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Entre uma carta e outra.pmd - Teia Notícias

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numerosas subidas e descidas do bairro, que, segundo Souza, fazem com que o<br />

peso da bolsa triplique. O outro problema ocorre na única rua de seu trajeto<br />

que tem casas, e adivinhem só qual é o problema? Cachorro! Ele conta que<br />

toda vez que dobra a esquina sentido a essa quadra sem saída ele tem que<br />

pegar <strong>uma</strong> espécie de bastão, feito com o resto de madeira de <strong>uma</strong> obra, que<br />

serve como <strong>uma</strong> espécie de escudo, já que basta ele pisar na calçada que o<br />

cachorro residente da última casa pula o muro e em<br />

<strong>uma</strong> linha reta traça seu objetivo: a canela do carteiro.<br />

Seu cajado que há mais de um mês o defende<br />

demonstra sinais de mordidas e já está frágil, podendo<br />

não ser mais útil na próxima expedição do carteiro a<br />

esta rua. Então, Jefferson não foi atrás de um novo<br />

“Ganhei o prêmio em 2007: Fui mordido 6 vezes<br />

nesse ano” / “Levei quatro pontos e a empresa<br />

não considera isso acidente de trabalho” / “ A greve<br />

serve para conseguirmos os nossos direitos”.<br />

escudo, mas protocolou nos Correios <strong>uma</strong> queixa<br />

sobre essa rua, especificamente sobre a última<br />

residência. Desde que tomou este ato administrativo<br />

a quadra do cão saltador de muros está sem receber<br />

correspondências, n<strong>uma</strong> espécie de exílio, onde todos<br />

os moradores foram notificados que devem se dirigir ao posto de distribuição<br />

mais perto do lar para buscar suas correspondências, pois o atendimento só<br />

voltará ao normal quando o proprietário da casa tomar as providências<br />

necessárias para que mais nenhum carteiro seja atacado. Para quem pensou<br />

que essa história pode ser considerada um fato ruim é que ainda não sabe o<br />

que está por vir.<br />

O ano era 2002, e Jefferson havia sido transferido recentemente para a<br />

sucursal de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. Ele tinha duas<br />

opções: trabalhar lá ou aguardar n<strong>uma</strong> fila de espera de um pouco mais de<br />

dois anos, sem ganhar salário, para ter o seu emprego perto de casa. Escolheu<br />

a primeira opção, mesmo morando em Campo Largo. Todos os dias acordava<br />

às 5 horas da manhã, enfrentando 1h30 de viagem e 48 quilômetros de distância.<br />

“Eu levantava no escuro e chegava em casa também no escuro, mas eu precisava<br />

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