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realismo mágico e ficção cyberpunk no romance de ... - RedALyC

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Para Gabilondo, “the utopian appropriation of cyberspace as the final<br />

frontier for hacking, terrorism against the system, etc. is <strong>no</strong>thing but wishful<br />

libertarian thinking” (Gabilondo apud Brown, 2006, p. 128). Entretanto, para<br />

além do pensamento libertário, o ciberhacktivismo <strong>de</strong> Kandinsky adota uma<br />

postura autenticamente marxista, principalmente ao criticar o discurso<br />

anarquista contemporâneo que “[...] would seem to valorize a life in the<br />

present and in the everday, a conception of temporality rather different from<br />

the strategies of large-scale anti-capitalist struggle as the perspective of<br />

Capital would seem to impose them” (Jameson, 2007, p. 213). Ou seja, ao<br />

invés <strong>de</strong> um ataque organizado ao sistema capitalista, o anarquismo<br />

contemporâneo, por <strong>de</strong>sacreditar em manifestações como tal, propõe enclaves<br />

utópicos <strong>no</strong> interior <strong>de</strong>sse sistema, convivendo em simbiose. I<strong>de</strong>ntificamos<br />

esse tipo <strong>de</strong> anarquismo <strong>no</strong> conceito <strong>de</strong> Zona Autô<strong>no</strong>ma Temporária (ou Taz,<br />

sigla em inglês <strong>de</strong> Temporary Auto<strong>no</strong>mous Zone), proposto por Hakim Bey:<br />

para ele, “a Taz é uma espécie <strong>de</strong> rebelião que não confronta o Estado<br />

diretamente, uma operação <strong>de</strong> guerrilha que libera uma área (<strong>de</strong> terra, <strong>de</strong><br />

tempo, <strong>de</strong> imaginação) e se dissolve para se re-fazer em outro lugar e outro<br />

momento, antes que o Estado possa esmagá-la” (Bey, 2006, p. 14; grifo do<br />

autor). No entanto, o que <strong>no</strong>s chama a atenção é uma das possíveis origens<br />

<strong>de</strong>sse conceito:<br />

Recentemente, Bruce Sterling, um dos principais expoentes<br />

da <strong>ficção</strong> científica <strong>cyberpunk</strong>, publicou um <strong>romance</strong><br />

ambientado num futuro próximo e tendo como base o<br />

pressuposto <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>cadência dos sistemas políticos vai<br />

gerar uma proliferação <strong>de</strong> experiências comunitárias<br />

<strong>de</strong>scentralizadas: corporações gigantescas mantidas por seus<br />

funcionários, enclaves in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>dicados à “pirataria<br />

<strong>de</strong> dados”, enclaves ver<strong>de</strong>s e social-<strong>de</strong>mocratas, enclaves <strong>de</strong><br />

Trabalho-Zero, zonas anarquistas liberadas etc. A eco<strong>no</strong>mia<br />

<strong>de</strong> informação que sustenta esta diversida<strong>de</strong> é chamada <strong>de</strong><br />

Re<strong>de</strong>. Os enclaves (e o título do livro) são Ilhas na Re<strong>de</strong><br />

[Islands in the Net , <strong>no</strong> original] (Bey, 2006, p. 8).<br />

Islands in the Net (1988) é um <strong>romance</strong> <strong>de</strong> Bruce Sterling, escritor<br />

apontado como i<strong>de</strong>ólogo do movimento <strong>cyberpunk</strong>. Frisamos isso para<br />

<strong>de</strong>stacar o mútuo interesse entre o gênero e a política <strong>de</strong> esquerda: na verda<strong>de</strong>,<br />

encontramos uma referência dúbia ao marxismo nas páginas do peque<strong>no</strong><br />

jornal <strong>de</strong> divulgação do movimento (Cheap Truth #4), mais precisamente<br />

numa resenha <strong>de</strong> A terceira onda (1980), a “bíblia do <strong>cyberpunk</strong>”, redigida<br />

por Alvin Toffler: “Former Marxist Toffler had his paradigms set early; he<br />

aims to be the Marx of the twenty-first century, only this time it'll be done<br />

right”. Observamos na citação tanto uma admiração quanto uma <strong>de</strong>scrença<br />

pelo marxismo, posições que também i<strong>de</strong>ntificamos em El <strong>de</strong>lirio – apesar <strong>de</strong>

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