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Jornada dos Anjos - Além do Arco Íris

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- Minha mãe morreu. Não tenho mais ninguém nesta vida. Estou sozinha,<br />

aban<strong>do</strong>nada. Estou com me<strong>do</strong> e não tenho a quem pedir ajuda. Minha mãe me<br />

disse que viesse procurá-lo, mas acho que não devia ter vin<strong>do</strong>... É que não<br />

tinha a quem recorrer...<br />

O padre, homem esguio e de porte nobre, procurou tranquilizá-la:<br />

- Você não está mais sozinha. Fez bem em nos procurar, estará amparada<br />

aqui.<br />

Verônica sentia uma vontade quase incontrolável de abraçar o primo e, por<br />

outro la<strong>do</strong>, desejava correr para bem longe. Ficou imóvel enquanto ele a observava,<br />

parecen<strong>do</strong> desconfia<strong>do</strong>. Depois, ao ouvir tocar o sino, ele ergueu-se e<br />

recomen<strong>do</strong>u:<br />

- Agora descanse. Logo mais o bispo celebrará a missa das seis horas e você<br />

deve se juntar a nós.<br />

Foi até a porta e, antes de fechá-la, disse:<br />

- A irmã Adriana virá buscá-la mais tarde.<br />

Assim que a porta se fechou, Verônica deitou-se na cama e não pôde controlar<br />

as lágrimas. Sentia-se desprotegida e aflita. Aquele breve encontro com<br />

o primo não a fizera sentir-se melhor. Sem saber ao certo por que, Boris sempre<br />

a assustara, desde que eram pequenos. Nove anos mais velho <strong>do</strong> que ela,<br />

sempre a tratara de maneira rude e agressiva. Experimentava em relação a ele<br />

emoções conflitantes: temor e carinho, me<strong>do</strong> e desejo de aproximar-se. Definitivamente,<br />

não o compreendia e o temia. Crescera distante <strong>do</strong> primo, que vira<br />

poucas vezes; no entanto, guardava em seu íntimo forte impressão <strong><strong>do</strong>s</strong> poucos<br />

encontros que haviam ti<strong>do</strong>.<br />

Perdida em suas lembranças da infância e vencida pelo cansaço <strong><strong>do</strong>s</strong> últimos<br />

dias, Verônica tornou a a<strong>do</strong>rmecer. Quan<strong>do</strong> despertou, sentia-se ligeiramente<br />

mais animada. Sentou-se na cama e observou com maior atenção os<br />

detalhes <strong>do</strong> pequenino ambiente que ocupava. A angústia assolar-lhe o coração.<br />

Qual seria o seu futuro? Ficaria para sempre presa naquele cubículo? Não<br />

era o tipo de vida a que aspirava. Sonhava ter uma família, filhos - muitos filhos<br />

- , um lar e uma vida com fartura; queria viajar, vestir belas roupas... Sim,<br />

desejava ardentemente vestir belas roupas. Sempre que encontrava uma dama<br />

da nobreza, com seus trajes lin<strong><strong>do</strong>s</strong> e vistosos, ficava a desejar o mesmo para si.<br />

A jovem suspirou, lembrou-se da mãe e sussurrou:<br />

- Eu não vou ficar aqui para sempre. Não vou mesmo!<br />

Escutou alguém chegan<strong>do</strong>. Depois de duas leves batidas, a porta se abriu e<br />

a freira que já estivera ali disse:<br />

- Boris enviou esta roupa e pediu que a vestisse.<br />

Ao tomá-la nas mãos Verônica viu como era austera e indagou:<br />

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