Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais
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<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 76<br />
Margarida acordou às oito horas. Era quase Dezembro; amanhecia tar<strong>de</strong>. Atirou com a<br />
dobra do lençol e, enfiando o robe <strong>de</strong> chambre, procurou com o pé as chinelinhas no chão.<br />
Chegou à janela.<br />
Ao olhar o céu, avistou umas gran<strong>de</strong>s nuvens negras, pensou que talvez naquele dia<br />
pu<strong>de</strong>sse nevar. Na verda<strong>de</strong>, era isso que ela <strong>de</strong>sejava.<br />
No horizonte, avistou, por breves instantes, os montes e os campos, reparou que estes já<br />
se encontravam cobertos por uma fina camada <strong>de</strong> neve. Alguns pássaros sobrevoavam o céu,<br />
procuravam um local on<strong>de</strong> se pu<strong>de</strong>ssem proteger do frio.<br />
As pessoas, perante aquele magnífico cenário <strong>de</strong> Inverno, começavam a sair à rua,<br />
contudo era um dia como outro qualquer. Margarida encontrou nos rostos uma profunda tristeza,<br />
nos olhos sonolentos encontrava uma espécie <strong>de</strong> angústia e os movimentos eram lentos.<br />
Pareciam dormir sobre si mesmos como quem se <strong>de</strong>ixa levar pelo <strong>de</strong>stino.<br />
Margarida percebeu que as crianças eram, sem dúvida, as mais entusiasmadas, com toda<br />
a situação, embora os seus pais contrariassem a alegria que elas sentiam. No meio da rua, elas<br />
brincavam com a neve, como loucas, atirando-a à cara umas das outras e, por momentos,<br />
apreciavam a textura suave e a cor branca da neve.<br />
No lado direito da casa Margarida, encontrava-se uma mãe juntamente com o filho.<br />
Estavam ambos a construir um boneco <strong>de</strong> neve, junto <strong>de</strong>les tinham um chapéu preto, um<br />
cachecol vermelho, uma cenoura e dois gran<strong>de</strong>s botões negros, para <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terminado o<br />
enfeitarem. Os rostos transmitiam alegria, os olhos e os seus sorrisos, esperança.<br />
No fundo da rua estava um mendigo que vestia roupas velhas, muito finas e envolvido<br />
em mantas remendadas. Os olhos <strong>de</strong>ste homem, ao contrário dos da mãe e do filho, pareciam<br />
estar perdidos no meio da solidão. Margarida sentiu uma nostalgia no olhar daquela pobre<br />
pessoa, parecia-lhe que talvez ele quisesse transmitir um pedido <strong>de</strong> ajuda.<br />
Embora ainda fosse Novembro, alguns pinheiros já apresentavam luzes <strong>de</strong> várias cores e<br />
os jardins já estavam <strong>de</strong>corados com enfeites que os tornavam bastante coloridos, que<br />
contrastavam com o branco da neve.<br />
O cheiro a fumo que provinha das chaminés, começava a ser cada vez mais intenso.<br />
Margarida concluiu que o mendigo que observou seria apenas um exemplo <strong>de</strong> uma<br />
pessoa levada pela ida<strong>de</strong> e, consequentemente pela vida. Percebeu que, por <strong>de</strong>trás da felicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cada um, po<strong>de</strong> existir também a tristeza.<br />
Após estes breves instantes <strong>de</strong> observação e reflexão, Margarida sentia-se preparada para<br />
recomeçar mais um dia da sua vida.<br />
Ana Torrado<br />
10º B