Entre o corpo e a poesia:o processo criativo - EMAC - UFG
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Responsável por dar formas, o artista capta os pontos onde existem<br />
possibilidades para uma criação e os une. Essa criação, por mais que esteja<br />
vinculada a outras, é única, germinou dentro de um ser humano e com o tempo e<br />
com muito trabalho, pôs-se à exposição. O artista vem de infindáveis rotinas de<br />
trabalho.<br />
Infelizmente, contrariando os princípios desse universo artístico, devemos<br />
colocar em questão uma verdade latente, na qual no mundo em que vivemos a arte<br />
ainda é muito discriminada. O artista tem um embate constante com as críticas<br />
destrutivas. Sua profissão carrega o peso de um preconceito e muitas vezes é tido<br />
como o mal que consome e corrompe a sociedade. O caminho é outro, o<br />
pensamento deve ser outro. O artista pensa a sociedade atual projetando outra,<br />
onde o ideal não está embasado na rigidez de um mundo corrompido, mas sim na<br />
liberdade. Quem assim não pensa, sela um pacto com sua própria destruição. O<br />
cineasta russo Tarkovski, para nos fortalecer diante desse abismo egoístico e<br />
perante a essência do artista, vem ressaltar:<br />
O artista e pensador torna-se, então, o ideólogo e apologista do seu tempo,<br />
o catalisador de transformações predeterminadas. A grandeza e a<br />
ambiguidade da arte consistem no fato de que ela não aprova, não explica e<br />
não responde às perguntas, mesmo quando emite sinais de advertência<br />
como ―cuidado! Radiação! Perigo!‖ Sua influência tem a ver com a<br />
sublevação ética e moral. E aqueles que permanecem indiferentes à sua<br />
argumentação emotiva, incapazes de acreditar nela, correm o risco de<br />
contaminação radioativa... Pouco a pouco... Inadvertidamente... Com um<br />
sorriso estúpido no rosto largo e imperturbável do homem convencionado<br />
de que o mundo é tão plano quanto uma panqueca e se apoia sobre três<br />
baleias (TARKOVSKI, 1998, p. 60, grifos do autor).<br />
Todos os artistas, acreditando no seu potencial inovador, independente do<br />
preconceito, podem contribuir com a transformação possível do mundo. Suas<br />
criações são importantes para dar continuidade ao que foi iniciado e reformulado<br />
anteriormente. Portanto, seria monótono viver em um local sem inspirações,<br />
sentimentos, sensibilidade, conhecimento e expectativas.<br />
O artista passeia livremente por entre os lugares mais sombrios procurando<br />
luz e em alguns momentos transita na luz para achar o seu lado sombrio. Ele não se<br />
permite amarrar, a sua profissão o impede de ser submetido, o seu <strong>corpo</strong> às vezes<br />
desfalecido, flutua motivado pelas forças do ato <strong>criativo</strong>. Força semelhante com a<br />
que nos mantêm fixados no chão, semelhante também às forças inexplicáveis.<br />
O artista, receptor de forças, vem mostrar que a perfeição de sua obra está<br />
nas falhas que as constituem. O homem que se reconhece imperfeito encontrou sua