<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 22 Praia Enterrou os pés na areia quente que o sol, agora a pôr-se no horizonte, aquecera durante a tar<strong>de</strong>. Fechou os olhos por um momento e inspirou profundamente o odor intenso da brisa marítima. Sentiu um leve enjoo, por isso, abriu os olhos novamente. Caminhou em direcção ao mar, agora a <strong>de</strong>scansar <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> um dia <strong>de</strong> batalhas travadas e <strong>de</strong> espuma <strong>de</strong>rramada. Sentou-se e per<strong>de</strong>u-se por um breve momento nos rochedos à sua esquerda. Como eram altos e laminados, sofridos das guerras que haviam travado com o furioso mar. Desviou novamente o olhar para o mar. O mar… rebelião, fúria, beleza, tranquilida<strong>de</strong>. Uma mistura <strong>de</strong> ver<strong>de</strong>s e azuis imperceptivelmente separados numa imensidão <strong>de</strong> sentimentos. Distraidamente, passou a mão na areia leve, branca, eterna amante do mar. Reparou nas pegadas que foram outrora <strong>de</strong>ixadas por gaivotas estri<strong>de</strong>ntes, por pessoas que apenas queriam aproveitar o Senhor Sol, em vez <strong>de</strong> apreciarem a beleza daquele lugar. As pessoas… gente mesquinha e <strong>de</strong>masiado ocupadas para apreciar o que quer que fosse, para além dos seus sobrecarregados horários. Voltou novamente a olhar para as pegadas, para a areia mártir, que se <strong>de</strong>ixava pisar… Uma pequena onda, filha bastarda do mar, trouxe novamente a brisa com sabor a sonhos. Desta vez não enjoou. Ficou sim, a tentar separar os diferentes odores e as histórias que a eles vinham agarradas, <strong>de</strong> terras distantes, talvez. Pegou numa concha trazida pelo mar. Era quebrada numa das pontas mas, mesmo assim, nenhuma das circundantes se lhe comparava em beleza e perfeição. Fechou, mais uma vez, os olhos, tentando captar a essência dos sons. A conversa das gaivotas, o som contínuo das ondas a darem, cansadas, à costa; o uivo do vento que, suavemente fazia com que o seu cabelo doirado, como a areia, dançasse ao sabor das ondas. Per<strong>de</strong>u-se. Em pensamentos, no mar, nas rochas, em si. O sol, esse, já ia longe, iluminar a outra meta<strong>de</strong> do mundo. Dava agora lugar á lua, rainha da noite, esplendorosa e extremosa mãe para com as suas pequenas, formosas e brilhantes filhas – as estrelas. Mariana adormeceu ali mesmo, na praia que tanto adorava, amiga <strong>de</strong> pensamentos e brinca<strong>de</strong>iras. Mariana adormeceu embalada pelas ondas frias e acolhedoras. Mariana adormeceu. Catarina Lopes 10º A
L’ Amour et l’ Amitié <strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 23