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Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

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<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 58<br />

O meu mundo é sensação…<br />

Sonhei com um mundo <strong>de</strong> chocolate. Eu podia mergulhar nos lagos <strong>de</strong> chocolate<br />

quente, correr nas tabletes <strong>de</strong> chocolate, colher bombons e dormir a sesta num bolo<br />

fofinho.<br />

Depois acor<strong>de</strong>i.<br />

Abri os meus olhos para o mundo real, tão castiço como ele mesmo. No parapeito<br />

da janela, estava uma bela ave que entoava um cântico, agradando a minha audição.<br />

Aquela canção soava como um hino <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>, vindo da mais dócil criatura que vive<br />

alegre na sua pura ignorância, sem traços <strong>de</strong> malda<strong>de</strong>.<br />

Ao sentir um buraco no estômago, coloquei os pés no chão frio para obe<strong>de</strong>cer aos<br />

meus instintos primitivos. Nesse momento, sentia o mais básico <strong>de</strong>les. A fome.<br />

Vi-me como um animal moribundo, procurando <strong>de</strong>sesperadamente por uma presa.<br />

Não com a intenção <strong>de</strong> a ferir, mas sim <strong>de</strong> me nutrir. Como sou um animal irracional,<br />

não penso. Sinto fome, e a única forma <strong>de</strong> a saciar, é atacando alguém inferior a mim na<br />

or<strong>de</strong>m natural das coisas.<br />

Em cima da mesa estava uma cesta com frutas saudáveis e <strong>de</strong>liciosas. Laranjas,<br />

pêras, abacaxis, mangas, maçãs vermelhas, uvas brancas e redondas, diospiros que se<br />

assemelham a tomates, figos, ameixas, pêssegos, cerejas…Uma enorme varieda<strong>de</strong>.<br />

Então comi uma san<strong>de</strong>s mista e um iogurte <strong>de</strong> banana.<br />

Quando assassinei a fome, senti que não <strong>de</strong>tinha mais a minha fragrância pessoal.<br />

Cheirava aos lençóis amarrotados on<strong>de</strong> vivi a passada noite <strong>de</strong> sono. Por isso meti-me na<br />

banheira.<br />

Deixei que a água percorresse toda a superfície do meu corpo, à medida que<br />

espalhava sabão. Aquele cheiro agradava-me. Porquê não sei.<br />

Limpei-me, vesti-me e saí pela porta para a rua.<br />

O gato angorá da vizinha roçou-se nas minhas pernas a ronronar. Não sei o que é<br />

que ele queria, mas o seu pêlo era macio e suave e a sua silhueta era elegante e esbelta.<br />

Depois o gato foi-se embora e subiu para uma árvore, saltando <strong>de</strong> galho em galho. É<br />

bastante ágil, o animal.<br />

Fui para um jardim. Sentei-me no banco a olhar para a paisagem. Vejo os cães a<br />

correr atrás uns dos outros, as folhas das árvores a cair sem vida, o vento a abanar o mais<br />

ínfimo pedaço <strong>de</strong> relva no chão, o riso das crianças que brincam às “escondidas”, sem

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