13.04.2013 Views

Jornada dos Anjos - Além do Arco Íris

Jornada dos Anjos - Além do Arco Íris

Jornada dos Anjos - Além do Arco Íris

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Verônica acomo<strong>do</strong>u seus pertences em uma cadeira e se sentou na cama.<br />

Embrulhou-se nas roupas, tremen<strong>do</strong>. Começava a nevar e fazia muito frio dentro<br />

<strong>do</strong> austero aposento. Ela refletiu por alguns instantes, tentan<strong>do</strong> recuperar o<br />

controle e compreender o que se passava. Lembrou-se da expressão nos olhos<br />

<strong>do</strong> padre ao notar o escapulário que trazia ao pescoço. Tirou-o e apertou-o entre<br />

as mãos, balbucian<strong>do</strong>:<br />

- O que este escapulário tem de tão especial? Sei que foi abençoa<strong>do</strong> para<br />

proteger minha mãe, por Nossa Senhora, mas... O que o padre viu nele que o<br />

levou a me acolher sem vacilar? Não compreen<strong>do</strong>...<br />

Encafifada, ficou a relembrar que a mãe o usava constantemente; nunca o<br />

tirava. Depois de algum tempo, ouviu uma voz de mulher anunciar:<br />

- Trouxe comida.<br />

A porta se abriu e uma jovem freira entrou, colocan<strong>do</strong> pão e água sobre a<br />

mesa. Sem olhar para Verônica, a freira saiu, fechan<strong>do</strong> novamente a porta.<br />

Ela se alimentou e voltou a sentar-se na cama. Cansada, acabou por se aquecer<br />

e caiu, por fim, em sono profun<strong>do</strong>. Transcorri<strong>do</strong> algum tempo, acor<strong>do</strong>u<br />

assustada, ouvin<strong>do</strong> vozes. Sentou-se rápi<strong>do</strong> na cama, sem entender o que acontecia<br />

e mesmo sem atinar onde estava. Tentan<strong>do</strong> se localizar, viu a porta se<br />

abrir e um jovem entrar, saudan<strong>do</strong>-a:<br />

- Olá, Verônica.<br />

Logo atrás vinha a freira que antes trouxera a refeição da garota. Verônica<br />

fitou o rapaz, buscan<strong>do</strong> na memória identificar aquele rosto que lhe parecia tão<br />

familiar. Ao olhar seus olhos, forte e indefinida emoção <strong>do</strong>minou-a. Teve vontade<br />

de chorar e de atirar-se aos seus pés. Ao mesmo tempo, um me<strong>do</strong> enorme,<br />

pavor até, apossou-se dela. Afastou-se, fican<strong>do</strong> à cabeceira da cama, mas o<br />

jovem aproximou-se e estendeu-lhe a mão, dizen<strong>do</strong>:<br />

- Não fique assustada. Sou eu, Boris, seu primo.<br />

Verônica, perdida em suas emoções, parecia não escutar. Encolhia-se cada<br />

vez mais na cabeceira da cama. Boris parou e falou com voz calma:<br />

- Por que está tão apavorada? Sei que não nos vemos há muitos anos, mas<br />

ainda assim deve lembrar-se de mim. Que idade tem agora?<br />

Verônica respondeu mecanicamente:<br />

- Quase dezoito.<br />

- Você deve estar cansada, criança. Veio de longe... Como conseguiu chegar<br />

até aqui?<br />

Ainda temerosa, ela não respondeu. Boris insistiu:<br />

- Não tenha receio, Verônica. Aqui estará segura. Fique calma. Agora quero<br />

que me conte tu<strong>do</strong> o que aconteceu.<br />

Dominada pelo me<strong>do</strong> e pelo cansaço, ela desabou, entre lágrimas:<br />

98

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!