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uso do campo <strong>da</strong>s alturas de modo a favorecer o aparecimento de<br />
centros, nódulos harmônicos. Ca<strong>da</strong> um chega por um caminho<br />
diversos: a figuração radial que está fun<strong>da</strong><strong>da</strong> na idéia de uma nota<br />
central, ponto de parti<strong>da</strong> ou centro deste movimento concentrico<br />
<strong>em</strong> Ressonâncias e a dinâmica <strong>da</strong>s polarizações, que não é menos<br />
radial, de Instante 2. Se na primeira peça esta forma fica clara logo<br />
à primeira frase, o eixo é apresentado na primeira nota toca<strong>da</strong>, <strong>em</strong><br />
Instante 2 esta idéia vai se tornando clara e brota com to<strong>da</strong> sua<br />
força nas seqüências 9 e 13.<br />
Na música do século XX este procedimento de construção radial<br />
de seqüências de alturas aponta uma importante ruptura com os<br />
mecanismos <strong>da</strong> música tonal e mo<strong>da</strong>l. As escalas não obedec<strong>em</strong><br />
simetrias radiais. Na música tonal tal simetria aparece apenas no<br />
séc. XVIII aludi<strong>da</strong> na cadência napolitana, <strong>em</strong> que circun<strong>da</strong>-se uma<br />
nota tônica pelas suas sensíveis conti<strong>da</strong>s na sexta napolitana (meio<br />
tom acima <strong>da</strong> nota <strong>da</strong> tônica) e pela terça <strong>da</strong> dominante (meio tom<br />
abaixo <strong>da</strong> tônica), recurso que traz uma instabili<strong>da</strong>de escalar pois a<br />
sexta b<strong>em</strong>oliza<strong>da</strong> <strong>da</strong> subdominante não pertence às notas <strong>da</strong> escala<br />
ordinária n<strong>em</strong> no modo menor n<strong>em</strong> no maior. Ex<strong>em</strong>plos marcantes<br />
do uso <strong>da</strong> simetria radial aparec<strong>em</strong> <strong>em</strong> compositores como Edgard<br />
Varèse, <strong>em</strong> suas obras Hyperprism, como fio condutor <strong>da</strong> própria<br />
estruturação desta peça: de fato Hyperprism conta uma pequena<br />
história de simetria radial, saindo de uma nota central, um dó<br />
sustenido que o compositor associava ao apito de barcos<br />
rebocadores, a peça lentamente amplia seu espaço harmônico até<br />
que to<strong>da</strong>s as notas <strong>da</strong> escala cromática estejam envolvi<strong>da</strong>s. 13 No<br />
domínio <strong>da</strong> música dodecafônica a série radial de doze notas contém<br />
to<strong>da</strong>s as notas e todos os intervalos concomitant<strong>em</strong>ente. Na quinta<br />
peça <strong>da</strong>s Seis bagatelas para quarteto de cor<strong>da</strong>s, op. 9 de Anton<br />
Webern, tal qual observa Gÿorgy Ligeti <strong>em</strong> seu artigo sobre o<br />
compositor, se vale deste princípio de simetria radial circun<strong>da</strong>ndo a<br />
nota ré. O mesmo procedimento é usado, talvez de modo mais<br />
explícito, por Béla Bartok no final do primeiro movimento de sua<br />
Música para Cor<strong>da</strong>s Percussão e Celesta.<br />
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Revista Opus 12 - 2006