Entre o corpo e a poesia:o processo criativo - EMAC - UFG
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O <strong>corpo</strong> do ator deve estar em constantes superações. Deve sufocar tudo<br />
aquilo que o aprisiona. Ele é alvo fácil para muitas manias e trejeitos. Nele se<br />
amontoa um turbilhão de informações que, ao serem colocadas à disposição da<br />
personagem, precisam ser escolhidas e depois trabalhadas para que surja uma nova<br />
proposta de ações, diferentes da do ator e semelhante com o que a personagem<br />
realizaria. Isso tudo em prol da peça, da atuação dos outros atores, da direção e da<br />
encenação em geral. O <strong>corpo</strong> do ator passa por uma oficina na qual as<br />
peças/membros e ações são desconcertadas para um melhor rearranjo.<br />
Diante dessa oficina que propõe sempre algo novo, não pode o ator, que<br />
almeja uma personagem rica em cena, deixar que os bloqueios egoísticos o<br />
dominem quando este estiver ensaiando descobertas de possíveis construções.<br />
Muitas coisas acontecem durante o decorrer de cada <strong>processo</strong>, algumas ações se<br />
cristalizam e o ato precisa ser repensado e modificado. De imediato a desconstrução<br />
é acionada. Ela, com sua gama de possibilidades, surge como a libertadora do ator<br />
prestes a cair no abismo dos seus próprios medos e artifícios cômodos.<br />
Deve-se atentar, depois de encontradas as dificuldades, aos exercícios de<br />
desconstrução <strong>corpo</strong>ral e vocal que trabalham dualidades: ações contidas e<br />
exageradas, tons graves e agudos, feminino e masculino, peso e leveza, plano alto e<br />
baixo, lento e rápido, dentre outros. Exercícios que extrapolem com cuidado os<br />
limites do ator tirando-o do conforto.<br />
Pensando na retirada do ator dos seus comodismos, proponho uma<br />
vivência. Sinta-se como se estivesse dentro do útero materno. O útero carrega a<br />
poética da formação, da construção, do desenvolvimento. O nascimento dentro<br />
dessa vivência deve durar o tempo necessário para se apreender os efeitos<br />
proporcionados por ela. A cada nascer você é privado de alguns membros do seu<br />
<strong>corpo</strong>. Dedique alguns minutos para pensar sobre como fazer diante das privações<br />
<strong>corpo</strong>rais, logo em seguida aja e depois reflita sobre o que foi feito. Para começar,<br />
nasça sem os pés. Como se locomover com a falta de uma parte tão importante do<br />
<strong>corpo</strong>? Tente andar com os joelhos ou se arrastar como uma cobra. Faça com<br />
cuidado pequenos saltos e explore bem essa sua deficiência <strong>corpo</strong>ral imaginativa.<br />
Registre as dificuldades e os caminhos que facilitaram tal ação. Seu nascer agora<br />
lhe proporcionou a falta das mãos e parte dos braços. Como segurar um copo,<br />
abraçar alguém, tocar em um objeto com essa limitação? Promova várias ações e as