13.04.2013 Views

Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

Pedaços de Noz 2007 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Descrição <strong>de</strong> uma paisagem<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> | 17<br />

À sua volta estendiam-se extensos matagais numa calma e maravilhosa monotonia. Com<br />

a sua quietu<strong>de</strong> aquele lugar embalava-o como se fosse um bebé. Como música <strong>de</strong> fundo ouvia-se<br />

o melodioso cantar dos pássaros e o eco dos seus passos ao pisar as folhas secas e vivas do<br />

Outono.<br />

Aquilo <strong>de</strong> que mais gostava era <strong>de</strong> ouvir o som das folhas a <strong>de</strong>sfazerem-se <strong>de</strong>baixo dos<br />

seus pés. Naquela encantadora tranquilida<strong>de</strong> o som ecoava como se <strong>de</strong> tiros se tratasse,<br />

anunciando uma guerra futura e próxima. Por isso mesmo gostava <strong>de</strong> pisar as folhas! Não pelo<br />

seu som anunciar uma guerra, muito pelo contrário. Era precisamente o facto <strong>de</strong> conseguir ouvir<br />

os seus próprios passos que o alegrava e maravilhava, pois vinha mostrar-lhe a paz que reinava<br />

naquele lugar. A paz era reflexo do que pulsava no seu coração.<br />

Rodrigo adorava aquele lugar! Principalmente no Outono, quando o chão se enchia <strong>de</strong><br />

folhas secas, <strong>de</strong> inúmeros e incontáveis tons <strong>de</strong> amarelo, laranja e vermelho. As folhas que<br />

iluminavam o chão eram <strong>de</strong> cores tão vivas e quentes que parecia que este ardia <strong>de</strong>baixo dos seus<br />

pés, mas sem nunca o queimar. Estas eram como pequenas labaredas <strong>de</strong> fogo tão brilhante e<br />

intenso que, às vezes, parecia que o cegava. Nesse fogo ele gostava <strong>de</strong> se <strong>de</strong>itar para <strong>de</strong>scansar,<br />

pensar e reflectir.<br />

A luz e alegria naquele lugar era uma constante porque apesar <strong>de</strong> estar coberto <strong>de</strong> faias,<br />

por todo o lado, estas <strong>de</strong>ixavam passar clarida<strong>de</strong> suficiente para o iluminar tornando-o mágico e<br />

misterioso. O seu lugar secreto, o lugar que ele adorava!<br />

Procurou a faia à sombra da qual se costumava sentar. Era uma faia com um tronco<br />

ligeiramente mais grosso do que as outras. Des<strong>de</strong> pequeno que sempre a imaginara como sendo a<br />

mãe <strong>de</strong> todas as outras faias.<br />

Sentou-se. Conseguia sentir o tronco áspero e rugoso da faia nas suas costas e, nas suas<br />

mãos, a suavida<strong>de</strong> e macieza das folhas que se encontravam espalhadas pelo chão.<br />

Fechou os olhos e inspirou fundo diversas vezes. Conseguia sentir o ar puro, limpo e<br />

carregado <strong>de</strong> aromas <strong>de</strong>licados a entrar e a sair dos seus pulmões, purificando a sua alma. Os<br />

odores que mais conseguia sentir eram o da terra húmida que dava vida às árvores e o das folhas<br />

já mortas e secas.<br />

Rodrigo era capaz <strong>de</strong> ficar ali horas sem pensar nem fazer nada, livre dos problemas e<br />

protegido das malda<strong>de</strong>s do mundo pela fragilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rosa e grandiosa daquele faial.<br />

Rita Pereira<br />

10º A

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!