Entre uma carta e outra.pmd - Teia Notícias
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de remédios, tratamento fisioterápico e uso de <strong>uma</strong> bota ortopédica. Não<br />
queria nem mais saber de televisão. “Se ao menos eu tivesse <strong>uma</strong> televisão<br />
a cabo para ver alguns jogos do campeonato italiano ou espanhol”, lamenta<br />
ela que também é viciada em futebol. Torcedora do Coritiba por influência<br />
do namorado, vai em todos os jogos e diz gritar mais que Jefferson, mas<br />
quem encontra ela toda vestida de verde e branco no estádio não imagina<br />
que na infância, por causa dos pais era santista, quando veio para Curitiba<br />
descobriu que as irmãs eram todas torcedoras do Paraná Clube e até hoje<br />
fazem cara feia pela mudança de time. Dete tem <strong>uma</strong> explicação na ponta<br />
da língua para isso: “Eu falei para as minhas irmãs que a culpa era delas,<br />
nunca me levaram à Vila Capanema, já o Jefferson na primeira semana<br />
de namoro me levou para o Couto Pereira”.<br />
Passados os quatro meses de descanso forçado, Dete finalmente voltou<br />
a seu trabalho. Estava recuperada daquela lesão, que até hoje ela considera<br />
por um motivo ridículo, mas havia muitos outros problemas físicos<br />
incomodando. Bernadete conta então seu pior pesadelo: as dores na<br />
coluna. Durante os cinco primeiros anos de serviço ela afirma que não<br />
dava atenção para sua saúde. Como era afobada, sempre tentava fazer de<br />
tudo para conseguir terminar de entregar as correspondências antes do<br />
prazo estipulado. Para que seu objetivo fosse alcançado com sucesso ela<br />
começou a trabalhar também durante o horário de almoço. Com o tempo,<br />
as dores começaram a surgir e ela percebeu então que aquela <strong>uma</strong> hora e<br />
quinze minutos disponibilizadas para o almoço e um descanso eram<br />
essenciais para a saúde. “Só depois da primeira dor mais aguda nas costas<br />
que eu coloquei a mão na consciência e vi que o descanso era necessário.<br />
Acho que percebi tarde demais, mas desde então comecei a me alongar<br />
de maneira mais correta e séria”, conta apontando para o local exato da<br />
dor.<br />
O agravamento dos problemas de coluna de Bernadete foi ficando cada<br />
vez mais evidente e as consultas no médico estavam mais frequentes.<br />
Para Dete, um dos motivos da constante piora de seu quadro é o fato de<br />
que o teto máximo de 8 kg de correspondências na bolsa para mulheres<br />
sempre foi ultrapassado. Outro fator contribuinte é o crescimento<br />
demográfico e imobiliário da Capital. “Na região onde trabalho, mais<br />
precisamente na parte periférica de Curitiba, está ocorrendo um aumento<br />
muito grande e rápido de residências. Imagine <strong>uma</strong> <strong>carta</strong> nova entregue<br />
por dia, no fim do ano o peso de correspondências aumentou muito e o<br />
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