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Entre uma carta e outra.pmd - Teia Notícias

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Gosto mesmo é de ser carteira e de andar pelas ruas.<br />

Assim como a maioria dos carteiros e com nenhum privilégio nisso,<br />

Dete já foi mordida por cachorros, mas sem nenhum ferimento grave.<br />

Ela conta que a mordida em si não é o pior, e sim o ataque. “Você leva um<br />

susto na hora, não sabe o que fazer, eu me sinto tão pequena, sem reação.<br />

A gente chora, chora e não quer saber de mais nada”, conta um pouco<br />

alterada lembrando que no último ataque sofrido ela ficou sem defesa e<br />

entrou em estado de choque. Igualmente a Oswaldo, Jefferson e aos outros<br />

carteiros entrevistados, ela também tem um cachorro de estimação, <strong>uma</strong><br />

cadela pit bull que nunca mordeu ninguém. “O muro de casa é alto”, justifica<br />

Dete. Também não sente raiva dos animais, mas nervosa e explosiva que<br />

é, odeia seus donos. Ela então descreve <strong>uma</strong> cena cotidiana que a deixa<br />

com mais raiva.<br />

- Sempre tem <strong>uma</strong> residência com o portão aberto e invariavelmente<br />

nesse momento o cão de guarda está solto e começa a latir. Dirijo-me até<br />

a caixa de correio com receio de ser atacada. Quando o dono da casa<br />

aparece geralmente diz algo como “calma, ele não é violento, ele não<br />

morde”. Não morde ele, que é seu dono. É só ele virar de costas que o<br />

bicho volta a te ameaçar.<br />

Bernadete conta que, na época em que trabalhava em Araucária e agora<br />

que anda pela periferia de Curitiba, o número de cachorros soltos é muito<br />

grande e que perdeu as contas de quantas vezes teve que bater no animal<br />

com pedaços de pau e pedras para se proteger. Lembra dando risada de<br />

um dia em que o cachorro pulou o muro de <strong>uma</strong> casa e foi para cima dela.<br />

A dona começou a gritar, mas o cão não obedeceu. O instinto de<br />

sobrevivência falou mais alto e ela pegou a<br />

bolsa com as correspondências e começou<br />

a se defender e agredir o cachorro, que diante<br />

do seu insucesso voltou para a sua casinha.<br />

Quando chegou ao seu CDD e com a história<br />

na ponta da língua para contar aos seus<br />

colegas, ela é solicitada a comparecer a sala<br />

“Preciso repousar por causa da saúde, mas<br />

amo o que faço” / “Fiquei quatro meses parada<br />

e já não sabia mais o que fazer”.<br />

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