Zerbo - Frente Rio Claro - Claudio Di Mauro

formalizada de quaisquer das urnas. Leonhardt, alguns de seus familiares
e alguns de seus amigos, nomeados fiscais, permaneceram o tempo todo
no local de apuração, contabilizando voto a voto, enquanto Gumercindo,
segundo seus amigos, tirara o dia para uma pescaria.
Mesmo depois de algum tempo da apuração, corriam histórias,
contadas inclusive por membros de mesas apuradoras, de que Leonhardt
fazia marcação cerrada e havia conseguido anular muitos votos a favor de
Gumercindo, porque eleitores semi-alfabetizados, ao invés de grafarem na
cédula o número do candidato, grafavam o diminutivo pelo qual ele era
mais conhecido e que consistia nas duas letras iniciais de seu nome, “Gu”,
registrado na Justiça Eleitoral como válido, caso aparecesse nas cédulas.
O problema é que muitos eleitores de Gumercindo grafaram mal a letra
“G” e ficava parecendo um palavrão, bem semelhante a “cu”. Leonhardt
criava o maior tedéu e conseguia a anulação do voto. Caso Gumercindo
estivesse presente durante a apuração, poderia também criar o maior
tedéu, reivindicando para si muitos daqueles votos grafados
equivocadamente, demonstrando que a intenção do eleitor era votar nele.
Teria, no mínimo, empatado com Leonhardt e tomado posse, pelo critério
de desempate por idade ou vencido, quem sabe, pela diferença de um
voto a mais. Mas naqueles momentos ele estava colocando iscas no anzol
e nem sabemos se a pescaria foi boa.
O PFL ainda é um bom exemplo de como as legendas devem procurar
lançar o maior número legalmente possível de candidatos à eleição
proporcional. Alem de Gumercindo Cerri, também o radialista e veterano
político Sérgio Carnevale obteve uma expressiva votação, com um total de
1.204 votos. Teve quase o dobro dos votos do candidato do PV, Clóvis
Roveratti, que foi eleito com 618 votos. Os dois Partidos, PFL e PV,
obtiveram o coeficiente raso, o que lhes permitiu ocupar uma única
cadeira cada na Câmara Municipal, no caso o mais votado de cada
legenda. São histórias que podem ser incluídas no repertório extravagante
das recentes eleições municipais.
Com o resultado das eleições, a Frente Rio Claro preparou uma das
maiores carreatas já vistas nesta cidade, que teve como ponto de partida
a Avenida Presidente Kennedy, em frente ao Aeroclube. Formou-se uma
fila com centenas e centenas de veículos que serpenteou as ruas e os
bairros de Rio Claro, tendo à frente um caminhão de som, com uma
plataforma elevada, cedido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Limeira,
subsede de Rio Claro, levando o prefeito e o vice eleitos. Foi uma grande
festa, que certamente tumultuou o trânsito na cidade, mas foi
extremamente gratificante, porque sentimos o carinho com que éramos
recepcionados pela população.
Sobre a vitória da Frente Rio Claro, o professor Luiz Roberto Dante,
integrante do PSDB local, muito respeitado e conceituado nos meios
acadêmicos e universitários, declarou ao Jornal CIDADE, quando
perguntado sobre o resultado das eleições: “Rio Claro mudou 180 graus e
seu rumo, saturada dos caciques e dos donos da política. Ela tenta um
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