13.04.2013 Views

realismo mágico e ficção cyberpunk no romance de ... - RedALyC

realismo mágico e ficção cyberpunk no romance de ... - RedALyC

realismo mágico e ficção cyberpunk no romance de ... - RedALyC

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Logo, “em outras palavras, o cérebro huma<strong>no</strong> é também programado,<br />

pela genética, pela educação e pela experiência” (Apter, 1973, p. 77). Este é o<br />

<strong>de</strong>lírio <strong>de</strong> Turing: um mundo on<strong>de</strong> tudo é programação, on<strong>de</strong> tudo é<br />

informação. Porém, um mundo imaginado assim não é exclusivo do<br />

paradigma cibernético, como <strong>de</strong>monstra Pfohl, numa analogia reveladora:<br />

Em outras palavras, a cibernética substitui um mo<strong>de</strong>lo simplista <strong>de</strong><br />

comando em uma só via por uma visão do processo <strong>de</strong> mandar e<br />

receber mensagens como algo mediado pela influência da própria<br />

prática comunicativa: essa seria uma influência das letras, dos<br />

ícones e das imagens em movimento. Não fique surpreso se aqui<br />

você achar semelhanças entre a cibernética, com o seu imaginário<br />

<strong>de</strong> comunicadores <strong>de</strong>scentrados, amarrados a um fluxo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

feedback escriturais, textuais e providos <strong>de</strong> textura, e a imagem da<br />

vida social oferecida por certas versões da teoria pósestruturalista.<br />

A cibernética e o pensamento pós-estruturalista<br />

emergiram em tempos e espaços historicamente relacionados (da<br />

meta<strong>de</strong> para o final do século XX). Os dois estão<br />

genealogicamente relacionados, tanto <strong>no</strong> campo material quanto<br />

<strong>no</strong> imaginário. Quando estudados criticamente, cada um também<br />

sugere (potencialmente) imagens nas quais se reflete e se repete<br />

uma sensibilida<strong>de</strong> ao po<strong>de</strong>r (Pfohl, 2001, p. 108-109).<br />

De fato, existem várias similarida<strong>de</strong>s entre a cibernética e o pensamento<br />

pós-estruturalista. Se para a cibernética tudo é informação, para o pósestruturalismo<br />

tudo é texto: An<strong>de</strong>rson, por exemplo, explica como o<br />

pensamento estruturalista surge da exorbitação do conceito <strong>de</strong> linguagem<br />

proposto por Saussure, culminado na sentença pós-estruturalista <strong>de</strong>rridiana<br />

“não há nada fora do texto”, “nada antes do texto, nenhum pretexto que não<br />

seja texto” (Derrida apud An<strong>de</strong>rson, 1984, p. 48). Po<strong>de</strong>mos imaginar o<br />

Metaverso <strong>de</strong> Stephenson, que também encontramos em El <strong>de</strong>lirio, como uma<br />

versão ficcional <strong>de</strong>sta sentença: “O Metaverso é uma estrutura ficcional feita<br />

<strong>de</strong> código. E o código é simplesmente uma forma <strong>de</strong> fala – a forma que<br />

computadores compreen<strong>de</strong>m” (Stephenson, 2008, p. 198). Porém, sua<br />

representação máxima ainda são aquelas cenas <strong>de</strong> lugares e pessoas<br />

“codificados” (Fig. 1) que assistimos na série cinematográfica Matrix (1999 e<br />

2003), não por acaso consi<strong>de</strong>rada “o auge do <strong>cyberpunk</strong> cinematográfico”<br />

(More<strong>no</strong>, 2003, p. 118):

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!