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do Padre Martino [Martini], publica<strong>da</strong> no Musikalische Magazin<br />

[“Revista Musical”], <strong>em</strong> 1783, criticando os italianos pelo (mau) gosto<br />

<strong>da</strong> mo<strong>da</strong>, diz o seguinte:<br />

Os italianos têm orgulho desta obra, e têm tanto mais razão para isso,<br />

pois praticamente a ca<strong>da</strong> dia fica mais evidente que este talvez seja o<br />

único hom<strong>em</strong> <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a Itália cujo gosto musical ain<strong>da</strong> não foi<br />

contaminado pela nova música <strong>da</strong> mo<strong>da</strong>, e cujos julgamentos são tidos<br />

como seguros, corretos e confiáveis, como é de se esperar <strong>em</strong> um<br />

escritor <strong>da</strong> história de uma arte (CRAMER, 1783, p. 161). 2<br />

Johann Christoph Koch, no artigo Über den Modegeschmack in der<br />

Musik [“Sobre o Gosto <strong>da</strong> Mo<strong>da</strong> na Música”], publicado no Journal<br />

der Tonkunst [“Jornal <strong>da</strong> Música”], <strong>em</strong> 1795, também vincula o<br />

sucesso do gosto <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> à diminuição do número de “homens,<br />

que com seu gênio primoroso, tinham não só ver<strong>da</strong>deiro gosto,<br />

mas também, simultaneamente, instrução de espírito”. 3<br />

Nas críticas acima, assim como <strong>em</strong> outras que l<strong>em</strong>os a respeito de<br />

Haydn, o gosto <strong>da</strong> mo<strong>da</strong> opõe-se ao gosto <strong>da</strong>queles que a crítica<br />

qualifica como “homens inteligentes”, “ouvintes de sensibili<strong>da</strong>de<br />

esclareci<strong>da</strong>”, “conhecedores <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>deira música”, “amantes do<br />

gosto natural e razoável”, “que têm julgamentos seguros, corretos<br />

e confiáveis”, revelando-se, portanto, como o gosto próprio de<br />

homens rudes e ignorantes.<br />

Em seu artigo, Koch dá à mo<strong>da</strong> uma dimensão social, antes de<br />

aplicar o conceito à música. Ele a define como um processo cego<br />

de imitação, s<strong>em</strong> o uso do juízo, próprio de homens rudes<br />

procurando simular distinção. A mo<strong>da</strong> implica uma mu<strong>da</strong>nça<br />

constante, pois este tipo de equiparação é inaceitável para homens<br />

distintos, e a mu<strong>da</strong>nça consiste <strong>em</strong> uma maneira de tentar evitá-la.<br />

Houve, desde s<strong>em</strong>pre, pessoas que gostariam de ser distintas, s<strong>em</strong><br />

possuir, no entanto, méritos para tal. Elas talvez imaginass<strong>em</strong> lograr<br />

seus objetivos mais seguramente imitando pessoas ilustres e<br />

especialmente ricas, para, com isto, <strong>da</strong>r a impressão de que elas foss<strong>em</strong><br />

Revista Opus 12 - 2006<br />

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