Aline Moraes Oliveira

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o acréscimo de desinências ao final das palavras. Acrescentamos ainda que havia o caso acusativo, para expressar o que hoje chamamos de objeto direto, que era afetado pelo verbo e, que, o caso dativo era um objeto indireto que se referia a pessoas. Com a diminuição da freqüência de uso da língua latina 3 , a língua portuguesa passou a expressar o objeto indireto por meio da preposição “a”, causando um problema de classificação dos complementos verbais, pois todas as expressões preposicionadas que complementam o sentido dos verbos foram classificadas como objeto indireto, perdendo a idéia original do caso dativo. Conforme palavras de Said Ali (1964: 95), “o nome de objeto indireto aplica-se, por extensão, também às expressões preposicionadas que complementam o sentido de verbos intransitivos”. Fato é que os estudos alexandrinos e latinos sobre a transitividade verbal nos influenciam até hoje. É exatamente isso que veremos adiante. 2.1 Verbo: definições No início deste capítulo apresentamos um breve panorama histórico dos estudos sobre a transitividade verbal com o objetivo de retratar as diferentes abordagens que o tema vem recebendo, conforme já dito. Neste tópico, apresentaremos algumas definições de verbo, dentro da tradição gramatical, para melhor fundamentar a nossa pesquisa. Compreender as definições elucidadas - pelas diversos autores aqui elencados - para verbos é parte do processo de compreensão da divergência de tratamento que a transitividade recebe. Para iniciar o nosso estudo de definições de verbos, faz-se necessário compreender o termo gramática tradicional. 3 O Latim, por exemplo, embora seja a língua oficial do Vaticano, não pode ser considerado “vivo”, mas por estar disseminado nas línguas neolatinas e, portanto, ter deixado vestígios na morfologia e na prosódia, não pode ser classificado como língua morta. (...) o mais adequado seria classificar a Língua Latina como uma “língua clássica”, por ter servido de esteio para as línguas neolatinas. Infelizmente, o analfabetismo científico de alguns “pseudo-lingüístas”, faz com que seja cômodo utilizar o rótulo língua morta, o que é problemático e contribui cada vez mais para o empobrecimento do saber global em Língua Portuguesa. Disponível em http://www.paratexto.com.br/document.php?id=2658. Acesso em: 09 de março de 2008. 40

Gramática tradicional é assim caracterizada por Houaiss (2001) modelo de descrição gramatical que tem origem nos estudos do grego e do latim feitos pelos antigos gramáticos gregos e latinos, prolongando-se pela Idade Média e Moderna até nossos dias [Foi a base do ensino escolar do grego e do latim e, com o surgimento das línguas vernáculas no final da Idade Média, foi adaptada a estas para fins pedagógicos, daí imputar-se-lhe o defeito de querer moldar todas as línguas pela estrutura do latim.] Diante disso, podemos dizer que a noção de gramática tradicional é estruturada segundo o modelo deixado pelos gregos, em especial aquele organizado por Aristóteles. Dessa forma, pode-se dizer que a filosofia grega não só estabeleceu as bases do raciocínio moderno, como também os princípios fundamentais da linguagem até os dias atuais, ou seja, as definições atrelam-se à lógica formal aristotélica que subsiste no vocabulário lingüístico descritivo de nossos dias, desde o final do século XIX até agora. O maior número possível de gramáticas que pudessem ser analisadas sob a perspectiva das definições foi reunido. Recorremos às gramáticas de João de Barros (1957), de Jeronymo Soares Barbosa (1861), de Napoleão Mendes de Almeida (1952), de Celso Cunha (1972), de Evanildo Bechara (2004), de Rocha Lima (2004), dentre outras. Acrescentamos que a Nomenclatura Gramatical Brasileira (1958) foi consultada, mas que, como já é sabido, ela não aponta definições e sim, classificações (sem se ater a explicações). Iniciemos o nosso passeio pelas gramáticas. Registramos que não tivemos a oportunidade de pesquisar as primeiras edições de algumas gramáticas e que, em alguns casos, por questão de atualização de dados contidos nas obras, optamos por trabalhar com edições outras, assim como com duas edições da mesma obra. Por exemplo, utilizamos a gramática João de Barros que foi publicada em 1957, apesar de a primeira edição ser de 1950. Da mesma maneira acontece com a de Jeronymo Soares Barbosa, que tem sua primeira edição em 1822, embora tenhamos utilizado para consulta a quinta edição, publicada em 1861. De Napoleão Mendes de Almeida esteve em nossas mãos a sexta edição, publicada em 1952, de Celso Cunha a edição de 1972, de Evanildo Bechara trabalhamos com duas edições, a saber: a de 1975 e uma mais recente que é de 2004. Para finalizar os gramáticos listados no parágrafo anterior, acrescentamos que 41

o acréscimo de desinências ao final das palavras. Acrescentamos ainda que havia o<br />

caso acusativo, para expressar o que hoje chamamos de objeto direto, que era<br />

afetado pelo verbo e, que, o caso dativo era um objeto indireto que se referia a<br />

pessoas.<br />

Com a diminuição da freqüência de uso da língua latina 3 , a língua portuguesa<br />

passou a expressar o objeto indireto por meio da preposição “a”, causando um<br />

problema de classificação dos complementos verbais, pois todas as expressões<br />

preposicionadas que complementam o sentido dos verbos foram classificadas como<br />

objeto indireto, perdendo a idéia original do caso dativo. Conforme palavras de Said<br />

Ali (1964: 95), “o nome de objeto indireto aplica-se, por extensão, também às<br />

expressões preposicionadas que complementam o sentido de verbos intransitivos”.<br />

Fato é que os estudos alexandrinos e latinos sobre a transitividade verbal nos<br />

influenciam até hoje. É exatamente isso que veremos adiante.<br />

2.1 Verbo: definições<br />

No início deste capítulo apresentamos um breve panorama histórico dos estudos<br />

sobre a transitividade verbal com o objetivo de retratar as diferentes abordagens que<br />

o tema vem recebendo, conforme já dito. Neste tópico, apresentaremos algumas<br />

definições de verbo, dentro da tradição gramatical, para melhor fundamentar a nossa<br />

pesquisa. Compreender as definições elucidadas - pelas diversos autores aqui<br />

elencados - para verbos é parte do processo de compreensão da divergência de<br />

tratamento que a transitividade recebe. Para iniciar o nosso estudo de definições de<br />

verbos, faz-se necessário compreender o termo gramática tradicional.<br />

3 O Latim, por exemplo, embora seja a língua oficial do Vaticano, não pode ser considerado “vivo”,<br />

mas por estar disseminado nas línguas neolatinas e, portanto, ter deixado vestígios na morfologia e<br />

na prosódia, não pode ser classificado como língua morta. (...) o mais adequado seria classificar a<br />

Língua Latina como uma “língua clássica”, por ter servido de esteio para as línguas neolatinas.<br />

Infelizmente, o analfabetismo científico de alguns “pseudo-lingüístas”, faz com que seja cômodo<br />

utilizar o rótulo língua morta, o que é problemático e contribui cada vez mais para o empobrecimento<br />

do saber global em Língua Portuguesa.<br />

Disponível em http://www.paratexto.com.br/document.php?id=2658. Acesso em: 09 de março de<br />

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