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Pedaços de Noz 2001 - Escola Secundária Stuart Carvalhais

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<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong>


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 2<br />

Título: <strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong><br />

Autores: alunos da <strong>Escola</strong> <strong>Secundária</strong> <strong>Stuart</strong> <strong>Carvalhais</strong><br />

Capa: Manuel Pereira<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Professores <strong>de</strong> Português<br />

Colaboração: Professores <strong>de</strong> Artes Visuais<br />

<strong>Escola</strong> <strong>Secundária</strong> <strong>Stuart</strong> carvalhais – 402825<br />

Rua dos Jasmins: 2745-796 Massamá<br />

Tel: 21 430 75 10 – Fax: 21 430 75 15<br />

E-mail: escolastuart@sapo.pt


Prefácio •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 3<br />

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• Escreva um prefácio possível para abertura <strong>de</strong>sta antologia e faça-o<br />

chegar à escola <strong>de</strong> origem.


O Poema •<br />

As palavras dão-se bem<br />

No<br />

Poema.<br />

Encontram novas cores<br />

E<br />

A beleza irrompe<br />

Em<br />

Inconcebíveis reflexos<br />

Em<br />

Não-palavras<br />

No sentido infinito<br />

De todas as coisas,<br />

Todas as coisas,<br />

Todas as coisas,<br />

Todas as coisas .<br />

• Inês Tiago, nº 16, 7º B, 99/00<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 4


Sem título •<br />

A poesia é um romance,<br />

Que procura um final feliz.<br />

A poesia é um pirata,<br />

Que procura o seu tesouro.<br />

A poesia é uma sereia,<br />

Que canta alegremente.<br />

A poesia é uma nação,<br />

Que procura ser in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

A poesia é um menino,<br />

Que brinca no jardim.<br />

A poesia é um mendigo,<br />

Que procura abrigo.<br />

A poesia é um exército,<br />

Que pe<strong>de</strong> paz.<br />

A poesia, afinal,<br />

É o mundo em versos.<br />

• Daniela Lima, 7º A, nº 11, 99/00<br />

NAVEGAR<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 5


Sonhei •<br />

Sonhei que navegava ao vento,<br />

Ao sabor da luz do luar<br />

Sempre com ambições no pensamento<br />

Sonhava que uma esperança ia ganhar.<br />

Os meus sonhos encantaram<br />

A beleza <strong>de</strong> um olhar,<br />

Maravilhas da vida realizaram<br />

Ao verem a beleza do meu mar.<br />

Agora os meus sonhos têm velas<br />

Que fazem o meu barco andar<br />

E quando chegam ao porto vão <strong>de</strong>sembarcar<br />

Para um sonho <strong>de</strong> encantar.<br />

• Filipa Tavares, nº 8, 12º J<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 6


Se eu fosse...Tu serias... •<br />

Se eu fosse um barco,<br />

Tu serias o meu mar.<br />

Se eu fosse uma flor,<br />

Tu serias a minha terra.<br />

Se eu fosse um planeta,<br />

Tu serias o meu sol.<br />

Se eu fosse um rio,<br />

Tu serias a minha nascente.<br />

Se eu fosse uma artéria,<br />

Tu serias o meu coração.<br />

Se eu fosse um vulcão,<br />

Tu serias o meu magma.<br />

Se eu fosse o universo,<br />

Tu serias o meu criador.<br />

• Daniela Lima, 7º A, nº 22, 99/00<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 7


Tempesta<strong>de</strong> •<br />

A vida é como uma tempesta<strong>de</strong><br />

On<strong>de</strong> o mundo é um barco<br />

Que naufraga no meio do mar<br />

On<strong>de</strong> a dor é a gélida água que nos toca<br />

On<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sespero é o negro horizonte<br />

Sempre igual.<br />

On<strong>de</strong> o terror são os raios<br />

On<strong>de</strong> os gritos são os trovões<br />

On<strong>de</strong> os que nos amam<br />

São aqueles que nos vão buscar<br />

Se formos ao fundo<br />

E on<strong>de</strong> a esperança é...<br />

A tábua à qual nos agarramos !<br />

• Joana Carvalhal, nº9, 9º A, 15 anos<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 8


Ao olhar o mar •<br />

Ao olhar o mar,<br />

Em toda a sua plenitu<strong>de</strong>,<br />

Sinto a nostalgia<br />

Cinzenta das nuvens do céu<br />

Que, em brisa lenta,<br />

Correm e suavizam a dor <strong>de</strong> te amar<br />

No meu coração.<br />

• Ana Filipa Silva Veludo nº 1, 10º G<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 9


Numa muralha à beira mar... •<br />

Numa muralha à beira mar...<br />

Estava ela sentada a chorar.<br />

Aproximei-me e vi muita dor no seu olhar,<br />

Um olhar triste...<br />

Mas, ao mesmo tempo, um olhar doce...<br />

Numa muralha à beira mar...<br />

Aproximei-me para a confortar,<br />

Mas a triste criança não parava <strong>de</strong> chorar.<br />

Pouco a pouco, a sua história acabou <strong>de</strong> contar:<br />

Tinha perdido os seus pais numa batalha <strong>de</strong> horror,<br />

Vivia agora num país on<strong>de</strong> reinava a discriminação,<br />

Num país on<strong>de</strong> não tinha amor!<br />

Numa muralha à beira mar...<br />

Pouco a pouco, ia <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> chorar<br />

E as lágrimas começou a limpar,<br />

Pois viu que nem todos a queriam <strong>de</strong>sprezar<br />

E que no Mundo havia gente boa, pronta para ajudar.<br />

Numa muralha à beira mar...<br />

Estendi-lhe a mão...<br />

E disse-lhe que o que importava<br />

Não era a cor da pele, mas sim o que ia no coração!<br />

• Andreia Filipe n.º 1, Cláudia Paulo n.º 3, 9º F<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 10


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 11<br />

E senti-me lá no alto, mesmo no alto, para ver com olhos <strong>de</strong><br />

águia o Mundo e o Mar. Senti a tua falta. O arrepio da brisa era o arrepio<br />

da tua pele na minha e a roupa justa e quente o teu fugaz abraço.<br />

Recordações e <strong>de</strong>sejos.<br />

Senti a tua falta.<br />

Mas o pranto <strong>de</strong>svaneceu-se e o vento amainou. Toda a brisa é<br />

a mão tépida,<br />

Toda a roupa é o teu corpo.<br />

Já não sinto a tua falta... porque estás sempre comigo.<br />

• Isabel Pereira, 12º E


Rio na Sombra •<br />

Som<br />

Frio.<br />

Rio<br />

Sombrio.<br />

O longo som<br />

Do rio<br />

Frio.<br />

O frio<br />

Bom<br />

Do longo rio.<br />

Tão longo,<br />

Tão bom,<br />

Tão frio<br />

O claro som<br />

Do rio<br />

Sombrio!<br />

• Raquel Rodrigues, nº23, 7º B, 99/00<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 12


Tristeza •<br />

Que infinita tristeza eu sinto<br />

Por sentir uma dor que não se vê,<br />

Por crer naquilo que ninguém crê<br />

E não saber a razão<br />

Tantos direitos, tantas igualda<strong>de</strong>s,<br />

Tantos erros na humanida<strong>de</strong><br />

Tiram-nos o prazer <strong>de</strong> viver,<br />

Tiram-nos o gosto <strong>de</strong> crescer.<br />

Se em pequenos o amor conquistámos,<br />

Em crescidos o amor per<strong>de</strong>mos<br />

Daqueles que tanto nos protegiam<br />

E agora tornam-se fingidos.<br />

Mas que infinita dor eu sinto<br />

Por ver o dia amanhecer,<br />

Por ver a noite aparecer<br />

E não saber em quem acredito.<br />

Palavras frias e duras,<br />

Gestos falsos e suspeitos<br />

Vindos <strong>de</strong> um tempo em que a cura<br />

É sentir a alegria nos nossos peitos.<br />

Tantas conversas já perdidas,<br />

Ignoradas por não darem valor<br />

A todas as i<strong>de</strong>ias vindas<br />

De um coração cheio <strong>de</strong> amor.<br />

• Joana Carvalhal, nº 9, 10º A, 15 anos<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 13


Sem título •<br />

Ser mulher é tecer um manto<br />

Infinito<br />

De mágoas entrelaçadas<br />

No rasgar<br />

De um sorriso<br />

Bonito.<br />

É povoar sonhos<br />

E misturar<br />

Riso com pranto.<br />

É ter<br />

O conhecimento<br />

Das pedras... do Céu... do mar.<br />

E firme afirmar<br />

Que a <strong>de</strong>rrota<br />

É o efémero momento<br />

Que foge c’o vento.<br />

É<br />

Amor...sofrer...cantar<br />

As lágrimas com que me contento<br />

Quando o <strong>de</strong>stino<br />

Não me faz chorar.<br />

• Lara, 9º C<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 14


Loucura •<br />

Algo que sente sem se perceber,<br />

Algo que acontece sem querer.<br />

É um...<br />

Louco<br />

Olhar<br />

Unido<br />

Com<br />

Um<br />

Raro<br />

Amor<br />

• Marta Melo, nº 12, 12º E<br />

• Carla Costa, nº 8, 7º B<br />

Ilustração nº 1 •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 15


O Fim •<br />

Não consigo ver-me ao espelho<br />

Porque não gosto <strong>de</strong> mim...<br />

Será que passa? Não!<br />

Vou pôr um fim!<br />

Não consigo falar,<br />

Não consigo pensar...<br />

Não me <strong>de</strong>ixam respirar,<br />

Pára <strong>de</strong> te massacrar! ( <strong>de</strong>siste! )<br />

Vou <strong>de</strong>sistir,<br />

Vou-me entregar...<br />

Levem-me daqui,<br />

Para nunca mais voltar!<br />

A sauda<strong>de</strong> e a tristeza<br />

São difíceis <strong>de</strong> esquecer...<br />

Já ninguém me atura,<br />

Só me apetece morrer!<br />

Sinto-me só<br />

E sem amparo...<br />

Vejo o fim da minha linha<br />

E nunca mais paro!<br />

A queda aproxima-se<br />

E não me vou agarrar...<br />

Porque me o<strong>de</strong>io<br />

E me quero refugiar!<br />

Não peçam para ficar,<br />

Que é pedir <strong>de</strong>mais...<br />

Deixem-me partir,<br />

Incomodo os <strong>de</strong>mais!<br />

• Ana Bento, nº 3, 9º E, 15 anos<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 16


Será que me sinto bem?<br />

Será que é só um <strong>de</strong>sabafo?<br />

É uma fase inconstante<br />

Que com a dor abafo.<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 17


Sem título •<br />

Paixão que quererá dizer? Amor, loucura...<br />

Quem sabe!<br />

Palavra com sentimento!<br />

Sentimento esse que faz <strong>de</strong>spertar emoção<br />

Sobre algo ou alguém.<br />

Alegria!...<br />

Significa amigos, divertimento<br />

Sobre os prazeres que a vida tem!...<br />

... e que nos faz sentir bem...<br />

Tristeza!...<br />

Palavra que por ninguém é <strong>de</strong>sconhecida...<br />

Apesar <strong>de</strong> fazer sofrer e magoar<br />

Corações fortes e fracos, ninguém a esquece<br />

Apenas tenta perdoá-la por existir<br />

Mas ninguém se consegue separar <strong>de</strong>la...<br />

Amor!<br />

Significará o mesmo que paixão?<br />

Com certeza que não!...<br />

É um sentimento ainda mais forte que só<br />

Sabe <strong>de</strong>spedaçar os nossos inocentes corações...<br />

Mas também sabe dar-nos prazer, alegria, e<br />

Muitas outras coisas que não se escrevem<br />

Mas se vivem...<br />

Vida!...<br />

Outra palavra difícil do nosso dicionário<br />

Que, senão fosse a mesma....<br />

Nós, os seres humanos não existiríamos<br />

Nem nunca nos encontraríamos.<br />

• Isabel Claro n.º 13, 12ºJ<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 18


O velho... •<br />

Ilustração nº 2 •<br />

Lágrimas...pérolas...transparentes...<br />

Escorrem por um rosto cicatrizado pelo tempo...<br />

Fortes recordações adormecidas na memória...<br />

Árvore <strong>de</strong> sabedoria e inteligência...<br />

Abate-se com o simples soprar do vento...<br />

Levantar?!... É impossível...<br />

A força da vida já não o permite...<br />

• Ivo Antunes, nº 11, 11º F, 16 anos<br />

• Patrícia R., nº 23, 11º D<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 19


Lamentos amorosos •<br />

Falo, sem falar.<br />

Expresso a tristeza do meu pensamento<br />

E ecoa o meu lamento,<br />

Encontro tudo naquele olhar!<br />

O coração abre a porta para amar.<br />

Será um julgamento?<br />

Será um atrevimento?<br />

Talvez seja o amor a querer voltar!<br />

Na certeza, a confusão.<br />

No amor, a <strong>de</strong>sconfiança.<br />

Na amiza<strong>de</strong>, a infi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>.<br />

Será ilusão?<br />

Será mudança?<br />

Ou será apenas sincerida<strong>de</strong>?<br />

• Andreia, nº 5, 11º I<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 20


Vulnerável •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 21<br />

Exponho-me...<br />

Sou a verda<strong>de</strong> nua e crua!<br />

Vivo, erro sem enten<strong>de</strong>r porquê<br />

E sofro. Chego a achar-me <strong>de</strong>sesperada.<br />

Mas para quê tanto? Pobre alma...<br />

Tantos que sofrem como eu<br />

E eu egoísta, aqui a pensar no meu sentimento...<br />

Por vezes vulnerável<br />

Consequentemente fraca!<br />

Faço uma analepse,<br />

Sinto que os sentimentos que me moldaram foram alvíssaras,<br />

Mas, na minha visão maniqueísta, quase sempre os seres humanos são<br />

bons.<br />

Encontro-me...<br />

O que sou agora?<br />

Uma mera hipérbole <strong>de</strong> sentimento...<br />

Com receio,<br />

Imagino uma prolepse,<br />

O que posssivelmente serei<br />

“canto-o” sem perífrases:<br />

Nada.<br />

Porquê tão pouco?!<br />

As elipses acumulam-se na narração da minha vida,<br />

Assim como<br />

“ O ódio seria em mim sauda<strong>de</strong> infinda,<br />

Mágoa <strong>de</strong> o ter perdido, amor ainda”.<br />

Amor ainda?<br />

Talvez para sempre.<br />

E é o amor;<br />

Esse poeta com fome e se<strong>de</strong> <strong>de</strong> infinito<br />

Que faz do nada que po<strong>de</strong>rei ser<br />

Uma vida esperançosa.<br />

• Liliana Leite, nº15, 12º J


Racismo •<br />

Um olhar triste<br />

No rosto <strong>de</strong> uma criança.<br />

Um olhar triste<br />

Sem nenhuma esperança.<br />

O seu pensamento<br />

Está revoltado<br />

Por se sentir <strong>de</strong>sprezado.<br />

Então pensou...<br />

Será a sua cor<br />

A causa <strong>de</strong> tanta dor?<br />

O seu coração<br />

Está partido<br />

E está <strong>de</strong>primido.<br />

Não sabe o porquê<br />

De ser <strong>de</strong>sprezado...<br />

Não sabe o porquê<br />

De ser ignorado...<br />

Mas sabe que a sua cor<br />

Não tem <strong>de</strong> causar dor.<br />

O importante não é a cor,<br />

O importante é o amor!<br />

• Tânia n.º 25, Luísa n.º 16, 9º F<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 22


À morte do amor •<br />

Ilustração nº 3 •<br />

Foi numa noite <strong>de</strong> luar,<br />

Nesse luar nasceu o amor.<br />

Amor que <strong>de</strong>u em azar,<br />

Azar que <strong>de</strong>struiu o amor.<br />

Amor que me queimava,<br />

Que queimava o meu coração.<br />

Coração que me mostrava,<br />

Que iria haver uma traição.<br />

Como mostrava o meu coração,<br />

Houvesse mesmo uma traição,<br />

Que foi uma maldição.<br />

Oh! Que <strong>de</strong>stino cruel<br />

Que trouxeste esta maldição,<br />

Traição que me levou o coração<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 23<br />

• Cátia Rego, nº6, Cláudia Ferreira, nº7, Cláudia Crespo, nº 8 , 11º J<br />

• Carla Florindo, nº 3, 12º E


A morte... •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 24<br />

Tu...<br />

Sim, tu ! ?<br />

Tu que te escon<strong>de</strong>s na sombra escura e melancólica <strong>de</strong> cada um...<br />

Tu que para sobreviveres nos tiras a vida...<br />

Tu que nos transformas num pedaço <strong>de</strong> nada...<br />

Tu que nos sufocas com o cruel fogo do <strong>de</strong>stino...<br />

Tu que finalmente, nos mostras o teu caminho...<br />

Tu...Tu... Somente...<br />

Tu... A única certeza na vida...<br />

És tu... ... A Morte<br />

• Ivo Antunes, nº11, 11ºF, 16 anos


Solidão... •<br />

Ilustração nº 4 •<br />

Solidão é sentir<br />

Que todas as portas<br />

Se fecham para ti.<br />

É pensar<br />

Que todos os teus pensamentos<br />

Se foram numa nuvem escura e<br />

Cheia <strong>de</strong> sonhos que ninguém<br />

Po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r.<br />

É sentir que o corpo e a alma<br />

Estão tristes.<br />

É saber que tudo acabou mal e<br />

Que o sonho não se realizou!<br />

...<br />

• Cátia Afonso, nº9, 7º B<br />

• Carla Sofia Costa, nº 10, 11º D<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 25


À morte <strong>de</strong> um amigo •<br />

Tristeza, mágoa, um vazio sem fim,<br />

É tudo o que hoje sinto <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim.<br />

Tristeza, mágoa, uma dor sem fim,<br />

É tudo o que hoje resta <strong>de</strong> mim.<br />

Uma lembrança constante é o que resta <strong>de</strong> ti,<br />

Espero que do Céu tu olhes por mim.<br />

Uma lembrança constante <strong>de</strong> quanto eu gostava <strong>de</strong> ti.<br />

Espero que a tua morte não seja o fim.<br />

A<strong>de</strong>us, amigo, ainda choro por ti.<br />

Nunca esquecerei o que fizeste por mim.<br />

Depois da morte, pouco resta <strong>de</strong> ti.<br />

Nada mudou, viverás aqui.<br />

É no meu coração que está uma imagem <strong>de</strong> ti.<br />

Nada mudou, viverás aqui.<br />

• Ana Freitas, nº 1, Cristina Freitas, nº 9, 11º J<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 26


O Mar •<br />

Ilustração nº 5 •<br />

Tenho um búzio comigo<br />

Que apanhei à beira mar<br />

E ponho-o ao meu ouvido<br />

Quando o mar quero escutar.<br />

Furioso e apressado,<br />

O mar enrola na areia,<br />

Fica muito cansado<br />

Por consigo trazer uma sereia.<br />

Há muita riqueza<br />

No fundo <strong>de</strong> ti, mar,<br />

Mas és a maior beleza<br />

Que se po<strong>de</strong>, em ti, achar.<br />

• Daniela Lima, 7º A, nº 11, 99/00<br />

• Helena Carvalho, nº 15, 11º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 27


Cantiga <strong>de</strong> amigo •<br />

Mentiste, ai amigo,<br />

Por isso eu te digo:<br />

Em breve, vingar-me-ei !<br />

Mentiste, ai amado,<br />

Por isso eu <strong>de</strong>claro:<br />

Em breve, vingar-me-ei !<br />

Por isso eu te digo:<br />

Não estarás mais comigo,<br />

Em breve, vingar-me-ei !<br />

Por isso eu <strong>de</strong>claro,<br />

Não me verás mais, amigo.<br />

Em breve, vingar-me-ei !<br />

• Vanessa Assunção, nº24, 10º A, 15 anos<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 28


Metamorfose •<br />

Ilustração nº 6 •<br />

Uma lágrima vai<br />

Caindo<br />

No fundo do meu coração.<br />

Um sorriso vai<br />

Subindo<br />

Do meu poço <strong>de</strong> solidão...<br />

A noite-noite é já um quase<br />

Ser dia.<br />

O feio-feio como por magia<br />

Já tem beleza.<br />

Tu chegas, nasce alegria.<br />

Tu partes, fica<br />

Tristeza.<br />

• Lara, 9º C<br />

• Ana Teresa Serralheiro, nº 2, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 29


Cantiga <strong>de</strong> amigo•<br />

Amor, amor da minha vida<br />

Porque partiste e me <strong>de</strong>ixaste ferida?<br />

Será que o teu amor é como a água<br />

Que escorre pela vida<br />

Com um cheiro <strong>de</strong> partida?<br />

O meu <strong>de</strong>sespero está a chegar ao fim.<br />

Porque não me levaste?<br />

Porque não te <strong>de</strong>spediste?<br />

Será que o teu amor é como o fogo,<br />

Como a tocha <strong>de</strong> balão<br />

Que queima o meu coração?<br />

O meu <strong>de</strong>sespero está a chegar ao fim.<br />

Porque partiste e me <strong>de</strong>ixaste ferida?<br />

Será que o teu amor é como o ar<br />

Que se transforma em ventania<br />

E que sopra tudo em volta<br />

Trazendo sempre melancolias?<br />

O meu <strong>de</strong>sespero está a chegar ao fim.<br />

Porque não me levaste?<br />

Porque não te <strong>de</strong>spediste?<br />

Será que o teu amor é um ciclone<br />

Que leva tudo o que encontrar<br />

Fazendo o meu coração voar?<br />

O meu <strong>de</strong>sespero está a chegar ao fim.<br />

• Ana Gomes, 10º A<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 30


Sentimento Incerto •<br />

Ilustração nº 7 •<br />

É paixão, é amor.<br />

É um fogo a abrasar.<br />

É um leve vacilar.<br />

É prazer e é dor.<br />

É beleza, é ternura.<br />

É mistura e confusão.<br />

É alma e aflição.<br />

É coragem e bravura.<br />

Sentimento e incertezas?<br />

É algo ainda por <strong>de</strong>cifrar.<br />

Não sei se será dor!<br />

Um sorriso e tristezas,<br />

Uma voz muda, a falar.<br />

Quem sabe, talvez amor.<br />

• Vera, nº 17, 11º I<br />

• Rita, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 31


Cantiga <strong>de</strong> amor •<br />

Não rogo eu a Deus<br />

Para coragem me dar,<br />

Pois eu <strong>de</strong>la não preciso<br />

Para não me <strong>de</strong>clarar ,<br />

Para dizer apenas “olá” e “A<strong>de</strong>us”<br />

Todos os dias em meu redor<br />

E para guardar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim<br />

Tudo aquilo a que mia senhor<br />

Nunca disse que sim.<br />

Pois se tal senhor traiu meu coração,<br />

Meu coração voltou pois a trair,<br />

Pois me fez apaixonar<br />

Por quem nunca me quis amar,<br />

Meu mal é ser tão bela<br />

E tal beleza não po<strong>de</strong>r para sempre contemplar<br />

E se, com tal senhor não posso viver<br />

Porque me não diz logo tal <strong>de</strong>usa,<br />

Pois é injusto continuar a sofrer.<br />

Meu mal é querê-la tanto<br />

E ela não ter dó <strong>de</strong> mim<br />

Porque me <strong>de</strong>ixei pren<strong>de</strong>r pelo seu encanto<br />

E sofro cada vez que olho para ela e ela para mim,<br />

Mas sem tal beleza não me posso encontrar,<br />

Me diga logo tal perfeição,<br />

Pois não é justo sofrer por apenas amar<br />

E não queria por mia senhor, meu Deus,<br />

Deixar tão cedo <strong>de</strong> me enamorar.<br />

• Marta Catarina, nº13, 10º A<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 32


Sem título •<br />

Olhem para o mundo que estamos a matar,<br />

Olhem para as vidas que estamos a roubar,<br />

Olhem para os olhos que estão a chorar<br />

O caminho que sempre escolhemos.<br />

Olhem para o ódio que respiramos,<br />

Olhem para o medo que sentimos,<br />

Olhem para as mortes que criámos.<br />

O caminho que sempre escolhemos.<br />

Olhem para o sangue que <strong>de</strong>rramámos<br />

Com as armas que concebemos.<br />

Olhem para as lágrimas que <strong>de</strong>itámos.<br />

O caminho que sempre escolhemos.<br />

E o que vai restar?<br />

Nada mais para contar.<br />

Não há como voltar<br />

Do caminho que sempre escolhemos.<br />

• Filipa Tavares, n.º 8, 12º J<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 33


Sem título •<br />

Estou a morrer.<br />

Minha alma gela fria, esperando...<br />

Esperando pela chama que me aqueça...<br />

Esperando por alguém.<br />

Alguém próximo,<br />

Tão próximo como a Paixão,<br />

Alguém tão longe,<br />

Tão longe como a Esperança.<br />

Quero olhá-lo nos olhos,<br />

Senti-lo perto <strong>de</strong> mim...<br />

Perto, mas tão perto...<br />

Que nossas almas possam unir-se numa só.<br />

Data: no dia em que as águas inundaram a terra,<br />

as montanhas se separaram<br />

e o sol evaporou as lágrimas do meu coração.<br />

• Inês Carvalho, 8º A<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 34


Sem título •<br />

Ilustração nº 8 •<br />

Meu amor eu só vivo para te amar<br />

E se pu<strong>de</strong>sse, eu te poria num altar<br />

Para muitos beijos te dar<br />

E nesse caso <strong>de</strong> um altar não penso precisar.<br />

Eterno sofredor serei<br />

E <strong>de</strong>sta mágoa nunca mais sairei.<br />

Meu amor, sem ti não consigo viver,<br />

Quem me <strong>de</strong>ra mais uma vez te ver<br />

Teu amor me faz estremecer<br />

E tu ingrata mandaste-me pren<strong>de</strong>r.<br />

Eterno sofredor serei<br />

E <strong>de</strong>sta mágoa nunca mais sairei.<br />

Meu amor, eu só vivi para te amar,<br />

Mas nosso amor fui confessar,<br />

Mas não precisavas <strong>de</strong> minhas mãos atar<br />

E nosso amor apunhalar.<br />

Eterno sofredor serei<br />

E <strong>de</strong>sta mágoa nunca mais sairei.<br />

Meu amor, sem ti não consigo viver,<br />

No entanto, da minha janela te consigo ver<br />

Formosa e bela continuas a ser<br />

E para os braços <strong>de</strong> outro continuas a correr.<br />

Eterno sofredor serei<br />

E <strong>de</strong>sta mágoa nunca mais sairei.<br />

Quero-te esquecer e ignorar,<br />

Mas o meu coração continua a te amar.<br />

• Clara Santos n.º 7, 10ºA<br />

• Cláudia Sofia Matos, nº 12, 11º D<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 35


Sem título •<br />

Estas lágrimas que eu choro<br />

São <strong>de</strong> tristeza<br />

Por ver que há no mundo<br />

Tanta pobreza.<br />

Estas lágrimas que eu choro<br />

Deveriam ser <strong>de</strong> alegria,<br />

Por pensar que o mundo<br />

Po<strong>de</strong> mudar um dia.<br />

• Filipa n.º 11, Ariane n.º 6, 9º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 36


No meu sonho •<br />

Ilustração nº 9 •<br />

A lua cobre a terra <strong>de</strong> ternura.<br />

Eu sou feliz!<br />

A noite é o instante que<br />

Perdura...<br />

E eu sou feliz!...<br />

Até que o vento me<br />

Quebre o sonho <strong>de</strong> ser feliz<br />

Que a noite seja a noite<br />

Sem vento!<br />

Que nada me <strong>de</strong>sperte...<br />

E<br />

Me quebre o sonho<br />

De ser feliz...<br />

• Lara, 9º C<br />

• Tânia Maria Ferreira, nº 27, 11º D<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 37


Sem título •<br />

És o sol da minha vida;<br />

Eu vida do teu sol.<br />

És gelo do meu choro;<br />

O meu choro é o teu gelo.<br />

És o fogo da minha paixão;<br />

Eu, a paixão do teu fogo.<br />

És o gelo do meu perfume;<br />

Eu, perfume do teu gelo.<br />

Não consigo viver sem ti;<br />

Sem mim consegues viver;<br />

Estou perdida sem ti.<br />

És o calor do meu Verão;<br />

Eu, gelo do teu Inverno;<br />

Quero aquecer-te o coração.<br />

• Joana Sousa, nº12, 11º J<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 38


“Mágoa” •<br />

Ilustração nº 10 •<br />

Esse amor que me <strong>de</strong>ixa cega,<br />

Foi um sentimento outrora <strong>de</strong>scoberto;<br />

Essa atracção que é a minha saga,<br />

Foi em tempos um livro aberto.<br />

Essa chama que me consome,<br />

Foi em tempos correspondida;<br />

Essa, que por mãos me some,<br />

Foi outrora assumida.<br />

Se o amor, o sentimento, a atracção, a chama,<br />

Solidão, vazio, ilusão, morte,<br />

Sentem agora dor e sofrimento,<br />

Olha, apaixonado e ama<br />

Que és chama, amor, atracção, sorte<br />

Para ser morte, ilusão, solidão, tormento.<br />

• Claudia n.º 8, Vânia n.º16, 11º I<br />

• Sandra Creio, nº 17, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 39


Morte vivida •<br />

Ilustração nº 11 •<br />

Neste mundo ando morrendo,<br />

À espera <strong>de</strong> ti, meu lírio!<br />

Pelo amor ando sofrendo,<br />

Porque sois meu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>lírio.<br />

Neste mundo vou caminhando,<br />

Ao sabor da brisa do vento.<br />

Por sítios tristes vou passando,<br />

Porque sois meu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>salento.<br />

Ora te amo, ora te o<strong>de</strong>io!<br />

Ando entregue à minha sorte,<br />

Fico <strong>de</strong>sesperado porque te anseio.<br />

Ora te <strong>de</strong>testo, ora te venero!<br />

Ando fugindo <strong>de</strong>sta morte<br />

E neste mar <strong>de</strong> emoções <strong>de</strong>sespero.<br />

• Ana Men<strong>de</strong>s, nº1, Ana Lopes, nº2, 11º I<br />

• Isabel Pereira<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 40


Ao <strong>de</strong>sprezo <strong>de</strong> Maria •<br />

Ilustração nº 12 •<br />

És a mais linda rosa,<br />

Mas és rosa que rasga a minha alma.<br />

És rosa que rouba a calma,<br />

És como a lua, bonita e formosa.<br />

Suspiro por ti, bela Maria.<br />

Mas és dura, nua e crua,<br />

És fria e o teu <strong>de</strong>sprezo perdura,<br />

Mas és tudo o que eu queria.<br />

Rosa Maria, Maria Rosa<br />

Sai do meu pensamento.<br />

Sai, mulher cruel, egoísta e rigorosa!<br />

Maria Rosa, Rosa Maria,<br />

És a pérola, escondida ao relento.<br />

És tu, e só tu, que feliz me faria.<br />

• Inês Correia n.º13, Mónica Delgado n.º16, 11º H<br />

• Ana Lopes, 11º D<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 41


Nome <strong>de</strong> flor •<br />

Ilustração nº 13 •<br />

Rosa, para sempre Rosa,<br />

Rosa serás para sempre,<br />

Rosa é o teu nome,<br />

Nome lindo, esse;<br />

Flor apaixonante,<br />

Essa rosa avermelhada,<br />

Cor dos lábios<br />

Dessa Rosa apaixonada,<br />

Rosa, flor do campo,<br />

Rosa, flor do meu jardim,<br />

Jardim on<strong>de</strong> se encontra a rosa.<br />

• Vítor Nunes n.º 23, Edgar Araújo n.º 4 11º H<br />

• Sandra Reis, nº 16, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 42


O <strong>de</strong>sgosto •<br />

Ilustração nº 14 •<br />

Sinto-me triste com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> rir,<br />

Porque sei que partiste, mas voltarás.<br />

Sinto-me alegre com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar,<br />

Porque sei que me amarás.<br />

Sinto-me triste e ao mesmo tempo alegre.<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar com sorriso nos lábios.<br />

Sinto-me só, ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> gente,<br />

Vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar presa e sentir-me livre.<br />

Ficar acordada como uma viva alma,<br />

Sem conseguir pensar em nada.<br />

Sinto-me só, vazia e angustiada.<br />

Apesar <strong>de</strong> te amar tanto,<br />

Porquê ficar presa ao teu amor,<br />

Se sei que não estás aqui?<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 43<br />

• Geovanya Carmelino n.º 10, Vera Mónica Santos n.º 19, 11ºJ<br />

• Mafalda Pé-Curto, nº 10, 12º E


Ao longe •<br />

Ilustração nº 15 •<br />

Ao longe...o mar,<br />

Tão longe do teu olhar.<br />

As ondas embatem<br />

Fortemente<br />

Contra um fundo buraco,<br />

Vazio,<br />

Cheias <strong>de</strong> dor, cheias <strong>de</strong> aflição...<br />

Ao longe...o horizonte<br />

É para mim<br />

Fonte<br />

De alegria, <strong>de</strong> imaginação.<br />

Não queres tu meu coração?...<br />

Ao longe...estarás<br />

Sempre tu,<br />

Pois nunca te conseguirei agarrar<br />

Porque és gaivota<br />

Que precisa <strong>de</strong> voar.<br />

• Marta Cabrita, nº 13, 10º A<br />

• Carla Rodrigues, nº 4, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 44


Se eu fosse... •<br />

Ilustração nº 16 •<br />

Se eu fosse a noite,<br />

Sacudiria as estrelas<br />

Daquele manto azul<br />

Cheio <strong>de</strong> mistério e serenida<strong>de</strong>.<br />

Então elas mergulhariam<br />

Na <strong>de</strong>nsa escuridão.<br />

O anoitecer seria tão suave<br />

Como o canto das sereias.<br />

Embalaria o sono das crianças<br />

E lindos sonhos elas teriam.<br />

Se eu fosse a noite,<br />

Cairia sobre os campos <strong>de</strong> batalha,<br />

Levando paz e harmonia.<br />

Se eu fosse a noite...<br />

Enfim, também eu teria <strong>de</strong> acabar<br />

Dando lugar ao dia,<br />

Mas voltaria...<br />

À noite.<br />

• Marta Cabrita, nº13, 10º A<br />

• Filipe, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 45


Estamos no fim do Verão •<br />

Estamos no fim do Verão.<br />

Verão que para o ano volta.<br />

Volta a chuva e o frio<br />

Frio que traz o Natal<br />

Natal que é dar e receber<br />

Receber amor e carinho<br />

Carinho que falta a muita gente<br />

Gente como a <strong>de</strong> Timor<br />

Timor terra do sol nascente<br />

Nascente <strong>de</strong> uma nova vida<br />

Vida que espera paz<br />

Paz aquela em que estamos<br />

Estamos no fim do Verão.<br />

• Angela Cardoso Ruivo n.º 5, 9º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 46


Sem título •<br />

Nalguns sítios do mundo,<br />

A diferença <strong>de</strong> cor<br />

Dá origem a um sentimento imundo<br />

Que provoca dor!<br />

Sítios on<strong>de</strong> as pessoas<br />

Por serem da cor <strong>de</strong> baunilha<br />

Ou da cor do chocolate<br />

Se agri<strong>de</strong>m!<br />

Se matam!<br />

Cabe-nos a nós,<br />

Futura geração,<br />

Dizer que a diferença <strong>de</strong> cor<br />

Rima mais com Amor<br />

Do que com Dor!!<br />

• Paulo Martins n.º 19, 9º F<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 47


Uma vida na palma da mão •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 48<br />

Uma mão tem uma vida traçada nas suas linhas.<br />

Tendo a vida na palma da minha mão, fecho-a para que ela não fuja.<br />

Encerro a mão, mas sem cravar as unhas, para não ferir a minha vida.<br />

Quero que ela não fuja, mas também não quero feri-la.<br />

Não aperto <strong>de</strong>masiado, para po<strong>de</strong>r senti-la.<br />

Senti-la passar e enrolar-se entre os <strong>de</strong>dos. Senti-la a palpitar na ponta<br />

dos <strong>de</strong>dos.<br />

• Raquel Félix, nº19, 10ºA, 15 anos


Sem título •<br />

Tenho um jardim na minha casa<br />

Com erva molhada<br />

E uma árvore plantada.<br />

E, no centro, um canteiro<br />

Com imensas flores<br />

De todas as cores.<br />

Sento-me na porta a olhar<br />

E fico a pensar<br />

Que o mundo há-<strong>de</strong> mudar.<br />

Há-<strong>de</strong> ser tudo igual<br />

Começando em Portugal<br />

Até ser universal.<br />

De todas as raças, <strong>de</strong> todas as cores,<br />

Os Homens <strong>de</strong>viam ser como as flores...<br />

Todas diferentes, todas iguais.<br />

• Inês Lopes n.º 15, Nádia Perpétua n.º 19, 9º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 49


Ser apenas... •<br />

Ser apenas um ser<br />

Não é nada?<br />

É ser, apenas,<br />

Eu, tu, ele, nós...<br />

O que somos?<br />

Nada ou tudo?<br />

Somos seres<br />

APENAS.<br />

Quem sou eu?<br />

Sou tudo...<br />

...o que posso dar<br />

À humanida<strong>de</strong>.<br />

• Inês Tiago, 7º B, nº 16, 99/00<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 50


Olhar a cida<strong>de</strong> •<br />

OLHAR A CIDADE<br />

Batia a porta. Lá fora<br />

Esmaga-me o peso sufocante<br />

Das pare<strong>de</strong>s sepulcrais que crescem e me cercam<br />

Que enclausuram pobres almas<br />

Em corpos enclausurados que<br />

Já não po<strong>de</strong>m fugir<br />

Enquanto passo pela cida<strong>de</strong><br />

Omnipotente...<br />

Começou a chover.<br />

Contagio-me das lágrimas<br />

Que os <strong>de</strong>uses choram por mim.<br />

Talvez assim me liberte dos grilhões<br />

Que me pren<strong>de</strong>m a este labirinto<br />

On<strong>de</strong> já ninguém tenta encontrar a saída...<br />

Mais um sol que passa<br />

E à minha volta tudo permanece igual:<br />

Homens mecanizados com máquinas trabalhando<br />

Ambos sincronizados com leis <strong>de</strong> equilíbrio e movimento...<br />

Gente que passa por gente como<br />

Quem passa por coisas...<br />

Por nadas...<br />

O nada que a gente é!<br />

O som impaciente das buzinas,<br />

O riso da inocência das crianças,<br />

• Ana Isabel Mordomo, 12º A<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 51


O amola-tesouras que se faz ouvir,<br />

O barulho ensur<strong>de</strong>cedor <strong>de</strong> um avião<br />

( Que parte para outro inferno!)<br />

As luzes coloridas <strong>de</strong> uma árvore <strong>de</strong> Natal,<br />

O apagar do Sol num céu esfumado<br />

E o renascer <strong>de</strong> um novo dia numa noite<br />

Luzente p’lo fulgor <strong>de</strong>stes can<strong>de</strong>eiros<br />

Que fazem crer não brilharem as genuínas<br />

Estrelas no céu...<br />

Eu também sigo a minha própria estrela<br />

Pedindo aos <strong>de</strong>uses que não beba mais do cálice<br />

Que é a vida nesta prisão, rotina <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>.<br />

Conformada, voltei a bater à porta.<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 52


O Instinto •<br />

A escuridão apavora-me!<br />

O silêncio das ruas é claramente sombrio,<br />

As pare<strong>de</strong>s gélidas acentuam o frio<br />

E julgo cair num mundo <strong>de</strong> mármore.<br />

Tornei-me atemporal,<br />

Tudo o que dantes conhecia esfumou-se,<br />

O meu pânico agora ouve-se,<br />

Ao ver-me neste labirinto infernal.<br />

Ruas e mais ruas, irão mais alguma vez acabar?<br />

A exaustão é-me agora evi<strong>de</strong>nte,<br />

Não sei se por frio ou medo bato os <strong>de</strong>ntes<br />

E ergo o olhar em busca do Luar.<br />

O Luar! On<strong>de</strong> está o Luar?<br />

Nada existe, mas uma névoa negra e espessa,<br />

Devorando egoísta a última esperança acesa<br />

Entrega-me ao <strong>de</strong>sespero do divagar.<br />

Ouvem-se ruídos inocentes,<br />

Mas para o eu exaltado, tudo é ameaçador!<br />

A fauna citadina causa-me pânico e furor<br />

E paro ao observar um vulto imponente.<br />

Oh pânico ! Certeza da <strong>de</strong>sgraça !<br />

Pareço finalmente acreditar no fado,<br />

Tantas vezes previsto e concretizado<br />

Des<strong>de</strong> que o ser humano é raça!<br />

Pé ante pé, cada vez mais próximo <strong>de</strong> mim,<br />

Surge implacável como a morte.<br />

Como pu<strong>de</strong> eu ter tão triste sorte ?<br />

Será agora o fim ?<br />

• Ana Correia, nº 1, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 53


Sem título •<br />

Percorrendo os caminhos citadinos,<br />

Da tão gloriosa Lisboa,<br />

Vi meninos, pequeninos<br />

Brincando, assim, à toa!<br />

Olhei para a esquerda, continuei,<br />

À direita... parei !<br />

E lá estavas tu, sorrindo,<br />

Simpática, acolhedora.<br />

Corri teus caminhos,<br />

Tentei chegar ao teu coração;<br />

Abrigavas os teus filhos,<br />

Encostados ao paredão!<br />

Tinham frio, tinham fome<br />

E sempre iam esten<strong>de</strong>ndo a mão,<br />

Chorando até nas tuas veias,<br />

Pedindo um pão, umas meias...<br />

Os teus visitantes foram reparando<br />

No teu gran<strong>de</strong> sofrimento e dor<br />

E foram tentando,... pouco a pouco<br />

Dar-te uma vida com mais cor !<br />

E os teus entes mais queridos,<br />

Convidados pelo teu Jorge,...<br />

Tão majestoso, imponente,<br />

Que corropio na alma se sente !...<br />

E eu, no meio da multidão,<br />

Vi-os pisar as tuas escadas<br />

Velhinhas, mas resistentes<br />

E o cheirinho a castanhas quentes...<br />

• Ana Correia, nº 1, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 54


“Quentes e boas”, gritava ela<br />

Num pregão tão popular,<br />

Com seu rosto velhinho e meigo<br />

E seu jeito rudimentar.<br />

Prossegui e segui-lhe o rasto,<br />

Continuavam sorri<strong>de</strong>ntes,<br />

Pelas vielas e ruelas,<br />

Como teus resi<strong>de</strong>ntes.<br />

Lá no topo já cansados,<br />

Lá <strong>de</strong> cima do esplendor,<br />

Olharam maravilhados<br />

Em todo o seu redor.<br />

E o sol embebia-se agora,<br />

Lentamente no seu leito molhado<br />

E as estrelas e a aurora<br />

Apareciam<br />

Daí a um bocado.<br />

Dali se via Alfama, Rossio...<br />

Dali vi-te passar, sublime, na Madragoa,<br />

E foi assim que senti a noite,<br />

Que te senti, ó minha Lisboa!...<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 55


A nossa cida<strong>de</strong> •<br />

Nesta cida<strong>de</strong> que nos encanta,<br />

Que nos dá alma e confiança,<br />

Algo está a mudar<br />

E até o luar...<br />

Parece diferente!<br />

Nesta cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> encantos muitos,<br />

As nações são surtos<br />

E a pobreza canta airosa<br />

De uma forma glamorosa...<br />

Parecendo tudo diferente!<br />

Nesta cida<strong>de</strong> das sete colinas,<br />

Correm parasitas apressados<br />

Pelas ruas ou pelas estradas,<br />

Gracejando violentamente...<br />

De uma forma diferente!<br />

Nesta cida<strong>de</strong> tudo hesita<br />

- Que gente pobrezita!<br />

Não compram <strong>de</strong> couro, compram <strong>de</strong> chita!<br />

Também fica catita...<br />

Mas querem algo diferente!<br />

Nesta cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amores,<br />

Oferecem-se flores,<br />

Destroçam-se corações,<br />

Per<strong>de</strong>m-se munições...<br />

E nada é diferente !<br />

• Mafalda Pé-Curto, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 56


Brinca<strong>de</strong>ira com... ia •<br />

Ilustração nº 17 •<br />

Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Leiria,<br />

Junto à drogaria,<br />

Vivia a minha tia,<br />

A senhora Maria.<br />

Havia, também, uma livraria<br />

On<strong>de</strong> eu nunca ia<br />

Por or<strong>de</strong>m da minha tia,<br />

Coisa que eu não compreendia!<br />

Outro dia, a minha tia<br />

Foi ao hospital <strong>de</strong> Leiria,<br />

Pois sofria <strong>de</strong> anemia,<br />

Coisa que a afligia.<br />

Deixou <strong>de</strong> passar o dia<br />

Com a sua gata Lia<br />

Que agora teve uma cria<br />

Que, como é natural, só mia..<br />

• Carlos Patrício, nº 26, 11º H<br />

• Ricardo Miguel Rosa, nº 23, 12º E<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 57


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> •<br />

Naquele fim <strong>de</strong> tar<strong>de</strong>,<br />

Vi algo simplesmente belo,<br />

Um símbolo da nossa cida<strong>de</strong><br />

Que dá pelo nome <strong>de</strong> castelo.<br />

No cimo <strong>de</strong> uma colina,<br />

Ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> verdura,<br />

O castelo domina<br />

Com toda a sua bravura.<br />

Com o Tejo a teus pés,<br />

Reflectindo luminosida<strong>de</strong>,<br />

Ó castelo, tu és<br />

A mais bela realida<strong>de</strong>!<br />

Essas águas transparentes<br />

Reflectem uma cida<strong>de</strong><br />

Com feitos importantes<br />

E isso é uma verda<strong>de</strong>.<br />

Essa bela cida<strong>de</strong>,<br />

Cheia <strong>de</strong> gente boa<br />

Sempre em activida<strong>de</strong><br />

Dá pelo nome <strong>de</strong> Lisboa!<br />

• Paula Costa, 12º D, nº 15<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 58


TELEMANIAS<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 59<br />

A última engenhoca do século é uma perda <strong>de</strong> tempo.<br />

Consegue adivinhar? É isso mesmo: O TELEMÓVEL. •<br />

No bolso, na mão, na mala, na orelha...o que interessa é que ele<br />

an<strong>de</strong> sempre connosco. Não podia ser <strong>de</strong> outra forma nesta socieda<strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> a comunicação substituiu a solidão. Com o telemóvel, já ninguém<br />

está sozinho. Por isso, em todos os lugares é admitida a sua entrada.<br />

Não se <strong>de</strong>ve sentir mal se ele tocar estri<strong>de</strong>ntemente ou com<br />

sinfonias inesquecíveis no enterro da avó, no teste <strong>de</strong> Matemática, ou até<br />

mesmo, durante aquele jantar romântico, à luz das velas, com aquela<br />

pessoa dos seus sonhos. O que importa não são os outros ou regras<br />

<strong>de</strong>scabidas que exigem o respeito pelo silêncio, mas você que tem uma<br />

necessida<strong>de</strong> insaciável <strong>de</strong> comunicar com o mundo inteiro.<br />

Vamos lá, tem que admitir que não consegue sobreviver sem<br />

saber a fofoca do ano que está a ser contada à senhora que vai sentada ao<br />

seu lado no comboio e não pára <strong>de</strong> exclamar: “ Não me diga !“ Nesse<br />

momento, o que <strong>de</strong>sejava profundamente era estar com o ouvido bem<br />

coladinho a ela.<br />

Afinal, também é indispensável para quem gosta <strong>de</strong> fazer teatro<br />

amador. Certamente já surpreen<strong>de</strong>u alguém a fingir como o poeta e que<br />

per<strong>de</strong> longas horas em monólogos com o “amiguinho portátil”. Neste<br />

caso, o telemóvel transforma-se em interlocutor e confi<strong>de</strong>nte e os<br />

amigos <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser precisos ou só o são se também tiverem um para<br />

falar consigo.<br />

Como vê, <strong>de</strong>ve trazê-lo sempre consigo, mesmo que esteja sem<br />

bateria ou sem “guita”. Além <strong>de</strong> ser facilmente transportável, com o<br />

telemóvel arranjará milhões <strong>de</strong> amigos prontos a ouvi-lo.<br />

• Neuza, nº 12, Rute, nº 16, Tânia, nº18, 11º A


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 60<br />

Actualmente, ver televisão é tão necessário e viciante como<br />

outra droga qualquer. E que o digam os tele<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, que já não<br />

passam sem sofregamente <strong>de</strong>vorar a sua dosezinha diária. Estes já<br />

trocaram o cão pelo comando, o seu novo animalzinho <strong>de</strong> estimação que<br />

é agora o melhor amigo do viciado.<br />

Durante o dia é perfeitamente acessível a todos boas<br />

telenovelas: criança ou adulto, gato ou piriquito, nenhum per<strong>de</strong> pitada<br />

do <strong>de</strong>senrolar da tórrida história <strong>de</strong> amor <strong>de</strong> Conchita e Amâncio, que é<br />

sobrinho do cunhado do pai <strong>de</strong> Conchita que é, por sua vez, o único<br />

irmão da mãe <strong>de</strong> Conchita, fazendo assim Amâncio <strong>de</strong> meio irmão da<br />

sua amada. E eis que neste episódio ela, fazendo ranger ruidosa e<br />

rapidamente a porta do quarto <strong>de</strong> Madalena, sua melhor amiga, viu os<br />

sórdidos lençóis brancos que mal cobriam os corpos <strong>de</strong> Madalena e<br />

Amâncio, colados um ao outro como duas iguanas em fase <strong>de</strong><br />

acasalamento. E quando Lena se levantou, ostentando uns longos loiros<br />

cabelos falsos, ia reagir, quando, inesperadamente, terminou mais um<br />

emocionante capítulo <strong>de</strong> “ Amores Proibidos “.<br />

Agora, todos aqueles que foram hipnotizados pela caixinha<br />

adormecem docemente ao som <strong>de</strong> um interminável e variado pacote<br />

publicitário, on<strong>de</strong> o produto mais atractivo é um apetecível, enorme e<br />

saboroso chocolate que, afinal, esteja <strong>de</strong>scansada, nem faz engordar, a<br />

julgar pelo esqueleto, perdão, pela mo<strong>de</strong>lo que faz o spot publicitário.<br />

Depois disto, há ainda a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ver programas aos<br />

quais se chama ( e bem ) <strong>de</strong> entretenimento, visto ser esse com certeza o<br />

seu principal papel: entreter. Ou uma senhora conta as amarguras da sua<br />

vida, ou procura <strong>de</strong>sesperadamente um familiar que nunca conheceu e<br />

<strong>de</strong> que nem sequer sabe o nome. Mas tudo isto em simultâneo com os<br />

fantásticos <strong>de</strong>senhos animados <strong>de</strong> lutas que os pequenitos não querem <strong>de</strong><br />

forma alguma per<strong>de</strong>r, pois anseiam pelo dia em que se tornarão uns<br />

• Ana Mordomo,nº2, Cátia Gonçalves, nº5, Patrícia Rodrigues, nº 14,<br />

11º A, 99 /2000


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 61<br />

exímios Samurais que lutam <strong>de</strong>senfreadamente com uma espada<br />

ameaçadora, nociva e <strong>de</strong>struidora.<br />

Mas já estes pequenos telespectadores estão em agitados<br />

sonhos (ou pesa<strong>de</strong>los, quem sabe! ) quando os mais resistentes ( que<br />

aguentaram firme face a tantos programas <strong>de</strong> “ chacha” e combateram<br />

heroicamente o sono agora perdido) assistem a <strong>de</strong>centes programas num<br />

horário escandaloso, morcegando pacientemente até a sessão terminar.<br />

E, enfim, para compreen<strong>de</strong>r o panorama televisivo português não é<br />

preciso muito mais. E que o digam os tele<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes...


Big Brother •<br />

Ilustração nº 18 •<br />

O Marco entrou sem nada,<br />

O Telmo sem nada entrou,<br />

O Marco anda com a Marta<br />

E o Telmo a Célia atacou.<br />

Zé Maria vai tentando,<br />

Mas Susana vai rejeitar.<br />

As galinhas implorando,<br />

Para o Zé Maria as tratar.<br />

A Sónia, o Mário quer,<br />

Mas o Mário não quer nada.<br />

Mas ele vai ter <strong>de</strong> escolher<br />

Entre a Sónia e a namorada.<br />

Zé Maria é famoso<br />

E o programa vai ganhar<br />

Com o seu corpo volumoso,<br />

A vitória vai festejar.<br />

• Bernardo Costa, nº2, Ricardo Serra, nº18<br />

• Ângela Vaz, nº 8, 11º D<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 62


Sem título<br />

ilustração, nº 19 •<br />

SONHO<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 63<br />

“Faça amiza<strong>de</strong> com quem estiver pronto a censurá-lo” •<br />

(Boileau)<br />

A amiza<strong>de</strong> é uma “coisa” inexplicável por palavras, pois é algo<br />

que nos faz sentir bem, algo que se vive. Isto faz-nos pensar se estamos<br />

ro<strong>de</strong>ados <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iros amigos e, a pouco e pouco, chegaremos à<br />

conclusão que no meio <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> pessoas, poucos são o<br />

nosso segundo eu.<br />

Estes são os que nos ajudam quando temos problemas, que se<br />

preocupam connosco e que, com uma simples expressão ou gesto, fazem<br />

muito por nós, mas acima <strong>de</strong> tudo, são aqueles que nos ensinam a viver<br />

e nos transformam.<br />

Ao contrário do que muita gente pensa, não é só a família que<br />

nos faz ser aquilo que somos, os amigos também são importantes. A<br />

pessoa que hoje existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim não nasceu apenas no seio <strong>de</strong> uma<br />

família, mas é igualmente fruto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s amiza<strong>de</strong>s...<br />

É por esta razão que eu penso que um amigo não é aquele que<br />

sorri para nós a toda a hora, mas aquele que nos diz que, por vezes,<br />

estamos errados e nos faz ver o que realmente está certo. Desta forma, se<br />

estou ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> pessoas com quem, por vezes, discuto por termos<br />

opiniões distintas e que me criticam quando é necessário, sou levado a<br />

concluir que a minha vida está preenchida por muitos amigos.<br />

É neste ponto que concordo com a expressão <strong>de</strong> Boileau:<br />

<strong>de</strong>vemos fazer amiza<strong>de</strong> com quem está pronto a censurar-nos e assim<br />

seremos felizes e faremos felizes os que nos ro<strong>de</strong>iam.<br />

• Carla Florindo, nº 3, 12º E<br />

• Ricardo Coelho, nº15, 10º A


A mancha! •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 64<br />

Podia ser uma mancha numa folha <strong>de</strong> papel, podia ser uma<br />

mancha numa peça <strong>de</strong> vestuário... podia ser uma mancha...<br />

Mas aquela mancha estava precisamente na cabeça, já careca,<br />

do senhor Casimiro.<br />

Era uma mancha triste! Não tinha ninguém para lhe fazer<br />

companhia, nem um pequeno sinalzinho.<br />

Por outro lado, começou a notar que prendia o olhar <strong>de</strong> muita<br />

gente, o que até lhe causou uma certa vaida<strong>de</strong>!<br />

Passados tempos e analisando-o olhar das pessoas, começou<br />

por compreen<strong>de</strong>r que afinal aquele olhar era uma forma <strong>de</strong> gozar o seu<br />

dono pela sua careca e pela sua mancha.<br />

Então a tristeza invadiu-a! No seu silêncio interrogou-se:<br />

- O que interessa a aparência ou o aspecto físico <strong>de</strong> cada um ?<br />

Interessa é o que está no interior da pessoa. E o senhor Casimiro não<br />

merecia ser gozado! Era um homem bem intencionado e rico em<br />

qualida<strong>de</strong>s.<br />

Afinal, somos todos diferentes...<br />

Mas todos iguais!!<br />

• Filipa Ventura, nº 13, 7º A, 99/00


Casa feita <strong>de</strong> sonho •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 65<br />

Gran<strong>de</strong> como uma torre, quente como um ninho, doce como o<br />

mel, assim imaginei <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequeno a minha casa.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, quando me encontrei só no mundo, como não tinha<br />

dinheiro, resolvi fazer a minha casa <strong>de</strong> papel, mas com o vento, ela<br />

<strong>de</strong>smoronava-se.<br />

Fiquei sem casa. Mas não <strong>de</strong>sisti. Pensei muito e fiz a minha<br />

casa <strong>de</strong> cartão muito grosso.<br />

Vieram todos os fogos da terra e queimaram a minha casa,<br />

quente como um ninho, doce como o mel e gran<strong>de</strong> como uma torre.<br />

Então pensei fazer a minha casa <strong>de</strong> chocolate e assim foi: ainda<br />

mal tinha acabado, vieram todos os bichos da terra e <strong>de</strong>voraram-na.<br />

Chorei muito e então pensei que podia fazer a minha casa <strong>de</strong><br />

sonho, num lugar on<strong>de</strong> não houvesse vento, fogo e bichos.<br />

Fiz a minha casa com sonhos.<br />

Ficou linda. Gran<strong>de</strong> que nem uma torre, quente como um ninho, doce<br />

como o mel.<br />

• André Monteiro, nº 4, 7º B


Simplesmente Liberda<strong>de</strong> •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 66<br />

“A liberda<strong>de</strong> significa a responsabilida<strong>de</strong>; é por isso que a maior parte<br />

dos homens a receiam“<br />

Liberda<strong>de</strong>...<br />

O que é a Liberda<strong>de</strong>’<br />

Todos nós sabemos o que é. Mas se eu perguntar a alguém o<br />

que é a liberda<strong>de</strong>, ficam um tempo a pensar, hesitam, dizem alguma<br />

coisa sem nexo e acabam por não dizer nada <strong>de</strong> novo. Isto é o que todos<br />

me repon<strong>de</strong>m sobre a liberda<strong>de</strong> e eu fico, simplesmente, na mesma.<br />

Alguém disse: “ A liberda<strong>de</strong> significa responsabilida<strong>de</strong>, é por<br />

isso que a maior parte dos homens a receiam “<br />

Sim, isso é totalmente verda<strong>de</strong>, pois, tenho a minha liberda<strong>de</strong><br />

que não <strong>de</strong>ve ser utilizada para tirar a liberda<strong>de</strong> dos outros. A nossa<br />

liberda<strong>de</strong> acaba quando a dos outros começa. É preciso haver<br />

responsabilida<strong>de</strong> e consciência para que o nosso espírito livre não se<br />

sobreponha a certas regras necessárias para manter a or<strong>de</strong>m e equilíbrio.<br />

Durante séculos, os homens lutaram pela sua liberda<strong>de</strong> o que<br />

ainda hoje acontece quando a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser um direito <strong>de</strong> todos<br />

os seres vivos. Mas infelizmente a liberda<strong>de</strong> é uma palavra com pouco<br />

significado e sentido para algumas pessoas, quando <strong>de</strong>veria ser a<br />

palavra-chave para todos.<br />

Então, fui ao dicionário. Dizia ... po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fazer ou <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

fazer, <strong>de</strong> escolher, o <strong>de</strong>ver supõe a liberda<strong>de</strong>...”. falava ainda sobre a<br />

liberda<strong>de</strong> natural, liberda<strong>de</strong> civil, política, liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa, <strong>de</strong><br />

consciência, individual e poética. Falava sobre a in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

Portugal, a abolição da escravatura e os símbolos da liberda<strong>de</strong>, como a<br />

estátua da liberda<strong>de</strong>. Fechei o dicionário. Não fiquei a saber nada <strong>de</strong><br />

novo. Tentei lembrar-me do que me faz lembrar a liberda<strong>de</strong>. Fechei os<br />

olhos e vieram-me à cabeça imagens do mar, do céu, do vento, vi um<br />

• Clara Santos, nº7, 10º A


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 67<br />

pássaro a voar e ainda vi Martin Luther King, a estátua da liberda<strong>de</strong>,<br />

lembrei-me do tempo da escravatura e dos <strong>de</strong>scobrimentos.<br />

I<strong>de</strong>ias totalmente diversas e algumas sem nexo, imagens que<br />

<strong>de</strong>vo ter associado, por alguma razão, à liberda<strong>de</strong>.<br />

Mas o que é que todas elas têm em comum? O mar, o céu são<br />

imensos, o vento po<strong>de</strong> voar, Luther King <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a todo o custo a<br />

liberda<strong>de</strong> social dos negros, teve a coragem <strong>de</strong> se expressar e pagou com<br />

a vida por isso. A estátua da liberda<strong>de</strong>, um símbolo insubstituível da<br />

América. Quanto à escravatura, talvez por ser o contrário da liberda<strong>de</strong>. E<br />

porquê os <strong>de</strong>scobrimentos? Talvez porque os marinheiros portugueses<br />

tiveram a ousadia <strong>de</strong> usar a sua liberda<strong>de</strong> para sonhar.<br />

Todas as pessoas têm liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolher entre o bem e o<br />

mal, o certo e o errado. Eu acredito na liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha, é por isso<br />

que não acredito no <strong>de</strong>stino.<br />

Agora olho para o que escrevi. I<strong>de</strong>ias soltas que prendi nesta<br />

folha <strong>de</strong> papel com o objectivo <strong>de</strong> explicar a mim mesma o significado<br />

da liberda<strong>de</strong>.<br />

A liberda<strong>de</strong> é uma palavra muito simples e banal mas que<br />

apesar disso carrega um significado com muita importância e<br />

simbolismo.


Bola <strong>de</strong> sabão •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 68<br />

“Não fazemos o que queremos e, no entanto, somos responsáveis pelo<br />

que somos. Eis a verda<strong>de</strong>”<br />

(J. P. Sartre)<br />

Eu queria ser o vento, po<strong>de</strong>r viajar velozmente pelos campos<br />

fazer voos rasantes sobre o mar e envolver a noite com uma brisa quente<br />

e suave.<br />

Eu queria ser uma estrela e iluminar o coração das pessoas cá<br />

em baixo ou talvez gostasse <strong>de</strong> ser a lua para iluminar o céu e embelezar<br />

a noite.<br />

Eu queria ser tanta coisa...mas não faço o que quero e, no<br />

entanto, sou responsável pelo que sou<br />

Eu po<strong>de</strong>ria não ser o vento, mas também po<strong>de</strong>ria correr pelos<br />

campos, sentir a brisa marinha ao ser envolvida pela brisa suave da<br />

noite. Mas não o faço porque com os altos prédios o vento e os campos<br />

<strong>de</strong>saparecem e o mar per<strong>de</strong> a sua transparência.<br />

Eu po<strong>de</strong>ria não ser uma estrela, mas po<strong>de</strong>ria confortar e ter uma<br />

palavra amiga para alguém. Mas não o faço porque andam todos<br />

<strong>de</strong>masiado atarefados.<br />

Eu po<strong>de</strong>ria não ser a lua, mas po<strong>de</strong>ria iluminar e embelezar o<br />

meu mundo e o dos outros. Mas não o faço porque os outros ignoramme<br />

e eu própria fico sufocada num mar <strong>de</strong> indiferença.<br />

Eu queria fazer tanta coisa... mas este mundo não me permite. E<br />

eu continuo a ser a responsável pelos meus actos.<br />

Eu <strong>de</strong>veria fazer a diferença. Devia sair <strong>de</strong>ste lugar e procurar o<br />

paraíso. Devia gritar até me ouvirem. Devia entrar <strong>de</strong> mansinho no<br />

mundo dos outros e <strong>de</strong>pois, acordá-los no seu íntimo.<br />

Mas eu não faço o que quero porque a socieda<strong>de</strong> impõe-me<br />

regras, <strong>de</strong>veres, obrigações enfim... problemas e mais problemas e eu<br />

tenho medo. Medo? Talvez não! Provavelmente não tenho é coragem <strong>de</strong><br />

sair por aí, não cumprir regras e ultrapassar barreiras inúteis e<br />

preconceituosas que se vão construindo mais <strong>de</strong>pressa do que qualquer<br />

pessoa as possa <strong>de</strong>rrubar.<br />

• Clara Santos, n.º 7, 10º A


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 69<br />

E quando finalmente ganho coragem para ir bater à porta dos<br />

outros, uma placa com letras gran<strong>de</strong>s e vermelhas diz “ NÃO<br />

PERTURBAR, SOU INDIVIDUALISTA!” E eu volto <strong>de</strong> braços caídos<br />

para o meu mundo.<br />

E penso: “será que não há alguém que pense como eu? Que<br />

quer sair <strong>de</strong>sta prisão? Será que ninguém vê que vivemos <strong>de</strong>ntro duma<br />

bola <strong>de</strong> sabão e que é preciso olhar para além <strong>de</strong>la para ver<br />

verda<strong>de</strong>iramente a realida<strong>de</strong>? E é preciso tomar consciência para que a<br />

bola rebente e nós ficarmos livres.”<br />

Mas não adianta estarmos livres se estamos sós.<br />

É então que alguém pega na minha mão e me leva por esse<br />

mundo fora e diz:<br />

- Não estás só. Anda, vamos os dois juntos rebentar as outras<br />

bolas <strong>de</strong> sabão.


Branco, forte <strong>de</strong> vida •<br />

Ilustração nº 20 •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 70<br />

Branco...o branco é um mundo <strong>de</strong> emoções. Há quem veja a<br />

felicida<strong>de</strong> ou a tristeza ou até quem veja guerra ou paz, isso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

como se acorda em cada dia que passa.<br />

Ontem eu era capaz <strong>de</strong> ver um mundo <strong>de</strong> fantasia, pois tinha<br />

<strong>de</strong>spertado feliz, mas hoje, até uma folha branca e reluzente se torna<br />

negra como carvão. E toda esta reviravolta <strong>de</strong>vido a um simples<br />

telefonema que do outro lado dizia “ A Sónia suicidou-se !“ Estas<br />

palavras não me saíam da cabeça. Deitei-me tar<strong>de</strong> nesse dia e, aquela<br />

frase... não a esquecia <strong>de</strong> maneira alguma. Eu que a tinha visto há menos<br />

<strong>de</strong> um mês a passear num centro comercial, agora penso... o que será<br />

que ela verá numa folha branca <strong>de</strong> papel? Com certeza veria cansaço,<br />

saturação, quem sabe, ódio ou tristeza, até talvez um simples<br />

arrependimento. Mas seria tudo isto razão para se manter no silêncio e,<br />

<strong>de</strong> repente, olhar para o espelho e dizer que não queria viver mais?<br />

Quem sabe...<br />

Uma folha branca é tudo e nada, mas tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da pessoa<br />

que olha para ela.<br />

Já estou quase no fim da aula e, <strong>de</strong> repente, olhei para a minha<br />

fonte <strong>de</strong> inspiração e vi que estava a mudar <strong>de</strong> cor, estava a tornar-se<br />

mais clara e nítida e nela via esperança <strong>de</strong> continuar a lutar contra os<br />

meus medos e dificulda<strong>de</strong>s da vida e nunca, nunca <strong>de</strong>sistir <strong>de</strong>la.<br />

• Marta Cabrita nº13, 10º A<br />

• Alexandre Pegado, nº 2, 11º D


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 71<br />

“O que nós somos é o que fazemos e o que fazemos é o que o ambiente<br />

nos faz fazer” •<br />

(J. Watson)<br />

A pessoa que existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós não foi<br />

simplesmente criada <strong>de</strong> uma hora para a outra, está em constante<br />

transformação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nascemos.<br />

Se pensarmos em alguém muito especial para nós, um amigo,<br />

um familiar, ou quem sabe, um amor e nos perguntarmos porque é que<br />

gostamos tanto <strong>de</strong>ssa pessoa, chegaremos à conclusão que é pela sua<br />

forma <strong>de</strong> agir. A verda<strong>de</strong> é que o agir <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós diferencia-nos<br />

das outras pessoas já que traduz aquilo que nós somos, pois mostra aos<br />

outros a nossa essência.<br />

Por outro lado, a forma como agimos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ambiente que<br />

nos ro<strong>de</strong>ia, já que não vivemos isolados e estamos em constante<br />

aprendizagem à medida que vamos vivendo. Assim, uma pessoa bem<br />

educada traduz-nos o ambiente em que vive, um ambiente feliz e alegre,<br />

já uma pessoa mal formada e sem personalida<strong>de</strong> leva-nos a pensar que<br />

vive num mau ambiente, talvez prejudicial à sua formação.<br />

É por esta razão que penso que é muito importante para a<br />

educação <strong>de</strong> uma pessoa ter uma família, uma escola e um gran<strong>de</strong> grupo<br />

<strong>de</strong> amigos, pois são estes que nos ensinam a viver e que nos fazem fazer<br />

aquilo que fazemos e que, <strong>de</strong>sta forma, nos transformam naquilo que<br />

somos!<br />

• Ricardo Coelho, nº 15, 10º A


A escola da vida •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 72<br />

“Apren<strong>de</strong>r? Certamente mas, primeiro viver e apren<strong>de</strong>r pela vida, na<br />

vida“<br />

Qual será a maior escola ‘ Aquela que ensina mais coisas,<br />

aquela on<strong>de</strong> estamos sempre a apren<strong>de</strong>r ? É, sem margem para dúvida, a<br />

vida.<br />

Conforme as experiências <strong>de</strong> cada um, assim é a sua<br />

aprendizagem.<br />

Imaginamos uma pessoa que passou meta<strong>de</strong> da sua vida <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> uma casa sem portas nem janelas. Ficou a estudar e a ler tudo sobre<br />

História, Filosofia, Psicologia, Matemática, Ciências da Vida, várias<br />

línguas e outras ciências. Ao chegar cá fora, saberia ela como é o calor<br />

do sol ? Como é suave o correr da água <strong>de</strong> um riacho ? Saberia ainda<br />

como era o cheiro a terra molhada ? Suponho que não. Por mais livros<br />

que lesse, nunca saberia explicar a beleza <strong>de</strong> um pôr <strong>de</strong> sol se nunca o<br />

tivesse visto. Nunca saberia qual era a sensação <strong>de</strong> trabalhar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

nascer do sol até que ele se pusesse, a não ser que experimentasse ver e<br />

fazer todas estas coisas.<br />

Tudo isto apren<strong>de</strong>mos com a vida e não em livros ou escolas do<br />

Ministério da Educação.<br />

Um dia resolvi dar um passeio. O tempo estava muito agradável e<br />

chamava-me a sair <strong>de</strong> casa.<br />

Encontrei, pelo caminho, a tal pessoa que, pela primeira vez,<br />

saía daquela casa.<br />

Já me tinham falado acerca <strong>de</strong>ssa tal pessoa. Chamava-se<br />

Solidão, mas o seu primeiro nome era Tristeza. Reconheci-a logo porque<br />

estava só e triste. Olhava para o chão e não dizia nada. Aproximei-me e<br />

disse-lhe:<br />

- Olá ! Chamo-me Esperança. Sei quem tu és e, por isso,<br />

gostaria <strong>de</strong> te dar um conselho antes <strong>de</strong> percorreres o mundo. Ela<br />

continuava sem dizer nada. Então insisti:<br />

• Clara Santos, n.º 7, 10º A


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 73<br />

- Quando percorreres o mundo verás muitas coisas belas.<br />

Coisas como nunca viste nos teus livros. É por isso que gostaria <strong>de</strong><br />

partilhar a experiência que tive da última vez que passei por aí.<br />

Quando comecei a andar, olhei em volta e parei, abri os braços<br />

e senti o vento a percorrer o meu corpo, fechei os olhos e vi o que me<br />

ro<strong>de</strong>ava, escutei com atenção e ouvi o silêncio, baixei-me e apanhei um<br />

pedaço <strong>de</strong> terra e senti a vida, aproximei a minha boca <strong>de</strong> um riacho<br />

turbulento e enchi-me <strong>de</strong> paz, percorri o caminho duro e empoeirado e<br />

senti força, inspirei fundo e senti-me sufocar pela frescura do ar. Olhei o<br />

sol e fiquei ofuscada com a sua luz. Dancei ao som do chilrear dos<br />

pássaros e da música das copas das árvores até que por fim parei<br />

cansada <strong>de</strong> tantas emoções, sentei-me e fui presenteada com a brisa<br />

quente do entar<strong>de</strong>cer que me abraçou e me acariciou. Contemplei o pôr<br />

do sol e os meus olhos não mais se fecharam perante tanta beleza.<br />

Quando acabei o meu discurso, ela olhava-me e com a sua voz<br />

triste disse-me:<br />

- Tu não compreen<strong>de</strong>s o mundo, os factos reais, és uma<br />

ignorante, uma ingénua e pensas que o mundo é só feito <strong>de</strong><br />

divertimentos, sentimentos nobres e alegria, mas estás redondamente<br />

enganada !<br />

E foi-se embora. Na sua voz havia um tom <strong>de</strong> sarcasmo e<br />

ironia. Ela não me tinha compreendido. E eu ofendi-a, resolvi esperar,<br />

esperar... Alguns meses mais tar<strong>de</strong> encontrei-a.<br />

Olá – disse. Agora já não me chamo Solidão nem Tristeza.<br />

Chamo-me Alegria e já consigo compreen<strong>de</strong>r a verda<strong>de</strong> das tuas<br />

palavras. Só a vida nos po<strong>de</strong> fazer ver realmente. Sim, aprendi pelos<br />

livros, mas só a vida me fez compreen<strong>de</strong>r tudo o que me ro<strong>de</strong>ia. Aprendi<br />

mais com a vida do que com os livros por on<strong>de</strong> estu<strong>de</strong>i. Nos livros,<br />

posso ler sobre os sentimentos, mas aqui vivo os sentimentos. Obrigada<br />

por tudo e agora já estou pronta não só para compreen<strong>de</strong>r e sentir, mas<br />

também para amar.


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 74<br />

“A adversida<strong>de</strong> restitui aos homens todas as virtu<strong>de</strong>s que a prosperida<strong>de</strong><br />

lhes tira”<br />

(E. Delacroix)<br />

É na adversida<strong>de</strong> que o indivíduo revela as suas<br />

potencialida<strong>de</strong>s, tornando<br />

evi<strong>de</strong>ntes virtu<strong>de</strong>s que <strong>de</strong> outro modo talvez nunca se manifestassem; ao<br />

contrário, na prosperida<strong>de</strong>, na bonança, quando tudo é “dado <strong>de</strong><br />

ban<strong>de</strong>ja“ o indivíduo ten<strong>de</strong> a acomodar-se às suas conveniências e, <strong>de</strong><br />

um modo geral, não se sente motivado para cultivar virtu<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m<br />

existir em embrião <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si.<br />

Ao escrever estas linhas, estava a pensar em alguém que<br />

conheço, que tendo um curso superior, por falta <strong>de</strong> legalização da sua<br />

situação em país estrangeiro. Trabalhou como mulher a dias,<br />

assegurando assim a sua sobrevivência e a das suas duas filhas<br />

Se não fosse a adversida<strong>de</strong>, eu, outras pessoas e ela própria<br />

talvez nunca viéssemos a saber quanto ela vale em dignida<strong>de</strong> (rejeitou<br />

formas fáceis <strong>de</strong> ganhar a vida por consi<strong>de</strong>rá-las humilhantes), em amor<br />

<strong>de</strong> mãe em capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lutar...<br />

• Ana Soraia, nº5, 10º A


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 75<br />

“Apren<strong>de</strong>r? Certamente, mas primeiro, viver e apren<strong>de</strong>r pela vida, na<br />

vida”<br />

J. Dewey<br />

Quando somos pequenos, temos sempre alguém que toma<br />

<strong>de</strong>cisões por nós faz-nos as tarefas mais difíceis, isto é, as tarefas<br />

domésticas, trabalhos manuais, etc. Mas à medida que vamos crescendo,<br />

começamos a ter mais liberda<strong>de</strong> para fazermos activida<strong>de</strong>s mais<br />

complexas e <strong>de</strong> maior responsabilida<strong>de</strong>. Apercebemo-nos, então, da dura<br />

realida<strong>de</strong> que é o mundo que está fora das nossas casas, ou seja, da<br />

nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

Portanto, começamos por formar opiniões acerca <strong>de</strong> assuntos<br />

muito subjectivos que envolvem a nossa socieda<strong>de</strong> como a droga, a<br />

prostituição, doenças mortíferas, etc.<br />

A partir daí, ganhamos mais experiência e maturida<strong>de</strong>,<br />

conseguindo assim <strong>de</strong>sembaraçarmo-nos <strong>de</strong> situações mais difíceis que<br />

mais tar<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rão surgir.<br />

São estas razões que me fazem acreditar que, quando nascemos,<br />

vivemos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos nossos pais, mas à medida que os anos vão<br />

passando, vamo-nos libertando para começar a pensar e agir por nós<br />

próprios, isto é, apren<strong>de</strong>r a viver sem a ajuda <strong>de</strong> ninguém, ganhando<br />

assim mais experiência sobre a vida. Isto irá ajudar-nos no futuro, pois<br />

não iremos ter medo <strong>de</strong> ultrapassar os obstáculos que se nos <strong>de</strong>param.<br />

Em suma, temos que apren<strong>de</strong>r a viver, vivendo a vida.<br />

• Ana Gomes, 10º A


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 76<br />

“O que nós somos é o que fazemos e o que fazemos é o que o ambiente<br />

nos faz fazer”<br />

(J.B. Watson)<br />

A pessoa que existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós não foi<br />

simplesmente criada <strong>de</strong> uma hora para a outra, ela está em constante<br />

transformação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nascemos.<br />

Se pensarmos em alguém muito especial para nós, um amigo,<br />

um familiar, ou quem sabe um amor, e nos interrogarmos porque é que<br />

gostamos tanto <strong>de</strong>ssa pessoa, chegaremos à conclusão que é pela forma<br />

<strong>de</strong> agir. A verda<strong>de</strong> é que o “agir” <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós diferencia-nos dos<br />

outros, já que traduz aquilo que nós somos, pois mostra aos outros a<br />

nossa “essência”.<br />

Por outro lado, a forma como agimos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ambiente que<br />

nos ro<strong>de</strong>ia, já que não vivemos isolados e estamos em constante<br />

aprendizagem à medida que vamos vivendo. Assim, uma pessoa bem<br />

educada traz-nos o ambiente em vive, um ambiente calmo e alegre; já<br />

outra mal formada e sem personalida<strong>de</strong> remete-nos a pensar que vive<br />

num ambiente que torna prejudicial à sua formação.<br />

É por esta razão que penso ser muito importante para a<br />

educação <strong>de</strong> uma pessoa, ter uma família, uma escola e um gran<strong>de</strong> grupo<br />

<strong>de</strong> amigos, pois são estes que nos ensinam a viver e que nos levam a<br />

fazer aquilo que fazemos e que <strong>de</strong>sta forma nos transformam naquilo<br />

que hoje somos!<br />

• Ricardo Coelho, 10º A


Sem título •<br />

Ilustração nº 21 •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 77<br />

“O que nós somos é o que fazemos e o que fazemos é o que o ambiente<br />

nos faz fazer” •<br />

(J. Watson)<br />

Certa tar<strong>de</strong>, estava eu a ler um livro quando reparei numa frase<br />

que ma chamou muito a atenção : “ O que nós somos é o que fazemos e<br />

o que fazemos é o que o ambiente nos faz fazer “. Ao interpretá-la,<br />

constatei que J. Watson tinha tida a razão.<br />

Se uma pessoa apenas se relacionar com criminosos, mais<br />

tar<strong>de</strong>, possivelmente, também se tornará um <strong>de</strong>sses criminosos, pois,<br />

como nós sabemos, o ser humano é muito influenciado pela socieda<strong>de</strong><br />

on<strong>de</strong> vive.<br />

Por exemplo, muitos dos gangs existentes nos estados unidos<br />

reagem com muita violência a certas situações banais da vida, pois,<br />

muitos <strong>de</strong>les, são constituídos por pessoas revoltadas que apenas pensam<br />

em vingança.<br />

Outro exemplo são os emigrantes vindos <strong>de</strong> países pobres, sem<br />

condições <strong>de</strong> vida e muitas vezes discriminados pelas pessoas dos países<br />

que os acolhem. Assim, são obrigados a viver nos bairros mais pobres<br />

existentes nas cida<strong>de</strong>s, em péssimas condições <strong>de</strong> vida on<strong>de</strong> reina o<br />

mundo da droga e da prostituição, tornando-se muitos <strong>de</strong>les criminosos.<br />

Por isso, po<strong>de</strong>mos afirmar que se a socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> eles vivem<br />

fosse diferente, isto é, se morassem em zonas mais seguras e agradáveis<br />

e se as pessoas com quem convivem fossem mais amáveis, evitando<br />

com que sentissem rejeitados, talvez levassem vidas normais, pois o<br />

ambiente não seria feito <strong>de</strong> crimes, violência e prostituição.<br />

São estas as razões que fazem com que concor<strong>de</strong> com a frase<br />

escrita por J. Watson. A nossa maneira <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> agir está<br />

relacionada com os valores e crenças que vamos interiorizando da<br />

socieda<strong>de</strong> em que vivemos.<br />

• Ana Gomes, nº1, 10º A<br />

• Ricardo Fernan<strong>de</strong>s, nº 25, 11º D


Sem título •<br />

“Faça amiza<strong>de</strong> com quem estiver pronto a censurá-lo”<br />

(Boileau)<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 78<br />

Certo dia, estava eu a respon<strong>de</strong>r à pergunta <strong>de</strong> um inquérito<br />

“Qual foi a frase que mais o marcou?”, quando ao olhar sem intenção<br />

para as diversas respostas que já a haviam respondido, reparei numa<br />

frase muito profunda “Faça amiza<strong>de</strong> com quem estiver pronto a<br />

censurá-lo.”<br />

Por um momento, fiquei admirada. Mas ao reflectir, percebi a<br />

sua mensagem. Na minha opinião, esta frase era um conselho não só<br />

para quem estava a começar uma nova amiza<strong>de</strong>, mas também servia<br />

para <strong>de</strong>scobrir quem eram os verda<strong>de</strong>iros amigos, neste caso, os<br />

verda<strong>de</strong>iros seriam aqueles que para além <strong>de</strong> nos darem alegrias,<br />

também nos trariam tristezas, contando-nos sempre a verda<strong>de</strong>, nem que<br />

esta fosse muito dura e difícil <strong>de</strong> ouvir.<br />

Nós temos <strong>de</strong> confiar na pessoa que está pronta a criticar-nos,<br />

isto é que está pronta a criticar a nossa maneira <strong>de</strong> vestir, pensar e agir<br />

para que não façamos nada <strong>de</strong> errado ou passemos vergonha porque se a<br />

pessoa apenas concordar connosco irá induzir-nos em erro, fazendo-nos<br />

acreditar em falsida<strong>de</strong>s pois nem tudo o que ela disser será o que está a<br />

pensar.<br />

Por isso, a duradouras e verda<strong>de</strong>iras amiza<strong>de</strong>s são aquelas em<br />

que a lealda<strong>de</strong>, a verda<strong>de</strong> e a compaixão estão acima <strong>de</strong> tudo e <strong>de</strong> todos.<br />

• Ana Gomes, 10º A


Entrevista •<br />

ilustração nº 22 •<br />

HISTÓRIAS DO QUOTIDIANO<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 79<br />

(São quinze horas e os estúdios do canal 18X18 acabam <strong>de</strong> receber uma<br />

notícia exclusiva vinda <strong>de</strong> Aljubarrota. A informação segue com Mónica<br />

Sintra)<br />

Mónica: Boa tar<strong>de</strong>. Estamos aqui para transmitir um directo da batalha<br />

incerta travada entre Portugueses e Castelhanos motivados pela luta da<br />

sucessão ao trono. Neste momento, ainda é impossível saber quem irá<br />

ganhar, apesar dos castelhanos serem em muito maior número. Vamos<br />

ver algumas imagens do campo <strong>de</strong> batalha, com o comentário <strong>de</strong> Ruth<br />

Marlene.<br />

(Surge uma imagem <strong>de</strong> cavalos a correr, setas a voar e ouve-se uma<br />

gritaria ensur<strong>de</strong>cedora)<br />

Ruth: Estamos a ver algumas cenas <strong>de</strong> guerra, se bem que as condições<br />

não sejam as melhores... (dá um grito e vê-se uma seta disparada não se<br />

sabe <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, vir aterrar mesmo a seu lado) <strong>de</strong>sculpem esta interrupção,<br />

mas os conflitos estalam <strong>de</strong> um lado e do outro, só se vêem corpos a<br />

caírem, cavalos a relinchar e homens aos berros. Acabo <strong>de</strong> ver um<br />

homem a mergulhar <strong>de</strong> cabeça num fosso e muitos outros a caírem-lhe<br />

em cima.<br />

( A imagem <strong>de</strong>saparece <strong>de</strong> repente e volta Mónica Sintra )<br />

Mónica: Pedimos <strong>de</strong>sculpa por este corte <strong>de</strong> emissão, mas afinal havia<br />

outro guerreiro por <strong>de</strong>trás do cameraman que, com um golpe e espada,<br />

fez voar a nossa câmara para bem longe. Retomaremos a reportagem<br />

quando tivermos melhores condições e houver mais novida<strong>de</strong>s.<br />

• Hugo, nº 15, João, nº 15, Mónica, nº 20, Tiago, nº 24, Virgínia, nº 26,<br />

9º A<br />

• André, nº 7, 11º D


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 80<br />

Entretanto, fique com o programa Na minha cama com ela, apresentado<br />

por João Balão.<br />

( Passadas três horas, retomam a emissão)<br />

Mónica: Boa tar<strong>de</strong>. Acabou <strong>de</strong> nos chegar uma notícia formidável, a<br />

guerra terminou! A vitória pertence aos bravos Portugueses, li<strong>de</strong>rados<br />

por Nuno Álvares Pereira! Vamos ouvir alguma opiniões vindas <strong>de</strong><br />

Aljubarrota com a repórter Ruth Marlene.<br />

Ruth: Boa tar<strong>de</strong>. Encontro-me <strong>de</strong> novo no campo <strong>de</strong> batalha, on<strong>de</strong> a<br />

guerra parece, finalmente, ter terminado e vou procurar obter o máximo<br />

<strong>de</strong> informação que me for possível, começando por entrevistar alguns<br />

castelhanos que estão junto <strong>de</strong> mim... (dirige-se para junto dos<br />

Castelhanos, que se encontram feridos).<br />

Ruth: <strong>de</strong>sculpem interrompê-los, mas gostaria <strong>de</strong> lhes fazer umas<br />

perguntas para o canal 18X18.<br />

Capitão Castelhano: Sí, señorita...que quiere <strong>de</strong> nosotros’<br />

Ruth: Diga-me, senhor capitão, que sente neste momento?<br />

Capitão: Siento que tenho lo corazón partido...<br />

Ruth: Lamento imenso, senhor...<br />

Soldado: eso es todo una tonteria! A culpa não é nostra, é da se<strong>de</strong><br />

terrible! A se<strong>de</strong> que tínhamos...<br />

Ruth: E acham que toda esta guerra valeu a pena?<br />

Capitão: Claro que no, señora...sólo por causa da cobiça, da ambição... e<br />

tanta dor, tantos gastos...<br />

Soldado: E tantas esposas sem marido e tantas madres sem<br />

hijos...Demónios Portugueses!<br />

( Afastam-se maldizendo, muito <strong>de</strong>scontentes )<br />

Ruth: Prossigamos a nossa entrevista... Vou agora questionar aquele<br />

senhor...<br />

Castelhano: Que raio es eso?<br />

Ruth: São apenas umas perguntinhas!<br />

Castelhano: Cierre a boca! Não respondo a niente!<br />

(Afasta-se também, todo rabugento )<br />

Ruth: Bem, aqui temos um exemplo <strong>de</strong> alguém frustrado por ter<br />

perdido...Passemos agora a entrevistar os traidores, irmãos <strong>de</strong> D. Nuno...<br />

( Vai ter com D. Diogo e D. Pedro )<br />

Ruth: Será que vos posso fazer umas perguntas?<br />

Diogo: Recuso-me a falar com estranhos, a minha mãe diz que é<br />

perigoso.<br />

Pedro: Vá lá, ó Diogo, isto vai ser giro1 Nós piscamos-lhe o olho, ela<br />

corre tudo à estalada e pronto!


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 81<br />

Ruth: Digam-me o que os levou a passarem-se para o inimigo?<br />

Diogo: Achamos que teríamos mais riquezas e privilégios.<br />

Pedro. E talvez conhecêssemos umas belas castelhanas...<br />

Ruth: Tornaram-se traidores da Pátria! Como se sentem ?<br />

Pedro: Sinto-me na maior!<br />

Diogo: É indiferente, vou fugir para a Diogolândia e por lá constituir<br />

família!<br />

Ruth: E on<strong>de</strong> fica isso?<br />

Diogo: Fica perto dos cangurus, na Austrália. Tenho lá bons amigos.<br />

Ruth: Cangurus?<br />

Diogo: Claro!<br />

Ruth: E D. Pedro, que tenciona fazer?<br />

Pedro: Eu vou casar com uma rapariga muito bonita, com sardas na cara,<br />

chamada Marta e vou com ela para as Caraíbas.<br />

Ruth: Muito obrigada, D. Pedro e D. Diogo, vamos continuar...<br />

(Ruth vê uma pa<strong>de</strong>ira com a pá do forno na mão)<br />

Ruth: Podia entrevistá-la, minha senhora?<br />

Pa<strong>de</strong>ira: Claro que po<strong>de</strong>, comadre.<br />

Ruth: Como se chama?<br />

Pa<strong>de</strong>ira: Brites <strong>de</strong> Almeida.<br />

Ruth: Conte-nos, então, o que faz com essa pá.<br />

Brites: Olhe, acabei agora mesmo <strong>de</strong> matar sete castelhanos!<br />

Ruth: Sete castelhanos? Como foi isso?<br />

Brites: Atão, os maganos não se enfiaram <strong>de</strong>ntro do mê forno? Eu<br />

peguei na pá e vá <strong>de</strong> lhes bater! Pimba, pimba pela cabeça abaixo!<br />

Ruth: Foi um exemplo <strong>de</strong> coragem da sua parte! Muito obrigada D.<br />

Brites!<br />

( Encaminhando-se para junto das tropas portuguesas. Pelo caminho, um<br />

rapaz pisca-lhe o olho)<br />

Ruth: É sempre a mesma coisa, eles olham para a direita e pisca pisca,<br />

eles olham para a esquerda e pisca pisca... (Chegou junto <strong>de</strong> D. Nuno)<br />

Ruth: D. Nuno, como se sente, saindo vitorioso <strong>de</strong>sta gran<strong>de</strong> batalha?<br />

Nuno: Sem comentários. Estou emocionado <strong>de</strong> mais para falar. Foi uma<br />

batalha difícil.<br />

Ruth: Muito bem...Diga-me só o que pensa da atitu<strong>de</strong> dos seus irmãos ao<br />

virarem-se para o inimigo?<br />

Nuno: eu só sei que se os vir, mato-os, <strong>de</strong>capito-os! Assim como eles me<br />

fariam a mim se me apanhassem. Traidores, bandidos!<br />

Ruth: Vamo-nos dirigir então para a Ala dos Namorados, que têm este<br />

curioso nome <strong>de</strong>vido a ser constituída por rapazes em ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> namorar.


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 82<br />

(Aproxima-se <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> guerreiros que bebem animadamente à<br />

volta <strong>de</strong> uma fogueira)<br />

Ruth: Olá rapazes!<br />

Coro <strong>de</strong> vozes: Olá miúda!<br />

Ruth: Qual <strong>de</strong> vocês gostaria <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às minhas questões?<br />

Coro <strong>de</strong> vozes: Eu! Eu também!<br />

Ruth: Bem, vou começar por ti... Como te chamas?<br />

Rapaz: Gil, João Gil.<br />

Ruth: Então, João, <strong>de</strong>ixaste a tua namorada muito longe?<br />

João: Sim, a Catarina Furtado ficou a apresentar Chupa no <strong>de</strong>do, um<br />

gran<strong>de</strong> êxito <strong>de</strong> audiências.<br />

Ruth: Sentes-te feliz, certamente, por seres vencedor <strong>de</strong>sta guerra e<br />

voltares para junto da tua amada’<br />

João: Siiiim1 Foi uma batalha difícil, os castelhanos eram em maior<br />

número, mas ganhámos graças à nossa posição vantajosa e à estratégia<br />

<strong>de</strong> D. Nuno.<br />

Ruth: Que estratégia foi utilizada por D. Nuno?<br />

João: Estávamos dispostos numa espécie <strong>de</strong> quadrado, formando a<br />

vanguarda e as alas. Cavámos fossas e covas <strong>de</strong> lobo.<br />

Ruth: Quem quer ser o next?<br />

Rapaz: Eu!<br />

Ruth. E como te chamas, jovem?<br />

Nuno: Chamo-me Nuno Guerreiro.<br />

Ruth: Como te sentes e quais são os teus planos para o futuro?<br />

Nuno: Sinto-me contente por estar vivo, eu e o João pensamos formar<br />

um grupo musical com o nome curioso <strong>de</strong> Ala dos Namorados, também<br />

gostaria <strong>de</strong> cantar com a Sara Tavares e fazer um disco a solo.<br />

(E por fim, vamos entrevistar o rei, D. João I)<br />

Ruth: Sr. Rei D. João, podia fazer-lhe algumas perguntas para o canal<br />

18X18?<br />

Rei: é aquele da TV Cabo que...<br />

Ruth: (Com um a cara estúpida) Não!<br />

Rei: Peço perdão, estava a fazer confusão com um canal...<br />

Ruth: Não, obrigada, não quero saber, diga-me antes se achou que foi<br />

uma batalha justa.<br />

Rei: Não porque os castelhanos eram em maior número, mas a nossa<br />

técnica do quadrado foi infalível.<br />

Ruth: O que pensa fazer a seguir?


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 83<br />

Rei: Agora estou a pensar ir ao Mc Donald’s comer qualquer coisa e<br />

<strong>de</strong>pois vou ter com o meu arquitecto para fazer a planta do mosteiro que<br />

vou construir.<br />

Ruth: Excelente...<br />

(De repente ouve-se um grito vindo da ribeira <strong>de</strong> S. Jorge)<br />

Castelhano: Socorro, não sei nadar!<br />

Ruth: Oh, é apenas um castelhano que pensa que está nas marés vivas! E<br />

assim terminou esta emissão. Obrigado por terem vindo até aqui e<br />

fiquem com Mónica Sintra.<br />

Mónica: Gostamos muito <strong>de</strong> estar na sua companhia, as previsões<br />

meteorológicas são: sol em todo o continente e temperaturas que rondam<br />

os quarenta e dois graus. Aconselhamos andar <strong>de</strong> biquini ou, <strong>de</strong><br />

preferência, nu, fechamos este jornal com o meu novo single em<br />

conjunto com a Romana Não és homem para mim porque, claro, eu<br />

mereço muito mais...<br />

Apresentado por Mónica Sintra<br />

Reportagem <strong>de</strong> Ruth Marlene<br />

Imagem <strong>de</strong> Rufino<br />

Apresentadora e repórter vestidos por Christian Dior<br />

Legendas <strong>de</strong> Ediberto Limão<br />

Música <strong>de</strong> Gata-á


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 84<br />

Foi num confortável dia que avigorámos o nosso amor.<br />

O dia estava tépido e tu chegaste com uma braçada <strong>de</strong> flores<br />

numa total embriaguez <strong>de</strong> amor. O frémito do teu doce e envolvente<br />

beijo, línguas à <strong>de</strong>scoberta da novas sensações e um tripudiar, uma<br />

concupiscência procelosa e um doido prazer esbanjado numa noite que<br />

se avizinhava e num sol fulva que se <strong>de</strong>spedia até um amanhã.<br />

Os salpicos <strong>de</strong> estrelas no <strong>de</strong>nso escuro fizeram-te reverberar os<br />

ver<strong>de</strong>s resplan<strong>de</strong>centes e envolventes olhos. A pele ebúrnea e alva<br />

encobriu-te o lado tenaz. Num avigorar <strong>de</strong> sentimentos, num voltarete <strong>de</strong><br />

lençóis diáfanos e veludosos, convulsões inexprimíveis levaram-me a<br />

pensamento e todo o meu quente corpo vigorosamente dançou tribal<br />

num crispar <strong>de</strong> <strong>de</strong>vassidão. Num movimento hercúleo, um estrépito<br />

orgíaco, orgástico e incan<strong>de</strong>scente irradiou-nos e <strong>de</strong>ixou-me <strong>de</strong>scobrir-te<br />

formas. Numa sensação espasmódica, a minha mão suada escorreu-te,<br />

<strong>de</strong>slizou pesada e <strong>de</strong>liciosamente o teu contraído peito fugaz, feito em<br />

suor. Naquele festim licencioso, nocturno e secreto, na luz dos salpicos<br />

das estrelas no céu limpo com estreitos cirros no pulsar cardíaco ,<br />

apressado, vi-te túrgido, louco... e eu, <strong>de</strong>mente, mais uma vez contigo<br />

reverberei num capricho viciante, <strong>de</strong>licioso. As palavras guturais,<br />

estri<strong>de</strong>ntes, pareciam-nos silvos e risos engasgados <strong>de</strong> paixão, soltaram<br />

as amarras e do fundo do coração saltaram loucos em danças<br />

rodopiantes para aquela noite brutal.<br />

O cansaço furtou-nos o prazer e as olhares entreabertos,<br />

drogados e vermelhos, cintilantes, fecharam longamente, as pálpebras<br />

penosas caíram sem perdão.<br />

A bruma <strong>de</strong>nsa fez o atrevido sol, fulva, quente, espreitar<br />

tardio. Quando os corpos entorpecidos não quiseram acordar e a dita<br />

bruma se levantou, se <strong>de</strong>svaneceu; a luz nas pálpebras, laranja,<br />

avermelhada, obrigou-nos a não mais resistir. Num acordar rendido,<br />

num frente a frente envolvente, o mar dos ver<strong>de</strong>s olhares matou-me e a<br />

aura louca da paixão vincou pertinaz, obstinada... firme.<br />

Depois do dia confortável em que avigorámos o nosso amor,<br />

num amar assim como eu te amei, jamais!<br />

• Isabel Pereira, 12º E


Bill Clinton •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 85<br />

Chega Bill Clinton ao Purgatório, com marcas <strong>de</strong> baton em<br />

quase todo o corpo e vê dum lado a barca do Inferno e do outro a Barca<br />

do Paraíso.<br />

O Diabo, dirigindo-se a ele, diz:<br />

Diabo- Ó esplendor dos E.U.A, como tens passado?!<br />

Bill Clinton- Bem, obrigado, apesar <strong>de</strong> morto.<br />

Diabo- Então <strong>de</strong> que morreste?<br />

Bill Clinton - De um ataque cardíaco.<br />

Diabo- Muito esforço, não é?!<br />

Bill Clinton- Ah sim!... Para on<strong>de</strong> vai esta barca?<br />

Diabo- Vai para “o recanto escuro dos infiéis”.<br />

Bill Clinton- Então, essa barca não é a minha.<br />

Diabo- O que o faz pensar isso?<br />

Bill Clinton - Sempre servi a minha pátria com orgulho. Defendi os<br />

interesses do meu país. Fiz muitas obras e serviços <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>.<br />

Diabo- E o seu caso com a famosa Mónica Lewinsky?<br />

Bill Clinton - Foi só uma coisa passageira. E, como sou um indivíduo<br />

bondoso, até <strong>de</strong>i uma imensa fortuna àquela vigarista boazona.<br />

Diabo- Para ela não contar a ninguém, não é ?!!<br />

Bill Clinton- Oh! Vou à barca da qual sempre me achei digno. Ah!<br />

Quem é aquela miragem?<br />

Anjo- O que quer daqui, seu profano?<br />

Bill Clinton- Daqui?! Só quero uma coisa, mas <strong>de</strong> si espero muito.<br />

Anjo- Como ousa falar assim com um discípulo <strong>de</strong> Deus? O homem que<br />

matou inocentes para <strong>de</strong>sviar a atenção do povo em relação ao seu caso<br />

com uma igual a si!<br />

Bill Clinton - Por favor, minha pombinha branca, não me envie já para<br />

aquela barca maldita, por causa da minha mulher que tanto chora por<br />

mim.<br />

Anjo- Esta tem graça!<br />

Bill Clinton- Porquê?<br />

• Lioniza Mayola, nº17, 9º A, 15 anos


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 86<br />

Anjo- Acha que alguma pessoa <strong>de</strong>cente, estaria casada com um traidor<br />

como você?<br />

Bill Clinton - O que quer dizer com isso?<br />

Anjo- A sua bela esposa ficou consigo por causa do luxo, do dinheiro e<br />

para ser a Primeira Dama. A esta hora , nem <strong>de</strong>ve ter perdido tempo com<br />

o funeral! E neste preciso momento, <strong>de</strong>ve estar no cartório para saber o<br />

que lhe <strong>de</strong>ixou para partilhar com o seu amante, o vice-presi<strong>de</strong>nte dos E.<br />

U. A.<br />

Bill Clinton - Então, antes <strong>de</strong> eu ir para o Inferno po<strong>de</strong> dizer-me se,<br />

quando a minha “ex” bater as botas, também vai para o Inferno?<br />

Anjo- Com certeza!!<br />

Bill Clinton - Assim já fico mais contente quando for para o Inferno.<br />

A<strong>de</strong>us meu doce mel. AH! Ah! Ah!


Manuel Maria Carrilho •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 87<br />

Com o rabinho a dar a dar, chega Manuel Maria Carrilho e, dirigindo-se<br />

ao Diabo, diz:<br />

M.M.C.- Para on<strong>de</strong> irá levar este bom homem?<br />

Diabo- Para a terra <strong>de</strong> Satanás.<br />

M.M.C.- Que disparate! Sabe com quem está a falar?<br />

Diabo- Com Vossa Excelência, Manuel Maria Sarilho. Ah! Perdão!<br />

Carrilho.<br />

M.M.C.- Para o inferno, eu? Moi! Ministro da Cultura a cumprir o<br />

segundo mandato.<br />

Diabo- Bem sei que V. Excelência está habituado a todo o tipo <strong>de</strong> luxos:<br />

garanto-lhe que a sua caríssima casa <strong>de</strong> banho no Ministério lhe assenta<br />

na perfeição.<br />

M.M.C.- Que disparate! O que é que você tem contra a minha casa <strong>de</strong><br />

banho? É natural que <strong>de</strong>coremos a nosso gosto os espaços on<strong>de</strong><br />

passamos gran<strong>de</strong> parte do nosso tempo.<br />

Diabo- Contra a sua casa <strong>de</strong> banho, nada, contra si é que...<br />

M.M.C.- O quê? Diga lá! Ouço todas as críticas.<br />

Diabo- Você é que pediu! Diz-se você tão bom Ministro da<br />

Cultura...quando quase boicotou o que virá a ser o maior espectáculo <strong>de</strong><br />

cultura do nosso país: “O Porto <strong>2001</strong>”.<br />

M.M.C.- Hum!...Hum!... Eu cá tinha as minhas razões! Mas estive do<br />

lado da Cultura quando incentivei e apoiei vários eventos na SIC,<br />

nomeadamente o primeiro telefilme português... que em breve estreará e<br />

todo o povo terá nele orgulho!<br />

Diabo- A RTP não te pagava bem...<br />

M.M.C.- Que disparate! Que disparate! A sua pessoa só diz disparates!<br />

Vou alargar os meus horizontes, trocando i<strong>de</strong>ias com o seu colega...<br />

Distribuindo saudações, com um ar <strong>de</strong> quem (não) cumpre o que<br />

promete, vai à Barca do Anjo e diz:<br />

M.M.C.- Dá-me licença <strong>de</strong> entrar?<br />

• Susana Rodrigues, n.º 22, 9º A, 15 anos


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 88<br />

Anjo- Não ouses dar mais um passo! Para a Terra Prometida vão<br />

somente aqueles que não invocam o santo nome <strong>de</strong> Deus em vão!<br />

M.M.C.- Ah! Que disparate! A minha fé é fruto <strong>de</strong> várias religiões<br />

oriundas <strong>de</strong> culturas que tenho vindo a conhecer!<br />

Anjo- À custa dos contribuintes! Não mereces o cargo que possuis! Não<br />

serves fielmente o povo que representas! Não ages como um colectivo,<br />

mas como uma individualida<strong>de</strong>.<br />

Queixando-se da injustiça <strong>de</strong> que está a ser alvo, dirige-se à Barca do<br />

Inferno.<br />

Diabo- O bom filho à casa torna! Hou! Que honra ter um Senhor<br />

Ministro na minha artística Barca! Entrai...


Caro amigo Teodoro: •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 89<br />

Não, não faças essa cara <strong>de</strong> espanto. Já sabias que, mais tar<strong>de</strong><br />

ou mais cedo, irias precisar <strong>de</strong> mim. E, <strong>de</strong>sta vez ( que vergonha !),<br />

rendido à avareza e à cobiça. Pensa Teodoro. Por uma vez na vida,<br />

pensa! O que farás tu com todo esse dinheiro? Despesas loucas,<br />

exigências mesquinhas, pedidos extravagantes? Porque não te contentas<br />

com a sorte que Deus te <strong>de</strong>u e, em vez disso, te pões a escutar as balelas<br />

do Diabo?<br />

Teodoro, reflecte bem. Para tu ficares bilionário, uma pessoa<br />

terá que morrer. E essa pessoa, com certeza, tem uma família, uma<br />

família que ficará <strong>de</strong>samparada, não só com a morte do Mandarim, mas<br />

também porque se quedará arruinada. Imagina se o mesmo te<br />

acontecesse a ti. Ouve-me a mim, Teodoro, esquece o Diabo, essa<br />

criatura vil e traiçoeira.<br />

Não te <strong>de</strong>ixes cair em tentação, meu amigo, não permitas que, por causa<br />

da tua cobiça, morra uma pessoa, uma família fique em pranto. Tens<br />

uma vida boa e tranquila, que mais po<strong>de</strong>s querer? Não sejas ganancioso.<br />

Não sonhes com o que não te pertence. Sê honesto. Tu és bom, Teodoro,<br />

és humano, combate a tirania. Eu estarei sempre aqui para te ajudar.<br />

Deixa o Mandarim e os seus milhões. Lembra-te que os prós<br />

têm sempre um contra. Fica em paz contigo mesmo.<br />

Despeço-me, esperando ter-te convencido a seguir o bom<br />

caminho. Felicida<strong>de</strong>s...<br />

Havana<br />

(A tua consciência)<br />

• Virgínia,nº26, 9º A, 14 anos


Entrevista •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 90<br />

Entrevista ao Gigante Adamastor, Vasco da Gama e Marinheiros<br />

Encontra-se em diálogo Adamastor, o Sr. Vasco da Gama e alguns<br />

marinheiros da nau portuguesa.<br />

Jornalista- Bom dia! Estamos aqui para falar da ocorrência da noite<br />

passada em que Adamastor <strong>de</strong>ixou os portugueses passar o Cabo das<br />

Tormentas.<br />

Como vai Sr. Vasco da Gama? Como correu a viagem?<br />

Vasco da Gama- Estou bem, obrigado. A viagem correu relativamente<br />

bem, tirando as tempesta<strong>de</strong>s, as correntes marítimas e a tripulação<br />

perdida. Mas, apesar <strong>de</strong> todas as <strong>de</strong>sgraças e graças à cassete do Padre<br />

Marcelo Rossi, a viagem teve um lado muito divertido.<br />

Jornalista- De seguida, vamos saber em primeira mão, o que levou<br />

Adamastor a <strong>de</strong>ixar os portugueses dobrar o Cabo.<br />

(Adamastor espirra)<br />

Adamastor- Desculpe! Não estou habituado a tantas câmaras.<br />

Jornalista- Não faz mal! É capaz <strong>de</strong> me dizer o motivo pelo qual todos<br />

os povos preten<strong>de</strong>m dobrar o Cabo das Tormentas.<br />

Adamastor - Bom, primeiro é porque todos os povos têm o objectivo <strong>de</strong><br />

chegar à Índia por via marítima. E também, para não falar, do meu efeito<br />

AXE!<br />

Jornalista- Então muitos povos tentaram dobrar o Cabo antes dos<br />

portugueses.<br />

Porque não <strong>de</strong>ixou os outros dobrar o Cabo e <strong>de</strong>ixou os portugueses?<br />

Adamastor - Primeiro porque o povo português merecia <strong>de</strong>scobrir o<br />

caminho marítimo para a Índia pois é um povo cheio <strong>de</strong> glória e<br />

corajoso. Penso que mereceram este meu voto <strong>de</strong> confiança.<br />

Jornalista- O que o tornou um monstro horroroso e temido?<br />

Adamastor - Fui filho da Terra e chamava-me Adamastor. Com Júpiter<br />

an<strong>de</strong>i na guerra, pois era capitão do mar. Apaixonei-me por Tétis, filha<br />

• Ana Catarina nº 1, Filipa Franco nº 7, Joana Carvalhal nº 13, Joana<br />

Isabel nº 14, Marta Martins nº 18


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 91<br />

<strong>de</strong> Nereu e Dóris. Mas, por esse amor, fui transformado neste horrível<br />

monstro.<br />

Jornalista- Vasco da Gama, como se sente após este elogio que<br />

Adamastor fez aos portugueses?<br />

Vasco da Gama- Para dizer a verda<strong>de</strong>, o povo português merece. Penso<br />

que fizemos muitas tentativas para chegar ao Índico. Bom, também não<br />

nos po<strong>de</strong>mos esquecer dos marinheiros. Foi graças a eles que este barco<br />

chegou até aqui!<br />

Marinheiros- Sentimo-nos orgulhosos e felizes por ter dobrado o Cabo e<br />

chegado à Índia, apesar dos muitos colegas que morreram, estamos<br />

felizes.<br />

(Marinheiros, Vasco da Gama e Adamastor fazem uma festa)<br />

Jornalista- Bom! É neste ambiente <strong>de</strong> festa que damos por terminada<br />

esta emissão.


Concílio dos Deuses •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 92<br />

Jornalista- Boa noite, senhores telespectadores. Encontramo-nos aqui<br />

neste programa especial para uma maior reflexão sobre o assunto do<br />

momento. Aqui vamos <strong>de</strong>bater, com os principais protagonistas da<br />

acção. A questão é: <strong>de</strong>ixar ou não os marinheiros portugueses, um povo<br />

aventureiro, seguir viagem à Índia? A <strong>de</strong>cisão cabe aos vários <strong>de</strong>uses do<br />

Concílio, mas hoje temos aqui os principais: Júpiter, o expoente<br />

máximo; Marte, Vénus e Baco. Para começar uma pergunta simples:<br />

Quem está <strong>de</strong> acordo com o avanço das naus lusitanas e,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da resposta afirmativa ou negativa, porquê?<br />

Júpiter – Bem... Em primeiro lugar, boa noite a todos os<br />

presentes e aos senhores telespectadores. Essa é uma questão que tem<br />

que ser abordada com calma e serieda<strong>de</strong>. Acredito que o povo<br />

português, que é um povo aventureiro, como já foi referido, corajoso e<br />

<strong>de</strong>stemido, é digno <strong>de</strong> um triunfo.<br />

Marte – O povo português tem tudo o que é necessário para conseguir<br />

triunfar. Porém, creio que a <strong>de</strong>cisão final cabe a Júpiter...<br />

Baco – Mas que disparate! Os portugueses não po<strong>de</strong>m chegar à Índia.<br />

Jornalista – Porquê’<br />

Baco – Porque não. Os Lusitanos ainda não fizeram nem meta<strong>de</strong> para o<br />

conseguir.<br />

Vénus – Isso não será receio seu?<br />

Baco – Receio?! De que?!<br />

Marte – De per<strong>de</strong>r o reconhecimento no Oriente após a chegada dos<br />

portugueses. O que será do Deus do vinho, se o produto que lhe <strong>de</strong>u<br />

fama for esquecido?<br />

Baco – O quê receio <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r prestígio? Bem, eu...<br />

Jornalista – Mas afinal, o que é que vai acontecer aos portugueses? É o<br />

que todo o país quer saber.<br />

Marte – Bem, por mim... Não sei...<br />

Vénus – Ai! Como os portugueses me fazem lembrar o povo romano,<br />

pela língua, pelos costumes e pelo bom coração. É um povo muito bom,<br />

o português! Creio pios que <strong>de</strong>vem chegar à Índia.<br />

• Elma Pegado, nº 5, Lioniza Mayola, nº17, Sérgio Fortunato, nº 21,<br />

Susana Rodrigues, nº22, Urbano Veiga, nº25, 9º A


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 93<br />

Jornalista – Pelo que entendi, a <strong>de</strong>cisão pertencerá a Júpiter ou não?<br />

Júpiter – Espero não me arrepen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>cisão, mas, sinceramente,<br />

creio que o <strong>de</strong>stino dos portugueses será mesmo a Índia.<br />

Baco – ( Já <strong>de</strong>sesperado, suspirando e pondo a mão na cabeça) Que<br />

disparate! Corajosos? Corajoso sou eu por estar aqui a aturar-vos!<br />

Marte – <strong>de</strong>sculpe lá, meu caro Baco, acho que se <strong>de</strong>ve explicar.<br />

Baco – Bem, isto é muito complicado <strong>de</strong> dizer, não sei se os senhores<br />

me compreen<strong>de</strong>m, mas isso não importa. Em primeiro lugar o que<br />

importa são as consequências culturais que terão lugar na Índia se eles lá<br />

chegarem.<br />

Jornalista – Obrigado pela sua intervenção. Penso que Marte tem alguma<br />

coisa a dizer sobre o assunto.<br />

Marte – Sim, tenho. Nisso tem razão, concordo consigo. No entanto, não<br />

pensa que está a dramatizar um pouco? Acho que esta questão não é<br />

muito relevante para este <strong>de</strong>bate.<br />

Jornalista – (Olhando para o relógio ) Bem, o diálogo vai ter que ficar<br />

por aqui, pois estamos a terminar o nosso tempo <strong>de</strong> antena a que se<br />

segue o esperadíssimo final da Chuva <strong>de</strong> Meteoros. Para terminar, só<br />

pretendia saber qual a <strong>de</strong>cisão do soberano Júpiter.<br />

Júpiter – Muito obrigado, muito obrigado. Realmente cheguei a uma<br />

conclusão. Meditei e creio que todas as questões levantadas foram<br />

válidas e oportunas. A minha <strong>de</strong>cisão é.... SIM! Os portugueses<br />

chegarão até ao continente das especiarias com o apoio dos <strong>de</strong>uses.<br />

Enviarei, <strong>de</strong> imediato, o meu mensageiro, Mercúrio, a Melin<strong>de</strong>, para<br />

que os portugueses possam reforçar as suas forças e seguir o <strong>de</strong>stino que<br />

lhes está traçado.<br />

Jornalista – E aqui estão, em primeira mão, as palavras que mudarão o<br />

rumo da História <strong>de</strong> Portugal, que mais tar<strong>de</strong> serão relembradas com<br />

nostalgia e esplendor. Portugal vai até à Índia!!!<br />

Obrigado pela sua atenção e interesse. Boa noite.


Jogadas milionárias •<br />

E aqueles que correm atrás da bola,<br />

Até ficam com as voltas trocadas.<br />

Tanto se esforçam os coitados,<br />

Por apenas ganharem uns trocados!<br />

E as suas casas, tão incómodas,<br />

Com suas famílias tão mal acomodadas.<br />

Os seus carros, tão simples e vulgares<br />

Mal chegam a ter oito lugares!<br />

Que vida esta, tão pobre e <strong>de</strong>sgraçada<br />

Destas pobres pessoas que não têm dinheiro para nada!<br />

• Cátia, nº 3, Mariana, nº14, 11º H<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 94


Sem título •<br />

A pequena endiabrada<br />

De olhos ver<strong>de</strong>s pequenitos<br />

Mete-nos todos numa alhada<br />

Com os seus gran<strong>de</strong>s trabalhitos<br />

Senhorita <strong>de</strong> seu nariz<br />

Sabe bem se <strong>de</strong>stacar<br />

Atravessa mares <strong>de</strong> gente<br />

Para a horas chegar<br />

O PIT é a menina dos seus olhos<br />

Um dossier pleno <strong>de</strong> emoções<br />

Secções com trabalhos aos molhos<br />

Pesquisas, vocabulário e correcções<br />

Três palavras para a <strong>de</strong>finir<br />

Num adjectivo é exigente<br />

O verbo é exigir<br />

Mas é uma pessoa contente<br />

• Edith Gregório, Magda faria, Pedro Farinha, 11º A, 99/00<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 95


Melodia sinistra •<br />

Ilustração nº 23 •<br />

INTERROGAÇÕES<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 96<br />

Abandonamos tudo e corremos... sem rumo marcado, sem uma<br />

bússola que indique o caminho a percorrer. Corremos ao encontro <strong>de</strong><br />

algo virtual.<br />

Os poetas morreram. Só os loucos têm razão – o amor é uma<br />

utopia das já esquecidas.<br />

Uma rosa po<strong>de</strong> ser tão bela, cheirosa e pura, quanto dura,<br />

espinhosa e cruel.<br />

A escuridão regressa, as sombras partem e dia após dia, <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> nós, a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> correr aumenta. Mas correr para on<strong>de</strong> ? À nossa<br />

volta os olhares semicerraram-se, as portas trancaram-se e lá fora só se<br />

ouve o som da chuva, o soluçar do vento.<br />

Gritos <strong>de</strong> horror ro<strong>de</strong>iam o meu ser mas eu não lhes sei indicar<br />

o caminho – a voz do teu piano é macabra <strong>de</strong>mais para não me<br />

atormentar.<br />

No meio <strong>de</strong>stas quatro pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ixo-me <strong>de</strong>sfalecer: os braços<br />

ficam inertes, a cabeça <strong>de</strong>scaída e o luto que cobre o meu corpo espelha<br />

o nosso interior já morto.<br />

• Patrícia Rosa, 12º E, nº 13<br />

• Patrícia Alexandra da Rosa, nº 13, 12º E


Chama Viva •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 97<br />

Era manhã <strong>de</strong> Inverno, lá fora lençóis brancos cobriam a cida<strong>de</strong><br />

como tentando afagar os problemas e as tristezas <strong>de</strong> todos, lágrimas<br />

caíam em ritmo incerto como se nos quisessem transmitir alguma<br />

mensagem incompreendida, uma luz rápida e contínua tentava iluminar<br />

o céu que se tornara cinzento.<br />

O meu olhar penetrava aquele maravilhoso espectáculo, o meu<br />

corpo ainda adormecido <strong>de</strong>slizou lentamente até ficar apoiado no<br />

parapeito da janela que me servia <strong>de</strong> acesso para um mundo on<strong>de</strong> não<br />

existia o barulho constante das buzinas dos carros, dos motores das<br />

lambretas, dos <strong>de</strong>sabafos das pessoas numa rotina diária em que tudo se<br />

repete, iguala e nada difere.<br />

Naquele momento senti-me alegre, com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> dançar na<br />

rua sem ninguém me discriminar, cantar sem medo <strong>de</strong> que alguém me<br />

chamasse a atenção. Dirigi-me ao quarto da mãe e do pai para lhes<br />

contar como me sentia:<br />

- Mãe...<br />

- Pai...<br />

Aquelas palavras ficaram sem resposta pois ninguém estava em<br />

casa, só eu e eu só. Como me apetecia gritar, partir os perfumes<br />

franceses da mãe, pintar as pare<strong>de</strong>s, rasgar os papéis que estão no<br />

escritório, colocar a música alto até os vidros partirem... mas como<br />

sempre estes impulsos <strong>de</strong> coragem resumem-se apenas a um choro<br />

silencioso que me corrói e vai enfraquecendo a chama que há <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

mim.<br />

Todos aqueles pensamentos foram interrompidos quando a<br />

campainha, na sua voz irritante, começou a tocar, fui abrir, era o meu<br />

irmão João. Ao contrário dos outros dias em que vinha sorri<strong>de</strong>nte,<br />

alegre, naquele dia tremia, as suas pupilas estavam dilatadas. Ao vê-lo<br />

assim, senti um arrepio como se estivesse a ver um <strong>de</strong>sconhecido.<br />

• Anónimo, 7º A, 1999/2000


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 98<br />

Agarrei-o com medo que caísse, mas ele empurrou-me e, como um<br />

louco, correu até à casa <strong>de</strong> banho on<strong>de</strong> vomitou.<br />

Levantei-me e fui ver o que se passava, <strong>de</strong>parei-me com o João<br />

encostado à ombreira da porta a chorar como uma criança <strong>de</strong>samparada,<br />

<strong>de</strong>vagar sentei-me a seu lado e abracei-o, pela primeira vez senti que ele<br />

era meu irmão e que também sofria.<br />

- O que se passa, mano? – perguntei baixinho para não o<br />

assustar.<br />

- Não consigo parar, não consigo... Começou por uma<br />

brinca<strong>de</strong>ira, um simples charro, <strong>de</strong>pois a coisa foi-se tornando mais séria<br />

e, quando <strong>de</strong>i por mim, já estava envolvido e agora não há volta...<br />

- João, fala com a mãe. Hoje em dia, já existem tratamentos,<br />

clínicas...<br />

- Estás a passar-te, não ? Sabes o que é ficar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma<br />

coisa, contar os minutos para a teres ? Desculpa lá, como é que uma<br />

“betinha” como tu po<strong>de</strong> saber disto ?<br />

Com raiva, larguei-o e tranquei-me no meu quarto, pensando<br />

que ele tinha razão. Queria mostrar-lhe como era capaz <strong>de</strong> uma vez na<br />

vida cometer uma loucura, mas ao lembrar-me <strong>de</strong>le nervoso, trémulo e<br />

agressivo... <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim, sentimentos opostos baralhavam-se,<br />

confundindo-me.<br />

Olhando-me ao espelho, recor<strong>de</strong>i a minha mãe a pentear os<br />

meus encaracolados cabelos enquanto me sussurrava histórias <strong>de</strong><br />

encantar, em que no fim todos ficavam felizes graças à magia das fadas<br />

que <strong>de</strong>struíam o mal. Mas agora, <strong>de</strong>scobrira que na vida não existem<br />

fadas e que o mal está escondido em todas as esquinas para atacar<br />

aqueles que são fracos e que não conseguem dizer não. Com raiva <strong>de</strong> ter<br />

<strong>de</strong>scoberto a verda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ninguém me ter alertado para ela, peguei na<br />

tesoura que estava no móvel e fui cortando instintivamente o cabelo, o<br />

chão cobria-se <strong>de</strong> preto e dos meus olhos ver<strong>de</strong>s jorravam lágrimas<br />

como uma fonte que nunca pára, naquele momento <strong>de</strong>sejava não ter<br />

crescido e continuar a brincar com as minhas bonecas num mundo <strong>de</strong><br />

fantasia.<br />

O meu corpo <strong>de</strong>slizou pela pare<strong>de</strong> até se aconchegar no chão,<br />

retirei da mala um cigarro que Mariana me oferecera junto <strong>de</strong> um bilhete<br />

que trazia inscrito: “ Uma lembrança para a nossa querida bebé, Ana.”,<br />

uma nuvem <strong>de</strong> fumo envolveu-me como se me quisesse adormecer, nela<br />

se dissolveram todos os meus problemas e adormeci.<br />

Passadas algumas horas, acor<strong>de</strong>i em sobressalto quando ouvi a<br />

minha mãe a chorar e a gritar:


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 99<br />

João, acorda, João...<br />

Ergui-me com dificulda<strong>de</strong>, estava atordoada, queria ver o que<br />

suce<strong>de</strong>ra, mas o meu corpo não <strong>de</strong>ixava, era uma luta entre este e o meu<br />

espírito. Quando finalmente consegui chegar à porta do quarto, <strong>de</strong>pareime<br />

com a cena mais triste que alguma vez vira: a minha mãe agarrada<br />

ao João enquanto enfermeiros o levavam numa maca, o meu pai tentava<br />

acalmá-la e como uma pena, caí no chão.<br />

Quando acor<strong>de</strong>i, vi uma senhora vestida <strong>de</strong> branco, trazia os<br />

lábios excessivamente pintados <strong>de</strong> vermelho, tinha uma cara redonda e<br />

usava óculos na ponta do nariz.<br />

- Bom dia, menina – disse-me ela – Eu sou a médica Maria<br />

João.<br />

- On<strong>de</strong> é que estou ?<br />

- Está no hospital, minha querida. Esteve <strong>de</strong>smaiada três horas,<br />

porquê não preciso <strong>de</strong> dizer, pois não ?<br />

- Diga lá.<br />

- Foi o cigarrinho...<br />

- O meu irmão?<br />

- Está a recuperar.<br />

A mãe entrou no quarto, tinha olheiras, estava com uma voz<br />

triste e o mesmo acontecia ao pai. Acariciou-me os cabelos e disse-me<br />

apertando-me a mão como se fosse fugir:<br />

- O João não conseguiu sobreviver. E começou a chorar.<br />

Paralisada, não a consegui acalmar, lágrimas <strong>de</strong> culpa percorriam-me a<br />

cara. Se eu tivesse dito à mãe uma hora antes o João.... Se tivesse<br />

<strong>de</strong>scoberto antes.... Se tivesse continuado a falar com ele...<br />

Naquele mesmo dia fui para casa, a mãe tinha entrado em<br />

<strong>de</strong>pressão, o pai não conseguia falar com ninguém, passámos a ser como<br />

estranhos. Cansados <strong>de</strong> viver assim, com sauda<strong>de</strong>s do João, farta da<br />

mesma monotonia, a minha única ocupação passou a ser a leitura <strong>de</strong><br />

velhos livros, talvez em busca das referências não encontradas.<br />

Estava <strong>de</strong>cidida a quebrar aquele silêncio que habitava <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> mim e, naquele dia, quis pôr fim à minha triste história. Era <strong>de</strong><br />

manhã, os pais ainda estavam a dormir, <strong>de</strong>i-lhes dois beijos e <strong>de</strong>ixei-lhes<br />

um bilhete: “ Adoro-vos”, dirigi-me à cozinha para ir buscar os<br />

comprimidos, iria tomá-los e <strong>de</strong>itar-me tranquilamente à espera <strong>de</strong> um<br />

sono, que tinha a certeza acabaria com todos os problemas.<br />

Foi então que fechei os olhos e passei em retrospectiva toda a<br />

minha vida, quem eu realmente era e o que me diferenciava dos que<br />

banalmente <strong>de</strong>sistem <strong>de</strong> lutar pela dignida<strong>de</strong> do dia-a-dia que constitui


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 100<br />

as nossas vidas. Seria justo fazer sofrer duas pessoas que tanto me<br />

amavam e me haviam ensinado a AMAR ? Ao contrário das outras<br />

vezes, agora, todas as dúvidas <strong>de</strong>sapareciam e tinha toda a certeza que<br />

queria viver.<br />

O que seremos – Reflexo do que somos •<br />

• Raquel Félix, nº 19, 10º A


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 101<br />

Vimos fazendo um percurso que, quando completo, se<br />

reflectirá, sem dúvida alguma, no nosso futuro e na nossa realização.<br />

Todos ambicionamos algo e nutrimos a esperança do<br />

encaminhamento da vida para o trilho <strong>de</strong>sejado, por isso, tentamos<br />

precaver, procurando completar esse percurso <strong>de</strong> aprendizagem não só<br />

com a rapi<strong>de</strong>z pretendida, mas também com a eficácia necessária.<br />

Numa época em que o aceso às universida<strong>de</strong>s (em conjunto<br />

com uma vida sem problemas) são constantemente comentados, cabenos<br />

a nós, jovens (cumulados <strong>de</strong> medos, dúvidas e incertezas) efectivar<br />

uma aspiração viva e elaborada daquilo que queremos para as nossas<br />

vidas. Os jovens, futuro da nação, vivem permanentemente pressionados<br />

por quem em tempos foi como eles e se esqueceu <strong>de</strong> quanto é difícil<br />

estar encurralado e apertado por todos os lados. Alvo mor <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scarregamento <strong>de</strong> frustrações, acabamos por per<strong>de</strong>r parte da<br />

motivação que anteriormente nos havia sido incutida e confrontamo-nos<br />

com uma socieda<strong>de</strong> que ora nos compreen<strong>de</strong> e apoia, ora nos diferencia<br />

e rejeita, embora sempre tendo em mente o nosso bem e sucesso futuro.<br />

Certo é que esta geração, por vezes apelidada <strong>de</strong> “rasca” tem os<br />

seus problemas. Numa era em que as mais altas questões se levantam,<br />

em que alastram terríveis males como a droga e a sida, os jovens ficam<br />

profundamente marcados por estes fenómenos e têm <strong>de</strong> se manter<br />

extraordinariamente alerta, <strong>de</strong> modo a não irem na enxurrada que tantos<br />

leva. Apenas optando pelo trilho da verda<strong>de</strong> e da justiça e regendo-nos<br />

pela norma <strong>de</strong> vida, que o i<strong>de</strong>al escondido em cada um <strong>de</strong>creta,<br />

conseguiremos alcançar os objectivos que temos vindo a traçar.<br />

Ao longo da nossa curta caminhada, neste mundo em que hoje<br />

vivemos e on<strong>de</strong> o egocentrismo e individualismo predominam, ir sempre<br />

em frente com coragem, perseverança e <strong>de</strong>terminação, eis o que<br />

necessitamos, não para mudar o mundo, mas para o tornar melhor.<br />

Contudo, a realização dos nossos sonhos não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> só <strong>de</strong> nós<br />

e da nossa força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>. Para além da dificulda<strong>de</strong> perante os mais<br />

severos obstáculos que o futuro com certeza trará e da sorte que o<br />

<strong>de</strong>stino ( guardado a sete chaves nos invioláveis cofres dos <strong>de</strong>uses ) nos<br />

reserva, é também um elemento, mais do que essencial para a conquista<br />

dos nossos objectivos, o modo como nós formos acolhidos no seio da<br />

comunida<strong>de</strong> a que pertencemos.


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 102


Ontem •<br />

O PASSAR DO TEMPO<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 103<br />

Foi uma pérola mais que se escapou como grão <strong>de</strong> areia por<br />

entre uns <strong>de</strong>dos esguios, longos e inconscientes.<br />

Foi como gota <strong>de</strong> orvalho que acordou, abriu os olhos, sorriu e<br />

começou a espreguiçar-se ao longo da aveludada e purpúrea pétala.<br />

Foi como o primeiro sorriso, doce e belo nos lábios finos <strong>de</strong><br />

uma criança e que terminou num suspiro longo e fatigado <strong>de</strong> uma vida<br />

no fim.<br />

• Ágata Leonardo, nº1, 8º A


À minha inspiração, Carla •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 104<br />

Oito e trinta, toque da alvorada cerebral... que romaria! Seguem<br />

uns freneticamente e outros fúnebres; seguem educandos, inteligentes,<br />

arrogantes, ignorantes... em procisssão para a capela atrás das gra<strong>de</strong>s.<br />

Levam o rosário nas gangas, as velas nos lábios rosados,<br />

acompanhados pelos coros electrónicos, as falsas bíblias nas mochilas!<br />

Os olhos cépticos mas curiosos ajoelham-se à rebeldia em<br />

confessionários científicos e literários, contestando as homilias daqueles<br />

padres retóricos e bem formados <strong>de</strong> rebanhos negros!<br />

Ah! Mas que belos festins <strong>de</strong> Baco nesta prisão que suga e<br />

alimenta, que apaixona e arrelia, enfim que ensina.<br />

Lá fora na sombra, as procissões saem fúnebres das capelas...<br />

mortuárias!<br />

• Filipa Poeira, 12º D


Amanhã •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 105<br />

O amanhã é um amanhã radioso.<br />

Oferece-se como cassete intacta que teremos que gravar.<br />

É como um livro em branco que teremos que preencher.<br />

Que farei?<br />

O trabalho é árduo e longo. Porquê não começar já, pegando na<br />

caneta, preparando o prólogo, o esboço <strong>de</strong>ssa obra <strong>de</strong> arte que nos é<br />

confiada?<br />

Porquê <strong>de</strong>ixar fugir a frescura da manhã para começar a<br />

trabalhar na hora em que o sol começa a <strong>de</strong>scer a colina?<br />

Porquê construir o edifício sobre o areal só porque nos agradam<br />

as ondas, perigosamente inconstantes?<br />

Porquê não ver enquanto é tempo que a construção tem que ter<br />

bases sólidas que não <strong>de</strong>smoronem ao contacto com as intempéries.<br />

• Ágata Leonardo, nº1, 8º A


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 106<br />

A luz rubra, viva, dos faróis molhados <strong>de</strong> mar salgado ilumina<br />

o bombear escarlate que acelera, fugaz, túrgido, em cada foco em cada<br />

olhar.<br />

Teias da vida, prisões imprevistas e agradáveis. Encarcerada,<br />

morro <strong>de</strong> prazer.<br />

Os faróis não partem... e brilham.<br />

O ver<strong>de</strong> da asa da borboleta traz boas novas voluptuosas,<br />

carnalmente...<br />

Gostosas. Danças, agonias estri<strong>de</strong>ntes.<br />

Tempestuosa chega a maré. Solta-me em cordas grossas,<br />

liberta-me e cobre-me <strong>de</strong> correntes frias e pesadas. Os faróis <strong>de</strong> mar<br />

salgado iluminam-me;<br />

ver<strong>de</strong>s pecadores, meus.<br />

• Isabel Pereira, 12º E


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 107<br />

Amigo longínquo, que prestes estás a cair em tentação,<br />

retroce<strong>de</strong> na tua posição e pensa nos males que causarás aos próximos<br />

do Mandarim. Tens saú<strong>de</strong>, uma casa, amigos... Que mais queres da<br />

vida? Não queiras arrancar uma alma por nada. Prefere antes o Amor e<br />

não caias em tentação.<br />

Fica sabendo que, ao tocares a dita campainha, acabarás com<br />

uma vida <strong>de</strong> sonhos, mágoas, alegrias e <strong>de</strong>silusões. Não te lembres do<br />

velho Mandarim, mas <strong>de</strong> uma pessoa que vivia a sua vida do dia-a-dia e<br />

cuja vida tu mesmo arrancaste. Lembra-te disso enquanto ainda há<br />

tempo e não caias em tentação.<br />

Imagina tu que a riqueza tem sempre um fim, nem que esse fim<br />

seja a nossa morte. Um dia, no meio das pedras brilhantes e cristalinas,<br />

lembrar-te-ás <strong>de</strong> um Mandarim que não conheceste, mas mataste. Rios<br />

igualmente cristalinos farão a sua jornada pelas tuas faces, embeberás as<br />

notas ver<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água doce e estas per<strong>de</strong>rão o valor. A riqueza causada<br />

pela dor que sentirás, mas não contarás a ninguém, pois terás vergonha,<br />

muita vergonha <strong>de</strong> uma riqueza vergonhosa. De uma riqueza vazia,<br />

insensível, cruel, tirana e incompreensível.<br />

Se é isso que <strong>de</strong>sejas, então baila. Baila nessa dança sem<br />

música e convence-te do que não é verídico. No entanto, lembra-te que<br />

quem avisa, amigo é.<br />

Quiseste ser o amor, mas não te <strong>de</strong>ixaram, quiseste ser o<br />

infinito, não to permitiram. Hoje és o fim, és a morte, és aquilo que te<br />

<strong>de</strong>ixaste ser. Ainda não é tar<strong>de</strong>: ergue-te e reconsi<strong>de</strong>ra. Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ti.<br />

De um amigo distante, com muitos cumprimentos<br />

.<br />

• Elma Pegado, nº5, 9º A 14 anos


Sem título •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 108<br />

“Encontrei-me numa praia enorme e vazia, com lindas dunas e<br />

com uma areia muito fina e macia. O tempo estava óptimo: o sol sorriame<br />

e lançava-me raios à temperatura i<strong>de</strong>al. De vez em quando, o vento<br />

passava por mim como uma brisa suave, como quem diz olá e o único<br />

som que se ouvia era o das ondas, que murmurava doces elogios às<br />

conchas e pedrinhas da beira-mar. Estava totalmente concentrada e nem<br />

reparei que, lá ao longe, ao longo do mar, alguém se aproximava. Quem<br />

seria?”<br />

De semblante envelhecido e cabisbaixo, remava num<br />

movimento contínuo, parecendo hipnotizado pela música dos remos a<br />

beijarem a água. No rosto, tinha cravado as marcas do tempo, aquele<br />

tempo que não perdoa e que não espera por nós nem pela nossa vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> viver; nos olhos, trazia a experiência e os sonhos <strong>de</strong> criança que ainda<br />

hoje vagueiam, perdidos na íris; nas mãos calejadas, encontrava-se a<br />

prova viva <strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong> trabalho, mas também as sensações tocadas<br />

por elas nas frias noites <strong>de</strong> Inverno, “naquela” manhã <strong>de</strong> Primavera,<br />

numa tar<strong>de</strong> <strong>de</strong> Outono, na madrugada <strong>de</strong> Verão...<br />

Trazia vestidas as calças ainda não remendadas, a camisa <strong>de</strong><br />

xadrez branca e azul... roupas on<strong>de</strong> estava sempre presente o cheiro a<br />

peixe que ao longo do tempo, se fora entranhando nos poros <strong>de</strong> todo o<br />

seu corpo...<br />

Aportou na areia. Com a força <strong>de</strong> um guerreiro, retirou as re<strong>de</strong>s<br />

do seu companheiro <strong>de</strong> viagens. No semblante, trazia o sorriso pródigo,<br />

que chega a casa passados muitos anos... mas, ao contrário das histórias<br />

habituais, ninguém se encontrava à espera para o receber, apenas o mar<br />

parecia insistir em não o <strong>de</strong>ixar ir... caminhando pela areia, <strong>de</strong>sapareceu<br />

no horizonte com a sua malha às costas...<br />

Olhando para o céu, vislumbrei o cair do pano. A magnífica<br />

peça que tivera lugar naquele palco daria lugar a outra e eu , ali sozinha,<br />

• Inês Duarte, n º 16 , 8º A


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 109<br />

assistindo ao <strong>de</strong>slumbrante espectáculo da vida. Recomen<strong>de</strong>i-o a todas<br />

as pessoas com quem me cruzei, mas parece que todas elas estavam<br />

<strong>de</strong>masiado ocupadas em cuidar das suas peças...é o problema da<br />

socieda<strong>de</strong>, todos vivem absorvidos nas suas personagens e raros são<br />

aqueles que conseguem <strong>de</strong>sligar-se durante alguns minutos e<br />

transformar-se em atentos espectadores.<br />

Por entre as trevas, lá estava o monólogo dos amantes que com<br />

a sua luz ilumina os corações daqueles que amam. Amar é preciso. O<br />

amor incen<strong>de</strong>ia o nosso Ser, o <strong>de</strong>spertar do vulcão dos sentidos. A<br />

Amiza<strong>de</strong> e o Amor, como elementos que nos hipnotizam, que nos<br />

suportam, que nos cegam. Na dança da vida, um primeiro canto, outra<br />

vez o vulcão dos sentidos, a querer <strong>de</strong>spertar, a querer nascer. É o<br />

<strong>de</strong>spertar <strong>de</strong> todos os sentidos, a ausência total da razão...


Eu e a noite •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 110<br />

A noite surge, por fim, encontrando-me ainda nesta perspectiva<br />

angustiante, avança e arrasta-me com ela.<br />

Balanço vertiginosamente agarrada às trevas. Como autómato,<br />

caminho, quase <strong>de</strong>itada sobre ela.<br />

Uma sensação estranha inva<strong>de</strong>-me quando uma lufada <strong>de</strong> vento<br />

passa envolvendo-me em carícias. E, assim, enrolados, eu e a noite<br />

rolamos sobre o chão, amando sofregamente a lassa natureza.<br />

Meus lábios secos procuram-se nos da noite e sentem-se presos,<br />

irremediavelmente perdidos para sempre.<br />

Sinto os <strong>de</strong>dos esguios percorrerem-me e estremeço a esse<br />

contacto.<br />

Meus cabelos soltos, em <strong>de</strong>salinho, agitam-se e revolteiam-se<br />

nos seus braços e eu...<br />

Eu sinto-me perdida, mas feliz no coração <strong>de</strong>sta amante simples<br />

e po<strong>de</strong>rosa.<br />

• Ágata Leonardo, nº1, 8º A


Cheguei, vi e venci •<br />

feriam.<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 111<br />

Cheguei, num dia chuvoso e frio.<br />

Cheguei, sem vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> nada, sem perspectivas, sem sonhos.<br />

Não pedi nada, não esperava nada.<br />

À minha volta, rodopiavam setas <strong>de</strong> luz que me atingiam e<br />

Abri os olhos à vida, abarquei toda a natureza e senti o calor<br />

subir até ao meu coração.<br />

Já não está frio, já sinto a chuva, só a luz me atrai, enche-me a<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> me diluir nessa clarida<strong>de</strong> amena.<br />

Amo toda a natureza, toda a Humanida<strong>de</strong>, tudo o que existe.<br />

É um universo <strong>de</strong> amor e beleza.<br />

É uma corrente que une tudo o que existe...<br />

E eu integro-me, afundo-me e <strong>de</strong>sapareço.<br />

Reconheço-me vencedora do nada, porque agora sei que existo,<br />

porque agora amo.<br />

• Ágata Leonardo, nº1, 8º A


A Lenda do Monte da Dor •<br />

CONTOS<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 112<br />

Em inícios do século vinte e um, um certo primeiro ministro,<br />

chamado António Guterres, estava à frente do governo <strong>de</strong> Portugal. Este<br />

tinha um irmão que tinha por nome Manuel Carrilho. Carrilho tinha um<br />

gran<strong>de</strong> potencial e, por isso, o seu irmão queria apresentá-lo à<br />

socieda<strong>de</strong>. Para tal, Guterres organizou uma festa on<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

personalida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> portuguesa estavam presentes.<br />

Manuel Carrilho sentia-se triste porque achava que o seu<br />

<strong>de</strong>stino não era a alta socieda<strong>de</strong>, mas sim ser um homem como todos os<br />

outros. Ao longe a sua vista alcançou um lindo rosto. Esse rosto<br />

pertencia a Bárbara Guimarães, uma humil<strong>de</strong> rapariga, filha <strong>de</strong> um<br />

sonhador, Emídio Rangel. Tal como Carrilho, Bárbara tinha também um<br />

gran<strong>de</strong> potencial que era a sua voz.<br />

Rangel e Bárbara encontravam-se na festa, porque Bárbara ia<br />

cantar para toda a socieda<strong>de</strong>. O seu pai acompanhava-a <strong>de</strong>vido ao seu<br />

<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> concretizar um gran<strong>de</strong> sonho; logo, não tendo dinheiro para o<br />

concretizar, queria que a filha casasse com um homem rico.<br />

Quando os olhares <strong>de</strong> Manuel e Bárbara se cruzaram, foi amor<br />

à primeira vista. Quando teve oportunida<strong>de</strong>, Manuel dirigiu-se à sua<br />

amada e jurou-lhe amor eterno, sendo a sua jura retribuída por Bárbara.<br />

Após se aperceber da situação, Guterres diz ao irmão que ela<br />

apenas lhe serviria como sua amante, o irmão retorquiu-lhe, dizendo:<br />

- Ela é o meu sol ao amanhecer e a minha lua ao anoitecer.<br />

Nem tu nem ninguém me hão-<strong>de</strong> separar <strong>de</strong>la.<br />

No final da festa, Bárbara encontrara, junto das suas coisas, um<br />

bilhete do seu amado, dizendo que fugiriam naquele dia os dois para<br />

• Ana Catarina, nº 1, Joana carvalhal, nº9, 10º A


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 113<br />

bem longe on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>ssem ser felizes. Quando soube, Emídio concordou<br />

com a fuga e disse que os ajudaria como pu<strong>de</strong>sse.<br />

Eram onze menos cinco e, conforme tinha sido combinado,<br />

Manuel foi ter com Bárbara à sua tenda e daí partiram em busca da<br />

felicida<strong>de</strong>, seguidos <strong>de</strong> Rangel, que procurava fortuna.<br />

Na manhã seguinte, Guterres notou que o seu irmão não estava<br />

mais presente naquela casa e foi ao seu encontro. No quarto encontrou<br />

um bilhete que dizia: “ Irmão, já que não queres a minha felicida<strong>de</strong>, eu<br />

parto com o meu amor, em busca do local on<strong>de</strong> toda a gente é feliz, on<strong>de</strong><br />

não existem preconceitos... Levo apenas as minhas roupas e o dinheiro<br />

que tinha comigo, o resto é teu.. Faz <strong>de</strong>le o que quiseres. ADEUS,<br />

NUNCA ME VERÁS OUTRA VEZ !“<br />

Após ter lido o bilhete do irmão, António parte à sua procura e<br />

a única coisa que encontra é o pai <strong>de</strong> Bárbara, que estava a guardar as<br />

suas coisas para ir ter com a filha. Já longe, os dois enamorados<br />

encontram-se felizes, finalmente juntos. De repente, ouvem alguém<br />

chamar. É Rangel que os segue, grita para que eles abran<strong>de</strong>m o passo<br />

para que este os possa acompanhar. Rangel pe<strong>de</strong>-lhes para o seguirem,<br />

pois diz conhecer bem aquela região e levá-los-á para um local seguro,<br />

só por um tempo, para ver se o irmão <strong>de</strong> Carrilho o procura. Leva-os<br />

para um monte. Neste monte, há cerca <strong>de</strong> onze séculos atrás, dois<br />

jovens sacrificaram-se em nome do seu amor, por isso, ganhou o nome<br />

<strong>de</strong> Monte da Dor. Ali se tinham escondido as nossas personagens. Ao<br />

chegar, logo montaram a tenda para que pu<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong>scansar um pouco.<br />

Era dia, ao acordar, Carrilho tem uma surpresa, o seu irmão<br />

tem Bárbara como refém e ameaça matá-la se ele não o acompanhar.<br />

- Como nos encontraste? – perguntou Manuel.<br />

- O teu sogrinho fez a gentileza <strong>de</strong> me ajudar por uma simples<br />

quantia. Manuel olha para o sogro e cospe-lhe dizendo que este não vale<br />

nada. Bárbara não quer acreditar no que estava a presenciar. Seu pai<br />

traiu-a, a única pessoa que ela tinha no mundo tinha-lhe virado as costas<br />

por causa <strong>de</strong> dinheiro.<br />

- Larga-a ou eu atiro-me! – gritou Manuel.<br />

- Tu nunca farias isso, ela não é assim tão importante para ti.<br />

Ela é apenas uma pobre. De nada te serve. – disse-lhe António.<br />

Depois <strong>de</strong> ouvir o irmão, Carrilho sorriu e disse.<br />

- Não acreditas, pois eu provo-te o contrário. Bárbara, lembra-te<br />

<strong>de</strong> uma coisa: eu amo-te e sempre te amarei. Aqui ou noutro lugar, eu<br />

vou amar-te sempre. E <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>stas palavras, atirou-se ao rio


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 114<br />

<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>ndo-se dos capangas <strong>de</strong> Guterres. Bárbara foi atrás <strong>de</strong>le, mas<br />

antes dirigiu-se ao pai e disse-lhe:<br />

- Esta imagem permanecerá para sempre na tua memória.<br />

Minha alma te assombrará. Na miséria a tua ficará.<br />

E após ter rogado esta praga ao seu pai, atirou-se ao rio atrás do<br />

seu amado.<br />

E após muitas vírgulas, muitos pontos e muitos parágrafos se vê<br />

a repetição <strong>de</strong> uma lenda, a lenda do Monte da dor.


A casa <strong>de</strong> queijo •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 115<br />

Era uma vez uma família <strong>de</strong> ratos que vivia numa toca no meio<br />

da gran<strong>de</strong> floresta. Um dia, a mãe rata adoeceu gravemente e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então, o pai rato passava todo o dia nas redon<strong>de</strong>zas a recolher alimentos.<br />

Até que um dia:<br />

- E agora, o que fazemos? Temos que arranjar uma maneira <strong>de</strong><br />

eles se alimentarem sozinhos. A comida que eu trago não chega para<br />

todos – lamentou-se o pai.<br />

- Podíamos mandá-los para a floresta. Assim, haviam <strong>de</strong> se tornar<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes – disse a mãe.<br />

Os dois ratinhos estavam atrás da porta e a ratinha, ouvindo o<br />

que a mãe dissera, começou a chorar:<br />

- E agora... O que vai ser <strong>de</strong> nós?<br />

- Não te preocupes – disse o ratinho – eu tomo conta <strong>de</strong> ti.<br />

Na manhã seguinte, o pai rato levou os filhos para a floresta. A<br />

mãe rata <strong>de</strong>u a cada um, um pedaço <strong>de</strong> queijo, que puseram nas suas<br />

sacolas.<br />

Enquanto caminhavam, o ratinho foi esmigalhando o seu<br />

pedaço <strong>de</strong> queijo para marcar o caminho <strong>de</strong> volta.<br />

Quando chegaram ao centro da floresta, o pai rato escavou um<br />

buraco para que eles pu<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong>scansar enquanto ele ia apanhar<br />

comida. Adormeceram.<br />

Quando acordaram, já era noite e estavam sozinhos. Esperaram<br />

uns dias, mas o pai rato não aparecia, <strong>de</strong>cidiram seguir os bocados <strong>de</strong><br />

queijo que tinham <strong>de</strong>ixado no chão, mas as raposas tinham-nos comido,<br />

por isso, estavam perdidos. Entretanto, viram um pássaro branco e<br />

<strong>de</strong>cidiram segui-lo. Este conduziu-os a uma casa feita <strong>de</strong> queijo. Como<br />

estavam com fome, tiraram um pedaço da casa e começaram a comer.<br />

De repente, abre-se a porta da casa e aparece um velho gato preto.<br />

Foram convidados a entrar. O gato <strong>de</strong>u-lhes <strong>de</strong> comer e uma cama para<br />

dormirem. Os ratinhos pensaram que o gato era bondoso, mas, na<br />

• Cátia d’Araújo, nº6, Inês Afonso, nº 8, 10º A


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 116<br />

verda<strong>de</strong>, era mau. O gato fechou o ratinho numa gaiola. Quando a<br />

ratinha acordou, o gato disse:<br />

- Prepara qualquer coisa para o teu irmão jantar. Quero pô-lo<br />

gordinho antes <strong>de</strong> o comer.<br />

A ratinha choramingou, mas tinha <strong>de</strong> fazer o que lhe<br />

mandavam.<br />

A melhor comida era para o ratinho e os restos para a irmã.<br />

Todos os dias o gato mandava o ratinho pôr a pata fora das gra<strong>de</strong>s, mas<br />

este punha sempre a cauda. Como o gato não via muito bem, todos os<br />

dias repetia:<br />

- Ainda não está bem gordinha !<br />

Mas, um dia...<br />

- Vai buscar água, ratinha. Enche a chaleira. Vê se está bem<br />

quente.<br />

Cumprida a or<strong>de</strong>m. O gato disse:<br />

- Chega-te ao forno, ratinha. Vê se está bem quente.<br />

O gato ia empurrar a ratinha para <strong>de</strong>ntro do forno, mas ela<br />

adivinhou o que ele ia fazer.<br />

- Eu não sei abrir o forno – disse ela.<br />

- Sua estúpida! – disse o gato – eu ensino-te.<br />

A ratinha pôs-se atrás do gato e empurrou-o para <strong>de</strong>ntro do<br />

forno e fechou a porta.<br />

Num instante, a ratinha libertou o irmão. Encheram os bolsos<br />

<strong>de</strong> comida e partiram em busca do caminho para casa. Tiveram a ajuda<br />

<strong>de</strong> um pato branco durante parte do caminho.<br />

Por fim, chegaram a um sítio da floresta que eles já conheciam<br />

e, pouco <strong>de</strong>pois, avistaram a sua casa. O pai rato ficou muito feliz por<br />

tornar a vê-los. Contou-lhes que a mãe rata tinha morrido e viveram os<br />

três felizes para sempre.


A Cin<strong>de</strong>rela •<br />

Recriação <strong>de</strong> uma narrativa tradicional<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 117<br />

Era uma vez uma rapariga órfã <strong>de</strong> mãe, cujo pai tinha emigrado<br />

para uma terra distante.<br />

Esta rapariga, na ausência do pai, ficou a viver com a madrasta<br />

e com as duas irmãs <strong>de</strong> quem não gostava muito. A madrasta e as irmãs<br />

eram muito más, mas ela também não lhes ficava atrás.<br />

As suas irmãs tinham muita inveja <strong>de</strong>la porque Cin<strong>de</strong>rela era<br />

muito bonita e todos os dias tinha à porta <strong>de</strong> sua casa filas <strong>de</strong><br />

preten<strong>de</strong>ntes para casar com ela, enquanto as suas irmãs eram muito<br />

faladas na cida<strong>de</strong> por terem poucos atributos físicos.<br />

O sonho da Cin<strong>de</strong>rela e <strong>de</strong> suas irmãs era casar com o príncipe<br />

que, não sendo muito bonito, era «podre <strong>de</strong> rico».<br />

Todos os dias a madrasta e as irmãs tentavam convencer a<br />

Cin<strong>de</strong>rela a fazer trabalhos domésticos, mas esta respondia-lhes sempre<br />

agressivamente, dizendo:<br />

- Eu não sou vossa empregada! Esta casa é do meu pai e eu não<br />

sou tua filha ! Se queres os trabalhos domésticos feitos contrata uma<br />

empregada ou então limpem vocês a casa, suas mandrionas folgadas!<br />

Certo dia, estava Cin<strong>de</strong>rela <strong>de</strong>itada na sua cama a ler uma<br />

revista e a conversar com os amigos Jack e Ratus, quando ouviu a<br />

campainha tocar e mandou alguém abrir. A sua irmã correu a abrir a<br />

porta sempre a protestar, quando <strong>de</strong> repente se ouviu uma voz <strong>de</strong> homem<br />

dizendo:<br />

- Bom dia, menina. Tenho aqui o convite do palácio para uma<br />

festa. Vai ser o máximo. Até eu vou lá estar! Mas apresse-se porque tem<br />

pouco tempo! A carta até veio em correio azul! A<strong>de</strong>us!<br />

- A<strong>de</strong>us.<br />

- Ah! Já me esquecia! O príncipe vai escolher uma jovem para<br />

o futuro casamento.<br />

• Vanessa, nº 24, 10º A


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 118<br />

Cin<strong>de</strong>rela <strong>de</strong>sceu apressadamente e arrancou o convite à irmã.<br />

Esta começou a discutir, mas logo se calou perante o olhar feroz <strong>de</strong><br />

Cin<strong>de</strong>rela.<br />

- Este convite vai ficar comigo- <strong>de</strong>clarou Cin<strong>de</strong>rela.<br />

- Ai isso é que não vai!<br />

- Vai sim!<br />

- Não vai, não!<br />

E acabaram rasgando o convite. Cin<strong>de</strong>rela guardou os bocados.<br />

No dia do baile estavam todas as famílias muito atarefadas, só a<br />

<strong>de</strong> Cin<strong>de</strong>rela não se preparava para o baile. A madrasta andava <strong>de</strong> um<br />

lado para o outro a resmungar, as meias-irmãs resmungavam, todos<br />

resmungavam.<br />

À noite, foram todos dormir, mas Cin<strong>de</strong>rela, furiosa por não<br />

po<strong>de</strong>r ir à festa, pôs-se a experimentar os seus vestidos mais bonitos <strong>de</strong><br />

veludo, rendados e brocados <strong>de</strong> ouro, quando <strong>de</strong> repente apareceu uma<br />

nuvem branca e logo a seguir uma linda fada, mas muito resmungona.<br />

- Que aborrecido, eu com tanto trabalho e agora tenho <strong>de</strong> vir<br />

fazer feitiços para aqui. O que é que queres?<br />

- Eu não te pedi nada!<br />

- Bem, então vou-me embora.<br />

- Não! Já que cá estás fazes-me um favor!<br />

- Qual? Sê rápida!<br />

- Compõe este convite! Está todo rasgado!<br />

- O.K.<br />

Agitou a varinha no ar, pôs uns pozinhos <strong>de</strong> Perlim-Pim-Pim e<br />

arranjou o convite, que ficou como novo.<br />

- Bem, obrigado! Agora já posso ir ao baile! Vou telefonar para<br />

o telemóvel do cocheiro para ele vir buscar-me no Ferrari.<br />

- Já tens tudo! Agora a<strong>de</strong>us!<br />

- A<strong>de</strong>us!<br />

Cin<strong>de</strong>rela correu a telefonar ao cocheiro e em dois segundos ele<br />

chegou com o Ferrari.<br />

Assim que ela chegou ao palácio, todos os cavaleiros<br />

começaram a assobiar e cada um teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levar um<br />

«doce» estalo da Cin<strong>de</strong>rela.<br />

Ela correu imediatamente para junto do príncipe e pediu-lhe<br />

para dançar. Ele ficou um pouco atrapalhado, mas gostou da i<strong>de</strong>ia,<br />

porque adorava raparigas <strong>de</strong>cididas, com iniciativa própria e muito<br />

sedutoras. Cin<strong>de</strong>rela foi do agrado <strong>de</strong>le.


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 119<br />

Dançaram toda a noite e já eram cinco da manhã quando ela<br />

<strong>de</strong>cidiu que tinha que ir embora.<br />

- A<strong>de</strong>us! Tenho que ir embora!<br />

- Não, espera um pouco!<br />

- Tenho que ir!<br />

- Diz- me o teu nome!<br />

- Cin<strong>de</strong>rela.<br />

- OK. On<strong>de</strong> moras?<br />

- Oh, queria muito dizer-te, mas não posso!<br />

- Espera!<br />

Foi a Cin<strong>de</strong>rela a correr para o Ferrari, muito <strong>de</strong>pressa, e o<br />

cocheiro arrancou com tanta velocida<strong>de</strong> que a matrícula <strong>de</strong> trás caiu!<br />

O príncipe apanhou a placa da matrícula e guardou-a. De<br />

manhã, mandou os pajens <strong>de</strong>scobrir on<strong>de</strong> vivia a dona do carro. Eles<br />

assim fizeram, mas antes <strong>de</strong> ir perguntaram-lhe o nome do dono.<br />

- Ah, o nome ? Bem, eu sabia! Acho que era Graziela. Ou<br />

talvez Laurin<strong>de</strong>la, quem sabe Berbela. Ai, já não me lembro! Bem,<br />

tragam a rapariga. O nome acaba em «ela».<br />

- Bem, vai se difícil.<br />

- Tragam-na!<br />

Os pajens percorreram todo o reino, batendo <strong>de</strong> porta em porta,<br />

até que chegaram à casa da Cin<strong>de</strong>rela.<br />

- Bom dia, é aqui que mora uma jovem que tem um carro com<br />

esta matrícula?<br />

- Não, aqui ninguém tem carro- disse uma das irmãs.<br />

- Ei, ei! Eu tenho carro!- exclamou a Cin<strong>de</strong>rela.<br />

- Tens? Deixa-me rir!<br />

- Ri-te à vonta<strong>de</strong>!<br />

- Tu não tens carro!<br />

- Ai não?<br />

- Lembras-te daquela lembrança do meu pai? Aquela gran<strong>de</strong><br />

«lembrancinha» que ele me <strong>de</strong>ixou? Pois, comprei um carro com aquele<br />

dinheiro e ainda me sobrou.<br />

- Bem, minhas meninas acabem com a discussão. Mostre-me o<br />

carro, por favor!<br />

- Com certeza!<br />

Cin<strong>de</strong>rela foi à rua telefonar para o cocheiro porque <strong>de</strong>ntro da<br />

casa não havia re<strong>de</strong>. Enquanto isso:<br />

- Mãe, imagina só! A Cin<strong>de</strong>rela tem um carro.<br />

- Tem! Deixa-me rir!


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 120<br />

- Ri-te à vonta<strong>de</strong>!<br />

- Como é que ela o roubou?<br />

- Ela diz que comprou com o dinheiro que o papá lhe <strong>de</strong>u e diz<br />

que ainda lhe sobrou dinheiro!<br />

- É provavelmente, alguma lata <strong>de</strong> ferro velho.<br />

Chegou então o cocheiro com o Ferrari. A madrasta ia caindo<br />

para trás e ainda pisou uma das filhas que, por sua vez, pisou a irmã que<br />

ia a passar para o outro lado para ver melhor, quando pôs o pé à frente<br />

para se equilibrar e provocou a queda do pajem, que partiu os óculos e<br />

exclamou:<br />

- Parti os óculos! Já não vou po<strong>de</strong>r conferir a matrícula!<br />

- O quê ? Você não vai conferir a matrícula ? Ai vai sim!<br />

- Bem, acho que tenho ali uma lupa<br />

- Vá buscá-la!<br />

- Claro!<br />

Foi buscar a lupa e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> esforço conseguiu conferir<br />

os números das placas.<br />

- Bem, você foi premiada! O príncipe quer que você vá até ao<br />

palácio e se apresente como rainha.<br />

- Claro, é já! Vou pôr o vestido imediatamente. Aquele que eu<br />

usei no baile.<br />

Entretanto a restante família segredava:<br />

- Como é que ela foi ao baile?<br />

- O convite estava rasgado!<br />

- Ela é uma gran<strong>de</strong> traidora!<br />

Cin<strong>de</strong>rela, muito triste, <strong>de</strong>spediu-se da família.<br />

- Oh, estou muito triste por vos <strong>de</strong>ixar. Não se vê? Ah, ah, ah<br />

que alegria! A<strong>de</strong>usinho!<br />

Cin<strong>de</strong>rela chegou ao palácio e o príncipe veio ter com ela.<br />

- Sabia que voltaria a ver-te, minha querida!<br />

- Eu também, príncipe dos meus sonhos!<br />

No mesmo dia casaram-se e viveram, verda<strong>de</strong>iramente, felizes<br />

para sempre. Sim, porque a Cin<strong>de</strong>rela, com o passar do tempo, apren<strong>de</strong>u<br />

a amar o seu príncipe feio, mas <strong>de</strong> muito bom coração.


Os três porquinhos •<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 121<br />

Era uma vez três porquinhos que viviam na sua bela pocilga.<br />

Mas não era uma pocilga qualquer, era uma pocilga com arame farpado<br />

à volta.<br />

Um dia, a avozinha do Capuchino Vermelho, não contente com<br />

a porcaria do almoço que o Capuchinho lhe trazia, <strong>de</strong>cidiu partir em<br />

busca <strong>de</strong> comida. E lá foi ela, toda pimpona, com a sua bengalita. De<br />

repente, os seus olhos <strong>de</strong>pararam com uma pocilga com três lindos,<br />

gordos e suculentos porquinhos.<br />

A tensão crescia-lhe, o coração batia, parecia que ia saltar, o<br />

estômago já roncava.<br />

Tentou subir a vedação com a bengala, mas, mesmo quando<br />

estava a passar para o outro lado, apanhou um choque eléctrico e caiu.<br />

Os porquinhos riam-se <strong>de</strong>scaradamente à frente da avozinha. Viram-na a<br />

afastar-se.<br />

Até que a avozinha teve uma i<strong>de</strong>ia: mascarava-se <strong>de</strong><br />

capuchinho Vermelho e, assim, sem os porquinhos suspeitarem, entrava<br />

na casa <strong>de</strong>les e, quando eles menos esperassem, ela saltava-lhes em cima<br />

e atirava-os para a panela! Decidiu pôr o plano em prática. Estava a ir<br />

tudo muito bem, mas quando ela ia a entrar a porta, o disfarce <strong>de</strong><br />

Capuchinho ficou preso no arame e rompeu-se. Os porquinhos mal a<br />

viram, correram com ela.<br />

A avozinha, furiosa, começava a gritar e a soprar tanto que o<br />

arame, em volta da casa, caiu.<br />

Os porquinhos ficaram em pânico e tentaram fugir, mas a<br />

avozinha foi mais rápida do que eles e... Nada mal para cento e trinta<br />

anos!<br />

• Ricardo Godinho, nº 20, 10º A


<strong>Stuart</strong> <strong>Carvalhais</strong> •<br />

<strong>Stuart</strong><br />

Talentoso!<br />

Único na sua<br />

Arte e<br />

Raro no seu<br />

Trabalho.<br />

<strong>Carvalhais</strong> foi um<br />

Artista<br />

Realmente<br />

Versátil e<br />

Atento.<br />

Leal ao<br />

Homem e<br />

Aliado<br />

Ilustre do<br />

Saber e da arte.<br />

• Inês Tiago, nº16, 7º B<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 122


Índice<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 123<br />

Prefácio..............................................................................3<br />

O Poema ............................................................................4<br />

NAVEGAR.....................................................................5<br />

Sem título...........................................................................5<br />

Sonhei................................................................................6<br />

Se eu fosse...Tu serias.........................................................7<br />

Tempesta<strong>de</strong>........................................................................8<br />

Ao olhar o mar ...................................................................9<br />

Numa muralha à beira mar................................................ 10<br />

Sem título......................................................................... 11<br />

Rio na Sombra.................................................................. 12<br />

Tristeza ............................................................................ 13<br />

Sem título......................................................................... 14<br />

Loucura............................................................................ 15<br />

O Fim............................................................................... 16<br />

Sem título......................................................................... 18<br />

O velho... ......................................................................... 19<br />

Lamentos amorosos.......................................................... 20<br />

Vulnerável........................................................................ 21<br />

Racismo ........................................................................... 22<br />

À morte do amor .............................................................. 23<br />

A morte............................................................................ 24<br />

Solidão............................................................................. 25<br />

À morte <strong>de</strong> um amigo....................................................... 26<br />

O Mar .............................................................................. 27<br />

Cantiga <strong>de</strong> amigo ............................................................. 28<br />

Metamorfose .................................................................... 29<br />

Cantiga <strong>de</strong> amigo ............................................................. 30<br />

Sentimento Incerto ........................................................... 31


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 124<br />

Cantiga <strong>de</strong> amor ............................................................... 32<br />

Sem título......................................................................... 33<br />

Sem título......................................................................... 34<br />

Sem título......................................................................... 35<br />

Sem título......................................................................... 36<br />

No meu sonho .................................................................. 37<br />

Sem título......................................................................... 38<br />

“Mágoa”........................................................................... 39<br />

Morte vivida..................................................................... 40<br />

Ao <strong>de</strong>sprezo <strong>de</strong> Maria....................................................... 41<br />

Nome <strong>de</strong> flor .................................................................... 42<br />

O <strong>de</strong>sgosto ....................................................................... 43<br />

Ao longe .......................................................................... 44<br />

Se eu fosse... .................................................................... 45<br />

Estamos no fim do Verão ................................................. 46<br />

Sem título......................................................................... 47<br />

Uma vida na palma da mão .............................................. 48<br />

Sem título......................................................................... 49<br />

Ser apenas... ..................................................................... 50<br />

OLHAR A CIDADE................................................... 51<br />

Olhar a cida<strong>de</strong> .................................................................. 51<br />

O Instinto ......................................................................... 53<br />

Sem título......................................................................... 54<br />

A nossa cida<strong>de</strong> ................................................................. 56<br />

Brinca<strong>de</strong>ira com... ia ........................................................ 57<br />

<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> ................................................................ 58<br />

TELEMANIAS............................................................ 59<br />

A última engenhoca do século é uma perda <strong>de</strong> tempo.<br />

Consegue adivinhar? É isso mesmo: O TELEMÓVEL. .... 59<br />

Sem título......................................................................... 60<br />

Big Brother ...................................................................... 62<br />

SONHO ......................................................................... 63<br />

Sem título......................................................................... 63


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 125<br />

A mancha!........................................................................ 64<br />

Casa feita <strong>de</strong> sonho........................................................... 65<br />

Simplesmente Liberda<strong>de</strong> .................................................. 66<br />

Bola <strong>de</strong> sabão ................................................................... 68<br />

Branco, forte <strong>de</strong> vida ........................................................ 70<br />

Sem título......................................................................... 71<br />

A escola da vida ............................................................... 72<br />

Sem título......................................................................... 74<br />

Sem título......................................................................... 75<br />

Sem título......................................................................... 76<br />

Sem título......................................................................... 77<br />

Sem título......................................................................... 78<br />

HISTÓRIAS DO QUOTIDIANO ............................ 79<br />

Entrevista......................................................................... 79<br />

Sem título......................................................................... 84<br />

Bill Clinton ...................................................................... 85<br />

Manuel Maria Carrilho..................................................... 87<br />

Caro amigo Teodoro:........................................................ 89<br />

Entrevista......................................................................... 90<br />

Concílio dos Deuses......................................................... 92<br />

Jogadas milionárias .......................................................... 94<br />

Sem título......................................................................... 95<br />

INTERROGAÇÕES ................................................... 96<br />

Melodia sinistra................................................................ 96<br />

Chama Viva ..................................................................... 97<br />

O que seremos – Reflexo do que somos.......................... 100<br />

O PASSAR DO TEMPO ......................................... 103<br />

Ontem ............................................................................ 103<br />

À minha inspiração, Carla .............................................. 104<br />

Amanhã.......................................................................... 105<br />

Sem título....................................................................... 106<br />

Sem título....................................................................... 107<br />

Sem título....................................................................... 108


<strong>Pedaços</strong> <strong>de</strong> <strong>Noz</strong> 126<br />

Eu e a noite .................................................................... 110<br />

Cheguei, vi e venci......................................................... 111<br />

CONTOS..................................................................... 112<br />

A Lenda do Monte da Dor.............................................. 112<br />

A casa <strong>de</strong> queijo ............................................................. 115<br />

A Cin<strong>de</strong>rela.................................................................... 117<br />

Os três porquinhos.......................................................... 121<br />

<strong>Stuart</strong> <strong>Carvalhais</strong>............................................................ 122

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