas de<br />

aprendizagem. Dentre alguns procedimentos errôneos da educação, observamos: a falta<br />

de explicação dos professores durante as aulas, a falta de paciência e atenção para as<br />

dificuldades dos alunos, falta de limites, disciplina, amor, respeito tanto dos pais como<br />

dos professores.<br />

Os problemas da educação como, por exemplo, incompreensão do professor e da<br />

família, falta de atenção entre outros dificultam o desenvolvimento normal da criança<br />

no realizar a aprendizagem.<br />

Entretanto, os problemas intelectuais ou cognitivos são distúrbios que se<br />

apresentam durante o desenvolvimento da criança. Para Drouet (1995), as dificuldades<br />

interferem na inteligência do individuo, através da capacidade de conhecer e<br />

compreender o mundo ao seu redor. Escutando, vendo e lendo é que o raciocínio se<br />

aperfeiçoa, dessa forma classifica o que deve ou não fazer, o que precisa ou não aceitar.<br />

Quando o desenvolvimento intelectual é interrompido a capacidade de raciocínio<br />

dificulta a aprendizagem, apresentando inteligência rebaixada, como conseqüência a<br />

criança é pouco desenvolvida, por exemplo: não presta atenção, não se interessa por<br />

ouvir histórias e realizar atividades em geral, sendo que sua capacidade não fornece<br />

condições adequadas ao comportamento normal.<br />

Para definição dos problemas Neurológicos, estes se conceituam em lesões<br />

cerebrais, na qual crianças atingidas são chamadas de deficientes mentais. Fonseca<br />

(1995) identifica que os primeiros estudiosos a realizar investigações em crianças com<br />

lesões cerebrais foram Strauss e Werner. Strauss distinguiu deficientes mentais<br />

endógenos (devido a fatores familiares) e exógenos (devido à deficiência neurológica<br />

provocadas por doenças pré, peri ou pós – natais, levando as origens de lesões cerebrais<br />

de vários tipos.)<br />

Já Strauss (apud JARDIM, 200: 24), diz que: “as crianças deficientes mentais<br />

exógenas apresentam as seguintes dificuldades.”<br />

- desorganização das funções visiomotoras e áudio motoras.<br />

57


- atenção, seletiva com problemas de descriminação entre estímulos<br />

relevantes e irrelevantes;<br />

- traços de comportamento mais denibidos, erráticos, impulsivos,<br />

descontrolados sociopáticos e descoordenados.<br />

Já Drouet (1995), descreve que as causas neurológicas são problemas que<br />

impedem o desenvolvimento do sistema nervoso, tanto no cérebro, como no cerebelo,<br />

na medula e nos nervos. O sistema nervoso comanda todas as ações físicas e mentais do<br />

ser humano, qualquer distúrbio resultará em problemas dependendo do grau da área<br />

lesada. Mesmo porque o sistema nervoso é que comanda todos os movimentos e<br />

comportamentos do corpo e traz consigo lesões cerebrais, a criança pode perder a noção<br />

de seus atos. Entretanto Jardim (2001: 128), relata que “as lesões cerebrais afetam os<br />

processos receptivos, integrativos e expressivos, bem como interferem em vários<br />

processos e tratamento e ordenação de informações – base de aprendizagem.”<br />

Entretanto, o sistema nervos é a peça fundamental para o desenvolvimento da<br />

aprendizagem. Sendo que as disfunções cerebrais causam transtornos específicos de<br />

aprendizagem.<br />

Enfatizando os problemas emocionais, percebe – se que são “erros educacionais”<br />

gerados por sentimentos negativos que manifestam conseqüências no decorre da vida.<br />

Sobre as causas emocionais, drouet (1995) afirma que, estes são perturbações<br />

psicológicas que estão vinculadas às emoções e aos sentimentos dos indivíduos e o<br />

caráter de cada ser humano. Entretanto, esses problemas não aparecem sozinhos, podem<br />

ser causados por outros problemas além dos sentimentos, como por exemplo, podem<br />

ocorrer através das áreas físicas.<br />

Os impactos emocionais interrompem o processo evolutivo da criança no<br />

aspecto da personalidade. A criança não consegue superar determinada dificuldade por<br />

conseqüências de seus sentimentos e se sente incapaz de realizar algumas, na qual<br />

permanece bloqueada sua face de desenvolvimento, geralmente esses problemas estão<br />

na família. Dessa maneira Lindgren (1971), enfatiza que a ausência de um ou ambos os<br />

pais seja um fator critico, o que mais importante é o clima emocional do lar não<br />

somente pelas atitudes entre pais e filhos, mas pelo sentimento que um tem pelo outro.<br />

58


Os problemas emocionais oriundos de lares geram conseqüências na<br />

aprendizagem, que causam efeitos na personalidade e problemas de comportamento.<br />

Sendo assim, observa-se que os problemas nascem na infância juntamente com<br />

as atitudes e sentimentos da família.<br />

Perda de visão pode ser uma das causas de não aprender. As causas de perda de<br />

visão vêm de origens infecciosas, nutricionais, traumáticas, doenças genéticas ou<br />

degenerativas. Bloch (1996: 146) afirma:<br />

Distúrbio visual é qualquer deficiência da visão decorrente de uma alteração<br />

no sistema visual, podendo variar de uma deficiência leve até a cegueira.<br />

Essa alteração pode – se localizar em diferentes regiões do sistema visual<br />

(áreas visual do cérebro, vias nervosas, olhos, músculos oculares), resultando<br />

em distúrbios com características especificas [...].<br />

As conseqüências da deficiência visual, segundo Drouet (1995) podem afetar os<br />

órgãos dos sentidos responsáveis pela percepção desse modo à criança terá dificuldades<br />

de compreender o que se passa ao seu redor.<br />

Também cabe ao professor observar as características de visão fraca para poder<br />

encaminhar o educando ao oftalmologista para possíveis tratamentos. A deficiência<br />

visual prejudica a aprendizagem e a integração na vida escolar.<br />

Os distúrbios auditivos também podem ser um impedimento para a<br />

aprendizagem. Moura (1996: 154), enfatiza que:<br />

Os distúrbios auditivos em geral causam mais dificuldades de aprendizagens<br />

que os distúrbios visuais, uma vez que podem afetar a comunicação oral.<br />

Dependendo do grau de distúrbio, o reconhecimento dos fonemas pode ser<br />

fácil, como ocorre nos casos em que a criança não houve bem os sons de<br />

freqüência alta, tendo, em conseqüência, dificuldade para reconhecer<br />

consoantes, o que prejudica a aquisição da linguagem.<br />

Em alguns casos os distúrbios auditivos têm caráter hereditário outros são<br />

provocados por fatores ambientais ou causas que, de alguma maneira, afetam o sistema<br />

auditivo, em que o individuo tem a perda total ou parcial da audição, gerando<br />

conseqüências para o desenvolvimento da linguagem. Detectar a surdez é simples, na<br />

infância antes de iniciar a vida pré-escolar, a família pode observar as características,<br />

59


por exemplo, como a criança reage ao ouvir e falar, para que seja atendido o mais cedo<br />

possível por especialistas.<br />

Observa-se que os problemas físicos incluem alterações, os portadores de<br />

deficiência física possuem um comprometimento ou incapacidade na realização de<br />

determinadas tarefas, necessitando da ajuda de aparelhos. A deficiência física pode ser<br />

causada por traumas de acidentes, doenças que prejudicam a parte motora, lesões<br />

medulares, problemas durante o nascimento, problemas genéticos entre outros. Dessa<br />

forma Drouet (1995), descreve que as causas físicas são representadas pelas<br />

perturbações permanentes ou temporárias. São provenientes de estado físico gerais da<br />

criança, atingindo um estado anormal de saúde, que prejudica a aprendizagem,<br />

interferindo no estado emocional, e na coordenação motora. Nesse caso, o professor<br />

deve encaminhar a criança ao especialista, para que dessa forma os problemas e as<br />

diferenças sejam aceitos por ela. É com o aumento de sua auto-estima que os problemas<br />

na escola diminuem.<br />

Também os problemas socioeconômicos, oriundos das classes baixas são<br />

significativos no desenvolvimento da aprendizagem. Por não possuírem as condições de<br />

vida adequada, nem sempre participam de uma estrutura educacional eficiente.<br />

Segundo Drouet (1995), as causas socioeconômicas não são distúrbios revelados<br />

no aluno, são problemas envolvidos com a sociedade, interferindo assim no meio em<br />

que convivem, é interferida no desenvolvimento normal da criança com padrões<br />

infavoráveis a subsistência e também a sua aprendizagem.<br />

As causas oriundas de famílias de classes baixas enfrentam várias dificuldades<br />

por falta de qualidade de vida e de orientações na aprendizagem. Observa-se que a<br />

desnutrição é mais comum, a qual causa para a criança falta de concentração, atraso,<br />

falta de coordenação visuo-motora falta de atenção, o que dificulta o desenvolvimento<br />

educacional desta.<br />

3 COSIDERAÇOES FINAIS<br />

60


O incentivo da família é fundamental para que a criança desenvolva sua<br />

personalidade. Por isso ela deve se preocupar com a educação que proporciona.<br />

Segundo Drouet (1995: 207), “desde os tempos muito remotos a influencia da família<br />

sempre foi considerada como elemento fundamental no desenvolvimento do caráter do<br />

individuo.”<br />

Os problemas mais graves das crianças com dificuldades de aprendizagem<br />

aparecem quando as famílias não se interessam em compreender os motivos pelos quais<br />

a criança passa, geralmente acontecem casos de: desordem familiar, pais severos, falta<br />

de atenção, falta de dialogo, crianças sem limites, pais angustiados com o futuro dos<br />

filhos.<br />

A participação da família é o principal apoio para que a criança se desenvolva, a<br />

fim de buscar conhecimentos, atingindo seus objetivos. Verificamos que a maior parte<br />

das experiências adquiridas pela criança vem a ser de origem familiar, seja ela no<br />

sentido negativo ou positivo. Mesmo porque “as crianças são curiosas por natureza, mas<br />

só aprendem se tiver espaço e participação.” (MENEZES, 2007: 35). Neste caso<br />

entendemos que problemas de aprendizagem são conjuntos de fatores externos e<br />

internos que impossibilitam o aprendizado da criança. O professor deve observar<br />

frequentemente seus alunos, ficar atentos a erros graves na linguagem, escrita e leitura,<br />

e a partir de um diagnostico, encaminhar o aluno com dificuldades para um especialista.<br />

Este realizará atividades em que essas dificuldades sejam diminuídas e com o respaldo<br />

da família e da escola o aluno terá o aumento de sua capacidade cognitiva.<br />

4 REFERÊNCIAS<br />

DROUET, R. C. da R. Distúrbios da Aprendizagem. São Paulo: Ática, 1995.<br />

FONSECA, V. da. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre: Artes<br />

Médicas, 1995.<br />

ARDIM, W. R. de S. Dificuldades de Aprendizagem no Ensino Fundamental. São<br />

Paulo: Loyola, 2001.<br />

61


LAKATOS, E. M; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. São<br />

Paulo: Atlas, 2001.<br />

LINDGREN, H. C. Psicologia na sala de aula: O Professor e o processo ensino<br />

aprendizagem. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1971.<br />

MENEZES, L. C. de. A educação vista pelos olhos do professor. In: Revista Nova<br />

Escola. Ano XXIII, N° 2007, novembro 2007, p. 32 a 39.<br />

MOURA, Ê. Biologia educacional. São Paulo: Moderna, 1996.<br />

SCOZ, B. Psicopedagogia e realidade escolar: O problema escolar e de aprendizagem.<br />

Petrópolis; Rio de Janeiro: Vozes, 1994.<br />

O PROCESSO DE INCLUSÃO NA ESCOLA<br />

STASIAK, Deosiclea Ferreira;<br />

G-Pedagogia (FAFI-UV)<br />

GRUNER, Maria Sidney. - Orientadora Ms. (FAFI-UV)<br />

(Comunicação Oral)<br />

Referindo-se ao o processo de inclusão na escola podemos apontar a necessidade de conhecer um pouco<br />

a respeito das causas de determinadas deficiências. A presente pesquisa faz parte do Trabalho de<br />

Conclusão de Curso com o objetivo de esclarecer aos interessados sobre o objetivo e as metas da<br />

inclusão de portadores de necessidade educacionais especiais em classes comuns de ensino Tem como<br />

metodologia a pesquisa bibliográfica. Não é de muito tempo à utilização do termo inclusão, nem as<br />

escolas o fazem de maneira satisfatória até hoje. O portador de necessidades educativas especiais<br />

necessita de um apoio permanente, de um incentivo incessante, para que possa desenvolver suas<br />

potencialidades e consiga dessa maneira, ser inserido realmente na sociedade e na escola. A integração do<br />

aluno com necessidades educativas especiais no sistema comum de ensino, entendida como um processo<br />

resultante da evolução histórica calcada nos direitos humanos constitui uma tendência que vem se<br />

acentuando no século. A inclusão requer mudanças de todos ”normais” ou não, realizando todos juntos<br />

uma sociedade inclusiva. O desafio da inclusão requer que todos estejam engajados na causa, para que<br />

62


assim esta possa se tornar coerente e possa acontecer de modo global sem deixar ninguém de lado por<br />

qualquer motivo que possa ter. Do ponto de vista de que a aprendizagem é o foco principal da escola, esta<br />

deve direcionar seu olhar àqueles que, por um motivo ou outro, necessitam de um maior apoio ou<br />

incentivo. È importante ter consciência de que este processo tende a ser mais lento, porém não<br />

significando impossibilidade de ocorrer aprendizagem com alunos portadores de necessidades<br />

educacionais especiais.<br />

A educação especial é uma modalidade de ensino. Quando nos referimos ao<br />

atendimento de pessoas portadoras de necessidades especiais podemos nos reportar a<br />

muito tempo atrás, quando estes eram vistos como parte inferior das raça humana, e, o<br />

mais grave é que as pessoas acreditavam que estas deveriam se eliminadas do convívio<br />

com os demais, e somente com a influência da doutrina cristã é que este paradigma<br />

começou a ser mudado e as pessoas passaram a ter um pouco de respeito e tolerância,<br />

porém ainda acreditava-se que eles não eram dignos mais do que se receber moradia e<br />

alimentação de graça por não serem capazes de exercer um papel significativo na<br />

sociedade, ainda se acreditava que isso fosse um castigo de Deus, e por isso tais<br />

deficiências deveriam ser, de certo modo, escondidas, confinadas para que não fossem<br />

vistas pela sociedade e assim não se tornassem vítima de preconceitos e especulações.<br />

Quando surgiram as filosofias humanistas com a idade moderna o portador de<br />

necessidades especiais começa a se tratado com mais respeito e valorização, bem como<br />

a Medicina passou a investigar as causas dessas deficiências para derrubar e tese de<br />

castigo divino para tais acontecimentos.<br />

Autores como Pestalozzi (1782-1852), Montessori (1870-1952), Binet (1875-<br />

1911), contribuíram de maneira bastante significativa para que pudéssemos chegar no<br />

Século XX com a concepção de que são problemas de ordem médico-terapêutico,<br />

oferecendo a essas pessoas não somente proteção e amparo, mas também educação,<br />

acompanhamento médico e psicológico, se isto se fizer necessário.<br />

No contexto histórico a inclusão era apontada como uma doença, um defeito<br />

eminente que tinha que ser mantido longe do alcance da grande massa da população. O<br />

portador de deficiências era visto como um ser que se encontrava abaixo dos humanos e<br />

infelizmente era tratado de tal maneira principalmente pela família que se negava a<br />

admitir e aceitar a situação.<br />

63


Com o decorrer do tempo surgiram as escolas especiais, hoje denominadas<br />

APAE’S (Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais), mas estas eram<br />

praticamente ‘’depósitos’’ de pessoas, eram locais onde as pessoas com deficiências<br />

‘’passavam seu tempo’’ e onde famílias deixavam as pessoas que, de certo modo, lhes<br />

incomodavam.<br />

Não é de muito tempo a utilização do termo inclusão, nem as escolas o fazem de<br />

maneira satisfatória até hoje. A inclusão requer adaptação em inúmeros segmentos da<br />

sociedade em si, não somente da escola. Os profissionais que atuam na educação devem<br />

estar conscientes de que a inclusão já é uma realidade, um fato que deve ser visto com<br />

sua devida importância. Esta deve ser vista como uma oportunidade para o educador se<br />

aprimorar e enriquecer a sua prática pedagógica. Nesse contexto todos podem ganhar<br />

em qualidade e aprimoramento de seu aprendizado.<br />

A escola deve fazer com que o aluno se sinta realmente inserido no contexto,<br />

pois enquanto este for classificado como deficiente jamais conseguirá assimilar os<br />

conhecimentos e tampouco conseguirá se sentir inserido na vida cotidiana da escola. O<br />

portador de necessidades educativas especiais necessita de um apoio permanente, de um<br />

incentivo incessante, para que possa desenvolver suas potencialidades e consiga dessa<br />

maneira, ser inserido realmente na sociedade e na escola.<br />

A escola precisa mudar seus conceitos e rever suas práticas para que possa<br />

realmente oferecer um ensino de excelência para as crianças. É preciso rever os<br />

conceitos e reorganizar a escola de modo que os conteúdos possam atingir a todos de<br />

maneira satisfatória. O principal cuidado é fazer com que a escola não ‘’rotule’’ o aluno<br />

como portador de necessidades especiais, para que este não venha a se desligar da<br />

escola por motivos muitas vezes sem relevâncias nenhuma. Atualmente a Educação<br />

Especial está focada na inclusão e propõe que a escola seja a primeira a se mobilizar pra<br />

que tal feito seja alcançado, já que a inclusão requer empenho e dedicação por parte do<br />

sistema de ensino, principalmente do docente que têm contato direto com o aluno<br />

incluso.<br />

Conforme a Declaração de Salamanca:<br />

64


As necessidades educativas especiais incorporam os princípios já provados<br />

de uma pedagogia equilibrada que beneficia todas as crianças. Parte do<br />

princípio de que todas as diferenças humanas são normais e de que a<br />

aprendizagem deve, portanto, ajustar-se à necessidades de cada criança, em<br />

vez de cada criança se adaptar aos supostos princípios quanto ao ritmo e a<br />

natureza do processo educativo. Uma pedagogia centralizada na criança é<br />

positiva para todos os alunos e, conseqüentemente, para toda a sociedade.<br />

A escola deve ser um espaço educativo onde todos possam exercer o direito de<br />

freqüentar sem que sejam humilhados ou maltratados por esse ou por aquele motivo,<br />

deve ser o local onde a potencialidade do aluno, seja ele especial ou “normal” sejam<br />

exploradas de modo que suas expectativas e dos demais sejam alcançadas.<br />

Cabe à família e à escola fazer com que a inclusão se torne uma realidade, pois<br />

em geral, temos alguns preconceitos decorrentes de nossa vivencia. A inclusão foi<br />

abordada de maneira simples e direta, não pode ser imposta, pois tudo o que é obrigado<br />

é facilmente esquecido. Incluir não é simplesmente dizer que a pessoa “está aí”, mas<br />

fazer com que esta seja inserida diariamente e participe da rotina. A resistência que o<br />

portador de deficiência encontra está muitas vezes relacionada à sua condição física ou<br />

a sua aparência, se você nunca conviveu é possível entender que esta possa ocorrer, mas<br />

é com a convivência no dia-a-dia que as amizades se firmam e que a convivência torna-<br />

se o melhor modo de se efetivar a inclusão.<br />

Pessoas com deficiência não começaram a surgir de um momento para outro, o<br />

que ocorria era um afastamento por uma sociedade inescrupulosa que somente vive de<br />

aparências sem se importar com sentimentos e com o que as pessoas realmente<br />

poderiam contribuir para que a sociedade melhorasse. É certo que a acomodação é o<br />

caminho mais fácil para que nossos problemas sejam resolvidos, pois quando não se dá<br />

importância eles podem cair no esquecimento e deixar de ser um empecilho na vida de<br />

seus familiares. Depois de estudar as causa das deficiências pôde-se chegar à conclusão<br />

de que isso realmente não era culpa de ninguém, e, ao invés de preconceito, se dá<br />

caminho para a inclusão que torna o individuo capaz de se sentir útil e,muitas vezes, o<br />

torna mantenedor de sua própria vida, sem necessitar do apoio mútuo das demais<br />

pessoas.<br />

65


O caminho é esse, meios para que a pessoa portadora de deficiência possa ser<br />

inserida em sociedade não por pena, mas por mérito próprio, sem ter que implorar por<br />

uma oportunidade que pode conseguir sozinha, mostrando suas potencialidades.<br />

Segundo Jairo de Paula (2004): “Cidadania é, antes de tudo, respeitar o outro e<br />

propiciar que ele avance no sentido de sua autonomia física moral e intelectual.”<br />

A inclusão nada mais é do que garantir os direitos de todos a educação. A<br />

diferença, muitas vezes torna-se um estímulo para os professores investirem em suas<br />

formações. A inclusão é verdadeiramente um desafio para os professores da rede regular<br />

de ensino, onde o professor deve rever sua prática para atingir a todos de maneira igual.<br />

O saber é a soma de novos conhecimentos sobre a realidade, os quais são usados na<br />

prática com novas experiências.<br />

A integração do aluno com necessidades educativas especiais no sistema comum<br />

de ensino, entendida como um processo resultante da evolução histórica calcada nos<br />

direitos humanos constitui uma tendência que vem se acentuando no século.<br />

A Educação Especial passou a ter função dupla, a de apoiar o incluso e de<br />

atender a todos os alunos que requerem atendimento especifico, como diz o artigo 208<br />

§II “[...] atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,<br />

preferencialmente na rede regular de ensino”.<br />

Conforme Salamanca (1994 p.17/18)<br />

O termo necessidades especiais refere-se a todas aquelas crianças ou<br />

jovens cujas necessidades se originam em função de deficiências ou<br />

dificuldades de aprendizagem. As escolas tem de encontrar maneira de<br />

educar com êxito todas as crianças, inclusive aquelas que tem<br />

deficiências graves.<br />

É comprovado que a cada 40 alunos com deficiência que cursam o ensino<br />

fundamental apenas um prossegue seus estudos no ensino médio. Em 2005,<br />

quatrocentos e dezenove mil alunos integravam o primeiro ciclo e apenas onze mil o<br />

segundo.<br />

Segundo Dutra (2006, p.64): “O baixo fluxo escolar acontece principalmente<br />

entre alunos com deficiência mental. Eles permanecem em classes e escolas especiais<br />

sem expectativas de avanço”.<br />

66


Os rumos certos são projetos sérios que propiciem ao aluno uma consciência<br />

igualitária e sem restrições. Para tanto cabe às escolas especiais inserir o aluno e<br />

também suas potencialidades, para que este se sinta à vontade para freqüentar as aulas e<br />

prosseguir seu aprendizado, já que o preconceito ainda é a raiz de todos os problemas<br />

apresentados aos alunos no seu cotidiano.<br />

As diferenças muitas vezes tornam-se um desafio para professores da rede<br />

regular de ensino, onde eles devem rever sua prática para atingir a todos de maneira<br />

igual. O saber é a soma de todos os conhecimentos sobre a realidade os quais são usados<br />

na prática com novas experiências. São necessários programas que permitam recuperar<br />

o máximo de habilidades afim de que o aluno torne-se apto a ingressar na escola. A<br />

sociedade deve entender que basta aceitar as pessoas e integrá-las ao convívio. Assim as<br />

escolas e espaços urbanos se tornarão agradáveis e propiciarão às pessoas com<br />

deficiência satisfação e atingirão os padrões estabelecidos para a população não<br />

deficiente<br />

A inclusão, diferente da integração, não exige que o resultado da participação<br />

não seja apenas fruto do trabalho dos portadores de necessidades especiais, mas seja<br />

dividido com a sociedade.<br />

Como afirma STAINBAK(1999, p.48):<br />

Incluir os alunos com deficiência nas turmas de educação regular leva á<br />

consciência de cada aspecto inter-relacionado da escola como uma<br />

comunidade: seus limites, os benefícios a seus membros, seus<br />

relacionamentos internos, seus relacionamentos com o ambiente externo e<br />

sua história.<br />

A inclusão requer mudanças de todos ”normais” ou não, realizando todos juntos<br />

uma sociedade inclusiva. O desafio da inclusão requer que todos estejam engajados na<br />

causa, para que assim esta possa se tornar coerente e possa acontecer de modo global<br />

sem deixar ninguém de lado por qualquer motivo que possa ter. Do ponto de vista de<br />

que a aprendizagem é o foco principal da escola, esta deve direcionar seu olhar àqueles<br />

que por um motivo ou outro necessitam de um maior apoio ou incentivo, consciente de<br />

que este processo tende a ser mais lento, porém não significando impossibilidade de<br />

ocorrer aprendizagem com alunos portadores de necessidades educacionais especiais.<br />

67


O <strong>PROFESSOR</strong><br />

Os profissionais que atuam na educação devem estar conscientes de que a<br />

inclusão já é uma realidade, um fato que deve ser visto com sua devida importância.<br />

Esta deve ser vista como uma oportunidade para o educador se aprimorar e enriquecer a<br />

sua prática pedagógica. Nesse contexto todos podem ganhar em qualidade e<br />

aprimoramentos de seu aprendizado.<br />

A escola precisa mudar seus conceitos e rever suas práticas para que possa<br />

realmente oferecer um ensino de excelência para as crianças. É precioso rever os<br />

conceitos e reorganizar a escola de modo que os conteúdos possam atingir a todos de<br />

maneira satisfatória. O principal cuidado é fazer com que não ‘’rotule’’ o aluno como<br />

portador de necessidades especiais, para que este não venha a ser desligar da mesma por<br />

motivos muitas vezes sem relevância nenhuma. Atualmente a Educação Especial está<br />

focada na inclusão e propõe que a escola seja a primeira a se mobilizar pra que tal feito<br />

seja alcançado, já que a inclusão requer empenho e dedicação por parte do sistema de<br />

ensino, principalmente do docente que têm contato direto com o aluno incluso.<br />

Pais e professores precisam estar engajados na luta pela inclusão, pois somente<br />

deste modo podemos efetivá-la, sendo que muitas vezes a escola especial se depara com<br />

pais totalmente protetores que não conseguem deixar seus filhos livres para<br />

desenvolverem suas potencialidades, o fazendo pensar que estes acham que seus filhos<br />

serão eternas crianças e não se tornarão adultos que necessitam ser independentes para<br />

sobreviver em um mundo de constantes evoluções e desafios.<br />

Os educadores devem conhecer as necessidades da escola, tem compromisso<br />

com a organização do trabalho pedagógico: deve ser resultante de um processo coletivo<br />

de avaliação e diagnóstico.<br />

De acordo com o PARECER CNE/CEB 17/2001:<br />

Os programas de formação inicial deverão incutir em todos os<br />

professores da educação básica uma orientação positiva sobre a<br />

68


deficiência que permita entender o que se pode conseguir nas escolas<br />

com serviços locais de apoio. Os conhecimentos e as aptidões<br />

requeridos são basicamente os mesmos de uma boa pedagogia, isto é,<br />

a capacidade de avaliar as necessidades especiais, de adaptar o<br />

conteúdo do programa de estudos, de recorrer à ajuda da tecnologia,<br />

de individualizar os procedimentos pedagógicos para atender a um<br />

maior número de aptidões... Atenção especial deverá ser dispensada à<br />

preparação de todos os professores para que exerçam sua autonomia e<br />

apliquem suas competências na adaptação dos programas de estudos e<br />

da pedagogia, a fim de atender às necessidades dos alunos e para que<br />

colaborem com os especialistas e com os pais;<br />

A inclusão nada mais é do que garantir os direitos de toda a educação. As<br />

diferenças, muitas vezes tornam-se um estímulo para os professores investirem em suas<br />

formações. A inclusão é verdadeiramente um desafio para os professores da rede<br />

comum de ensino, onde o professor deve rever sua prática para atingir a todos de<br />

maneira igual. O saber é a soma de novos conhecimentos sobre a realidade, os quais são<br />

usados na prática com novas experiências. Os educadores devem conhecer as<br />

necessidades da escola, tem compromisso com a organização do trabalho pedagógico:<br />

deve ser resultante de um processo coletivo de avaliação e diagnóstico.<br />

A escola deve ser um ambiente acolhedor para aquele alunado que chega, de<br />

certo modo, fragilizado e com desconfiança que será deixado de lado perante todos da<br />

escola que terá que freqüentar por muito tempo. Aí entra o papel primordial do<br />

professor que recebe esse aluno no tocante à recepção e a atenção que este deve ter<br />

principalmente até sua adaptação ao novo contexto que está sendo inserido. Cabe ao<br />

professor tornar a sala de aula um ambiente onde o aluno seja bem recebido podendo<br />

assim se sentir acolhido por todos sem ser apontado pela sua deficiência e sim pela sua<br />

eficiência.<br />

Como afirma Marques, (1995, p.19):<br />

Esses professores poderão desempenhar um papel importante na formação<br />

de ouros professores, pelo saber que forma acumulando durante anos de<br />

reflexão e prática de trabalho com essa faixa populacinal, abrindo as portas à<br />

investigação, promovendo o diálogo humano/profissional com os<br />

professores do ensino regular, através de situações concretas de interação ou<br />

de acolhimento dos professores que querem ingressar nesse campo.<br />

69


Muitos defendem a idéia de que todos os alunos que freqüentam as escolas<br />

especiais sejam inseridos em classes comuns de ensino, mas será que esta é mesmo uma<br />

proposta válida? Será que ainda não estamos com uma carência muito grande de<br />

recursos e de incentivo para que esta inclusão seja de fato uma realidade, e uma<br />

realidade que funcione na prática e não fique somente em projetos que no papel são<br />

muito funcionais, mas que na prática não funcionam por falta de apoio e também de<br />

iniciativa dos próprios professores que estão acomodados e se recusam a se abrir a<br />

novos horizontes para melhorar sua prática?<br />

De acordo com MANTOAN (2003, p.70):“[...] é fundamental que o professor<br />

nutra uma elevada expectativa em relação à capacidade de progredir dos alunos e não<br />

desista nunca de buscar meios para ajudá-los a vencer os obstáculos escolares.<br />

Na escola inclusiva tudo é novidade, todos estão com uma expectativa em torno<br />

do aluno que será incluso, e se esquecem que ele é uma pessoa comum com anseios,<br />

desejos e sentimentos que muitas vezes são distorcidos ao serem tratados com algo<br />

diferente que está lá para ser cuidado e ser digno de pena dos demais. A escola, na<br />

verdade não sabe definitivamente o que fazer com esse novo contexto presente no seu<br />

cotidiano, especialmente quando percebe que isto vai reverter totalmente seus conceitos<br />

e seu cotidiano. Sabe-se que é difícil lidar com o novo, que muitas vezes é mais fácil<br />

deixar de lado a ter que mudar todo um sistema pré-estabelecido.<br />

O professor deve exigir apoio incondicional da escola quando se deparar com<br />

um aluno incluso. Se a escola, a equipe pedagógica não está preparada é o momento de<br />

todos se unirem e tentarem reverter a situação e buscar meios para que sejam adequados<br />

todos os aspetos necessários para que o aluno encontre um ambiente propício para que<br />

possa aprende e desenvolver ao máximo suas potencialidades.<br />

Para o aluno incluso a escola precisa ser um lugar de acolhida onde este possa<br />

desenvolver sua aprendizagem em um ambiente tranqüilo e longe de preconceitos. Isto<br />

ocorrendo, haverá em conseqüência uma elevação da aprendizagem tanto dos alunos<br />

quanto dos profissionais que fazem parte de sua rotina, de modo que estes tenham<br />

convicção de que seus alunos podem aprender, e com isso a aprendizagem ocorre de<br />

modo mais rápido e tranqüilo.<br />

70


De acordo com o PARECER CNE N°17-2001:<br />

São considerados professores especializados em educação especial aqueles<br />

que desenvolveram competências para identificar as necessidades<br />

educacionais especiais, definir e implementar respostas educativas a essas<br />

necessidades, apoiar o professor da classe comum, atuar nos processos de<br />

desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, desenvolvendo estratégias de<br />

flexibilização, adaptação curricular e práticas pedagógicas alternativas, entre<br />

outras, e que possam comprovar:<br />

a) formação em cursos de licenciatura em educação especial ou em uma de<br />

suas áreas, preferencialmente de modo concomitante e associado à<br />

licenciatura para educação infantil ou para os anos iniciais do ensino<br />

fundamental; e<br />

b) complementação de estudos ou pós-graduação em áreas específicas da<br />

educação especial, posterior à licenciatura nas diferentes áreas de<br />

conhecimento, para atuação nos anos finais do ensino fundamental e no<br />

ensino médio.<br />

A escola deve apoiar o professor incondicionalmente a ponto que este possa<br />

desempenhar seu papel de educador de modo claro e que possa, desse modo atingir a<br />

todos os alunos que lhe surgirem, sejam estes especiais ou simplesmente aqueles que<br />

necessitam de um maior apoio pelos mais variados motivos.<br />

Os alunos especiais precisam de uma escola que possa acolhê-los de modo a se<br />

sentirem seguros e que consigam demonstrar o que realmente podem fazer. A sociedade<br />

está equivocada quando pensa no aluno especial como aquele que precisa de<br />

atendimento distinto e que acima de tudo não consegue fazer o que os demais fazem.<br />

Está nas mãos dos professores esta mudança. Cabe a eles a busca constante pela<br />

mudança, pois somente se poderá conseguir um ensino de qualidade se o professor<br />

tomar consciência de que parte dele a iniciativa de melhorá-la.<br />

Referências:<br />

Declaração de Salamanca e Linha de Ação. Coordenadoria Nacional para Integração<br />

da Pessoa Portadora de Deficiência.CORDE.1994.<br />

MANTOAN,Maria Tereza Égler, Inclusão escolar; O que é? Por quê? Como fazer?<br />

– Maria Tereza Égler Mantoan- São Paulo. Moderna-2003- (coleção Cotidiano Escolar).<br />

MARQUES, Luciana Pacheco, Os professores de alunos com Deficiência Mental:<br />

Concepções e prática Pedagógica /Luciana Pacheco Marques –Editora UF/F,2001<br />

71


PARECER CNE/CEB 17/2001 - HOMOLOGADO Despacho do Ministro<br />

em15/8/2001, publicado no Diário Oficial da União de 17/8/2001, Seção 1, p. 46.<br />

Ministério da Educação - Conselho Nacional de Educação. -acessado em 23 de março<br />

de 2008- .http://www.mec.gov.br<br />

PAULA, Jairo de,Inclusão mais do que um desafio escolar, um desafio social/ Jairo<br />

de Paula- São Paulo- Jairo de Paula Editora, 2004.<br />

SANCHES, Isabel Rodrigues, Professores de Educação Especial. Da formação às<br />

práticas educativas / Isabel Rodrigues Sanches - Ed. Porto Ltda - Portugal-1995.<br />

PORTADORES DE NECESSI<strong>DA</strong>DES ESPECIAIS EM SALA DE APOIO<br />

RESUMO<br />

PE<strong>DA</strong>GÓGICO?<br />

OLIVEIRA, Regiane Sant’Ana Eidam de 12<br />

KLEIN, Roseli B. – Orientadora 13<br />

Este artigo se propõe a realizar algumas reflexões sobre a inclusão com base na Declaração de Salamanca<br />

e na atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seus artigos sobre a inclusão de educandos<br />

com necessidades especiais. A Constituição de 1988 estabelece, explicitamente, algumas garantias aos<br />

portadores de deficiências. O Poder Público sugere a promoção de programas especiais, admitindo-se a<br />

participação de entidades não- governamentais, com o propósito de integração, sugerindo também o<br />

treinamento para o trabalho convivência e facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos.<br />

Palavras-chave: Portadores de necessidades especiais. Inclusão. Educação.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Este artigo é resultado de nossa atuação como acadêmica bolsista no Programa<br />

Universidade Sem Fronteiras da SETI (Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino<br />

12 Acadêmica do segundo ano de pedagogia na FAFIUV, bolsista do programa UNIVERSI<strong>DA</strong>DE SEM<br />

FRONTEIRAS, ofertado pela SETI, estagiaria no Projeto: “Apoio Aos alunos com Dificuldade de<br />

Aprendizagem nas séries iniciais do Ensino Fundamental.” classificado no subprograma APOIO AS<br />

LICENCIATURAS, realizado por extensão na cidade de São Mateus do Sul, Paraná.<br />

13 Professora mestre em educação e ensino, parte do corpo docente da FAFIUV. Integrante da<br />

coordenação do Projeto: “Apoio Aos alunos com Dificuldade de Aprendizagem nas séries iniciais do<br />

Ensino Fundamental.”<br />

72


Superior do Estado do Paraná), no Projeto: “Apoio aos alunos com Dificuldades de<br />

Aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental”. Nosso trabalho é<br />

desenvolvido na Escola Municipal Ezilda do Amaral no Município de São Mateus do<br />

Sul, Estado do Paraná. Atendemos crianças com dificuldades de aprendizagem e<br />

realizamos um trabalho diferenciado através de atividades que envolvem o lúdico, a<br />

psicomotricidade e os conteúdos escolares de forma mais atrativa, tentando também,<br />

resgatar a auto- estima dos educandos inseridos neste projeto.<br />

Durante nossa atuação nos defrontamos com uma realidade de educandos<br />

carentes e alguns com necessidades especiais, como um aluno com uma suposta<br />

paralisia cerebral e problema de visão e uma aluna que freqüenta, além da escola<br />

regular, a escola especial, sendo portadora de uma necessidade especial ainda não<br />

diagnosticada. A partir desta realidade nos propusemos a investigar o problema da<br />

inclusão no Brasil, que relatamos a seguir.<br />

2 O QUE VEM A SER INCLUSÃO?<br />

Rios (1997), em seu dicionário de língua portuguesa, diz que o ato de incluir<br />

significa compreender, abranger, envolver, fazer parte. Assim, a inclusão seria o ato de<br />

promover o envolvimento, a participação das pessoas com deficiência, nos mais<br />

variados ambientes sociais.<br />

O assunto inclusão está em voga desde os anos 80, mas foi a partir dos anos 90<br />

que este discurso se consolidou, propondo uma transformação da sociedade e não dos<br />

portadores de necessidades especiais, dando aptidão para que ela possa receber todas as<br />

pessoas, garantindo direitos iguais a todos. Paula, (2006: 48) salienta que “a nossa tarefa<br />

consiste em modificar a sociedade (escolas, empresas, programas, serviços, ambientes<br />

físicos, etc.), para torná-la capaz de acolher todas as pessoas que apresentem alguma<br />

diversidade, portanto estamos falando de uma sociedade de direitos para todos.”<br />

Em 1994 realizou-se a Conferencia Mundial de Educação Especial, em<br />

Salamanca na Espanha, onde 88 governos e 25 organizações internacionais firmaram<br />

73


um compromisso com a Educação para Todos, tratando dos princípios políticos e<br />

práticos em Educação Especial.<br />

Desta Assembléia Geral, resultou a Declaração de Salamanca, que visa à<br />

inclusão social, definindo caminhos a serem percorridos pela educação especial em<br />

sintonia com os princípios educacionais inclusivos, reconhecendo a necessidade de<br />

colocar crianças, jovens e adultos com necessidades especiais, em integração com o<br />

sistema de ensino regular.<br />

Uma das proclamações realizadas em Salamanca foi o estabelecimento da lei de<br />

que todas as crianças têm o direito fundamental à educação, decretando que “aqueles<br />

com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria<br />

acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais<br />

necessidades.” (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994). Portanto, inclusão é<br />

fornecer meios para aqueles que momentaneamente ou permanentemente possuem<br />

alguma deficiência ou dificuldade a exercerem seus direitos e papéis dentro da<br />

sociedade, sendo qual for o ambiente, fazendo com que as mudanças sejam realizadas<br />

em seu favor.<br />

2.1 QUE CARACTERIZA UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA?<br />

Segundo Paula (2006: 46), “na Escola Inclusiva o processo educativo deve ser<br />

entendido como um processo social, onde todas as crianças portadoras de necessidades<br />

especiais e de distúrbios de aprendizagem têm direito a escolarização o mais próximo<br />

possível do normal.” Uma educação inclusiva é aquela que garante o direito a<br />

diversidade, diversidade esta inerente as muitas deficiências, as dificuldades de<br />

aprendizagem, as diferenças de credo, raça ou cor, envolvendo toda a comunidade,<br />

professores, diretores, coordenadores pedagógicos, pais e também os alunos.<br />

A educação inclusiva além de proporcionar qualidade e garantir os direitos dos<br />

alunos deficientes, deve também criar políticas que digam respeito a toda comunidade<br />

escolar, dando qualidade e respostas educacionais a todos.<br />

74


Segundo Dutra (2005: 1), a diversidade é vista “como característica inerente à<br />

constituição de uma sociedade democrática.” No entanto Fonseca (1995), diz que a<br />

entrada na escola é uma das situações mais difíceis na vida destas crianças. A ruptura<br />

entre o ambiente familiar e a chegada em um novo mundo, a escola, ambiente que torna<br />

o convívio social uma ação forçada, é sempre uma atitude que exige esforço dos alunos,<br />

compreensão dos pais e flexibilidade dos professores.<br />

Em conformidade com o art.58 (LDBN, 1996), a educação especial é uma<br />

modalidade de educação escolar, que deve ser oferecida preferencialmente na rede de<br />

ensino regular, para educandos com necessidades especiais. Portanto, a escola deve ser<br />

um ambiente aberto e pronto para receber crianças com necessidades especiais em todas<br />

as séries, possibilitando que sua aprendizagem esteja no mesmo nível dos demais<br />

colegas. Não acontecendo assim, podem fazer uso de recursos disponibilizados pelo<br />

Estado como as salas de apoio.<br />

Também é função da escola visar à integração efetiva destas crianças enquanto<br />

cidadãos, na vida em sociedade, como também prepará-los para a inserção no campo de<br />

trabalho nas mais diversificadas áreas.<br />

2.2 E A REALI<strong>DA</strong>DE QUAL É?<br />

De fato a realidade das crianças portadoras de deficiência no sistema<br />

educacional e nos demais ambientes sociais não ocorre da forma que deveria. A escola<br />

há muito tempo possui uma política implícita de exclusão.<br />

Ela exclui tudo o que não condiz com aquele modelo ao qual deseja padronizar e<br />

igualar a todos os que a integram. Na maioria das vezes exclui a diferença, sem entender<br />

que esta é uma qualidade pertencente a aquele julgado como diferente o que distingue<br />

uma coisa de outra, é a ausência ou presença, da igualdade ou da semelhança. No<br />

entanto, o preconceito e exclusão estão regredindo. A política neste caso é a<br />

disseminação de informações sobre o assunto. É necessário divulgar a inclusão, por<br />

meio de ações pensadas e executadas neste sentido. O que o professor pode fazer para<br />

minimizar o preconceito e divulgar a inclusão é trabalhar com a diferença, tratar com<br />

igualdade as diferentes opiniões.<br />

75


Algumas ações conquistadas pelos movimentos em prol da inclusão são<br />

incorporadas nas políticas públicas, transformando diretrizes. Um exemplo é a mudança<br />

em relação a educação das relações étnico-raciais e o ensino de história sobre a cultura<br />

afro-brasileira, como também a criação de programas governamentais compensatórios,<br />

como cotas para os negros nas universidades públicas brasileiras. “Afinal, a diferença<br />

não precisa ser uma marca, uma categoria ou um estigma, mas algo que nos faça<br />

repensar modelos que nos aprisionam.” (MISKOLCI, 2005: 25)<br />

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

O assunto inclusão é muito mais abrangente que apenas a referencia ao ambiente<br />

escolar. Vimos que a solução para acabar com o preconceito e garantir a acessibilidade<br />

dos deficientes é a divulgação de seus direitos através de ações positivas em relação ao<br />

tema. Como professora de alunos com dificuldades de aprendizagem e também com<br />

alunos inclusos, portadores de necessidades especiais, percebemos a necessidade do<br />

trabalho conjunto entre a escola regular e a escola de educação especial, pois na maioria<br />

das vezes, a professora que trabalha com estes educandos na classe regular, não tem<br />

informações sobre o trabalho realizado com estes na educação especial. E, nem mesmo<br />

tem acesso ao diagnóstico preciso sobre o tipo de deficiências que estes possuem. Desta<br />

maneira fica difícil realizar um trabalho eficiente. Também, a título de considerações<br />

finais, podemos dizer que mesmo que as crianças portadoras de necessidades especiais<br />

sejam amparadas por lei a freqüentarem as classes regulares, em se tratando de uma<br />

classe que atende somente educandos com dificuldades de aprendizagem, e requer um<br />

atendimento mais individualizado, o trabalho conjunto com portadores de necessidades<br />

especiais fica mais dificultado, porque suas dificuldades são outras, vão além das<br />

dificuldades específicas de aprendizagens escolares.<br />

4 REFERÊNCIAS<br />

76


BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Inclusão: Revista da Educação Especial.<br />

Brasília. out. 2005. 1v<br />

Declaração de Salamanca, esboço sobre educação. Disponível em<br />

www.wikipedia.org. Acesso em setembro de 2008.<br />

Declaração de Salamanca sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das<br />

Necessidades Especiais. Disponível em www.portal.mec.gov.br. Acesso setembro de<br />

2008.<br />

FONSECA, Vitor da. Educação Especial: programa de estimulação precoce – uma<br />

introdução às idéias de Feurestein. – 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.<br />

JARDIM, Wagner Rodrigues de Souza. Dificuldades de aprendizagem no Ensino<br />

Fundamental, manual de identificação e intervenção. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2001.<br />

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em<br />

www.portal.mec.gov.br. Acesso setembro de 2008.<br />

MISKOLCI, Richard. Um corpo estranho na sala de aula. São Paulo: Editora Papirus,<br />

2005.<br />

PAULA, Jairo de. Inclusão: mais que um desafio escolar, um desafio social. 2. ed. São<br />

Paulo: Jairo de Paula, 2006.<br />

RIOS, Dermival Ribeiro. Dicionário Prático de Língua Portuguesa. São Paulo:<br />

Difusão Cultural do Livro, 1997.<br />

77


EMOÇÕES: UM FATOR IMPORTANTE NA ESCOLA E NA CONSTRUÇÃO<br />

DO CONHECIMENTO<br />

MIRAN<strong>DA</strong>, Elis Dieniffer Soares<br />

ANSAI, Rosana Beatriz<br />

(Pedagogia – FAFI)<br />

Vivemos em um mundo capitalista e individualista no quais os pais se dedicam intensamente ao trabalho<br />

deixando muitas vezes de lado a instituição familiar, que é a base da formação do ser humano. A relação<br />

educativa em sala de aula deve ser trabalhada enfaticamente pelo professor, pois, caso contrário os<br />

prejuízos para o processo de aprendizagem são evidentes. Muitas vezes observa-se que o professor que<br />

não consegue trabalhar satisfatoriamente com as crises emocionais dos seus alunos provoca desgastes<br />

físicos e psicológicos no clima organizacional da sala de aula. O objetivo é enfatizar a importância da<br />

afetividade na relação professor-aluno, as emoções no ambiente escolar e sua contribuição para o<br />

processo ensino-aprendizagem. O estudo de caráter teórico-bibliográfico constatou que as interações<br />

afetivas entre professores e alunos devem aprofundar-se no campo da ação pedagógica. O<br />

desenvolvimento é um processo contínuo e a afetividade tem um papel imprescindível nesse processo de<br />

desenvolvimento do aluno, o meio deve proporcionar relações de afetividade entre pais e filhos,<br />

professores e alunos. A maneira como o professor se relaciona com seus alunos, será a chave do sucesso<br />

da transmissão do conhecimento atingindo o processo de ensino-aprendizagem.<br />

Palavras chave: Emoções; Afetividade; Ambiente Escolar; Relação Professor-aluno.<br />

A IMPORTÂNCIA <strong>DA</strong>S EMOÇÕES NO AMBIENTE ESCOLAR<br />

Henry Wallon dedicou grande parte da sua vida estudando e tentando<br />

demonstrar as relações existentes entre as dimensões afetivas, cognitivas e motoras no<br />

desenvolvimento humano. O autor diferencia os termos afetividade e emoção, que<br />

78


muitas vezes são utilizados como sinônimos. As emoções, para Wallon (1989), são<br />

reações organizadas que se manifestam sob o comando do sistema nervoso central. Para<br />

este pesquisador, as emoções são estados subjetivos, mas com componentes orgânicos,<br />

sendo, portanto, sempre acompanhadas de alterações biológicas como aceleração dos<br />

batimentos cardíacos, mudanças no ritmo da respiração, secura na boca, mudança na<br />

resposta galvânica da pele, dentre outras. Freqüentemente, também provocam alterações<br />

na mímica facial, na postura e na topografia dos gestos.<br />

Para WALLON (1982) as teorias têm base mecanicista e são de difícil<br />

compreensão. Ele as vê como reações incoerentes e tumultuadas e também destaca o<br />

poder ativador que tem as emoções, consideradas por ele positivas. Além disso, o autor<br />

afirma que a sociedade intervém no desenvolvimento psíquico da criança, pois a criança<br />

depende por muito tempo de seus semelhantes adultos. Por exemplo, o recém-nascido<br />

não consegue diferenciar-se do outro nem mesmo no plano corporal. Essa diferenciação<br />

começa no primeiro ano de vida pela interação com os objetos e seu próprio corpo. É<br />

essa a construção do eu corporal que dá condição a formação do eu psíquico chamado<br />

por Wallon de estágio personalista.<br />

Nas atividades escolares, na maioria das vezes as crianças ficam sentadas e<br />

com a atenção centrada em uma única direção. Para Wallon apud GALVÃO (1995,<br />

p.109), “[...] a intensidade com que a escola exige essas condutas é superior ás<br />

possibilidades da idade, o que propicia a emergência de dispersão e impulsividade [...]”.<br />

De outra forma em sua obra Wallon defende que, no decorrer de todo o<br />

desenvolvimento do indivíduo, a emoção e a afetividade têm um papel fundamental.<br />

Têm a função de comunicação nos primeiros meses de vida, manifestando-se,<br />

basicamente, por impulsos emocionais, estabelecendo os primeiros contatos da criança<br />

com o mundo. Por meio desta interação com o ambiente social, a criança passa de um<br />

estado de total sincretismo para um progressivo processo de diferenciação, onde a<br />

afetividade está presente, permeando a construção da identidade. Da mesma forma, é<br />

ainda por meio da afetividade que o indivíduo acessa o mundo simbólico, originando a<br />

atividade cognitiva e possibilitando o seu avanço, pois são os desejos, intenções e<br />

motivos que vão mobilizar a criança na seleção de atividades e objetos na sua interação<br />

com comportamental com o meio.<br />

79


Para Ferreira (1999, p. 62) afetividade significa:<br />

Conjunto de fenômenos psíquicos que se manifestam sob a forma de<br />

emoções, sentimentos e paixões, acompanhados sempre da impressão de dor<br />

ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado, de alegria<br />

ou tristeza. Uma educação entre professores e alunos que não aborde a<br />

emoção na sala de aula como a afetividade traz prejuízos para a ação<br />

pedagógica, pois podem atingir não só o professor, mas também o aluno. E<br />

se o professor não souber lidar com crises emocionais isso poderá provocar<br />

desgastes físico e psicológico.<br />

Com relação ao desenvolvimento da afetividade Almeida (1999, p. 44) diz que<br />

inicialmente, “com a influência do meio, essa afetividade que se manifestava em<br />

simples gestos lançados no espaço, transforma-se em meios de expressão cada vez mais<br />

diferenciados, inaugurando o período emocional.”.<br />

As relações familiares e o carinho dos pais exercem grande influência sobre a<br />

evolução dos filhos, pois a inteligência não se desenvolve sem a afetividade. Neste<br />

sentido Almeida (1999) explica que a afetividade, assim como a inteligência, não<br />

aparece pronta nem permanece imutável. Ambas evoluem ao longo do<br />

desenvolvimento: são construídas e se modificam de um período a outro, pois, à medida<br />

que o indivíduo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas.<br />

O desenvolvimento psíquico da criança dá-se através do meio social em que ela<br />

convive. Na análise de Almeida (1999, p. 63) para Wallon “são as emoções que unem a<br />

criança ao meio social: são elas que antecipam à intenção e o raciocínio”.<br />

Com relação ao desenvolvimento da afetividade na família Tiba (2002) ressalta<br />

que é comum os pais para minimizarem seu sentimento de culpa em relação as suas<br />

ausências do lar para trabalhar, oferecer presentes como brinquedos, doces ou outros<br />

objetos. Neste sentido ele se posiciona contra estes comportamentos, pois, “é saudável<br />

que a criança sinta que a separação não mata ninguém e comece a criar dentro de si<br />

mesma a noção de responsabilidade”. (p.157)<br />

As três principais emoções que exercem ações na sala de aula são: o medo<br />

demonstrado através de situações novas como responder alguma atividade, apresentar<br />

algum trabalho etc.; a alegria, que traz inquietação, também pode trazer entusiasmo para<br />

a realização das atividades; e por último a cólera, que tem o poder de expor o professor<br />

diante da classe trazendo desgastes físicos e emocionais.<br />

80


Assim entendemos que na maioria das vezes os professores não sabem lidar<br />

com as situações emotivas de sala de aula, pois elas podem ser imprevisíveis, sendo que<br />

muitas vezes provocam um desgaste emocional no clima afetivo da sala de aula.<br />

Pode-se dizer que a escola exerce um papel fundamental no desenvolvimento<br />

sócio afetivo da criança. Segundo Almeida (1999, p. 99) a escola,<br />

Como meio social, é um ambiente diferente da família, porém bastante<br />

propício ao seu desenvolvimento, pois é diversificado, rico em interações, e<br />

permite à criança estabelecer relações simétricas entre parceiros da mesma<br />

idade e assimetria entre adultos. Ao contrário da família, na qual a sua<br />

posição é fixa na escola ela dispõe de uma maior mobilidade, sendo possível<br />

a diversidade de papéis e posições. Dessa forma, o professor e os colegas<br />

são interlocutores permanentes tanto no desenvolvimento, intelectual como<br />

do caráter da criança, o que poderá ser preenchido individual e socialmente.<br />

Assim observamos que muitas crianças sofrem no primeiro dia de aula e outras<br />

não. De outra forma muitas vezes os professores não são compreensivos com os medos<br />

e angústias do sujeito aprendente e isso faz com que os alunos não aprendam a matéria<br />

prejudicando-os no seu desempenho escolar.<br />

São vários fatores que podem atrapalhar a vida escolar, entre eles encontramos:<br />

as crianças que não são disciplinadas e só fazem o que tem vontade em sala de aula,<br />

deixando assim os seus deveres escolares totalmente de lado e ou, outras vezes, os pais<br />

só querem cobrar dos filhos bons resultados na escola fazendo ameaças e isso faz com<br />

que a criança possa se ressentir emocionalmente apresentando como efeito colateral<br />

desta cobrança o esquecimento de tudo o que estudou. De outra forma as crianças<br />

também podem ter dificuldades em manter a concentração pensando na ameaça dos<br />

pais, nas brigas e desentendimentos familiares.<br />

Os problemas de aprendizagem como leitura e escrita podem ser causas, sinais<br />

e evidências de um processo educacional que está desarticulado ao longo da sua<br />

evolução ontogenia do ser humano sendo necessário um resgate do foco do processo de<br />

ensino – aprendizagem, tanto na escola como na família. Sem esta percepção muitos<br />

educadores e pais se sentem incapazes de entender os problemas e fracassos na leitura e<br />

escrita da criança. Segundo Almeida (1999, p. 91), “[...] é preciso que o professor esteja<br />

muito atento aos movimentos das crianças, pois estes podem ser indicadores de estados<br />

emocionais que devem ser levados em conta no contexto de sala de aula.”<br />

81


De outra forma quanto aos elementos motivacionais dos alunos relacionados a<br />

sua afetividade concordamos com Bossa (2000, p. 18) quando ressalta que: “Sabemos<br />

que os sentidos das aprendizagens são único e particular na vida de cada um, e que<br />

inúmeros são os fatores afetivos emocionais que podem impedir o investimento<br />

energético necessário às aquisições escolares.”<br />

Vygotsky (1998) ao propor uma nova psicologia critica a que está posta<br />

ao ressaltar que um dos principais defeitos da psicologia tradicional é a separação entre<br />

os aspectos intelectuais, motivacionais e afetivos. Ele propõe que seja levada em<br />

consideração a unidade entre esses processos. Explica também que a origem do<br />

pensamento se sitva na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades,<br />

interesses, impulsos, afeto e emoção. Nesta área se encontra a razão última do<br />

pensamento. Sendo assim, uma compreensão completa do pensamento humano só é<br />

possível quando se compreende em que ele se fundamenta: a motivação e a afetividade.<br />

Na escola observamos que o método tradicional de ensino aprendizagem ainda<br />

se faz presente nas escolas quando se trata de relação professor-aluno na forma das<br />

relações autoritária e distante dos alunos. O autoritarismo em muitas escolas continua<br />

enraizado nas atitudes e escolhas didáticas do docente, pois, para não enfrentar<br />

propostas pedagógicas “novas” continuam exercendo o papel de transmissores do<br />

conhecimento e apresentando ações e comportamentos rígidos e ásperos.<br />

O professor hodiernamente não pode ser visto e nem se conformar em ser<br />

apenas aquele que prepara provas e que ensina conteúdos e demonstrar seus sentimentos<br />

e emoções apenas nos momentos que o aluno o titã do sério. Nota-se que ele tem em<br />

suas mãos a função primordial de educar e aprimorar o aluno como pessoa humana. Por<br />

isso, todo professor deve avaliar-se e prestar atenção naquilo que pode causar<br />

interferência no relacionamento com seus alunos e na maneira como ele exerce seu<br />

papel de educador.<br />

A verdade é que, embora o professor seja um profissional com alto nível<br />

intelectual e grande conhecimento de sua matéria, a maneira como ele se relaciona com<br />

seus alunos será a chave do sucesso da construção não só do conhecimento, mas<br />

também das relações afetivas que estabelece na sala de aula.<br />

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

82


Podemos, então, concluir que, para a prática pedagógica, as teorias de Wallon,<br />

Piaget e outros autores, contêm elementos comuns que são indispensáveis para o<br />

desenvolvimento da aprendizagem. Em Wallon, identificamos a necessidade de que o<br />

professor veja seus alunos com mais atenção, para entender suas condutas e não fazer<br />

julgamentos precipitados. Em Piaget, entendemos que o professor deve estar antes de<br />

tudo, comprometido com a educação, com o conhecimento, de forma a contribuir com a<br />

formação da pessoa, do desenvolvimento da sua personalidade, como participante do<br />

grupo social em que vive.<br />

Enfim, fica evidente a importância que tem para nós, educadores, o<br />

conhecimento da afetividade, quer seja através das emoções, da força motora das ações<br />

ou do desejo e da transferência, para o melhor desenvolvimento da aprendizagem do<br />

aluno e, conseqüentemente, para uma melhor relação entre este e o professor.<br />

A escola, portanto, deve voltar-se para a qualidade das suas relações,<br />

valorizando o desenvolvimento afetivo, social e não apenas cognitivos como elementos<br />

fundamentais no desenvolvimento da criança como um todo.<br />

4 REFERÊNCIAS<br />

BOSSA, N. A. Dificuldades de aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.<br />

TIBA, Içami. Quem ama educa. São Paulo: Gente, 2002.<br />

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.<br />

WALLON, Henri. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole,<br />

1989.<br />

83


A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO MUNICÍPIO DE UNIÃO <strong>DA</strong> VITÓRIA<br />

Anaí Cristina da Luz Stelmachuk 14<br />

Nilce Terezinha Dambroski 15<br />

RESUMO<br />

O presente trabalho foi elaborado a partir da necessidade da construção do Plano<br />

Municipal de Educação de União da Vitória e versa sobre o atendimento educacional<br />

oferecido no Município na modalidade de Educação Especial. A partir de pesquisa<br />

bibliográfica e de campo, analisou-se os avanços e as lacunas referentes a Educação<br />

Especial em União da Vitória, assim como foram levantadas metas a serem alcançadas<br />

pelo município. Os dados quantitativos foram obtidos junto às secretarias das escolas<br />

municipais, estaduais e particulares do município, por intermédio da Secretaria<br />

Municipal de Educação.<br />

Palavras - Chave: Plano Municipal de Educação. Educação Especial. Educação em<br />

União da Vitória.<br />

1. EDUCAÇÃO ESPECIAL<br />

A Organização Mundial de Saúde estima que 10% de qualquer população possui algum<br />

tipo de deficiência. No Brasil, a Constituição Federal em seus artigo 208, inciso III,<br />

estabelece o direito à educação para todas as pessoas, assegurando àquelas com<br />

necessidades educacionais especiais o atendimento especializado preferencialmente na<br />

rede regular de ensino.<br />

14<br />

Em Paraná (2005) encontra-se:<br />

Pedagoga. Especialista em Pedagogia Terapêutica. Coordenadora Pedagógica da Escola de<br />

Educação Especial Hilda Adamio Roveda e Coordenadora Pedagógica das APAEs da região de União da<br />

Vitória. Professora colaboradora da FAFIUV.<br />

15<br />

Nilce Terezinha Dambroski – Pedagoga. Especialista em Psicopedagogia. Professora em Escola<br />

de Educação Especial e Educação de Jovens e Adultos. Supervisora Pedagógica da Secretaria Municipal<br />

de Educação de União da Vitória.<br />

84


A Educação Especial é uma modalidade de educação escolar definida em<br />

uma proposta pedagógica, que assegura um conjunto de recursos, apoios e<br />

serviços educacionais especiais, organizados para apoiar, complementar,<br />

suplementar e em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns,<br />

de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das<br />

potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais<br />

especiais, em todos os níveis, etapas e modalidades da educação.<br />

No município de União da Vitória a Educação Especial acontece em escola de<br />

Educação Especial e em instituições da rede pública e privada.<br />

1.1 ATENDIMENTO <strong>DA</strong> EDUCAÇÃO ESPECIAL EM INSTITUIÇÃO<br />

ESPECIALIZA<strong>DA</strong><br />

O atendimento aos alunos com deficiência intelectual significativa e múltiplas<br />

deficiências, no município de União da Vitória é oferecido pela Escola de Educação<br />

Especial Hilda Adamio Roveda, mantida pela APAE – Associação de Pais e Amigos do<br />

Excepcional de União da Vitória, desde 12 de outubro de 1994, nos seguintes níveis:<br />

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação Profissional, totalizando 200 alunos<br />

matriculados.<br />

A Escola de Educação Especial Hilda Adamio Roveda possui boas instalações<br />

físicas, tanto para o setor administrativo, como para o atendimento aos alunos. No que<br />

se refere a recursos materiais, sente-se a necessidade da adequação do mobiliário das<br />

salas de aulas à faixa etária. Quanto a recursos tecnológicos conta-se com equipamentos<br />

básicos como: telefone, fax, televisão, DVD, antena parabólica, mimeógrafo,<br />

microcomputadores e impressoras. O número de aparelhos de som é insuficiente e não<br />

há retro-projetor e data-show.<br />

Possui laboratório de informática formado por nove computadores, com acesso à<br />

internet, onde professor com capacitação específica na área de informática atende cerca<br />

de 140 alunos.<br />

Recursos técnicos, tecnológicos, físicos e materiais, como mobiliários<br />

anatômicos e softwares adaptados, em uso no estabelecimento de ensino para o<br />

atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos ainda são insuficientes.<br />

As ações pedagógicas da escola são baseadas em proposta pedagógica elaborada<br />

e atualizada pela equipe técnico-pedagógica e corpo docente, contemplando a formação<br />

continuada do mesmo.<br />

85


Os recursos financeiros para manutenção da Instituição são provenientes do<br />

Governo Federal, Estadual e Municipal, de contribuições de associados, doações e<br />

realização de eventos, sendo muitas vezes insuficiente para atender a todas as<br />

necessidades.<br />

Visando a melhoria do processo educacional a escola promove ações de apoio à<br />

família, investe na formação dos professores e realiza intercâmbios com escolas da rede<br />

do ensino comum para a inclusão de alunos. Desenvolve também projetos como o Piá<br />

das Flores, no qual 18 alunos participam do processo de produção e venda de mudas de<br />

flores para a comunidade.<br />

A Escola possui uma equipe de profissionais formada por uma diretora, duas<br />

coordenadoras pedagógicas, oito professoras efetivas, 22 professores contratados, cinco<br />

atendentes, dois secretários escolares, duas merendeiras, duas auxiliares de serviços<br />

gerais, três motoristas e um instrutor, totalizando 61 funcionários. Os docentes que<br />

trabalham na Instituição possuem a habilitação necessária para o exercício de sua<br />

função, assim como os demais profissionais. O número de docentes é insuficiente para<br />

garantir o cumprimento de 20% de hora-atividade para os mesmos. O número de<br />

secretários escolares também é insuficiente.<br />

A equipe técnica de especialistas desenvolve atendimento em áreas específicas<br />

com enfoque no desenvolvimento pedagógico, equipe esta formada por uma assistente<br />

social, dois dentistas, quatro fisioterapeutas, duas fonoaudiólogas, um médico, duas<br />

psicólogas e uma terapeuta ocupacional.<br />

O transporte de 150 alunos é realizado pela própria Instituição; vinte e nove<br />

alunos utilizam meios particulares; sete transporte coletivo; cinco transporte municipal<br />

de União da Vitória; e nove transporte municipal de Porto Vitória.<br />

A escola de Educação Especial Hilda Adamio Roveda, em seus 14 anos de<br />

existência tem atingido bons resultados no processo de valorização da pessoa com<br />

deficiência, através da inclusão de alunos na rede de ensino comum, parcerias com<br />

instituições de Educação Básica e Ensino Superior, em campanhas de prevenção e<br />

realização de cursos sobre deficiência para a comunidade e convênio com o SUS<br />

(Sistema Único de Saúde) para atendimento dos alunos na área da saúde.<br />

86


Os problemas enfrentados pela Instituição de Ensino dizem respeito ao<br />

transporte escolar, recursos financeiros para manutenção e aquisição de equipamentos e<br />

mobiliário adequado aos alunos e manutenção de veículos e da estrutura física.<br />

Como desafios para os próximos anos está a continuidade do processo de<br />

inclusão escolar e profissional dos alunos, o término da quadra poli-esportiva, a<br />

aquisição de mobiliário e equipamentos para as salas de aula, refeitório, auditório,<br />

oficinas, sala de recursos didáticos e biblioteca, o funcionamento e manutenção da<br />

piscina térmica, a ativação da brinquedoteca, a ampliação do transporte escolar, a<br />

ampliação do quadro de profissionais conforme demanda, a criação de projetos<br />

específicos para o atendimento aos alunos idosos.<br />

1.2 A EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ENSINO REGULAR<br />

Como forma de garantir a permanência dos alunos com necessidades<br />

educacionais especiais no ensino regular o Município conta com serviços e apoios<br />

especializados oferecidos em nível de 1ª a 4ª série na Rede Municipal de Ensino e em<br />

nível de 5ª a 8ª séries na Rede Estadual de Ensino composto por:<br />

Classes especiais na área da deficiência mental, com 30 alunos matriculados;<br />

14 salas de recursos na área da deficiência mental e distúrbios da aprendizagem,<br />

sendo 3 na Rede Municipal de Ensino, com 30 alunos matriculados e 11 na Rede<br />

Estadual, com 43 alunos matriculados;<br />

111 salas de apoio destinadas ao atendimento de alunos com dificuldade na<br />

aquisição de conteúdos acadêmicos, sendo 23 na Rede Municipal de Ensino, com<br />

313 alunos atendidos, 88 na Rede Estadual, com 1230 alunos;<br />

Um centro de atendimento especializado em Deficiência Visual e Surdez, (CAEDV<br />

e CAES) destinado à pessoas matriculadas ou não na Rede Regular de Ensino, de<br />

União da Vitória e de municípios vizinhos, com 26 alunos.<br />

A rede privada de ensino conta com uma sala de apoio com um aluno.<br />

Tabela 1. Atendimento da Educação Especial no ensino regular, 2008.<br />

Nome da instituição de ensino<br />

Classe Especial Sala de Recurso<br />

Centro de<br />

DV e <strong>DA</strong><br />

AL TU AL TU AL TU<br />

87


EM Antonieta Montanari<br />

10 01 - - - -<br />

EM Hilda Romanzini de Melo<br />

08 01 08 01 - -<br />

EM Judith Goss de Lima<br />

06 01 - - - -<br />

EM Melvin Jones<br />

06 01 - - - -<br />

EM Serapião<br />

- - 15 01 - -<br />

EM Vitória Fernandes<br />

- - 07 01 23 02<br />

Total<br />

Fonte: Secretaria das Escolas, 2008.<br />

30 04 30 03 23 02<br />

Siglas: EM – Escola Municipal; EI - Educação Infantil; EM – Ensino Médio; EF – Educação<br />

Fundamental; DV – Deficiência Visual; <strong>DA</strong> – Deficiência Auditiva.<br />

O atendimento a alunos do ensino fundamental com deficiência<br />

física/neuromotora acentuada é realizado por professor de apoio permanente. 16<br />

Turmas com alunos surdos das séries finais do Ensino Fundamental contam com<br />

profissional intérprete de libras/língua portuguesa, visto que “a atuação do profissional<br />

intérprete caracteriza suporte pedagógico e não o exercício da docência”. (<strong>PARA</strong>NÁ,<br />

2008 ).<br />

O atendimento de alunos com deficiência em classes comuns no ensino no<br />

regular no município de União da Vitória, acontece predominantemente no Ensino<br />

Fundamental.<br />

O atendimento de 5ª a 8ª série evoluiu significativamente a partir do ano de<br />

2005, em decorrência da realização de concurso público na Rede Estadual de Ensino<br />

que permitiu a abertura de salas de recursos na área da deficiência mental e distúrbios<br />

de aprendizagem.<br />

Em 2006 aumentou a procura por de vagas na Educação de Jovens e Adultos,<br />

por alunos egressos de classes e escolas especiais.<br />

Percebe-se ainda que o atendimento na Educação Infantil, Ensino Médio e<br />

Educação Profissional ainda não corresponde ao número esperado em uma sociedade<br />

inclusiva.<br />

Os atendimentos oferecidos abrangem as áreas da deficiência visual, surdez,<br />

deficiência física, deficiência física neuromotora, deficiência mental e distúrbios de<br />

aprendizagem, deficiência múltipla e condutas típicas evidenciando uma lacuna no<br />

atendimento à pessoa com altas habilidades/superdotação.<br />

Tabela 2. Clientela da Educação Especial inclusa nas salas regulares por necessidades especiais, 2008.<br />

Educação<br />

Infantil<br />

0 a 3 4 a 6<br />

Ensino<br />

Fundamental Ensino<br />

Necessidades Especiais<br />

anos anos<br />

1ª a 4ª 5ª a 8ª<br />

séries séries<br />

Médio<br />

Regular<br />

EJA EP<br />

Deficiência Visual - 01 06 02 - 01 -<br />

Deficiência Auditiva - 01 04 04 01 - -<br />

Deficiência Física - 01 - - - 04 -<br />

Deficiência Mental/Distúrbios<br />

de Aprendizagem<br />

01 04 30 43 - 10 -<br />

Deficiência Múltipla - - - - - - -<br />

16<br />

Profissional especializado que atua no contexto de sala de aula, utilizando a comunicação<br />

alternativa e aumentativa. (<strong>PARA</strong>NÁ, 2006, p. 11)<br />

88


Condutas típicas - 02 - - - - -<br />

Altas Habilidades/ Superdotação - - - - - - -<br />

Deficiência Física Neuromotora - - 02 01 - - -<br />

Totais 01 09 42 50 01 15 -<br />

Fonte: Secretaria das Escolas, 2008.<br />

1.2.1 Qualificação dos professores que atuaram nas classes regulares com alunos<br />

inclusos no ano de 2007<br />

Dos 58 professores da rede municipal de ensino de União da Vitória que atuam<br />

com alunos inclusos nas classes regulares, 74,13%, possuem pós-graduação no nível de<br />

especialização.<br />

Tabela 3 - Formação dos professores que atuaram com alunos inclusos nas salas regulares da rede<br />

municipal de ensino (zona rural), 2007.<br />

Formação<br />

Situação<br />

Concluída Cursando<br />

Total<br />

Ensino Médio Regular - - -<br />

Magistério - - -<br />

Magistério + Adicionais - - -<br />

Pedagogia 2 - 2<br />

Pedagogia + Adicionais - - -<br />

Normal Superior 1 - 1<br />

Normal Superior + Adicionais - - -<br />

Ensino Superior – outro - - -<br />

Pós-graduação – especialização específica em<br />

Educação Especial<br />

1 - 1<br />

Pós-graduação – outra especialização 1 - 1<br />

Pós-graduação – mestrado e/ou doutorado - - -<br />

Total<br />

Fonte: Secretaria das Escolas<br />

5 - 5<br />

Tabela 4 – Formação dos professores que atuaram com alunos inclusos nas salas regulares da rede<br />

municipal de ensino (zona urbana), 2007.<br />

Formação<br />

Situação<br />

Concluído Cursando<br />

Total<br />

Magistério - 3 3<br />

Magistério + Adicionais - - -<br />

Pedagogia - 1 1<br />

Pedagogia + Adicionais - - -<br />

Normal Superior 1 1 2<br />

Normal Superior + Adicionais - 1 1<br />

Ensino Superior – outro 3 2 5<br />

Pós-graduação – especialização específica em Educação<br />

Especial<br />

1 - 1<br />

Pós-graduação – outra especialização 37 3 40<br />

Pós-graduação – mestrado e/ou doutorado - - -<br />

Total<br />

Fonte: Secretaria das Escolas, 2007<br />

42 11 53<br />

89


Na rede estadual de ensino dos 253 professores que atuam com com alunos<br />

inclusos nas classes regulares, 89,32%, possuem pós-graduação no nível de<br />

especialização e 1,18% no nível de mestrado.<br />

Tabela 5 - Formação dos professores que atuaram com alunos inclusos nas salas regulares da rede<br />

estadual de ensino (zona rural), 2007.<br />

Formação<br />

Situação<br />

Concluído Cursando<br />

Total<br />

Pedagogia - - -<br />

Pedagogia + Adicionais - - -<br />

Normal Superior 6 1 7<br />

Normal Superior + Adicionais - - -<br />

Ensino Superior – outro - - -<br />

Pós-graduação – especialização específica em Educação<br />

Especial<br />

- -<br />

-<br />

Pós-graduação – outra especialização - - -<br />

Pós-graduação – mestrado e/ou doutorado - - -<br />

Total<br />

Fonte: Secretaria das Escolas, 2007.<br />

6 1 7<br />

Tabela 6 - Formação dos professores que atuaram com alunos inclusos nas salas regulares da rede<br />

estadual de ensino (zona urbana), 2007.<br />

Formação<br />

Situação<br />

Concluído Cursando<br />

Total<br />

Pedagogia 1 - 1<br />

Pedagogia + Adicionais - - -<br />

Normal Superior 1 1 2<br />

Normal Superior + Adicionais - - -<br />

Ensino Superior – outro 9 5 14<br />

Pós-graduação – especialização específica em Educação<br />

Especial<br />

4 -<br />

4<br />

Pós-graduação – outra especialização<br />

219 3 222<br />

Pós-graduação – mestrado e/ou doutorado<br />

3 - 3<br />

Total<br />

Fonte: Secretaria das Escolas, 2007.<br />

237 9 246<br />

Na rede privada dos 23 professores que atuam com alunos inclusos em classes<br />

regulares, 82,6% dos professores possuem pós-graduação no nível de especialização.<br />

Tabela 7 - Formação dos professores que atuaram com alunos inclusos nas salas regulares da<br />

rede privada de ensino (particular), 2007.<br />

Situação<br />

Formação<br />

Total<br />

Concluído Cursando<br />

90


Ensino Superior – outro 4 - 4<br />

Pós-graduação – especialização específica em Educação<br />

Especial<br />

1 - 1<br />

Pós-graduação – outra especialização<br />

11 - 11<br />

Pós-graduação – mestrado e/ou doutorado 7 - 7<br />

Total<br />

Fonte: Secretaria das Escolas, 2007.<br />

23 - 23<br />

Os quadros mostram que a maioria dos profissionais que atuam no Município<br />

são pós-graduados, porém apenas quatro são especialistas em Educação Especial.<br />

1.2.2. Gestão do atendimento educacional especializado aos alunos com necessidades<br />

educacionais especiais<br />

Em relação a gestão do atendimento educacional especializado aos alunos com<br />

necessidades educacionais especiais, das Instituições de Ensino de União da Vitória<br />

apenas 11,86% possuem acessibilidade nas edificações, com a eliminação de barreiras<br />

arquitetônicas nas instalações, no mobiliário e nos equipamentos, conforme normas<br />

técnicas vigentes; 42,37% possuem professores e equipe pedagógica habilitados ou<br />

especializados na área da Educação Especial; 16,94% das Instituições de Ensino<br />

reduziram o número de alunos nas turmas, onde estão incluídos os alunos com<br />

necessidades educacionais especiais significativas; 44,06% Instituições de Ensino<br />

flexibilizaram e adaptaram o currículo escolar, em consonância com a sua proposta<br />

pedagógica; 49,15% das Instituições de Ensino oferecem capacitação continuada aos<br />

professores que atuam em classes comuns com alunos que apresentam necessidades<br />

educacionais especiais.<br />

As classes especiais do município fazem parte da rede municipal de ensino e<br />

encontram-se localizadas na zona urbana. O agrupamento dos alunos é realizado por<br />

necessidades educacionais especiais de características assemelhadas, possuem<br />

professores habilitados em Educação Especial, realizam avaliações pedagógicas<br />

semestrais registradas em formulário próprio. As classes são formadas por no máximo<br />

dez alunos, possuem equipamentos e materiais específicos adequados às suas<br />

peculiaridades e respeitam os critérios de espaço físico, localização, salubridade e<br />

iluminação adequados, de acordo com as necessidades especiais atendidas.<br />

As Instituições pesquisadas não desenvolvem projetos de aceleração ou de<br />

enriquecimento curricular para alunos superdotados;<br />

91


A Rede Municipal conta com um centro de atendimento na área da surdez onde<br />

é ofertada a educação bilingue; três Instituições Municipais e três Estaduais da zona<br />

urbana, possuem sala de recurso cujo atendimento é extensivo a alunos de outras<br />

Instituições;<br />

A Rede Municipal conta com três Instituições de Ensino com sala de recursos na<br />

zona urbana e a rede estadual com 10, sendo 9 em zona urbana e 1 em zona rural, cujo<br />

agrupamento dos alunos é realizado por necessidades educacionais especiais de<br />

características semelhantes e o atendimento é realizado em horário diferente daquele em<br />

que o aluno freqüenta a classe comum; das treze instituições, dez possuem<br />

equipamentos e recursos pedagógicos adequados às necessidades educacionais especiais<br />

dos alunos.<br />

O município conta com 39 instituições, 35 em zona urbana e 4 em zona rural,<br />

que possuem sala de apoio à aprendizagem, cuja direção informa à família sobre a<br />

necessidade do aluno estender seu tempo escolar e os professores responsáveis,<br />

participam de formação continuada para enriquecimento de sua prática pedagógica. Em<br />

37 dessas instituições as turmas são formadas por, no máximo, vinte alunos. Nas<br />

instituições do estado e privadas a avaliação pedagógica dos avanços obtidos pelos<br />

alunos é realizada pelo professor da sala de apoio em ficha própria. Em 75,55% das<br />

instituições os professores da sala de apoio têm experiência docente no ensino<br />

fundamental das séries iniciais e o planejamento das atividades desenvolvidas é<br />

elaborada pelo professor responsável, em conjunto com o professor regente e equipe<br />

pedagógica. Em todas as instituições a dispensa do aluno é definida pelo professor<br />

regente em conjunto com a equipe pedagógica e com o professor da sala de apoio,<br />

considerando a superação das dificuldades apresentadas.<br />

1.2.3 Recursos técnicos, tecnológicos, físicos e materiais em uso nos estabelecimentos<br />

de ensino aos alunos com necessidades educacionais especiais<br />

Conforme a deliberação 02/03, do Conselho Estadual de Educação (2003), “os<br />

recursos técnicos, tecnológicos, físicos e materiais específicos, referem-se aos apoios<br />

técnicos, tecnológicos, físicos e materiais específicos utilizados para permitir aos<br />

92


alunos com necessidades educacionais especiais” o acesso ao currículo. No município,<br />

além dos recursos descritos nos quadros abaixo, as escolas possuem materiais<br />

pedagógicos que favorecem o desenvolvimento da aprendizagem.<br />

Tabela 8 – Recursos técnicos, tecnológicos, físicos e materiais específicos – Rede Municipal, 2007.<br />

Zona rural Zona urbana<br />

Itens avaliados Existência Avaliação Existência Avaliação<br />

Sim Não O B R P Sim Não O B R P<br />

Material didático em<br />

braile ou ampliado<br />

- 02 - - - - 01 35 01 - - -<br />

Bengala - 02 - - - - 01 35 01 - - -<br />

Reglete - 02 - - - - 01 35 01 - - -<br />

Sorobã - 02 - - - - 01 35 01 - - -<br />

Punção<br />

- 02 - - - - 01 35 01 - - -<br />

Máquinas Perkins - 02 - - - - 01 35 01 - - -<br />

Computadores com<br />

sistema DOS-VOX<br />

- 02 - - - - 01 35 01 - - -<br />

Lupas<br />

- 02 - - - - 01 35 -<br />

0<br />

1<br />

- -<br />

Telelupas - 02 - - - - - 36 - - - -<br />

Pistas Táteis - 02 - - - - - 36 - - - -<br />

Softwares adaptados - 02 - - - - - 36 - - - -<br />

Mobiliários anatômicos e<br />

adaptados<br />

- 02 - - - - 02 34 - -<br />

0<br />

1<br />

0<br />

1<br />

Ambientes com<br />

acessibilidade<br />

- 02 - - - - 01 35 -<br />

0<br />

1<br />

- -<br />

Fonte: Secretaria das Escolas, 2007.<br />

Siglas: O – Ótimo; B – Bom; R – Regular; P – Precária.<br />

Tabela 9 – Recursos técnicos, tecnológicos, físicos e materiais específicos - Rede Estadual, 2007.<br />

Zona rural Zona urbana<br />

Itens avaliados<br />

Existência Avaliação Existência Avaliação<br />

Sim Não O B R P Sim Não<br />

Material didático em braile ou ampliado - 2 - - - - 1 11<br />

Bengala - 2 - - - - - 12<br />

Reglete - 2 - - - - - 12<br />

Sorobã - 2 - - - - 1 11<br />

Punção - 2 - - - - - 12<br />

Máquinas Perkins - 2 - - - - - 12<br />

Computadores com sistema DOS-VOX - 2 - - - - - 12<br />

Lupas - 2 - - - - 1 11<br />

Telelupas - 2 - - - - - 12<br />

Pistas Táteis - 2 - - - - - 12<br />

Softwares adaptados - 2 - - - - 1 11<br />

Mobiliários anatômicos e adaptados<br />

- 2 - - - - 2 10<br />

Ambientes com acessibilidade - 2 - - - - 1 11<br />

O B R P<br />

- 1 - -<br />

- - - -<br />

- - - -<br />

- 1 - -<br />

- - - -<br />

- - - -<br />

- - - -<br />

- 1 - -<br />

- - - -<br />

- - - -<br />

- 1 - -<br />

1 - 1 -<br />

- 1 - -<br />

93


Computador com adaptações – máquina<br />

Braile<br />

Fonte: Secretaria das Escolas – 2007.<br />

- 2 - - - - 1 11<br />

Siglas: O – Ótimo; B – Bom; R – Regular; P – Precária.<br />

- 1 - -<br />

Tabela 10 – Recursos técnicos, tecnológicos, físicos e materiais específicos - Rede Privada.<br />

Itens<br />

Existência<br />

Sim Não O<br />

Avaliação<br />

B R P<br />

Material didático em braile ou ampliado - 9 - - - -<br />

Bengala - 9 - - - -<br />

Reglete - 9 - - - -<br />

Sorobã - 9 - - - -<br />

Punção 1 8 1 - - -<br />

Máquinas Perkins - 9 - - - -<br />

Computadores com sistema DOS-VOX - 9 - - - -<br />

Lupas 1 8 1 - - -<br />

Telelupas - 9 - - - -<br />

Pistas Táteis - 9 - - - -<br />

Softwares adaptados - 9 - - - -<br />

Mobiliários anatômicos e adaptados - 9 - - - -<br />

Ambientes com acessibilidade<br />

2 7 - 2 - -<br />

Outros (quais?)<br />

Fonte: Secretaria das Escolas – 2007.<br />

Siglas: O – Ótimo; B – Bom; R – Regular; P – Precário.<br />

- 9 - - - -<br />

1.2.4 Transporte<br />

O transporte escolar dos alunos da educação especial que freqüentam os serviços<br />

de apoio ou a rede regular de ensino é realizado através de transporte coletivo,<br />

municipal e particular.<br />

A empresa de transporte coletivo disponibiliza um ônibus adaptado para alunos<br />

com deficiência física.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A Educação Especial no Município de União da Vitória tem apresentado<br />

avanços significativos com a criação de serviços de apoio pedagógico especializados e<br />

com atuação conjunta da Escola de Educação Especial, Secretaria Municipal de<br />

Educação e Núcleo Regional de Educação.<br />

Em conseqüência destes avanços maior número de alunos vêm recebendo<br />

atendimento pedagógico adequado. Entretanto verifica-se uma lacuna na identificação,<br />

94


diagnóstico e atendimento de alunos com altas habilidades/superdotação e condutas<br />

típicas.<br />

Para os casos de alunos com deficiências inclusos na educação infantil e ensino<br />

fundamental da rede municipal de ensino, quando constatada a necessidade, a Secretaria<br />

Municipal de Educação disponibiliza professores auxiliares de turma (estagiários).<br />

Os professores que atuam na Educação Especial possuem a formação específica<br />

para desempenhar suas funções e participam de cursos de formação continuada na área<br />

da Educação Especial oferecidos pela Secretarias Estadual da Educação. Cursos na área<br />

também são oferecidos pela associação mantenedora da Escola de Educação Especial,<br />

abertos, inclusive a comunidade.<br />

Os Centros de Atendimento Especializados na área da deficiência visual e<br />

surdez oportunizam a formação de grupos de estudos sobre suas respectivas áreas (uso<br />

do sorobã, Braille, LIBRAS) para professores e comunidade em geral.<br />

É oportunizada pelo município a participação em grupos de estudo para<br />

professores da rede comum de ensino que tem alunos inclusos em suas turmas.<br />

Contudo, constata-se que a procura por cursos na área da Educação Especial por<br />

professores da rede de ensino comum que atuam em turmas com alunos inclusos é<br />

insuficiente, assim como a oferta.<br />

Percebe-se uma defasagem significativa em relação a acessibilidade, recursos<br />

técnicos, tecnológicos, físicos e materiais em uso nos estabelecimentos de ensino.<br />

Com o objetivo de consolidar a política de Educação Inclusiva no Município<br />

faz-se necessário o desenvolvimento de ações efetivas, tais como:<br />

Oferta de cursos de formação e capacitação na área da Educação Especial para<br />

professores, coordenadores e gestores que atuam na rede de apoio e na rede de<br />

ensino comum;<br />

Ampliação da equipe de profissionais especializados (psicólogos, fonoaudiólogos,<br />

pedagogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, musicoterapeutas,<br />

psicopedagogos, neuro-pediatras) para atuar em Educação Especial;<br />

Garantia de equipe técnico-pedagógica com especialização em Educação Especial para<br />

atuar na Educação Infantil e na Educação de Jovens e Adultos;<br />

Ampliação da parceria com o sistema de saúde do município garantindo o diagnóstico<br />

95


preciso e o atendimento de todos os alunos com necessidades especiais;<br />

Garantia de professor itinerante e classe hospitalar;<br />

Dinamização do atendimento oferecido pelas salas de apoio;<br />

Elaboração de ficha de avaliação para registro dos avanços obtidos pelos alunos em<br />

salas de apoio da rede municipal.<br />

Implantação do atendimento ao aluno com altas habilidades/superdotação e condutas<br />

típicas;<br />

Desenvolvimento de ações de apoio e informação à família da pessoa com necessidades<br />

especiais;<br />

Aquisição de recursos técnicos, tecnológicos, físicos e materiais adequados aos<br />

educandos com necessidades educacionais especiais;<br />

Eliminação de barreiras arquitetônicas nas escolas e nas imediações das mesmas;<br />

Garantia de transporte adequado para educandos com necessidades especiais.<br />

REFERÊNCIAS<br />

<strong>PARA</strong>NÁ. Secretaria do Estado da Educação. Departamento de Educação Especial. A<br />

Educação Especial no Paraná. Curitiba, 2005.<br />

______. Secretaria do Estado da Educação. Superintendência da Educação. Departamento<br />

de Educação Especial. O Currículo e a Educação Especial: flexibilização e Adaptações<br />

curriculares para atendimento às necessidades educacionais especiais. Curitiba:<br />

SEED/SUED, 2006.<br />

______. Secretaria do Estado da Educação. Superintendência da Educação. Instrução nº<br />

008/08 de 29 de julho de 2008. Estabelece normas para atuação do profissional tradutor e<br />

intérprete de Língua Brasileira de Sinais - Libras/Língua Portuguesa - TILS nos<br />

Estabelecimentos de Ensino da rede pública estadual. Curitiba: SEED/SUED, 2008.<br />

96


RESUMO<br />

PSICOMOTRICI<strong>DA</strong>DE<br />

Ângela Maria Sobota (FAFI)<br />

Orientadora: Profª. Ms Rosana Beatriz Ansai<br />

Muitas crianças têm ou já tiveram algum tipo de fracasso no tocante a seu desempenho<br />

escolar. As razões podem ser variadas, a maioria delas associada a sua esfera<br />

psicomotora. O objetivo deste artigo é fornecer um melhor conhecimento da<br />

psicomotricidade mostrando como esta está ligada à vida escolar da criança.<br />

Conhecendo as virtudes desta educação e reeducação os educadores poderão sanar, ou<br />

ao menos compreender grande parte das dificuldades na aprendizagem de seus alunos.<br />

Palavras-chave: Educação, Psicomotricidade, Afetividade.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Quando optei pela busca de me tornar uma educadora e iniciei minhas<br />

experiências em sala de aula, logo vivenciei que grande parte dos alunos, independente<br />

da série, possui algum tipo de dificuldade para aprender.<br />

Notei também um aluno que, quieto, não apresentava nenhuma reação diante da<br />

professora, dos colegas ou de si mesmo. Não conseguia ler, escrever, copiar ou fazer<br />

contas. Mal desenhava, pintava ou desenvolvia as demais atividades comuns de sua<br />

idade. Seus poucos movimentos e sua dificuldade de expressão me intrigavam. O que<br />

esta criança tem? Que medidas podem e devem ser tomadas?<br />

Muitas das dificuldades apresentadas pelos alunos podem ser sanadas pelo<br />

educador, que conscientemente despenda mais esforço e energia para ajudar a aumentar<br />

e melhorar o potencial motor, cognitivo e afetivo do aluno.<br />

Infelizmente frente às mínimas dificuldades o professor encaminha seu aluno a<br />

especialistas. Ao invés de honrarem seu papel no âmbito escolar, culpa o meio sócio-<br />

econômico-cultural da criança ou sua incapacidade de aprender, o que causa grande<br />

abalo e sentimento de inferioridade na mesma.<br />

97


Creio que, o que deve ser feito primordialmente é gerar um anseio constante no<br />

educador pela busca em encontrar a origem e os motivos das barreiras que ofuscam ou<br />

impedem sua classe de aprender fluentemente. É preciso incentivá-lo a conhecer melhor<br />

a psicomotricidade de cada aluno e impulsiona-lo a assumir sua responsabilidade de<br />

educá-los e reeducá-los.<br />

PSICOMOTRICI<strong>DA</strong>DE<br />

Em 1913, Dupré demonstra a importância da motricidade para a educação e a<br />

reeducação. Em 1920, o mesmo, apued BARRETO (1998) a define poeticamente<br />

dizendo que a Psicomotricidade “é a solidariedade original e profunda entre o<br />

pensamento e a ação, assim como o pensamento e a personalidade de todo o sujeito”.<br />

Dupré verificou que existia uma estreita relação entre as anomalias psicológicas<br />

e as anomalias motrizes, levando-o a formular o termo psicomotricidade.<br />

Aristóteles, afirmando que o homem é constituído de corpo e alma, e analisando<br />

a ginástica como uma aliada no melhor desenvolvimento do espírito já enunciava um<br />

primórdio de pensamento psicomotor.<br />

Muito se tem escrito sobre a psicomotricidade. Muitos autores embora com<br />

linhas de pensamento diferentes, buscam seu significado e importância.<br />

Harrow (1972) analisa o homem primitivo e suas atividades básicas ressaltando<br />

como o desafio de sua sobrevivência estava ligado ao desenvolvimento, coordenação,<br />

ritmo e criatividade para sobreviverem física, social e culturalmente.<br />

Harrow cita ainda os sete movimentos básicos inerentes ao homem correr, saltar,<br />

levantar peso, carregar (transportar), pendurar e arremessar. Como exemplo, podemos<br />

observar que as crianças, quando envolvidas em alguma atividade possuem movimentos<br />

naturais, não precisam aprender a executá-los.<br />

Piaget (1987) estudando as estruturas cognitivas descreve a importância do<br />

período sensório-motor e da motricidade, principalmente antes da aquisição da<br />

linguagem, no desenvolvimento da inteligência. Ele vê o desenvolvimento mental como<br />

uma equilibração progressiva e esse equilíbrio significa uma compensação, uma<br />

atividade, uma resposta do sujeito frente às perturbações exteriores ou inferiores.<br />

98


Quando acontece o máximo de equilíbrio, deve-se entender que acontece o máximo de<br />

atividades compensatórias.<br />

Quando uma criança “sente” os estímulos do meio, e quando age sobre o mundo<br />

e sobre os objetos que o compõe através do movimento de seu corpo, está<br />

“experimentando”, ampliando e desenvolvendo suas funções intelectivas. Por outro<br />

lado, para que a Psicomotricidade se desenvolva a criança necessita de inteligência<br />

suficiente para levá-la ao desejo de “experimentar”, comparar, classificar, distinguir os<br />

objetos.<br />

Wallon (1979), um dos pioneiros no estudo da psicomotricidade, salienta o<br />

aspecto afetivo com anterior a qualquer tipo de comportamento. Para ele o movimento<br />

tem grande significação. Pouco a pouco a criança usa os gestos para se expressar, estes<br />

ligados à esfera afetiva e que são, portanto, o escape das emoções vividas.<br />

Para Wallon (1979, p.17) “é sempre a ação motriz que regula o aparecimento e o<br />

desenvolvimento das formações mentais”. Portanto, a evolução da criança está<br />

relacionada à motricidade, a afetividade e a inteligência.<br />

autonomia.<br />

A criança exprime-se por gestos e por palavras, que a encaminham para sua<br />

Defontaine (1980, vol.1, p. 17-18) declara que entendemos a psicomotricidade<br />

somente através de uma triangulação corpo, espaço e tempo.<br />

C’est le corps dans l’espace et le temps se coordenant et se<br />

synchronisant vers… avec ses aspects anatomiques,<br />

neorophysiologiques, mecániques et locomoteurs, por<br />

émettre et recevoir, signifié et être signifiant.<br />

Difontaine define os dois componentes da palavra: psico significando os<br />

elementos do espírito sensitivo e motricidade traduzindo-se pelo movimento, pela<br />

mudança no espaço, no tempo e em relação a um sistema de referência.<br />

Já Fonseca (1988) afirma que não se podem enxergar dois componentes<br />

distintos: o psíquico e o motor, pois ambos são a mesma coisa, que visa fins educativos<br />

pelo emprego do movimento humano.<br />

99


EDUCAÇÃO PSICOMOTORA<br />

A psicomotricidade se propõe a dar liberdade de expressão ao homem. Na<br />

educação a criança recebe recursos que pretendem aumentar seu potencial motor. O<br />

movimento é um suporte que a ajudará a obter o conhecimento do mundo ao redor<br />

através de seu corpo, suas percepções e sensações.<br />

A educação psicomotora atua de maneira preventiva, evitando dificuldades bem<br />

comuns à alfabetização, tais como: a má concentração, confusão de letras e de sílabas,<br />

confusão de palavras na leitura ou escrita, letra ilegível, dificuldade de passagem do<br />

plano vertical para o horizontal, etc., dando condições à criança de se desenvolver<br />

melhor em seu ambiente.<br />

É também vista como reeducativa, quando trata de indivíduos que apresentam<br />

leves retardos motores ou dificuldades e atrasos mais sérios. É um meio de<br />

imprevisíveis recursos para combater a inadaptação escolar, tratando de diagnosticar as<br />

causas do problema, pesando as aquisições e carências, antes de fixar um programa de<br />

reeducação.<br />

O aspecto afetivo é de suma importância na aprendizagem da criança. Ele<br />

compreende a relação que ela tem com o adulto, com o ambiente físico e com as outras<br />

crianças. O educador deve penetrar em seu universo demonstrando muito carinho,<br />

compreensão e aceitação integral pelo aluno se deseja que este confie méis em si<br />

mesmo, conseguindo expandir-se e equilibrar-se.<br />

A criança expressa a boa evolução da afetividade através da postura das<br />

atividades e do comportamento de espontaneidade e tende a “fechar” também seu corpo,<br />

encolhendo-se, trabalhando com um tônus muito tenso, muito esticado.<br />

Quando um educador conhece o desenvolvimento do aluno, pode estimulá-lo de<br />

maneira que todas as áreas como: psicomotricidade, cognição, afetividade e linguagem<br />

estejam interligadas.<br />

Lê Boulch (1984, p.24) apresenta o objetivo da educação psicomotora:<br />

A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de<br />

base na escola primária. Ela condiciona todos os aprendizados préescolas,<br />

leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da<br />

lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar seu tempo, a adquirir<br />

100


habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A educação<br />

psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida<br />

com perseverança, permite prevenir inadaptações difíceis de corrigir<br />

quando já estruturadas.<br />

Muitos professores acreditam que a constante repetição de exercícios é essencial<br />

para que a criança se desenvolva. Estes tentam desenvolver sua motricidade mandando-<br />

os preencher folhas horizontais, bolinhas, ondas. Para ensinar conceitos dentro-fora, por<br />

exemplo, pedem a seus alunos para colarem papéis coloridos em determinado espaço.<br />

Com isto crêem que assimilaram os termos e estão preparadas para a escrita.<br />

Na realidade estão desenvolvendo gestos automáticos e técnicas, ignorando as<br />

percepções que farão desenvolver o conhecimento de seu corpo e do meio em que<br />

vivem. Os exercícios psicomotores, através de gestos, não devem ser associados com as<br />

estruturas cognitivas e afetivas.<br />

Muitas dificuldades surgem por falha no ensino escolar. Algumas habilidades<br />

motoras começam a serem desenvolvidas na família, porém alguns alunos já vão à<br />

escola com problemas motores que podem acarretar desadaptação escolar.<br />

Do ponto de vista psicomotor existem alguns pré-requisitos para que uma<br />

criança tenha uma aprendizagem significativa em sala de aula. Deve no mínimo possuir<br />

um bom domínio do gesto e do instrumento. Isto significa que deve usar as mãos para<br />

escrever e, portanto deverá ter uma boa coordenação final (habilidade e destreza<br />

manual), que facilitará a manipulação dos objetos de sala de aula. Deverá aprender a<br />

controlar seu tônus muscular de forma, a saber, dominar seus gestos.<br />

É importante também que ela tenha uma boa coordenação global (atividade dos<br />

grandes músculos), saindo-se bem ao se deslocar, transportar objetos e se movimentar<br />

em sala de aula e no recreio. Muitos dos jogos e brincadeiras são uma preparação para<br />

uma aprendizagem posterior.<br />

O desenho e o grafitismo desempenham uma preparação muito importante para a<br />

escrita e leitura. Auxiliam a desenvolver a forma correta de pegar o lápis, facilitando<br />

uma maior harmonia dos movimentos.<br />

101


Lateralidade<br />

A lateralidade é a propensão que o ser humano tem em utilizar mais um lado do<br />

corpo do que outro ao nível da força e da precisão. Há uma dominância de um dos<br />

lados.<br />

Está relacionada às noções direita, esquerda, frente, trás, encima, embaixo, etc.,<br />

em relação ao seu corpo ou a um objeto.<br />

É uma equipagem inata e, por outro lado, uma dominância espacial adquirida.<br />

Constitui um elemento importante da adaptação motora.<br />

O papel do educador não é impor a lateralização à criança, mas estimulá-la a<br />

adquirir uma boa organização de lateralidade e espaço.<br />

A criança começa a diferenciar direita e esquerda quando á capaz de perceber<br />

que os dois lados de seu corpo são os mesmos, porém, com o domínio de um deles.<br />

A criança que sofre perturbações de lateralidade não possui direção gráfica,<br />

forma suas letras ou seus números “em espelho”, têm dificuldades de discriminação<br />

visual e não sabe conceitualizar direita e esquerda.<br />

Podemos trabalhar a lateralidade da criança através de diversos exercícios e<br />

brincadeiras, por exemplo: mostrar a mão direita à esquerda; empurrar a bola com o pé<br />

direito, pegá-la com a mão esquerda e jogá-la com a direita; movimentar as pernas;<br />

dançar denominando os membros; pular amarelinha; etc.<br />

REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA NOS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM<br />

A psicomotricidade faz parte de toda a rotina da criança, visando o conhecimento<br />

e domínio de seu corpo.<br />

O lúdico é uma ferramenta muito eficaz na aprendizagem, pois a criança aprende<br />

brincando. Precisamos tomar essa verdade como base para trabalhar suas dificuldades.<br />

BARRETO (1998, p.52) propõe o trabalho em cima do concreto e, sempre que possível<br />

junto da natureza e da psicomotricidade global para a motricidade fina.<br />

Crianças com letra feia, excesso de agitação, dispersas, apáticas, desorganizadas<br />

ou que esbarram em tudo poderiam ser ajudadas se encaminhadas desde cedo a um<br />

trabalho de psicomotricidade.<br />

102


As experiências infantis até os três anos influenciam decisivamente no<br />

desenvolvimento das células cerebrais, na quantidade de conexões neoronais que<br />

existiram entre elas, sendo o movimento fator de saúde na visão de CORVO (1995).<br />

Nesta faze é preciso que a criança experimente sozinha, para que aprenda que é capaz e<br />

valorize, assim, o seu EU, tome consciência corporal e valorize sua imagem corporal.<br />

A não-obsevancia das leis do desenvolvimento pode levar (e geralmente leva) a<br />

criança a ler os seguintes distúrbios de aprendizagem: dislexia, disortografia, disgrafia,<br />

dislogia, dislalia, discalculia, entre outros.<br />

MARTINS (1979, p.15) comenta que:<br />

“... quando uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem estas<br />

dificuldades geralmente são notadas pela professora naquela fase em<br />

que a criança começa a executar tarefas que exigem habilidades de<br />

recepção auditiva, visual, e retenção ou ‘recordação’ imediata do<br />

estímulo ensinado”<br />

Para ele, quanto mais inferior o desempenho gráfico-motor, tanto mais cedo à<br />

criança será identificada e rotulada com “suspeita” de ter distúrbios de aprendizagem.<br />

Dislexia<br />

Chamamos de dislexia os distúrbios na leitura e escrita, incapacidade de aprender<br />

a ler e troca de fonemas. A criança disléxica tem dificuldades de compreender o que<br />

esta sendo escrito e de escrever o que esta pensando, consequentemente pode perturbar<br />

a mensagem que recebe ou que expressa.<br />

MORAIS (1992) ressalta que a dislexia foi, muitas vezes, erroneamente<br />

associada a certo grau de retardamento mental, sendo colocado a margem do convívio<br />

social o seu portador.<br />

Alguns erros mais comuns cometidos pela criança disléxica são: confusão com<br />

letras simétricas (q e p, n e u), confusão de letras auditivamente semelhantes (ex: ted,<br />

peb), omissão de letras (ex: giado para guiado), adição de letras e sílabas na palavra (ex:<br />

fiaque para fique) e inversão de ordem da (s) sílaba (s) na palavra (ex: Camem para<br />

Carmem). Estas classificadas como sendo primordialmente conseqüentes de falhas<br />

visais auditivas ou perceptivas, daí a importância de uma educação psicomotora de base,<br />

como prevenção.<br />

103


Quanto mais cedo a dificuldade for detectada poderá se evitar o desajustamento<br />

emocional e o gasto inútil de tempo e energia do aluno, professor e pais. Para isso<br />

precisa-se do auxílio de fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos ou<br />

psicomotricista, alem de orientar os pais e educadores a não ver a criança como “uma<br />

vitima perturbada”.<br />

Disortografia<br />

De acordo com AJURIAGUERRA (1998) a disortografia, em geral, resulta de<br />

uma dislexia, porém, pode existir também entre crianças que não apresentam distúrbios<br />

manifestos da leitura, a não ser uma dificuldade logo compensada. Normalmente a<br />

criança com disortografia erra ao passar da leitura pra escrita, esta perturbada quanto à<br />

utilização correta e ordenada das letras representativas dos fonemas. DIAS (1995,<br />

p.107) afirma que “escrever esta no âmbito da forma”. O que mais fundamenta o<br />

desenvolvimento dessa atividade é o movimento. Nisto se percebe toda a importância da<br />

psicomotricidade para prevenir e reabilitar disortografias.<br />

Os diversos tipos de falhas que podem ocorrer (confusão entre linhas, acréscimo<br />

de letras ou sílabas, fragmentações, e junções de palavras) ressaltam que as deficiências<br />

podem ser de ordem psicomotora, cognitiva ou acadêmica, podendo existir entre<br />

crianças de nível intelectual medíocre por ausência de automatização, mas também pode<br />

ocorrer em crianças normais.<br />

Disgrafia<br />

Ocorre normalmente quando não há equilibrarão do tônus (tensão ou<br />

relaxamento de um músculo ou de um grupo de músculos de uma determinada região)<br />

do braço ou punho, mas é comum também não haver a necessária dissociação do braço<br />

e dos dedos.<br />

DIAS (1995) comenta acerca o assunto que a criança com dificuldades na escrita<br />

comumente é carente de fantasia. A importância das histórias e os exercícios de imagens<br />

corporais não devem ser esquecidos, sendo uma técnica excelente no resgate do faz de<br />

conta.<br />

Às vezes, o disgráfico mistura as letras. Isso pode ocorrer em decorrência de:<br />

104


a) perturbação da escrita quanto ao traçado das letras;<br />

b) perturbação da escrita quanto à disposição dos conjuntos gráficos no espaço<br />

utilizado;<br />

c) segurar o lápis de maneira inadequada;<br />

d) ritmo de trabalho inadequado;<br />

e) traçados inadequados das letras;<br />

f) forma das letras;<br />

g) colocação das letras;<br />

h) colocação da escrita na folha<br />

i) deficiências de ordem psicomotora.<br />

Dislogias<br />

Esta é uma perturbação do pensamento. Geralmente há um desequilíbrio entre a<br />

palavra escrita e falada, não havendo lógica na segunda. Tem-se dificuldade ou<br />

impossibilidade de emitir palavras polissílabas, o que dificulta a comunicação.<br />

De acordo com BARRETO (1998, p.59), dançar e, em seguida, fazer colagem,<br />

dando ordem lógica através de uma historia contada ou escrita, é um excelente exercício<br />

para o dislógico.<br />

Dislalia<br />

São perturbações da articulação e impossibilidade de emitir uma frase,<br />

substituindo uma palavra por outra.<br />

Deve-se, em geral, à omissão, troca, inversão ou distorção dos fonemas.<br />

Geralmente há uma anomalia no aparelho fonador, lábios leporinos, discriminação<br />

auditiva ou fissuras palatinas, alem de poder haver um problema de fundo emocional.<br />

Exercícios orofaciais, tipo brinquedo cantado e trava-linguas, são excelentes para<br />

a criança dislalica. Um bom exercício é segurar um balão de aniversario cheio e toca-lo<br />

em partes do corpo da mesma, pronunciando os fonemas.<br />

Discalculia<br />

Quando a criança apresenta dificuldade com cálculos.<br />

105


Déficit na organização espacial, já que o calculo é feito de cima-baixo. Na adição<br />

com mais de um organismo, a direção persiste, mas o cálculo é feito no sentido direita-<br />

esquerda. Já na multiplicação, a adição é no sentido baixo para cima, da direita para a<br />

esquerda. E na divisão, o sentido se dá esquerda para direita.<br />

Os números são ligados à sons. O calculo é uma espécie de ginástica mental e<br />

requer atenção, concentração, relaxamento.<br />

Dificuldades de cálculos, muitas vezes esta relacionado ao emocional ou à<br />

estruturação espacial.<br />

REFERÊNCIAS<br />

AJURIAGUERRA, Jean de. Manual de Psiquiatria Infantil. Barcelona: Masson,<br />

1990;<br />

BARRETO, Sidirley de Jesus. Psicomotricidade: Educação e Reeducação.<br />

Blumenau: Odorizzi, 1998;<br />

______________ Psicomotricidade: Educação e Reeducação 2ª. ed. revista e<br />

ampliada. Blumenau: Odorizzi, 2000;<br />

CORVO, Roberto Hernandes. El movimento Infantil y la Salud. Necesedad<br />

Morfológica. Revista Education Física y Recreacion. Manizales, n.2, p. 33-41, 1992;<br />

DEFONTAINE, Joel. Manuel de Rééducation psychomotrice. Tomes 1-4. Paris:<br />

Maloine S/A, 1980;<br />

DIAS, Lucinda. Problemas de Aprendizagem: Procedimentos Pedagógicoterapêuticos<br />

nas Dificuldades de Encadernação. São Paulo: Antroposófica, 1995;<br />

FONSECA, Victor da. Psicomotricidade. 2ª. ed., São Paulo: Martins Fontes, 1988.<br />

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Developing Behavioral Objectives. New York: David McKay Company, 1972;<br />

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