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Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

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O toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

Vem um toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte com a seringa na mão e um ar perdido...<br />

Diabo – Já por cá, seu drogado! Vejo que vens bem ganzado!<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 99<br />

Toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – E o que tens tu a ver com isso, Berzebu?! Vê lá se não queres que o<br />

inferno te queime o cu!<br />

Diabo – Bem... De mau humor faleceste, mas conta-me... <strong>de</strong> que morreste?<br />

Toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – Seringa contaminada, <strong>de</strong>ixou borbulhas <strong>de</strong> cor encarnada!<br />

Diabo – Pois bem... Entra, criatura sofrida, nesta barca que está <strong>de</strong> partida<br />

Toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – Eu aí não entro, seu Demónio Infernal! Eu irei seguir viagem na Barca<br />

Celestial!<br />

Diabo – Isso só po<strong>de</strong> ser da ganza que fumaste, ou já não te lembras das muitas vezes<br />

que pecaste?<br />

Toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – Muitas vezes eu pequei, mas por mal não errei.<br />

Diabo – Por mal não erraste, mas mentiste e roubaste, muitas pessoas enganaste só para a<br />

droga po<strong>de</strong>res comprar. Agora o teu <strong>de</strong>stino é nesta barca entrar!<br />

Toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – Eu aí não entro, com o Inferno não me contento! Vai mijar à mata,<br />

vai p’ró raio que te parta! Nariz <strong>de</strong> batata, cada narina tem uma<br />

barata! Cabeça <strong>de</strong> repolho, cada cabelo tem um piolho! Seringa<br />

<strong>de</strong>ficiente, oxalá partas um <strong>de</strong>nte!<br />

O Toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dirige-se à barca do Anjo...<br />

Toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – Oh, meu anjo doce, que terrível <strong>de</strong>stino aqui me trouxe.<br />

Anjo – Que queres <strong>de</strong> mim? Vejo que trazes pecados sem fim!<br />

Toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – Quero ir na tua barca! Oh, por favor, peço-te por tudo! Não quero<br />

embarcar na barca do cornudo!<br />

Anjo – Levaste uma vida a roubar e a enganar... Achas que mesmo assim tu mereces cá<br />

entrar?<br />

Toxico<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte – Não tive opção, foi a minha única solução.<br />

Anjo – Vejo que por mal não o fizeste, mas na tua vida foste uma autêntica peste!

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