Pedaços de Noz 2001 - Escola Secundária Stuart Carvalhais
Pedaços de Noz 2001 - Escola Secundária Stuart Carvalhais
Pedaços de Noz 2001 - Escola Secundária Stuart Carvalhais
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong>
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 2<br />
Título: <strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong><br />
Autores: alunos da <strong>Escola</strong> <strong>Secundária</strong> <strong>Stuart</strong> <strong>Carvalhais</strong><br />
Capa: Manuel Pereira<br />
Coor<strong>de</strong>nação: Professores <strong>de</strong> Português<br />
Colaboração: Professores <strong>de</strong> Artes Visuais<br />
<strong>Escola</strong> <strong>Secundária</strong> <strong>Stuart</strong> carvalhais – 402825<br />
Rua dos Jasmins: 2745-796 Massamá<br />
Tel: 21 430 75 10 – Fax: 21 430 75 15<br />
E-mail: escolastuart@sapo.pt
Prefácio •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 3<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
________________________________________________<br />
• Escreva um prefácio possível para abertura <strong>de</strong>sta antologia e faça-o<br />
chegar à escola <strong>de</strong> origem.
O Poema •<br />
As palavras dão-se bem<br />
No<br />
Poema.<br />
Encontram novas cores<br />
E<br />
A beleza irrompe<br />
Em<br />
Inconcebíveis reflexos<br />
Em<br />
Não-palavras<br />
No sentido infinito<br />
De todas as coisas,<br />
Todas as coisas,<br />
Todas as coisas,<br />
Todas as coisas .<br />
• Inês Tiago, nº 16, 7º B, 99/00<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 4
Sem título •<br />
A poesia é um romance,<br />
Que procura um final feliz.<br />
A poesia é um pirata,<br />
Que procura o seu tesouro.<br />
A poesia é uma sereia,<br />
Que canta alegremente.<br />
A poesia é uma nação,<br />
Que procura ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />
A poesia é um menino,<br />
Que brinca no jardim.<br />
A poesia é um mendigo,<br />
Que procura abrigo.<br />
A poesia é um exército,<br />
Que pe<strong>de</strong> paz.<br />
A poesia, afinal,<br />
É o mundo em versos.<br />
• Daniela Lima, 7º A, nº 11, 99/00<br />
NAVEGAR<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 5
Sonhei •<br />
Sonhei que navegava ao vento,<br />
Ao sabor da luz do luar<br />
Sempre com ambições no pensamento<br />
Sonhava que uma esperança ia ganhar.<br />
Os meus sonhos encantaram<br />
A beleza <strong>de</strong> um olhar,<br />
Maravilhas da vida realizaram<br />
Ao verem a beleza do meu mar.<br />
Agora os meus sonhos têm velas<br />
Que fazem o meu barco andar<br />
E quando chegam ao porto vão <strong>de</strong>sembarcar<br />
Para um sonho <strong>de</strong> encantar.<br />
• Filipa Tavares, nº 8, 12º J<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 6
Se eu fosse...Tu serias... •<br />
Se eu fosse um barco,<br />
Tu serias o meu mar.<br />
Se eu fosse uma flor,<br />
Tu serias a minha terra.<br />
Se eu fosse um planeta,<br />
Tu serias o meu sol.<br />
Se eu fosse um rio,<br />
Tu serias a minha nascente.<br />
Se eu fosse uma artéria,<br />
Tu serias o meu coração.<br />
Se eu fosse um vulcão,<br />
Tu serias o meu magma.<br />
Se eu fosse o universo,<br />
Tu serias o meu criador.<br />
• Daniela Lima, 7º A, nº 22, 99/00<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 7
Tempesta<strong>de</strong> •<br />
A vida é como uma tempesta<strong>de</strong><br />
On<strong>de</strong> o mundo é um barco<br />
Que naufraga no meio do mar<br />
On<strong>de</strong> a dor é a gélida água que nos toca<br />
On<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sespero é o negro horizonte<br />
Sempre igual.<br />
On<strong>de</strong> o terror são os raios<br />
On<strong>de</strong> os gritos são os trovões<br />
On<strong>de</strong> os que nos amam<br />
São aqueles que nos vão buscar<br />
Se formos ao fundo<br />
E on<strong>de</strong> a esperança é...<br />
A tábua à qual nos agarramos !<br />
• Joana Carvalhal, nº9, 9º A, 15 anos<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 8
Ao olhar o mar •<br />
Ao olhar o mar,<br />
Em toda a sua plenitu<strong>de</strong>,<br />
Sinto a nostalgia<br />
Cinzenta das nuvens do céu<br />
Que, em brisa lenta,<br />
Correm e suavizam a dor <strong>de</strong> te amar<br />
No meu coração.<br />
• Ana Filipa Silva Veludo nº 1, 10º G<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 9
Numa muralha à beira mar... •<br />
Numa muralha à beira mar...<br />
Estava ela sentada a chorar.<br />
Aproximei-me e vi muita dor no seu olhar,<br />
Um olhar triste...<br />
Mas, ao mesmo tempo, um olhar doce...<br />
Numa muralha à beira mar...<br />
Aproximei-me para a confortar,<br />
Mas a triste criança não parava <strong>de</strong> chorar.<br />
Pouco a pouco, a sua história acabou <strong>de</strong> contar:<br />
Tinha perdido os seus pais numa batalha <strong>de</strong> horror,<br />
Vivia agora num país on<strong>de</strong> reinava a discriminação,<br />
Num país on<strong>de</strong> não tinha amor!<br />
Numa muralha à beira mar...<br />
Pouco a pouco, ia <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> chorar<br />
E as lágrimas começou a limpar,<br />
Pois viu que nem todos a queriam <strong>de</strong>sprezar<br />
E que no Mundo havia gente boa, pronta para ajudar.<br />
Numa muralha à beira mar...<br />
Estendi-lhe a mão...<br />
E disse-lhe que o que importava<br />
Não era a cor da pele, mas sim o que ia no coração!<br />
• Andreia Filipe n.º 1, Cláudia Paulo n.º 3, 9º F<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 10
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 11<br />
E senti-me lá no alto, mesmo no alto, para ver com olhos <strong>de</strong><br />
águia o Mundo e o Mar. Senti a tua falta. O arrepio da brisa era o arrepio<br />
da tua pele na minha e a roupa justa e quente o teu fugaz abraço.<br />
Recordações e <strong>de</strong>sejos.<br />
Senti a tua falta.<br />
Mas o pranto <strong>de</strong>svaneceu-se e o vento amainou. Toda a brisa é<br />
a mão tépida,<br />
Toda a roupa é o teu corpo.<br />
Já não sinto a tua falta... porque estás sempre comigo.<br />
• Isabel Pereira, 12º E
Rio na Sombra •<br />
Som<br />
Frio.<br />
Rio<br />
Sombrio.<br />
O longo som<br />
Do rio<br />
Frio.<br />
O frio<br />
Bom<br />
Do longo rio.<br />
Tão longo,<br />
Tão bom,<br />
Tão frio<br />
O claro som<br />
Do rio<br />
Sombrio!<br />
• Raquel Rodrigues, nº23, 7º B, 99/00<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 12
Tristeza •<br />
Que infinita tristeza eu sinto<br />
Por sentir uma dor que não se vê,<br />
Por crer naquilo que ninguém crê<br />
E não saber a razão<br />
Tantos direitos, tantas igualda<strong>de</strong>s,<br />
Tantos erros na humanida<strong>de</strong><br />
Tiram-nos o prazer <strong>de</strong> viver,<br />
Tiram-nos o gosto <strong>de</strong> crescer.<br />
Se em pequenos o amor conquistámos,<br />
Em crescidos o amor per<strong>de</strong>mos<br />
Daqueles que tanto nos protegiam<br />
E agora tornam-se fingidos.<br />
Mas que infinita dor eu sinto<br />
Por ver o dia amanhecer,<br />
Por ver a noite aparecer<br />
E não saber em quem acredito.<br />
Palavras frias e duras,<br />
Gestos falsos e suspeitos<br />
Vindos <strong>de</strong> um tempo em que a cura<br />
É sentir a alegria nos nossos peitos.<br />
Tantas conversas já perdidas,<br />
Ignoradas por não darem valor<br />
A todas as i<strong>de</strong>ias vindas<br />
De um coração cheio <strong>de</strong> amor.<br />
• Joana Carvalhal, nº 9, 10º A, 15 anos<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 13
Sem título •<br />
Ser mulher é tecer um manto<br />
Infinito<br />
De mágoas entrelaçadas<br />
No rasgar<br />
De um sorriso<br />
Bonito.<br />
É povoar sonhos<br />
E misturar<br />
Riso com pranto.<br />
É ter<br />
O conhecimento<br />
Das pedras... do Céu... do mar.<br />
E firme afirmar<br />
Que a <strong>de</strong>rrota<br />
É o efémero momento<br />
Que foge c’o vento.<br />
É<br />
Amor...sofrer...cantar<br />
As lágrimas com que me contento<br />
Quando o <strong>de</strong>stino<br />
Não me faz chorar.<br />
• Lara, 9º C<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 14
Loucura •<br />
Algo que sente sem se perceber,<br />
Algo que acontece sem querer.<br />
É um...<br />
Louco<br />
Olhar<br />
Unido<br />
Com<br />
Um<br />
Raro<br />
Amor<br />
• Marta Melo, nº 12, 12º E<br />
• Carla Costa, nº 8, 7º B<br />
Ilustração nº 1 •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 15
O Fim •<br />
Não consigo ver-me ao espelho<br />
Porque não gosto <strong>de</strong> mim...<br />
Será que passa? Não!<br />
Vou pôr um fim!<br />
Não consigo falar,<br />
Não consigo pensar...<br />
Não me <strong>de</strong>ixam respirar,<br />
Pára <strong>de</strong> te massacrar! ( <strong>de</strong>siste! )<br />
Vou <strong>de</strong>sistir,<br />
Vou-me entregar...<br />
Levem-me daqui,<br />
Para nunca mais voltar!<br />
A sauda<strong>de</strong> e a tristeza<br />
São difíceis <strong>de</strong> esquecer...<br />
Já ninguém me atura,<br />
Só me apetece morrer!<br />
Sinto-me só<br />
E sem amparo...<br />
Vejo o fim da minha linha<br />
E nunca mais paro!<br />
A queda aproxima-se<br />
E não me vou agarrar...<br />
Porque me o<strong>de</strong>io<br />
E me quero refugiar!<br />
Não peçam para ficar,<br />
Que é pedir <strong>de</strong>mais...<br />
Deixem-me partir,<br />
Incomodo os <strong>de</strong>mais!<br />
• Ana Bento, nº 3, 9º E, 15 anos<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 16
Será que me sinto bem?<br />
Será que é só um <strong>de</strong>sabafo?<br />
É uma fase inconstante<br />
Que com a dor abafo.<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 17
Sem título •<br />
Paixão que quererá dizer? Amor, loucura...<br />
Quem sabe!<br />
Palavra com sentimento!<br />
Sentimento esse que faz <strong>de</strong>spertar emoção<br />
Sobre algo ou alguém.<br />
Alegria!...<br />
Significa amigos, divertimento<br />
Sobre os prazeres que a vida tem!...<br />
... e que nos faz sentir bem...<br />
Tristeza!...<br />
Palavra que por ninguém é <strong>de</strong>sconhecida...<br />
Apesar <strong>de</strong> fazer sofrer e magoar<br />
Corações fortes e fracos, ninguém a esquece<br />
Apenas tenta perdoá-la por existir<br />
Mas ninguém se consegue separar <strong>de</strong>la...<br />
Amor!<br />
Significará o mesmo que paixão?<br />
Com certeza que não!...<br />
É um sentimento ainda mais forte que só<br />
Sabe <strong>de</strong>spedaçar os nossos inocentes corações...<br />
Mas também sabe dar-nos prazer, alegria, e<br />
Muitas outras coisas que não se escrevem<br />
Mas se vivem...<br />
Vida!...<br />
Outra palavra difícil do nosso dicionário<br />
Que, senão fosse a mesma....<br />
Nós, os seres humanos não existiríamos<br />
Nem nunca nos encontraríamos.<br />
• Isabel Claro n.º 13, 12ºJ<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 18
O velho... •<br />
Ilustração nº 2 •<br />
Lágrimas...pérolas...transparentes...<br />
Escorrem por um rosto cicatrizado pelo tempo...<br />
Fortes recordações adormecidas na memória...<br />
Árvore <strong>de</strong> sabedoria e inteligência...<br />
Abate-se com o simples soprar do vento...<br />
Levantar?!... É impossível...<br />
A força da vida já não o permite...<br />
• Ivo Antunes, nº 11, 11º F, 16 anos<br />
• Patrícia R., nº 23, 11º D<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 19
Lamentos amorosos •<br />
Falo, sem falar.<br />
Expresso a tristeza do meu pensamento<br />
E ecoa o meu lamento,<br />
Encontro tudo naquele olhar!<br />
O coração abre a porta para amar.<br />
Será um julgamento?<br />
Será um atrevimento?<br />
Talvez seja o amor a querer voltar!<br />
Na certeza, a confusão.<br />
No amor, a <strong>de</strong>sconfiança.<br />
Na amiza<strong>de</strong>, a infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>.<br />
Será ilusão?<br />
Será mudança?<br />
Ou será apenas sincerida<strong>de</strong>?<br />
• Andreia, nº 5, 11º I<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 20
Vulnerável •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 21<br />
Exponho-me...<br />
Sou a verda<strong>de</strong> nua e crua!<br />
Vivo, erro sem enten<strong>de</strong>r porquê<br />
E sofro. Chego a achar-me <strong>de</strong>sesperada.<br />
Mas para quê tanto? Pobre alma...<br />
Tantos que sofrem como eu<br />
E eu egoísta, aqui a pensar no meu sentimento...<br />
Por vezes vulnerável<br />
Consequentemente fraca!<br />
Faço uma analepse,<br />
Sinto que os sentimentos que me moldaram foram alvíssaras,<br />
Mas, na minha visão maniqueísta, quase sempre os seres humanos são<br />
bons.<br />
Encontro-me...<br />
O que sou agora?<br />
Uma mera hipérbole <strong>de</strong> sentimento...<br />
Com receio,<br />
Imagino uma prolepse,<br />
O que posssivelmente serei<br />
“canto-o” sem perífrases:<br />
Nada.<br />
Porquê tão pouco?!<br />
As elipses acumulam-se na narração da minha vida,<br />
Assim como<br />
“ O ódio seria em mim sauda<strong>de</strong> infinda,<br />
Mágoa <strong>de</strong> o ter perdido, amor ainda”.<br />
Amor ainda?<br />
Talvez para sempre.<br />
E é o amor;<br />
Esse poeta com fome e se<strong>de</strong> <strong>de</strong> infinito<br />
Que faz do nada que po<strong>de</strong>rei ser<br />
Uma vida esperançosa.<br />
• Liliana Leite, nº15, 12º J
Racismo •<br />
Um olhar triste<br />
No rosto <strong>de</strong> uma criança.<br />
Um olhar triste<br />
Sem nenhuma esperança.<br />
O seu pensamento<br />
Está revoltado<br />
Por se sentir <strong>de</strong>sprezado.<br />
Então pensou...<br />
Será a sua cor<br />
A causa <strong>de</strong> tanta dor?<br />
O seu coração<br />
Está partido<br />
E está <strong>de</strong>primido.<br />
Não sabe o porquê<br />
De ser <strong>de</strong>sprezado...<br />
Não sabe o porquê<br />
De ser ignorado...<br />
Mas sabe que a sua cor<br />
Não tem <strong>de</strong> causar dor.<br />
O importante não é a cor,<br />
O importante é o amor!<br />
• Tânia n.º 25, Luísa n.º 16, 9º F<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 22
À morte do amor •<br />
Ilustração nº 3 •<br />
Foi numa noite <strong>de</strong> luar,<br />
Nesse luar nasceu o amor.<br />
Amor que <strong>de</strong>u em azar,<br />
Azar que <strong>de</strong>struiu o amor.<br />
Amor que me queimava,<br />
Que queimava o meu coração.<br />
Coração que me mostrava,<br />
Que iria haver uma traição.<br />
Como mostrava o meu coração,<br />
Houvesse mesmo uma traição,<br />
Que foi uma maldição.<br />
Oh! Que <strong>de</strong>stino cruel<br />
Que trouxeste esta maldição,<br />
Traição que me levou o coração<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 23<br />
• Cátia Rego, nº6, Cláudia Ferreira, nº7, Cláudia Crespo, nº 8 , 11º J<br />
• Carla Florindo, nº 3, 12º E
A morte... •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 24<br />
Tu...<br />
Sim, tu ! ?<br />
Tu que te escon<strong>de</strong>s na sombra escura e melancólica <strong>de</strong> cada um...<br />
Tu que para sobreviveres nos tiras a vida...<br />
Tu que nos transformas num pedaço <strong>de</strong> nada...<br />
Tu que nos sufocas com o cruel fogo do <strong>de</strong>stino...<br />
Tu que finalmente, nos mostras o teu caminho...<br />
Tu...Tu... Somente...<br />
Tu... A única certeza na vida...<br />
És tu... ... A Morte<br />
• Ivo Antunes, nº11, 11ºF, 16 anos
Solidão... •<br />
Ilustração nº 4 •<br />
Solidão é sentir<br />
Que todas as portas<br />
Se fecham para ti.<br />
É pensar<br />
Que todos os teus pensamentos<br />
Se foram numa nuvem escura e<br />
Cheia <strong>de</strong> sonhos que ninguém<br />
Po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r.<br />
É sentir que o corpo e a alma<br />
Estão tristes.<br />
É saber que tudo acabou mal e<br />
Que o sonho não se realizou!<br />
...<br />
• Cátia Afonso, nº9, 7º B<br />
• Carla Sofia Costa, nº 10, 11º D<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 25
À morte <strong>de</strong> um amigo •<br />
Tristeza, mágoa, um vazio sem fim,<br />
É tudo o que hoje sinto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim.<br />
Tristeza, mágoa, uma dor sem fim,<br />
É tudo o que hoje resta <strong>de</strong> mim.<br />
Uma lembrança constante é o que resta <strong>de</strong> ti,<br />
Espero que do Céu tu olhes por mim.<br />
Uma lembrança constante <strong>de</strong> quanto eu gostava <strong>de</strong> ti.<br />
Espero que a tua morte não seja o fim.<br />
A<strong>de</strong>us, amigo, ainda choro por ti.<br />
Nunca esquecerei o que fizeste por mim.<br />
Depois da morte, pouco resta <strong>de</strong> ti.<br />
Nada mudou, viverás aqui.<br />
É no meu coração que está uma imagem <strong>de</strong> ti.<br />
Nada mudou, viverás aqui.<br />
• Ana Freitas, nº 1, Cristina Freitas, nº 9, 11º J<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 26
O Mar •<br />
Ilustração nº 5 •<br />
Tenho um búzio comigo<br />
Que apanhei à beira mar<br />
E ponho-o ao meu ouvido<br />
Quando o mar quero escutar.<br />
Furioso e apressado,<br />
O mar enrola na areia,<br />
Fica muito cansado<br />
Por consigo trazer uma sereia.<br />
Há muita riqueza<br />
No fundo <strong>de</strong> ti, mar,<br />
Mas és a maior beleza<br />
Que se po<strong>de</strong>, em ti, achar.<br />
• Daniela Lima, 7º A, nº 11, 99/00<br />
• Helena Carvalho, nº 15, 11º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 27
Cantiga <strong>de</strong> amigo •<br />
Mentiste, ai amigo,<br />
Por isso eu te digo:<br />
Em breve, vingar-me-ei !<br />
Mentiste, ai amado,<br />
Por isso eu <strong>de</strong>claro:<br />
Em breve, vingar-me-ei !<br />
Por isso eu te digo:<br />
Não estarás mais comigo,<br />
Em breve, vingar-me-ei !<br />
Por isso eu <strong>de</strong>claro,<br />
Não me verás mais, amigo.<br />
Em breve, vingar-me-ei !<br />
• Vanessa Assunção, nº24, 10º A, 15 anos<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 28
Metamorfose •<br />
Ilustração nº 6 •<br />
Uma lágrima vai<br />
Caindo<br />
No fundo do meu coração.<br />
Um sorriso vai<br />
Subindo<br />
Do meu poço <strong>de</strong> solidão...<br />
A noite-noite é já um quase<br />
Ser dia.<br />
O feio-feio como por magia<br />
Já tem beleza.<br />
Tu chegas, nasce alegria.<br />
Tu partes, fica<br />
Tristeza.<br />
• Lara, 9º C<br />
• Ana Teresa Serralheiro, nº 2, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 29
Cantiga <strong>de</strong> amigo•<br />
Amor, amor da minha vida<br />
Porque partiste e me <strong>de</strong>ixaste ferida?<br />
Será que o teu amor é como a água<br />
Que escorre pela vida<br />
Com um cheiro <strong>de</strong> partida?<br />
O meu <strong>de</strong>sespero está a chegar ao fim.<br />
Porque não me levaste?<br />
Porque não te <strong>de</strong>spediste?<br />
Será que o teu amor é como o fogo,<br />
Como a tocha <strong>de</strong> balão<br />
Que queima o meu coração?<br />
O meu <strong>de</strong>sespero está a chegar ao fim.<br />
Porque partiste e me <strong>de</strong>ixaste ferida?<br />
Será que o teu amor é como o ar<br />
Que se transforma em ventania<br />
E que sopra tudo em volta<br />
Trazendo sempre melancolias?<br />
O meu <strong>de</strong>sespero está a chegar ao fim.<br />
Porque não me levaste?<br />
Porque não te <strong>de</strong>spediste?<br />
Será que o teu amor é um ciclone<br />
Que leva tudo o que encontrar<br />
Fazendo o meu coração voar?<br />
O meu <strong>de</strong>sespero está a chegar ao fim.<br />
• Ana Gomes, 10º A<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 30
Sentimento Incerto •<br />
Ilustração nº 7 •<br />
É paixão, é amor.<br />
É um fogo a abrasar.<br />
É um leve vacilar.<br />
É prazer e é dor.<br />
É beleza, é ternura.<br />
É mistura e confusão.<br />
É alma e aflição.<br />
É coragem e bravura.<br />
Sentimento e incertezas?<br />
É algo ainda por <strong>de</strong>cifrar.<br />
Não sei se será dor!<br />
Um sorriso e tristezas,<br />
Uma voz muda, a falar.<br />
Quem sabe, talvez amor.<br />
• Vera, nº 17, 11º I<br />
• Rita, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 31
Cantiga <strong>de</strong> amor •<br />
Não rogo eu a Deus<br />
Para coragem me dar,<br />
Pois eu <strong>de</strong>la não preciso<br />
Para não me <strong>de</strong>clarar ,<br />
Para dizer apenas “olá” e “A<strong>de</strong>us”<br />
Todos os dias em meu redor<br />
E para guardar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim<br />
Tudo aquilo a que mia senhor<br />
Nunca disse que sim.<br />
Pois se tal senhor traiu meu coração,<br />
Meu coração voltou pois a trair,<br />
Pois me fez apaixonar<br />
Por quem nunca me quis amar,<br />
Meu mal é ser tão bela<br />
E tal beleza não po<strong>de</strong>r para sempre contemplar<br />
E se, com tal senhor não posso viver<br />
Porque me não diz logo tal <strong>de</strong>usa,<br />
Pois é injusto continuar a sofrer.<br />
Meu mal é querê-la tanto<br />
E ela não ter dó <strong>de</strong> mim<br />
Porque me <strong>de</strong>ixei pren<strong>de</strong>r pelo seu encanto<br />
E sofro cada vez que olho para ela e ela para mim,<br />
Mas sem tal beleza não me posso encontrar,<br />
Me diga logo tal perfeição,<br />
Pois não é justo sofrer por apenas amar<br />
E não queria por mia senhor, meu Deus,<br />
Deixar tão cedo <strong>de</strong> me enamorar.<br />
• Marta Catarina, nº13, 10º A<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 32
Sem título •<br />
Olhem para o mundo que estamos a matar,<br />
Olhem para as vidas que estamos a roubar,<br />
Olhem para os olhos que estão a chorar<br />
O caminho que sempre escolhemos.<br />
Olhem para o ódio que respiramos,<br />
Olhem para o medo que sentimos,<br />
Olhem para as mortes que criámos.<br />
O caminho que sempre escolhemos.<br />
Olhem para o sangue que <strong>de</strong>rramámos<br />
Com as armas que concebemos.<br />
Olhem para as lágrimas que <strong>de</strong>itámos.<br />
O caminho que sempre escolhemos.<br />
E o que vai restar?<br />
Nada mais para contar.<br />
Não há como voltar<br />
Do caminho que sempre escolhemos.<br />
• Filipa Tavares, n.º 8, 12º J<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 33
Sem título •<br />
Estou a morrer.<br />
Minha alma gela fria, esperando...<br />
Esperando pela chama que me aqueça...<br />
Esperando por alguém.<br />
Alguém próximo,<br />
Tão próximo como a Paixão,<br />
Alguém tão longe,<br />
Tão longe como a Esperança.<br />
Quero olhá-lo nos olhos,<br />
Senti-lo perto <strong>de</strong> mim...<br />
Perto, mas tão perto...<br />
Que nossas almas possam unir-se numa só.<br />
Data: no dia em que as águas inundaram a terra,<br />
as montanhas se separaram<br />
e o sol evaporou as lágrimas do meu coração.<br />
• Inês Carvalho, 8º A<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 34
Sem título •<br />
Ilustração nº 8 •<br />
Meu amor eu só vivo para te amar<br />
E se pu<strong>de</strong>sse, eu te poria num altar<br />
Para muitos beijos te dar<br />
E nesse caso <strong>de</strong> um altar não penso precisar.<br />
Eterno sofredor serei<br />
E <strong>de</strong>sta mágoa nunca mais sairei.<br />
Meu amor, sem ti não consigo viver,<br />
Quem me <strong>de</strong>ra mais uma vez te ver<br />
Teu amor me faz estremecer<br />
E tu ingrata mandaste-me pren<strong>de</strong>r.<br />
Eterno sofredor serei<br />
E <strong>de</strong>sta mágoa nunca mais sairei.<br />
Meu amor, eu só vivi para te amar,<br />
Mas nosso amor fui confessar,<br />
Mas não precisavas <strong>de</strong> minhas mãos atar<br />
E nosso amor apunhalar.<br />
Eterno sofredor serei<br />
E <strong>de</strong>sta mágoa nunca mais sairei.<br />
Meu amor, sem ti não consigo viver,<br />
No entanto, da minha janela te consigo ver<br />
Formosa e bela continuas a ser<br />
E para os braços <strong>de</strong> outro continuas a correr.<br />
Eterno sofredor serei<br />
E <strong>de</strong>sta mágoa nunca mais sairei.<br />
Quero-te esquecer e ignorar,<br />
Mas o meu coração continua a te amar.<br />
• Clara Santos n.º 7, 10ºA<br />
• Cláudia Sofia Matos, nº 12, 11º D<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 35
Sem título •<br />
Estas lágrimas que eu choro<br />
São <strong>de</strong> tristeza<br />
Por ver que há no mundo<br />
Tanta pobreza.<br />
Estas lágrimas que eu choro<br />
Deveriam ser <strong>de</strong> alegria,<br />
Por pensar que o mundo<br />
Po<strong>de</strong> mudar um dia.<br />
• Filipa n.º 11, Ariane n.º 6, 9º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 36
No meu sonho •<br />
Ilustração nº 9 •<br />
A lua cobre a terra <strong>de</strong> ternura.<br />
Eu sou feliz!<br />
A noite é o instante que<br />
Perdura...<br />
E eu sou feliz!...<br />
Até que o vento me<br />
Quebre o sonho <strong>de</strong> ser feliz<br />
Que a noite seja a noite<br />
Sem vento!<br />
Que nada me <strong>de</strong>sperte...<br />
E<br />
Me quebre o sonho<br />
De ser feliz...<br />
• Lara, 9º C<br />
• Tânia Maria Ferreira, nº 27, 11º D<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 37
Sem título •<br />
És o sol da minha vida;<br />
Eu vida do teu sol.<br />
És gelo do meu choro;<br />
O meu choro é o teu gelo.<br />
És o fogo da minha paixão;<br />
Eu, a paixão do teu fogo.<br />
És o gelo do meu perfume;<br />
Eu, perfume do teu gelo.<br />
Não consigo viver sem ti;<br />
Sem mim consegues viver;<br />
Estou perdida sem ti.<br />
És o calor do meu Verão;<br />
Eu, gelo do teu Inverno;<br />
Quero aquecer-te o coração.<br />
• Joana Sousa, nº12, 11º J<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 38
“Mágoa” •<br />
Ilustração nº 10 •<br />
Esse amor que me <strong>de</strong>ixa cega,<br />
Foi um sentimento outrora <strong>de</strong>scoberto;<br />
Essa atracção que é a minha saga,<br />
Foi em tempos um livro aberto.<br />
Essa chama que me consome,<br />
Foi em tempos correspondida;<br />
Essa, que por mãos me some,<br />
Foi outrora assumida.<br />
Se o amor, o sentimento, a atracção, a chama,<br />
Solidão, vazio, ilusão, morte,<br />
Sentem agora dor e sofrimento,<br />
Olha, apaixonado e ama<br />
Que és chama, amor, atracção, sorte<br />
Para ser morte, ilusão, solidão, tormento.<br />
• Claudia n.º 8, Vânia n.º16, 11º I<br />
• Sandra Creio, nº 17, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 39
Morte vivida •<br />
Ilustração nº 11 •<br />
Neste mundo ando morrendo,<br />
À espera <strong>de</strong> ti, meu lírio!<br />
Pelo amor ando sofrendo,<br />
Porque sois meu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>lírio.<br />
Neste mundo vou caminhando,<br />
Ao sabor da brisa do vento.<br />
Por sítios tristes vou passando,<br />
Porque sois meu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>salento.<br />
Ora te amo, ora te o<strong>de</strong>io!<br />
Ando entregue à minha sorte,<br />
Fico <strong>de</strong>sesperado porque te anseio.<br />
Ora te <strong>de</strong>testo, ora te venero!<br />
Ando fugindo <strong>de</strong>sta morte<br />
E neste mar <strong>de</strong> emoções <strong>de</strong>sespero.<br />
• Ana Men<strong>de</strong>s, nº1, Ana Lopes, nº2, 11º I<br />
• Isabel Pereira<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 40
Ao <strong>de</strong>sprezo <strong>de</strong> Maria •<br />
Ilustração nº 12 •<br />
És a mais linda rosa,<br />
Mas és rosa que rasga a minha alma.<br />
És rosa que rouba a calma,<br />
És como a lua, bonita e formosa.<br />
Suspiro por ti, bela Maria.<br />
Mas és dura, nua e crua,<br />
És fria e o teu <strong>de</strong>sprezo perdura,<br />
Mas és tudo o que eu queria.<br />
Rosa Maria, Maria Rosa<br />
Sai do meu pensamento.<br />
Sai, mulher cruel, egoísta e rigorosa!<br />
Maria Rosa, Rosa Maria,<br />
És a pérola, escondida ao relento.<br />
És tu, e só tu, que feliz me faria.<br />
• Inês Correia n.º13, Mónica Delgado n.º16, 11º H<br />
• Ana Lopes, 11º D<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 41
Nome <strong>de</strong> flor •<br />
Ilustração nº 13 •<br />
Rosa, para sempre Rosa,<br />
Rosa serás para sempre,<br />
Rosa é o teu nome,<br />
Nome lindo, esse;<br />
Flor apaixonante,<br />
Essa rosa avermelhada,<br />
Cor dos lábios<br />
Dessa Rosa apaixonada,<br />
Rosa, flor do campo,<br />
Rosa, flor do meu jardim,<br />
Jardim on<strong>de</strong> se encontra a rosa.<br />
• Vítor Nunes n.º 23, Edgar Araújo n.º 4 11º H<br />
• Sandra Reis, nº 16, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 42
O <strong>de</strong>sgosto •<br />
Ilustração nº 14 •<br />
Sinto-me triste com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> rir,<br />
Porque sei que partiste, mas voltarás.<br />
Sinto-me alegre com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar,<br />
Porque sei que me amarás.<br />
Sinto-me triste e ao mesmo tempo alegre.<br />
Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar com sorriso nos lábios.<br />
Sinto-me só, ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> gente,<br />
Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar presa e sentir-me livre.<br />
Ficar acordada como uma viva alma,<br />
Sem conseguir pensar em nada.<br />
Sinto-me só, vazia e angustiada.<br />
Apesar <strong>de</strong> te amar tanto,<br />
Porquê ficar presa ao teu amor,<br />
Se sei que não estás aqui?<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 43<br />
• Geovanya Carmelino n.º 10, Vera Mónica Santos n.º 19, 11ºJ<br />
• Mafalda Pé-Curto, nº 10, 12º E
Ao longe •<br />
Ilustração nº 15 •<br />
Ao longe...o mar,<br />
Tão longe do teu olhar.<br />
As ondas embatem<br />
Fortemente<br />
Contra um fundo buraco,<br />
Vazio,<br />
Cheias <strong>de</strong> dor, cheias <strong>de</strong> aflição...<br />
Ao longe...o horizonte<br />
É para mim<br />
Fonte<br />
De alegria, <strong>de</strong> imaginação.<br />
Não queres tu meu coração?...<br />
Ao longe...estarás<br />
Sempre tu,<br />
Pois nunca te conseguirei agarrar<br />
Porque és gaivota<br />
Que precisa <strong>de</strong> voar.<br />
• Marta Cabrita, nº 13, 10º A<br />
• Carla Rodrigues, nº 4, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 44
Se eu fosse... •<br />
Ilustração nº 16 •<br />
Se eu fosse a noite,<br />
Sacudiria as estrelas<br />
Daquele manto azul<br />
Cheio <strong>de</strong> mistério e serenida<strong>de</strong>.<br />
Então elas mergulhariam<br />
Na <strong>de</strong>nsa escuridão.<br />
O anoitecer seria tão suave<br />
Como o canto das sereias.<br />
Embalaria o sono das crianças<br />
E lindos sonhos elas teriam.<br />
Se eu fosse a noite,<br />
Cairia sobre os campos <strong>de</strong> batalha,<br />
Levando paz e harmonia.<br />
Se eu fosse a noite...<br />
Enfim, também eu teria <strong>de</strong> acabar<br />
Dando lugar ao dia,<br />
Mas voltaria...<br />
À noite.<br />
• Marta Cabrita, nº13, 10º A<br />
• Filipe, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 45
Estamos no fim do Verão •<br />
Estamos no fim do Verão.<br />
Verão que para o ano volta.<br />
Volta a chuva e o frio<br />
Frio que traz o Natal<br />
Natal que é dar e receber<br />
Receber amor e carinho<br />
Carinho que falta a muita gente<br />
Gente como a <strong>de</strong> Timor<br />
Timor terra do sol nascente<br />
Nascente <strong>de</strong> uma nova vida<br />
Vida que espera paz<br />
Paz aquela em que estamos<br />
Estamos no fim do Verão.<br />
• Angela Cardoso Ruivo n.º 5, 9º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 46
Sem título •<br />
Nalguns sítios do mundo,<br />
A diferença <strong>de</strong> cor<br />
Dá origem a um sentimento imundo<br />
Que provoca dor!<br />
Sítios on<strong>de</strong> as pessoas<br />
Por serem da cor <strong>de</strong> baunilha<br />
Ou da cor do chocolate<br />
Se agri<strong>de</strong>m!<br />
Se matam!<br />
Cabe-nos a nós,<br />
Futura geração,<br />
Dizer que a diferença <strong>de</strong> cor<br />
Rima mais com Amor<br />
Do que com Dor!!<br />
• Paulo Martins n.º 19, 9º F<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 47
Uma vida na palma da mão •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 48<br />
Uma mão tem uma vida traçada nas suas linhas.<br />
Tendo a vida na palma da minha mão, fecho-a para que ela não fuja.<br />
Encerro a mão, mas sem cravar as unhas, para não ferir a minha vida.<br />
Quero que ela não fuja, mas também não quero feri-la.<br />
Não aperto <strong>de</strong>masiado, para po<strong>de</strong>r senti-la.<br />
Senti-la passar e enrolar-se entre os <strong>de</strong>dos. Senti-la a palpitar na ponta<br />
dos <strong>de</strong>dos.<br />
• Raquel Félix, nº19, 10ºA, 15 anos
Sem título •<br />
Tenho um jardim na minha casa<br />
Com erva molhada<br />
E uma árvore plantada.<br />
E, no centro, um canteiro<br />
Com imensas flores<br />
De todas as cores.<br />
Sento-me na porta a olhar<br />
E fico a pensar<br />
Que o mundo há-<strong>de</strong> mudar.<br />
Há-<strong>de</strong> ser tudo igual<br />
Começando em Portugal<br />
Até ser universal.<br />
De todas as raças, <strong>de</strong> todas as cores,<br />
Os Homens <strong>de</strong>viam ser como as flores...<br />
Todas diferentes, todas iguais.<br />
• Inês Lopes n.º 15, Nádia Perpétua n.º 19, 9º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 49
Ser apenas... •<br />
Ser apenas um ser<br />
Não é nada?<br />
É ser, apenas,<br />
Eu, tu, ele, nós...<br />
O que somos?<br />
Nada ou tudo?<br />
Somos seres<br />
APENAS.<br />
Quem sou eu?<br />
Sou tudo...<br />
...o que posso dar<br />
À humanida<strong>de</strong>.<br />
• Inês Tiago, 7º B, nº 16, 99/00<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 50
Olhar a cida<strong>de</strong> •<br />
OLHAR A CIDADE<br />
Batia a porta. Lá fora<br />
Esmaga-me o peso sufocante<br />
Das pare<strong>de</strong>s sepulcrais que crescem e me cercam<br />
Que enclausuram pobres almas<br />
Em corpos enclausurados que<br />
Já não po<strong>de</strong>m fugir<br />
Enquanto passo pela cida<strong>de</strong><br />
Omnipotente...<br />
Começou a chover.<br />
Contagio-me das lágrimas<br />
Que os <strong>de</strong>uses choram por mim.<br />
Talvez assim me liberte dos grilhões<br />
Que me pren<strong>de</strong>m a este labirinto<br />
On<strong>de</strong> já ninguém tenta encontrar a saída...<br />
Mais um sol que passa<br />
E à minha volta tudo permanece igual:<br />
Homens mecanizados com máquinas trabalhando<br />
Ambos sincronizados com leis <strong>de</strong> equilíbrio e movimento...<br />
Gente que passa por gente como<br />
Quem passa por coisas...<br />
Por nadas...<br />
O nada que a gente é!<br />
O som impaciente das buzinas,<br />
O riso da inocência das crianças,<br />
• Ana Isabel Mordomo, 12º A<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 51
O amola-tesouras que se faz ouvir,<br />
O barulho ensur<strong>de</strong>cedor <strong>de</strong> um avião<br />
( Que parte para outro inferno!)<br />
As luzes coloridas <strong>de</strong> uma árvore <strong>de</strong> Natal,<br />
O apagar do Sol num céu esfumado<br />
E o renascer <strong>de</strong> um novo dia numa noite<br />
Luzente p’lo fulgor <strong>de</strong>stes can<strong>de</strong>eiros<br />
Que fazem crer não brilharem as genuínas<br />
Estrelas no céu...<br />
Eu também sigo a minha própria estrela<br />
Pedindo aos <strong>de</strong>uses que não beba mais do cálice<br />
Que é a vida nesta prisão, rotina <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>.<br />
Conformada, voltei a bater à porta.<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 52
O Instinto •<br />
A escuridão apavora-me!<br />
O silêncio das ruas é claramente sombrio,<br />
As pare<strong>de</strong>s gélidas acentuam o frio<br />
E julgo cair num mundo <strong>de</strong> mármore.<br />
Tornei-me atemporal,<br />
Tudo o que dantes conhecia esfumou-se,<br />
O meu pânico agora ouve-se,<br />
Ao ver-me neste labirinto infernal.<br />
Ruas e mais ruas, irão mais alguma vez acabar?<br />
A exaustão é-me agora evi<strong>de</strong>nte,<br />
Não sei se por frio ou medo bato os <strong>de</strong>ntes<br />
E ergo o olhar em busca do Luar.<br />
O Luar! On<strong>de</strong> está o Luar?<br />
Nada existe, mas uma névoa negra e espessa,<br />
Devorando egoísta a última esperança acesa<br />
Entrega-me ao <strong>de</strong>sespero do divagar.<br />
Ouvem-se ruídos inocentes,<br />
Mas para o eu exaltado, tudo é ameaçador!<br />
A fauna citadina causa-me pânico e furor<br />
E paro ao observar um vulto imponente.<br />
Oh pânico ! Certeza da <strong>de</strong>sgraça !<br />
Pareço finalmente acreditar no fado,<br />
Tantas vezes previsto e concretizado<br />
Des<strong>de</strong> que o ser humano é raça!<br />
Pé ante pé, cada vez mais próximo <strong>de</strong> mim,<br />
Surge implacável como a morte.<br />
Como pu<strong>de</strong> eu ter tão triste sorte ?<br />
Será agora o fim ?<br />
• Ana Correia, nº 1, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 53
Sem título •<br />
Percorrendo os caminhos citadinos,<br />
Da tão gloriosa Lisboa,<br />
Vi meninos, pequeninos<br />
Brincando, assim, à toa!<br />
Olhei para a esquerda, continuei,<br />
À direita... parei !<br />
E lá estavas tu, sorrindo,<br />
Simpática, acolhedora.<br />
Corri teus caminhos,<br />
Tentei chegar ao teu coração;<br />
Abrigavas os teus filhos,<br />
Encostados ao paredão!<br />
Tinham frio, tinham fome<br />
E sempre iam esten<strong>de</strong>ndo a mão,<br />
Chorando até nas tuas veias,<br />
Pedindo um pão, umas meias...<br />
Os teus visitantes foram reparando<br />
No teu gran<strong>de</strong> sofrimento e dor<br />
E foram tentando,... pouco a pouco<br />
Dar-te uma vida com mais cor !<br />
E os teus entes mais queridos,<br />
Convidados pelo teu Jorge,...<br />
Tão majestoso, imponente,<br />
Que corropio na alma se sente !...<br />
E eu, no meio da multidão,<br />
Vi-os pisar as tuas escadas<br />
Velhinhas, mas resistentes<br />
E o cheirinho a castanhas quentes...<br />
• Ana Correia, nº 1, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 54
“Quentes e boas”, gritava ela<br />
Num pregão tão popular,<br />
Com seu rosto velhinho e meigo<br />
E seu jeito rudimentar.<br />
Prossegui e segui-lhe o rasto,<br />
Continuavam sorri<strong>de</strong>ntes,<br />
Pelas vielas e ruelas,<br />
Como teus resi<strong>de</strong>ntes.<br />
Lá no topo já cansados,<br />
Lá <strong>de</strong> cima do esplendor,<br />
Olharam maravilhados<br />
Em todo o seu redor.<br />
E o sol embebia-se agora,<br />
Lentamente no seu leito molhado<br />
E as estrelas e a aurora<br />
Apareciam<br />
Daí a um bocado.<br />
Dali se via Alfama, Rossio...<br />
Dali vi-te passar, sublime, na Madragoa,<br />
E foi assim que senti a noite,<br />
Que te senti, ó minha Lisboa!...<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 55
A nossa cida<strong>de</strong> •<br />
Nesta cida<strong>de</strong> que nos encanta,<br />
Que nos dá alma e confiança,<br />
Algo está a mudar<br />
E até o luar...<br />
Parece diferente!<br />
Nesta cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encantos muitos,<br />
As nações são surtos<br />
E a pobreza canta airosa<br />
De uma forma glamorosa...<br />
Parecendo tudo diferente!<br />
Nesta cida<strong>de</strong> das sete colinas,<br />
Correm parasitas apressados<br />
Pelas ruas ou pelas estradas,<br />
Gracejando violentamente...<br />
De uma forma diferente!<br />
Nesta cida<strong>de</strong> tudo hesita<br />
- Que gente pobrezita!<br />
Não compram <strong>de</strong> couro, compram <strong>de</strong> chita!<br />
Também fica catita...<br />
Mas querem algo diferente!<br />
Nesta cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amores,<br />
Oferecem-se flores,<br />
Destroçam-se corações,<br />
Per<strong>de</strong>m-se munições...<br />
E nada é diferente !<br />
• Mafalda Pé-Curto, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 56
Brinca<strong>de</strong>ira com... ia •<br />
Ilustração nº 17 •<br />
Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Leiria,<br />
Junto à drogaria,<br />
Vivia a minha tia,<br />
A senhora Maria.<br />
Havia, também, uma livraria<br />
On<strong>de</strong> eu nunca ia<br />
Por or<strong>de</strong>m da minha tia,<br />
Coisa que eu não compreendia!<br />
Outro dia, a minha tia<br />
Foi ao hospital <strong>de</strong> Leiria,<br />
Pois sofria <strong>de</strong> anemia,<br />
Coisa que a afligia.<br />
Deixou <strong>de</strong> passar o dia<br />
Com a sua gata Lia<br />
Que agora teve uma cria<br />
Que, como é natural, só mia..<br />
• Carlos Patrício, nº 26, 11º H<br />
• Ricardo Miguel Rosa, nº 23, 12º E<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 57
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> •<br />
Naquele fim <strong>de</strong> tar<strong>de</strong>,<br />
Vi algo simplesmente belo,<br />
Um símbolo da nossa cida<strong>de</strong><br />
Que dá pelo nome <strong>de</strong> castelo.<br />
No cimo <strong>de</strong> uma colina,<br />
Ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> verdura,<br />
O castelo domina<br />
Com toda a sua bravura.<br />
Com o Tejo a teus pés,<br />
Reflectindo luminosida<strong>de</strong>,<br />
Ó castelo, tu és<br />
A mais bela realida<strong>de</strong>!<br />
Essas águas transparentes<br />
Reflectem uma cida<strong>de</strong><br />
Com feitos importantes<br />
E isso é uma verda<strong>de</strong>.<br />
Essa bela cida<strong>de</strong>,<br />
Cheia <strong>de</strong> gente boa<br />
Sempre em activida<strong>de</strong><br />
Dá pelo nome <strong>de</strong> Lisboa!<br />
• Paula Costa, 12º D, nº 15<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 58
TELEMANIAS<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 59<br />
A última engenhoca do século é uma perda <strong>de</strong> tempo.<br />
Consegue adivinhar? É isso mesmo: O TELEMÓVEL. •<br />
No bolso, na mão, na mala, na orelha...o que interessa é que ele<br />
an<strong>de</strong> sempre connosco. Não podia ser <strong>de</strong> outra forma nesta socieda<strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> a comunicação substituiu a solidão. Com o telemóvel, já ninguém<br />
está sozinho. Por isso, em todos os lugares é admitida a sua entrada.<br />
Não se <strong>de</strong>ve sentir mal se ele tocar estri<strong>de</strong>ntemente ou com<br />
sinfonias inesquecíveis no enterro da avó, no teste <strong>de</strong> Matemática, ou até<br />
mesmo, durante aquele jantar romântico, à luz das velas, com aquela<br />
pessoa dos seus sonhos. O que importa não são os outros ou regras<br />
<strong>de</strong>scabidas que exigem o respeito pelo silêncio, mas você que tem uma<br />
necessida<strong>de</strong> insaciável <strong>de</strong> comunicar com o mundo inteiro.<br />
Vamos lá, tem que admitir que não consegue sobreviver sem<br />
saber a fofoca do ano que está a ser contada à senhora que vai sentada ao<br />
seu lado no comboio e não pára <strong>de</strong> exclamar: “ Não me diga !“ Nesse<br />
momento, o que <strong>de</strong>sejava profundamente era estar com o ouvido bem<br />
coladinho a ela.<br />
Afinal, também é indispensável para quem gosta <strong>de</strong> fazer teatro<br />
amador. Certamente já surpreen<strong>de</strong>u alguém a fingir como o poeta e que<br />
per<strong>de</strong> longas horas em monólogos com o “amiguinho portátil”. Neste<br />
caso, o telemóvel transforma-se em interlocutor e confi<strong>de</strong>nte e os<br />
amigos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser precisos ou só o são se também tiverem um para<br />
falar consigo.<br />
Como vê, <strong>de</strong>ve trazê-lo sempre consigo, mesmo que esteja sem<br />
bateria ou sem “guita”. Além <strong>de</strong> ser facilmente transportável, com o<br />
telemóvel arranjará milhões <strong>de</strong> amigos prontos a ouvi-lo.<br />
• Neuza, nº 12, Rute, nº 16, Tânia, nº18, 11º A
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 60<br />
Actualmente, ver televisão é tão necessário e viciante como<br />
outra droga qualquer. E que o digam os tele<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, que já não<br />
passam sem sofregamente <strong>de</strong>vorar a sua dosezinha diária. Estes já<br />
trocaram o cão pelo comando, o seu novo animalzinho <strong>de</strong> estimação que<br />
é agora o melhor amigo do viciado.<br />
Durante o dia é perfeitamente acessível a todos boas<br />
telenovelas: criança ou adulto, gato ou piriquito, nenhum per<strong>de</strong> pitada<br />
do <strong>de</strong>senrolar da tórrida história <strong>de</strong> amor <strong>de</strong> Conchita e Amâncio, que é<br />
sobrinho do cunhado do pai <strong>de</strong> Conchita que é, por sua vez, o único<br />
irmão da mãe <strong>de</strong> Conchita, fazendo assim Amâncio <strong>de</strong> meio irmão da<br />
sua amada. E eis que neste episódio ela, fazendo ranger ruidosa e<br />
rapidamente a porta do quarto <strong>de</strong> Madalena, sua melhor amiga, viu os<br />
sórdidos lençóis brancos que mal cobriam os corpos <strong>de</strong> Madalena e<br />
Amâncio, colados um ao outro como duas iguanas em fase <strong>de</strong><br />
acasalamento. E quando Lena se levantou, ostentando uns longos loiros<br />
cabelos falsos, ia reagir, quando, inesperadamente, terminou mais um<br />
emocionante capítulo <strong>de</strong> “ Amores Proibidos “.<br />
Agora, todos aqueles que foram hipnotizados pela caixinha<br />
adormecem docemente ao som <strong>de</strong> um interminável e variado pacote<br />
publicitário, on<strong>de</strong> o produto mais atractivo é um apetecível, enorme e<br />
saboroso chocolate que, afinal, esteja <strong>de</strong>scansada, nem faz engordar, a<br />
julgar pelo esqueleto, perdão, pela mo<strong>de</strong>lo que faz o spot publicitário.<br />
Depois disto, há ainda a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ver programas aos<br />
quais se chama ( e bem ) <strong>de</strong> entretenimento, visto ser esse com certeza o<br />
seu principal papel: entreter. Ou uma senhora conta as amarguras da sua<br />
vida, ou procura <strong>de</strong>sesperadamente um familiar que nunca conheceu e<br />
<strong>de</strong> que nem sequer sabe o nome. Mas tudo isto em simultâneo com os<br />
fantásticos <strong>de</strong>senhos animados <strong>de</strong> lutas que os pequenitos não querem <strong>de</strong><br />
forma alguma per<strong>de</strong>r, pois anseiam pelo dia em que se tornarão uns<br />
• Ana Mordomo,nº2, Cátia Gonçalves, nº5, Patrícia Rodrigues, nº 14,<br />
11º A, 99 /2000
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 61<br />
exímios Samurais que lutam <strong>de</strong>senfreadamente com uma espada<br />
ameaçadora, nociva e <strong>de</strong>struidora.<br />
Mas já estes pequenos telespectadores estão em agitados<br />
sonhos (ou pesa<strong>de</strong>los, quem sabe! ) quando os mais resistentes ( que<br />
aguentaram firme face a tantos programas <strong>de</strong> “ chacha” e combateram<br />
heroicamente o sono agora perdido) assistem a <strong>de</strong>centes programas num<br />
horário escandaloso, morcegando pacientemente até a sessão terminar.<br />
E, enfim, para compreen<strong>de</strong>r o panorama televisivo português não é<br />
preciso muito mais. E que o digam os tele<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes...
Big Brother •<br />
Ilustração nº 18 •<br />
O Marco entrou sem nada,<br />
O Telmo sem nada entrou,<br />
O Marco anda com a Marta<br />
E o Telmo a Célia atacou.<br />
Zé Maria vai tentando,<br />
Mas Susana vai rejeitar.<br />
As galinhas implorando,<br />
Para o Zé Maria as tratar.<br />
A Sónia, o Mário quer,<br />
Mas o Mário não quer nada.<br />
Mas ele vai ter <strong>de</strong> escolher<br />
Entre a Sónia e a namorada.<br />
Zé Maria é famoso<br />
E o programa vai ganhar<br />
Com o seu corpo volumoso,<br />
A vitória vai festejar.<br />
• Bernardo Costa, nº2, Ricardo Serra, nº18<br />
• Ângela Vaz, nº 8, 11º D<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 62
Sem título<br />
ilustração, nº 19 •<br />
SONHO<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 63<br />
“Faça amiza<strong>de</strong> com quem estiver pronto a censurá-lo” •<br />
(Boileau)<br />
A amiza<strong>de</strong> é uma “coisa” inexplicável por palavras, pois é algo<br />
que nos faz sentir bem, algo que se vive. Isto faz-nos pensar se estamos<br />
ro<strong>de</strong>ados <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iros amigos e, a pouco e pouco, chegaremos à<br />
conclusão que no meio <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> pessoas, poucos são o<br />
nosso segundo eu.<br />
Estes são os que nos ajudam quando temos problemas, que se<br />
preocupam connosco e que, com uma simples expressão ou gesto, fazem<br />
muito por nós, mas acima <strong>de</strong> tudo, são aqueles que nos ensinam a viver<br />
e nos transformam.<br />
Ao contrário do que muita gente pensa, não é só a família que<br />
nos faz ser aquilo que somos, os amigos também são importantes. A<br />
pessoa que hoje existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim não nasceu apenas no seio <strong>de</strong> uma<br />
família, mas é igualmente fruto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s amiza<strong>de</strong>s...<br />
É por esta razão que eu penso que um amigo não é aquele que<br />
sorri para nós a toda a hora, mas aquele que nos diz que, por vezes,<br />
estamos errados e nos faz ver o que realmente está certo. Desta forma, se<br />
estou ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> pessoas com quem, por vezes, discuto por termos<br />
opiniões distintas e que me criticam quando é necessário, sou levado a<br />
concluir que a minha vida está preenchida por muitos amigos.<br />
É neste ponto que concordo com a expressão <strong>de</strong> Boileau:<br />
<strong>de</strong>vemos fazer amiza<strong>de</strong> com quem está pronto a censurar-nos e assim<br />
seremos felizes e faremos felizes os que nos ro<strong>de</strong>iam.<br />
• Carla Florindo, nº 3, 12º E<br />
• Ricardo Coelho, nº15, 10º A
A mancha! •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 64<br />
Podia ser uma mancha numa folha <strong>de</strong> papel, podia ser uma<br />
mancha numa peça <strong>de</strong> vestuário... podia ser uma mancha...<br />
Mas aquela mancha estava precisamente na cabeça, já careca,<br />
do senhor Casimiro.<br />
Era uma mancha triste! Não tinha ninguém para lhe fazer<br />
companhia, nem um pequeno sinalzinho.<br />
Por outro lado, começou a notar que prendia o olhar <strong>de</strong> muita<br />
gente, o que até lhe causou uma certa vaida<strong>de</strong>!<br />
Passados tempos e analisando-o olhar das pessoas, começou<br />
por compreen<strong>de</strong>r que afinal aquele olhar era uma forma <strong>de</strong> gozar o seu<br />
dono pela sua careca e pela sua mancha.<br />
Então a tristeza invadiu-a! No seu silêncio interrogou-se:<br />
- O que interessa a aparência ou o aspecto físico <strong>de</strong> cada um ?<br />
Interessa é o que está no interior da pessoa. E o senhor Casimiro não<br />
merecia ser gozado! Era um homem bem intencionado e rico em<br />
qualida<strong>de</strong>s.<br />
Afinal, somos todos diferentes...<br />
Mas todos iguais!!<br />
• Filipa Ventura, nº 13, 7º A, 99/00
Casa feita <strong>de</strong> sonho •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 65<br />
Gran<strong>de</strong> como uma torre, quente como um ninho, doce como o<br />
mel, assim imaginei <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequeno a minha casa.<br />
Mais tar<strong>de</strong>, quando me encontrei só no mundo, como não tinha<br />
dinheiro, resolvi fazer a minha casa <strong>de</strong> papel, mas com o vento, ela<br />
<strong>de</strong>smoronava-se.<br />
Fiquei sem casa. Mas não <strong>de</strong>sisti. Pensei muito e fiz a minha<br />
casa <strong>de</strong> cartão muito grosso.<br />
Vieram todos os fogos da terra e queimaram a minha casa,<br />
quente como um ninho, doce como o mel e gran<strong>de</strong> como uma torre.<br />
Então pensei fazer a minha casa <strong>de</strong> chocolate e assim foi: ainda<br />
mal tinha acabado, vieram todos os bichos da terra e <strong>de</strong>voraram-na.<br />
Chorei muito e então pensei que podia fazer a minha casa <strong>de</strong><br />
sonho, num lugar on<strong>de</strong> não houvesse vento, fogo e bichos.<br />
Fiz a minha casa com sonhos.<br />
Ficou linda. Gran<strong>de</strong> que nem uma torre, quente como um ninho, doce<br />
como o mel.<br />
• André Monteiro, nº 4, 7º B
Simplesmente Liberda<strong>de</strong> •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 66<br />
“A liberda<strong>de</strong> significa a responsabilida<strong>de</strong>; é por isso que a maior parte<br />
dos homens a receiam“<br />
Liberda<strong>de</strong>...<br />
O que é a Liberda<strong>de</strong>’<br />
Todos nós sabemos o que é. Mas se eu perguntar a alguém o<br />
que é a liberda<strong>de</strong>, ficam um tempo a pensar, hesitam, dizem alguma<br />
coisa sem nexo e acabam por não dizer nada <strong>de</strong> novo. Isto é o que todos<br />
me repon<strong>de</strong>m sobre a liberda<strong>de</strong> e eu fico, simplesmente, na mesma.<br />
Alguém disse: “ A liberda<strong>de</strong> significa responsabilida<strong>de</strong>, é por<br />
isso que a maior parte dos homens a receiam “<br />
Sim, isso é totalmente verda<strong>de</strong>, pois, tenho a minha liberda<strong>de</strong><br />
que não <strong>de</strong>ve ser utilizada para tirar a liberda<strong>de</strong> dos outros. A nossa<br />
liberda<strong>de</strong> acaba quando a dos outros começa. É preciso haver<br />
responsabilida<strong>de</strong> e consciência para que o nosso espírito livre não se<br />
sobreponha a certas regras necessárias para manter a or<strong>de</strong>m e equilíbrio.<br />
Durante séculos, os homens lutaram pela sua liberda<strong>de</strong> o que<br />
ainda hoje acontece quando a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser um direito <strong>de</strong> todos<br />
os seres vivos. Mas infelizmente a liberda<strong>de</strong> é uma palavra com pouco<br />
significado e sentido para algumas pessoas, quando <strong>de</strong>veria ser a<br />
palavra-chave para todos.<br />
Então, fui ao dicionário. Dizia ... po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fazer ou <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
fazer, <strong>de</strong> escolher, o <strong>de</strong>ver supõe a liberda<strong>de</strong>...”. falava ainda sobre a<br />
liberda<strong>de</strong> natural, liberda<strong>de</strong> civil, política, liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa, <strong>de</strong><br />
consciência, individual e poética. Falava sobre a in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />
Portugal, a abolição da escravatura e os símbolos da liberda<strong>de</strong>, como a<br />
estátua da liberda<strong>de</strong>. Fechei o dicionário. Não fiquei a saber nada <strong>de</strong><br />
novo. Tentei lembrar-me do que me faz lembrar a liberda<strong>de</strong>. Fechei os<br />
olhos e vieram-me à cabeça imagens do mar, do céu, do vento, vi um<br />
• Clara Santos, nº7, 10º A
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 67<br />
pássaro a voar e ainda vi Martin Luther King, a estátua da liberda<strong>de</strong>,<br />
lembrei-me do tempo da escravatura e dos <strong>de</strong>scobrimentos.<br />
I<strong>de</strong>ias totalmente diversas e algumas sem nexo, imagens que<br />
<strong>de</strong>vo ter associado, por alguma razão, à liberda<strong>de</strong>.<br />
Mas o que é que todas elas têm em comum? O mar, o céu são<br />
imensos, o vento po<strong>de</strong> voar, Luther King <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a todo o custo a<br />
liberda<strong>de</strong> social dos negros, teve a coragem <strong>de</strong> se expressar e pagou com<br />
a vida por isso. A estátua da liberda<strong>de</strong>, um símbolo insubstituível da<br />
América. Quanto à escravatura, talvez por ser o contrário da liberda<strong>de</strong>. E<br />
porquê os <strong>de</strong>scobrimentos? Talvez porque os marinheiros portugueses<br />
tiveram a ousadia <strong>de</strong> usar a sua liberda<strong>de</strong> para sonhar.<br />
Todas as pessoas têm liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolher entre o bem e o<br />
mal, o certo e o errado. Eu acredito na liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha, é por isso<br />
que não acredito no <strong>de</strong>stino.<br />
Agora olho para o que escrevi. I<strong>de</strong>ias soltas que prendi nesta<br />
folha <strong>de</strong> papel com o objectivo <strong>de</strong> explicar a mim mesma o significado<br />
da liberda<strong>de</strong>.<br />
A liberda<strong>de</strong> é uma palavra muito simples e banal mas que<br />
apesar disso carrega um significado com muita importância e<br />
simbolismo.
Bola <strong>de</strong> sabão •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 68<br />
“Não fazemos o que queremos e, no entanto, somos responsáveis pelo<br />
que somos. Eis a verda<strong>de</strong>”<br />
(J. P. Sartre)<br />
Eu queria ser o vento, po<strong>de</strong>r viajar velozmente pelos campos<br />
fazer voos rasantes sobre o mar e envolver a noite com uma brisa quente<br />
e suave.<br />
Eu queria ser uma estrela e iluminar o coração das pessoas cá<br />
em baixo ou talvez gostasse <strong>de</strong> ser a lua para iluminar o céu e embelezar<br />
a noite.<br />
Eu queria ser tanta coisa...mas não faço o que quero e, no<br />
entanto, sou responsável pelo que sou<br />
Eu po<strong>de</strong>ria não ser o vento, mas também po<strong>de</strong>ria correr pelos<br />
campos, sentir a brisa marinha ao ser envolvida pela brisa suave da<br />
noite. Mas não o faço porque com os altos prédios o vento e os campos<br />
<strong>de</strong>saparecem e o mar per<strong>de</strong> a sua transparência.<br />
Eu po<strong>de</strong>ria não ser uma estrela, mas po<strong>de</strong>ria confortar e ter uma<br />
palavra amiga para alguém. Mas não o faço porque andam todos<br />
<strong>de</strong>masiado atarefados.<br />
Eu po<strong>de</strong>ria não ser a lua, mas po<strong>de</strong>ria iluminar e embelezar o<br />
meu mundo e o dos outros. Mas não o faço porque os outros ignoramme<br />
e eu própria fico sufocada num mar <strong>de</strong> indiferença.<br />
Eu queria fazer tanta coisa... mas este mundo não me permite. E<br />
eu continuo a ser a responsável pelos meus actos.<br />
Eu <strong>de</strong>veria fazer a diferença. Devia sair <strong>de</strong>ste lugar e procurar o<br />
paraíso. Devia gritar até me ouvirem. Devia entrar <strong>de</strong> mansinho no<br />
mundo dos outros e <strong>de</strong>pois, acordá-los no seu íntimo.<br />
Mas eu não faço o que quero porque a socieda<strong>de</strong> impõe-me<br />
regras, <strong>de</strong>veres, obrigações enfim... problemas e mais problemas e eu<br />
tenho medo. Medo? Talvez não! Provavelmente não tenho é coragem <strong>de</strong><br />
sair por aí, não cumprir regras e ultrapassar barreiras inúteis e<br />
preconceituosas que se vão construindo mais <strong>de</strong>pressa do que qualquer<br />
pessoa as possa <strong>de</strong>rrubar.<br />
• Clara Santos, n.º 7, 10º A
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 69<br />
E quando finalmente ganho coragem para ir bater à porta dos<br />
outros, uma placa com letras gran<strong>de</strong>s e vermelhas diz “ NÃO<br />
PERTURBAR, SOU INDIVIDUALISTA!” E eu volto <strong>de</strong> braços caídos<br />
para o meu mundo.<br />
E penso: “será que não há alguém que pense como eu? Que<br />
quer sair <strong>de</strong>sta prisão? Será que ninguém vê que vivemos <strong>de</strong>ntro duma<br />
bola <strong>de</strong> sabão e que é preciso olhar para além <strong>de</strong>la para ver<br />
verda<strong>de</strong>iramente a realida<strong>de</strong>? E é preciso tomar consciência para que a<br />
bola rebente e nós ficarmos livres.”<br />
Mas não adianta estarmos livres se estamos sós.<br />
É então que alguém pega na minha mão e me leva por esse<br />
mundo fora e diz:<br />
- Não estás só. Anda, vamos os dois juntos rebentar as outras<br />
bolas <strong>de</strong> sabão.
Branco, forte <strong>de</strong> vida •<br />
Ilustração nº 20 •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 70<br />
Branco...o branco é um mundo <strong>de</strong> emoções. Há quem veja a<br />
felicida<strong>de</strong> ou a tristeza ou até quem veja guerra ou paz, isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
como se acorda em cada dia que passa.<br />
Ontem eu era capaz <strong>de</strong> ver um mundo <strong>de</strong> fantasia, pois tinha<br />
<strong>de</strong>spertado feliz, mas hoje, até uma folha branca e reluzente se torna<br />
negra como carvão. E toda esta reviravolta <strong>de</strong>vido a um simples<br />
telefonema que do outro lado dizia “ A Sónia suicidou-se !“ Estas<br />
palavras não me saíam da cabeça. Deitei-me tar<strong>de</strong> nesse dia e, aquela<br />
frase... não a esquecia <strong>de</strong> maneira alguma. Eu que a tinha visto há menos<br />
<strong>de</strong> um mês a passear num centro comercial, agora penso... o que será<br />
que ela verá numa folha branca <strong>de</strong> papel? Com certeza veria cansaço,<br />
saturação, quem sabe, ódio ou tristeza, até talvez um simples<br />
arrependimento. Mas seria tudo isto razão para se manter no silêncio e,<br />
<strong>de</strong> repente, olhar para o espelho e dizer que não queria viver mais?<br />
Quem sabe...<br />
Uma folha branca é tudo e nada, mas tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da pessoa<br />
que olha para ela.<br />
Já estou quase no fim da aula e, <strong>de</strong> repente, olhei para a minha<br />
fonte <strong>de</strong> inspiração e vi que estava a mudar <strong>de</strong> cor, estava a tornar-se<br />
mais clara e nítida e nela via esperança <strong>de</strong> continuar a lutar contra os<br />
meus medos e dificulda<strong>de</strong>s da vida e nunca, nunca <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong>la.<br />
• Marta Cabrita nº13, 10º A<br />
• Alexandre Pegado, nº 2, 11º D
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 71<br />
“O que nós somos é o que fazemos e o que fazemos é o que o ambiente<br />
nos faz fazer” •<br />
(J. Watson)<br />
A pessoa que existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós não foi<br />
simplesmente criada <strong>de</strong> uma hora para a outra, está em constante<br />
transformação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nascemos.<br />
Se pensarmos em alguém muito especial para nós, um amigo,<br />
um familiar, ou quem sabe, um amor e nos perguntarmos porque é que<br />
gostamos tanto <strong>de</strong>ssa pessoa, chegaremos à conclusão que é pela sua<br />
forma <strong>de</strong> agir. A verda<strong>de</strong> é que o agir <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós diferencia-nos<br />
das outras pessoas já que traduz aquilo que nós somos, pois mostra aos<br />
outros a nossa essência.<br />
Por outro lado, a forma como agimos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ambiente que<br />
nos ro<strong>de</strong>ia, já que não vivemos isolados e estamos em constante<br />
aprendizagem à medida que vamos vivendo. Assim, uma pessoa bem<br />
educada traduz-nos o ambiente em que vive, um ambiente feliz e alegre,<br />
já uma pessoa mal formada e sem personalida<strong>de</strong> leva-nos a pensar que<br />
vive num mau ambiente, talvez prejudicial à sua formação.<br />
É por esta razão que penso que é muito importante para a<br />
educação <strong>de</strong> uma pessoa ter uma família, uma escola e um gran<strong>de</strong> grupo<br />
<strong>de</strong> amigos, pois são estes que nos ensinam a viver e que nos fazem fazer<br />
aquilo que fazemos e que, <strong>de</strong>sta forma, nos transformam naquilo que<br />
somos!<br />
• Ricardo Coelho, nº 15, 10º A
A escola da vida •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 72<br />
“Apren<strong>de</strong>r? Certamente mas, primeiro viver e apren<strong>de</strong>r pela vida, na<br />
vida“<br />
Qual será a maior escola ‘ Aquela que ensina mais coisas,<br />
aquela on<strong>de</strong> estamos sempre a apren<strong>de</strong>r ? É, sem margem para dúvida, a<br />
vida.<br />
Conforme as experiências <strong>de</strong> cada um, assim é a sua<br />
aprendizagem.<br />
Imaginamos uma pessoa que passou meta<strong>de</strong> da sua vida <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> uma casa sem portas nem janelas. Ficou a estudar e a ler tudo sobre<br />
História, Filosofia, Psicologia, Matemática, Ciências da Vida, várias<br />
línguas e outras ciências. Ao chegar cá fora, saberia ela como é o calor<br />
do sol ? Como é suave o correr da água <strong>de</strong> um riacho ? Saberia ainda<br />
como era o cheiro a terra molhada ? Suponho que não. Por mais livros<br />
que lesse, nunca saberia explicar a beleza <strong>de</strong> um pôr <strong>de</strong> sol se nunca o<br />
tivesse visto. Nunca saberia qual era a sensação <strong>de</strong> trabalhar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
nascer do sol até que ele se pusesse, a não ser que experimentasse ver e<br />
fazer todas estas coisas.<br />
Tudo isto apren<strong>de</strong>mos com a vida e não em livros ou escolas do<br />
Ministério da Educação.<br />
Um dia resolvi dar um passeio. O tempo estava muito agradável e<br />
chamava-me a sair <strong>de</strong> casa.<br />
Encontrei, pelo caminho, a tal pessoa que, pela primeira vez,<br />
saía daquela casa.<br />
Já me tinham falado acerca <strong>de</strong>ssa tal pessoa. Chamava-se<br />
Solidão, mas o seu primeiro nome era Tristeza. Reconheci-a logo porque<br />
estava só e triste. Olhava para o chão e não dizia nada. Aproximei-me e<br />
disse-lhe:<br />
- Olá ! Chamo-me Esperança. Sei quem tu és e, por isso,<br />
gostaria <strong>de</strong> te dar um conselho antes <strong>de</strong> percorreres o mundo. Ela<br />
continuava sem dizer nada. Então insisti:<br />
• Clara Santos, n.º 7, 10º A
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 73<br />
- Quando percorreres o mundo verás muitas coisas belas.<br />
Coisas como nunca viste nos teus livros. É por isso que gostaria <strong>de</strong><br />
partilhar a experiência que tive da última vez que passei por aí.<br />
Quando comecei a andar, olhei em volta e parei, abri os braços<br />
e senti o vento a percorrer o meu corpo, fechei os olhos e vi o que me<br />
ro<strong>de</strong>ava, escutei com atenção e ouvi o silêncio, baixei-me e apanhei um<br />
pedaço <strong>de</strong> terra e senti a vida, aproximei a minha boca <strong>de</strong> um riacho<br />
turbulento e enchi-me <strong>de</strong> paz, percorri o caminho duro e empoeirado e<br />
senti força, inspirei fundo e senti-me sufocar pela frescura do ar. Olhei o<br />
sol e fiquei ofuscada com a sua luz. Dancei ao som do chilrear dos<br />
pássaros e da música das copas das árvores até que por fim parei<br />
cansada <strong>de</strong> tantas emoções, sentei-me e fui presenteada com a brisa<br />
quente do entar<strong>de</strong>cer que me abraçou e me acariciou. Contemplei o pôr<br />
do sol e os meus olhos não mais se fecharam perante tanta beleza.<br />
Quando acabei o meu discurso, ela olhava-me e com a sua voz<br />
triste disse-me:<br />
- Tu não compreen<strong>de</strong>s o mundo, os factos reais, és uma<br />
ignorante, uma ingénua e pensas que o mundo é só feito <strong>de</strong><br />
divertimentos, sentimentos nobres e alegria, mas estás redondamente<br />
enganada !<br />
E foi-se embora. Na sua voz havia um tom <strong>de</strong> sarcasmo e<br />
ironia. Ela não me tinha compreendido. E eu ofendi-a, resolvi esperar,<br />
esperar... Alguns meses mais tar<strong>de</strong> encontrei-a.<br />
Olá – disse. Agora já não me chamo Solidão nem Tristeza.<br />
Chamo-me Alegria e já consigo compreen<strong>de</strong>r a verda<strong>de</strong> das tuas<br />
palavras. Só a vida nos po<strong>de</strong> fazer ver realmente. Sim, aprendi pelos<br />
livros, mas só a vida me fez compreen<strong>de</strong>r tudo o que me ro<strong>de</strong>ia. Aprendi<br />
mais com a vida do que com os livros por on<strong>de</strong> estu<strong>de</strong>i. Nos livros,<br />
posso ler sobre os sentimentos, mas aqui vivo os sentimentos. Obrigada<br />
por tudo e agora já estou pronta não só para compreen<strong>de</strong>r e sentir, mas<br />
também para amar.
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 74<br />
“A adversida<strong>de</strong> restitui aos homens todas as virtu<strong>de</strong>s que a prosperida<strong>de</strong><br />
lhes tira”<br />
(E. Delacroix)<br />
É na adversida<strong>de</strong> que o indivíduo revela as suas<br />
potencialida<strong>de</strong>s, tornando<br />
evi<strong>de</strong>ntes virtu<strong>de</strong>s que <strong>de</strong> outro modo talvez nunca se manifestassem; ao<br />
contrário, na prosperida<strong>de</strong>, na bonança, quando tudo é “dado <strong>de</strong><br />
ban<strong>de</strong>ja“ o indivíduo ten<strong>de</strong> a acomodar-se às suas conveniências e, <strong>de</strong><br />
um modo geral, não se sente motivado para cultivar virtu<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m<br />
existir em embrião <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si.<br />
Ao escrever estas linhas, estava a pensar em alguém que<br />
conheço, que tendo um curso superior, por falta <strong>de</strong> legalização da sua<br />
situação em país estrangeiro. Trabalhou como mulher a dias,<br />
assegurando assim a sua sobrevivência e a das suas duas filhas<br />
Se não fosse a adversida<strong>de</strong>, eu, outras pessoas e ela própria<br />
talvez nunca viéssemos a saber quanto ela vale em dignida<strong>de</strong> (rejeitou<br />
formas fáceis <strong>de</strong> ganhar a vida por consi<strong>de</strong>rá-las humilhantes), em amor<br />
<strong>de</strong> mãe em capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lutar...<br />
• Ana Soraia, nº5, 10º A
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 75<br />
“Apren<strong>de</strong>r? Certamente, mas primeiro, viver e apren<strong>de</strong>r pela vida, na<br />
vida”<br />
J. Dewey<br />
Quando somos pequenos, temos sempre alguém que toma<br />
<strong>de</strong>cisões por nós faz-nos as tarefas mais difíceis, isto é, as tarefas<br />
domésticas, trabalhos manuais, etc. Mas à medida que vamos crescendo,<br />
começamos a ter mais liberda<strong>de</strong> para fazermos activida<strong>de</strong>s mais<br />
complexas e <strong>de</strong> maior responsabilida<strong>de</strong>. Apercebemo-nos, então, da dura<br />
realida<strong>de</strong> que é o mundo que está fora das nossas casas, ou seja, da<br />
nossa socieda<strong>de</strong>.<br />
Portanto, começamos por formar opiniões acerca <strong>de</strong> assuntos<br />
muito subjectivos que envolvem a nossa socieda<strong>de</strong> como a droga, a<br />
prostituição, doenças mortíferas, etc.<br />
A partir daí, ganhamos mais experiência e maturida<strong>de</strong>,<br />
conseguindo assim <strong>de</strong>sembaraçarmo-nos <strong>de</strong> situações mais difíceis que<br />
mais tar<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão surgir.<br />
São estas razões que me fazem acreditar que, quando nascemos,<br />
vivemos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos nossos pais, mas à medida que os anos vão<br />
passando, vamo-nos libertando para começar a pensar e agir por nós<br />
próprios, isto é, apren<strong>de</strong>r a viver sem a ajuda <strong>de</strong> ninguém, ganhando<br />
assim mais experiência sobre a vida. Isto irá ajudar-nos no futuro, pois<br />
não iremos ter medo <strong>de</strong> ultrapassar os obstáculos que se nos <strong>de</strong>param.<br />
Em suma, temos que apren<strong>de</strong>r a viver, vivendo a vida.<br />
• Ana Gomes, 10º A
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 76<br />
“O que nós somos é o que fazemos e o que fazemos é o que o ambiente<br />
nos faz fazer”<br />
(J.B. Watson)<br />
A pessoa que existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós não foi<br />
simplesmente criada <strong>de</strong> uma hora para a outra, ela está em constante<br />
transformação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nascemos.<br />
Se pensarmos em alguém muito especial para nós, um amigo,<br />
um familiar, ou quem sabe um amor, e nos interrogarmos porque é que<br />
gostamos tanto <strong>de</strong>ssa pessoa, chegaremos à conclusão que é pela forma<br />
<strong>de</strong> agir. A verda<strong>de</strong> é que o “agir” <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós diferencia-nos dos<br />
outros, já que traduz aquilo que nós somos, pois mostra aos outros a<br />
nossa “essência”.<br />
Por outro lado, a forma como agimos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ambiente que<br />
nos ro<strong>de</strong>ia, já que não vivemos isolados e estamos em constante<br />
aprendizagem à medida que vamos vivendo. Assim, uma pessoa bem<br />
educada traz-nos o ambiente em vive, um ambiente calmo e alegre; já<br />
outra mal formada e sem personalida<strong>de</strong> remete-nos a pensar que vive<br />
num ambiente que torna prejudicial à sua formação.<br />
É por esta razão que penso ser muito importante para a<br />
educação <strong>de</strong> uma pessoa, ter uma família, uma escola e um gran<strong>de</strong> grupo<br />
<strong>de</strong> amigos, pois são estes que nos ensinam a viver e que nos levam a<br />
fazer aquilo que fazemos e que <strong>de</strong>sta forma nos transformam naquilo<br />
que hoje somos!<br />
• Ricardo Coelho, 10º A
Sem título •<br />
Ilustração nº 21 •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 77<br />
“O que nós somos é o que fazemos e o que fazemos é o que o ambiente<br />
nos faz fazer” •<br />
(J. Watson)<br />
Certa tar<strong>de</strong>, estava eu a ler um livro quando reparei numa frase<br />
que ma chamou muito a atenção : “ O que nós somos é o que fazemos e<br />
o que fazemos é o que o ambiente nos faz fazer “. Ao interpretá-la,<br />
constatei que J. Watson tinha tida a razão.<br />
Se uma pessoa apenas se relacionar com criminosos, mais<br />
tar<strong>de</strong>, possivelmente, também se tornará um <strong>de</strong>sses criminosos, pois,<br />
como nós sabemos, o ser humano é muito influenciado pela socieda<strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> vive.<br />
Por exemplo, muitos dos gangs existentes nos estados unidos<br />
reagem com muita violência a certas situações banais da vida, pois,<br />
muitos <strong>de</strong>les, são constituídos por pessoas revoltadas que apenas pensam<br />
em vingança.<br />
Outro exemplo são os emigrantes vindos <strong>de</strong> países pobres, sem<br />
condições <strong>de</strong> vida e muitas vezes discriminados pelas pessoas dos países<br />
que os acolhem. Assim, são obrigados a viver nos bairros mais pobres<br />
existentes nas cida<strong>de</strong>s, em péssimas condições <strong>de</strong> vida on<strong>de</strong> reina o<br />
mundo da droga e da prostituição, tornando-se muitos <strong>de</strong>les criminosos.<br />
Por isso, po<strong>de</strong>mos afirmar que se a socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> eles vivem<br />
fosse diferente, isto é, se morassem em zonas mais seguras e agradáveis<br />
e se as pessoas com quem convivem fossem mais amáveis, evitando<br />
com que sentissem rejeitados, talvez levassem vidas normais, pois o<br />
ambiente não seria feito <strong>de</strong> crimes, violência e prostituição.<br />
São estas as razões que fazem com que concor<strong>de</strong> com a frase<br />
escrita por J. Watson. A nossa maneira <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> agir está<br />
relacionada com os valores e crenças que vamos interiorizando da<br />
socieda<strong>de</strong> em que vivemos.<br />
• Ana Gomes, nº1, 10º A<br />
• Ricardo Fernan<strong>de</strong>s, nº 25, 11º D
Sem título •<br />
“Faça amiza<strong>de</strong> com quem estiver pronto a censurá-lo”<br />
(Boileau)<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 78<br />
Certo dia, estava eu a respon<strong>de</strong>r à pergunta <strong>de</strong> um inquérito<br />
“Qual foi a frase que mais o marcou?”, quando ao olhar sem intenção<br />
para as diversas respostas que já a haviam respondido, reparei numa<br />
frase muito profunda “Faça amiza<strong>de</strong> com quem estiver pronto a<br />
censurá-lo.”<br />
Por um momento, fiquei admirada. Mas ao reflectir, percebi a<br />
sua mensagem. Na minha opinião, esta frase era um conselho não só<br />
para quem estava a começar uma nova amiza<strong>de</strong>, mas também servia<br />
para <strong>de</strong>scobrir quem eram os verda<strong>de</strong>iros amigos, neste caso, os<br />
verda<strong>de</strong>iros seriam aqueles que para além <strong>de</strong> nos darem alegrias,<br />
também nos trariam tristezas, contando-nos sempre a verda<strong>de</strong>, nem que<br />
esta fosse muito dura e difícil <strong>de</strong> ouvir.<br />
Nós temos <strong>de</strong> confiar na pessoa que está pronta a criticar-nos,<br />
isto é que está pronta a criticar a nossa maneira <strong>de</strong> vestir, pensar e agir<br />
para que não façamos nada <strong>de</strong> errado ou passemos vergonha porque se a<br />
pessoa apenas concordar connosco irá induzir-nos em erro, fazendo-nos<br />
acreditar em falsida<strong>de</strong>s pois nem tudo o que ela disser será o que está a<br />
pensar.<br />
Por isso, a duradouras e verda<strong>de</strong>iras amiza<strong>de</strong>s são aquelas em<br />
que a lealda<strong>de</strong>, a verda<strong>de</strong> e a compaixão estão acima <strong>de</strong> tudo e <strong>de</strong> todos.<br />
• Ana Gomes, 10º A
Entrevista •<br />
ilustração nº 22 •<br />
HISTÓRIAS DO QUOTIDIANO<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 79<br />
(São quinze horas e os estúdios do canal 18X18 acabam <strong>de</strong> receber uma<br />
notícia exclusiva vinda <strong>de</strong> Aljubarrota. A informação segue com Mónica<br />
Sintra)<br />
Mónica: Boa tar<strong>de</strong>. Estamos aqui para transmitir um directo da batalha<br />
incerta travada entre Portugueses e Castelhanos motivados pela luta da<br />
sucessão ao trono. Neste momento, ainda é impossível saber quem irá<br />
ganhar, apesar dos castelhanos serem em muito maior número. Vamos<br />
ver algumas imagens do campo <strong>de</strong> batalha, com o comentário <strong>de</strong> Ruth<br />
Marlene.<br />
(Surge uma imagem <strong>de</strong> cavalos a correr, setas a voar e ouve-se uma<br />
gritaria ensur<strong>de</strong>cedora)<br />
Ruth: Estamos a ver algumas cenas <strong>de</strong> guerra, se bem que as condições<br />
não sejam as melhores... (dá um grito e vê-se uma seta disparada não se<br />
sabe <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, vir aterrar mesmo a seu lado) <strong>de</strong>sculpem esta interrupção,<br />
mas os conflitos estalam <strong>de</strong> um lado e do outro, só se vêem corpos a<br />
caírem, cavalos a relinchar e homens aos berros. Acabo <strong>de</strong> ver um<br />
homem a mergulhar <strong>de</strong> cabeça num fosso e muitos outros a caírem-lhe<br />
em cima.<br />
( A imagem <strong>de</strong>saparece <strong>de</strong> repente e volta Mónica Sintra )<br />
Mónica: Pedimos <strong>de</strong>sculpa por este corte <strong>de</strong> emissão, mas afinal havia<br />
outro guerreiro por <strong>de</strong>trás do cameraman que, com um golpe e espada,<br />
fez voar a nossa câmara para bem longe. Retomaremos a reportagem<br />
quando tivermos melhores condições e houver mais novida<strong>de</strong>s.<br />
• Hugo, nº 15, João, nº 15, Mónica, nº 20, Tiago, nº 24, Virgínia, nº 26,<br />
9º A<br />
• André, nº 7, 11º D
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 80<br />
Entretanto, fique com o programa Na minha cama com ela, apresentado<br />
por João Balão.<br />
( Passadas três horas, retomam a emissão)<br />
Mónica: Boa tar<strong>de</strong>. Acabou <strong>de</strong> nos chegar uma notícia formidável, a<br />
guerra terminou! A vitória pertence aos bravos Portugueses, li<strong>de</strong>rados<br />
por Nuno Álvares Pereira! Vamos ouvir alguma opiniões vindas <strong>de</strong><br />
Aljubarrota com a repórter Ruth Marlene.<br />
Ruth: Boa tar<strong>de</strong>. Encontro-me <strong>de</strong> novo no campo <strong>de</strong> batalha, on<strong>de</strong> a<br />
guerra parece, finalmente, ter terminado e vou procurar obter o máximo<br />
<strong>de</strong> informação que me for possível, começando por entrevistar alguns<br />
castelhanos que estão junto <strong>de</strong> mim... (dirige-se para junto dos<br />
Castelhanos, que se encontram feridos).<br />
Ruth: <strong>de</strong>sculpem interrompê-los, mas gostaria <strong>de</strong> lhes fazer umas<br />
perguntas para o canal 18X18.<br />
Capitão Castelhano: Sí, señorita...que quiere <strong>de</strong> nosotros’<br />
Ruth: Diga-me, senhor capitão, que sente neste momento?<br />
Capitão: Siento que tenho lo corazón partido...<br />
Ruth: Lamento imenso, senhor...<br />
Soldado: eso es todo una tonteria! A culpa não é nostra, é da se<strong>de</strong><br />
terrible! A se<strong>de</strong> que tínhamos...<br />
Ruth: E acham que toda esta guerra valeu a pena?<br />
Capitão: Claro que no, señora...sólo por causa da cobiça, da ambição... e<br />
tanta dor, tantos gastos...<br />
Soldado: E tantas esposas sem marido e tantas madres sem<br />
hijos...Demónios Portugueses!<br />
( Afastam-se maldizendo, muito <strong>de</strong>scontentes )<br />
Ruth: Prossigamos a nossa entrevista... Vou agora questionar aquele<br />
senhor...<br />
Castelhano: Que raio es eso?<br />
Ruth: São apenas umas perguntinhas!<br />
Castelhano: Cierre a boca! Não respondo a niente!<br />
(Afasta-se também, todo rabugento )<br />
Ruth: Bem, aqui temos um exemplo <strong>de</strong> alguém frustrado por ter<br />
perdido...Passemos agora a entrevistar os traidores, irmãos <strong>de</strong> D. Nuno...<br />
( Vai ter com D. Diogo e D. Pedro )<br />
Ruth: Será que vos posso fazer umas perguntas?<br />
Diogo: Recuso-me a falar com estranhos, a minha mãe diz que é<br />
perigoso.<br />
Pedro: Vá lá, ó Diogo, isto vai ser giro1 Nós piscamos-lhe o olho, ela<br />
corre tudo à estalada e pronto!
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 81<br />
Ruth: Digam-me o que os levou a passarem-se para o inimigo?<br />
Diogo: Achamos que teríamos mais riquezas e privilégios.<br />
Pedro. E talvez conhecêssemos umas belas castelhanas...<br />
Ruth: Tornaram-se traidores da Pátria! Como se sentem ?<br />
Pedro: Sinto-me na maior!<br />
Diogo: É indiferente, vou fugir para a Diogolândia e por lá constituir<br />
família!<br />
Ruth: E on<strong>de</strong> fica isso?<br />
Diogo: Fica perto dos cangurus, na Austrália. Tenho lá bons amigos.<br />
Ruth: Cangurus?<br />
Diogo: Claro!<br />
Ruth: E D. Pedro, que tenciona fazer?<br />
Pedro: Eu vou casar com uma rapariga muito bonita, com sardas na cara,<br />
chamada Marta e vou com ela para as Caraíbas.<br />
Ruth: Muito obrigada, D. Pedro e D. Diogo, vamos continuar...<br />
(Ruth vê uma pa<strong>de</strong>ira com a pá do forno na mão)<br />
Ruth: Podia entrevistá-la, minha senhora?<br />
Pa<strong>de</strong>ira: Claro que po<strong>de</strong>, comadre.<br />
Ruth: Como se chama?<br />
Pa<strong>de</strong>ira: Brites <strong>de</strong> Almeida.<br />
Ruth: Conte-nos, então, o que faz com essa pá.<br />
Brites: Olhe, acabei agora mesmo <strong>de</strong> matar sete castelhanos!<br />
Ruth: Sete castelhanos? Como foi isso?<br />
Brites: Atão, os maganos não se enfiaram <strong>de</strong>ntro do mê forno? Eu<br />
peguei na pá e vá <strong>de</strong> lhes bater! Pimba, pimba pela cabeça abaixo!<br />
Ruth: Foi um exemplo <strong>de</strong> coragem da sua parte! Muito obrigada D.<br />
Brites!<br />
( Encaminhando-se para junto das tropas portuguesas. Pelo caminho, um<br />
rapaz pisca-lhe o olho)<br />
Ruth: É sempre a mesma coisa, eles olham para a direita e pisca pisca,<br />
eles olham para a esquerda e pisca pisca... (Chegou junto <strong>de</strong> D. Nuno)<br />
Ruth: D. Nuno, como se sente, saindo vitorioso <strong>de</strong>sta gran<strong>de</strong> batalha?<br />
Nuno: Sem comentários. Estou emocionado <strong>de</strong> mais para falar. Foi uma<br />
batalha difícil.<br />
Ruth: Muito bem...Diga-me só o que pensa da atitu<strong>de</strong> dos seus irmãos ao<br />
virarem-se para o inimigo?<br />
Nuno: eu só sei que se os vir, mato-os, <strong>de</strong>capito-os! Assim como eles me<br />
fariam a mim se me apanhassem. Traidores, bandidos!<br />
Ruth: Vamo-nos dirigir então para a Ala dos Namorados, que têm este<br />
curioso nome <strong>de</strong>vido a ser constituída por rapazes em ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> namorar.
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 82<br />
(Aproxima-se <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> guerreiros que bebem animadamente à<br />
volta <strong>de</strong> uma fogueira)<br />
Ruth: Olá rapazes!<br />
Coro <strong>de</strong> vozes: Olá miúda!<br />
Ruth: Qual <strong>de</strong> vocês gostaria <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às minhas questões?<br />
Coro <strong>de</strong> vozes: Eu! Eu também!<br />
Ruth: Bem, vou começar por ti... Como te chamas?<br />
Rapaz: Gil, João Gil.<br />
Ruth: Então, João, <strong>de</strong>ixaste a tua namorada muito longe?<br />
João: Sim, a Catarina Furtado ficou a apresentar Chupa no <strong>de</strong>do, um<br />
gran<strong>de</strong> êxito <strong>de</strong> audiências.<br />
Ruth: Sentes-te feliz, certamente, por seres vencedor <strong>de</strong>sta guerra e<br />
voltares para junto da tua amada’<br />
João: Siiiim1 Foi uma batalha difícil, os castelhanos eram em maior<br />
número, mas ganhámos graças à nossa posição vantajosa e à estratégia<br />
<strong>de</strong> D. Nuno.<br />
Ruth: Que estratégia foi utilizada por D. Nuno?<br />
João: Estávamos dispostos numa espécie <strong>de</strong> quadrado, formando a<br />
vanguarda e as alas. Cavámos fossas e covas <strong>de</strong> lobo.<br />
Ruth: Quem quer ser o next?<br />
Rapaz: Eu!<br />
Ruth. E como te chamas, jovem?<br />
Nuno: Chamo-me Nuno Guerreiro.<br />
Ruth: Como te sentes e quais são os teus planos para o futuro?<br />
Nuno: Sinto-me contente por estar vivo, eu e o João pensamos formar<br />
um grupo musical com o nome curioso <strong>de</strong> Ala dos Namorados, também<br />
gostaria <strong>de</strong> cantar com a Sara Tavares e fazer um disco a solo.<br />
(E por fim, vamos entrevistar o rei, D. João I)<br />
Ruth: Sr. Rei D. João, podia fazer-lhe algumas perguntas para o canal<br />
18X18?<br />
Rei: é aquele da TV Cabo que...<br />
Ruth: (Com um a cara estúpida) Não!<br />
Rei: Peço perdão, estava a fazer confusão com um canal...<br />
Ruth: Não, obrigada, não quero saber, diga-me antes se achou que foi<br />
uma batalha justa.<br />
Rei: Não porque os castelhanos eram em maior número, mas a nossa<br />
técnica do quadrado foi infalível.<br />
Ruth: O que pensa fazer a seguir?
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 83<br />
Rei: Agora estou a pensar ir ao Mc Donald’s comer qualquer coisa e<br />
<strong>de</strong>pois vou ter com o meu arquitecto para fazer a planta do mosteiro que<br />
vou construir.<br />
Ruth: Excelente...<br />
(De repente ouve-se um grito vindo da ribeira <strong>de</strong> S. Jorge)<br />
Castelhano: Socorro, não sei nadar!<br />
Ruth: Oh, é apenas um castelhano que pensa que está nas marés vivas! E<br />
assim terminou esta emissão. Obrigado por terem vindo até aqui e<br />
fiquem com Mónica Sintra.<br />
Mónica: Gostamos muito <strong>de</strong> estar na sua companhia, as previsões<br />
meteorológicas são: sol em todo o continente e temperaturas que rondam<br />
os quarenta e dois graus. Aconselhamos andar <strong>de</strong> biquini ou, <strong>de</strong><br />
preferência, nu, fechamos este jornal com o meu novo single em<br />
conjunto com a Romana Não és homem para mim porque, claro, eu<br />
mereço muito mais...<br />
Apresentado por Mónica Sintra<br />
Reportagem <strong>de</strong> Ruth Marlene<br />
Imagem <strong>de</strong> Rufino<br />
Apresentadora e repórter vestidos por Christian Dior<br />
Legendas <strong>de</strong> Ediberto Limão<br />
Música <strong>de</strong> Gata-á
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 84<br />
Foi num confortável dia que avigorámos o nosso amor.<br />
O dia estava tépido e tu chegaste com uma braçada <strong>de</strong> flores<br />
numa total embriaguez <strong>de</strong> amor. O frémito do teu doce e envolvente<br />
beijo, línguas à <strong>de</strong>scoberta da novas sensações e um tripudiar, uma<br />
concupiscência procelosa e um doido prazer esbanjado numa noite que<br />
se avizinhava e num sol fulva que se <strong>de</strong>spedia até um amanhã.<br />
Os salpicos <strong>de</strong> estrelas no <strong>de</strong>nso escuro fizeram-te reverberar os<br />
ver<strong>de</strong>s resplan<strong>de</strong>centes e envolventes olhos. A pele ebúrnea e alva<br />
encobriu-te o lado tenaz. Num avigorar <strong>de</strong> sentimentos, num voltarete <strong>de</strong><br />
lençóis diáfanos e veludosos, convulsões inexprimíveis levaram-me a<br />
pensamento e todo o meu quente corpo vigorosamente dançou tribal<br />
num crispar <strong>de</strong> <strong>de</strong>vassidão. Num movimento hercúleo, um estrépito<br />
orgíaco, orgástico e incan<strong>de</strong>scente irradiou-nos e <strong>de</strong>ixou-me <strong>de</strong>scobrir-te<br />
formas. Numa sensação espasmódica, a minha mão suada escorreu-te,<br />
<strong>de</strong>slizou pesada e <strong>de</strong>liciosamente o teu contraído peito fugaz, feito em<br />
suor. Naquele festim licencioso, nocturno e secreto, na luz dos salpicos<br />
das estrelas no céu limpo com estreitos cirros no pulsar cardíaco ,<br />
apressado, vi-te túrgido, louco... e eu, <strong>de</strong>mente, mais uma vez contigo<br />
reverberei num capricho viciante, <strong>de</strong>licioso. As palavras guturais,<br />
estri<strong>de</strong>ntes, pareciam-nos silvos e risos engasgados <strong>de</strong> paixão, soltaram<br />
as amarras e do fundo do coração saltaram loucos em danças<br />
rodopiantes para aquela noite brutal.<br />
O cansaço furtou-nos o prazer e as olhares entreabertos,<br />
drogados e vermelhos, cintilantes, fecharam longamente, as pálpebras<br />
penosas caíram sem perdão.<br />
A bruma <strong>de</strong>nsa fez o atrevido sol, fulva, quente, espreitar<br />
tardio. Quando os corpos entorpecidos não quiseram acordar e a dita<br />
bruma se levantou, se <strong>de</strong>svaneceu; a luz nas pálpebras, laranja,<br />
avermelhada, obrigou-nos a não mais resistir. Num acordar rendido,<br />
num frente a frente envolvente, o mar dos ver<strong>de</strong>s olhares matou-me e a<br />
aura louca da paixão vincou pertinaz, obstinada... firme.<br />
Depois do dia confortável em que avigorámos o nosso amor,<br />
num amar assim como eu te amei, jamais!<br />
• Isabel Pereira, 12º E
Bill Clinton •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 85<br />
Chega Bill Clinton ao Purgatório, com marcas <strong>de</strong> baton em<br />
quase todo o corpo e vê dum lado a barca do Inferno e do outro a Barca<br />
do Paraíso.<br />
O Diabo, dirigindo-se a ele, diz:<br />
Diabo- Ó esplendor dos E.U.A, como tens passado?!<br />
Bill Clinton- Bem, obrigado, apesar <strong>de</strong> morto.<br />
Diabo- Então <strong>de</strong> que morreste?<br />
Bill Clinton - De um ataque cardíaco.<br />
Diabo- Muito esforço, não é?!<br />
Bill Clinton- Ah sim!... Para on<strong>de</strong> vai esta barca?<br />
Diabo- Vai para “o recanto escuro dos infiéis”.<br />
Bill Clinton- Então, essa barca não é a minha.<br />
Diabo- O que o faz pensar isso?<br />
Bill Clinton - Sempre servi a minha pátria com orgulho. Defendi os<br />
interesses do meu país. Fiz muitas obras e serviços <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>.<br />
Diabo- E o seu caso com a famosa Mónica Lewinsky?<br />
Bill Clinton - Foi só uma coisa passageira. E, como sou um indivíduo<br />
bondoso, até <strong>de</strong>i uma imensa fortuna àquela vigarista boazona.<br />
Diabo- Para ela não contar a ninguém, não é ?!!<br />
Bill Clinton- Oh! Vou à barca da qual sempre me achei digno. Ah!<br />
Quem é aquela miragem?<br />
Anjo- O que quer daqui, seu profano?<br />
Bill Clinton- Daqui?! Só quero uma coisa, mas <strong>de</strong> si espero muito.<br />
Anjo- Como ousa falar assim com um discípulo <strong>de</strong> Deus? O homem que<br />
matou inocentes para <strong>de</strong>sviar a atenção do povo em relação ao seu caso<br />
com uma igual a si!<br />
Bill Clinton - Por favor, minha pombinha branca, não me envie já para<br />
aquela barca maldita, por causa da minha mulher que tanto chora por<br />
mim.<br />
Anjo- Esta tem graça!<br />
Bill Clinton- Porquê?<br />
• Lioniza Mayola, nº17, 9º A, 15 anos
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 86<br />
Anjo- Acha que alguma pessoa <strong>de</strong>cente, estaria casada com um traidor<br />
como você?<br />
Bill Clinton - O que quer dizer com isso?<br />
Anjo- A sua bela esposa ficou consigo por causa do luxo, do dinheiro e<br />
para ser a Primeira Dama. A esta hora , nem <strong>de</strong>ve ter perdido tempo com<br />
o funeral! E neste preciso momento, <strong>de</strong>ve estar no cartório para saber o<br />
que lhe <strong>de</strong>ixou para partilhar com o seu amante, o vice-presi<strong>de</strong>nte dos E.<br />
U. A.<br />
Bill Clinton - Então, antes <strong>de</strong> eu ir para o Inferno po<strong>de</strong> dizer-me se,<br />
quando a minha “ex” bater as botas, também vai para o Inferno?<br />
Anjo- Com certeza!!<br />
Bill Clinton - Assim já fico mais contente quando for para o Inferno.<br />
A<strong>de</strong>us meu doce mel. AH! Ah! Ah!
Manuel Maria Carrilho •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 87<br />
Com o rabinho a dar a dar, chega Manuel Maria Carrilho e, dirigindo-se<br />
ao Diabo, diz:<br />
M.M.C.- Para on<strong>de</strong> irá levar este bom homem?<br />
Diabo- Para a terra <strong>de</strong> Satanás.<br />
M.M.C.- Que disparate! Sabe com quem está a falar?<br />
Diabo- Com Vossa Excelência, Manuel Maria Sarilho. Ah! Perdão!<br />
Carrilho.<br />
M.M.C.- Para o inferno, eu? Moi! Ministro da Cultura a cumprir o<br />
segundo mandato.<br />
Diabo- Bem sei que V. Excelência está habituado a todo o tipo <strong>de</strong> luxos:<br />
garanto-lhe que a sua caríssima casa <strong>de</strong> banho no Ministério lhe assenta<br />
na perfeição.<br />
M.M.C.- Que disparate! O que é que você tem contra a minha casa <strong>de</strong><br />
banho? É natural que <strong>de</strong>coremos a nosso gosto os espaços on<strong>de</strong><br />
passamos gran<strong>de</strong> parte do nosso tempo.<br />
Diabo- Contra a sua casa <strong>de</strong> banho, nada, contra si é que...<br />
M.M.C.- O quê? Diga lá! Ouço todas as críticas.<br />
Diabo- Você é que pediu! Diz-se você tão bom Ministro da<br />
Cultura...quando quase boicotou o que virá a ser o maior espectáculo <strong>de</strong><br />
cultura do nosso país: “O Porto <strong>2001</strong>”.<br />
M.M.C.- Hum!...Hum!... Eu cá tinha as minhas razões! Mas estive do<br />
lado da Cultura quando incentivei e apoiei vários eventos na SIC,<br />
nomeadamente o primeiro telefilme português... que em breve estreará e<br />
todo o povo terá nele orgulho!<br />
Diabo- A RTP não te pagava bem...<br />
M.M.C.- Que disparate! Que disparate! A sua pessoa só diz disparates!<br />
Vou alargar os meus horizontes, trocando i<strong>de</strong>ias com o seu colega...<br />
Distribuindo saudações, com um ar <strong>de</strong> quem (não) cumpre o que<br />
promete, vai à Barca do Anjo e diz:<br />
M.M.C.- Dá-me licença <strong>de</strong> entrar?<br />
• Susana Rodrigues, n.º 22, 9º A, 15 anos
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 88<br />
Anjo- Não ouses dar mais um passo! Para a Terra Prometida vão<br />
somente aqueles que não invocam o santo nome <strong>de</strong> Deus em vão!<br />
M.M.C.- Ah! Que disparate! A minha fé é fruto <strong>de</strong> várias religiões<br />
oriundas <strong>de</strong> culturas que tenho vindo a conhecer!<br />
Anjo- À custa dos contribuintes! Não mereces o cargo que possuis! Não<br />
serves fielmente o povo que representas! Não ages como um colectivo,<br />
mas como uma individualida<strong>de</strong>.<br />
Queixando-se da injustiça <strong>de</strong> que está a ser alvo, dirige-se à Barca do<br />
Inferno.<br />
Diabo- O bom filho à casa torna! Hou! Que honra ter um Senhor<br />
Ministro na minha artística Barca! Entrai...
Caro amigo Teodoro: •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 89<br />
Não, não faças essa cara <strong>de</strong> espanto. Já sabias que, mais tar<strong>de</strong><br />
ou mais cedo, irias precisar <strong>de</strong> mim. E, <strong>de</strong>sta vez ( que vergonha !),<br />
rendido à avareza e à cobiça. Pensa Teodoro. Por uma vez na vida,<br />
pensa! O que farás tu com todo esse dinheiro? Despesas loucas,<br />
exigências mesquinhas, pedidos extravagantes? Porque não te contentas<br />
com a sorte que Deus te <strong>de</strong>u e, em vez disso, te pões a escutar as balelas<br />
do Diabo?<br />
Teodoro, reflecte bem. Para tu ficares bilionário, uma pessoa<br />
terá que morrer. E essa pessoa, com certeza, tem uma família, uma<br />
família que ficará <strong>de</strong>samparada, não só com a morte do Mandarim, mas<br />
também porque se quedará arruinada. Imagina se o mesmo te<br />
acontecesse a ti. Ouve-me a mim, Teodoro, esquece o Diabo, essa<br />
criatura vil e traiçoeira.<br />
Não te <strong>de</strong>ixes cair em tentação, meu amigo, não permitas que, por causa<br />
da tua cobiça, morra uma pessoa, uma família fique em pranto. Tens<br />
uma vida boa e tranquila, que mais po<strong>de</strong>s querer? Não sejas ganancioso.<br />
Não sonhes com o que não te pertence. Sê honesto. Tu és bom, Teodoro,<br />
és humano, combate a tirania. Eu estarei sempre aqui para te ajudar.<br />
Deixa o Mandarim e os seus milhões. Lembra-te que os prós<br />
têm sempre um contra. Fica em paz contigo mesmo.<br />
Despeço-me, esperando ter-te convencido a seguir o bom<br />
caminho. Felicida<strong>de</strong>s...<br />
Havana<br />
(A tua consciência)<br />
• Virgínia,nº26, 9º A, 14 anos
Entrevista •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 90<br />
Entrevista ao Gigante Adamastor, Vasco da Gama e Marinheiros<br />
Encontra-se em diálogo Adamastor, o Sr. Vasco da Gama e alguns<br />
marinheiros da nau portuguesa.<br />
Jornalista- Bom dia! Estamos aqui para falar da ocorrência da noite<br />
passada em que Adamastor <strong>de</strong>ixou os portugueses passar o Cabo das<br />
Tormentas.<br />
Como vai Sr. Vasco da Gama? Como correu a viagem?<br />
Vasco da Gama- Estou bem, obrigado. A viagem correu relativamente<br />
bem, tirando as tempesta<strong>de</strong>s, as correntes marítimas e a tripulação<br />
perdida. Mas, apesar <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>sgraças e graças à cassete do Padre<br />
Marcelo Rossi, a viagem teve um lado muito divertido.<br />
Jornalista- De seguida, vamos saber em primeira mão, o que levou<br />
Adamastor a <strong>de</strong>ixar os portugueses dobrar o Cabo.<br />
(Adamastor espirra)<br />
Adamastor- Desculpe! Não estou habituado a tantas câmaras.<br />
Jornalista- Não faz mal! É capaz <strong>de</strong> me dizer o motivo pelo qual todos<br />
os povos preten<strong>de</strong>m dobrar o Cabo das Tormentas.<br />
Adamastor - Bom, primeiro é porque todos os povos têm o objectivo <strong>de</strong><br />
chegar à Índia por via marítima. E também, para não falar, do meu efeito<br />
AXE!<br />
Jornalista- Então muitos povos tentaram dobrar o Cabo antes dos<br />
portugueses.<br />
Porque não <strong>de</strong>ixou os outros dobrar o Cabo e <strong>de</strong>ixou os portugueses?<br />
Adamastor - Primeiro porque o povo português merecia <strong>de</strong>scobrir o<br />
caminho marítimo para a Índia pois é um povo cheio <strong>de</strong> glória e<br />
corajoso. Penso que mereceram este meu voto <strong>de</strong> confiança.<br />
Jornalista- O que o tornou um monstro horroroso e temido?<br />
Adamastor - Fui filho da Terra e chamava-me Adamastor. Com Júpiter<br />
an<strong>de</strong>i na guerra, pois era capitão do mar. Apaixonei-me por Tétis, filha<br />
• Ana Catarina nº 1, Filipa Franco nº 7, Joana Carvalhal nº 13, Joana<br />
Isabel nº 14, Marta Martins nº 18
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 91<br />
<strong>de</strong> Nereu e Dóris. Mas, por esse amor, fui transformado neste horrível<br />
monstro.<br />
Jornalista- Vasco da Gama, como se sente após este elogio que<br />
Adamastor fez aos portugueses?<br />
Vasco da Gama- Para dizer a verda<strong>de</strong>, o povo português merece. Penso<br />
que fizemos muitas tentativas para chegar ao Índico. Bom, também não<br />
nos po<strong>de</strong>mos esquecer dos marinheiros. Foi graças a eles que este barco<br />
chegou até aqui!<br />
Marinheiros- Sentimo-nos orgulhosos e felizes por ter dobrado o Cabo e<br />
chegado à Índia, apesar dos muitos colegas que morreram, estamos<br />
felizes.<br />
(Marinheiros, Vasco da Gama e Adamastor fazem uma festa)<br />
Jornalista- Bom! É neste ambiente <strong>de</strong> festa que damos por terminada<br />
esta emissão.
Concílio dos Deuses •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 92<br />
Jornalista- Boa noite, senhores telespectadores. Encontramo-nos aqui<br />
neste programa especial para uma maior reflexão sobre o assunto do<br />
momento. Aqui vamos <strong>de</strong>bater, com os principais protagonistas da<br />
acção. A questão é: <strong>de</strong>ixar ou não os marinheiros portugueses, um povo<br />
aventureiro, seguir viagem à Índia? A <strong>de</strong>cisão cabe aos vários <strong>de</strong>uses do<br />
Concílio, mas hoje temos aqui os principais: Júpiter, o expoente<br />
máximo; Marte, Vénus e Baco. Para começar uma pergunta simples:<br />
Quem está <strong>de</strong> acordo com o avanço das naus lusitanas e,<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da resposta afirmativa ou negativa, porquê?<br />
Júpiter – Bem... Em primeiro lugar, boa noite a todos os<br />
presentes e aos senhores telespectadores. Essa é uma questão que tem<br />
que ser abordada com calma e serieda<strong>de</strong>. Acredito que o povo<br />
português, que é um povo aventureiro, como já foi referido, corajoso e<br />
<strong>de</strong>stemido, é digno <strong>de</strong> um triunfo.<br />
Marte – O povo português tem tudo o que é necessário para conseguir<br />
triunfar. Porém, creio que a <strong>de</strong>cisão final cabe a Júpiter...<br />
Baco – Mas que disparate! Os portugueses não po<strong>de</strong>m chegar à Índia.<br />
Jornalista – Porquê’<br />
Baco – Porque não. Os Lusitanos ainda não fizeram nem meta<strong>de</strong> para o<br />
conseguir.<br />
Vénus – Isso não será receio seu?<br />
Baco – Receio?! De que?!<br />
Marte – De per<strong>de</strong>r o reconhecimento no Oriente após a chegada dos<br />
portugueses. O que será do Deus do vinho, se o produto que lhe <strong>de</strong>u<br />
fama for esquecido?<br />
Baco – O quê receio <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r prestígio? Bem, eu...<br />
Jornalista – Mas afinal, o que é que vai acontecer aos portugueses? É o<br />
que todo o país quer saber.<br />
Marte – Bem, por mim... Não sei...<br />
Vénus – Ai! Como os portugueses me fazem lembrar o povo romano,<br />
pela língua, pelos costumes e pelo bom coração. É um povo muito bom,<br />
o português! Creio pios que <strong>de</strong>vem chegar à Índia.<br />
• Elma Pegado, nº 5, Lioniza Mayola, nº17, Sérgio Fortunato, nº 21,<br />
Susana Rodrigues, nº22, Urbano Veiga, nº25, 9º A
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 93<br />
Jornalista – Pelo que entendi, a <strong>de</strong>cisão pertencerá a Júpiter ou não?<br />
Júpiter – Espero não me arrepen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>cisão, mas, sinceramente,<br />
creio que o <strong>de</strong>stino dos portugueses será mesmo a Índia.<br />
Baco – ( Já <strong>de</strong>sesperado, suspirando e pondo a mão na cabeça) Que<br />
disparate! Corajosos? Corajoso sou eu por estar aqui a aturar-vos!<br />
Marte – <strong>de</strong>sculpe lá, meu caro Baco, acho que se <strong>de</strong>ve explicar.<br />
Baco – Bem, isto é muito complicado <strong>de</strong> dizer, não sei se os senhores<br />
me compreen<strong>de</strong>m, mas isso não importa. Em primeiro lugar o que<br />
importa são as consequências culturais que terão lugar na Índia se eles lá<br />
chegarem.<br />
Jornalista – Obrigado pela sua intervenção. Penso que Marte tem alguma<br />
coisa a dizer sobre o assunto.<br />
Marte – Sim, tenho. Nisso tem razão, concordo consigo. No entanto, não<br />
pensa que está a dramatizar um pouco? Acho que esta questão não é<br />
muito relevante para este <strong>de</strong>bate.<br />
Jornalista – (Olhando para o relógio ) Bem, o diálogo vai ter que ficar<br />
por aqui, pois estamos a terminar o nosso tempo <strong>de</strong> antena a que se<br />
segue o esperadíssimo final da Chuva <strong>de</strong> Meteoros. Para terminar, só<br />
pretendia saber qual a <strong>de</strong>cisão do soberano Júpiter.<br />
Júpiter – Muito obrigado, muito obrigado. Realmente cheguei a uma<br />
conclusão. Meditei e creio que todas as questões levantadas foram<br />
válidas e oportunas. A minha <strong>de</strong>cisão é.... SIM! Os portugueses<br />
chegarão até ao continente das especiarias com o apoio dos <strong>de</strong>uses.<br />
Enviarei, <strong>de</strong> imediato, o meu mensageiro, Mercúrio, a Melin<strong>de</strong>, para<br />
que os portugueses possam reforçar as suas forças e seguir o <strong>de</strong>stino que<br />
lhes está traçado.<br />
Jornalista – E aqui estão, em primeira mão, as palavras que mudarão o<br />
rumo da História <strong>de</strong> Portugal, que mais tar<strong>de</strong> serão relembradas com<br />
nostalgia e esplendor. Portugal vai até à Índia!!!<br />
Obrigado pela sua atenção e interesse. Boa noite.
Jogadas milionárias •<br />
E aqueles que correm atrás da bola,<br />
Até ficam com as voltas trocadas.<br />
Tanto se esforçam os coitados,<br />
Por apenas ganharem uns trocados!<br />
E as suas casas, tão incómodas,<br />
Com suas famílias tão mal acomodadas.<br />
Os seus carros, tão simples e vulgares<br />
Mal chegam a ter oito lugares!<br />
Que vida esta, tão pobre e <strong>de</strong>sgraçada<br />
Destas pobres pessoas que não têm dinheiro para nada!<br />
• Cátia, nº 3, Mariana, nº14, 11º H<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 94
Sem título •<br />
A pequena endiabrada<br />
De olhos ver<strong>de</strong>s pequenitos<br />
Mete-nos todos numa alhada<br />
Com os seus gran<strong>de</strong>s trabalhitos<br />
Senhorita <strong>de</strong> seu nariz<br />
Sabe bem se <strong>de</strong>stacar<br />
Atravessa mares <strong>de</strong> gente<br />
Para a horas chegar<br />
O PIT é a menina dos seus olhos<br />
Um dossier pleno <strong>de</strong> emoções<br />
Secções com trabalhos aos molhos<br />
Pesquisas, vocabulário e correcções<br />
Três palavras para a <strong>de</strong>finir<br />
Num adjectivo é exigente<br />
O verbo é exigir<br />
Mas é uma pessoa contente<br />
• Edith Gregório, Magda faria, Pedro Farinha, 11º A, 99/00<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 95
Melodia sinistra •<br />
Ilustração nº 23 •<br />
INTERROGAÇÕES<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 96<br />
Abandonamos tudo e corremos... sem rumo marcado, sem uma<br />
bússola que indique o caminho a percorrer. Corremos ao encontro <strong>de</strong><br />
algo virtual.<br />
Os poetas morreram. Só os loucos têm razão – o amor é uma<br />
utopia das já esquecidas.<br />
Uma rosa po<strong>de</strong> ser tão bela, cheirosa e pura, quanto dura,<br />
espinhosa e cruel.<br />
A escuridão regressa, as sombras partem e dia após dia, <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> nós, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> correr aumenta. Mas correr para on<strong>de</strong> ? À nossa<br />
volta os olhares semicerraram-se, as portas trancaram-se e lá fora só se<br />
ouve o som da chuva, o soluçar do vento.<br />
Gritos <strong>de</strong> horror ro<strong>de</strong>iam o meu ser mas eu não lhes sei indicar<br />
o caminho – a voz do teu piano é macabra <strong>de</strong>mais para não me<br />
atormentar.<br />
No meio <strong>de</strong>stas quatro pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ixo-me <strong>de</strong>sfalecer: os braços<br />
ficam inertes, a cabeça <strong>de</strong>scaída e o luto que cobre o meu corpo espelha<br />
o nosso interior já morto.<br />
• Patrícia Rosa, 12º E, nº 13<br />
• Patrícia Alexandra da Rosa, nº 13, 12º E
Chama Viva •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 97<br />
Era manhã <strong>de</strong> Inverno, lá fora lençóis brancos cobriam a cida<strong>de</strong><br />
como tentando afagar os problemas e as tristezas <strong>de</strong> todos, lágrimas<br />
caíam em ritmo incerto como se nos quisessem transmitir alguma<br />
mensagem incompreendida, uma luz rápida e contínua tentava iluminar<br />
o céu que se tornara cinzento.<br />
O meu olhar penetrava aquele maravilhoso espectáculo, o meu<br />
corpo ainda adormecido <strong>de</strong>slizou lentamente até ficar apoiado no<br />
parapeito da janela que me servia <strong>de</strong> acesso para um mundo on<strong>de</strong> não<br />
existia o barulho constante das buzinas dos carros, dos motores das<br />
lambretas, dos <strong>de</strong>sabafos das pessoas numa rotina diária em que tudo se<br />
repete, iguala e nada difere.<br />
Naquele momento senti-me alegre, com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> dançar na<br />
rua sem ninguém me discriminar, cantar sem medo <strong>de</strong> que alguém me<br />
chamasse a atenção. Dirigi-me ao quarto da mãe e do pai para lhes<br />
contar como me sentia:<br />
- Mãe...<br />
- Pai...<br />
Aquelas palavras ficaram sem resposta pois ninguém estava em<br />
casa, só eu e eu só. Como me apetecia gritar, partir os perfumes<br />
franceses da mãe, pintar as pare<strong>de</strong>s, rasgar os papéis que estão no<br />
escritório, colocar a música alto até os vidros partirem... mas como<br />
sempre estes impulsos <strong>de</strong> coragem resumem-se apenas a um choro<br />
silencioso que me corrói e vai enfraquecendo a chama que há <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
mim.<br />
Todos aqueles pensamentos foram interrompidos quando a<br />
campainha, na sua voz irritante, começou a tocar, fui abrir, era o meu<br />
irmão João. Ao contrário dos outros dias em que vinha sorri<strong>de</strong>nte,<br />
alegre, naquele dia tremia, as suas pupilas estavam dilatadas. Ao vê-lo<br />
assim, senti um arrepio como se estivesse a ver um <strong>de</strong>sconhecido.<br />
• Anónimo, 7º A, 1999/2000
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 98<br />
Agarrei-o com medo que caísse, mas ele empurrou-me e, como um<br />
louco, correu até à casa <strong>de</strong> banho on<strong>de</strong> vomitou.<br />
Levantei-me e fui ver o que se passava, <strong>de</strong>parei-me com o João<br />
encostado à ombreira da porta a chorar como uma criança <strong>de</strong>samparada,<br />
<strong>de</strong>vagar sentei-me a seu lado e abracei-o, pela primeira vez senti que ele<br />
era meu irmão e que também sofria.<br />
- O que se passa, mano? – perguntei baixinho para não o<br />
assustar.<br />
- Não consigo parar, não consigo... Começou por uma<br />
brinca<strong>de</strong>ira, um simples charro, <strong>de</strong>pois a coisa foi-se tornando mais séria<br />
e, quando <strong>de</strong>i por mim, já estava envolvido e agora não há volta...<br />
- João, fala com a mãe. Hoje em dia, já existem tratamentos,<br />
clínicas...<br />
- Estás a passar-te, não ? Sabes o que é ficar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma<br />
coisa, contar os minutos para a teres ? Desculpa lá, como é que uma<br />
“betinha” como tu po<strong>de</strong> saber disto ?<br />
Com raiva, larguei-o e tranquei-me no meu quarto, pensando<br />
que ele tinha razão. Queria mostrar-lhe como era capaz <strong>de</strong> uma vez na<br />
vida cometer uma loucura, mas ao lembrar-me <strong>de</strong>le nervoso, trémulo e<br />
agressivo... <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim, sentimentos opostos baralhavam-se,<br />
confundindo-me.<br />
Olhando-me ao espelho, recor<strong>de</strong>i a minha mãe a pentear os<br />
meus encaracolados cabelos enquanto me sussurrava histórias <strong>de</strong><br />
encantar, em que no fim todos ficavam felizes graças à magia das fadas<br />
que <strong>de</strong>struíam o mal. Mas agora, <strong>de</strong>scobrira que na vida não existem<br />
fadas e que o mal está escondido em todas as esquinas para atacar<br />
aqueles que são fracos e que não conseguem dizer não. Com raiva <strong>de</strong> ter<br />
<strong>de</strong>scoberto a verda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ninguém me ter alertado para ela, peguei na<br />
tesoura que estava no móvel e fui cortando instintivamente o cabelo, o<br />
chão cobria-se <strong>de</strong> preto e dos meus olhos ver<strong>de</strong>s jorravam lágrimas<br />
como uma fonte que nunca pára, naquele momento <strong>de</strong>sejava não ter<br />
crescido e continuar a brincar com as minhas bonecas num mundo <strong>de</strong><br />
fantasia.<br />
O meu corpo <strong>de</strong>slizou pela pare<strong>de</strong> até se aconchegar no chão,<br />
retirei da mala um cigarro que Mariana me oferecera junto <strong>de</strong> um bilhete<br />
que trazia inscrito: “ Uma lembrança para a nossa querida bebé, Ana.”,<br />
uma nuvem <strong>de</strong> fumo envolveu-me como se me quisesse adormecer, nela<br />
se dissolveram todos os meus problemas e adormeci.<br />
Passadas algumas horas, acor<strong>de</strong>i em sobressalto quando ouvi a<br />
minha mãe a chorar e a gritar:
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 99<br />
João, acorda, João...<br />
Ergui-me com dificulda<strong>de</strong>, estava atordoada, queria ver o que<br />
suce<strong>de</strong>ra, mas o meu corpo não <strong>de</strong>ixava, era uma luta entre este e o meu<br />
espírito. Quando finalmente consegui chegar à porta do quarto, <strong>de</strong>pareime<br />
com a cena mais triste que alguma vez vira: a minha mãe agarrada<br />
ao João enquanto enfermeiros o levavam numa maca, o meu pai tentava<br />
acalmá-la e como uma pena, caí no chão.<br />
Quando acor<strong>de</strong>i, vi uma senhora vestida <strong>de</strong> branco, trazia os<br />
lábios excessivamente pintados <strong>de</strong> vermelho, tinha uma cara redonda e<br />
usava óculos na ponta do nariz.<br />
- Bom dia, menina – disse-me ela – Eu sou a médica Maria<br />
João.<br />
- On<strong>de</strong> é que estou ?<br />
- Está no hospital, minha querida. Esteve <strong>de</strong>smaiada três horas,<br />
porquê não preciso <strong>de</strong> dizer, pois não ?<br />
- Diga lá.<br />
- Foi o cigarrinho...<br />
- O meu irmão?<br />
- Está a recuperar.<br />
A mãe entrou no quarto, tinha olheiras, estava com uma voz<br />
triste e o mesmo acontecia ao pai. Acariciou-me os cabelos e disse-me<br />
apertando-me a mão como se fosse fugir:<br />
- O João não conseguiu sobreviver. E começou a chorar.<br />
Paralisada, não a consegui acalmar, lágrimas <strong>de</strong> culpa percorriam-me a<br />
cara. Se eu tivesse dito à mãe uma hora antes o João.... Se tivesse<br />
<strong>de</strong>scoberto antes.... Se tivesse continuado a falar com ele...<br />
Naquele mesmo dia fui para casa, a mãe tinha entrado em<br />
<strong>de</strong>pressão, o pai não conseguia falar com ninguém, passámos a ser como<br />
estranhos. Cansados <strong>de</strong> viver assim, com sauda<strong>de</strong>s do João, farta da<br />
mesma monotonia, a minha única ocupação passou a ser a leitura <strong>de</strong><br />
velhos livros, talvez em busca das referências não encontradas.<br />
Estava <strong>de</strong>cidida a quebrar aquele silêncio que habitava <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> mim e, naquele dia, quis pôr fim à minha triste história. Era <strong>de</strong><br />
manhã, os pais ainda estavam a dormir, <strong>de</strong>i-lhes dois beijos e <strong>de</strong>ixei-lhes<br />
um bilhete: “ Adoro-vos”, dirigi-me à cozinha para ir buscar os<br />
comprimidos, iria tomá-los e <strong>de</strong>itar-me tranquilamente à espera <strong>de</strong> um<br />
sono, que tinha a certeza acabaria com todos os problemas.<br />
Foi então que fechei os olhos e passei em retrospectiva toda a<br />
minha vida, quem eu realmente era e o que me diferenciava dos que<br />
banalmente <strong>de</strong>sistem <strong>de</strong> lutar pela dignida<strong>de</strong> do dia-a-dia que constitui
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 100<br />
as nossas vidas. Seria justo fazer sofrer duas pessoas que tanto me<br />
amavam e me haviam ensinado a AMAR ? Ao contrário das outras<br />
vezes, agora, todas as dúvidas <strong>de</strong>sapareciam e tinha toda a certeza que<br />
queria viver.<br />
O que seremos – Reflexo do que somos •<br />
• Raquel Félix, nº 19, 10º A
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 101<br />
Vimos fazendo um percurso que, quando completo, se<br />
reflectirá, sem dúvida alguma, no nosso futuro e na nossa realização.<br />
Todos ambicionamos algo e nutrimos a esperança do<br />
encaminhamento da vida para o trilho <strong>de</strong>sejado, por isso, tentamos<br />
precaver, procurando completar esse percurso <strong>de</strong> aprendizagem não só<br />
com a rapi<strong>de</strong>z pretendida, mas também com a eficácia necessária.<br />
Numa época em que o aceso às universida<strong>de</strong>s (em conjunto<br />
com uma vida sem problemas) são constantemente comentados, cabenos<br />
a nós, jovens (cumulados <strong>de</strong> medos, dúvidas e incertezas) efectivar<br />
uma aspiração viva e elaborada daquilo que queremos para as nossas<br />
vidas. Os jovens, futuro da nação, vivem permanentemente pressionados<br />
por quem em tempos foi como eles e se esqueceu <strong>de</strong> quanto é difícil<br />
estar encurralado e apertado por todos os lados. Alvo mor <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scarregamento <strong>de</strong> frustrações, acabamos por per<strong>de</strong>r parte da<br />
motivação que anteriormente nos havia sido incutida e confrontamo-nos<br />
com uma socieda<strong>de</strong> que ora nos compreen<strong>de</strong> e apoia, ora nos diferencia<br />
e rejeita, embora sempre tendo em mente o nosso bem e sucesso futuro.<br />
Certo é que esta geração, por vezes apelidada <strong>de</strong> “rasca” tem os<br />
seus problemas. Numa era em que as mais altas questões se levantam,<br />
em que alastram terríveis males como a droga e a sida, os jovens ficam<br />
profundamente marcados por estes fenómenos e têm <strong>de</strong> se manter<br />
extraordinariamente alerta, <strong>de</strong> modo a não irem na enxurrada que tantos<br />
leva. Apenas optando pelo trilho da verda<strong>de</strong> e da justiça e regendo-nos<br />
pela norma <strong>de</strong> vida, que o i<strong>de</strong>al escondido em cada um <strong>de</strong>creta,<br />
conseguiremos alcançar os objectivos que temos vindo a traçar.<br />
Ao longo da nossa curta caminhada, neste mundo em que hoje<br />
vivemos e on<strong>de</strong> o egocentrismo e individualismo predominam, ir sempre<br />
em frente com coragem, perseverança e <strong>de</strong>terminação, eis o que<br />
necessitamos, não para mudar o mundo, mas para o tornar melhor.<br />
Contudo, a realização dos nossos sonhos não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> só <strong>de</strong> nós<br />
e da nossa força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>. Para além da dificulda<strong>de</strong> perante os mais<br />
severos obstáculos que o futuro com certeza trará e da sorte que o<br />
<strong>de</strong>stino ( guardado a sete chaves nos invioláveis cofres dos <strong>de</strong>uses ) nos<br />
reserva, é também um elemento, mais do que essencial para a conquista<br />
dos nossos objectivos, o modo como nós formos acolhidos no seio da<br />
comunida<strong>de</strong> a que pertencemos.
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 102
Ontem •<br />
O PASSAR DO TEMPO<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 103<br />
Foi uma pérola mais que se escapou como grão <strong>de</strong> areia por<br />
entre uns <strong>de</strong>dos esguios, longos e inconscientes.<br />
Foi como gota <strong>de</strong> orvalho que acordou, abriu os olhos, sorriu e<br />
começou a espreguiçar-se ao longo da aveludada e purpúrea pétala.<br />
Foi como o primeiro sorriso, doce e belo nos lábios finos <strong>de</strong><br />
uma criança e que terminou num suspiro longo e fatigado <strong>de</strong> uma vida<br />
no fim.<br />
• Ágata Leonardo, nº1, 8º A
À minha inspiração, Carla •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 104<br />
Oito e trinta, toque da alvorada cerebral... que romaria! Seguem<br />
uns freneticamente e outros fúnebres; seguem educandos, inteligentes,<br />
arrogantes, ignorantes... em procisssão para a capela atrás das gra<strong>de</strong>s.<br />
Levam o rosário nas gangas, as velas nos lábios rosados,<br />
acompanhados pelos coros electrónicos, as falsas bíblias nas mochilas!<br />
Os olhos cépticos mas curiosos ajoelham-se à rebeldia em<br />
confessionários científicos e literários, contestando as homilias daqueles<br />
padres retóricos e bem formados <strong>de</strong> rebanhos negros!<br />
Ah! Mas que belos festins <strong>de</strong> Baco nesta prisão que suga e<br />
alimenta, que apaixona e arrelia, enfim que ensina.<br />
Lá fora na sombra, as procissões saem fúnebres das capelas...<br />
mortuárias!<br />
• Filipa Poeira, 12º D
Amanhã •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 105<br />
O amanhã é um amanhã radioso.<br />
Oferece-se como cassete intacta que teremos que gravar.<br />
É como um livro em branco que teremos que preencher.<br />
Que farei?<br />
O trabalho é árduo e longo. Porquê não começar já, pegando na<br />
caneta, preparando o prólogo, o esboço <strong>de</strong>ssa obra <strong>de</strong> arte que nos é<br />
confiada?<br />
Porquê <strong>de</strong>ixar fugir a frescura da manhã para começar a<br />
trabalhar na hora em que o sol começa a <strong>de</strong>scer a colina?<br />
Porquê construir o edifício sobre o areal só porque nos agradam<br />
as ondas, perigosamente inconstantes?<br />
Porquê não ver enquanto é tempo que a construção tem que ter<br />
bases sólidas que não <strong>de</strong>smoronem ao contacto com as intempéries.<br />
• Ágata Leonardo, nº1, 8º A
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 106<br />
A luz rubra, viva, dos faróis molhados <strong>de</strong> mar salgado ilumina<br />
o bombear escarlate que acelera, fugaz, túrgido, em cada foco em cada<br />
olhar.<br />
Teias da vida, prisões imprevistas e agradáveis. Encarcerada,<br />
morro <strong>de</strong> prazer.<br />
Os faróis não partem... e brilham.<br />
O ver<strong>de</strong> da asa da borboleta traz boas novas voluptuosas,<br />
carnalmente...<br />
Gostosas. Danças, agonias estri<strong>de</strong>ntes.<br />
Tempestuosa chega a maré. Solta-me em cordas grossas,<br />
liberta-me e cobre-me <strong>de</strong> correntes frias e pesadas. Os faróis <strong>de</strong> mar<br />
salgado iluminam-me;<br />
ver<strong>de</strong>s pecadores, meus.<br />
• Isabel Pereira, 12º E
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 107<br />
Amigo longínquo, que prestes estás a cair em tentação,<br />
retroce<strong>de</strong> na tua posição e pensa nos males que causarás aos próximos<br />
do Mandarim. Tens saú<strong>de</strong>, uma casa, amigos... Que mais queres da<br />
vida? Não queiras arrancar uma alma por nada. Prefere antes o Amor e<br />
não caias em tentação.<br />
Fica sabendo que, ao tocares a dita campainha, acabarás com<br />
uma vida <strong>de</strong> sonhos, mágoas, alegrias e <strong>de</strong>silusões. Não te lembres do<br />
velho Mandarim, mas <strong>de</strong> uma pessoa que vivia a sua vida do dia-a-dia e<br />
cuja vida tu mesmo arrancaste. Lembra-te disso enquanto ainda há<br />
tempo e não caias em tentação.<br />
Imagina tu que a riqueza tem sempre um fim, nem que esse fim<br />
seja a nossa morte. Um dia, no meio das pedras brilhantes e cristalinas,<br />
lembrar-te-ás <strong>de</strong> um Mandarim que não conheceste, mas mataste. Rios<br />
igualmente cristalinos farão a sua jornada pelas tuas faces, embeberás as<br />
notas ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água doce e estas per<strong>de</strong>rão o valor. A riqueza causada<br />
pela dor que sentirás, mas não contarás a ninguém, pois terás vergonha,<br />
muita vergonha <strong>de</strong> uma riqueza vergonhosa. De uma riqueza vazia,<br />
insensível, cruel, tirana e incompreensível.<br />
Se é isso que <strong>de</strong>sejas, então baila. Baila nessa dança sem<br />
música e convence-te do que não é verídico. No entanto, lembra-te que<br />
quem avisa, amigo é.<br />
Quiseste ser o amor, mas não te <strong>de</strong>ixaram, quiseste ser o<br />
infinito, não to permitiram. Hoje és o fim, és a morte, és aquilo que te<br />
<strong>de</strong>ixaste ser. Ainda não é tar<strong>de</strong>: ergue-te e reconsi<strong>de</strong>ra. Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ti.<br />
De um amigo distante, com muitos cumprimentos<br />
.<br />
• Elma Pegado, nº5, 9º A 14 anos
Sem título •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 108<br />
“Encontrei-me numa praia enorme e vazia, com lindas dunas e<br />
com uma areia muito fina e macia. O tempo estava óptimo: o sol sorriame<br />
e lançava-me raios à temperatura i<strong>de</strong>al. De vez em quando, o vento<br />
passava por mim como uma brisa suave, como quem diz olá e o único<br />
som que se ouvia era o das ondas, que murmurava doces elogios às<br />
conchas e pedrinhas da beira-mar. Estava totalmente concentrada e nem<br />
reparei que, lá ao longe, ao longo do mar, alguém se aproximava. Quem<br />
seria?”<br />
De semblante envelhecido e cabisbaixo, remava num<br />
movimento contínuo, parecendo hipnotizado pela música dos remos a<br />
beijarem a água. No rosto, tinha cravado as marcas do tempo, aquele<br />
tempo que não perdoa e que não espera por nós nem pela nossa vonta<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> viver; nos olhos, trazia a experiência e os sonhos <strong>de</strong> criança que ainda<br />
hoje vagueiam, perdidos na íris; nas mãos calejadas, encontrava-se a<br />
prova viva <strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong> trabalho, mas também as sensações tocadas<br />
por elas nas frias noites <strong>de</strong> Inverno, “naquela” manhã <strong>de</strong> Primavera,<br />
numa tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> Outono, na madrugada <strong>de</strong> Verão...<br />
Trazia vestidas as calças ainda não remendadas, a camisa <strong>de</strong><br />
xadrez branca e azul... roupas on<strong>de</strong> estava sempre presente o cheiro a<br />
peixe que ao longo do tempo, se fora entranhando nos poros <strong>de</strong> todo o<br />
seu corpo...<br />
Aportou na areia. Com a força <strong>de</strong> um guerreiro, retirou as re<strong>de</strong>s<br />
do seu companheiro <strong>de</strong> viagens. No semblante, trazia o sorriso pródigo,<br />
que chega a casa passados muitos anos... mas, ao contrário das histórias<br />
habituais, ninguém se encontrava à espera para o receber, apenas o mar<br />
parecia insistir em não o <strong>de</strong>ixar ir... caminhando pela areia, <strong>de</strong>sapareceu<br />
no horizonte com a sua malha às costas...<br />
Olhando para o céu, vislumbrei o cair do pano. A magnífica<br />
peça que tivera lugar naquele palco daria lugar a outra e eu , ali sozinha,<br />
• Inês Duarte, n º 16 , 8º A
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 109<br />
assistindo ao <strong>de</strong>slumbrante espectáculo da vida. Recomen<strong>de</strong>i-o a todas<br />
as pessoas com quem me cruzei, mas parece que todas elas estavam<br />
<strong>de</strong>masiado ocupadas em cuidar das suas peças...é o problema da<br />
socieda<strong>de</strong>, todos vivem absorvidos nas suas personagens e raros são<br />
aqueles que conseguem <strong>de</strong>sligar-se durante alguns minutos e<br />
transformar-se em atentos espectadores.<br />
Por entre as trevas, lá estava o monólogo dos amantes que com<br />
a sua luz ilumina os corações daqueles que amam. Amar é preciso. O<br />
amor incen<strong>de</strong>ia o nosso Ser, o <strong>de</strong>spertar do vulcão dos sentidos. A<br />
Amiza<strong>de</strong> e o Amor, como elementos que nos hipnotizam, que nos<br />
suportam, que nos cegam. Na dança da vida, um primeiro canto, outra<br />
vez o vulcão dos sentidos, a querer <strong>de</strong>spertar, a querer nascer. É o<br />
<strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> todos os sentidos, a ausência total da razão...
Eu e a noite •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 110<br />
A noite surge, por fim, encontrando-me ainda nesta perspectiva<br />
angustiante, avança e arrasta-me com ela.<br />
Balanço vertiginosamente agarrada às trevas. Como autómato,<br />
caminho, quase <strong>de</strong>itada sobre ela.<br />
Uma sensação estranha inva<strong>de</strong>-me quando uma lufada <strong>de</strong> vento<br />
passa envolvendo-me em carícias. E, assim, enrolados, eu e a noite<br />
rolamos sobre o chão, amando sofregamente a lassa natureza.<br />
Meus lábios secos procuram-se nos da noite e sentem-se presos,<br />
irremediavelmente perdidos para sempre.<br />
Sinto os <strong>de</strong>dos esguios percorrerem-me e estremeço a esse<br />
contacto.<br />
Meus cabelos soltos, em <strong>de</strong>salinho, agitam-se e revolteiam-se<br />
nos seus braços e eu...<br />
Eu sinto-me perdida, mas feliz no coração <strong>de</strong>sta amante simples<br />
e po<strong>de</strong>rosa.<br />
• Ágata Leonardo, nº1, 8º A
Cheguei, vi e venci •<br />
feriam.<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 111<br />
Cheguei, num dia chuvoso e frio.<br />
Cheguei, sem vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> nada, sem perspectivas, sem sonhos.<br />
Não pedi nada, não esperava nada.<br />
À minha volta, rodopiavam setas <strong>de</strong> luz que me atingiam e<br />
Abri os olhos à vida, abarquei toda a natureza e senti o calor<br />
subir até ao meu coração.<br />
Já não está frio, já sinto a chuva, só a luz me atrai, enche-me a<br />
vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> me diluir nessa clarida<strong>de</strong> amena.<br />
Amo toda a natureza, toda a Humanida<strong>de</strong>, tudo o que existe.<br />
É um universo <strong>de</strong> amor e beleza.<br />
É uma corrente que une tudo o que existe...<br />
E eu integro-me, afundo-me e <strong>de</strong>sapareço.<br />
Reconheço-me vencedora do nada, porque agora sei que existo,<br />
porque agora amo.<br />
• Ágata Leonardo, nº1, 8º A
A Lenda do Monte da Dor •<br />
CONTOS<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 112<br />
Em inícios do século vinte e um, um certo primeiro ministro,<br />
chamado António Guterres, estava à frente do governo <strong>de</strong> Portugal. Este<br />
tinha um irmão que tinha por nome Manuel Carrilho. Carrilho tinha um<br />
gran<strong>de</strong> potencial e, por isso, o seu irmão queria apresentá-lo à<br />
socieda<strong>de</strong>. Para tal, Guterres organizou uma festa on<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
personalida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> portuguesa estavam presentes.<br />
Manuel Carrilho sentia-se triste porque achava que o seu<br />
<strong>de</strong>stino não era a alta socieda<strong>de</strong>, mas sim ser um homem como todos os<br />
outros. Ao longe a sua vista alcançou um lindo rosto. Esse rosto<br />
pertencia a Bárbara Guimarães, uma humil<strong>de</strong> rapariga, filha <strong>de</strong> um<br />
sonhador, Emídio Rangel. Tal como Carrilho, Bárbara tinha também um<br />
gran<strong>de</strong> potencial que era a sua voz.<br />
Rangel e Bárbara encontravam-se na festa, porque Bárbara ia<br />
cantar para toda a socieda<strong>de</strong>. O seu pai acompanhava-a <strong>de</strong>vido ao seu<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> concretizar um gran<strong>de</strong> sonho; logo, não tendo dinheiro para o<br />
concretizar, queria que a filha casasse com um homem rico.<br />
Quando os olhares <strong>de</strong> Manuel e Bárbara se cruzaram, foi amor<br />
à primeira vista. Quando teve oportunida<strong>de</strong>, Manuel dirigiu-se à sua<br />
amada e jurou-lhe amor eterno, sendo a sua jura retribuída por Bárbara.<br />
Após se aperceber da situação, Guterres diz ao irmão que ela<br />
apenas lhe serviria como sua amante, o irmão retorquiu-lhe, dizendo:<br />
- Ela é o meu sol ao amanhecer e a minha lua ao anoitecer.<br />
Nem tu nem ninguém me hão-<strong>de</strong> separar <strong>de</strong>la.<br />
No final da festa, Bárbara encontrara, junto das suas coisas, um<br />
bilhete do seu amado, dizendo que fugiriam naquele dia os dois para<br />
• Ana Catarina, nº 1, Joana carvalhal, nº9, 10º A
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 113<br />
bem longe on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem ser felizes. Quando soube, Emídio concordou<br />
com a fuga e disse que os ajudaria como pu<strong>de</strong>sse.<br />
Eram onze menos cinco e, conforme tinha sido combinado,<br />
Manuel foi ter com Bárbara à sua tenda e daí partiram em busca da<br />
felicida<strong>de</strong>, seguidos <strong>de</strong> Rangel, que procurava fortuna.<br />
Na manhã seguinte, Guterres notou que o seu irmão não estava<br />
mais presente naquela casa e foi ao seu encontro. No quarto encontrou<br />
um bilhete que dizia: “ Irmão, já que não queres a minha felicida<strong>de</strong>, eu<br />
parto com o meu amor, em busca do local on<strong>de</strong> toda a gente é feliz, on<strong>de</strong><br />
não existem preconceitos... Levo apenas as minhas roupas e o dinheiro<br />
que tinha comigo, o resto é teu.. Faz <strong>de</strong>le o que quiseres. ADEUS,<br />
NUNCA ME VERÁS OUTRA VEZ !“<br />
Após ter lido o bilhete do irmão, António parte à sua procura e<br />
a única coisa que encontra é o pai <strong>de</strong> Bárbara, que estava a guardar as<br />
suas coisas para ir ter com a filha. Já longe, os dois enamorados<br />
encontram-se felizes, finalmente juntos. De repente, ouvem alguém<br />
chamar. É Rangel que os segue, grita para que eles abran<strong>de</strong>m o passo<br />
para que este os possa acompanhar. Rangel pe<strong>de</strong>-lhes para o seguirem,<br />
pois diz conhecer bem aquela região e levá-los-á para um local seguro,<br />
só por um tempo, para ver se o irmão <strong>de</strong> Carrilho o procura. Leva-os<br />
para um monte. Neste monte, há cerca <strong>de</strong> onze séculos atrás, dois<br />
jovens sacrificaram-se em nome do seu amor, por isso, ganhou o nome<br />
<strong>de</strong> Monte da Dor. Ali se tinham escondido as nossas personagens. Ao<br />
chegar, logo montaram a tenda para que pu<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong>scansar um pouco.<br />
Era dia, ao acordar, Carrilho tem uma surpresa, o seu irmão<br />
tem Bárbara como refém e ameaça matá-la se ele não o acompanhar.<br />
- Como nos encontraste? – perguntou Manuel.<br />
- O teu sogrinho fez a gentileza <strong>de</strong> me ajudar por uma simples<br />
quantia. Manuel olha para o sogro e cospe-lhe dizendo que este não vale<br />
nada. Bárbara não quer acreditar no que estava a presenciar. Seu pai<br />
traiu-a, a única pessoa que ela tinha no mundo tinha-lhe virado as costas<br />
por causa <strong>de</strong> dinheiro.<br />
- Larga-a ou eu atiro-me! – gritou Manuel.<br />
- Tu nunca farias isso, ela não é assim tão importante para ti.<br />
Ela é apenas uma pobre. De nada te serve. – disse-lhe António.<br />
Depois <strong>de</strong> ouvir o irmão, Carrilho sorriu e disse.<br />
- Não acreditas, pois eu provo-te o contrário. Bárbara, lembra-te<br />
<strong>de</strong> uma coisa: eu amo-te e sempre te amarei. Aqui ou noutro lugar, eu<br />
vou amar-te sempre. E <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>stas palavras, atirou-se ao rio
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 114<br />
<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>ndo-se dos capangas <strong>de</strong> Guterres. Bárbara foi atrás <strong>de</strong>le, mas<br />
antes dirigiu-se ao pai e disse-lhe:<br />
- Esta imagem permanecerá para sempre na tua memória.<br />
Minha alma te assombrará. Na miséria a tua ficará.<br />
E após ter rogado esta praga ao seu pai, atirou-se ao rio atrás do<br />
seu amado.<br />
E após muitas vírgulas, muitos pontos e muitos parágrafos se vê<br />
a repetição <strong>de</strong> uma lenda, a lenda do Monte da dor.
A casa <strong>de</strong> queijo •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 115<br />
Era uma vez uma família <strong>de</strong> ratos que vivia numa toca no meio<br />
da gran<strong>de</strong> floresta. Um dia, a mãe rata adoeceu gravemente e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
então, o pai rato passava todo o dia nas redon<strong>de</strong>zas a recolher alimentos.<br />
Até que um dia:<br />
- E agora, o que fazemos? Temos que arranjar uma maneira <strong>de</strong><br />
eles se alimentarem sozinhos. A comida que eu trago não chega para<br />
todos – lamentou-se o pai.<br />
- Podíamos mandá-los para a floresta. Assim, haviam <strong>de</strong> se tornar<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes – disse a mãe.<br />
Os dois ratinhos estavam atrás da porta e a ratinha, ouvindo o<br />
que a mãe dissera, começou a chorar:<br />
- E agora... O que vai ser <strong>de</strong> nós?<br />
- Não te preocupes – disse o ratinho – eu tomo conta <strong>de</strong> ti.<br />
Na manhã seguinte, o pai rato levou os filhos para a floresta. A<br />
mãe rata <strong>de</strong>u a cada um, um pedaço <strong>de</strong> queijo, que puseram nas suas<br />
sacolas.<br />
Enquanto caminhavam, o ratinho foi esmigalhando o seu<br />
pedaço <strong>de</strong> queijo para marcar o caminho <strong>de</strong> volta.<br />
Quando chegaram ao centro da floresta, o pai rato escavou um<br />
buraco para que eles pu<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong>scansar enquanto ele ia apanhar<br />
comida. Adormeceram.<br />
Quando acordaram, já era noite e estavam sozinhos. Esperaram<br />
uns dias, mas o pai rato não aparecia, <strong>de</strong>cidiram seguir os bocados <strong>de</strong><br />
queijo que tinham <strong>de</strong>ixado no chão, mas as raposas tinham-nos comido,<br />
por isso, estavam perdidos. Entretanto, viram um pássaro branco e<br />
<strong>de</strong>cidiram segui-lo. Este conduziu-os a uma casa feita <strong>de</strong> queijo. Como<br />
estavam com fome, tiraram um pedaço da casa e começaram a comer.<br />
De repente, abre-se a porta da casa e aparece um velho gato preto.<br />
Foram convidados a entrar. O gato <strong>de</strong>u-lhes <strong>de</strong> comer e uma cama para<br />
dormirem. Os ratinhos pensaram que o gato era bondoso, mas, na<br />
• Cátia d’Araújo, nº6, Inês Afonso, nº 8, 10º A
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 116<br />
verda<strong>de</strong>, era mau. O gato fechou o ratinho numa gaiola. Quando a<br />
ratinha acordou, o gato disse:<br />
- Prepara qualquer coisa para o teu irmão jantar. Quero pô-lo<br />
gordinho antes <strong>de</strong> o comer.<br />
A ratinha choramingou, mas tinha <strong>de</strong> fazer o que lhe<br />
mandavam.<br />
A melhor comida era para o ratinho e os restos para a irmã.<br />
Todos os dias o gato mandava o ratinho pôr a pata fora das gra<strong>de</strong>s, mas<br />
este punha sempre a cauda. Como o gato não via muito bem, todos os<br />
dias repetia:<br />
- Ainda não está bem gordinha !<br />
Mas, um dia...<br />
- Vai buscar água, ratinha. Enche a chaleira. Vê se está bem<br />
quente.<br />
Cumprida a or<strong>de</strong>m. O gato disse:<br />
- Chega-te ao forno, ratinha. Vê se está bem quente.<br />
O gato ia empurrar a ratinha para <strong>de</strong>ntro do forno, mas ela<br />
adivinhou o que ele ia fazer.<br />
- Eu não sei abrir o forno – disse ela.<br />
- Sua estúpida! – disse o gato – eu ensino-te.<br />
A ratinha pôs-se atrás do gato e empurrou-o para <strong>de</strong>ntro do<br />
forno e fechou a porta.<br />
Num instante, a ratinha libertou o irmão. Encheram os bolsos<br />
<strong>de</strong> comida e partiram em busca do caminho para casa. Tiveram a ajuda<br />
<strong>de</strong> um pato branco durante parte do caminho.<br />
Por fim, chegaram a um sítio da floresta que eles já conheciam<br />
e, pouco <strong>de</strong>pois, avistaram a sua casa. O pai rato ficou muito feliz por<br />
tornar a vê-los. Contou-lhes que a mãe rata tinha morrido e viveram os<br />
três felizes para sempre.
A Cin<strong>de</strong>rela •<br />
Recriação <strong>de</strong> uma narrativa tradicional<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 117<br />
Era uma vez uma rapariga órfã <strong>de</strong> mãe, cujo pai tinha emigrado<br />
para uma terra distante.<br />
Esta rapariga, na ausência do pai, ficou a viver com a madrasta<br />
e com as duas irmãs <strong>de</strong> quem não gostava muito. A madrasta e as irmãs<br />
eram muito más, mas ela também não lhes ficava atrás.<br />
As suas irmãs tinham muita inveja <strong>de</strong>la porque Cin<strong>de</strong>rela era<br />
muito bonita e todos os dias tinha à porta <strong>de</strong> sua casa filas <strong>de</strong><br />
preten<strong>de</strong>ntes para casar com ela, enquanto as suas irmãs eram muito<br />
faladas na cida<strong>de</strong> por terem poucos atributos físicos.<br />
O sonho da Cin<strong>de</strong>rela e <strong>de</strong> suas irmãs era casar com o príncipe<br />
que, não sendo muito bonito, era «podre <strong>de</strong> rico».<br />
Todos os dias a madrasta e as irmãs tentavam convencer a<br />
Cin<strong>de</strong>rela a fazer trabalhos domésticos, mas esta respondia-lhes sempre<br />
agressivamente, dizendo:<br />
- Eu não sou vossa empregada! Esta casa é do meu pai e eu não<br />
sou tua filha ! Se queres os trabalhos domésticos feitos contrata uma<br />
empregada ou então limpem vocês a casa, suas mandrionas folgadas!<br />
Certo dia, estava Cin<strong>de</strong>rela <strong>de</strong>itada na sua cama a ler uma<br />
revista e a conversar com os amigos Jack e Ratus, quando ouviu a<br />
campainha tocar e mandou alguém abrir. A sua irmã correu a abrir a<br />
porta sempre a protestar, quando <strong>de</strong> repente se ouviu uma voz <strong>de</strong> homem<br />
dizendo:<br />
- Bom dia, menina. Tenho aqui o convite do palácio para uma<br />
festa. Vai ser o máximo. Até eu vou lá estar! Mas apresse-se porque tem<br />
pouco tempo! A carta até veio em correio azul! A<strong>de</strong>us!<br />
- A<strong>de</strong>us.<br />
- Ah! Já me esquecia! O príncipe vai escolher uma jovem para<br />
o futuro casamento.<br />
• Vanessa, nº 24, 10º A
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 118<br />
Cin<strong>de</strong>rela <strong>de</strong>sceu apressadamente e arrancou o convite à irmã.<br />
Esta começou a discutir, mas logo se calou perante o olhar feroz <strong>de</strong><br />
Cin<strong>de</strong>rela.<br />
- Este convite vai ficar comigo- <strong>de</strong>clarou Cin<strong>de</strong>rela.<br />
- Ai isso é que não vai!<br />
- Vai sim!<br />
- Não vai, não!<br />
E acabaram rasgando o convite. Cin<strong>de</strong>rela guardou os bocados.<br />
No dia do baile estavam todas as famílias muito atarefadas, só a<br />
<strong>de</strong> Cin<strong>de</strong>rela não se preparava para o baile. A madrasta andava <strong>de</strong> um<br />
lado para o outro a resmungar, as meias-irmãs resmungavam, todos<br />
resmungavam.<br />
À noite, foram todos dormir, mas Cin<strong>de</strong>rela, furiosa por não<br />
po<strong>de</strong>r ir à festa, pôs-se a experimentar os seus vestidos mais bonitos <strong>de</strong><br />
veludo, rendados e brocados <strong>de</strong> ouro, quando <strong>de</strong> repente apareceu uma<br />
nuvem branca e logo a seguir uma linda fada, mas muito resmungona.<br />
- Que aborrecido, eu com tanto trabalho e agora tenho <strong>de</strong> vir<br />
fazer feitiços para aqui. O que é que queres?<br />
- Eu não te pedi nada!<br />
- Bem, então vou-me embora.<br />
- Não! Já que cá estás fazes-me um favor!<br />
- Qual? Sê rápida!<br />
- Compõe este convite! Está todo rasgado!<br />
- O.K.<br />
Agitou a varinha no ar, pôs uns pozinhos <strong>de</strong> Perlim-Pim-Pim e<br />
arranjou o convite, que ficou como novo.<br />
- Bem, obrigado! Agora já posso ir ao baile! Vou telefonar para<br />
o telemóvel do cocheiro para ele vir buscar-me no Ferrari.<br />
- Já tens tudo! Agora a<strong>de</strong>us!<br />
- A<strong>de</strong>us!<br />
Cin<strong>de</strong>rela correu a telefonar ao cocheiro e em dois segundos ele<br />
chegou com o Ferrari.<br />
Assim que ela chegou ao palácio, todos os cavaleiros<br />
começaram a assobiar e cada um teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levar um<br />
«doce» estalo da Cin<strong>de</strong>rela.<br />
Ela correu imediatamente para junto do príncipe e pediu-lhe<br />
para dançar. Ele ficou um pouco atrapalhado, mas gostou da i<strong>de</strong>ia,<br />
porque adorava raparigas <strong>de</strong>cididas, com iniciativa própria e muito<br />
sedutoras. Cin<strong>de</strong>rela foi do agrado <strong>de</strong>le.
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 119<br />
Dançaram toda a noite e já eram cinco da manhã quando ela<br />
<strong>de</strong>cidiu que tinha que ir embora.<br />
- A<strong>de</strong>us! Tenho que ir embora!<br />
- Não, espera um pouco!<br />
- Tenho que ir!<br />
- Diz- me o teu nome!<br />
- Cin<strong>de</strong>rela.<br />
- OK. On<strong>de</strong> moras?<br />
- Oh, queria muito dizer-te, mas não posso!<br />
- Espera!<br />
Foi a Cin<strong>de</strong>rela a correr para o Ferrari, muito <strong>de</strong>pressa, e o<br />
cocheiro arrancou com tanta velocida<strong>de</strong> que a matrícula <strong>de</strong> trás caiu!<br />
O príncipe apanhou a placa da matrícula e guardou-a. De<br />
manhã, mandou os pajens <strong>de</strong>scobrir on<strong>de</strong> vivia a dona do carro. Eles<br />
assim fizeram, mas antes <strong>de</strong> ir perguntaram-lhe o nome do dono.<br />
- Ah, o nome ? Bem, eu sabia! Acho que era Graziela. Ou<br />
talvez Laurin<strong>de</strong>la, quem sabe Berbela. Ai, já não me lembro! Bem,<br />
tragam a rapariga. O nome acaba em «ela».<br />
- Bem, vai se difícil.<br />
- Tragam-na!<br />
Os pajens percorreram todo o reino, batendo <strong>de</strong> porta em porta,<br />
até que chegaram à casa da Cin<strong>de</strong>rela.<br />
- Bom dia, é aqui que mora uma jovem que tem um carro com<br />
esta matrícula?<br />
- Não, aqui ninguém tem carro- disse uma das irmãs.<br />
- Ei, ei! Eu tenho carro!- exclamou a Cin<strong>de</strong>rela.<br />
- Tens? Deixa-me rir!<br />
- Ri-te à vonta<strong>de</strong>!<br />
- Tu não tens carro!<br />
- Ai não?<br />
- Lembras-te daquela lembrança do meu pai? Aquela gran<strong>de</strong><br />
«lembrancinha» que ele me <strong>de</strong>ixou? Pois, comprei um carro com aquele<br />
dinheiro e ainda me sobrou.<br />
- Bem, minhas meninas acabem com a discussão. Mostre-me o<br />
carro, por favor!<br />
- Com certeza!<br />
Cin<strong>de</strong>rela foi à rua telefonar para o cocheiro porque <strong>de</strong>ntro da<br />
casa não havia re<strong>de</strong>. Enquanto isso:<br />
- Mãe, imagina só! A Cin<strong>de</strong>rela tem um carro.<br />
- Tem! Deixa-me rir!
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 120<br />
- Ri-te à vonta<strong>de</strong>!<br />
- Como é que ela o roubou?<br />
- Ela diz que comprou com o dinheiro que o papá lhe <strong>de</strong>u e diz<br />
que ainda lhe sobrou dinheiro!<br />
- É provavelmente, alguma lata <strong>de</strong> ferro velho.<br />
Chegou então o cocheiro com o Ferrari. A madrasta ia caindo<br />
para trás e ainda pisou uma das filhas que, por sua vez, pisou a irmã que<br />
ia a passar para o outro lado para ver melhor, quando pôs o pé à frente<br />
para se equilibrar e provocou a queda do pajem, que partiu os óculos e<br />
exclamou:<br />
- Parti os óculos! Já não vou po<strong>de</strong>r conferir a matrícula!<br />
- O quê ? Você não vai conferir a matrícula ? Ai vai sim!<br />
- Bem, acho que tenho ali uma lupa<br />
- Vá buscá-la!<br />
- Claro!<br />
Foi buscar a lupa e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> esforço conseguiu conferir<br />
os números das placas.<br />
- Bem, você foi premiada! O príncipe quer que você vá até ao<br />
palácio e se apresente como rainha.<br />
- Claro, é já! Vou pôr o vestido imediatamente. Aquele que eu<br />
usei no baile.<br />
Entretanto a restante família segredava:<br />
- Como é que ela foi ao baile?<br />
- O convite estava rasgado!<br />
- Ela é uma gran<strong>de</strong> traidora!<br />
Cin<strong>de</strong>rela, muito triste, <strong>de</strong>spediu-se da família.<br />
- Oh, estou muito triste por vos <strong>de</strong>ixar. Não se vê? Ah, ah, ah<br />
que alegria! A<strong>de</strong>usinho!<br />
Cin<strong>de</strong>rela chegou ao palácio e o príncipe veio ter com ela.<br />
- Sabia que voltaria a ver-te, minha querida!<br />
- Eu também, príncipe dos meus sonhos!<br />
No mesmo dia casaram-se e viveram, verda<strong>de</strong>iramente, felizes<br />
para sempre. Sim, porque a Cin<strong>de</strong>rela, com o passar do tempo, apren<strong>de</strong>u<br />
a amar o seu príncipe feio, mas <strong>de</strong> muito bom coração.
Os três porquinhos •<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 121<br />
Era uma vez três porquinhos que viviam na sua bela pocilga.<br />
Mas não era uma pocilga qualquer, era uma pocilga com arame farpado<br />
à volta.<br />
Um dia, a avozinha do Capuchino Vermelho, não contente com<br />
a porcaria do almoço que o Capuchinho lhe trazia, <strong>de</strong>cidiu partir em<br />
busca <strong>de</strong> comida. E lá foi ela, toda pimpona, com a sua bengalita. De<br />
repente, os seus olhos <strong>de</strong>pararam com uma pocilga com três lindos,<br />
gordos e suculentos porquinhos.<br />
A tensão crescia-lhe, o coração batia, parecia que ia saltar, o<br />
estômago já roncava.<br />
Tentou subir a vedação com a bengala, mas, mesmo quando<br />
estava a passar para o outro lado, apanhou um choque eléctrico e caiu.<br />
Os porquinhos riam-se <strong>de</strong>scaradamente à frente da avozinha. Viram-na a<br />
afastar-se.<br />
Até que a avozinha teve uma i<strong>de</strong>ia: mascarava-se <strong>de</strong><br />
capuchinho Vermelho e, assim, sem os porquinhos suspeitarem, entrava<br />
na casa <strong>de</strong>les e, quando eles menos esperassem, ela saltava-lhes em cima<br />
e atirava-os para a panela! Decidiu pôr o plano em prática. Estava a ir<br />
tudo muito bem, mas quando ela ia a entrar a porta, o disfarce <strong>de</strong><br />
Capuchinho ficou preso no arame e rompeu-se. Os porquinhos mal a<br />
viram, correram com ela.<br />
A avozinha, furiosa, começava a gritar e a soprar tanto que o<br />
arame, em volta da casa, caiu.<br />
Os porquinhos ficaram em pânico e tentaram fugir, mas a<br />
avozinha foi mais rápida do que eles e... Nada mal para cento e trinta<br />
anos!<br />
• Ricardo Godinho, nº 20, 10º A
<strong>Stuart</strong> <strong>Carvalhais</strong> •<br />
<strong>Stuart</strong><br />
Talentoso!<br />
Único na sua<br />
Arte e<br />
Raro no seu<br />
Trabalho.<br />
<strong>Carvalhais</strong> foi um<br />
Artista<br />
Realmente<br />
Versátil e<br />
Atento.<br />
Leal ao<br />
Homem e<br />
Aliado<br />
Ilustre do<br />
Saber e da arte.<br />
• Inês Tiago, nº16, 7º B<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 122
Índice<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 123<br />
Prefácio..............................................................................3<br />
O Poema ............................................................................4<br />
NAVEGAR.....................................................................5<br />
Sem título...........................................................................5<br />
Sonhei................................................................................6<br />
Se eu fosse...Tu serias.........................................................7<br />
Tempesta<strong>de</strong>........................................................................8<br />
Ao olhar o mar ...................................................................9<br />
Numa muralha à beira mar................................................ 10<br />
Sem título......................................................................... 11<br />
Rio na Sombra.................................................................. 12<br />
Tristeza ............................................................................ 13<br />
Sem título......................................................................... 14<br />
Loucura............................................................................ 15<br />
O Fim............................................................................... 16<br />
Sem título......................................................................... 18<br />
O velho... ......................................................................... 19<br />
Lamentos amorosos.......................................................... 20<br />
Vulnerável........................................................................ 21<br />
Racismo ........................................................................... 22<br />
À morte do amor .............................................................. 23<br />
A morte............................................................................ 24<br />
Solidão............................................................................. 25<br />
À morte <strong>de</strong> um amigo....................................................... 26<br />
O Mar .............................................................................. 27<br />
Cantiga <strong>de</strong> amigo ............................................................. 28<br />
Metamorfose .................................................................... 29<br />
Cantiga <strong>de</strong> amigo ............................................................. 30<br />
Sentimento Incerto ........................................................... 31
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 124<br />
Cantiga <strong>de</strong> amor ............................................................... 32<br />
Sem título......................................................................... 33<br />
Sem título......................................................................... 34<br />
Sem título......................................................................... 35<br />
Sem título......................................................................... 36<br />
No meu sonho .................................................................. 37<br />
Sem título......................................................................... 38<br />
“Mágoa”........................................................................... 39<br />
Morte vivida..................................................................... 40<br />
Ao <strong>de</strong>sprezo <strong>de</strong> Maria....................................................... 41<br />
Nome <strong>de</strong> flor .................................................................... 42<br />
O <strong>de</strong>sgosto ....................................................................... 43<br />
Ao longe .......................................................................... 44<br />
Se eu fosse... .................................................................... 45<br />
Estamos no fim do Verão ................................................. 46<br />
Sem título......................................................................... 47<br />
Uma vida na palma da mão .............................................. 48<br />
Sem título......................................................................... 49<br />
Ser apenas... ..................................................................... 50<br />
OLHAR A CIDADE................................................... 51<br />
Olhar a cida<strong>de</strong> .................................................................. 51<br />
O Instinto ......................................................................... 53<br />
Sem título......................................................................... 54<br />
A nossa cida<strong>de</strong> ................................................................. 56<br />
Brinca<strong>de</strong>ira com... ia ........................................................ 57<br />
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> ................................................................ 58<br />
TELEMANIAS............................................................ 59<br />
A última engenhoca do século é uma perda <strong>de</strong> tempo.<br />
Consegue adivinhar? É isso mesmo: O TELEMÓVEL. .... 59<br />
Sem título......................................................................... 60<br />
Big Brother ...................................................................... 62<br />
SONHO ......................................................................... 63<br />
Sem título......................................................................... 63
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 125<br />
A mancha!........................................................................ 64<br />
Casa feita <strong>de</strong> sonho........................................................... 65<br />
Simplesmente Liberda<strong>de</strong> .................................................. 66<br />
Bola <strong>de</strong> sabão ................................................................... 68<br />
Branco, forte <strong>de</strong> vida ........................................................ 70<br />
Sem título......................................................................... 71<br />
A escola da vida ............................................................... 72<br />
Sem título......................................................................... 74<br />
Sem título......................................................................... 75<br />
Sem título......................................................................... 76<br />
Sem título......................................................................... 77<br />
Sem título......................................................................... 78<br />
HISTÓRIAS DO QUOTIDIANO ............................ 79<br />
Entrevista......................................................................... 79<br />
Sem título......................................................................... 84<br />
Bill Clinton ...................................................................... 85<br />
Manuel Maria Carrilho..................................................... 87<br />
Caro amigo Teodoro:........................................................ 89<br />
Entrevista......................................................................... 90<br />
Concílio dos Deuses......................................................... 92<br />
Jogadas milionárias .......................................................... 94<br />
Sem título......................................................................... 95<br />
INTERROGAÇÕES ................................................... 96<br />
Melodia sinistra................................................................ 96<br />
Chama Viva ..................................................................... 97<br />
O que seremos – Reflexo do que somos.......................... 100<br />
O PASSAR DO TEMPO ......................................... 103<br />
Ontem ............................................................................ 103<br />
À minha inspiração, Carla .............................................. 104<br />
Amanhã.......................................................................... 105<br />
Sem título....................................................................... 106<br />
Sem título....................................................................... 107<br />
Sem título....................................................................... 108
<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 126<br />
Eu e a noite .................................................................... 110<br />
Cheguei, vi e venci......................................................... 111<br />
CONTOS..................................................................... 112<br />
A Lenda do Monte da Dor.............................................. 112<br />
A casa <strong>de</strong> queijo ............................................................. 115<br />
A Cin<strong>de</strong>rela.................................................................... 117<br />
Os três porquinhos.......................................................... 121<br />
<strong>Stuart</strong> <strong>Carvalhais</strong>............................................................ 122