13.04.2013 Views

Jornada dos Anjos - Além do Arco Íris

Jornada dos Anjos - Além do Arco Íris

Jornada dos Anjos - Além do Arco Íris

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

- Eu estava limpan<strong>do</strong> a escadaria principal <strong>do</strong> mosteiro. Boris me obrigou a<br />

limpá-la quinze vezes. Cada vez que aparecia, dizia que o serviço estava mal<br />

feito, que eu precisava fazer tu<strong>do</strong> outra vez. E de novo e de novo me obrigou a<br />

limpar. Da última vez, eu já não conseguia pegar o pano, mas ele insistiu que<br />

eu deveria repetir a limpeza. Ergui-me e mostrei-lhe o esta<strong>do</strong> de minhas mãos,<br />

mas ele retrucou que aquilo não era nada, que muitas penitências a que ele<br />

próprio se obrigara já o haviam feri<strong>do</strong> muito mais. Eu não suportei: avancei<br />

contra ele, que me empurrou. Caí e ele me empurrou novamente; desequilibrei-me<br />

e rolei da escada... Foi assim que feri os olhos.<br />

- E ele, o que fez?<br />

Cheia de ódio, Verônica respondeu:<br />

- Saiu dizen<strong>do</strong> que pediria a alguém para me ajudar.<br />

- Não a acudiu?<br />

- Nem tomou conhecimento. Fiquei caída, gemen<strong>do</strong>, até que a irmã Adriana<br />

veio me ajudar, garantin<strong>do</strong> que a culpa fora minha por tentar agredir o padre<br />

Boris. Deu-me o reca<strong>do</strong> de que deveria terminar o trabalho e depois ir para<br />

a capela <strong>do</strong> mosteiro, rezar durante o resto da noite para ser per<strong>do</strong>ada por tê-lo<br />

agredi<strong>do</strong>...<br />

A jovem não conseguiu dizer mais nada. Thomas abraçou-a com profun<strong>do</strong><br />

carinho e ela chorou convulsivamente em seu ombro. Quan<strong>do</strong> conseguiu se<br />

acalmar, indagou entre suspiros e soluços:<br />

- Por que isso tem de acontecer? O que fiz ao meu primo para que ele me<br />

odeie? O que fiz, pai?<br />

-Não sei, filha. Às vezes parece-nos que a vida é injusta, mas sei que não é.<br />

- Claro que é, pai! Esse Deus a quem vocês tanto dizem obedecer é um ser<br />

que não nos ama. Do contrário, por que nos faria sofrer tanto? Não consigo<br />

aceitar...<br />

Fitan<strong>do</strong>-a longamente, Thomas custou a falar. Enfim, inspira<strong>do</strong> por Angélica,<br />

entidade espiritual que o acompanhava, indagou:<br />

- O que sua mãe costumava dizer sobre questões dessa natureza?<br />

Verônica limpou os olhos e fitou o pai em silêncio. Depois, baixou a cabeça<br />

e respondeu:<br />

- Dizia-me que Deus sabe todas as coisas, que é bom e amoroso, mas que a<br />

Igreja tomou o seu lugar na Terra e está abusan<strong>do</strong> demais <strong>do</strong> poder que o To<strong>do</strong><br />

Poderoso lhe concede.<br />

- Geórgia era uma mulher singular. Tinha uma compreensão tão clara das<br />

coisas que chegava a me assustar. Ela estava certa, filha. Entendia as verdades<br />

espirituais melhor <strong>do</strong> que a maioria <strong><strong>do</strong>s</strong> padres. Não podemos atribuir a Deus<br />

uma culpa que é nossa.<br />

120

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!