13.04.2013 Views

Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 54<br />

Apren<strong>de</strong> a Viver!<br />

O meu mundo é sensação. Eu quero que o meu mundo seja sensação. Não quero<br />

pensar tanto, aliás não quero pensar mais. Não quero compreen<strong>de</strong>r mais nada. Para quê?<br />

As palavras elaboradas só complicam, as frases feitas só servem para nos enganar e só<br />

enganam quem as quer enten<strong>de</strong>r. Não preciso <strong>de</strong> perceber, as coisas que não são para<br />

perceber, são apenas para serem sentidas e vividas <strong>de</strong> uma maneira pura, bela, alegre<br />

apenas com simplicida<strong>de</strong>, naturalida<strong>de</strong> e passivida<strong>de</strong>. Para quê querer falar quando não<br />

há nada para dizer, para quê querer explicar se não há explicação possível? Porque<br />

teimas em arranjar resposta para tudo o que fazes? Nada disso interessa, só interessa o<br />

que sentimos no momento, o que queremos fazer naquele instante e agir, agir sem pensar<br />

no que acontece <strong>de</strong>pois. Esquece o passado e o futuro, só importa o agora. Porque se<br />

pensarmos garanto-te que não vai saber tão bem, não vai ser tão mágico como se o<br />

fizeres voluntária e espontaneamente. O instante não se repete, se não fizeres na altura o<br />

que sentes, como se fosse uma força que te empurra, que te move o corpo e te faz actuar<br />

sem dares por isso, não o vais fazer nunca mais. Porque, por mais que o queiramos<br />

repetir, a ocasião já passou, aí já estamos a pensar no que vamos fazer, já não são as<br />

sensações que nos movem e já nada será igual. E são esses instantes perdidos que <strong>de</strong>pois<br />

dão lugar a <strong>de</strong>sculpas, a explicações que tentam cobrir o vazio que <strong>de</strong>ixámos porque não<br />

agimos quando sentíamos que o <strong>de</strong>víamos ter feito. Mas também te digo que são esses<br />

instantes em que po<strong>de</strong>mos fazer das nossas acções mil palavras e sentimos que dissemos<br />

tudo sem precisar <strong>de</strong> dizer nada, porque não há nada para dizer, apenas para sentir.<br />

Quero apren<strong>de</strong>r a ver sem estar a pensar, vou tentar não encontrar um sentido às<br />

coisas. Não quero imaginar se está certo ou errado. Só me interessa viver. Utilizar todos<br />

os meus sentidos, privilegiando a visão, para po<strong>de</strong>r observar o mundo e senti-lo <strong>de</strong> todas<br />

as maneiras possíveis. Envolver-me com tudo o que me ro<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um modo intenso e<br />

completo, para po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> toda a sua beleza. E tu <strong>de</strong>vias fazer o mesmo, já te<br />

disse que também te po<strong>de</strong>s sentir assim…Pára! Sente o cheiro do mar, ouve o barulho<br />

das ondas e das gaivotas, <strong>de</strong>scalça-te e sente a areia nos pés. Não é bom sentires a praia<br />

como aquilo que ela é mesmo na realida<strong>de</strong>?<br />

Não gostas que te diga estas coisas, porque para ti tudo o que fazes tem um<br />

propósito, uma razão <strong>de</strong> ser, para ti a vida tem <strong>de</strong> ser meticulosamente calculada, como<br />

aqueles gráficos estatísticos que, por exemplo, analisam os meios <strong>de</strong> transporte que os<br />

portugueses habitualmente usam. E se um dia todos <strong>de</strong>cidirem trocar, se aqueles que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!