Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

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Pedaços de Noz | 80 O dia que marcou Portugal O dia-a-dia dos jardins públicos de Portugal é muito repetitivo. Todos os dias dezenas de cães invadem estes espaços supostamente verdes e enchem-nos de dejectos, que tornam estes jardins tudo menos agradáveis. Mas este dia não era um dia como os outros, este dia ficaria marcado na história do nosso pacato país como o dia em que se cumpre a lei! Sim, por mais incrível que pareça, existe mesmo uma lei que proíbe os cães de dejectarem em espaços públicos sem que os seus respectivos donos apanhem os ditos dejectos. Existem mesmo uns recipientes de onde se retiram sacos de plástico para apanhar os presentinhos desagradáveis que os cães tão docilmente depositam. Agora é que me apercebo das coisas que não sei! Provavelmente a maioria da população também não está informada, assim como os polícias, pois nunca os vi escondidos nos jardins, prontos a multar os donos dos cãezinhos que dejectam nos espaços verdes, nunca vi as autoridades atrás deles para os apanhar em flagrante delito. Mas como eu ia dizendo, neste dia aconteceu um fenómeno raríssimo: um senhor que passeava o seu animal doméstico apanhou os dejectos do dito cão depositados no jardim. Mas que situação anormal! Imagino a luta interior que aquele senhor deve ter sentido quando pensou em fugir ao que é normal e usual. Admiro esse senhor, bem como todas as pessoas que correram ao jardim para observar o fenómeno, esta situação extraordinária no nosso país. Até a imprensa compareceu em peso para relatar o sucedido e fotografar este acontecimento. Na verdade, aquele senhor que cometeu a proeza, até aqui era uma pessoa igual a muitas outras, mas a partir deste dia foi elevado ao título de herói nacional. Qual Afonso Henriques, Cristiano Ronaldo, os miúdos de hoje em dia querem é ser iguais ao “senhor-que-apanhou-os-dejectos-do-cão”, o “senhor-cumpridor- da-lei”! Houve até uma cerimónia de entrega de uma medalha ao tal senhor e ao seu cão, realizada no Palácio de Belém, pelo Presidente da República. Se querem saber, eu e os meus amigos ficámos desapontados por este dia não ser considerado feriado nacional, era o que o senhor merecia, tal a nobreza dos seus actos e o seu altruísmo. Este dia ficará para sempre marcado: o dia em que uma lei não aplicável e que não é cumprida é caricaturada! Ana Patrícia Cabaça 11º B
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