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claramente, numa voz masculina e <strong>em</strong> francês, a frase “a<br />

comunicação como um ato de resistência.” Trópico <strong>da</strong>s Repetições<br />

se afasta desse caminho e aponta para o “pensamento contido nos<br />

sons”, de acordo com o compositor. Atualmente, buscando um ideal<br />

de música que se fun<strong>da</strong>menta sobre a sonori<strong>da</strong>de pura, sonori<strong>da</strong>de<br />

esta cuja concepção e escuta reflita uma imprevisibili<strong>da</strong>de, Silvio<br />

Ferraz afirma que: “O diferencial não está na matéria, n<strong>em</strong> na forma,<br />

está sim <strong>em</strong> uma ação, uma ação que é um fator livre, um fator<br />

incontrolado, um fator imprevisível, virtual. Pensar assim é o oposto<br />

de pensar no ciclo de tabus <strong>da</strong> arte do século XX, <strong>em</strong> que ca<strong>da</strong><br />

nova música foi, e ain<strong>da</strong> o é para alguns compositores, um tabu a<br />

ser evitado.” (Ferraz, 2005: 69) A questão que se apresenta aqui é<br />

se a música absoluta ou a sonori<strong>da</strong>de pura, desde que composta<br />

por um brasileiro, pode ser considera<strong>da</strong> pelos parâmetros <strong>da</strong><br />

identi<strong>da</strong>de ou alteri<strong>da</strong>de nacionais.<br />

Em princípio, o projeto estético de uma música absoluta propõe<br />

significados musicais cujos objetos não pod<strong>em</strong> ser analisados <strong>em</strong><br />

termos de nacionali<strong>da</strong>de, pois são objetos puramente acústicos.<br />

As representações desse tipo de música são, portanto, defini<strong>da</strong>s<br />

<strong>em</strong> termos de ícones puros ou de diagramas de idéias musicais. Já<br />

a proposta de uma música que estabelece identi<strong>da</strong>des com a cultura<br />

brasileira, toma como objetos de representação el<strong>em</strong>entos dessa<br />

cultura. Trata-se de outro tipo de projeto estético, tão válido como o<br />

primeiro e possível de ser realizado por diferentes procedimentos<br />

de representação musical. Tanto num como noutro caso, as<br />

representações musicais estabelec<strong>em</strong> redes de significados, teias<br />

s<strong>em</strong>ióticas produzi<strong>da</strong>s pela miríade de interpretantes possíveis<br />

(imediatos) e realizados (dinâmicos), <strong>em</strong> referência aos objetos<br />

estabelecidos pelos signos <strong>da</strong> composição (vide Martinez, 2004).<br />

Mas aqui, cabe considerar um aspecto <strong>da</strong> cognição musical que diz<br />

respeito justamente ao entendimento <strong>da</strong> música e como ela é<br />

habitualmente escuta<strong>da</strong>. Não seria a escuta <strong>da</strong> música absoluta,<br />

Revista Opus 12 - 2006<br />

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