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Entre o corpo e a poesia:o processo criativo - EMAC - UFG

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profundamente ao âmago da própria existência, a explorar todas as suas<br />

possibilidades, a preencher os espaços vazios, a conhecer a sua dimensão. O <strong>corpo</strong><br />

passou a viver e a contar histórias.<br />

Corpo vivido, <strong>corpo</strong> que encontra vida, que busca prazer, que busca a<br />

superação de sua carência na convivência do hoje com outros <strong>corpo</strong>s,<br />

movimentando-se permanentemente na direção de sua auto-superação.<br />

Corpo vivido que, sem medos fictícios ou imaginários, deixa-se subir em<br />

montanhas, nadar em rios, contemplar amanheceres, sem a sensação de<br />

tempo perdido ou de ato leviano por não significar produção.<br />

Corpo vivido que acaricia e é acariciado, que doa e recebe energia vital, que<br />

brinca com outros <strong>corpo</strong>s e permanece criança sem constrangimento e sem<br />

imaginar que ofende o mundo do adulto.<br />

Corpo vivido que pode se deixar transparecer, se revelar, na perspectiva de,<br />

na vivência do hoje, transformar o amanhã das relações <strong>corpo</strong>rais<br />

(MOREIRA, 2005, p.198).<br />

Além de estrutura física, o <strong>corpo</strong> é elemento vital para o ator. Dele são<br />

criadas muitas imagens. Ele é barro modelável cujas formas são inúmeras. Mas o<br />

<strong>corpo</strong> só não basta, segundo o ator e diretor brasileiro de teatro Luís Otávio Burnier<br />

(2006). É necessário, para que o mesmo tenha função e relevância na arte do ator,<br />

estar vivo, engajado, disponível e pleno. Só assim conseguirá o ator fazer de seu<br />

<strong>corpo</strong> um instrumento afinado para o trabalho. ―Aprender com o <strong>corpo</strong>‖, nos ensina o<br />

ator e diretor japonês Yoshi Oida (2007). Para isso, peçamos permissão ao ardor<br />

poético de Manoel de Barros para trazermos à cena os elementos: observação,<br />

desconstrução e metamorfose (os quais, mostramos presente em sua obra, no<br />

capítulo 3) e com isso promover um pequeno achado para uma <strong>poesia</strong> <strong>corpo</strong>ral do<br />

ator.<br />

A proposta não visa uma fórmula estabelecida, um método ou receituário,<br />

mas uma sugestão diante da multiplicidade já existente. A mesma solicita ao ator,<br />

uma entrega profunda na vivência e ou reflexão dos elementos, podendo atingir com<br />

isso, um caminho a mais na construção detalhada e trabalhosa de suas<br />

personagens. Estar livre e receptivo a essa proposta é um passo importante para<br />

possíveis descobertas.<br />

Primeiro: Para ser um verdadeiro artista, aquele que cria, aquele que se<br />

percebe no mundo como mensageiro de alguma utopia, de alguma<br />

expressão (que parece, a princípio, indecifrável, misteriosa), a pessoa<br />

precisa estar livre. Livre de <strong>corpo</strong> e mente e de espírito. Um canal de livre<br />

acesso das mensagens ocultas do Universo que, através de nosso ser e<br />

exercícios <strong>criativo</strong>s, vêm para o mundo palpável, sensorial e perceptível da<br />

Terra.<br />

Segundo: Então, procurando descobrir a liberdade, descobrimos os nossos<br />

obstáculos, a distância entre nós e a liberdade real. Assim iniciamos nossa<br />

viagem de desenvolvimento artístico e humano, pois creio que o grande<br />

artista se torna também um grande ser humano. A cada obstáculo

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