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realismo mágico e ficção cyberpunk no romance de ... - RedALyC

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gêneros) e pós-comunismo (a queda do Muro <strong>de</strong> Berlim) 2 . Mas mesmo diante<br />

<strong>de</strong>ssas referências, um escritor como Paz Soldán não <strong>de</strong>scarta totalmente seus<br />

antecessores do <strong>realismo</strong> <strong>mágico</strong>, como percebemos nesta reflexão da<br />

personagem Ramírez-Graham, entre Cem a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> solidão (1967) e os<br />

mistérios em tor<strong>no</strong> da personagem Albert:<br />

La había leído y disfrutado, y también se había reído mucho al ver<br />

que sus compañeros la tomaban como una versión <strong>de</strong> la<br />

extravagante y exótica vida en América Latina. Yes, they do<br />

things differently down there, les <strong>de</strong>cía, but it isn’t exotic. Por lo<br />

me<strong>no</strong>s <strong>no</strong> era así Cochabamba en sus vacaciones. Había fiestas y<br />

drogas y televisión y mucha cerveza, como en sus años en<br />

Chicago. Ningún abuelo amarrado a un árbol, ninguna bella<br />

adolescente ascendiendo a los cielos. Y ahora que vivía aquí, fuck,<br />

su imaginación lo traicionaba: acaso García Márquez tenía algo <strong>de</strong><br />

razón (Paz Soldán, 2005, p. 172).<br />

Numa socieda<strong>de</strong> governada por transações virtuais operadas a partir <strong>de</strong><br />

códigos “in<strong>de</strong>cifráveis”, pois pertencem ao mundo das máquinas, dos<br />

computadores, um criptoanalista como Albert adquire po<strong>de</strong>res sobrenaturais,<br />

como os bruxos <strong>de</strong> O rei<strong>no</strong> <strong>de</strong>ste mundo (1949), obra inaugural do <strong>realismo</strong><br />

<strong>mágico</strong>: “That is, the hacker becomes a kind of wizard or guru who has access<br />

to k<strong>no</strong>wledge that mere mortals are unable to attain” (Brown, 2006, p. 116).<br />

Também observamos essa relação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a obra que lança os fundamentos da<br />

<strong>ficção</strong> <strong>cyberpunk</strong>: o título Neu<strong>romance</strong>r (1984), do primeiro <strong>romance</strong> <strong>de</strong><br />

William Gibson, “[...] é um trocadilho entre neuro e mântico, criando <strong>mágico</strong>s<br />

cibernéticos, unindo a força racional da neurociência com as potências<br />

<strong>de</strong>sconhecidas da magia” (Lemos, 2002, p. 205). Mas a relação torna-se mais<br />

próxima, pelo me<strong>no</strong>s do <strong>realismo</strong> <strong>mágico</strong> (mas sem que existam referências<br />

intertextuais <strong>de</strong>claradas), <strong>no</strong> segundo <strong>romance</strong> <strong>de</strong> Gibson: em Count Zero<br />

(1986), entida<strong>de</strong>s do vodu haitia<strong>no</strong> são acessadas através do ciberespaço.<br />

Diante <strong>de</strong>sse quadro, não <strong>no</strong>s surpreen<strong>de</strong>mos com alguns escritores chile<strong>no</strong>s<br />

que <strong>de</strong>finem suas obras como “Magic Realism 2.0”, ou seja, um upgra<strong>de</strong> do<br />

<strong>realismo</strong> <strong>mágico</strong> baseado em gêneros consi<strong>de</strong>rados não-convencionais pela<br />

literatura lati<strong>no</strong>-americana, como a <strong>ficção</strong> científica e a fantasia (Muñoz<br />

Zapata, 2007, p. 10). Tudo isso indica que, mesmo diante da revolução<br />

informática, “García Márquez teria algo <strong>de</strong> razão”.<br />

2 As questões ecológicas (“pós-camada <strong>de</strong> ozônio”) são preocupações tardias dos escritores <strong>cyberpunk</strong>s,<br />

principalmente <strong>de</strong> Bruce Sterling, em Tempo fechado (1994). Entretanto, o universo pós-apocalíptico <strong>de</strong>scrito<br />

em várias obras do gênero revela, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os a<strong>no</strong>s 1980, preocupações semelhantes.

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