Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais
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<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 32<br />
Memórias <strong>de</strong> Infância<br />
Hoje, recordo os Natais passados na casa dos meus avós maternos.<br />
A casa dos meus avós fica situada numa pequena al<strong>de</strong>ia, chamada Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Santa<br />
Margarida, no concelho <strong>de</strong> Idanha-a-Nova.<br />
Quando se aproximava a época natalícia, lembro-me <strong>de</strong> contar os dias, parecia que o<br />
tempo nunca mais passava.<br />
A casa dos meus avós era muito acolhedora, existia um gran<strong>de</strong> jardim on<strong>de</strong> as camélias<br />
brancas e vermelhas alegravam os dias cinzentos e frios do Inverno. Ao fundo do jardim havia<br />
um forno a lenha, oliveiras e laranjeiras.<br />
Guardo na memória o sorriso da minha avó, os seus abraços e beijos. Quando chegava,<br />
ela abraçava-me com tanto carinho…<br />
Na véspera da Noite <strong>de</strong> Natal, havia sempre gran<strong>de</strong> agitação. Eu, os meus primos e os<br />
meus avós íamos à quinta cortar o pinheiro e apanhar musgo para <strong>de</strong>corarmos a árvore <strong>de</strong> Natal e<br />
o presépio. A ida à quinta era sempre um divertimento, adorava apanhar o musgo macio e bem<br />
verdinho. Ao longe, avistava-se a Serra da Estrela coberta <strong>de</strong> neve, era um espectáculo<br />
maravilhoso.<br />
A casa era <strong>de</strong>corada com a colaboração <strong>de</strong> todas as crianças. A minha avó, a minha mãe<br />
e as minhas tias faziam as filhós e outras sobremesas. A casa enchia-se <strong>de</strong> aromas. As crianças<br />
gostavam <strong>de</strong> mexer na massa das filhós e eu divertia-me a ajudar. Ainda hoje guardo na memória<br />
o cheiro do forno a lenha on<strong>de</strong> se cozia o pão.<br />
Na noite <strong>de</strong> Natal toda a família se reunia. Havia muita comida, risos e brinca<strong>de</strong>iras. À<br />
meia-noite, toda a família ia à Missa do Galo. No adro da igreja ardia um gran<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iro. No<br />
final da missa, beijava-se o menino Jesus por entre cânticos <strong>de</strong> alegria. À saída, havia sempre um<br />
magnífico fogo <strong>de</strong> artifício e um gran<strong>de</strong> balão. Por volta das duas da manhã, íamos para casa e<br />
toda a gente colocava uma bota na chaminé para que o Pai Natal <strong>de</strong>ixasse os presentes. A<br />
agitação e ansieda<strong>de</strong> eram tão gran<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>morava muito tempo para adormecer. A primeira<br />
criança a acordar, chamava as outras e por entre correrias e gritos <strong>de</strong> alegria, cada um procurava<br />
a sua bota e com nervosismo abriam-se os presentes.<br />
Agora, continuo a passar os Natais na casa dos meus avós maternos mas, infelizmente, já<br />
não posso partilhar a sua companhia. Os meus primeiros Natais ficarão para sempre guardados<br />
na minha memória.<br />
Cátia Domingues<br />
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