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Entre o corpo e a poesia:o processo criativo - EMAC - UFG

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Não existe método para se atingir a metamorfose. A única forma de se<br />

adquirir tal proeza é permitir-se ser. Ela é a consequência de um trabalho<br />

consciente e cuidadoso de observação minuciosa e de desconstrução <strong>corpo</strong>ral, pois,<br />

entregando-se a essas duas vielas o ator tende a se fundir naquilo que está<br />

interpretando. Só com muito trabalho, dado pelas longas horas de experimentação,<br />

o ator conseguirá vivenciar o outro sendo-o. Acerca disso cabe uma reflexão: Muitas<br />

vezes as personagens são opostas ao ator (modo de vida, de pensar e agir) e<br />

mesmo assim ele tem que interpretá-las. Para que isso ocorra ele deve se doar a<br />

uma experiência, à vida e ao universo das mesmas, trabalho que muitas vezes<br />

demanda tempo, analisando cautelosamente cada detalhe. O resultado disso é uma<br />

permissão ao outro, uma metamorfose do habitat do ator com o das personagens. A<br />

personagem surge naturalmente após os longos <strong>processo</strong>s vivenciados pelo ator.<br />

A arte do ator consegue transitar pela sociedade, pelas profissões, pelas<br />

subjetividades de cada pessoa, pelas formas rígidas dos metais, minerais e usar<br />

este trânsito como conhecimento e como obtenção de novas formas de ser. Isso só<br />

é possível porque somos todos passíveis de sermos interpretados. Nossas<br />

características podem ser adquiridas pelo ator, mas, nada e ninguém será<br />

interpretado de forma completa, pois cada qual é um ser único. Dois atores<br />

representado um gorila, terão duas formas distintas de interpretação. A abordagem<br />

da essência deste animal é diferente para ambos.<br />

Ao observar os <strong>corpo</strong>s das pessoas, notamos a grande semelhança que<br />

todos eles tem. Para o filósofo e ensaísta português José Gil (1997), o <strong>corpo</strong><br />

humano é um modelo universal, age como uma chave mestra perante as inúmeras<br />

fechaduras existentes. Embora sejam diferentes todas essas fechaduras, a chave<br />

mestra, com toda a sua possibilidade, mobilidade, abre todas. Continuando nesse<br />

pensamento de José Gil e levando em consideração a reflexão acerca da<br />

metamorfose do ator, podemos dizer que o mesmo, com sua permissão em viver a<br />

personagem, adentra com seu <strong>corpo</strong>, sua chave mestra, as estruturas dos seres e<br />

das coisas.<br />

A semelhança do <strong>corpo</strong> humano com o <strong>corpo</strong> da terra, facilita o primeiro a<br />

alcançar tal denominação de chave mestra. Somos seres compostos de terra, água,<br />

fogo e ar. Acreditando nessa composição, o ator consegue atingir qualquer<br />

representação, pois tem dentro de si um pouco do universo e o do que nele habita:

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