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Entre o corpo e a poesia:o processo criativo - EMAC - UFG

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Antes de acontecer todos esses mecanismos, muitos fatores interferem no<br />

<strong>processo</strong> da imaginação. O ato criador, muito mencionado, é motivado a nascer<br />

partindo das necessidades do ser humano em se tornar pleno, dos seus anseios em<br />

conhecer e vivenciar o novo. As motivações são importantes, elas podem ser<br />

vinculadas aos sonhos, as imagens e impulsos que aparecem sem serem<br />

mencionadas ou terem algo que as promovam e dos nossos sentimentos, pois isso<br />

fornece substância para nutrir a imaginação.<br />

Outro fator que interfere no <strong>processo</strong> de imaginação é o ambiente. Para<br />

esse fator, cabe novamente o esclarecimento de Vigotski:<br />

A imaginação costuma ser retratada como uma atividade exclusivamente<br />

interna, que independe das condições externas ou, no melhor dos casos,<br />

que depende delas apenas na medida em que elas determinam o material<br />

com o qual a imaginação opera. À primeira vista, os <strong>processo</strong>s de<br />

imaginação por si sós – e seu direcionamento – parecem ser apenas<br />

internamente orientados pelos sentimentos e pelas necessidades da própria<br />

pessoa, estando, dessa forma, condicionados a motivos subjetivos e não<br />

objetivos. Na verdade, não é assim. Há tempos, a psicologia estabeleceu a<br />

lei segundo a qual o ímpeto para a criação é sempre inversamente<br />

proporcional à simplicidade do ambiente (VIGOTSKI, 2009, p. 41).<br />

O ambiente não é superficial. Muito pelo contrário. Ele é fator fundamental<br />

no <strong>processo</strong> da imaginação e influi com todos os seus requisitos, muito mais que<br />

material, influi também com orientações, caminhos, possibilidades e às vezes com<br />

elementos subentendidos que necessitam esmiuçamento e observação detalhada<br />

de nossa parte, para o desenvolvimento das grandes invenções. O <strong>processo</strong> da<br />

imaginação envolve o todo, vai além do subjetivo.<br />

Ouso buscar uma semelhança, ou até mesmo enxergar a imaginação,<br />

refletida e aquecida na imagem da ―chama‖ de Bachelard, onde,<br />

<strong>Entre</strong> todas as imagens, a imagem da chama – das mais ingênuas às mais<br />

apuradas, das sensatas às mais loucas – contêm um símbolo de <strong>poesia</strong>.<br />

Toda fantasia diante da chama é uma fantasia admiradora. Todo sonhador<br />

inflamado está em estado de primeira fantasia. Esta primeira admiração<br />

está enraizada em nosso passado longínquo. Temos pela chama uma<br />

admiração natural, ouso mesmo dizer: uma admiração inata. A chama<br />

determina a acentuação do prazer de ver, algo além do sempre visto. Ela<br />

nos força a olhar.<br />

A chama nos leva a ver em primeira mão: temos mil lembranças, sonhamos<br />

tudo através da personalidade de uma memória muito antiga e, no entanto,<br />

sonhamos com o todo mundo, lembramo-nos como todo mundo se lembra –<br />

então, seguindo uma das leis mais constantes da fantasia diante da chama,<br />

o sonhador vive em um passado que não é mais unicamente seu, no<br />

passado dos primeiros fogos do mundo.<br />

Assim a contemplação da chama pereniza essa primeira fantasia. Ela nos<br />

distingue do mundo e amplia o mundo do sonhador. A chama é, em si<br />

mesma, uma grande presença, mas, perto dela, sonha-se longe, longe<br />

demais: ―Perdemo-nos em fantasias‖. A chama está ali, pequena e

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