Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais
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<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 71<br />
lembro <strong>de</strong> sentir as lágrimas, não sei se pelo vento se pela liberda<strong>de</strong>. Não sei se por mim<br />
ou por aqueles que nas celas choravam. Apenas sabia que não era apenas eu que<br />
gritava…<br />
”Corre! E nunca mais pares.”<br />
Parou! O meu coração falhou uma pulsação, assim como as ré<strong>de</strong>as que falharam<br />
na sua missão. Oh, se ré<strong>de</strong>as! Serpentes! As malditas <strong>de</strong>slizaram pelos meus <strong>de</strong>dos,<br />
ficando pen<strong>de</strong>ntes no pescoço do garanhão. Instalou-se o pânico. O cavalo não parava,<br />
não abrandava <strong>de</strong> maneira nenhuma. Tentava-me agarrar com as pernas, o que apenas<br />
contribuía para aumentar a velocida<strong>de</strong>. Olhei para o meu parceiro, para aquele meu igual,<br />
que ao meu lado já voava, mas a única ajuda fora um sorriso <strong>de</strong> escárnio. Numa última<br />
tentativa inclinei-me um pouco mais, <strong>de</strong> forma a apanhá-las. Fora aí que vira mais <strong>de</strong><br />
perto o abismo, ou, talvez, tenha sido a vez em que espreitei a sua altura.<br />
Apanhei-as! Suspirei. Puxei-as o mais que pu<strong>de</strong> <strong>de</strong> encontro ao meu peito<br />
palpitante. O cavalo ergueu as patas dianteiras e relinchou. A outra alma que <strong>de</strong>vastava<br />
os campos ao meu lado atravessou-se no meu caminho. O meu cavalo virou-se num<br />
passe vacilante e pousou fortemente as patas no chão.<br />
Seria mais um daqueles momentos que não nos saem da memória, aqueles<br />
momentos únicos, curtos ou até mesmo perigosos.<br />
Inês Costa<br />
10º B