Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais
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A primeira vez que caminhei sobre o mar<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 75<br />
Já alguma vez sentiram a brisa do mar nos vossos cabelos? E o cheiro a maresia a<br />
limpar-vos todas as mágoas e tristezas?<br />
É o que sinto quando, já <strong>de</strong>ntro do barco, ouço as ondas a baterem no casco e<br />
sinto o vento na minha cara. É aí que penso que po<strong>de</strong> afundar, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> me levar<br />
para on<strong>de</strong> quero, e então o medo apo<strong>de</strong>ra-se <strong>de</strong> mim, mas não é um medo mau, não... é<br />
aquele medo que nos dá uma sensação <strong>de</strong> segurança e <strong>de</strong> insignificância perante o<br />
imenso mar.<br />
Mas nem sempre foi assim... Há já alguns anos, talvez há sete ou oito, os meus<br />
pais levaram-me até Belém e, embora não tivessem a certeza se a passagem estava<br />
aberta, <strong>de</strong>cidiram que íamos atravessar o Tejo como já o fazem há centenas <strong>de</strong> anos.<br />
Nunca antes tinha saído <strong>de</strong> terra, nem sequer tinha andado naqueles barcos<br />
pequenos <strong>de</strong> recreio que se vêem em todo o lado... Estava com tanto medo...<br />
Chorei, gritei, agarrei-me a tudo o que podia só para não chegar lá, mas feliz ou<br />
infelizmente, os meus pais conseguiram levar-me até ao local on<strong>de</strong> se compram os<br />
bilhetes e se entra para o barco.<br />
Aí ainda chorei mais, não queria mesmo ir, tinha <strong>de</strong>masiado medo que o barco se<br />
virasse quando as pessoas quisessem ver alguma coisa <strong>de</strong> um lado ou que o comandante<br />
se enganasse e nos levasse para outro lugar...<br />
Mas, quando entrei e, finalmente, o barco começou a andar, senti-me tão bem...<br />
Foi a melhor sensação que alguma vez tive... Tudo o que estava errado começou a<br />
<strong>de</strong>saparecer e por uma vez o mundo tornou-se feito <strong>de</strong> coisas maravilhosas.<br />
Foi a única vez que visitei um local e estive cheia <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> me vir embora,<br />
só mesmo para experimentar aquela sensação outra vez.<br />
A verda<strong>de</strong> é que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aí, tenho experimentado barquinhos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, navios<br />
on<strong>de</strong> cabem os carros dos passageiros e até já an<strong>de</strong>i num catamaran com dois cascos, o<br />
que foi uma experiência única...<br />
Agora... Agora só gostava mesmo <strong>de</strong> fazer um cruzeiro pelas águas do<br />
Mediterrâneo ou até pelo Nilo e experimentar, então, ver o Egipto dos meus sonhos...<br />
Mariana Marques<br />
10ºA