13.04.2013 Views

Entre o corpo e a poesia:o processo criativo - EMAC - UFG

Entre o corpo e a poesia:o processo criativo - EMAC - UFG

Entre o corpo e a poesia:o processo criativo - EMAC - UFG

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Arraigados pelas discussões anteriores acerca do <strong>processo</strong> <strong>criativo</strong> e seus<br />

mecanismos; da arte e seu amplo espaço; do poeta e da <strong>poesia</strong> instigante de<br />

Manoel de Barros, das quais surgiram vielas para reflexões: acertos e dúvidas,<br />

coloquemo-nos avante numa sequência onde proponho uma comunhão de artes, de<br />

singularidades, de <strong>processo</strong>s, de riscos, de encontros e desencontros. Propor mais<br />

esse passo me parece convidativo, da mesma forma que me coloca em um estado<br />

de alerta necessário. A ideia de colocar diante do leitor algumas outras frases, não<br />

tece a pretensão de escrever algo jamais visto, mas de fazer, depois de inúmeras<br />

análises cuidadosas, um amontoado de palavras que embasado em ricas teorias, se<br />

umedece com a minha ainda pequena experiência como ator. Ouso, contudo, propor<br />

uma <strong>poesia</strong> <strong>corpo</strong>ral para o ator perante a difícil tarefa de construir seus<br />

personagens.<br />

Antes da personagem existe o ator, antes do ator, existe o ser humano:<br />

homem e mulher, antes destes, existe a subjetividade de cada um e a sua cultura.<br />

Deste complexo emaranhado surge ao ator, farsante, segundo o filósofo espanhol<br />

Ortega Y Gasset (1991), a necessidade de desbotar as cores presentes em cada<br />

indivíduo – as felicidades e infortúnios – e apresentá-las, ou melhor, representá-las a<br />

outrem. O ator não se disponibiliza apenas aos predicados de outros sujeitos, mas a<br />

representar a vida em sua totalidade, até mesmo os seres inanimados.<br />

Tem-se feito, desde o surgimento do ator, constantes reflexões por parte dos<br />

teóricos e/ou dramaturgos que se arriscaram e se arriscam a analisar e discutir tal<br />

arte. Dentre os inúmeros que existem, podemos elencar: Aristóteles, Sófocles,<br />

Ésquilo e Eurípedes; com o passar dos séculos: Constantin Stanislavski, Jerzy<br />

Grotowski, Antonin Artaud, Bertolt Brecht; contemporâneos a nós: Peter Brook,<br />

Eugênio Barba, Jacó Guinsburg, Hans-Thies Lehmann, Augusto Boal, Luís Otávio<br />

Burnier, Renato Ferracini e Matteo Bonfitto. Todas essas personalidades e as<br />

demais outras que não foram citadas, construíram e alguns ainda constroem uma<br />

história de conhecimento e descobertas acerca da arte do ator e do teatro em geral.<br />

Dessa história redigida e registrada durante os séculos, muitas propostas<br />

foram trazidas à cena, muitas experimentações foram feitas e refeitas. No intuito de<br />

proporcionar uma maior mobilidade ao ator que se encontra no centro da rotação<br />

emergente das pessoas e da sociedade é que surgiram e surgem muitas pesquisas,<br />

trazendo não uma facilidade ao seu trabalho, mas sim, uma expansão das<br />

possibilidades de atuação.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!