Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais
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<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 87<br />
No dia seguinte, com o dinheiro que lhe restava, como não chegava para comprar<br />
um bilhete <strong>de</strong> avião para Buenos Aires, comprou um bilhete <strong>de</strong> autocarro para Nova<br />
Deli. Lá, a cida<strong>de</strong> era mais <strong>de</strong>senvolvida, pois era a capital da Índia. O sol abrasador,<br />
batia-lhe na cara por cada vez que passava nas ruas calcetadas <strong>de</strong> granito torrado, durante<br />
o dia. Aquela cida<strong>de</strong> era bastante populosa e ali também se fazia muito comércio. Packo<br />
andava a passear pela feira, sem nada para comer. Em cada tenda havia diversos<br />
produtos, mas foi a barraca das especiarias que o fez parar no seu passeio. Observou as<br />
malaguetas encarnadas e sentiu o cheiro a caril. O ven<strong>de</strong>dor, com um ar curioso, falou-<br />
lhe...não sei o que lhe disse, mas Packo ficou contente, porque ele e o ven<strong>de</strong>dor tinham<br />
algo em comum, o idioma, ambos eram argentinos. O ven<strong>de</strong>dor era emigrante e ao ouvir<br />
a história <strong>de</strong> Packo, resolveu ajudá-lo, dando-lhe um saco com comida e algum dinheiro<br />
para voltar para casa. Essa noite Packo dormiu em casa do ven<strong>de</strong>dor e <strong>de</strong> manhã cedo,<br />
viajou <strong>de</strong> locomotiva até Istambul, apanhou uma locomotiva em Nova Deli, parou no<br />
Afeganistão, <strong>de</strong>pois apanhou um comboio industrial até Teerão e, por fim, viajou até<br />
Istambul, na Turquia, passando pelo Paquistão e também pelo Irão.<br />
Já em Istambul, com o dinheiro que lhe restava, alugou um quarto por uma noite,<br />
para que pu<strong>de</strong>sse <strong>de</strong>scansar da viagem e na madrugada seguinte pôs-se a caminho <strong>de</strong> sua<br />
casa. Packo estava cansado, pois tinha viajado <strong>de</strong> um continente para outro apenas num<br />
dia, <strong>de</strong> locomotiva. Parou em frente a uma cabina telefónica e telefonou para casa, para<br />
dar notícias, contando que estava na Turquia. Agora tinha um mar para atravessar, o mar<br />
Mediterrâneo, mas como não tinha dinheiro para o atravessar <strong>de</strong> barco, resolveu<br />
embarcar num barco <strong>de</strong> pescadores até Sicília, que é uma ilha italiana. Depressa apanhou<br />
outro barco, mas <strong>de</strong>sta vez até Valência em Espanha.<br />
Valência era uma cida<strong>de</strong> que o fazia respirar <strong>de</strong> alívio, porque falavam a sua<br />
língua. Continuou a sua viagem, seguiu a rota em direcção ao Oceano Atlântico, até que<br />
chegou a Sesimbra, terra <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s pescadores, em Portugal. Lá, aconselharam-no a ir<br />
para Lisboa, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apanhar um avião até ao Funchal, na Ma<strong>de</strong>ira. A falta<br />
<strong>de</strong> dinheiro não era um problema, pois alguns pescadores pagaram-lhe certo dinheiro,<br />
por Packo lhes arrumar os materiais e ferramentas <strong>de</strong> pesca. Com esse dinheiro apanhou<br />
o primeiro avião em direcção ao Funchal e <strong>de</strong> seguida o próximo <strong>de</strong>stino foi o Brasil.<br />
De chegada ao Brasil, o rapaz atracou em Fortaleza e seguiu até ao Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
passando por Salvador. Agora, já estava no seu continente e com muito ânimo, Packo<br />
continuou a sua viagem, com algum dinheiro mandado pelos pais, através <strong>de</strong> pessoas<br />
conhecidas.