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Jornada dos Anjos - Além do Arco Íris

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- Chega, estou cansa<strong>do</strong>. Não sei de onde você tira essas idéias... Continua<br />

len<strong>do</strong> jornais que chegam lá <strong>do</strong> norte, só pode ser isso. Vêm de lá esses conceitos<br />

libertários, abolicionistas... Não imagino que ouça tais opiniões <strong>do</strong> pastor<br />

de nossa igreja, nem nas reuniões de mulheres que freqüenta...<br />

Deborah ficou pensativa. Matthew ia prosseguir, quan<strong>do</strong> uma jovem empregada<br />

aproximou-se e informou:<br />

- Senhora, o jantar está pronto. Podemos servi-lo? Deborah olhou para o<br />

mari<strong>do</strong>, que, ignoran<strong>do</strong> a jovem, respondeu:<br />

- Sim, já vamos entrar. Depois, fitou a esposa.<br />

- Não concor<strong>do</strong> que tenha da<strong>do</strong> a liberdade a ela. Isso é um péssimo exemplo<br />

e um precedente perigoso.<br />

- Ela é como a filha que não tive, jamais poderia deixá-la continuar escrava.<br />

<strong>Além</strong> <strong>do</strong> mais, prometi à sua mãe, quan<strong>do</strong> morreu em meus braços, que<br />

tomaria conta da menina. Sarah é uma excelente moça, você não pode queixarse<br />

dela.<br />

- Não é dela que me queixo, minha esposa, e sim da senhora, que não se<br />

<strong>do</strong>bra à minha vontade. Agora vamos jantar, que essa conversa já me cansou.<br />

Após sentarem-se à mesa, longo silêncio se seguiu. Foi Deborah quem, por<br />

fim, o rompeu:<br />

- Quan<strong>do</strong> Sean chegará de Nova York?<br />

- Não sei. Seu filho está cada vez mais ausente da fazenda. Faz essas viagens<br />

com freqüência, e quan<strong>do</strong> retorna fica pouco e já parte novamente. A<br />

única vantagem é que tem negocia<strong>do</strong> bons escravos para nós.<br />

- Como consegue?<br />

- São fazendeiros <strong>do</strong> norte que, ao contrário <strong>do</strong> que a senhora me disse há<br />

pouco, não libertam seus escravos e sim os vendem para o sul. Acontece to<strong><strong>do</strong>s</strong><br />

os dias.<br />

- Não é verdade...<br />

- E verdade, sim. Eles os vendem para o sul saben<strong>do</strong> que continuarão sen<strong>do</strong><br />

escravos. Aqueles ianques não querem perder nada...<br />

- Isso deve ocorrer muito ocasionalmente...<br />

- Sean me disse que está ganhan<strong>do</strong> um bom dinheiro com a venda de escravos<br />

para as fazendas <strong>do</strong> sul. A quantidade não deve ser assim tão pequena.<br />

Indignada, Deborah protestou:<br />

- Ele não deveria estar aqui, ao seu la<strong>do</strong>, ajudan<strong>do</strong>-o com os nossos negócios,<br />

ao invés de se meter a comercializar homens e mulheres?<br />

- Você conhece Sean melhor <strong>do</strong> que eu e sabe que ele tem um temperamento<br />

inquieto e insatisfeito. Nunca está contente: quer sempre mais. Já tivemos<br />

diversas discussões a respeito, mas nossa fortuna é pequena demais para<br />

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