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ambiente acadêmico, principalmente na internet. No seu texto,<br />
Kerman tece considerações sobre a crítica musical como um todo<br />
(O artigo foi primeiramente publicado <strong>em</strong> 1979 sob o título The State<br />
of Acad<strong>em</strong>ic Music Criticism) e conclui que a ativi<strong>da</strong>de de análise é,<br />
per se, uma ativi<strong>da</strong>de crítica. Segundo ele, o que aconteceu é que<br />
os músicos que li<strong>da</strong>m com análise não consideram essa ativi<strong>da</strong>de<br />
como crítica musical por duas razões. A primeira deve-se a uma<br />
espécie de preconceito nutrido contra a crítica jornalística, pois estas,<br />
na visão dos músicos, carec<strong>em</strong> de rigor e de profundi<strong>da</strong>de<br />
intelectual, consistindo somente de um apanhado de impressões<br />
subjetivas. Assim, ao permanecer<strong>em</strong> no plano do juízo de gosto,<br />
pouco acrescentam ao leitor. O segundo motivo é que os analistas<br />
delibera<strong>da</strong>mente evitaram a formulação de juízos de valor (quando<br />
<strong>da</strong> realização de análises) por buscar<strong>em</strong> uma atitude de isenção,<br />
nos moldes <strong>da</strong>s investigações científicas. Kerman aponta que as<br />
análises de músicas compostas, principalmente, a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><br />
de 50 apresentam-se como “proposições estritamente corrigíveis,<br />
equações mat<strong>em</strong>áticas, formulações <strong>da</strong> teoria dos conjuntos, etc.”<br />
(1980, p.312), indicando um esforço para alcançar um estatuto<br />
científico. Ex<strong>em</strong>plificando essa constatação, r<strong>em</strong>ete ao livro de Allen<br />
Forte The Compositional Matrix, no qual o autor dizia ter<br />
meticulosamente excluído os termos indicativos de quaisquer tipos<br />
de valoração, como bom, ruim, legal, etc. Apesar disto, Kerman<br />
mantém que a análise traz consigo algum tipo de apreciação e<br />
valoração estética.<br />
Contudo, não foi somente pela junção <strong>da</strong> crítica à análise que esse<br />
artigo recebeu contestações. Outrossim, pelo fato de ter adjetivado<br />
alguns métodos de análise como “positivistas” e “reducionistas”,<br />
Kerman provocou indignação nos schenkerianos de plantão, que<br />
por seu turno, viram-se no direito de rebater essa afronta,<br />
promovendo então a dita enxurra<strong>da</strong> de respostas contra Kerman.<br />
Entre as suas objeções, os discípulos de Schenker não queriam<br />
que o método analítico de seu mestre fosse tratado como “uma<br />
Revista Opus 12 - 2006<br />
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