Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais
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<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 18<br />
Descrição <strong>de</strong> uma paisagem<br />
Estava Henrique à janela do quarto que habitava em Alvapenha. Gozava ali <strong>de</strong><br />
um panorama extenso e ameníssimo. A tar<strong>de</strong> parecia <strong>de</strong> Primavera. Henrique corria com<br />
prazer a vista pelos diferentes lugares da quinta.<br />
Ro<strong>de</strong>ada por <strong>de</strong>nsas sebes e árvores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, a quinta, vasta, espaçosa era,<br />
sem dúvida, o lugar i<strong>de</strong>al para albergar um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> animais.<br />
Ao fundo, avistou os belos cavalos <strong>de</strong> competição, criados na lezíria, que se<br />
refrescavam nas águas límpidas e cristalinas do pequeno riacho, que nascia nas gran<strong>de</strong>s<br />
colinas por <strong>de</strong>trás do bosque e corria até ali.<br />
Os tratadores <strong>de</strong>slocavam-se, atarefadamente, em todas as direcções,<br />
transportando <strong>de</strong>scomunais fardos <strong>de</strong> feno e bal<strong>de</strong>s com alimento para os animais.<br />
Do lado esquerdo, sentada à sombra <strong>de</strong> um castanheiro, junto à horta, avistou<br />
Mariana. Com uma serenida<strong>de</strong> invulgar, lia um livro pacificamente. Contemplava-a,<br />
maravilhado, tudo nela era especial: os cabelos compridos, dourados, que esvoaçavam ao<br />
sabor do vento, a pele clara e <strong>de</strong>licada, os olhos ver<strong>de</strong>s que tanto o perturbavam….<br />
Desviou o olhar daquela que tanta paz lhe transmitia e divertia-se a observar os<br />
comportamentos dos animais.<br />
Junto à fonte românica, <strong>de</strong> pedra, que se encontrava mesmo em frente à sua<br />
varanda, um grupo <strong>de</strong> galinhas lutava pelo milho, enquanto a água corria<br />
incessantemente. Mas, logo <strong>de</strong> repente, surgindo um pardal em voo picado, <strong>de</strong>pressa as<br />
afugentava. No pátio, o feroz pastor-alemão que guardava a quinta dormia<br />
sossegadamente.<br />
Henrique admirava, extasiado, os extensos campos floridos, que anunciavam já a<br />
chegada do mês <strong>de</strong> Março. Amplos, abertos, neles as flores <strong>de</strong>ixavam-se embalar pelo<br />
brisas primaveris. Uma imensa e extraordinária diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies era razão do seu<br />
fascínio: <strong>de</strong> todas as cores e tamanhos possíveis, malmequeres, tulipas, girassóis,<br />
<strong>de</strong>sfrutavam agora dos últimos raios <strong>de</strong> sol.<br />
Começava então a vislumbrar aquele que era o seu momento preferido do dia, o<br />
pôr-do-sol. Por <strong>de</strong>trás do bosque, à direita dos estábulos, dispunha <strong>de</strong> uma imagem<br />
avassaladora. Encantado, Henrique observava o astro-rei, que passava <strong>de</strong> um<br />
luminescente amarelo a alaranjado, adquirindo naquele instante uma magnífica cor<br />
avermelhada, lembrando um fogo incan<strong>de</strong>scente, ao mesmo tempo que <strong>de</strong>scia,<br />
vagarosamente, nas alturas, até <strong>de</strong>saparecer no meio da vegetação.