Experimentando as Profundezas de Jesus Cristo ... - Ibpan.com.br

intensificam, ela deve diminuir gradualmente; a alma deve se entregar aos<br />
impulsos do Espírito divino, até ser totalmente absorvida em Nele. Mas<br />
este é um processo que leva um longo tempo.<br />
Não dizemos, como alguns supõem, que não há necessidade de<br />
atividade; ao contrário, ela é o portão diante do qual não devemos nos deter<br />
para sempre, já que é preciso prosseguir em direção à melhor perfeição, que<br />
é impraticável a menos que tenhamos ao lado os primeiros auxílios; pois,<br />
por mais necessária que tenha sido no princípio da jornada, tornam-se<br />
altamente prejudicial àqueles que a ela aderem obstinadamente, sempre<br />
impedindo a alma de alcançar o final. Isso fez com que São Paulo<br />
afirmasse: "Irmãos, eu não julgo que eu mesmo o tenha alcançado, mas<br />
uma coisa faço:esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que<br />
está adiante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que<br />
vem de Deus em Cristo Jesus" (Fl. 3,13, 14).<br />
Não podemos dizer que é insensato aquele que inicia uma jornada e<br />
fixa sua morada no primeiro abrigo, só por ter ouvido falar que muitos<br />
viajantes se hospedaram ali e que os mestres da casa ali residem? Tudo o<br />
que desejamos é que as almas sejam impelidas ao final, tomando o<br />
caminho mais curto e fácil, sem parar na primeira estação. Que sigam o<br />
conselho e o exemplo de São Paulo, e que permitam serem guiadas pelo<br />
Espírito de Deus (Rm. 8,14), que irá conduzi-las infalivelmente ao fim da<br />
criação, o desfrutar de Deus.<br />
Mas enquanto confessamos que o desfrutar de Deus é o fim único<br />
para o qual fomos criados, e que cada alma que não alcança a união divina<br />
e a pureza de sua criação nesta vida, só pode ser salva pelo fogo,<br />
estranhamos todo temor e tentativa de evitar o processo, como se pudesse<br />
ser a causa do mal e da imperfeição na vida presente; o processo deve<br />
produzir a perfeição da glória na vida futura.<br />
Ninguém pode ignorar que Deus é o Bem Supremo; que a benção<br />
essencial consiste na união com Ele; que os santos diferem em glória,<br />
dependendo do grau da perfeição de sua união; e que a alma não pode<br />
atingir esta união pela mera atividade de seus próprios poderes, já que<br />
Deus Se comunica com a alma, na proporção em que sua capacidade<br />
passiva seja grande, nobre e extensiva. Só podemos estar unidos a Deus<br />
em simplicidade e passividade, e se esta união consistir na própria<br />
beatitude; o caminho que nos conduz a esta passividade não pode ser mal,<br />
mas o melhor e o mais livre de perigo possível.