Zerbo - Frente Rio Claro - Claudio Di Mauro
Zerbo - Frente Rio Claro - Claudio Di Mauro
Zerbo - Frente Rio Claro - Claudio Di Mauro
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Mas uso aqui o disse, ou melhor, escreveu, o articulista Santiago, na<br />
edição número 14, página 25, de O Pasquim 21: “E todos nós que<br />
vivenciamos as grandes redações sabemos quantos temas importantes<br />
são omitidos por contrariar interesses econômicos. A imprensa é mais<br />
maléfica pelo que omite do que pelas mentiras que publica.” Na condição<br />
de cartunista, Santiago continua: “Quantas vezes temos um tema que nos<br />
inquieta, ficamos com uma puta vontade de expressar isso e somos<br />
impossibilitados porque o desenho teria que ser antecedido por uma<br />
enorme legenda informando o leitor sobre aquilo que o Jornal calou”.<br />
<strong>Di</strong>zer mais não é preciso.<br />
Isso não significa, em momento algum, que queríamos a imprensa<br />
engajada, tecendo elogios e ocultando de seus leitores os erros<br />
administrativos que certamente ocorreram e sempre que apontados com<br />
uma fundamentação sincera e construtiva, a equipe os assumia e<br />
procurava corrigi-los.<br />
O que não se podia admitir era o verdadeiro massacre a que<br />
estávamos submetidos diariamente e tendo que recorrer ao Poder<br />
Judiciário para que “o nosso lado da história” fosse publicado e os leitores<br />
pudessem tirar suas próprias conclusões.<br />
É possível que futuramente um historiador, distante do calor dos<br />
fatos, venha a analisar esse período da história de <strong>Rio</strong> <strong>Claro</strong> e, além de<br />
outras fontes, utilize-se também dos registros feitos pela imprensa. A<br />
comparação será inevitável e as conclusões não muito elogiosas. Essas<br />
conclusões ficarão para as futuras gerações. De nossa parte fica a<br />
esperança de que as pessoas que tiveram acesso ao estudo fiquem<br />
pasmadas, achando até que o historiador esteja exagerando, porque<br />
seriam situações e comportamentos impensáveis para elas.<br />
Os integrantes da equipe nomeados por Cláudio de <strong>Mauro</strong> para<br />
comporem os chamados primeiro e segundo escalão do governo,<br />
basicamente Secretários e <strong>Di</strong>retores, com algumas exceções, conheciam<br />
pouco da dinâmica própria e característica de uma administração pública<br />
municipal. E quando digo dinâmica, estou me referindo aos trâmites<br />
burocráticos que transformam a máquina pública em um enorme<br />
paquiderme, daqueles que, entre pensar em mover a ponta do rabo e<br />
movê-lo, demora dois dias.<br />
Alguns Secretários e <strong>Di</strong>retores tinham larga experiência na iniciativa<br />
privada, onde as decisões e movimentações são mais rápidas e menos<br />
burocráticas. Esses, aos poucos, foram aprendendo, na prática, que na<br />
iniciativa privada você pode fazer tudo o que a lei não proíbe, enquanto<br />
que na administração pública, você pode fazer apenas o que a lei autoriza.<br />
Uma pequena sutileza que faz uma grande diferença.<br />
Outros tinham muita experiência e vivência na vida acadêmica e<br />
universitária, onde o ritmo de trabalho é menos corrido e onde se pode<br />
elaborar projetos para três, cinco, dez ou mais anos, com a certeza de<br />
43